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Introdução

A metrologia, a ciência da medição, desempenha um papel fundamental na


compreensão da atmosfera. Ao longo da história, o desenvolvimento de
instrumentos e técnicas de medição mais precisos possibilitou um
conhecimento cada vez mais profundo da atmosfera e seus diversos
processos.

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Metrologia e evolução do conhecimento da atmosfera

Meteorologia

A palavra Meteorologia vem do termo meteoro que significa aquilo que está
elevado ou contido na Atmosfera.

Portanto, por Meteorologia entende-se a ciência que estuda de forma


interdisciplinar os fenómenos da Atmosfera terrestre com enfoque nos
processos físicos e na previsão do tempo. Assim, a Meteorologia tem por
finalidade:

Fornecer bases metodológicas do estudo do comportamento da Atmosfera.

Apresentar os conceitos básicos e leis sobre o funcionamento da Atmosfera.

Prever o estado do tempo para fins de navegação aérea, marítima e para o


público em geral.

 Estabelecer relações com outras ciências com ligações com os


assuntos de tempo e clima.

 Recomendar as instituições interessadas sobre a possível ocorrência de


certos fenómenos, de modo a minimizar os efeitos das calamidades
(ciclones, tempestades, secas...).

Por exemplo, em certas comunidades próximas de lagos sempre que os sapos


cantam em voz alta é Sinal de chuva; noutras comunidades quando as
andorinhas voam baixo ou as galinhas levantam uma perna e escondem a
cabeça na asa, significa que haverá chuva.

Apesar da sua importância, estas práticas de estudo e previsão meteorológica,


primitivos, vão sendo substituídos nos nossos dias por mecanismos e
instrumentos modernos mais precisos.

Impacto da Metrologia no Conhecimento da Atmosfera

Composição da atmosfera: A metrologia contribuiu para a determinação


precisa da composição da atmosfera, incluindo a proporção de gases como
nitrogênio, oxigênio e dióxido de carbono.

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Estrutura da atmosfera: A medição de parâmetros como temperatura e
pressão permitiu a compreensão da estrutura da atmosfera, com suas
diferentes camadas e características.

Fenômenos atmosféricos: A metrologia possibilitou o estudo e a previsão de


diversos fenômenos atmosféricos como tempestades, furacões e mudanças
climáticas.

Desafios da Metrologia Atmosférica

Calibração e padronização: Manter a calibração e padronização dos


instrumentos de medição é crucial para garantir a precisão e confiabilidade dos
dados coletados.

Novas tecnologias: A rápida evolução das tecnologias exige que os


profissionais da área estejam constantemente atualizados para acompanhar os
avanços da metrologia atmosférica.

Dados em tempo real: A crescente demanda por dados em tempo real exige o
desenvolvimento de sistemas de coleta e análise de dados mais eficientes.

Evolução do conhecimento da Atmosfera

Ao longo da História da humanidade, o Homem procura prever o


comportamento da Atmosfera, partindo da observação dos sinais do tempo,
nas manifestações de plantas e animais.

Na Antiguidade acreditava-se que a ocorrência de chuvas, tempestades, secas


e outros fenómenos eram resultantes da actuação de certas divindades. Estas
crenças existem em todas as civilizações e constituem a chamada
Meteorologia Divina ou Metafisica. Nos nossos dias, ainda existem marcas
destas crenças míticas e religiosas.

Paralelamente, as comunidades antigas, e não só, desprovidas de métodos e


meios científicos desenvolveram um conhecimento próprio, baseado no
comportamento dos animais e plantas, na posição dos astros, etc., para
explicar e prever os fenómenos atmosféricos.

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Na antiguidade e Idade Média

Uma das obras mais antigas sobre a Meteorologia foi escrita por Nei Tsing Sou
Wen, por volta do ano 3000 a.C. Considerada a primeira obra sobre o tema
debruçava-se, sobretudo sobre as previsões do tempo.

Por volta do ano 400 a.C. iniciou-se na Asia das Monções, em especial na
Índia, a previsão do tempo e o cálculo das taxas de precipitações.

Cerca do ano 350 a.C., Aristóteles iniciou a utilização do termo


«meteorologia» para descrever o que chamou Ciência da Terra que incluía a
Atmosfera e aspectos hídricos.

Finalmente em 300 a.C., o filósofo Théophraste Renaudot publicou a obra


«Os sinais do tempo» a primeira obra de previsões meteorológicas na Europa.
Até finais da Idade Média, manteve-se esta tendência de evolução a nível da
meteorografia.

Na idade moderna e contemporânea

Nos séculos XV e XVI, o Renascimento criou as bases para o relançamento das


ciências, particularmente a partir do século XVII. Acompanhando a evolução
científica da época, o século XVII iria iniciar uma notável evolução no campo da
Astronomia, graças aos trabalhos de cientistas como Galileu Galilei, Torriceli,
Pascal, Robert Hooke.

Durante este século há, a destacar, entre as principais realizações no campo


da Astronomia a invenção do termoscópio, em 1607, por Galileu Galilei; a
invenção do barômetro (instrumento para medir a pressão atmosférica) por
Torriceli, em 1644 e, ainda, o fabrico do anem6metro para medir a velocidade
do Vento, em 1667, por Robert Hooke.

Ainda no século XVII, há a registar as contribuições de Blaise Pascal que, em


1648, descobriu que a pressão atmosférica diminui com a altitude, e de Halley,
o autor dos primeiros documentos gráficos, da base cientifica (as cartas dos
ventos alísios cobrindo do Equador até 300 de latitude norte e sul) e
descobridor do cometa Halley em 1688.

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Nos séculos XIX e XX, os progressos na Meteorologia ocorreram tanto no
que se refere à regulamentação das práticas e comportamentos em relação
aos fenómenos meteorológicos bem, como no aparecimento de novos
instrumentos de observação e medição, mais aperfeiçoados e de maior
precisão, como balões-sondas, balões-pilotos, termómetros, pluviómetros,
rádios-sondas, satélites, etc.

No século temos a destacar-se a explicação matemática da chamada (força


de Coriolis) por Gustave Coriolis em 1 835, bem como a publicação da lei das
tempestades (em 1838) por William Reid. Foi marcado, no campo da
Meteorologia, pela criação, em 1873, da Organização Meteorológica
Internacional (OMI), além do estabelecimento de programas de observação das
condições meteorológicas sobre os oceanos e continentes e de um sistema de
troca de informações entre países.

Tendo por finalidade assegurar a previsão, num curto espaço de tempo assistiu
-se a um grande aumento de postos de observação equipados com diversos
instrumentos de observação de maior precisão tais como: balões-sondas,
balões-pilotos, termômetros, pluviômetros.

Uma das principais invenções do início do século XX foram rádios-sondas,


lançados a partir de 1927, que permitiam transmitir automaticamente os dados
das observações à medida que eram recolhidos.

Os esforços para melhorar o sistema de troca de informações levaram a que,


em 1950, a OMI fosse substituída pela Organização Meteorológica Mundial
(OMM), que, por sua vez, criou a VMM (Vigilância Meteorológica Mundial) em
1951.

Esta etapa de evolução da Meteorologia culmina com o surgimento da


chamada Meteorologia sinóptica assente em novos instrumentos de medição,
tratamento e transmissão de informação, nomeadamente o computador, o
satélite meteorológico, o balão e o avião.

Os primeiros satélites lançados ao espaço foram o Sputnik, da URSS em 1957 e


o Explorer, americano, em 1958. A partir deste momento, iniciou-se uma
verdadeira competição entre os Estados Unidos da América e a ex URSS pelo

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conhecimento e controlo do espaço e em 1 969 0 homem chegou a lua.

Na era dos satélites meteorológicos

Dando seguimento aos progressos dos finais dos anos 50, em Abril de 1960,
surgiu o primeiro satélite para fins exclusivamente meteorológicos. Trata-se do
Tiros/, que alcançou 740 km de altitude, viajou por 78 dias, tirou 23.000
fotografias da Terra.

Os satélites meteorológicos podem, de acordo com as suas características e


funções, ser agrupados em duas famílias: os geoestacionários e os de Orbita
polar.

Satélites meteorológicos geoestacionários

Este tipo de satélites são colocados em Orbita a uma altitude de 35-800 km, no
plano de equador terrestre, movimentando-se constantemente å velocidade de
1094 km/hora e completando a rotação à volta da Terra em 24 horas.
Permitem obter imagens sempre do mesmo lugar.

As principais funções são:

 Medir a actividade solar e a intensidade e direcção do campo magnético.

 Disseminar informações de rádio e televisão.

 Obter informações de ventos em latitude.

 Obter imagens em infra-vermelhos de meia em meia hora.

 Prever sismos, medir a precipitação em locais de difícil acesso.

 Medir a altura das ondas, velocidade das correntes e o grau de


combustibilidade das florestas.

 Fornecer informações para a navegação aérea e marítima.

Actualmente, existem vários satélites no espaço todos na latitude 00 ou seja na


posição do equador. Pertencem aos El-JA, Japão, União Europeia, e países
emergentes.

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Satélites meteorológicos de Orbita polar

São satélites geralmente colocados à altitude não superior a 1500 km e


destinam-se à cobertura das zonas de altas latitudes, entre os 500 - 900 Lat.
Norte e Sul.

As informações são captadas por radares colocados em Terra. A maior parte


destes satélites pertencem aos Estados Unidos da América, Rússia e União
Europeia.

Estes satélites fornecem informações e bases científicas à Climatogeografia e,


sobretudo, à previsão do tempo.

As principais funções:

 Obter diversas imagens; perfis verticais de humidade e temperatura.

 Medir as quantidades do ozono na estratosfera.

 Retransmitir informações.

 Medir a energia das partículas de proveniência solar.

Previsão do tempo

A previsão do tempo é uma actividade bastante complexa, envolvendo os


seguintes procedimentos essenciais:

Recolha de dados através de satélites, estações fixas na Terra, estações


montadas em navios e aviões, radares, balões de sondagem na Atmosfera,
baias fixas å deriva nos oceanos. As informações recolhidas no âmbito do
sistema mundial de observação são utilizadas para elaborar previsões ou
apuramento climatológico.

Tratamento das informações nos 3 centros do sistema mundial de tratamento


de dados situados em Washington, Moscovo e Melbourne.

Canalização das informações tratadas nestes centros para 25 centros


regionais que, por sua vez, passam para os centros nacionais, depois de um
tratamento pormenorizado.

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Processamento das informações em cada país, com ajuda de computadores e
difusão da previsão do tempo pelos órgãos de comunicação social (rádio,
televisão, jornais e outros).

Previsão do tempo em Moçambique

Os passos da previsão do tempo baseiam-se em dados observados nas


estações meteorológicas de superfície, convencionais ou automáticas,
espalhadas por todo o território nacional e administradas pelo Instituto
Nacional de Meteorologia (INAM); são 30 estações e 3 centros regionais que
recebem e processam estas informações, sendo os dados enviados para a
sede, localizada em Maputo. Além destas, usam-se também informações do
radar e do satélite.

Os meteorologistas mapeiam e analisam estas informações e só depois de


feitas todas estas análises (cartas de superfície, modelos numéricos, imagens
de satélites) tem-se maior segurança na elaboração da previsão do tempo para
todo o país para ser usada pelo público, na agricultura, pesca, turismo e
aviação civil.

Atmosfera

É uma camada gasosa que envolve a Terra e a acompanha em todos os seus


movimentos.

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Conclusão

A metrologia é uma ferramenta essencial para o estudo da atmosfera. Ao longo


da história, o desenvolvimento de instrumentos e técnicas de medição mais
precisos possibilitou um conhecimento cada vez mais profundo da atmosfera e
seus diversos processos. A metrologia continuará a ser fundamental para
enfrentar os desafios do futuro, como as mudanças climáticas e a necessidade
de previsões do tempo cada vez mais precisas.

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Bibliografia

WILSON, Felisberto. G11 - Geografia 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores,


Maputo, 2017.

World Meteorological Organization (WMO): https://wmo.int/

National Institute of Standards and Technology (NIST): https://www.nist.gov/

American Meteorological Society (AMS): https://www.ams-institute.org/

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