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Meteorologia
Círculação Geral
da Atmosfera
Rita Yuri Ynoue
Michelle S. Reboita
Tércio Ambrizzi
Gyrlene A. M. da Silva
Nathalie T. Boiaski
8.1 Introdução
8.2 Escalas do movimento atmosférico
8.3 Circulação global
8.3.1 O Sol como fonte de energia
8.3.2 Modelos de circulação geral da atmosfera
8.3.2.1 Modelo unicelular
8.3.2.2 Modelo de três células
8.4 Campos médios de pressão e ventos observados na atmosfera real
8.5 Os ventos de oeste em altos níveis nas latitudes médias
8.5.1 A causa dos ventos de oeste
8.5.2 Correntes de jato
8.6 Circulações locais
8.6.1 Brisa marítima e terrestre
8.6.2 Brisa de vale e de montanha
8.7 Circulações com variações sazonais: monções
8.8 A interação oceano-atmosfera
8.7.1 Os fenômenos El Niño e La Niña
Referências
8.1 Introdução
Este texto apresenta a distribuição dos sistemas de alta e baixa pressão na atmosfera o padrão
dos ventos, tanto em superfície quanto em níveis mais elevados. Primeiramente, serão descritos
os ventos de escala global e, depois, os ventos de menor escala espacial e temporal. Uma discussão
sobre a interação oceano-atmosfera (fenômeno El Niño – Oscilação Sul) finalizará esta aula.
Figura 8.1: As escalas das circulações atmosféricas, incluindo a dimensão horizontal e o tempo
de vida dos fenômenos associados. / Fonte: adaptado de Ahrens, 2009.
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No texto Radiação solar, terrestre e balanço de energia global foi mostrado que a
principal fonte de energia do planeta Terra é o Sol. A energia que chega aquece primeiramente
a superfície, que depois, por condução, aquece uma fina camada de ar adjacente e, por fim,
há movimentos convectivos que aquecem o ar em maiores alturas. O ar também é aquecido
pela absorção de radiação infravermelha emitida pela superfície. O aquecimento da superfície
terrestre não ocorre de maneira uniforme entre polos e equador. No texto Temperatura,
vimos que os raios solares atingem a região tropical quase perpendicularmente à superfície,
enquanto nas regiões mais próximas aos polos a incidência é oblíqua, o que significa que a
energia é mais concentrada por unidade de área próximo do equador que nos polos. Portanto,
as regiões tropicais aquecem mais do que as polares.
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Este modelo de circulação foi elaborado por George Hadley, em 1735, e, por isso, a célula
de circulação é chamada célula de Hadley. Nesse modelo parte do excesso de energia dos
trópicos é transportada como calor sensível e calor latente pela célula de Hadley para as regiões
polares com déficit de energia.
Figura 8.4:
Circulação global idealizada
baseada no modelo de circu-
lação de três células. / Fonte:
adaptado de Ahrens, 2009.
Figura 8.5: Representação esquemática do escoamento em superfície e em altos níveis das 3 células de
circulação no Hemisfério Sul. As letras A e B indicam regiões de alta e baixa pressão, respectivamente.
/ Fonte: daptado de NOAA <http://www.srh.noaa.gov/jetstream/global/jet.htm>.
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a. Célula de Hadley
A célula de Hadley é mostrada nas Figuras 8.4 e 8.5. O intenso aquecimento solar no
equador causa ascensão do ar, que na alta troposfera se desloca em direção aos polos, em ambos
os hemisférios. Quando a circulação em altos níveis se dirige para os polos, ela começa a
subsidir numa zona entre 20° e 35° de latitude em ambos os hemisférios. Essa subsidência pode
estar associada a dois fatores:
1. Aumento da densidade do ar em altos níveis em função do resfriamento radiativo à
medida que o escoamento se afasta da região equatorial e;
2. Convergência do ar em altitude em função da força de Coriolis. À medida que o
escoamento em altos níveis de dirige para maiores latitudes, a força de Coriolis aumenta.
Assim, os ventos são desviados para uma direção quase zonal quando atingem 25° de
latitude em ambos os hemisférios, o que causa uma convergência de ar em altitude.
O ar que subside por volta de 20° - 35° de latitude (subtrópicos) em ambos os hemisférios forma
um cinturão de alta pressão próximo à superfície. Consequentemente, é nessa zona de subsidência
que se situam os grandes desertos, como o deserto de Saara e o Australiano.
Devido aos ventos serem geralmente fracos e variáveis próximos ao centro das zonas
de ar subsidente, a região é popularmente chamada de latitudes dos cavalos. Os barcos a
vela que cruzavam o Atlântico muitas vezes eram surpreendidos por calmarias. Já que a
comida não podia ser descartada para tornar os barcos mais leves, os cavalos eram jogados
ao mar ou comidos. Essa é a origem do nome latitudes dos cavalos.
A partir do centro das zonas de alta pressão subtropicais, o vento na superfície se divide num
ramo que segue em direção aos polos e em outro que segue para o equador. O que vai para o
equador fecha a circulação da célula de Hadley.
Devido à força de Coriolis, os ventos que se dirigem para o equador têm uma deflexão
(no Hemisfério Sul para a esquerda do movimento e no Hemisfério Norte para a direita),
formando os ventos alísios de sudeste no Hemisfério Sul e de nordeste no Hemisfério Norte.
Os ventos alísios também são chamados ventos de travessia (no inglês são escritos como trade
winds), pois forneciam aos barcos movidos a vela uma rota oceânica em direção ao Novo
Mundo. Os ventos alísios de ambos os hemisférios convergem próximo ao equador, numa
região que tem fraco gradiente de pressão. Essa região é chamada doldrums, pois possui ventos
fracos e muita umidade. A convergência dos ventos alísios na região equatorial faz com que o ar
quente e úmido ascenda, transportando umidade do oceano para os altos níveis da atmosfera.
Essa situação favorece a formação de nuvens com grande desenvolvimento vertical e que se
estendem até a alta troposfera. Essa banda de nebulosidade é a Zona de Convergência
Intertropical - ZCIT (Figura 8.6).
Os ventos ascendem na ZCIT e, em
altos níveis, divergem em direção aos
polos. Concomitantemente, sofrem a
ação da força de Coriolis e originam
os ventos de oeste em altitude
(Figura 8.5). A ZCIT é um dos mais
importantes sistemas atmosféricos de
macroescala, atuando nos trópicos em
torno de todo o globo. Condições de
mau tempo e intensos volumes de
precipitação (chuvas) são registrados
Figura 8.6: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) vista numa imagem
na região de atuação da ZCIT. de satélite. / Fonte: CPTEC/INPE
b. Célula de Ferrel
Um dos ramos dos ventos que subsidiram a cerca de 20° − 35° de latitude em ambos os
hemisférios dirige-se para o polo e, devido à força de Coriolis, origina os ventos de oeste
em superfície nas latitudes médias (Figuras 8.4 e 8.5). À medida que o ar viaja na direção
dos polos, ele converge, a cerca de 60° de latitude, com o ar frio que se move dos polos
em direção ao equador. Como essas duas massas de ar possuem diferentes temperaturas e
umidade não se misturam. Elas ficam separadas por uma fronteira ou superfície chamada
frente polar (Figura 8.5). Nessa região, o ar mais quente proveniente das latitudes mais
baixas ascende sobre o ar frio e origina tempestades. O ar que ascendeu na atmosfera
divide-se em dois ramos: um ramo se dirige para o polo e outro, para o equador. O ramo
que se dirige para o equador subside a cerca de 30° de latitude e é um dos constituintes da
célula de Ferrel, que é completada quando o ar da região das altas pressões subtropicais
escoa novamente, em superfície, em direção aos polos.
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Como a célula de Ferrel em altitude, nas latitudes médias, é dirigida para o equador, a
força de Coriolis produziria ventos de leste. Entretanto, desde a Segunda Guerra Mundial,
observações da atmosfera indicam que há ventos de oeste tanto em altitude quanto em
superfície nessa região. Portanto, a célula de Ferrel não se ajusta completamente às observações.
Devido a essa característica e à importância da circulação em latitudes médias em manter o balanço
de calor na Terra, os ventos de oeste serão considerados mais detalhadamente na seção 8.5.1.
c. Célula Polar
A circulação atmosférica é pouco conhecida em altas latitudes. Sugere-se que a subsidência
nas proximidades dos polos, decorrente do ar que ascendeu em 60° de latitude, produz uma
corrente superficial em direção ao equador, que é desviada pela força de Coriolis. Esse processo
forma, em ambos os hemisférios, os ventos polares de leste em superfície. Quando esses ventos
polares se movem em direção ao equador, encontram a corrente de oeste de latitudes médias,
e essa é a região denominada frente polar. Nessa região, os ventos ascendem e, depois, em
altitude, um ramo dirige-se para as latitudes mais baixas e outro, para o polo. Este último irá
constituir a célula Polar (Figuras 8.4 e 8.5).
Depois de apresentado detalhadamente o modelo tri-celular é possível fazer uma síntese da
Figura 8.4: existem duas grandes áreas de alta pressão e duas grandes áreas de baixa pressão em
cada hemisfério. As áreas de alta pressão localizam-se perto das latitudes de 30° e nos polos; as
áreas de baixa pressão situam-se nas cercanias do equador e perto de 60° de latitude. Uma vez
que o vento sopra em torno desses sistemas, tem-se uma visão geral dos ventos à superfície no
globo. No Hemisferio Sul (Hemisfério Norte) tem-se os ventos alísios de sudeste (nordeste) na
região tropical, os ventos de oeste em latitudes médias e os ventos de leste ao redor do Polo Sul
(Polo Norte). O modelo de três células concorda bastante com a distribuição real da pressão e
dos ventos na superfície; já em altos níveis, a célula de Ferrel não consegue representar os ventos
de oeste em latitudes médias. A próxima seção comparará a distribuição da pressão e dos ventos
em superfície no modelo de três células com os observados na atmosfera real.
a b
Figura 8.7: a. modelo de circulação geral idealizado em superfície e b. circulação observada na atmosfera real. Nesta, há rompimentos
nos padrões zonais de pressão devido à influência dos continentes. Esses rompimentos quebram as zonas de pressão em células de
alta e baixa pressão semipermanente. / Fonte: Adaptado de Lutgens; Tarbuck (2010).
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Figura 8.8: Média da pressão na superfície e circulação global associada para a. janeiro e b. julho. / Fonte: adaptado de Aguado e Burt, 2010.
Quando as Figuras 8.8a e 8.8b são comparadas, nota-se que algumas células de pressão
não possuem intensidade constante ao longo do ano como as altas subtropicais. Outras, chegam
a desaparecer numa dada estação do ano, como as baixas no sudoeste dos Estados Unidos que
desaparecem em janeiro. As variações sazonais nos sistemas de pressão são mais evidentes no
Hemisfério Norte. Poucas variações no campo da pressão ocorrem do verão para o inverno no
Hemisfério Sul, devido ao maior predomínio de oceanos nesse hemisfério.
No Hemisfério Norte, em janeiro (inverno boreal) há quatro sistemas de alta pressão: dois
sobre o continente (Eurásia e norte da América do Norte) e dois sobre os oceanos (Pacífico
e Atlântico). Também há duas células ciclônicas: a baixas das Aleutas e da Groenlândia.
Em julho (verão boreal), em função das altas temperaturas, os sistemas de altas pressões conti-
nentais desaparecem e surgem sistemas de baixa pressão. Um deles se localiza no norte da Índia
e outro, ao sudoeste dos Estados Unidos.
No Hemisfério Sul, em janeiro (verão austral), há três centros de alta pressão subtropicais que se
localizam sobre os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico, respectivamente. É interessante notar que
esses centros quase se conectam, caracterizando uma faixa contínua de altas pressões subtropicais.
Ao longo da zona de baixas pressões do equador há três centros de baixas: na América do Sul,
África do Sul e Indonésia. Em julho (inverno austral), os sistemas de alta pressão subtropicais se
intensificam e aparece um quarto centro de alta localizado sobre a Austrália. Todos os sistemas de
alta e baixa pressão, incluindo a ZCIT, apresentam uma migração sazonal em função do caminho
aparente do Sol. Destaca-se, ainda, que o deslocamento dos sistemas de pressão é maior sobre os
continentes do que sobre os oceanos, pois os oceanos possuem maior estabilidade térmica.
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quente (30° S). Devido ao ar frio ser mais denso do que o ar quente, a pressão atmosférica
decresce mais rapidamente com a altura numa coluna de ar frio do que numa coluna de
ar quente (ver texto ”Pressão Atmosférica e Ventos”). Consequentemente, numa mesma
altitude acima da superfície terrestre, as maiores pressões serão encontradas em direção
ao equador e as menores, em direção aos polos. Essa informação pode ser visualizada se
uma linha for traçada na horizontal sobre a Figura 8.9. Veja que a cerca de A'', próximo
ao polo, a pressão atmosférica é de 800 hPa, enquanto a cerca do ponto B', em 30° S
é de ~ 880 hPa. Isso resulta numa FGP que é direcionada das baixas latitudes (área de maior
pressão) para o polo (área de menor pressão). Uma vez que o ar começa a escoar dos trópicos
em direção aos polos, a força de Coriolis começa a mudar a direção do vento. Eventualmente,
o balanço entre a força do gradiente de pressão e a força de Coriolis é alcançado e os ventos
tornam-se de oeste em altos níveis nas latitudes médias.
Ainda observando a Figura 8.9, note que o gradiente de pressão entre as latitudes quentes e
frias aumenta com a altitude e isso implica numa maior FGP e ventos mais intensos com a altura.
O aumento da velocidade do vento com a altitude ocorre somente até a tropopausa. Após essa
altitude, os ventos começam a enfraquecer em direção à estratosfera. Como a pressão decresce
mais rapidamente com a altura nas regiões polares, a estratosfera encontra-se em menores
alturas do que nos trópicos. Uma vez que a estratosfera é um local onde a temperatura do ar
tende a aumentar devido à absorção da radiação ultravioleta pelo ozônio (ver texto ”Atmosfera
Terrestre”), ocorre uma inversão de temperatura: as regiões polares tornam-se relativamente
mais quentes do que os trópicos, o que implica uma redução do gradiente de pressão com a
altura e diminuição da velocidade do vento.
Figura 8.9: Distribuição da pressão com a altura sobre uma região polar fria (80º S) e uma região mais quente (30° S).
/ Fonte: adaptado de Aguado; Burt, 2010.
a. Jato polar
Como já mencionado, as correntes
de jato existem devido aos grandes
contrastes de temperatura na superfície
em curtas distâncias, que produzem
fortes gradientes de pressão e, portanto,
ventos mais intensos com o aumento
da altitude. Os grandes contrastes de
temperatura ocorrem ao longo de zonas
chamadas frentes. A corrente de jato
polar ocorre ao longo da frente polar
Figura 8.11: Representação da frente polar e do jato polar para o Hemisfério Sul.
(principal zona frontal do globo), que / Fonte: adaptado de Ahrens, 2010.
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resulta do encontro dos ventos polares de leste e com os ventos mais quentes de oeste de
latitudes médias (Figura 8.11).
A velocidade do jato polar pode exceder a 300 km h-1. No inverno, a velocidade média desse
jato é de 125 km h-1 e, no verão, se reduz quase à metade da velocidade registrada no inverno.
A diferença sazonal da velocidade é devida ao gradiente de temperatura, que é mais forte
durante o inverno nas latitudes médias. Em virtude da localização do jato polar coincidir
com a da frente polar, a posição latitudinal desse jato migra com as estações do ano. Nos
meses de junho, julho e agosto, os raios solares atuam perpendicularmente ao trópico de
câncer no Hemisfério Norte. Com isso, os sistemas de tempo deslocam-se para norte, e o jato
polar também. Nesse período, o jato polar pode atingir até 30° de latitude no Hemisfério Sul
(~50° de latitude no Hemisfério Norte). Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro
correspondem à época em que os raios solares incidem mais perpendicularmente ao trópi-
co de capricórnio no Hemisfério Sul. Assim como outros sistemas atmosféricos, o jato polar
desloca-se para sul e atua em aproximadamente 50° de latitude no Hemisfério Sul (~30° de
latitude no hemisfério norte). Como o jato polar tem posição latitudinal variável, pode ser
encontrado entre 30° e 70° de latitude em ambos os hemisférios e na altitude entre 8 km e 10 km.
Da mesma forma que a frente polar não tem uma trajetória retilínea ao redor do globo (pense
que em alguns lugares o ar frio pode avançar mais em direção ao equador do que em outros),
tampouco o jato polar a tem. Isso favorece o aparecimento de ondulações, com grande componente
norte-sul no jato polar. Devido às ondulações do jato polar, às vezes, alguns dos seus trechos se unem
ao jato subtropical (Figura 8.12a). Dependendo da altitude e latitude em que as porções do jato
polar se localizam, estas podem receber denominações de ramo norte (lado equatorial do jato) e
ramo sul (lado polar do jato).A Figura 8.12b mostra um exemplo da localização dos dois ramos do
jato polar sobre o sul da América do Sul.
a b
Figura 8.12: Correntes de jato sobre a América do Sul: a linha vermelha tracejada indica a posição do jato subtropical; a linha laranja
tracejada, o ramo norte do jato polar; e a linha branca tracejada, o ramo sul do jato polar. a. corresponde à situação da atmosfera
no dia 04/01/2009, às 00 Z (21 h do dia anterior); e b. corresponde à situação da atmosfera no dia 24/01/2011, às 12 Z (09 h local). /
Fonte: Grupo de Previsão de Tempo do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (GPT/CPTEC).
b. Jato subtropical
O jato subtropical forma-se no lado polar da célula de Hadley. O ar quente, que é carregado
em altos níveis em direção ao polo por essa célula (Figura 8.5), produz um acentuado contraste
de temperatura ao longo de uma zona chamada frente subtropical (também em altos níveis).
Na vizinhança da frente subtropical (que não possui estrutura frontal estendendo-se até a super-
fície), o contraste de temperatura produz fortes gradientes de pressão, que, consequentemente,
geram fortes ventos. Em média, o jato subtropical apresenta-se mais intenso no inverno, pois
nessa estação do ano os gradientes de temperatura são mais intensos. O jato subtropical possui
velocidade inferior à do jato polar e sua posição média encontra-se na latitude de 25° (mas pode
variar entre 20° e 40° de latitude) em ambos os hemisférios e na altitude de cerca de 13 km.
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que é transportado do oceano Atlântico Sul para o continente pelos ventos do setor noroeste do
sistema de alta pressão subtropical do Atlântico Sul (Figura 8.16a) e pela próprio aquecimento
da superfície continental que desencadeia movimentos convectivos na atmosfera (ver texto
”Radiação Solar e Terrestre e o Balanço de Energia Global”). Em episódios de ZCAS também
é possível notar a presença de uma frente fria estacionária conectando-se a esse sistema.
Figura 8.15: Reversão sazonal dos ventos associada com a monção asiática. / Fonte: Adaptado de Ahrens, 2009.
a b
Figura 8.16: Direção (setas) e intensidade do vento (m s-1; cores) em baixos níveis da atmosfera no verão (a)
e inverno (b). / Fonte: Reboita, et al, 2012.
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a b
Figura 8.17: Precipitação (mm dia-1) no verão (a) e inverno (b). / Fonte: Reboita, et al, 2012.
Figura 8.18: Evolução mensal da precipitação na Ambérica do Sul. / Fonte: Reboita, et al, 2010.
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b c
Figura 8.20: Média da temperatura da superfície do mar (TSM) no globo entre 1981 e 1995: a. anual; b. verão e c. inverno.
/ Fonte: NCEP/NCAR.
Figura 8.21: Principais correntes oceânicas ao redor do globo. / Fonte: Adaptado de Britannica.
Sobre o oceano Pacífico equatorial existe uma célula de ar que ocorre no plano vertical-zonal
(oeste-leste) e está relacionada à variação da pressão atmosférica nessa região. Essa célula é a
chamada célula de Walker e pode ser modificada pelas anomalias na TSM do Pacífico.
Quando os valores da TSM sobre o oceano Pacífico equatorial estão muito próximos
da média climatológica, isso significa que não há anomalias de TSM sobre essa bacia.
A Figura 8.22 representa o que ocorre na célula de Walker quando não há anomalias de
TSM sobre a região do Pacífico equatorial ou, em outras palavras, quando as condições
são normais (águas mais quentes a oeste e mais frias a leste). A configuração da TSM
contribui para a presença de um sistema de alta pressão no leste do Pacífico, e de baixa
pressão sobre a Indonésia. Assim, configura-se um gradiente de pressão à superfície entre
os setores leste e oeste ao longo do Pacífico equatorial. Isso reforça o deslocamento dos
ventos alísios, que é de leste para oeste próximo à superfície (setas brancas). A célula
de Walker apresenta movimentos ascendentes do ar na região próxima da Austrália e
Indonésia, escoamento de oeste para leste em altos níveis da troposfera e movimentos
descendentes próximos à costa oeste da América do Sul.
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Os eventos El Niño e La Niña podem ocorrer com frequencia de 3 a 7 anos. Esses eventos
pondem ou não ser intercalados por condições de normalidade.
É importante ressaltar que existem várias teorias a respeito da origem dos fenômenos de
El Niño e La Niña, mas ainda não há um consenso geral. O que se conhece sobre esses
fenômenos está relacionado aos impactos na circulação geral da atmosfera.
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c d
Figura 8.25: Impactos de El Niño e La Niña na precipitação e temperatura no globo. / Fonte: CPTEC/INPE.
Referências
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baroclínico e frentes subtropicais sobre a América do Sul. São Paulo: Grupo de Previsão de
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Glossário
Brisa de vale e brisa de montanha: circulação térmica gerada por diferença de pressão atmosférica entre
vales e encostas de montanhas. Na brisa de vale o escoamento do ar dirige-se do vale para a encosta
da montanha. O oposto ocorre na brisa de montanha.
Brisa marítima: circulação térmica gerada por diferença de pressão atmosférica entre regiões costeiras
e o oceano adjacente. Na brisa marítima o escoamento em superfície dirige-se do oceano para o
continente. O oposto ocorre na brisa terrestre.
Corrente de jato: faixas estreitas de vento com alta velocidade.