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Comissário de Voo
Aula 01
Meteorologia
INTRODUÇÃO
Meteorologia
Divisão da Meteorologia
METEOROLOGIA AERONÁUTICA
O movimento de rotação é aquele no qual a Terra gira em torno do seu próprio eixo
e tem duração aproximada de 24 horas. Esse movimento é responsável pela sucessão
dos dias e das noites, e processa-se de oeste para leste.
Coordenada geográfica: são linhas imaginárias que cortam o planeta Terra nos
sentidos horizontal e vertical, servindo para a localização de qualquer ponto na
superfície terrestre. Estes pontos são chamados de Ponto Geográficos e são definidos
como o encontro de um Paralelo com um Meridiano. Vale lembrar que para efeitos
didáticos, foram desenhados apenas alguns paralelos e meridianos, no entanto, deve-
se saber que esses são infinitos.
LATITUDES TERRESTRES
Comissário de Voo
Aula 02
Meteorologia
ATMOSFERA TERRESTRE
A atmosfera terrestre é composta por uma camada de gases que envolvem a Terra. A
maior concentração desses gases está próxima à superfície da terrestre devido ao
efeito da força gravitacional.
Composição atmosférica
Ao Nível Médio do Mar, o ar seco compõe-se de: 78% de Nitrogênio (N2), 21%
Oxigênio (O2), e 1% de outros gases, sendo que desse 1%, cerca de 93% constitui-se de
Argônio. Também estão presentes no ar, partículas de poeira, fumaça, sais, bactérias,
entre outros, que são considerados impurezas.
Além dos gases e das impurezas já vistas, há também o vapor d’água que possui
proporções variáveis no ar atmosférico.
Camadas da Atmosfera
Neste material a Atmosfera será dividida em cinco camadas, são elas: Troposfera,
Tropopausa, Estratosfera, Ionosfera e Exosfera. A seguir, serão mostradas as principais
características de cada uma dessas camadas.
Troposfera: Também conhecida como baixa atmosfera é a primeira camada da atmosfera.
Nesta ocorrem os principais fenômenos atmosféricos, como por exemplo, nuvens,
tempestades, entre outros. Dentro desta camada, em condições normais, a temperatura e a
pressão diminuem à medida que se sobe, da mesma forma, aumentam à medida que se desce,
ou seja, uma aeronave subindo dentro desta camada encontrará menores temperaturas,
enquanto descendo, encontrará aumentos de temperatura. A temperatura varia a uma taxa,
conhecida como Gradiente Térmico, este gradiente é de 2°C a cada 1000 pés (ft) ou 0,65°C a
cada 100 metros (m).
A espessura dessa camada depende da temperatura. Segundo Banci (2014) a Troposfera nos
polos tem espessura de 7 a 9 km; enquanto que nas latitudes temperadas de 13 a 15 km e no
Equador de 17 a 19 km.
A Figura abaixo mostra que a coloração do céu, também depende do ângulo o qual se
está observando a luz, esse é motivo pelo qual, algumas vezes no entardecer do dia, o
céu aparece alaranjado.
Vale ressaltar que foi definida uma atmosfera padrão para servir como parâmetro
médio de medida e ser comparada com a atmosfera real; a esta dá-se o nome de ICAO
STANDARD ATMOSPHERE (ISA). Nesta atmosfera o ar é considerado seco, a uma
latitude média de 45° ao nível médio do mar, temperatura de 15°C e pressão de
1013,25 hPa ou 760 mm de mercúrio ou ainda 29,92 polegadas de mercúrio.
Propriedades da Atmosfera
✓ Albedo: É a relação entre o total de energia refletida pelo total da energia que
incide sobre uma superfície. Dessa forma, considerando-se a energia incidente
constante, pode-se dizer que quanto maior a reflexão da superfície, maior será
o seu albedo. Portanto, superfícies brancas e lisas são boas refletoras,
possuindo um albedo elevado, como por exemplo, nuvens do tipo Cirrus, neve,
entre outras. O albedo médio da Terra é de 35%.
Pressão Atmosférica
A Pressão atmosférica é a força exercida pelo peso da atmosfera sobre uma área unitária.
Assim, a pressão a uma altitude especificada é o peso, por unidade de área, da atmosfera
acima dessa altitude.
Logo, a pressão decresce à medida que a altitude aumenta, pois o peso da atmosfera
remanescente diminui continuamente. A seguir, serão definidos conceitos e variáveis e a
relação direta de cada um deles com a Pressão Atmosférica:
Altitude
É a distância vertical do nível do mar até um ponto considerado.
Temperatura
Expressa o estado de agitação das moléculas, dessa forma, em um gás em alta temperatura
suas moléculas estarão mais agitadas que em um gás com temperatura menor.
Densidade
É a relação da Massa pelo Volume. O ar frio tende a ser mais denso que o ar quente. E
o ar seco também tende a ser mais denso que o ar úmido, obviamente se essa
comparação ocorrer à mesma temperatura. Dessa forma, o ar frio e seco, tende a ser
mais denso (mais pesado) que o ar quente e úmido. Por isso, nas decolagens em dias
quentes e úmidos, as aeronaves tendem a percorrer um maior comprimento de pista,
pois a densidade é uma das variáveis que contribuem com a sustentação gerada pela
asa e também com a potência gerada pelos motores das aeronaves. De outra forma,
em dias frios e secos, a tendência é que essas aeronaves percorram menor
comprimento de pista.
Atualmente os aviões comerciais voam até a baixa Estratosfera para evitar turbulência
ou mesmo a convecção da Troposfera. No entanto, a desvantagem de se voar na
Estratosfera deve-se ao fato de se ter aumento dos níveis de radiação, aumento da
concentração de Ozônio (O3) e aumento de combustível, devido à exposição de
temperaturas mais altas (AC 00-6B, 2016).
Desta forma, fazendo-se uma análise da relação da altitude e da temperatura nas três
primeiras camadas, se uma aeronave estiver subindo, encontrará temperaturas cada
vez menores na primeira camada, temperatura constante na segunda e aumento de
temperatura na terceira da atmosfera.
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Aula 03
Meteorologia
CALOR
Propagação do Calor
O Calor pode ser definido como a energia em trânsito de um corpo de maior
temperatura para um de menor.
Efeito Estufa
A temperatura média da superfície da lua, que não tem atmosfera, é de – 18°C,
enquanto a temperatura média da superfície da Terra é de 15°C. Este efeito de
aquecimento é chamado de efeito Estufa, pois a atmosfera terrestre exerce esse papel
de absorção da radiação, por meio dos gases constituintes, como por exemplo, CO2,
vapor da água, entre outros.
Outro exemplo que ocorre nos períodos noturnos pode ser visto na próxima figura.
Observa-se que em dias não nublados a temperatura atingiu 10°C, enquanto que em
dias nublados a temperatura atingiu 22° C. Isso se deve ao fato da energia térmica
liberada pela superfície terrestre ter ficado presa pela camada de nuvens. Portanto, o
ar não pode se resfriar tanto com o céu nublado, pois parte da radiação fica presa
pelas nuvens. Já em uma situação de céu limpo, ocorre maior resfriamento, pois a
radiação voltará mais facilmente para o espaço.
ÁGUA
Estados físicos da água
A água está presente na atmosfera em três estados físicos: gasosa (em suspensão no
ar); liquida (nuvens, nevoeiro); sólida (neve, granizo).
Mudanças de estado
As mudanças de estados da água implicam em absorção ou liberação de calor, por
exemplo, para o vapor se transformar em líquido, deve-se haver liberação de calor,
enquanto que para o líquido se transformar em vapor, ocorrerá o contrário, ou seja, a
absorção de calor. A seguir serão mostradas as transformações de estados físicos da
água:
a) Evaporação
Evaporação é a mudança de fase pela qual um líquido é transformado em vapor (gás).
Todos experimentam a evaporação pessoalmente, por exemplo, quando o corpo se
aquece devido à temperatura do ar, ou por meio de exercícios, o corpo transpira água
para a pele. O objetivo disso é fazer com que o corpo use seu próprio calor para
evaporar o líquido, removendo assim o calor e resfriando o corpo.
Ponto de Orvalho
O Ponto de Orvalho representa a temperatura na qual o ar teria que ser resfriado, sem
alteração na pressão do ar ou umidade, para ocorrer à saturação. A temperatura do ponto de
orvalho pode ser um indicador da Umidade Relativa do Ar, pois se a temperatura do ponto de
orvalho for igual à temperatura do ar, significa que o ar está saturado, podendo, por exemplo,
ocorrer nevoeiros.
Ciclo Hidrológico
O Ciclo Hidrológico é o movimento contínuo da água. A energia do Sol faz ocorrer à
evaporação da água, os ventos ou as correntes de ar realizam o transporte do vapor para
níveis mais altos ou até mesmo para outras regiões, após isso, esse vapor se condensa
formando as nuvens. As gotículas dessas nuvens podem crescer e cair como precipitação na
forma de chuva, neve ou granizo, ou seja, iniciando um novo ciclo.
VENTOS
Os Ventos que sopram entre o solo e 100m são chamados de ventos de superfície, e os que
sopram entre 100m e 600m são chamados ventos de altitude
✓ Força do Gradiente de Pressão: É a força que impulsiona o vento da alta para a baixa
pressão. Quanto maior a diferença de pressão entre dois pontos, mais fortes serão os
ventos.
✓ Força de Coriolis: É uma força aparente que surge devido ao movimento de rotação da
terra. Esta força desvia as massas de ar para a direita no Hemisfério Norte e para a
esquerda no Hemisfério Sul. Sua intensidade é máxima nos polos e mínima no
Equador. A Figura a seguir mostra o deslocamento de um corpo que sai do Polo em
direção ao Equador, considerando a Terra parada (figura esquerda); como se pode
observar, a trajetória desse corpo descreveria uma linha reta. De outro modo,
considerando a Terra em movimento no sentido anti-horário, observa-se que a
trajetória desse corpo seria curvilínea, no sentido da esquerda.
✓ Força Centrifuga: É uma força fictícia com direção para fora do centro de curvatura,
em toda trajetória curvilínea.
✓ Força de Atrito: O vento que flui próximo à superfície da terra, sofre influência desta
superfície, modificando direção e velocidade. Esse efeito é efetivo até altura de 2000 ft
ou 600m, que é o nível gradiente.
Descrição do vento
✓ Direção: A direção do vento, sempre de onde ele vem e nunca para onde vai, é dada
em graus. Para fins meteorológicos o vento é considerado em relação ao Norte
Verdadeiro (NV), já quando informado pela Torre de Controle para fins de pousos e
decolagens, é dada em relação ao Norte Magnético (NM).
✓ Velocidade ou Intensidade: É expressa em knots (Kt) que representa uma milha
náutica percorrida por hora. Vale ressaltar que uma milha náutica equivale a 1,852 Km
ou 1.852 m.
✓ Caráter: O caráter do vento, diz respeito à variação brusca quanto à sua direção e
velocidade. A essa variação dá-se o nome de rajada.
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Aula 04
Meteorologia
NUVENS
Nuvem
Nuvens são gotículas de água ou cristais de gelo em suspensão na atmosfera e são fundamentais
para formação de outros fenômenos, como por exemplo, chuva, neve, arco-íris ou trovões.
Para que as nuvens se formem, deve haver resfriamento do ar e também quantidade suficiente
de vapor de água, pois quando o ar se resfria e se transforma em gotículas, geralmente a
umidade condensa ou sublima em minúsculas partículas de matéria, tais como poeira, sal e
fumaça. Esses elementos são conhecidos como núcleos de condensação e são muito
importantes no processo de formação de nuvens e nevoeiros.
Cirrostratos (Cs): Véu nebuloso transparente e esbranquiçado, de aspecto fibroso ou liso, que
cobre total ou parcialmente o céu. Pode produzir fenômenos de halo. As cirrostratos são
compostas basicamente por pequeninos cristais de gelo. Esses cristais de gelo interagem com a
luz do sol, criando o efeito halo.
Tipos de Turbulência
Turbulência Convectiva ou Térmica:
São turbulências causadas por correntes convectivas, em função do aquecimento da
superfície terrestre. Este tipo de turbulência é mais comum na estação de verão sobre
superfícies rígidas e secas, por exemplo, terra, áreas urbanizadas, entre outras. Ressalta-
se a presença de Cumulus (Cu) ou Cumulunimbus (Cb) no céu prenunciando este tipo de
turbulência.
Turbulência Orográfica
Formam-se devido a ventos fortes que sopraram quase perpendiculares às encostas de
montanhas. Pode ser identificada pela presença de nuvens lenticulares que se formam
no topo destas ondas.
Turbulência Dinâmica:
Frontal: Se forma devido ao deslocamento de massas de ar (frentes), causada pela
ascensão do ar quente na rampa frontal.
Turbulência de Ar Claro
Turbulência de Ar Claro (do Inglês, Clear Air Turbulence, sigla CAT), é um fenômeno
meteorológico associado à corrente de jato e pode se manifestar em vários graus de
intensidade de turbulência. Pode ocorrer sem a presença de nuvens e são mais
frequentes nocontinente nas estações de inverno.
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Aula 05
Meteorologia
FRENTES
Antes de se estudar frentes, é necessário uma breve apresentação sobre o assunto de
massas de ar. Estas são grandes volumes de ar que adquirem as características das
regiões adjacentes e são classificadas de acordo com as regiões de onde se originam;
tais regiões são conhecidas como regiões fontes. Uma região fonte é tipicamente uma
área onde as massas de ar permanecem estagnadas por certo período de dias. Durante
esse tempo, as massas de ar adquirem características de temperatura e umidade dessa
região fonte, portanto, pode-se dizer que essas massas são grandes volumes de ar com
características homogêneas e que cobrem grandes extensões territoriais.
As massas de ar podem ser classificadas quanto à superfície adjacente em: marítima
quando se formam sobre os oceanos e continental quando se formam sobre os
continentes. Além dessa classificação também podem ser classificadas quanto à origem:
Polares, Tropicais, Equatoriais, Ártica ou Antártica. E por último, a classificação quanto
à temperatura: Frias ou Quentes.
As frentes podem ser definidas com uma zona de transição entre duas massas de ar de
diferentes densidades, pois quando as diferentes massas de ar entram em contato, não
conseguem se misturar, disputando lugar entre si, movendo e empurrando-se de tal
forma que aquela que avança com maior ímpeto faz à outra retroceder, provocando
mudanças no estado do tempo.
Frente Fria
Ocorre quando a massa de ar frio avança, fazendo retroceder a massa de ar quente, ou
seja, a massa de ar frio empurra a massa de ar quente, desse modo, devido o ar frio ser
mais denso (pesado) que o ar quente; a frente fria é mais rápida e violenta que a frente
quente. No nosso hemisfério, a frente fria tem deslocamento de Sudoeste (SW) para
Nordeste (NE).
Vale ressaltar que antes da chegada de uma frente fria, a pressão começa a diminuir de
maneira notável, a temperatura aumenta e os ventos se intensificam. Já após a
passagem dessa frente, a pressão sobe rapidamente, a temperatura cai e os ventos
mudam de direção.
Como se pode observar na figura 32, a frente fria tem um declive acentuado, dessa
forma, o ar quente é forçado a subir mais abruptamente, favorecendo a formação de
nuvens do tipo cumuliformes. Isso muitas das vezes leva a uma faixa estreita de chuvas
e tempestades ao longo ou à frente da frente fria, se o ar é instável.
Frente quente
Ocorre quando a massa de ar quente avança, fazendo retroceder a massa de ar frio, ou seja, a
massa de ar quente empurra a massa de ar frio. No nosso hemisfério, a frente quente tem
deslocamento de Noroeste (NW) para Sudeste (SW). Antes da chegada de uma frente quente
pode-se observar uma pequena queda de pressão atmosférica e poucas variações de
temperatura. Já quando a frente quente passa, tanto a pressão quanto a temperatura
aumentam ligeiramente.
Frente Oclusa
Ocorre a frente oclusa quando uma frente fria alcança uma frente quente.
Frente Estacionaria
A frente estacionária ocorre quando duas massas de ar atingem o equilíbrio, dessa
forma, poderá haver pouco ou até mesmo nenhum movimento. As condições de tempo
em uma frente estacionária são semelhantes às encontradas numa frente quente,
porém em geral, menos intensas.
TROVOADA
Fases de Formação de uma trovoada
Uma trovoada é um fenômeno formado por uma única ou um aglomerado de nuvens
do tipo cumulonimbus. Quando uma trovoada é severa, produz muita chuva, raios,
trovões, ventos fortes, granizo e, às vezes tornados. Alguns dos fenômenos de tempo
mais perigosos como tornados, podem ser produzidos em uma supercélula, que é uma
única nuvem cumulonimbus, porém que pode ser maior do que um aglomerado de
nuvens desse tipo, e que pode se estender a mais de 20 km (YNAUE, et. al., 2017).
O ciclo evolutivo de uma trovoada é dividido em três fases:
GELO
Condições propícias para a formação de Gelo
Segundo SONNEMAKER (2012), as condições propícias para a formação de gelo são:
a) Presença de gotículas de água no estado líquido, em temperatura abaixo de 0°
C;
b) Temperatura da superfície externa da aeronave inferior a 0°C. A temperatura de
congelamento das gotículas em repouso varia de -10°C a -40°C, embora se tenha
a impressão errônea de que o gelo se forma sempre quando se atinge 0°C, sabe-
se que ele pode resistir a temperaturas muito mais baixas, pois quanto menores
e mais puras as gotículas, mais resistentes às temperaturas baixas são. Vale
ressaltar que gotículas menores oferecem mais resistência do que as maiores,
para se transformar em gelo.
c) Geada:
É uma fina película de gelo que se forma na estrutura das aeronaves, geralmente adere
aos bordos de ataque, para-brisas e janelas em voo.
BANCI, D. Meteorologia para aviação, teoria e testes. outras. São Paulo. 2014.
BANCI, D. Meteorologia para aviação, teoria e testes. outras. São Paulo. 2014.