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Projeto Água para o Futuro, 2018

RELATÓRIO TÉCNICO 019/2018

Mapeamento de áreas com possíveis


nascentes na APA estadual Cabeceiras do
Rio Cuiabá
Abílio José Ferraz de Moraes¹ André Pansonato² Stela R. A. Gonçalves³
Barbara Fernanda Tasca4

Promotor de Justiça: Gerson N. Barbosa, Coordenador do projeto Água para o


Futuro e titular da 17ª Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística e
do Patrimônio Cultural

Resumo 1. Introdução

Este relatório apresenta os resultados A Área de Proteção Ambiental (APA)


do mapeamento remoto semiautomático de Estadual das Cabeceiras do Rio Cuiabá foi
áreas contendo possíveis nascentes na APA criada no ano de 1999 pela Lei n. 7.161, no
Cabeceiras do Rio Cuiabá. Para a realização governo de Dante de Oliveira. Devido à
do trabalho foram adotados os procedimentos conhecida relevância ecológica da área
metodológicos criados pela equipe do projeto demarcada, foram adotadas diversas medidas
Água para o Futuro. E s s a a t i v i d a d e f o i protetivas, como regulamentações próprias e
determinada pelo Promotor de Justiça Dr. restrições de uso do solo.
Gerson N. Barbosa, titular da 17ª Promotoria Inserida na porção centro-sul do Estado,
de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística e a APA Cabeceiras do Rio Cuiabá representa um
do Patrimônio Cultural, com o fito de subsidiar divisor de águas de três bacias hidrográficas: as
ações referentes à tramitação do Projeto de bacias do Rio Teles Pires e do Rio Juruena,
Lei nº 591/2017, que tramita na Assembléia ambas amazônicas, e a bacia do Alto Cuiabá,
Legislativa do Estado de Mato Grosso. Essa esta pertencente à bacia do Prata.
proposição legislativa foi apresentada pelo Estudos prévios já demonstraram que as
Poder Executivo Estadual com o objetivo de paisagens da APA são majoritariamente planas
revogar o inciso VIII do art. 4º da Lei nº e entrecortadas por relevos dobrados,
7.161/1999, que proíbe ou restringe novos compondo um rico mosaico de planaltos,
desmatamentos na APA das Cabeceiras do serras, morrarias, cavernas, nascentes e
Rio Cuiabá. diferentes formações vegetais do bioma
Cerrado (ISA, 2018).
Palavras chave : Nascentes, preservação, Dentre as finalidades da APA estão a
mapeamento remoto, relevo, declividade, água proteção de espécies animais silvestres
para abastecimento. (principalmente espécies sob ameaça de
extinção), amostras de ecossistemas
¹ Biólogo, CRBio 079745-01 - Mestre em Ecologia e remanescentes de Cerrado e Amazônia,
Conservação da Biodiversidade.
² Biólogo, CRBio 72524-01 - Doutor em Biologia recursos hídricos e paisagens e elementos
Animal. cênicos formados pelas Serras Azul, Morro
³ Engenheira Ambiental, CREA 039041 - Mestra em Selado, Santa Rita e do Cuiabá.
Ciências Cartográficas. O Brasil é considerado um país
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Analista de Banco de Dados. megadiverso e grande parte dessa diversidade
Contatos: pode ser observada nos limites territoriais do
e-mail: aguaparaofuturo@mpmt.mp.br Estado de Mato Grosso, contemplado por três
site: http:\\aguaparaofuturo.mpmt.mp.br distintos biomas. A estratégica localização da
tel.: 55 65 3611-0684
funpage: @projetoaguaparaofuturo APA Cabeceiras do Rio Cuiabá possibilita o

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

registro de parte das espécies destes instalação de novos projetos nessa área
ambientes, o que representou forte estratégica para proteção da água e da
justificativa para sua criação. biodiversidade.
Nesta APA foi registrada a presença de No interior da APA está localizado o
animais emblemáticos, como grandes Parque Estadual Águas do Cuiabá, UC criada
mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, no ano de 2002, com 10.859 hectares de área,
alguns deles, inclusive, relacionados no Livro que se encontra atualmente sem qualquer tipo
Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de de gestão e é objeto de ações judiciais em que
Extinção; além de outras espécies são questionados pagamentos feitos pelo
consideradas como criticamente ameaçadas então governo do Estado, classificados como
e/ou vulneráveis, que podem estar sob grande indevidos pelo Ministério Público, no valor de
ameaça. Ademais, devido ao relevante R$7.000.000,00.
posicionamento geográfico da APA, não se Diante da possibilidade de realização de
descarta a possibilidade de descoberta de desmatamentos na área, em decorrência da
espécies ainda não conhecidas pela ciência. aprovação do Projeto de Lei nº 591/2017, bem
A APA Cabeceiras do Rio Cuiabá está como da ocorrência de graves danos às
inserida na lista de áreas prioritárias para a nascentes que formam o Rio Cuiabá,
conservação e é classificada como de vislumbrou-se a possibilidade de utilizar os
prioridade extremamente alta (MMA/SBF, procedimentos metodológicos desenvolvidos
2007). Como recomendações para sua pelas equipes do projeto Água para o Futuro,
conservação, o Ministério do Meio Ambiente com conhecimento científico multidisciplinar e
sugere a criação de novas Unidades de alta tecnologia, comprovadamente eficazes
Conservação (UCs), além da transformação para a realização de mapeamento preliminar,
de parte da APA em UC de uso indireto, o que confirmação e caracterização de nascentes.
aumentaria a proteção das nascentes do Rio Até o momento, o projeto já mapeou, confirmou
Cuiabá. Sugere-se ainda a elaboração de e caracterizou 180 nascentes somente no
plano de manejo da APA e a implementação perímetro urbano de Cuiabá (MPMT, 2018).
de ações de fiscalização. Este trabalho objetiva, portanto, mapear
Em direção contrária aos ganhos com a remotamente possíveis áreas de nascentes
proteção dessa importante área, o PL nº existentes no interior da APA Estadual
591/2017, se aprovado na ALMT e sancionado Cabeceiras do Rio Cuiabá, incluindo o Parque
pelo governador do Estado, permitirá a Estadual Águas do Cuiabá. O mapeamento
realização de novos desmatamentos e a dessas áreas representa o passo inicial para os
instalação de projetos agropecuários nessa estudos de confirmação e caracterização de
área de grande relevância ecológica, nascentes, mas demandam a coleta de dados
comprometendo fortemente as funções ambientais in loco, nas estações de chuva e de
ambientais prestadas pela APA, em especial a seca, para contemplar a sazonalidade.
conservação das águas superficiais e
subterrâneas (qualidade e quantidade) e 2. Metodologia
proteção da biodiversidade do Cerrado e da
Amazônia. 2.1. Área de estudo
No modelo atual de produção agrícola,
inevitavelmente, parte da grande quantidade O mapeamento de áreas de possíveis
de insumo utilizado (fertilizantes e nascentes contemplou a APA Estadual
agrotóxicos) é carreada para os corpos Cabeceiras do Rio Cuiabá, localizada na região
hídricos ou se infiltram no subsolo, atingindo o centro-sul do Estado de Mato Grosso e que
lençol freático e comprometendo a qualidade abrange uma área de 473.411,00 hectares,
da água. distribuídos nos territórios dos municípios de
Ressalta-se que o Estado de Mato Rosário Oeste (51%), Nova Brasilândia
Grosso apresenta abundantes áreas (22,2%), Nobres (15,05%), Santa Rita do
agricultáveis em outras regiões e fora de áreas Trivelato (9,38%), Chapada dos Guimarães
protegidas, não justificando a necessidade de (1,65%) e Planalto da Serra (0,01%).

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

2.2. Geoprocessamento amplitude altimétrica mais íngreme de cada


célula.
Com o intuito de facilitar a identificação Criado o modelo matricial que mapeia o
de possíveis nascentes, parte do escoamento da água, a ferramenta calculou o
procedimento de mapeamento preliminar foi fluxo acumulado identificando canais
automatizada, com o uso de ferramentas de hidrológicos na presença de células com alta
geoprocessamento e análise espacial em um acumulação. O próximo passo foi atribuir uma
Sistema de Informações Geográficas (SIG), ordem numérica para os segmentos da rede de
que, em conjunto com a interpretação visual, fluxos, com base no número de tributários. Com
tornou o processo mais eficiente e técnico. os segmentos numerados, fez-se a
Para isso, utilizou-se a base de dados sobreposição à imagem orbital da área, e os
TOPODATA, derivada de dados SRTM segmentos que correspondiam aos canais
(Shuttle Radar Topographic Mission), que reais foram extraídos como uma feição linear.
oferece livre acesso e está disponível em: Por fim, em posse dessa feição, que
http://www.dsr.inpe.br/topodata/index.php. corresponde à rede de drenagem, foram
Os dados altimétricos apresentam um alocados pontos a montante de cada canal.
refinamento, por técnicas de Krigagem, da Tendo em vista que todo o procedimento foi
resolução espacial de 90m, original do SRTM, realizado no mosaico de dois quadrantes do
para 30m e possibilitam o cálculo de variáveis mapa índice, foi necessário recortar o plano de
geomorfométricas, como, por exemplo, informação, utilizando a delimitação fornecida
declividade, orientação de vertentes, pelo Ministério do Meio Ambiente, disponível no
curvatura horizontal, curvatura vertical e endereço eletrônico: http://mapas.mma.gov.br
insumo, para o delineamento da estrutura de /i3geo/datadownload.htm, possibilitando,
drenagem. Dessa maneira, foi possível, dada dessa forma, a quantificação das possíveis
a natureza dessas variáveis, o cálculo em n a s c e n t e s c o n t i d a s n a A PA e s t a d u a l
ambiente de SIG com qualidade aceitável e Cabeceiras do Rio Cuiabá.
ganhos operacionais absolutos, sobretudo de Além disso, também foram gerados
velocidade e padronização. mapas hipsométricos e de declividade com o
Para o mapeamento em questão, intuito de extrair características do terreno.
foram utilizados os dados altimétricos em Ressalte-se que a hipsometria é uma técnica de
formato de Modelo Digital de Elevação (MDE) representação do terreno através de cores que
das quadrículas 14_57 e 14_555 do mapa possibilita conhecer o relevo de uma região.
índice do projeto TOPODATA, para gerar a Para o mapeamento hipsométrico foi
r e d e d e d r e n a g e m d a A PA E s t a d u a l necessário fatiar o MDE da APA em amplitudes
Cabeceiras do Rio Cuiabá, permitindo de elevação em intervalos proporcionais,
identificar, posteriormente, em um processo enquanto que para a criação do mapa de
semiautomático em ambiente SIG, os pontos declividade, o declive foi calculado a partir do
a montante de cada canal, compatíveis com a MDE, usando a mudança máxima na elevação
resolução do modelo base. entre cada pixel para os seus oito vizinhos.
O software utilizado foi o ArcGIS
Desktop 10.1, que, a partir de sua extensão 3. Resultados
Arc Hydro, permite definir e analisar redes
geométricas hidrológicas, além de apresentar 3.1. Hidrografia
outras funções. Após importação do MDE no
software, aplicou-se a ferramenta Fill no MDE, O mapa da hidrografia, gerado a partir do
a fim de remover pequenas imperfeições nos processamento do MDE, consta na figura 1.
dados, como, por exemplo, pias e picos, Deve-se ressaltar que os canais gerados são
devido a erros na resolução dos dados ou no oriundos de um MDE com resolução de 30m, ou
arredondamento das elevações para o valor seja, existe chance potencial de haver mais
inteiro mais próximo. Adiante, calculou-se a canais do que os contidos nesse mapeamento,
direção do fluxo do modelo digital corrigido haja vista que devem existir outros canais
anteriormente, determinado pela direção da incompatíveis com a resolução espacial desse

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

Figura 1. Mapa da drenagem da APA Cabeceiras do Rio Cuiabá.

mapeamento. Tabela 1. Métrica das classes hipsométricas da APA


Mesmo subestimado devido à limitação Cabeceiras do Rio Cuiabá.
dos dados utilizados, o mapa de drenagem
demonstra a riqueza de corpos hídricos de 1ª
e 2ª ordem¹ na APA. Esses corpos hídricos
abrigam organismos altamente
especializados a ambientes aloctones²,
ocorrendo muitas espécies endêmicas. Nas
cabeceiras podem existir espécies de peixes
de ocorrência restrita e que, havendo
alterações, podem ser extintas.
A predominância de cursos d'água
3.2. Relevo
relativamente pequenos favorece a
ocorrência de espécies de pequeno porte,
Em relação ao relevo, a APA apresenta
com limitado potencial de dispersão espacial
uma amplitude altimétrica de aproximadamente
(VARI, 1988; VICARI, 2006; ROSA e LIMA,
530 metros, com predomínio das classes verde
2008).
e amarela, com intervalo altimétrico entre 242 e
456m.
¹ Canais de primeira ordem são os menores identificáveis
caracterizados por drenagens intermitentes. Canais de
A tabela 1 representa a área em hectares
segunda ordem são formados pela confluência de dois canais de cada classe hipsométrica mapeada. De
de primeira ordem. acordo com o cálculo das classes
² Ambientes onde a matéria orgânica é é produzida fora do
sistema e transportada para dentro do mesmo.
hipsométricas, as duas primeiras classes

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

Figura 2. Mapa hipsométrico da APA Cabeceiras do Rio Cuiabá.

representam aproximadamente 67% da área Tabela 2. Classes de declive da APA Cabeceira do Rio
total mapeada. A grande variação de altitude Cuiabá de acordo com intervalos de classe da EMBRAPA
(1979).
na APA (530m) confere condições e recursos
diversificados, gerando um mosaico de
diferentes tipos de ambientes que possibilitam
o estabelecimento de muitas espécies de
plantas e animais (RAHBEK, 1995;
LOMOLINO, 2001). A variação das cotas
altimétricas, associada à grande quantidade
de corpos hídricos, pode justificar parte da
biodiversidade já observada na APA.
A declividade do terreno foi mapeada
por ser uma variável básica do terreno para a
fragmentação de áreas em muitos
planejamentos territoriais. Processos de A declividade do terreno é expressa
transporte gravitacional, como, por exemplo, como a variação de altitude entre dois pontos
escoamento, erosão e deslizamentos, do terreno em relação à distância que os separa
possuem estreita relação com a declividade e, segundo Moore et al (1993), é um atributo
do terreno. Além disso, é importante ressaltar primário que pode ser calculado diretamente a
que áreas com declividade maior que 45° são partir do Modelo Digital de Elevação. As seis
consideradas Áreas de Preservação classes distintas de declividade (tabela 2)
Permanente (APP) (BRASIL, 2012). O mapa geradas neste trabalho seguem orientações
de declividade da APA elaborado a partir do sugeridas pela EMBRAPA (1979).
MDE consta na figura 3.

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

Figura 3. Mapa de declividade da APA Cabeceiras do Rio Cuiabá.

3.3. Mapeamento de áreas com possíveis


nascentes

Após a utilização dos procedimentos do


projeto Água para o Futuro já mencionados, foi
possível estimar 2.157 possíveis nascentes
na APA. O mapa contendo a localização
espacial das nascentes pode ser observado na
figura 6, estando marcadas em cor azul,
vermelho e verde as nascentes contidas nas
sub-bacias hidrográficas dos Rios Cuiabá,
Figura 4 - Gráfico de distribuição de classes de
Teles Pires e Arinos, respectivamente.
declive do terreno da APA Cabeceiras do RIo Cuiabá. Observou-se que existem nascentes nas
3 sub-bacias hidrográficas dentro dos limites da
De acordo com a Classificação do APA, entretanto, pode-se constatar que a
Relevo da EMBRAPA (1979), o relevo é grande maioria das nascentes está localizada
caracterizado predominantemente em plano, na região da APA da bacia hidrográfica do Rio
suave e ondulado ocorrendo em mais de 80% Cuiabá, totalizando aproximadamente 65% do
da área. Na figura 4 foi possível observar essa número total de nascentes, conforme tabela 3.
predominância, ou seja, as classes 1 e 2 foram Deve-se levar em consideração que o
as classes predominantes de relevo da APA. mapeamento preliminar semiautomático
realizado para estimar a quantidade potencial

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

Figura 6. Mapa de possíveis localizações das nascentes da APA Cabeceira do Rio Cuiabá.

de nascentes da APA foi realizado com a base Tabela 2. Área e número de nascentes de cada sub-
de dados TOPODATA, que apesar de ser bacia contida na APA Cabeceiras do Rio Cuiabá.
disponível gratuitamente, possui resolução
espacial de 30m x 30m. Dessa maneira, o
menor objeto mapeado tem resolução
espacial de 30m, para ser identificado no
MDE. Analogamente, os objetos visíveis na
imagem Landsat 8 utilizados também
possuem a mesma resolução espacial. Com
base nos dados de origem disponíveis até o
ortorretificadas e Modelo Digital do Terreno de
momento para o mapeamento, pode-se inferir
alta precisão e resolução, a partir de missões
que o número de nascentes foi subestimado
previamente planejadas que podem ser
neste relatório, ou seja, pode haver um
utilizadas como base para delimitação,
n ú m e r o m a i o r d e n a s c e n t e s n a A PA
identificação e caracterização das áreas de
Cabeceiras Rio Cuiabá.
preservação permanente das nascentes,
S e g u n d o Va l e r i a n o ( 2 0 0 3 ) , o
dentre outras aplicações.
mapeamento em escala de 30m é
Uma possível área pré-selecionada
aconselhável apesar dos erros de estimativa
remotamente para o mapeamento com RPAS
calculados, porém, com a tecnologia do
pode ser observada na figura 7. Os critérios
projeto Água para o Futuro existe a
utilizados para a seleção foram o adensamento
possibilidade de um mapeamento de alta
de drenagem, a facilidade de acesso e a
resolução espacial com o uso de aeronaves
conservação ecológica.
remotamente pilotadas (RPAS - Remoted
Pilot Aircraft System),obtendo-se imagens

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

Figura 7. Mapa de uma área selecionada para um futuro mapeamento utilizando RPAS/drone.
Detalhe para o grande número de possíveis nascentes não mapeadas neste trabalho.

4. Considerações finais baixa resolução espacial, de modo que se pode


afirmar que o número real de canais e de
O projeto Água para o Futuro já nascentes no interior da APA Cabeceiras do Rio
demonstrou a necessidade de proteger as Cuiabá é superior ao apresentado neste
nascentes do Município de Cuiabá, urbanas relatório técnico, que consignou cerca de 2.157
ou rurais, para garantir a segurança hídrica e o possíveis nascentes.
abastecimento da população com água No entanto, para a confirmação de
potável. localização e avaliação do atual estado de
No caso da APA Cabeceiras do Rio conservação das nascentes da APA, são
Cuiabá, as informações que subsidiaram este necessários estudos multidisciplinares em área
trabalho mostram que ela representa um previamente escolhida. Os estudos devem se
importante divisor de águas das bacias basear no mapeamento das possíveis áreas de
hidrográficas dos Rios Cuiabá, Arinos e Teles nascentes e contemplar os meios físico e
Pires. Além da grande quantidade de biótico da área selecionada, incluindo a análise
nascentes, há o registro, nesses estudos, de da qualidade de água das nascentes
alta biodiversidade e da presença de espécies confirmadas, seguindo os padrões de
ameaçadas de extinção. potabilidade propostos pela Resolução
Objetivando atender a determinação CONAMA n. 357/2005.
da Coordenadoria do projeto, foi utilizada a Este relatório possui 9 folhas assinadas.
metodologia de identificação remota de áreas Seguem, em anexo, mapas ampliados.
de possíveis nascentes, com base em dados
de topografia disponíveis que apresentam Cuiabá, 28 de junho de 2016.

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Possíveis nascentes: APA estadual Cabeceiras do Rio Cuiabá

using terrain analysis. Soil Science Society


American Journal, Madison, v. 57, n. 2, p. 443-
Abílio José Ferraz de Moraes André Pansonato
Biólogo Biólogo
452, 1993.
CRBio 079745-01 CRBio 72524-01
Mestre em Ecologia e Conservação Doutor em Biologia Animal
da Biodiversidade.
RAHBEK, C. 1995. The elevational gradient
of species richness: a uniform pattern?
Ecography, 18: 200-205.
Barbara Fernanda Tasca Stela R. A. Gonçalves
Analista de Banco de Dados Engenheira Ambiental
CREA-MT 039041 VALERIANO, M. M. TOPODATA: guia para
Mestra em Ciências Cartográficas. utilização de dados geomorfológicos locais.
São José dos Campos: INPE, 2008. 72 p. INPE-
15318-RPE/818.

6. Referências VALERIANO, Márcio de M. Mapeamento da


declividade em microbacias com Sistemas
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA de de Informação Geográfica. Revista
AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Serviço Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,
Nacional de Levantamento e Conservação v. 7, n. 2, p. 303-310, 2003.
de Solos (Rio de Janeiro, RJ) . Súmula da 10.
Reunião Técnica de Levantamento de Solos. VICARI, M. R. Diversidade de peixes
Rio de Janeiro:1979. 83p. (Embrapa-SNLCS. residentes em cabeceiras de rios. Uma
Miscelânea, 1). abordagem cromossômica em três
diferentes biomas aquáticos da região Sul
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL - ISA. 2018. do Brasil. São Carlos, SP. Tese de Doutorado.
https://uc.socioambiental.org/uc/1409, 2006.
acessado em 10/06/2018.

LOMOLINO, M.V. 2001. Elevation gradients ROSA, R.S. & LIMA, F.C.T. 2008. Os peixes
of species-density: historical and ameaçados de extinção. In Livro vermelho da
prospective views. Global Ecology and fauna brasileira ameaçada de extinção. (A.B.M.
Biogeography, 10: 3-13. Machado, G.M. Drummond & A.P. Paglia, eds.).
Ministério do Meio Ambiente/Fundação
MMA/SBF (Ministério do Meio Ambiente, Biodiversitas, Brasília, p. 9-285
Secretaria de Biodiversidade e Florestas).
Áreas Prioritárias para a Conservação, Uso VARI, R.P. 1988. The Curimatidae, a lowland
Sustentável e Repartição de Benefícios da Neotropical fish family (Pisces:
Biodiversidade Brasileira: atualização - Characiformes); distribution, endemism,
Portaria nº 9, de 23 de janeiro de 2007. a n d p h y l o g e n e t i c b i o g e o g r a p h y. I n
Brasília. Proceedings of a Workshop on Neotropical
Distribution Patterns. (P.E. Vanzolini and W.R.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE Heyer, eds.). Academia Brasileira de Ciências,
M AT O G R O S S O . P r o c e d i m e n t o s Rio de Janeiro. p. 343-377
Metodológicos para Mapeamento,
Caracterização, Monitoramento e
Reparação de Danos Ambientais das
Nascentes Urbanas de Cuiabá./
Coordenado por Gerson Natalicio Barbosa e
organizado por Abílio José Ferraz de Moraes.
Cuiabá-MT: Projeto Água para o Futuro, 2018.

MOORE, I. D. et al. Soil attribute prediction

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Anexos
Mapas ampliados
tamanho A3

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