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Curso Semipresencial

Comissário de Voo

Aula 01
Meteorologia
INTRODUÇÃO

Os primeiros meteorologistas observacionais foram pastores, fazendeiros e


marinheiros, pois antigamente os meios de subsistência e até mesmo a segurança,
dependiam da compreensão de prever as condições meteorológicas, por exemplo,
pastores recolhiam seus rebanhos observando sinais de mudança no tempo,
agricultores notavam que a chuva ou a seca, poderiam destruir suas plantações, caso
fossem plantadas ou colhidas em épocas erradas, já marinheiros sofriam fortes
tempestades no mar ou então longos atrasos se estivessem em situações de calmaria
(EXLINE et al., 2006). Portanto, desde épocas remotas a meteorologia se faz tão
importante nas atividades desenvolvidas pelo homem, e hoje, não é diferente! Pois na
aviação a meteorologia tornou-se imprescindível para qualquer etapa de voo.

Meteorologia

A Meteorologia é a ciência que estuda a atmosfera e os fenômenos atmosféricos que


nela ocorrem.

Divisão da Meteorologia

A meteorologia se divide em pura e aplicada:

a) Meteorologia Pura: Seu estudo é dirigido para o campo da pesquisa. Exemplo:


Meteorologia Sinótica (descrição, análise e previsão do tempo), Meteorologia
Dinâmica (teoria e modelos matemáticos para estudar sistemas de tempo e clima),
Meteorologia Climatológica (estuda o comportamento médio da atmosfera para um
determinado período, por meio de dados estatísticos), entre outras.

b) Meteorologia Aplicada: É aquela voltada para atender o homem em suas diversas


atividades. Exemplo: Meteorologia Aeronáutica, Meteorologia Marítima,
Meteorologia Industrial, Meteorologia Agrícola, entre outras.

METEOROLOGIA AERONÁUTICA

Durante a Conferência de Chicago, em novembro de 1944, na qual teve origem a


Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), foi estabelecido que os países
membros mantivessem um serviço meteorológico com a finalidade de prover aos
usuários as informações sobre as condições atmosféricas necessárias à segurança das
operações aéreas.
No Brasil a atividade de meteorologia aeronáutica é executada pelo Subdepartamento
de Operações (SDOP), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). A
estrutura da meteorologia aeronáutica compreende Rede de Centros e de Estações,
Bancos de dados, Sistemas Operacionais e Divulgações Informações. Por meio dessas
redes e centros, os dados meteorológicos são coletados e processados com o objetivo
de divulgar informações meteorológicas para a aviação.

As informações meteorológicas permitem a execução do planejamento de voo aos


usuários do transporte aéreo, além de também aos órgãos de controle de Tráfego
Aéreo, por exemplo, a Torre de Controle (TWR) obtém dados de visibilidade e também
de direção e velocidade do vento, fenômenos esses que são de suma importância para
determinação da operação do aeródromo e também da cabeceira da pista em uso,
respectivamente.

Portanto, pode-se dizer que Meteorologia Aeronáutica é o ramo da meteorologia


aplicado à aviação que visa contribuir para a eficiência do voo, conforto dos
passageiros e segurança das operações aéreas, pois com seu conhecimento o
Despachante Operacional de Voo (DOV) e o Piloto, podem executar o planejamento de
um voo e estabelecer níveis de voo que proporcionarão etapas de voo mais
econômicas, como também, evitar rotas com a ocorrência de fenômenos extremos,
como por exemplo, turbulências severas, tempestades, entre outros.

FASES DA INFORMAÇÃO METEOROLÓGICA

Conforme abaixo, apresentam-se as cinco fases da informação aeronáutica:


a) Observação: É a verificação visual ou instrumental dos elementos que
representam as condições meteorológicas de um local em um dado momento,
feita por um observador meteorológico localizado em uma Estação
Meteorológica de Superfície (EMS) ou em uma Estação Meteorológica de
Altitude (EMA).

b) Divulgação: É a transmissão das observações meteorológicas observadas por


meio de uma rede de dados interna.
c) Coleta: É o recebimento dessa mensagem em um banco de dados, por
exemplo, o Banco Internacional de Dados Operacionais de Meteorologia
(OPMET).

d) Análise: É o estudo e interpretação dos dados coletados e fornecidos sob forma


de previsão do tempo.

e) Exposição: É a entrega das observações, análises e previsões para consulta


direta aos interessados. Essas informações podem ser concedidas por meio de
telefone, Sala de Serviço de Informação Aeronáutica (AIS), ou pelo web site
(www.redemet.aer.mil.br).

MOVIMENTOS DA TERRA: ROTAÇÃO, TRANSLAÇÃO OU REVOLUÇÃO

A Terra realiza inúmeros movimentos, entretanto, os dois principais movimentos do


planeta são o de rotação e translação.

O movimento de rotação é aquele no qual a Terra gira em torno do seu próprio eixo
e tem duração aproximada de 24 horas. Esse movimento é responsável pela sucessão
dos dias e das noites, e processa-se de oeste para leste.

Como se observa a seguir, o plano do equador forma com o da órbita um ângulo de


aproximadamente 23°27’, isso significa que o eixo da Terra tem a mesma inclinação
com respeito à vertical do plano de eclíptica, a essa inclinação dá-se o nome de Ângulo
de Eclíptica.
Estações do ano

Para entendimento das estações do ano, faz-se necessário conhecer os principais


Paralelos da Terra. São eles: Equador que divide o planeta em dois Hemisférios, Norte
e Sul, Trópico de Câncer, Trópico de Capricórnio e Círculos Polares Ártico e Antártico.

O movimento de Translação ou Revolução é o movimento que a Terra executa em


torno do Sol. Este movimento tem duração (período) de aproximadamente 365 dias e
6 horas e rege as estações do ano.
Conforme se observa na figura acima, a translação da Terra está dividida em quatro
períodos que duram três meses cada e marcam o início das estações do ano:

✓ Solstício de dezembro: Esse solstício estabelece o início do verão do


Hemisfério Sul e o do Inverno no Hemisfério Norte e acontece no dia 21 de
dezembro, onde os raios solares incidem verticalmente no Trópico de
Capricórnio (latitude 23°27’S), iluminando mais o Hemisfério Sul do que o
Hemisfério Norte. Nesta posição, denominada Periélio, a Terra se encontra
mais próxima do Sol.

✓ Equinócio de março: Esse Equinócio estabelece o início do outono no


Hemisfério Sul e o da Primavera no Hemisfério Norte e acontece no dia 21 de
março, onde os raios solares incidem verticalmente na latitude do Equador,
iluminando igualmente os dois Hemisférios.

✓ Solstício de junho: Esse solstício estabelece o início do verão do Hemisfério


Norte e o do Inverno no Hemisfério Sul e acontece no dia 22 de junho, onde
raios solares incidem verticalmente no Trópico de Câncer (latitude 23°27’S),
iluminando mais o Hemisfério Norte do que o Hemisfério Sul. Nesta posição,
denominada Afélio, a Terra se encontra mais afastada do Sol,

✓ Equinócio de setembro: Esse Equinócio estabelece o início do outono no


Hemisfério Norte e o da Primavera no Hemisfério Sul e acontece no dia 23 de
setembro, onde os raios solares incidem verticalmente na latitude do
Equador, iluminando igualmente os dois Hemisférios.

PARALELOS, MERIDIANOS E COORDENADAS GEOGRÁFICAS

Para se localizar um ponto, por exemplo, uma aeronave no globo terrestre, é


necessário se ter noções sobre coordenadas geográficas. Para isso, seguem os
conceitos abaixo:

Meridiano: São semicírculos máximos limitados pelos Polos.


Paralelo: São círculos menores paralelos ao Equador, e, portanto, perpendiculares ao
eixo da Terra.

Coordenada geográfica: são linhas imaginárias que cortam o planeta Terra nos
sentidos horizontal e vertical, servindo para a localização de qualquer ponto na
superfície terrestre. Estes pontos são chamados de Ponto Geográficos e são definidos
como o encontro de um Paralelo com um Meridiano. Vale lembrar que para efeitos
didáticos, foram desenhados apenas alguns paralelos e meridianos, no entanto, deve-
se saber que esses são infinitos.

LATITUDES TERRESTRES

As Latitudes Polares são compreendidas entre os círculos polares e os polos, enquanto


que as Latitudes Temperadas são compreendidas entre os Trópicos e os Círculos
Polares; já as Latitudes Tropicais são compreendidas entre os Trópicos de Capricórnio e
o Trópico de Câncer.
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Aula 02
Meteorologia
ATMOSFERA TERRESTRE

A atmosfera terrestre é composta por uma camada de gases que envolvem a Terra. A
maior concentração desses gases está próxima à superfície da terrestre devido ao
efeito da força gravitacional.

Composição atmosférica

Ao Nível Médio do Mar, o ar seco compõe-se de: 78% de Nitrogênio (N2), 21%
Oxigênio (O2), e 1% de outros gases, sendo que desse 1%, cerca de 93% constitui-se de
Argônio. Também estão presentes no ar, partículas de poeira, fumaça, sais, bactérias,
entre outros, que são considerados impurezas.

Além dos gases e das impurezas já vistas, há também o vapor d’água que possui
proporções variáveis no ar atmosférico.

Camadas da Atmosfera

Neste material a Atmosfera será dividida em cinco camadas, são elas: Troposfera,
Tropopausa, Estratosfera, Ionosfera e Exosfera. A seguir, serão mostradas as principais
características de cada uma dessas camadas.
Troposfera: Também conhecida como baixa atmosfera é a primeira camada da atmosfera.
Nesta ocorrem os principais fenômenos atmosféricos, como por exemplo, nuvens,
tempestades, entre outros. Dentro desta camada, em condições normais, a temperatura e a
pressão diminuem à medida que se sobe, da mesma forma, aumentam à medida que se desce,
ou seja, uma aeronave subindo dentro desta camada encontrará menores temperaturas,
enquanto descendo, encontrará aumentos de temperatura. A temperatura varia a uma taxa,
conhecida como Gradiente Térmico, este gradiente é de 2°C a cada 1000 pés (ft) ou 0,65°C a
cada 100 metros (m).

A espessura dessa camada depende da temperatura. Segundo Banci (2014) a Troposfera nos
polos tem espessura de 7 a 9 km; enquanto que nas latitudes temperadas de 13 a 15 km e no
Equador de 17 a 19 km.

Tropopausa: Localizada acima da troposfera, a tropopausa tem como principal


característica a isotermia (constante térmica), isto é, dentro desta camada a
temperatura permanece constante na vertical, ou seja, uma aeronave voando dentro
desta camada poderá subir ou descer sem encontrar variações de temperatura. É
importante ressaltar que esta camada é mais fria sobre o Equador do que sobre os
polos, pois este fato deve-se a maior espessura da troposfera sobre o Equador. Vale
ressaltar que o estudo dessa região é de grande importância para aviação, em virtude
de estar associada à existência de ventos muito fortes (quebra da tropopausa),
denominados Correntes de Jato.
Estratosfera: Camada seguinte a tropopausa. Dentro desta camada é encontrada a
maior concentração de Ozônio (O3) que tem como principal função a filtragem de
radiação ultravioleta. Outra característica importante dessa camada é a difusão da luz
que tem relação direta com a coloração do céu. Na verdade, essa difusão ou
espalhamento é produzido por moléculas existentes na atmosfera.

A Figura abaixo mostra que a coloração do céu, também depende do ângulo o qual se
está observando a luz, esse é motivo pelo qual, algumas vezes no entardecer do dia, o
céu aparece alaranjado.

Ionosfera: É uma camada eletrizada, boa condutora de eletricidade, devida à presença


de íons eletrizados. Nesta camada inicia-se o processo de absorção dos Raios X, Gama
e Ultravioleta.

Exosfera: Confunde-se com o espaço planetário. Não exerce um papel importante no


processo de filtragem seletiva.

Vale ressaltar que foi definida uma atmosfera padrão para servir como parâmetro
médio de medida e ser comparada com a atmosfera real; a esta dá-se o nome de ICAO
STANDARD ATMOSPHERE (ISA). Nesta atmosfera o ar é considerado seco, a uma
latitude média de 45° ao nível médio do mar, temperatura de 15°C e pressão de
1013,25 hPa ou 760 mm de mercúrio ou ainda 29,92 polegadas de mercúrio.

Propriedades da Atmosfera

✓ Absorção: É a parcela de energia que persiste na atmosfera, após a incidência


da radiação. Nas camadas superiores são absorvidos Raios ultravioleta, Raios X
e Raios Gama, já nas camadas inferiores, ocorre a absorção da Radiação
Infravermelha pelo vapor d’água.

✓ Difusão: É o espalhamento da luz quando passa por um meio cujas partículas


sejam menores que o comprimento de onda da própria luz, uma parte dela é
difundida (espalhada) em todas as direções. É o processo responsável pela
restrição à visibilidade. A luz que melhor se difunde na atmosfera é a de cor
azul. A difusão ou dispersão da luz inicia-se na estratosfera.

✓ Reflexão: A energia de natureza luminosa é refletida de volta ao espaço, em


sua maioria pelo topo das nuvens e pela superfície terrestre.

✓ Albedo: É a relação entre o total de energia refletida pelo total da energia que
incide sobre uma superfície. Dessa forma, considerando-se a energia incidente
constante, pode-se dizer que quanto maior a reflexão da superfície, maior será
o seu albedo. Portanto, superfícies brancas e lisas são boas refletoras,
possuindo um albedo elevado, como por exemplo, nuvens do tipo Cirrus, neve,
entre outras. O albedo médio da Terra é de 35%.

Pressão Atmosférica

A Pressão atmosférica é a força exercida pelo peso da atmosfera sobre uma área unitária.
Assim, a pressão a uma altitude especificada é o peso, por unidade de área, da atmosfera
acima dessa altitude.

Logo, a pressão decresce à medida que a altitude aumenta, pois o peso da atmosfera
remanescente diminui continuamente. A seguir, serão definidos conceitos e variáveis e a
relação direta de cada um deles com a Pressão Atmosférica:

Altitude
É a distância vertical do nível do mar até um ponto considerado.

Temperatura
Expressa o estado de agitação das moléculas, dessa forma, em um gás em alta temperatura
suas moléculas estarão mais agitadas que em um gás com temperatura menor.
Densidade

É a relação da Massa pelo Volume. O ar frio tende a ser mais denso que o ar quente. E
o ar seco também tende a ser mais denso que o ar úmido, obviamente se essa
comparação ocorrer à mesma temperatura. Dessa forma, o ar frio e seco, tende a ser
mais denso (mais pesado) que o ar quente e úmido. Por isso, nas decolagens em dias
quentes e úmidos, as aeronaves tendem a percorrer um maior comprimento de pista,
pois a densidade é uma das variáveis que contribuem com a sustentação gerada pela
asa e também com a potência gerada pelos motores das aeronaves. De outra forma,
em dias frios e secos, a tendência é que essas aeronaves percorram menor
comprimento de pista.

Relação da Altitude e Temperatura

Atualmente os aviões comerciais voam até a baixa Estratosfera para evitar turbulência
ou mesmo a convecção da Troposfera. No entanto, a desvantagem de se voar na
Estratosfera deve-se ao fato de se ter aumento dos níveis de radiação, aumento da
concentração de Ozônio (O3) e aumento de combustível, devido à exposição de
temperaturas mais altas (AC 00-6B, 2016).

Desta forma, fazendo-se uma análise da relação da altitude e da temperatura nas três
primeiras camadas, se uma aeronave estiver subindo, encontrará temperaturas cada
vez menores na primeira camada, temperatura constante na segunda e aumento de
temperatura na terceira da atmosfera.

Relação da Altitude e Densidade


Devido à força gravitacional, a densidade, é maior na primeira camada da atmosfera e
diminui nas camadas seguintes.

Relação da Pressão Atmosférica e Temperatura


Na atmosfera observa-se que na horizontal um aumento de Temperatura produz uma
diminuição na Pressão;isto se deve ao fato da atmosfera ser considerado um volume
aberto. Desse modo, em uma mesma região, observa-se que os centros de Altas
Pressões, possuem temperaturas menores, enquanto que os Centros de Baixas
Pressões tendem a ser mais quentes.
Relação da Pressão Atmosférica e Altitude
Devido à força da gravidade que faz com que a maior concentração de gases
permaneçam próximos a superfície terrestre, tem-se que a Pressão atmosférica é
maior na primeira camada e diminui nas camadas seguintes.

Relação da Pressão Atmosférica e densidade


Da mesma forma que a Pressão Atmosférica, a Densidade, é maior na primeira camada
e diminui nas camadas seguintes.
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Aula 03
Meteorologia
CALOR
Propagação do Calor
O Calor pode ser definido como a energia em trânsito de um corpo de maior
temperatura para um de menor.

Formas de Transmissão de Calor


✓ Radiação: É o transporte de calor por meio de ondas eletromagnéticas. Exemplos:
calor do Sol que chega a Terra viajando milhões de quilômetros ou ainda, quando a
superfície terrestre irradia calor sob forma de ondas eletromagnéticas e a atmosfera
absorve.
✓ Condução: É a transferência de calor de molécula em molécula, mais efetivo nos
corpos sólidos, principalmente nos metais. O calor flui sempre da substância mais
quente para a substância mais fria.
✓ Convecção: É o transporte de calor que é efetuado pelas correntes,
geralmente ocorre na vertical. Exemplo: as camadas mais baixas da atmosfera,
se aquecendo, tornam-se mais leves, tendendo a subir, conduzindo calor para
as camadas superiores.
✓ Advecção: Transporte de calor na horizontal e é efetuado pelos ventos.

Efeito Estufa
A temperatura média da superfície da lua, que não tem atmosfera, é de – 18°C,
enquanto a temperatura média da superfície da Terra é de 15°C. Este efeito de
aquecimento é chamado de efeito Estufa, pois a atmosfera terrestre exerce esse papel
de absorção da radiação, por meio dos gases constituintes, como por exemplo, CO2,
vapor da água, entre outros.
Outro exemplo que ocorre nos períodos noturnos pode ser visto na próxima figura.
Observa-se que em dias não nublados a temperatura atingiu 10°C, enquanto que em
dias nublados a temperatura atingiu 22° C. Isso se deve ao fato da energia térmica
liberada pela superfície terrestre ter ficado presa pela camada de nuvens. Portanto, o
ar não pode se resfriar tanto com o céu nublado, pois parte da radiação fica presa
pelas nuvens. Já em uma situação de céu limpo, ocorre maior resfriamento, pois a
radiação voltará mais facilmente para o espaço.
ÁGUA
Estados físicos da água
A água está presente na atmosfera em três estados físicos: gasosa (em suspensão no
ar); liquida (nuvens, nevoeiro); sólida (neve, granizo).

Mudanças de estado
As mudanças de estados da água implicam em absorção ou liberação de calor, por
exemplo, para o vapor se transformar em líquido, deve-se haver liberação de calor,
enquanto que para o líquido se transformar em vapor, ocorrerá o contrário, ou seja, a
absorção de calor. A seguir serão mostradas as transformações de estados físicos da
água:

a) Evaporação
Evaporação é a mudança de fase pela qual um líquido é transformado em vapor (gás).
Todos experimentam a evaporação pessoalmente, por exemplo, quando o corpo se
aquece devido à temperatura do ar, ou por meio de exercícios, o corpo transpira água
para a pele. O objetivo disso é fazer com que o corpo use seu próprio calor para
evaporar o líquido, removendo assim o calor e resfriando o corpo.

b) Condensação: Condensação é a mudança de fase pela qual o vapor (gás) é


transformado em líquido. Na atmosfera, a condensação pode ocorrer em nuvens,
nevoeiro e orvalho

c) Solidificação: A solidificação é a mudança de fase pela qual o líquido (água) é


transformado em sólido (gelo).

d) Sublimação: A sublimação é a transição de fase pela qual um sólido (gelo) é


transformado em vapor (gás), sem passar pela fase líquida (água). Na atmosfera, a
sublimação da água ocorre quando o gelo e a neve se transformam em vapor de água.

e) Deposição: A deposição é a transição de fase pela qual o vapor (gás) é transformado


em gelo (sólido), sem passar pela fase líquida (água).
Ar saturado
Em um dado volume de ar, a porcentagem de vapor d’água varia de um mínimo de 0%
até um máximo de 4%. De acordo com essa quantidade máxima e mínima, classifica-se
o ar em seco quando a quantidade de vapor d’água for de 0%, úmido quando a
quantidade de vapor d’água for maior que 0% e menor que 4% e saturado quando esta
quantidade for igual a 4%.
O vapor d’água é um gás de extrema importância, e sua concentração está relacionada
com a temperatura do ar e a disponibilidade de água na superfície terrestre,
possuindo, portanto, composição variável na atmosfera. Em regiões tropicais, como na
floresta amazônica, pode chegar a 4% do volume total dos gases atmosféricos, mas nas
regiões frias, como na Antártica, fica abaixo de 1%. (YNOUE et. al, 2017).
Dessa maneira, uma boa aproximação para a composição do ar seco e do ar saturado,
pode ser vista a seguir:

Ponto de Orvalho
O Ponto de Orvalho representa a temperatura na qual o ar teria que ser resfriado, sem
alteração na pressão do ar ou umidade, para ocorrer à saturação. A temperatura do ponto de
orvalho pode ser um indicador da Umidade Relativa do Ar, pois se a temperatura do ponto de
orvalho for igual à temperatura do ar, significa que o ar está saturado, podendo, por exemplo,
ocorrer nevoeiros.

Ciclo Hidrológico
O Ciclo Hidrológico é o movimento contínuo da água. A energia do Sol faz ocorrer à
evaporação da água, os ventos ou as correntes de ar realizam o transporte do vapor para
níveis mais altos ou até mesmo para outras regiões, após isso, esse vapor se condensa
formando as nuvens. As gotículas dessas nuvens podem crescer e cair como precipitação na
forma de chuva, neve ou granizo, ou seja, iniciando um novo ciclo.
VENTOS

O vento é o ar em movimento em relação à superfície da Terra. Esse movimento surge devido


à diferença de pressão entre dois pontos, de uma região de alta pressão para outra região de
pressão menor.

Vento de Superfície e Altitude

Os Ventos que sopram entre o solo e 100m são chamados de ventos de superfície, e os que
sopram entre 100m e 600m são chamados ventos de altitude

Forças que atuam sobre o vento

✓ Força do Gradiente de Pressão: É a força que impulsiona o vento da alta para a baixa
pressão. Quanto maior a diferença de pressão entre dois pontos, mais fortes serão os
ventos.
✓ Força de Coriolis: É uma força aparente que surge devido ao movimento de rotação da
terra. Esta força desvia as massas de ar para a direita no Hemisfério Norte e para a
esquerda no Hemisfério Sul. Sua intensidade é máxima nos polos e mínima no
Equador. A Figura a seguir mostra o deslocamento de um corpo que sai do Polo em
direção ao Equador, considerando a Terra parada (figura esquerda); como se pode
observar, a trajetória desse corpo descreveria uma linha reta. De outro modo,
considerando a Terra em movimento no sentido anti-horário, observa-se que a
trajetória desse corpo seria curvilínea, no sentido da esquerda.
✓ Força Centrifuga: É uma força fictícia com direção para fora do centro de curvatura,
em toda trajetória curvilínea.
✓ Força de Atrito: O vento que flui próximo à superfície da terra, sofre influência desta
superfície, modificando direção e velocidade. Esse efeito é efetivo até altura de 2000 ft
ou 600m, que é o nível gradiente.

Descrição do vento

Modo de descrever o vento. Instrumentos de medição.

O vento pode ser descrito pelos seguintes elementos:

✓ Direção: A direção do vento, sempre de onde ele vem e nunca para onde vai, é dada
em graus. Para fins meteorológicos o vento é considerado em relação ao Norte
Verdadeiro (NV), já quando informado pela Torre de Controle para fins de pousos e
decolagens, é dada em relação ao Norte Magnético (NM).
✓ Velocidade ou Intensidade: É expressa em knots (Kt) que representa uma milha
náutica percorrida por hora. Vale ressaltar que uma milha náutica equivale a 1,852 Km
ou 1.852 m.
✓ Caráter: O caráter do vento, diz respeito à variação brusca quanto à sua direção e
velocidade. A essa variação dá-se o nome de rajada.

Efeitos dos ventos sobre as aeronaves em pousos, em decolagens e na navegação aérea.

Os ventos de superfícies interferem nos pousos e decolagens de aeronaves, pois as aeronaves


possuem limitações expressas em seus manuais quanto à componente de vento de través. Já
os ventos de altitude, interferem nas etapas de cruzeiro, pois o vento de cauda poderá
aumentar a velocidade da aeronave em relação ao solo, diminuindo assim o tempo de voo. Já
o vento de proa, diminuirá a velocidade da aeronave e consequentemente aumentando o
tempo de voo.
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Aula 04
Meteorologia
NUVENS
Nuvem
Nuvens são gotículas de água ou cristais de gelo em suspensão na atmosfera e são fundamentais
para formação de outros fenômenos, como por exemplo, chuva, neve, arco-íris ou trovões.
Para que as nuvens se formem, deve haver resfriamento do ar e também quantidade suficiente
de vapor de água, pois quando o ar se resfria e se transforma em gotículas, geralmente a
umidade condensa ou sublima em minúsculas partículas de matéria, tais como poeira, sal e
fumaça. Esses elementos são conhecidos como núcleos de condensação e são muito
importantes no processo de formação de nuvens e nevoeiros.

Classificação quanto aos aspectos físicos


Quanto ao aspecto físico, as nuvens podem ser do tipo Estratiforme ou Cumuliforme, conforme
a seguir:
1. Nuvens estratiformes: São nuvens com maior desenvolvimento horizontal do que vertical.
Essas nuvens produzem precipitação de caráter leve e contínuo, ar estável e ausência de
turbulência.
2. Nuvens cumuliformes: São nuvens com maior desenvolvimento vertical do que horizontal.
Essas nuvens são geralmente isoladas, produzem precipitação de intensidade forte ou pancada
e ar instável, ou seja, turbulência em voo.

Classificação quanto à estrutura física


Quanto à estrutura física, as nuvens podem ser líquidas, sólidas ou mistas, conforme a seguir:
1. Líquidas: São nuvens constituídas por gotículas de água, ou seja, geralmente essas nuvens se
formam em baixos níveis onde se tem temperaturas maiores.
2. Sólidas: São nuvens constituídas de cristais de gelo, ou seja, geralmente essas nuvens se
formam em altos níveis onde se tem menores temperaturas.
3. Mistas: São nuvens constituídas tanto de gotículas de água quanto de cristais de gelo,
geralmente são nuvens que se formam em estágios médios.

Classificação quanto ao estágio de formação


Abaixo são apresentados 10 gêneros de nuvens, conforme Atlas Internacional de
Nuvens. Para facilitar a classificação dessas nuvens quanto à altura de formação,
realizou-se uma comparação com um boneco, desse modo, às nuvens baixas iniciam-se
com S de sapato, as médias com A ou N de abdômen e as altas com C de cabeça.
Importante salientar que as nuvens do tipo Cumulus, Congestus e Cumulunimbus não
entram nessa classificação, pois são nuvens de grande desenvolvimento vertical.
Cirrus (Ci): São nuvens isoladas em forma de filamentos brancos e delicados, ou de bancos
espessos, ou de faixas estreitas brancas ou quase brancas. Apresentam aspecto fibroso, ou
brilho sedoso, ou ambos. São constituídos de cristais de gelo e são as mais brancas nuvens
presente no céu.

FONTE: (MENDONÇA et. al., 2007)


Cirrocúmulo (Cc): Lençol, banco ou camada delgada de nuvens brancas, sem sombra própria,
formado de elementos muito pequenos, semelhantes a grãos, rugas ou flocos, ligados ou não.
Em geral é composto por cristais de gelo e, quando em grande número, podem conferir ao céu
o aspecto granular (lembrando pipocas). Surge em ar limpo ou da modificação de cirros,
cirrostratus ou altocumulus.

FONTE: (MENDONÇA et. al., 2007)

Cirrostratos (Cs): Véu nebuloso transparente e esbranquiçado, de aspecto fibroso ou liso, que
cobre total ou parcialmente o céu. Pode produzir fenômenos de halo. As cirrostratos são
compostas basicamente por pequeninos cristais de gelo. Esses cristais de gelo interagem com a
luz do sol, criando o efeito halo.

FONTE: (MENDONÇA et. al., 2007)


Altocúmulo (Ac): Banco, lençol ou camada de nuvens brancas ou cinzentas, geralmente com
sombras próprias, constituídas por lâminas, massas globulares, rolos, etc.;

FONTE: (VAREJÃO-SILVA, 2007)

Altostrato (As): Lençol ou camada de nuvens acinzentadas ou azuladas de aspecto estriado,


fibroso ou uniforme, que cobre total ou parcialmente o céu, e tem porções suficientemente
tênues para que se veja o Sol, pelo menos vagamente, corno através de vidro despolido.

FONTE: (MENDONÇA et. al., 2007)


Nimbostratos (Ns) - Camada nebulosa cinzenta, muitas vezes sombria. O aspecto torna-se difuso
pela queda mais ou menos contínua de chuva ou neve. É suficientemente espesso, em todos os
pontos, para ocultar o Sol. Por baixo da camada existem, frequentemente, nuvens baixas
esfarrapadas, ligadas ou não a ela.

FONTE: (VAREJÃO-SILVA, 2007)

Estratocúmulo (Sc): Lençol contínuo ou descontínuo, de cor cinza ou esbranquiçada,


tendo sempre partes escuras. Quando em voo, há turbulência dentro da nuvem. É
composta de gotículas de água.

FONTE: (VAREJÃO-SILVA, 2007)


Estratos (St): Muito baixas, em camadas uniformes e suaves, cor cinza; se estiver
colada à superfície é o nevoeiro, já se estiver acima de 30m é a nuvem estratos; produz
chuvisco e são constituídas de gotículas de água.

FONTE: (VAREJÃO-SILVA, 2007)

Cúmulus (Cu) - Nuvens isoladas, geralmente densas e de contornos bem definidos.


Desenvolvem-se verticalmente em forma de montículos, cúpulas, torres,cuja região
superior parece muitas vezes uma couve-flor. As posições iluminadas pelo Sol são quase
sempre de um branco brilhante, enquanto a base é realmente sombria, e sensivelmente
horizontal. Os mais desenvolvidos são chamados Toweing Cumulus (TCU) ou Cumulus
Congestus.
Cumulonimbo (Cb) - Nuvem densa e forte, de grande extensão vertical, em forma de montanha
ou enormes torres. A região superior, pelo menos em parte é, em regra, lisa, fibrosa ou estriada,
e quase sempre achatada. Esta parte espraia-se frequentemente em forma de bigorna ou
grande penacho.
NEVOEIROS
DEFINIÇÃO DE NEVOEIRO
De acordo com a World Meteorological Organization WMO (1966), o nevoeiro pode ser
descrito como uma suspensão de gotículas d’água ou cristais de gelo na atmosfera que
reduz a visibilidade horizontal na superfície a menos de 1 km (SOUZA, 2008).

EFEITOS DOS NEVOEIROS SOBRE AS AERONAVES EM POUSOS E EM DECOLAGENS


Em aeroportos, a ocorrência de nevoeiros significa que voos podem ser cancelados ou
atrasados, caso o aeroporto não seja capaz de operar em condições de baixa visibilidade.
Para que os aeroportos possam operar com visibilidade restrita, há um sistema,
denominado de Categoria de Operação (CAT), que permite as aeronaves pousarem em
tais situações. No entanto, não basta apenas o aeroporto possuir esse sistema, pois a
companhia aérea deverá estar homologada e também realizar treinamentos periódicos
em seus pilotos.
TURBULÊNCIA
A turbulência que afeta um avião pode ocorrer com diferentes intensidades, desde
pequenos e poucos solavancos até grandes variações de velocidade e altitude de voo.
Esse fenômeno raramente leva passageiros a acidentes fatais, mas o balanço gerado
pela turbulência pode causar ferimentos sérios em pessoas sem cinto de segurança, ou
até mesmo em pessoas com os cintos atados, pois parte dos ferimentos advém de
objetos arremessados que caem em cima de passageiros. Dessa forma, uma tarefa
fundamental dos comissários de voo é de travar os trolleys e atar qualquer objeto que
possa causar danos.

Tipos de Turbulência
Turbulência Convectiva ou Térmica:
São turbulências causadas por correntes convectivas, em função do aquecimento da
superfície terrestre. Este tipo de turbulência é mais comum na estação de verão sobre
superfícies rígidas e secas, por exemplo, terra, áreas urbanizadas, entre outras. Ressalta-
se a presença de Cumulus (Cu) ou Cumulunimbus (Cb) no céu prenunciando este tipo de
turbulência.

Turbulência Orográfica
Formam-se devido a ventos fortes que sopraram quase perpendiculares às encostas de
montanhas. Pode ser identificada pela presença de nuvens lenticulares que se formam
no topo destas ondas.

Turbulência Mecânica de solo


Formam-se devido ao fluxo de ventos fortes nas superfícies irregulares.

Turbulência Dinâmica:
Frontal: Se forma devido ao deslocamento de massas de ar (frentes), causada pela
ascensão do ar quente na rampa frontal.

Turbulência de Ar Claro
Turbulência de Ar Claro (do Inglês, Clear Air Turbulence, sigla CAT), é um fenômeno
meteorológico associado à corrente de jato e pode se manifestar em vários graus de
intensidade de turbulência. Pode ocorrer sem a presença de nuvens e são mais
frequentes nocontinente nas estações de inverno.

Gradiente de Vento ( WindShear )


Pode ser definida como uma variação na direção e na velocidade do vento em pequenas
distâncias.Embora esse fenômeno possa ocorrer em qualquer altitude, sua ocorrência
próxima a superfície terrestre, se torna perigosa devido à proximidade da aeronave com
o solo, pois a componente do vento de cauda tende a reduzir a sustentação da aeronave,
aumentando a chance de colisão com o solo, caso o piloto não corrija o afundamento.

Esteira de Turbulência (Wake Turbulence)


No pouso e na decolagem, as aeronaves costumam possuir maior ângulo de ataque, isso
aumenta a trilha de aeronave, produz turbulência na trajetória de aproximação e ao
longo das pistas, e é denominado Esteira de Turbulência.
Curso Semipresencial

Comissário de Voo

Aula 05
Meteorologia
FRENTES
Antes de se estudar frentes, é necessário uma breve apresentação sobre o assunto de
massas de ar. Estas são grandes volumes de ar que adquirem as características das
regiões adjacentes e são classificadas de acordo com as regiões de onde se originam;
tais regiões são conhecidas como regiões fontes. Uma região fonte é tipicamente uma
área onde as massas de ar permanecem estagnadas por certo período de dias. Durante
esse tempo, as massas de ar adquirem características de temperatura e umidade dessa
região fonte, portanto, pode-se dizer que essas massas são grandes volumes de ar com
características homogêneas e que cobrem grandes extensões territoriais.
As massas de ar podem ser classificadas quanto à superfície adjacente em: marítima
quando se formam sobre os oceanos e continental quando se formam sobre os
continentes. Além dessa classificação também podem ser classificadas quanto à origem:
Polares, Tropicais, Equatoriais, Ártica ou Antártica. E por último, a classificação quanto
à temperatura: Frias ou Quentes.
As frentes podem ser definidas com uma zona de transição entre duas massas de ar de
diferentes densidades, pois quando as diferentes massas de ar entram em contato, não
conseguem se misturar, disputando lugar entre si, movendo e empurrando-se de tal
forma que aquela que avança com maior ímpeto faz à outra retroceder, provocando
mudanças no estado do tempo.

Frente Fria
Ocorre quando a massa de ar frio avança, fazendo retroceder a massa de ar quente, ou
seja, a massa de ar frio empurra a massa de ar quente, desse modo, devido o ar frio ser
mais denso (pesado) que o ar quente; a frente fria é mais rápida e violenta que a frente
quente. No nosso hemisfério, a frente fria tem deslocamento de Sudoeste (SW) para
Nordeste (NE).
Vale ressaltar que antes da chegada de uma frente fria, a pressão começa a diminuir de
maneira notável, a temperatura aumenta e os ventos se intensificam. Já após a
passagem dessa frente, a pressão sobe rapidamente, a temperatura cai e os ventos
mudam de direção.
Como se pode observar na figura 32, a frente fria tem um declive acentuado, dessa
forma, o ar quente é forçado a subir mais abruptamente, favorecendo a formação de
nuvens do tipo cumuliformes. Isso muitas das vezes leva a uma faixa estreita de chuvas
e tempestades ao longo ou à frente da frente fria, se o ar é instável.

Frente quente
Ocorre quando a massa de ar quente avança, fazendo retroceder a massa de ar frio, ou seja, a
massa de ar quente empurra a massa de ar frio. No nosso hemisfério, a frente quente tem
deslocamento de Noroeste (NW) para Sudeste (SW). Antes da chegada de uma frente quente
pode-se observar uma pequena queda de pressão atmosférica e poucas variações de
temperatura. Já quando a frente quente passa, tanto a pressão quanto a temperatura
aumentam ligeiramente.

Frente Oclusa
Ocorre a frente oclusa quando uma frente fria alcança uma frente quente.

Frente Estacionaria
A frente estacionária ocorre quando duas massas de ar atingem o equilíbrio, dessa
forma, poderá haver pouco ou até mesmo nenhum movimento. As condições de tempo
em uma frente estacionária são semelhantes às encontradas numa frente quente,
porém em geral, menos intensas.

EFEITOS DAS FRENTES SOBRE O VOO


Os efeitos das frentes sobre o voo podem ser muito variados, pois aeronaves pousando
ou decolando podem encontrar nevoeiros antes da frente quente (nevoeiro pré-frontal)
ou após a frente fria (nevoeiro pós-frontal). Além disso, a frente fria pode ter outros
fenômenos associados, como por exemplo, trovoadas, aguaceiros, relâmpagos, Wind
shear, entre outros.
Já com relação à frente estacionária, uma de suas características associadas são as
condições de tempo que persistem em uma determinada área por vários dias e, em
alguns casos, impedem as operações de voo dentro dessa área afetada, por períodos
extensos de dias.

TROVOADA
Fases de Formação de uma trovoada
Uma trovoada é um fenômeno formado por uma única ou um aglomerado de nuvens
do tipo cumulonimbus. Quando uma trovoada é severa, produz muita chuva, raios,
trovões, ventos fortes, granizo e, às vezes tornados. Alguns dos fenômenos de tempo
mais perigosos como tornados, podem ser produzidos em uma supercélula, que é uma
única nuvem cumulonimbus, porém que pode ser maior do que um aglomerado de
nuvens desse tipo, e que pode se estender a mais de 20 km (YNAUE, et. al., 2017).
O ciclo evolutivo de uma trovoada é dividido em três fases:

Fase de Cumulus ou Formação (desenvolvimento)


Nesta fase, o aquecimento da superfície favorece a ocorrência de movimentos
ascendentes, que vão contribuir para a formação de nuvens cumulonimbus. O ar dentro
da nuvem também é dominado por correntes ascendentes.

Fase de Maturidade (madureza)


O início dessa fase ocorre quando a precipitação atinge a superfície. Nesta fase
coexistem correntes ascendentes e descendentes muito intensas no interior da nuvem.
Outra característica é o aumento de relâmpagos e trovões que denuncia o auge da
atividade da nuvem nessa fase.

Fase de Dissipação (Bigorna)


Durante essa fase, a intensidade da precipitação diminui, ficando progressivamente
mais raras as descargas elétricas. No topo do cumulonimbus, surge o Cirrus, devido à
expansão lateral de sua bigorna (parte superior). No interior da nuvem as correntes
descendentes de ar dominam. Nota-se que a própria nuvem se dissipa, pois as
correntes descendentes inibem a ascensão de ar úmido, que é seu “combustível”.

Efeitos das trovoadas sobre as aeronaves no pouso, na decolagem e na navegação


aérea
Os efeitos das descargas elétricas atmosféricas numa aeronave em voo são um pouco
diferentes do que os efeitos sobre alvos na superfície (solo), em grande parte devido à
falta de aterramento, o que impede a corrente de causar todo o seu potencial de dano.
Os principais riscos envolvidos quando uma aeronave é atingida por raios são: ignição
do vapor de combustível dos motores, falhas e danos em equipamentos
eletro/eletrônicos, incluindo sistemas de comunicação, navegação, elétrico, controle e
atuadores, dano mecânico, entre outros.
Como a fuselagem das aeronaves é feita de metal, o que faz com que com a incidência
do raio produza um efeito chamado de “Gaiola de Faraday”, que é a distribuição elétrica
potencial uniformemente sobre a superfície do metal, os efeitos danosos das descargas
para os componentes internos se tornam mais reduzidos. Além disso, as aeronaves
possuem o descarregador estático nas pontas das asas e estabilizador (vertical e
horizontal), que ajudam a eliminar as cargas estáticas acumuladas ao longo de um voo,
minimizando assim os efeitos dos raios nos aviões. Não é possível determinar
visualmente quais perigos uma tempestade contém. Como por exemplo: tornado,
turbulência, gelo, granizo,baixo teto de visibilidade, efeitos no altímetro, relâmpago,
ingestão de água no motor, entre outros.

GELO
Condições propícias para a formação de Gelo
Segundo SONNEMAKER (2012), as condições propícias para a formação de gelo são:
a) Presença de gotículas de água no estado líquido, em temperatura abaixo de 0°
C;
b) Temperatura da superfície externa da aeronave inferior a 0°C. A temperatura de
congelamento das gotículas em repouso varia de -10°C a -40°C, embora se tenha
a impressão errônea de que o gelo se forma sempre quando se atinge 0°C, sabe-
se que ele pode resistir a temperaturas muito mais baixas, pois quanto menores
e mais puras as gotículas, mais resistentes às temperaturas baixas são. Vale
ressaltar que gotículas menores oferecem mais resistência do que as maiores,
para se transformar em gelo.

Efeitos do gelo sobre as aeronaves no pouso, na decolagem e na navegação aérea


TIPOS DE GELO
a) Gelo Escarcha, Opaco, Amorfo ou Granulado:
É o tipo de gelo geralmente associado à nuvens estratiformes, que ao contrário das
cumuliformes, apresentam gotículas menores, sendo seu impacto na aerodinâmica das
aeronaves menos significativos.

b) Gelo Claro, Cristal ou Liso:


É o tipo de gelo mais perigoso e geralmente ocorre associado à nuvens cumuliformes
que apresentam gotículas grandes. Forma-se com temperatura entre 0 a -10°C.

c) Geada:
É uma fina película de gelo que se forma na estrutura das aeronaves, geralmente adere
aos bordos de ataque, para-brisas e janelas em voo.

O Gelo representa um grande inconveniente para as aeronaves, pois a formação de gelo


nas partes de uma aeronave aumenta o seu peso e consequentemente diminui à
eficiência do voo, já que aeronaves mais pesadas tendem a consumir mais combustível.
Quando o gelo se forma sobre a asa, ele atrapalha o escoamento do ar, diminuindo a
sustentação. Além disso, a formação de gelo na entrada de ar dos motores diminuía
quantidade de ar admitida na câmara de combustão, consequentemente, diminuindo a
potência do motor. Outra possibilidade adversa é quando o gelo preso à asa se rompe e
entra no motor, podendo levar a vibrações e perda de potência com parada do motor
afetado.
No entanto, atualmente, é utilizado nas aeronaves, diversos meios para se prevenir ou
controlar a formação de gelo, são eles:
Superfícies de aquecimento com ar quente; aquecimento por elementos elétricos;
quebra de gelo por câmaras infláveis e aplicação de líquidos anticongelantes nos
aerofólios das aeronaves. Antes da decolagem, em aeroportos situados em regiões com
temperaturas próximas ou abaixo de 0°C, deve-se aplicar nessas, um líquido
anticongelante para impedir a formação de gelo nas asas e também na empenagem,
como mostra a figura.
BIBLIOGRAFIA
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