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Recuperação de Áreas Degradadas - RAD

PGS-003145, Rev.: 03-17/03/2020


Diretoria Emitente: Gerência Executiva de Gestão Ambiental
Responsável Técnico: Richardson Costa Faria, Matrícula: 01477198, Área: Gerência de Recuperação de Áreas
Degradadas e Fechamento de Mina
Público Alvo: Àreas de Meio Ambiente da Vale responsáveis pela gestão da recuperação ambiental
Necessidade de Treinamento: ( ) SIM ( x ) NÃO

Resultados Esperados:

Promover melhorias no processo de Recuperação de Áreas Degradadas, por meio do


estabelecimento e atualização de diretrizes gerais voltadas ao atendimento dos requisitos
administrativos, técnicos, legais e de boas práticas aplicáveis. Tem como principais metas obter
ganhos na qualidade, nos prazos e custos da RAD nas diferentes tipologias ecossistêmicas e
ambientais envolvidas nas atividades da Vale.

1. OBJETIVO
Definir e padronizar as diretrizes gerais a serem observadas no planejamento e execução das
atividades de Recuperação de Áreas Degradadas na empresa.

2. APLICAÇÃO
Todas as Unidades Operacionais da Vale no Brasil.

3. REFERÊNCIAS
NFN-0009 Norma de Sustentabilidade

4. DEFINIÇÕES
• Área Alterada: Área impactada que ainda mantém capacidade de regeneração natural, ou seja,
ainda possui resiliência.
• Área Contaminada: Área onde há comprovadamente poluição causada por quaisquer
substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados,
enterrados ou infiltrados, e que determina impactos negativos sobre os bens a proteger.
• Área Degradada: Área impossibilitada de retornar por uma trajetória natural, a um ecossistema
que se assemelhe a um estado conhecido antes, ou para outro estado que poderia ser
esperado.
• Degradação: Simplificação ou modificação do ecossistema, causada por um distúrbio natural ou
antrópico, cuja severidade ultrapassa o limiar a partir do qual a recuperação natural do
ecossistema não é possível em um período razoável. Dependendo do nível de degradação,
ações de restauração ecológica ou reabilitação são necessárias para reverter a situação.
• Espécie Exótica: É considerada exótica, ou não nativa, para uma determinada região
biogeográfica uma espécie de planta, animal ou microrganismo oriunda de alguma outra região e
que ali não ocorre naturalmente. Compreende espécies cultivadas (ornamentais ou comerciais) e
espécies invasoras. Muitas vezes o conceito é aplicado com base nos limites territoriais de um
país, o que é um equívoco, não tendo nenhum respaldo científico.
• Espécie Nativa: Espécie de planta, animal ou microrganismo que tenha ocorrência comprovada
em uma região biogeográfica sem que tenha sido introduzida por ações antrópicas.
• Manejo de Regeneração Natural: Técnicas de indução e condução da regeneração natural
aplicáveis em situações em que ocorrem propágulosa suficientes para proporcionar a
recuperação, pelo menos parcial, da cobertura e da diversidade da vegetação original.
• Recuperação de Área Degradada: Ações aplicáveis aos diferentes compartimentos ambientais
de um determinado sítio visando a sua recondução a uma condição de estabilidade física,
química, biológica e socioeconômica que possibilite a auto sustentabilidade do ecossistema
local, independentemente de seu estado original e de sua destinação futura.

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• Regeneração Natural: Conjunto de processos pelos quais plantas se estabelecem em área a ser
restaurada ou em restauração, sem que tenham sido introduzidas deliberadamente por ação
humana.
• Remediação de Área Contaminada: Uma das ações de intervenção para reabilitação de área
contaminada, que consiste em aplicação de técnicas, visando à remoção, contenção ou redução
das concentrações de contaminantes.
• Solo orgânico/Top soil: É o material resultante do decapeamento da camada superficial do solo.
Nesse material, encontram-se os elementos físicos, químicos e biológicos que são importantes
na ciclagem de nutrientes, reestruturação e fertilização do solo. Em áreas mineradas, mediante
sua translocação das frentes de lavra para áreas a serem recuperadas, obtém-se parte do
substrato adequado à formação inicial de cobertura vegetal, por meio da regeneração natural
dos propágulos, podendo igualmente abrigar plantas resgatadas e/ou introduzidas.

5. ABRANGÊNCIA
As orientações constantes neste normativo poderão ser adotadas para o tratamento de todas as áreas
interferidas sob a responsabilidade da Vale. Compreende desde os sítios que sofreram alterações
apenas na camada superficial do solo e/ou na cobertura vegetal (ex.: áreas de pastagens e/ou de
lavouras agrícolas; áreas que foram desmatadas ou queimadas e abandonadas, dentre outras.), até
aquelas que foram alvo de intervenções profundas e/ou em vários compartimentos do ambiente (Ex.:
supressão da vegetação, remoção dos solos, modificação do relevo, das drenagens e outros atributos
físicos e bióticos).
Todavia, o foco do documento é o tratamento das áreas alteradas típicas da mineração, em especial os
taludes de corte (ex.: cavas, áreas de empréstimo e outras) ou de aterro (ex.: pilhas de estéril ou de
rejeitos; áreas de disposição de materiais inertes; maciços de barragens; bacias de sedimentos;
instalações industriais e administrativas), vias de acesso e circulação, faixas de domínio de ferrovias e
servidão de linhas de transmissão, dentre outras.

6. PRINCÍPIOS
• Conformidade legal e normativa: O desenvolvimento das ações de RAD devem observar o fiel
cumprimento dos requisitos legais, técnicos e de boas práticas, em especial aqueles relativos à
saúde, segurança e meio ambiente, além das normas internas da Vale. O atendimento das
exigências legais é o padrão mínimo a ser aplicado. Nesse sentido, cumpre destacar a
necessidade de se avaliar a base normativa emanada das distintas esferas administrativas
(federal, estaduais e municipais) aplicáveis ao local de inserção da área a ser tratada.
• Rigor técnico: Toda e qualquer ação desenvolvida no contexto da RAD deverá ser desenvolvida
de acordo com projetos(s) específico(s), elaborado e executado sob a coordenação e supervisão
técnica de profissional devidamente habilitado e qualificado nos temas pertinentes.
• Abordagem sistêmica: Promover a análise integrada das causas da degradação, nos distintos
compartimentos ambientais da área, buscando definir o grau de severidade e abrangência de
tais vetores na estabilidade do conjunto e, a partir disso, estabelecer as respectivas medidas de
recuperação.
• Viabilidade econômica: A razoabilidade técnica e econômica é outro requesito indispensável ao
planejamento da RAD. Dentre as orientações cabíveis nesse contexto, devem ser priorizados o
uso de recursos locais e/ou regionais (ex.: pessoal, materiais, equipamentos, procedimentos
técnicos e/ou operacionais relacionados à recuperação das áreas degradadas), bem como o
enquadramento dos preços segundo a realidade do negócio e do mercado.
• Precaução: Nas áreas onde existam riscos altos, muito altos ou a presença de danos
irreversíveis à saúde, segurança ou meio ambiente, as atividades de recuperação devem ser
priorizadas, em consonância com outras intervenções emergenciais cabíveis (ex.: deslizamento
de encostas, movimentação de blocos rochosos, incêndios florestais, assoreamento de corpos
hídricos, etc.);
• Prevenção da poluição: Compreende o uso de práticas, técnicas, materiais, produtos ou
serviços com a finalidade de evitar, mitigar ou controlar os impactos ambientais adversos.

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7. DIRETRIZES GERAIS
A ampla diversidade de áreas interferidas presentes no contexto da empresa requer a definição de
tratamentos específicos, de caráter multidisciplinar e que demandam a atuação sinérgica de várias
áreas operacionais e/ou processos.
Desta forma, a recuperação de áreas degradadas deve ser encarada como um macroprocesso que, via
de regra, compreende cinco etapas principais e sucessivas, a saber:

DIAGNÓSTICO Conhecimento do problema.

PLANEJAMENTO Identificação de alternativas de tratamento e definição das


intervenções mais adequadas e respectivos custos.

IMPLANTAÇÃO Execução das ações projetadas.

MANUTENÇÃO Proteção e conservação das áreas tratadas.

MONITORAMENTO Avaliação da evolução dos tratamentos adotados e/ou


promoção de ajustes técnicos ao processo, caso necessário.

7.1. DIAGNÓSTICO
Caracterização dos locais a serem tratados, com foco na avaliação da resiliência do(s) ambiente(s)
interferidos, fornecendo os subsídios qualitativos e quantitativos para a definição dos tratamentos
mais adequados. Além da observação e coleta de dados in loco, é igualmente necessário o
conhecimento dos dados secundários das seguintes características:

• Meio físico: clima, solo e relevo;


• Meio biótico: flora e fauna;
• Meio antrópico: características socioeconômicas e culturais da população.

7.2. PLANEJAMENTO
Definição e ordenamento das atividades a serem executadas com vistas à eliminação e/ou
minimização dos agentes degradadores de uma determinada área.
Os produtos desta etapa devem ser consolidados em um projeto específico, cujo conteúdo e grau de
detalhamento dependerão das dimensões e demais peculiaridades do local. Deve levar em conta os
distintos compartimentos ambientais atingidos (Solo, lençol freático, cobertura vegetal) e abranger
as etapas de implantação, manutenção e monitoramento.
A seguir encontram-se listados os principais aspectos a serem observados na elaboração dos
projetos:

7.2.1. Remediação de áreas contaminadas


Contaminação do solo e/ou lençol freático que deve ser tratada previamente à outras medidas de
recuperação do ambiente.

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7.2.2. Estabilização geotécnica


Obras de drenagem, contenção de taludes e/ou blocos rochosos, dentre outras, usualmente
aplicadas em terrenos de corte ou aterro.

7.2.3. Integração da paisagem


Reconformação morfológica dos terrenos cuja superfície sofreu alterações significativas, em
especial no que tange à integração do sítio interferido com as formas do relevo e da cobertura
vegetal do entorno.

7.2.4. Revegetação
Intervenções desenvolvidas no contexto superficial do terreno, destinadas a promover o
estabelecimento e autossustentação da cobertura vegetal. A definição das intervenções a serem
executadas (manejo da regeneração natural; plantio; seleção de plantas resistentes ou
adaptadas; proteção contra fogo e pastoreio e outras), depende do grau das alterações sofridas
assim como das características edafoclimáticas e socioculturais do sítio.
A revegetação pode ser projetada em caráter provisório (ex.: estruturas não finalizadas, tais
como cavas e pilhas em operação) ou permanente (ex. cavas ou pilhas em conformação final).
Os plantios podem ser realizados com quaisquer tipos de propágulos (mudas e/ou sementes e/ou
estacas), de espécies nativas e/ou exóticas, de diferentes hábitos e portes, em consonância com
as restrições e/ou vocações dos sítios, observando-se ainda, as diretrizes estabelecidas nas
condicionantes de licenciamento, normas legais e técnicas aplicáveis.

7.3. IMPLANTAÇÃO
Execução, propriamente dita, dos tratamentos projetados para a recuperação de uma área. Podem
envolver intervenções relativas a todos os aspectos mencionados anteriormente (Remediação,
estabilização geotécnica, integração da paisagem e revegetação) ou apenas a parte destas (ex.
revegetação), sempre em consonância com os projetos executivos.
No sentido de aumentar a eficácia na execução dos trabalhos de RAD, devem ser observadas as
seguintes diretrizes na sua implantação:
• Obtenção da liberação formal por parte dos responsáveis pelas áreas a serem recuperadas,
visando evitar contratempos na execução dos serviços;
• Programação sequencial das etapas de remediação, obras geotécnicas e de reconformação do
terreno e revegetação, quando necessárias;
• Cumprimento do cronograma operacional estabelecido, com destaque para a execução dos
serviços condicionados às variáveis climáticas e hidrológicas;
• Priorização de técnicas de revegetação focadas na indução dos processos de regeneração
natural, a partir do banco de sementes do solo, ou da transposição de solo orgânico (top soil)
ou ainda do aporte de sementes de formações vegetacionais, remanescente no entorno;
• A fase de revegetação deve ser desconsiderada em caso de ecossistemas naturalmente
desprovidos de cobertura vegetal (ex. praias, formações desérticas, afloramentos rochosos e
outros), mesmo que sejam enquadrados como áreas de preservação permanente - APP.

7.4. MANUTENÇÃO
Conjunto de intervenções periódicas destinadas a ampliar as garantias de sucesso dos diferentes
tratamentos projetados. Geralmente envolvem serviços similares aos da implantação, porém de
forma menos intensiva, tais como:
• Desobstrução das estruturas de drenagem;
• Pequenos reparos nas estruturas de drenagem e/ou contenção de taludes, conjugado com o
controle de processos erosivos eventualmente existentes;
• Recuperação de aceiros cercas e outras estruturas de proteção contra incêndios e acidentes
com pessoas e/ou animais;
• Replantio das áreas onde houve mortandade das mudas e/ou baixa germinação de sementes;
• Tratos culturais periódicos na vegetação (capina, roçada, adubação, controle de formigas).

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A periodicidade das manutenções depende das peculiaridades da área (fertilidade do solo; regime
de chuvas; presença de pessoas e/ou animais domésticos dentre outras) e tendem a se reduzir
com o passar dos anos.

7.5. MONITORAMENTO
Avaliações periódicas, qualitativas e/ou quantitativas, que permitam verificar a eficácia dos
tratamentos realizados nos distintos compartimentos ambientais em recuperação. Esta atividade
tem por objetivo possibilitar a correção das estratégias e/ou operações executadas, caso sejam
constatados desvios expressivos nos resultados prognosticados, gerando ainda evidências
documentais sobre a execução das mesmas.
Para esta etapa deve-se considerar as seguintes atividades gerais:
• A adoção de indicadores técnicos cabíveis para a gestão do tema, incluindo-se a variável custo;
• O registro documental, textual e fotográfico dos trabalhos realizados, buscando usar pontos de
referência e/ou enquadramento permanente das áreas recuperadas ao longo de todo o ciclo
de vida do empreendimento;
• A criação de um banco de dados de imagens georreferenciadas e de registros fotográficos
abrangendo diferentes estágios do empreendimento, com o registro documental administrativo
e legal.
• O período de duração dos monitoramentos deverão ser estebelecidos no projeto e revisados ao
longo da execução, podendo ser ampliado ou reduzido em função das respostas obtidas.

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