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LAUDO TÉCNICO DE COMPROVAÇÃO DE

INEXISTÊNCIA DE ALTERNATIVA TÉCNICA


LOCACIONAL DE OBRA DE INTERESSE PÚBLICO E
SOCIAL EM AREA DE PRESERVAÇÃO
PERMAMENTE - APP

EMPREENDEDOR: PREFEITURA MUNICIPAL DE NATALÂNDIA-MG


RESPONSÁVEL PELO EMPREENDIMENTO:
GERALDO MAGELA GOMES (PREFEITO)
DATA DA ELABORAÇÃO: ABRIL/2020.
1 – INTRODUÇÃO

Este documento constitui o Laudo Técnico que objetiva justificar a


implantação de obra em área de Preservação Permanente do Ribeirão
Mamoneira localizada no interior da Fazenda Mamoneira ou alagadiço e a
Inexistência de Alternativa Técnica e Locacional para o Empreendimento.

Considerando que a intervenção consistirá em uma obra de implantação de


uma travessia/ponte sobre o leito do Córrego Mamoneira, com área construída de
112,50m² sendo que, para viabilizar a referida obra será necessária a supressão de
7 (sete) espécies vivas e 2 (duas) espécies secas da vegetação nativa Cerrado,
sendo: 2 indivíduos da espécie Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa); 1
indivíduo da espécie Capitão do mato (Terminalia argentea); 3 indivíduos da espécie
Tambú ou Peroba (Aspidosperma cylindrocarpon); 1 indivíduo da espécie Gameleira
– (Ficus adhatodifolia) e 2 Indivíduos secos/mortos da espécie Tamboril
(Enterolobium contortisiliquum). Trata-se de uma obra de relevante interesse público
e social.

2 – OBJETIVOS

Solicitar ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) a Regularização de


intervenção em Área de preservação permanente no interior da Fazenda
Mamoneira ou Alagadiço, através de implantação de obra de interesse público
e social (Travessia/Ponte) conforme orientação do IEF e comprovar a inexistência
de alternativa locacional da obra supra citada.

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3– CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA SUCINTA DA PROPRIEDADE DESCREVENDO:
SOLOS, RECURSOS HÍDRICOS, REGIME HÍDRICO, VEGETAÇÃO FAUNA E FLORA.

3.1- INFORMAÇÕES GERAIS DO EMPREENDEDOR:

Nome: MUNICÍPIO DE NATALANDIA CNPJ: 01.593.752.0001-76


Endereço: RUA NATALICIO No 560 CENTRO NATALANDIA – MG CEP 38.658-000
Prefeito: GERALDO MAGELA GOMES CPF: 036.608.486-03 IDENTIDADE:
MG1066049 ÓRGÃO EXPEDIDOR: SSP/MG

3.2- INFORMAÇÕES GERAIS DO RESPONSÁVEL PELA OBRA E DO LOCAL DE


INTERVENÇÃO EM APP
Nome / Razão social: MUNICÍPIO DE NATALANDIA
Endereço: RUA NATALICIO Nº 560 CENTRO NATALANDIA – MG CEP 38.658-000
Propriedade onde será implantada a obra de Interesse Público e social
(Travessia/Ponte): Fazenda Mamoneira ou Alagadiço.
Município: Natalândia - MG
Roteiro de acesso: Zona rural do município de Natalândia - MG, nas coordenadas
342.716 e 8.174.747 UTM, WGS 84. O acesso ao interior da propriedade onde será
implantada a obra de Interesse Público e social (Travessia/Ponte) se dá seguindo a partir
do Município de Natalândia na estrada rural que dá Acesso ao PA Mamoneiras, Riacho
dos Cavalos por 1,80 Km entrar à esquerda e já está no imóvel.
Área legal da propriedade: Fazenda Mamoneira ou Alagadiço área total 315,0577:
hectares; Matrículas: 3944, 694, 695, 696, Código Incra: 404.101.030.473-6
(Proprietário do Imóvel: JOSÉ VENANCIO DE CAMARGOS);
Área de intervenção em app: A intervenção se dará em uma área de 112.50 metros
quadrados.

4- RESPONSÁVEL TÉCNICA PELO ESTUDO AMBIENTAL:

- NOME: ANA MICHELE DE SOUZA


- ENDEREÇO: RUA PREFEITO JOÃO COSTA N° 1390 - BARROCA
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-CEP: 38.610-000 – UNAÍ-MG
- FONE: (38) 99850-5107 E - MAIL: MICHELESOUZAAMBIENTAL@HOTMAIL.COM
- TÍTULO PROFISSIONAL: ENGENHEIRA AMBIENTAL E DE SEGURANÇA DO
TRABALHO
CREA/MG 178421/D

5 - CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA SUCINTA DA PROPRIEDADE DESCREVENDO:


SOLOS, RECURSOS HÍDRICOS, REGIME HÍDRICO, VEGETAÇÃO FAUNA E FLORA.

5.1 - SOLOS:

No imóvel predominam o latossolo amarelo, normalmente distrófico, de textura


média tendendo a argilosa; além de solos hidromórficos ás margens do Ribeirão
Mamoneira. Os Latossolos se apresentam com elevada capacidade de drenagem. Os
óxidos de ferro livres contribuem para agregação das partículas de silte e argila, fazendo
com que estes solos sejam bem arejados e friáveis. Os agregados de solo apresentam
alto grau de estabilidade, resultando em teores inexistentes ou baixos de argila natural
(argila dispersa em água) na maioria dos horizontes B. Os Solos Hidromórficos
apresentam encharcamento permanente ou sazonal. Ocorrem sobre as partes planas e
rebaixadas do relevo, onde o aquífero freático apresenta-se aflorante, próximo aos rios,
lagoas e veredas. Oferecem as condições de drenagem mais restritas. Incluem
variedades argiloarenosas até areias quartzosas. No caso de solos aluviais (Neossolos
Flúvicos), a camada hidromórfica imperfeitamente drenada surge em subsuperfície, no
contato de flutuação do aquífero freático.

5.2 -CLIMA:

A demanda por se conhecer as diversidades climáticas busca o entendimento do


clima em diversas escalas, no caso desse estudo buscou-se o entendimento a nível local
no qual se enquadra o município de Natalândia localizada na Bacia do Rio Paracatu e no
Noroeste do Estado de Minas Gerais.
A bacia hidrográfica do Rio Paracatu apresenta clima megatérmico chuvoso do
tipo Aw (IGAM 2006). Trata-se de um clima tropical chuvoso típico, com temperaturas
elevadas, e precipitação de oscilação unimodal concentrada no período de outubro a
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abril, quando chove em média 93% do total anual (Mulholland 2009). A influência do
anticiclone semifixo do Atlântico Sul e a massa de ar tropical continental são
responsáveis pela estabilidade do tempo na região, com predomínio de dias ensolarados
(Ruralminas 1996). Todavia, esses sistemas influenciam pouco no regime pluviométrico,
em virtude efeito da continentalidade sobre os teores de umidade oriundos das frentes
oceânicas, bem como pela barreira orográfica do Espinhaço (Ruralminas 1996). Com
base nos dados das estações pluviométricas e climatológicas apresentados por
Ruralminas (1996) e por Nunes & Nascimento (2004), em acordância com os aspectos
de gênese climática, é possível deduzir uma forte correlação espacial entre os atributos
climáticos. Dessa forma, percebe-se que, partindo dos limites das cabeceiras a noroeste,
oeste e sudoeste, seguindo na direção das bacias de leste e da foz a nordeste,
constatam-se as seguintes tendências:
- os totais precipitados normais do período chuvoso são decrescentes de 1350mm para
900mm;
- a temperatura média anual aumenta em apenas 2ºC (de 22°C a 24°C), obedecendo a
controle topográfico, sem variações latitudinais significativas;
- a umidade relativa do ar média anual aumenta, de 69% para 79,4%;
- a insolação média anual é crescente, com 2.106,8 horas em Paracatu e com 2.596,1
horas em João Pinheiro.
- a nebulosidade é decrescente; com média de 5,7 décimos de céu descoberto em
Paracatu e5,2 décimos em João Pinheiro e Bonfinópolis.
- as taxas de evapotranspiração potencial são crescentes, de 1000mm para 1350mm;
- as taxas de evapotranspiração real são crescentes, com 823,9mm em Cabeceiras e
com 1.036,2mm em Cachoeira Paredão;
- o excesso hídrico diminui (na estação úmida), com 738,3mm em Guarda-Mor e com
143,5mm em Porto Alegre;
- o déficit hídrico aumenta (na estação seca), com 132,1mm em Guarda-Mor e com
498,5mm em Porto Alegre;
- aumento na frequência de veranicos de 5 e de 10 dias.

5.3- HIDROGRAFIA:

A propriedade é servida de água proveniente do Ribeirão Mamoneira e faz parte

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da Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu. A Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu localiza-se
entre os paralelos 15º30’ e 19º30’ de latitude sul e os meridianos 45º10’ e 47º30’ de
longitude oeste. Encontra-se quase totalmente dento do Estado de Minas Gerais (Região
Noroeste), com pequenas áreas de topo adentrando no Estado de Goiás e no Distrito
Federal. A bacia limita-se, ao sul, com a bacia do Rio Paranaíba; a oeste, com a Bacia do
Rio São Marcos, afluente do Rio Paranaíba; a leste, com as bacias dos Rios Formoso e
Jatobá, afluentes do São Francisco; e, a norte, com a Bacia do Rio Urucuia, também
afluente do São Francisco. A Bacia do Rio Paracatu possui 45.154 km2, sendo a maior
bacia dentre os afluentes diretos do Rio São Francisco. As principais sub-bacias do Rio
Paracatu são, pela margem direita, a do Rio da Prata, com 3.750 km2, e a do Rio do
Sono, com 5.969 km2; pela margem esquerda, as bacias do Rio Escuro, com 4.347 km2,
do Rio Preto, com 10.459 km2 e a do Ribeirão Entre Ribeiros, com 3.973 km2.

5.4.FAUNA E FLORA:

5.5.- MAMÍFEROS:

O estado de Minas Gerais, com os seus três biomas: Mata Atlântica, cerrado e
Caatinga, possui aproximadamente 190 espécies de mamíferos, o que representa 40 %
dos mamíferos não-aquáticos brasileiros. Essa diversidade está associada não só aos
diferentes biomas, mas também, as zonas de transição, aos gradientes altitudinais,
oscilando entre florestas de baixadas até campos de altitude, caracterizando cada uma
delas fauna peculiar. Outro fator importante é a presença de várias bacias hidrográficas
que funcionam como limites zoogeográficos. O cerrado mineiro, bioma em cuja área está
inserido o empreendimento, apresenta 124 (78%) das 159 espécies de todo cerrado
brasileiro, com baixos níveis de endemismo. Na mastofauna são citadas pelos moradores
locais algumas espécies de sagui (Callithrix sp.), gambá (Didellphis marsupialis) e
diversas espécies de tatus, ratos do mato e morcegos hematófogos. Deve-se ressaltar
que a área onde se insere o imóvel, na região Noroeste de Minas, está próxima a áreas
de extrema importância biológica e com alta riqueza de espécies, porém não fazendo
parte da mesma.

5.6- AVES:

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A localização geográfica de Minas Gerais, com seus diferentes biomas, é um dos
fatores responsáveis pela existência de uma fauna de aves rica e diversificada. São 780
(46,5%) das 1678 espécies de aves brasileiras.
Na ornitofauna muitas espécies podem ser observadas como: rolinha (Columbina), juriti
(Liptotila verreanxi), anu preto (Gnorimpsar), bem-te-vi (Pitangui sp.), andorinha
(Stelgidopteryx ruficollis).
Deve-se ressaltar que a área onde se insere o imóvel, está próxima a áreas de extrema
importância biológica e com alta riqueza de espécies, porém não fazendo parte da
mesma.

5.7- ANFÍBIOS E RÉPTEIS:

Também, devido a grande variedade de ambientes existentes em Minas Gerais,


associados a um panorama neotropical, possibilita a ocorrência de uma alta
diversidade de anfíbios e répteis. A capacidade de adaptação desses grupos às
diversas manifestações estruturais dos habitats resulta em vários endemismos.
Apesar de toda essa diversidade, o conhecimento sobre a herpetofauna do estado
é, ainda, insatisfatório quanto a composição de espécies como um todo, e
extremamente fragmentado, devido aos diferentes níveis de conhecimento das
várias regiões e diversos grupos. O Brasil é um dos países com a maior riqueza
de anfíbios, estimados em mais de 600 as espécies existentes. Minas Gerais
ocupa posição de destaque quanto a representatividade desse grupo. Acredita-se
que o estado tenha cerca de 200 espécies, o que representa 1/3 do total do país.
Mesmo ocorrendo poucas espécies de cobras-cegas (anfíbios ápodes), a maior
parte da fauna de anfíbios em Minas Gerais está representada pelos anuros,
vulgarmente conhecidos como sapos, rãs e pererecas. Além da presença de
vários gêneros endêmicos do Brasil, são registrados endemismos específicos em
várias localidades mineiras. O conhecimento sobre a fauna de répteis de Minas
Gerais é ainda bastante incipiente. A grande maioria dos estudos são históricos
ou preliminares, sendo de caráter preliminar principalmente aqueles provenientes
de relatórios técnicos ambientais, pouco publicados. Estima-se em 180 o número
de espécies de répteis no Estado, distribuídos nos grupos das serpentes, largatos,
asfibênios, quelônios e jacarés. A fauna de serpentes apresenta-se rica e

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diversificada. Das pouco mais de 250 espécies reconhecidas no Brasil,
aproximadamente 120 ocorrem em Minas Gerais. Os lagartos estão
representados em Minas Gerais por mais de 40 espécies. Entre os quelônios, há
registro de sete espécies de cágados e duas espécies de jabutis. As duas
espécies de jacarés existentes em Minas Gerais, o jacaré-do-papo-
amarelo(Caimam latirostris) e o jacaré-anão ou jacaretinga(Paleosuchus
polpebrosus), estão ameaçados de extinção no Estado e pouco se conhece sobre
os aspectos ecológicos das populações remanescentes e sua distribuição atual.
Segundo informações de moradores da região, predominam na herpetofauna
espécies de serpentes como: a cascavel (Crotalus terrificus), e a urutu
(Brothrops), além de calangos de variadas espécies. A região , onde se encontra
situado o empreendimento objeto desta análise, apresenta-se como potencial, em
relação a importância biológica para anfíbios e não classificada para répteis.

5.8- PEIXES:

Minas Gerais é um dos estados brasileiros com maior riqueza de espécies de


peixes nativos, perdendo possivelmente apenas para aqueles drenados pela bacia
Amazônica, a mais rica de todo o planeta. Há, no Estado, pelo menos 380 espécies, o
que representa 12,5% do total estimado para o Brasil- cerca de 3000 espécies.
O rio São Francisco tem aproximadamente 170 diferentes espécies, das quais 115
são de distribuição restrita e 55 de distribuição não restrita. Na ictiofauna, o Rio São
Francisco e seu afluente Rio das Velhas, apresenta uma grande diversidade, inclusive de
grande valor comercial, sendo a piscicultura uma das atividades bastante exploradas nas
épocas permitidas por lei. Suas principais espécies são o surubim (Steindachneridion
sp.), o dourado (Salmins brevidins), mandi (Pimelodus fur), jau (Paulicea lukini), piau
(Leporinus sp.), lambari (Astianax), pacu (Colossoma mitru), bagre (Ageneiosus sp).
A área onde se localiza o empreendimento não é apontada como de sendo de
importância biológica para peixes.

5.9- INVERTEBRADOS:

Em vista da enorme diversidade de formas e da pouca informação disponível


sobre a fauna de invertebrados, estudos da Fundação biodiversitas levaram a indicação
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das áreas prioritárias basando-se em borboletas, abelhas e libélulas. Pela expressiva
riqueza de espécies, muitas delas endêmicas e ameaçadas, foram consideradas de
importância biológica extrema as matas secas do Jaíba e as serras do Cipó, Caparaó,
Ibitipoca e Mantiqueira. Duas áreas foram consideradas de importância especial por
representarem ambientes únicos no Estado: o Parque Estadual do Rio Doce, face ao seu
sistema de lagos, e a região das lagoas do rio Uberabinha, por seus depósitos de
espongilitos. Diversas grutas foram classificadas como prioritárias pela ocorrência de
espécies troglóbias de distribuição restrita. Foi recomendado que seja dada atenção
especial a todas as grutas do Estado, visto que muitas delas ainda são desconhecidas do
ponto de vista biológico.
A preponderância de áreas consideradas prioritárias para a investigação científica
demonstra o pouco conhecimento existente sobre a fauna de invertebrados do Estado,
especialmente em sua porção norte. Destacam-se entre elas a Cadeia do Espinhaço e a
mata seca da Jaíba. As poucas localidades sobre as quais há algum conhecimento
disponível nestas áreas permitem inferir que sua fauna de invertebrados é de
excepcional importância. A área onde se localiza o empreendimento não é apontada
como de sendo de importância biológica para invertebrados.

5.10- FLORA:

A maior parte de Minas Gerais é coberta pelo bioma Cerrado, encontrado em


todas as suas fisionomias. Ele ocorre em regiões com estação seca bem definida, que se
prolonga, geralmente, por quatro ou cinco meses. Sua fisionomia florística apresenta-se
com forração graminóide e comumente com espécies lenhosas de várias famílias. Pode-
se citar, entre outras: o pequi (Caryocar brasiliens), o murici (Byrsonima spp.), o
barbatimão (stryphnodendron spp.), o pau-terra (Qualea spp.), o pau-de-tucano
(Vochysia tucanurum), a colher-de-vaqueiro (Salvertia convallariodora), o jatobá
(Hymenaea ssp.) e várias espécies de araticum (Annona spp.). Nas veredas é típica as
graminóides e o buritis.
A vegetação predominante no imóvel, como em toda a área do médio são
Francisco e a Bacia do Rio Paracatu é o cerrado, sendo que a propriedade apresenta
ação antrópica anterior e é classificada como de potencial importância biológica.

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6 - DA JUSTIFICATIVA DA INEXISTÊNCIA DE ALTERNATIVA TÉCNICA E
LOCACIONAL DE IMPLANTAÇÃO DE OBRA DE INTERESSE PÚBLICO E SOCIAL
EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

6.1 LEGISLAÇÃO PERTINENTE

Resolução CONAMA nº 369/2006 que dispõe sobre casos excepcionais, de utilidade


pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou
supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente – APP.

Art. 2º O órgão ambiental competente somente poderá autorizar a intervenção ou


supressão de vegetação em APP, devidamente caracterizada e motivada mediante
procedimento administrativo autônomo e prévio, e atendidos os requisitos previstos nesta
resolução e noutras normas federais, estaduais e municipais aplicáveis, bem como no
Plano Diretor, Zoneamento Ecológico-Econômico e Plano de Manejo das Unidades de
Conservação, se existentes, nos seguintes casos:
I - utilidade pública:

b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte,


saneamento e energia;

Art. 3º A intervenção ou supressão de vegetação em APP somente poderá ser autorizada


quando o requerente, entre outras exigências, comprovar:

I - a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou


projetos propostos;

Art. 4º Toda obra, plano, atividade ou projeto de utilidade pública, interesse social ou de
baixo impacto ambiental, deverá obter do órgão ambiental competente a autorização
para intervenção ou supressão de vegetação em APP, em processo administrativo
próprio, nos termos previstos nesta resolução, no âmbito do processo de licenciamento
ou autorização, motivado tecnicamente, observadas as normas ambientais aplicáveis.

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§ 1º A intervenção ou supressão de vegetação em APP de que trata o caput deste artigo
dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência
prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o
disposto no § 2º deste artigo.

§ 2º A intervenção ou supressão de vegetação em APP situada em área urbana


dependerá de autorização do órgão ambiental municipal, desde que o município possua
Conselho de Meio Ambiente, com caráter deliberativo, e Plano Diretor ou Lei de
Diretrizes Urbanas, no caso de municípios com menos de vinte mil habitantes, mediante
anuência prévia do órgão ambiental estadual competente, fundamentada em parecer
técnico.

Art. 5º O órgão ambiental competente estabelecerá, previamente à emissão da


autorização para a intervenção ou supressão de vegetação em APP, as medidas
ecológicas, de caráter mitigador e compensatório, previstas no § 4º, do art. 4º, da Lei nº
4.771, de 1965, que deverão ser adotadas pelo requerente.

§ 2º As medidas de caráter compensatório de que trata este artigo consistem na efetiva


recuperação ou recomposição de APP e deverão ocorrer na mesma sub-bacia
hidrográfica, e prioritariamente:

I - na área de influência do empreendimento, ou;

II - nas cabeceiras dos rios.

Art. 6º Independe de autorização do poder público o plantio de espécies nativas com a


finalidade de recuperação de APP, respeitadas as obrigações anteriormente acordadas,
se existentes, e as normas e requisitos técnicos aplicáveis.

6.2 - JUSTIFICATIVAS:

Atualmente, a travessia encontra-se prejudicada e com alto risco de acidentes,


devido existência de uma ponte de madeira em situação de conservação estrutural
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précária, prejudicando o escoamento de insumos agrícolas e da produção e até mesmo o
deslocamento a população rural existente ao longo da estrada. O transporte escolar das
crianças na área rural e de veículos de moradores da região também está comprometido.
A intervenção consistirá em obra de implantação de uma Ponte para travessia no
leito do Ribeirão Mamoneira, com área total construída de 112.50m², sendo que para
viabilizar a referida obra será necessária a supressão de 7 (sete) espécies vivas e 2
(duas) espécies secas da vegetação nativa Cerrado, sendo: 2 indivíduos da espécie
Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa); 1 indivíduo da espécie Capitão do mato
(Terminalia argentea); 3 indivíduos da espécie Tambú ou Peroba (Aspidosperma
cylindrocarpon); 1 indivíduo da espécie Gameleira – (Ficus adhatodifolia) e 2 Indivíduos
secos/mortos da espécie Tamboril (Enterolobium contortisiliquum). Chega-se a conclusão
de que trata-se de INTERVENÇÃO DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL.

7 – CONCLUSÃO

Considerados os quesitos anteriormente listados conclui-se que o local


selecionado e a situação evidenciada apresenta-se com características
favoráveis à operacionalização da obra neste local, não existindo outra, ou
melhor, alternativa locacional que se justifique. Declaro portanto que a intervenção
em App se justifica pela inviabilidade de alternativa locacional e que a intervenção não
comprometerá as funções ambientais da área quanto à estabilidade das encostas e
margens dos corpos de água; corredores de fauna; drenagem e os cursos de água
intermitentes; manutenção da biota; regeneração e manutenção da vegetação nativa; e
qualidade das águas. A viabilização da travessia do Ribeirão Mamoneira é fator de
extrema importância sob o ponto de vista socioeconômico por se tratar de uma via de
acesso entre Natalândia e a sua zona rural, notadamente os Projetos de Assentamento
PA Mangal, PA Mamoneira e PA Riacho dos Cavalos. A estrada rural em questão é
ponto de ligação entre vários produtores rurais e o Município.

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ANA MICHELE DE SOUZA
ENGENHEIRA AMBIENTAL E DE SEGURANÇA DO TRABALHO
CREA/MG 178421/D

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