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Material Teórico
História dos Estudos Atmosféricos
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
História dos Estudos Atmosféricos
• Introdução
• Clima e Climatologia: concepção moderna e evolução das ideias
• As Origens da Climatologia Científica
• Aperfeiçoamento dos recursos materiais da investigação atmosférica
no século XX
• História das observações atmosféricas no Brasil
·· Esta unidade tem por objetivo discutir a evolução das observações humanas da
atmosfera, analisar a origem da Climatologia científica e estabelecer o conceito
mais moderno de Clima.
Nesta unidade, em que trataremos sobre a história dos estudos atmosféricos, você terá
acesso a diversos recursos.
• Fique atento aos prazos das atividades que serão colocadas no ar.
• Participe do fórum de discussão proposto para o tema.
• No seu tempo livre, procure pesquisar as fontes do material complementar.
Além disso, procure pesquisar o máximo que puder sobre o tema “História dos estudos
atmosféricos”. Há inúmeros conteúdos na internet que são bastante úteis para o seu estudo
e sua formação profissional.
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Contextualização
Previsão Metereológica
Perceber como funcionam as condições meteorológicas, o tempo, e prever como ele vai ser,
depende de medições corretas das variáveis meteorológicas (temperatura, umidade, pressão,
etc.). Estas medições devem ser realizadas sempre em intervalos regulares e em várias estações
meteorológicas.
A Previsão
Para que seja realizada a previsão do tempo precisam-se reunir as várias observações meteorológicas,
em conjunto. As observações de superfície e as sondagens de altitude são enviadas para centros
coletores e depois para os centros nacionais, observações provenientes de aviões, navios, boias,
estações meteorológicas automáticas e balões são recolhidos via satélite; a próprias observações
de satélite são recebidas em centros de processamento, onde as imagens são preparadas e as
temperaturas e ventos calculados. Então, depois destes estágios iniciais de coleta de dados, começa
a troca internacional de informação, livre, usando uma rede especial de ligações somente para fins
meteorológicos, o Sistema Global de Telecomunicaçòes (GTS).
Quando tenham chegado aos maiores centros de previsão observações em quantidade suficiente,
são introduzidas em computadores potentes, programados para elaborarem cálculos conhecidos
como “previsão numérica de tempo”. Essa fase é importante para a previsão moderna.
Previsão Numérica
A atmosfera é observada em locais distribuídos irregularmente por toda a Terra e, embora algumas
das observações sejam sinópticas, muitas são realizadas a horas diferentes, ditadas pelos voos dos
aviões e as órbitas dos satélites. Por contraste, os computadores de previsão do tempo têm que
começar com valores sinópticos do vento, pressão, temperatura e umidade, numa malha regular de
localizações horizontais, conhecida como rede de pontos, e num conjunto fixo de níveis na vertical.
Exatamente o modo como os valores sinópticos da rede de pontos são calculados a partir das
medições que foram reunidas – processo conhecido por análise – é a parte importante da história
que vem a seguir.
Desde que a análise tenha terminado torna-se possível aplicar equações matemáticas que
representam todos os processos físicos que interessam, e assim, calcular a modificação que ocorrerá
em cada valor de cada ponto da rede num intervalo de tempo curto chamado incremento de tempo.
O cálculo, em cada ponto da rede, implicará em adições, subtrações e multiplicações, utilizando-se
valores dos pontos da rede à volta. Logo que tenham sido calculados novos valores das variáveis
(vento, pressão, temperatura e umidade), para todos os pontos da rede e a todos os níveis, todo
o processo pode ser repetido para se avançar outro incremento temporal. Deste modo, pode,
eventualmente, ser elaborada uma previsão para algumas horas, um dia ou alguns dias. Embora
sejam feitos muitos cálculos, estes, na verdade, são aproximações da verdade.
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O Radar e Satélite na Previsão
As mais ambiciosas de todas as medições realizadas a partir de satélites meteorológicos são,
provavelmente, as que pretendem fornecer valores numéricos da temperatura do ar a níveis diferentes.
O ar é uma mistura de gases e cada gás emite radiação, no infravermelho, de tipos particulares. Os
radiômetros dos satélites utilizados para sondagem da temperatura são sintonizados para medir a
radiação da pequena, mas bem conhecida, quantidade de anidrido carbônico que o ar contém. Pela
medição da intensidade da radiação em vários comprimentos de onda da radiação, é possível deduzir
valores diferentes da temperatura do ar, cada qual “valor médio” para uma camada diferente. E
o mesmo sem o pormenor vertical de uma radiossondagem, as sondagens por satélite fornecem
informação da temperatura do ar em altitude onde outro modo nada existiria, inclusive sobre todos
os oceanos.
As estações de superfície, navios, boias, balões, aviões, etc., fornecem informações a respeito da
temperatura, umidade, vento, pressão e nuvens, mas nada sobre a precipitação, mesmo porque esta
varia de lugar para lugar. Para obtermos tais informações utilizamos o radar meteorológico, o qual é
o meio técnico mais potente para medições de queda de chuva. Com o feixe de radar a prospectar
horizontalmente, qualquer chuva, neve ou saraiva, que esteja no alcance do radar refletirá o sinal e
fornecerá uma visão pormenorizada da distribuição da precipitação. A intensidade do eco de radar
refletido pelas gotas de chuva pode ser relacionada com a taxa de queda de chuva.
A previsão para a navegação também se faz importante para que a tripulação e a carga cheguem
ao seu destino. Previsões de tempestades, chuvas, ventos, formação de gelo, etc., auxiliam na
determinação da melhor rota para o navio. A previsão meteorológica também é utilizada para que
o tempo gasto na viagem seja o mínimo, sendo esta mais econômica.
Todos os aspectos do tempo podem ser importantes para as mais diversas áreas, tanto para a
previsão de lucros como para a proteção de bens e pessoas. A previsão também pode ser útil para
o Turismo, onde o tempo indica quais os melhores locais a serem visitados nas condições de tempo
presente e futuro.
Fonte: http://www.iag.usp.br/siae98/meteorologia/previsao.htm. Acessado em 20/02/2015.
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Introdução
Nesta unidade, conheceremos o conceito mais atual e aceito de clima bem como das
suas limitações e alcances. Veremos que a noção que temos de clima e de climatologia
é fruto de uma longa trajetória evolutiva de experiências difusas que, aos poucos, foram
sendo sistematizadas até tornar-se uma especialidade científica e técnica, abrangendo
organismos internacionais responsáveis pela padronização dos estudos atmosféricos em
âmbito mundial.
Analisaremos a evolução dos estudos atmosféricos no Brasil, desde o período colonial até
os dias atuais. Veremos que as impressões estereotipadas, superficiais e falsas a respeito da
natureza do Brasil, aos poucos, foram sendo desmitificadas pelos relatos iniciais dos viajantes
exploradores das metrópoles europeias. Estes tornaram-se ponto de partida para os estudos
cada vez mais voltados para o atendimento das necessidades nacionais e, por esse motivo,
incorporando recursos técnicos e materiais cada vez mais sofisticados, culminando em uma
produção de dados e informações atmosféricas de boa qualidade.
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Clima e Climatologia: concepção moderna e evolução das ideias
O que entendemos por clima depende bastante das referências utilizadas, muito embora,
atualmente, existam tentativas de tornar a palavra uníssona, ou, convencional para todos os
estudos atmosféricos que estejam associados aos aspectos físicos da superfície terrestre.
Nesta definição de clima como resultado de estados repetitivos das condições de tempo
atmosférico, Sorre busca também, ao mesmo tempo, rebater a definição de clima de Julius
Hann, de 1908, muito influente até então, de que o clima é
Para Sorre (2006) e definição de Hann parecia “simples e cômoda” engendrando duas
premissas inválidas, pois o clima é uma “média” sendo, portanto, “uma abstração inteiramente
destituída de realidade e conduz a um abuso das médias aritméticas para caracterizar os
elementos do clima”. Além disso, tem “um caráter estático, artificial, porque não menciona
o desenvolvimento dos fenômenos no tempo”.
Para Sorre (2006), a deficiência da concepção do clima de Hann está no fato de escamotear
da análise atmosférica o fator “tempo (duração)”, o que para Sorre é fundamental, já que o
“ritmo é um dos elementos essenciais do clima”. Esse tem sido, na visão dos principais autores
da Climatologia brasileira, o conceito de clima mais bem estruturado e recorrentemente
utilizado, como são os casos de Monteiro (1998) e de Tarifa & Armani (2000).
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Em resumo, o estudo do clima, segundo Sorre (2006), pode concentrar-se nos elementos
constituintes da atmosfera, mas não deve perder de vista que esses elementos atuam
em conjuntos e uns sobre os outros, variando de acordo com os fatores ambientais que
regulam os tipos e estados de tempo como: “latitude, altitude, situação relativa às
massas oceânicas e continentais, aos centros de ação e aos movimentos gerais da
atmosfera, exposição, declividade etc.”
Para o autor, essa seria a escala concreta ou elementar do clima. Por outro lado, a percepção
humana vai além da localidade ou da lugaridade do clima. A experiência cotidiana nos mostra
que transitar de um ambiente para o outro da nossa residência, ou, ir de um local ao outro
dentro de uma cidade, entre calçadas ou ruas mais ensolaradas e mais sombreadas pelas
árvores, implica em notar diferenças climáticas pontuais entre cada um desses ambientes
espacialmente compartimentados. Essas variantes conduzem o pensamento a considerar as
escalas microclimáticas que constituem os climas locais.
Clima regional
Por outro lado, Sorre (2006) acredita que os climas locais, enquanto fenômenos singulares
podem ser reconhecidos e estudados de forma regional e mais abstrata em situações nas
quais a superfície terrestre apresente certa homogeneidade e extensão topográfica, como são
as grandes extensões intertropicais opostas às temperadas. Ou, ainda, nos casos de regiões
montanhosas, com grandes amplitudes altitudinal e morfológica, nas quais o clima regional ou
a região climática é entendida como a reunião de climas locais ou estacionais.
Sorre (2006) ressalta que os limites das regiões climáticas não são lineares ou instantâneos.
Em vez disso, os climas são separados por zonas ou faixas zonais, nas quais uma e outra
característica climática vão se sobrepondo até alcançar as condições regionais características.
Ainda que essa intersecção possa ser admissível, Sorre entende que, mesmo após grandes
distâncias além das zonas de transição, podem aparecer “ilhas” ou “manchas” dos climas
vizinhos com todas as características condicionantes daqueles.
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O princípio básico do neopositivismo é o do verificacionismo: prática que limita o que
deve ou não ser considerado cientificamente provável constituindo-se, então, como um
problema de ordem racional, e o que não poderia ser provável cientificamente, ou seja,
um pseudoproblema.
Os sinais de neopositivismo na formulação de clima de Sorre podem ser observados no
seguinte trecho:
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Para isso, Sorre elabora uma sequência de princípios básicos ou definições gerais que
sintetizam as reflexões feitas até este ponto do texto:
Ainda que tenha influenciado boa parte das pesquisas em Climatologia no Brasil, tem havido bastante
questionamento em relação à influência neopositivista sobre o trabalho de Sorre, principalmente, no
que diz respeito ao tratamento dado aos extremos climáticos, pois são esses os que têm trazido os
maiores problemas ao ordenamento do espaço geográfico, especificamente, urbano.
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O chamado determinismo geográfico foi atribuído, muitas vezes, de forma injustificada,
ao pensamento de geógrafos como Friederich Ratzel, Ellen Churchill Semple, Ellsworth
Huntington entre outros que tentaram relacionar a sociedade e a natureza, sendo, por isso,
interpretados por seus leitores como geógrafos deterministas.
Dessa forma, é a partir das diversas tentativas de descrição das relações entre o homem
e a natureza, muitas vezes, como se viu, pautada nas reações de causa e efeito, é que
os primeiros indícios de estudos dos climas, ainda que para tentar explicar a diversidade
humana, tiveram início.
Sabemos, agora, sustentados por toda a herança cultural, intelectual e prática que, tanto
o avanço tecnológico aplicado aos recursos materiais quanto o próprio progresso cultural
permitiram às sociedades superar ou mesmo interagir melhor com boa parte dos fenômenos
naturais, antes, considerados obstáculos intransponíveis ao homem.
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Pode-se dizer que a observação da atmosfera, embora tivesse seus rudimentos em diversas
hipóteses dos chamados pré-socráticos, tenha tido início mais consistente a partir da obra
“Meteorologica” ou “Meteora” de Aristóteles (384 a. C. - 322 a. C.). Nessa, o autor elabora
as primeiras tentativas de classificação das estações do ano, estabelece o ordenamento dos
elementos água, terra, ar e fogo, além de esquematizar a ordem dos astros na abóbada celeste.
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O Barômetro de Torricelli
Em 1643, Evangelista Torricelli conseguiu demonstrar, por meio de um inventivo aparelho que
incluía um tubo e uma bacia cheios de mercúrio (Hg), que a pressão do ar variava dependendo da
altitude. No experimento, Torricelli propôs que, ao nível do mar, a coluna de Hg teria uma altura
de 760 mm dentro do tubo de vidro. Esta passou a ser conhecida como a medida inicial da pressão
atmosférica, isto é, uma unidade de Hg = 1 atmosfera, ou 1atm.
Assim como no caso do termômetro de Galileu, o Barômetro de Torricelli prestou um
grande serviço à ciência tendo em vista que foi rapidamente aperfeiçoado e gerou novas
formas e parâmetros de medidas. O Quadro 1 apresenta as variações de medidas de pressão
dos vários tipos de instrumentos e grandezas disponíveis na atualidade.
1 bar = 100 000 Pa ≡ 106 dyn/ cm2 ≈ 1,02 at ≈ 0,987 atm ≈ 750 Torr ≈ 14,504 psi
1 at = 98 066,5 Pa = 0,980665 bar ≡ 1 kgf/ cm2 ≈ 0,968 atm ≈ 736 Torr ≈ 14,223 psi
1 atm = 101 325 Pa = 1,01325 bar ≈ 1, 033 at ≡ 1 atm = 760 Torr ≈ 14, 696 psi
1 Torr ≈ 133,322 Pa ≈ 1,333 bar.10-3
≈ 1, 360 10 at
. -3
≈ 1, 316 10 atm
. -3
≡ 1 mmHg ≈ 19, 337.10-3 psi
1 psi ≈ 6894,757 Pa ≈ 68,948.10-3 bar ≈ 70,307.10-3 at ≈ 68,046.10-3 atm ≈ 51, 7149 Torr ≡ 1 lbf/in2
Fonte: http://www.refrigeracao.net/Topicos/Pressao_3.htm. Acessado em 13/02/2015
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
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Como já havia sido adiantado no início deste texto, em 1908, Julius Ferdinand von Hann
ocupou o cargo de chefia do Central Institute for Meteorology and Earth Magnetism e depois
foi professor de meteorologia na University of Vienna, na Àustria.
Nesse período, Hann chefiou diversos estudos atmosféricos tendo definido e diferenciado
a climatologia da meteorologia pelos seus objetos de estudo. Para ele, o clima, objeto da
Climatologia, é a súmula dos fenômenos meteorológicos que caracterizam a condição média
da atmosfera em qualquer lugar da superfície terrestre. Já o tempo, objeto da Meteorologia,
é uma fase da sucessão dos fenômenos, cujo ciclo completo, reproduzindo-se com maior ou
menor regularidade em cada ano, constitui o clima de qualquer localidade.
As Normais Climatológicas
A OMM define Normais Climatológicas como os
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Fonte: inmet.gov.br
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Aperfeiçoamento dos recursos materiais da investigação
atmosférica no século XX
O século XX foi marcado por grandes transformações políticas, econômicas e culturais
que repercutiram decisivamente nos estudos atmosféricos. De início, o trabalho acadêmico
de Julius Hann, na Universidade de Viena, foi seguido por diversos outros meteorologistas
contratados para desenvolver os estudos atmosféricos em diversos países do mundo.
Essa iniciativa foi somada ao fato de que as diversas inovações mecânicas, eletrônicas
e aeroespaciais foram agregadas aos levantamentos com os instrumentos de medição de
parâmetros atmosféricos.
Como exemplos desse aprimoramento técnico, durante a década de 1930 foram lançadas
as primeiras radiossondas ou os balões meteorológicos equipados com diversos instrumentos
de medição para colher informações das zonas mais elevadas da atmosfera. A Figura 4
representa os primeiros testes com registros atmosféricos aéreos.
Figura 4. Medida atmosférica aérea auxiliada por pipas
Figura 5. Radiossonda ou
Balão Meteorológico
Das primeiras experiências com caixas artesanais equipadas
com instrumentos de medição, a busca por dados atmosféricos a
grandes altitudes chegou às radiossondas atualmente equipadas com
múltiplos sensores que medem diversos parâmetros (pressão; altitude;
temperatura; umidade relativa; vento (velocidade e direção) e receptor/
transmissor GPS para medir a posição geográfica (Latitude/Longitude).
(Figura 5)
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Na década de 1940, teve início o emprego dos radares meteorológicos como instrumento
de monitoramento dos elementos atmosféricos.
O Radio Detection And Ranging (Detecção e Telemetria por Rádio) ou RADAR (Figura
6) identifica células de precipitações e permite medir a sua extensão, desenvolvimento e
movimento, auxiliando o monitoramento e a prevenção de enchentes, tornados, furacões e
tempestades de granizo.
Figura 6. RADAR Meteorológico
Figura 7. Imagem de RADAR Meteorológico composta entre Bauru e Presidente Prudente, São Paulo
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Os produtos da Guerra Fria ocorrida a partir do fim da 2ª Guerra Mundial, como: a
corrida tecnológica, aeroespacial e eletrônica, além de todos os recursos tecnológicos
surgidos para a defesa e a espionagem, com o tempo, foram também adaptados à
observação atmosférica.
Um marco do que seria a maior revolução no campo das investigações atmosféricas foi o
lançamento pela National Aeronautics and Space Administration – NASA (EUA) do satélite
meteorológico Television Infrared Observation Satellite - TIROS, em 1960.
Daí em diante, a NASA e o seu departamento voltado aos estudos atmosféricos, o National
Oceanic and Atmospheric Administration – NOAA, lançaram, além do próprio TIROS 2,
vários outros satélites e estações de controle com finalidades cada vez mais diversificadas
de observação atmosférica, como é o caso do Geostationary Operational Environmental
Satellite – GOES, operado pelo National Environmental Satellite, Data, and Information
Service - NESDIS, departamento interno do NOAA/NASA.
Fonte: NASA
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Figura 9. Estações de observação atmosférica do OMM/GOS. Os pontos azuis são estações aquáticas e os vermelhos terrestres.
Fonte: NASA
Todos esses recursos materiais e toda a sorte de imagens produzidas pelos satélites,
compreendem, hoje, uma nova forma de relação entre o homem e a natureza, ou entre a
sociedade e os climas com os quais as sociedades interagem de forma cada vez mais sofisticada.
Tal compreensão do clima tem possibilitado cada vez mais à sociedade se antecipar em relação
à ocorrência de fenômenos extremos como os furacões, tornados, tempestades entre outros.
A estação meteorológica
O modo mais antigo e ainda bastante usual de colher dados atmosféricos é o de reunir
equipamentos ou instrumentos de medição nas estações meteorológicas, que podem ser:
nas quais os dados são extraídos analogicamente e empiricamente a partir da
Convencionais observação humana; e
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Figura 10. Estação meteorológica padrão da OMM. À esquerda, abrigo de instrumentos
analógicos e à esquerda, sensores automáticos.
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Os primeiros registros sobre o clima do Brasil foram feitos por Pero Vaz de Caminha
e Fernando Cardim. Ambos ressaltavam as particularidades térmicas e pluviais às quais
denominavam de temperadas, pois não eram nem muito quentes e nem muito frias, além
de destacar a salubridade do ar. Os objetivos das narrativas tinham como pano de fundo a
descrição e o inventário dos recursos a serem explorados e a escolha das melhores localidades
para instalação de futuras áreas de povoamento.
Sant’anna Neto (2006) destaca que, no período correspondente ao processo de
colonização da América, a Europa passava por um período no qual as médias térmicas
estavam bem abaixo das atuais, o que é denominado de “Pequena Era do Gelo”. Entre um
e outro benefício citado, os relatores da coroa encontravam situações de frio montanhoso
como as existentes nas zonas serranas do Rio de Janeiro e as secas sazonais das zonas
interioranas do nordeste.
Sant’anna Neto (2004) também chama a atenção para o fato de que a experiência,
promovida pelas viagens marítimas de conquista europeia nas Américas, desmitificou uma
série de crenças a respeito dos supostos rigores dos climas nas regiões equatoriais do mundo
que, desde Aristóteles, eram classificadas como zonas tórridas.
A conquista de São Luiz, capital do atual Estado do Maranhão, pelos franceses foi seguida
de relatos dos militares ao governo de seu país de que, ao contrário do que se acreditava,
pela providência divina, o clima equatorial do norte do Brasil era bem mais ameno do que o
esperado. Sabemos hoje que isso de deve à brisa marinha produzida pelos ventos alísios que
amenizam o calor produzido pela intensa radiação solar na região.
A conquista da capitania de Pernambuco pelos holandeses em 1630, instalou uma grande
comitiva de intelectuais em Recife. Dentre estes, G. Marcgraf, encarregado de levantamentos
geográficos, astronômicos e cartográficos, instalou uma estação meteorológica na cidade,
medindo os parâmetros atmosféricos durante os anos de 1640 a 1642. Os dados revelaram
o comportamento atmosférico na cidade, incluindo alguns extremos chuvosos que produziram
estragos econômicos e até perdas de vidas humanas.
Segundo Sant’anna Neto (2004), as observações atmosféricas adquiriram um perfil mais
técnico, somente a partir de 1844, quando foram divulgados os primeiros resultados dos
dados obtidos no Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, criado em 1827 e rebatizado
de Observatório Nacional, a partir de 1889. Em paralelo a isso, os navios hidrográficos da
marinha brasileira já elaboravam observações atmosféricas desde 1862.
Os dados atmosféricos gerados a partir daí foram a matéria-prima para o primeiro estudo de
fôlego sobre o clima brasileiro, feito por Henrique Morize, intitulado “Esboço da Climatologia
do Brazil” e, posteriormente, para o trabalho de Frederico Draenert, denominado “O Clima
do Brazil”. Em São Paulo, a seção de meteorologia da Comissão Geográfica e Geológica é que
ficou encarregada dos estudos atmosféricos no estado. Em 1900, São Paulo contava com 40
estações meteorológicas administradas pelo órgão.
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No Quadro 3 (SANT’ANNA NETO, 2004), é possível observar a cronologia dos
acontecimentos que deram início aos trabalhos de levantamento de dados e produção de
informações climáticas no Brasil.
A essa altura, podemos depreender que, a partir do texto lido, a noção que temos de clima
é uma construção intelectual herdada das primeiras e heroicas observações atmosféricas e que
a cada nova etapa de desenvolvimento das técnicas de coleta, tratamento e representação de
tais observações, a humanidade tem aperfeiçoado permanentemente a Climatologia.
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Unidade: História dos Estudos Atmosféricos
Material Complementar
Sites:
Site do INMET sobre a técnica de observação atmosférica por meio de radiossonda:
http://www.inmet.gov.br/html/rede_obs.php
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Referências
CANTO, O. & ALMEIDA, J. Meio ambiente: determinismos, metamorfoses e relação
sociedade-natureza. Publicações digitais da UFRGS. Sem data. Disponível em http://www.
ufrgs.br/pgdr/arquivos/746.pdf. Acessado em 13/02/2015.
MOREIRA, RUI. Nossos Clássicos: Max Sorre. GEOgraphia, 2003. Vol 5, n. 10. Disponível
em: http://www.uff.br/geographia/ojs/index.php/geographia/issue/view/12. Acesso em:
19 de fev. de 2015.
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Anotações
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