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Curso Semipresencial

Comissário de Voo

Aula 01
Navegação Aérea

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INTRODUÇÃO À NAVEGAÇÃO AÉREA

Navegação Aérea

Definição

É o método que permite a operação de aeronaves em qualquer trajetória de voo desejada dentro
da cobertura de auxílios à navegação, ou dentro dos limites das possibilidades dos equipamentos
autônomos de navegação, ou de uma combinação de ambos (ICA 100-4, 2009).

De outra forma, pode-se definir Navegação Aérea como a maneira pela qual se conduz uma
aeronave, com segurançae eficiência, de sua origem a um determinado destino, planejando
alternativas, caso o aeroporto de destino esteja interditado ou impraticável.

Histórico

Evolução da Navegação Aérea

O primeiro tipo de navegação aérea foi sem dúvida a navegação aérea visual, na qual o piloto
decolava de um ponto e dirigia-se a outro se orientando por objetos na superfície. No entanto, para
realizar esse tipo de navegação, havia a necessidade de se ter tempo bom, ou seja, não poderia ter
cobertura de nuvens, nevoeiros, trovoada, entre outros fenômenos que restringissem a visibilidade
do piloto. Dessa forma, com o aprimoramento das aeronaves, necessitava-se de novos sistemas de
navegação que permitissem aos pilotos conduzir aeronaves no período noturno ou em condições
de tempo com visibilidade restrita.

Segundo Monteiro (2002) com o término da Primeira Guerra Mundial deu-se o início as atividades
da aviação comercial no ano de 1919, com serviços de transporte aéreo postal na Alemanha. A partir
de então, a evolução das aeronaves e a necessidade de ligações aéreas de pontos cada vez mais
distantes, muita das vezes sobrevoando áreas inóspitas, obrigou os países a implantarem “auxílios”
no solo para que os pilotos pudessem se orientar e se localizar, principalmente no período noturno
ou mediante condições de baixa visibilidade e camadas de nuvens baixas.

No início do século XX, pela primeira vez na história da aviação foi possível a travessia do Atlântico
Sul por dois navegadores portugueses, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, utilizando-se do método
de navegação aérea astronômica, que permitia determinar a posição do avião sem a observação de
pontos na superfície. (Barata et. al. 2009)

Mais tarde, com o implemento do RADAR e depois de satélites, os quais permitiram a utilização da
navegação por meio do Sistema Global de Navegação por Satélite (GPS), foi possível determinar a
posição das aeronaves, ou seja, latitude, longitude e também altitude.

Atualmente as modernas aeronaves utilizam o conceito de Sistemas de Comunicação, Navegação


e Vigilância e Gestão de Tráfego Aéreo (CNS/ATM) que utiliza tecnologia digital, inclusive sistemas

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por meio de satélites para determinar as posições, e auxiliar em uma navegação mais segura,
eficiente e confiável.

Importância para a segurança de voo

A navegação aérea está intimamente ligada à segurança de voo, pois sem um bom planejamento,
não há segurança de voo. Dessa forma, para a realização de um voo seguro é necessário calcular
distâncias, quantidade de combustível a serem consumidas nas etapas de origem até o destino e
também alternativas. Esses cálculos são afetados por algumas variáveis, dentre elas, vento em
altitude, temperatura, nível de voo, entre outras.

Métodos de Navegação Aérea

a) Navegação Visual: é aquela na qual o piloto determina sua posição por meio de observações
visuais na superfície terrestre, buscando pontos de referência que podem ser cidades, rodovias,
rios, pontes, montanhas, lagos, etc. Ressalta-se que é importante saber que navegação visual, por
contato ou praticagemtem o mesmo significado.

b) Navegação Estimada: neste tipo de navegação, o piloto executa a previsão da posição futura de
sua aeronave, partindo de uma posição conhecida, para isso, obtém-se a nova posição utilizando o
rumo, a velocidade e o intervalo de tempo entre as posições. Dessa forma, na navegação estimada
é imprescindível a utilização de três instrumentos que são o relógio (tempo), a bússola (rumo) e o
velocímetro (velocidade). É importante ressaltar que para realizar este tipo de navegação é
necessário conhecer a direção e a velocidade do vento.

c) Navegação Astronômica ou Celestial: é aquela na qual o aeronavegante determina sua posição


por meio da observação dos astros, para isso, utiliza-se um instrumento chamado sextante.

d)NavegaçãoRádio ou radiogoniométrica: é à maneira de orientação na superfície da Terra por


meio de ondas de rádio. Trata-se de estações rádio na superfície terrestres de faixa omnidirecional
e de alta frequência (do inglês, Very High Frequency Omnidirectional Range, sigla VOR) ou um
radiofarol não direcional (do inglês, Non-Directional Beacon, sigla NDB). Instrumentos a bordo das
aeronaves recebem ondas emitidas por essas estações de rádio, e por meio delas determinam a
posição da aeronave.

e) Navegação Eletrônica: é a maneira de conduzir e posicionar uma aeronave sobre a superfície da


Terra, por meio de informações advindas de equipamentos eletrônicos sofisticados, que fornecem
dados bastante precisos para o desenvolvimento de uma perfeita navegação. Sobre essa navegação,
é comum aparecer questões nos simulados sobre o tipo de navegação que independe de estações
no solo.

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f) Navegação por satélite: é o sistema mundial de determinação de posição de veículos e aeronaves
pela utilização de satélites artificiais que giram em torno da Terra em vários sentidos e em altitude
determinada. Como exemplo, tem-se o Global Positioning System (GPS).

Terra

Segundo Oliveira (2009), a Terra tem um leve achatamento nos polos, ou seja, enquanto seu
diâmetro equatorial tem cerca de 12.756,27 km, seu diâmetro polar tem cerca de 12.713,50 km,
dessa forma, seu diâmetro equatorial é aproximadamente 43 km maior que seu diâmetro polar.

Além dessa diferença de diâmetros, há também variações de altitudes, como por exemplo, vales,
montanhas, cordilheiras, etc. Entretanto, quando se compara essa diferença de diâmetro e altitude
ao tamanho da Terra, observa-se que essas diferenças são pequenas, tornando-as desprezíveis do
ponto de vista da navegação, desse modo, pode-se afirmar que para efeitos de Navegação Aérea, a
Terra é considerada uma esfera perfeita, ou seja, considera-se que seu diâmetro polar é igual ao
seu diâmetro equatorial.

Polos e eixos imaginários

Polos: os polos geográficos da Terra são pontos extremos do planeta onde em sua parte central está
o imaginário eixo terrestre; representam, dessa forma, os níveis máximos de latitude. Tanto o polo
norte, conhecido como ártico, quanto o polo sul, conhecido como antártico, não possuem terra
firme, sendo basicamente formados de gelo, ou seja, não são considerados continentes (Fig.01)

Fig.01 – Polos
norte e sul

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Eixo da Terra: É um eixo imaginário em torno do qual a Terra executa o seu movimento de rotação
de Oeste para Leste, sendo assim, os outros astros, como o Sol, terá um movimento aparente de
Leste para Oeste. Ressalta-se ainda que se a Terra fosse visualizada do Polo Norte, seu movimento
se daria no sentido anti-horário.

Fig.02 – Eixo imaginário terrestre


FONTE: Arquivo próprio

Movimentos da Terra

Rotação: É o movimento que a Terra executa em torno do seu próprio eixo e tem duração
aproximada de 24 horas. Processa-se de Oeste para Leste, portanto, é o movimento responsável
pela sucessão dos dias e das noites.

Translação ou Revolução: É o movimento que a Terra executa em torno do Sol, uma vez por ano,
ou seja, este movimento tem a duração (período) de aproximadamente 365 dias e 6 horas.

Fig.03 – Estações do Ano

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Planos da Terra

Círculo Máximo: É um círculo na superfície de uma esfera cujos centros e raio são os mesmos da
própria esfera, além disso, um círculo máximo divide essa esfera em duas partes iguais e tem seu
plano passando por seu centro. O Equador é um exemplo de círculo máximo da Terra.

Círculo Menor: Diferente de um círculo máximo, um círculo menor é um círculo na superfície de


uma esfera cujos centros e raio não são os mesmos da esfera, pois estes são menores, além disso,
um círculo menor não divide essa esfera em duas partes iguais e também não tem seu plano
passando pelo seu centro. Um exemplo de círculo menor são os paralelos de latitude.

Fig. 04 – Círculos menor e máximo


FONTE: (Adaptado de MIGUENS, 2005)

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SISTEMAS DE COORDENADAS GEOGRÁFICAS

Latitude

Paralelos, paralelo do Equador e paralelos de latitude

a) Paralelos: são círculos menores paralelos ao Equador, e, portanto, perpendiculares, ou seja,


seus planos formam 90° com o eixo da Terra. Acrescenta-se ainda que eles sejam equidistantes,
pois tem as mesmas distâncias entre si (Fig. 05), além disso, também podem ser considerados
concêntricos, ou seja, todos os paralelos têm o mesmo centro quando vistos dos polos.

Fig. 05 – Paralelos

b) Paralelo do Equador e paralelos de latitude: Dentre os paralelos, destacam-se a linha do


Equador, o Trópico de Câncer, o Trópico de Capricórnio, o Círculo Polar Ártico e o Círculo Polar
Antártico. No entanto, destes, apenas a linha do Equador forma um círculo máximo, desse modo,
todos os outros são círculos menores. Ressalta-se ainda, a existência de infinitos paralelos,
embora na figura 05 estejam representados apenas alguns.

Leitura de latitudes

A latitude é o arco de meridiano compreendido entre o Equador e outro paralelo, medidos em


graus, minutos e segundos, de 0° a 90° para o Norte ou Sul do Equador. Considerando que na
figura 06 os paralelos estão distanciados de 10 em 10°, observa-se que a distância compreendida

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entre o Equador e o paralelo em negrito é de 30°; repara-se também que o ponto correspondente
a latitude de 30° está acima da linha Equador, portanto, sua latitude será de 30° N, caso estivesse
abaixo dessa linha, seria S.

Fig. 06 – Leitura de latitude


FONTE: (Adaptado de MIGUENS, 2005)

Colatitude

É complemento da latitude de um lugar, desse modo, para se calcular a Colatitude, basta subtrair
a latitude dada de 90°. Por exemplo, para se calcular a colatitude de 25°, basta fazer 90° - 25° =
65°. Cálculos com as unidades de grau (°), minutos (‘) e segundos (‘’), podem ser vistos no
apêndice A.

Também se pode dizer que colatitude é à distância de um ponto geográfico até o polo (Fig. 07).

Fig. 07 – Leitura de latitude


FONTE: (Adaptado de MIGUENS, 2005)
Longitude

Meridianos, meridiano de Greenwich e meridianos de longitude

a) Meridianos: São semicírculos máximos limitados pelos polos. Os meridianos em conjunto com
seus antimeridianos completam um círculo máximo.
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b) Meridiano de Greenwich: Dentre os meridianos, destaca-se o Meridiano de Greenwich que
passa sobre o observatório Real de Greenwich em Londres, na Inglaterra. Este meridiano, por
convenção, divide o globo terrestre em Ocidente e Oriente.

Fig. 08 – Meridiano de Greenwich


FONTE: (Adaptado de MIGUENS, 2005)

Leitura de longitude

É o arco de paralelo compreendido entre o Meridiano de Greenwich e outro meridiano, também é


medida em graus, minutos e segundos de 0° a 180° para o Oeste ou Leste de Greenwich. Observa-
se que a distância compreendida entre o Meridiano de Greenwich e o meridiano que passa pelo
ponto da figura 09, é de 050°, da mesma forma, repara-se que esse ponto está à direita do
meridiano de Greenwich, portanto, sua longitude será de 050° E. Vale ressaltar que caso o ponto
estivesse à esquerda desse meridiano, seria W.

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Fig. 09 – Leitura de longitude
FONTE: (Adaptado de MIGUENS, 2005)

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LOCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO NA TERRA

Utilizando-se o Sol como meio de orientação, estendendo-se o braço direito para o lado em que
nasce o Sol, ter-se-á à frente o Norte (N), à direita o Leste (E), as costas o Sul (S) e a esquerda o
Oeste (W).

Fig. 11 – Orientação utilizando o Sol como referência


FONTE: Arquivo próprio

Pontos cardeais

Para se orientar sobre a superfície terrestre é necessário se definir a direção e o sentido que se
pretende seguir. Dessa forma, se o movimento se der a partir do Equador para o polo norte, dir-
se-á que o sentido do movimento é Norte (N), e quando esse movimento se der a partir do
Equador para o polo sul dir-se-á que o sentido do movimento é Sul (S). De outra forma, quando o
movimento se der a partir do Meridiano de Greenwich para a esquerda, dir-se-á que o sentido é
Oeste (W) e, quando o movimento se der a partir do Meridiano de Greenwich para a Direita, dir-
se-á que o sentido é Leste (E).

Fig. 12 – Pontos cardeais no globo terrestre


FONTE: (Adaptado de MIGUENS, 2005)

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Pontos Cardeais:

Os pontos cardeais são: Norte (N) e corresponde a 360°; Sul (S) e corresponde a 180°; Leste (E) e
corresponde a 090° e Oeste (W) e corresponde a 270º.

Fig. 13 – Pontos cardeais


FONTE: (https://en.wikipedia.org/wiki/Compass_rose#/media/File:Brosen_windrose.svg)

4.2 Pontos Colaterais:

Da divisão dos pontos cardeais obtêm-se os Pontos Colaterais, são eles: Nordeste (NE) que
corresponde a 045°, Sudeste (SE) que corresponde a 135°, Sudoeste (SW) que corresponde a 225°
e Noroeste (NW) que corresponde a 315°. Ou seja, somando-se um ponto cardeal a 045°, acha-se
um colateral.

Fig. 14 – Pontos colaterais


FONTE: (https://en.wikipedia.org/wiki/Compass_rose#/media/File:Compass_rose_en_08p.svg)

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Magnetismo terrestre

O núcleo da Terra é constituído por ferro e níquel líquidos que em altas temperaturas circulam no
interior do planeta por correntes de convecção, de modo a produzirem correntes elétricas. O
movimento dessas correntes provoca o aparecimento de um campo magnético na Terra (SOUZA,
D. P, 2005). Dessa forma, esse campo magnético da Terra, atua como se fosse um imã gigante,
com polos Norte e Sul.
Os polos magnéticos da Terra não coincidem com seus polos geográficos, pois segundo Roos
(2012), o Polo Norte magnético está localizado na coordenada geográfica (73°N – 100° W) que fica
na ilha do Príncipe de Gales, no Canadá, enquanto o Polo Sul Magnéticos está localizado na
coordenada (68°S – 144° E), na Antártica.

Fig. 15 – Posição do Norte Magnético em relação ao Norte Verdadeiro


FONTE: (FAA, 2016)

Campo Magnético
O campo magnético tem o poder de repelir radiações eletromagnéticas que vêm em direção a
Terra e, também, de desviar a sua trajetória, muitas vezes impedindo que o planeta seja atingido
por determinadas partículas, exatamente como um ímã faz.

Direção

A direção pode ser considerada como uma reta imaginária onde um corpo possa se mover, e pode
ser dada em graus (°). Já o sentido, indica o lado para o qual esse corpo possa ir, mantendo-se
sobre essa linha (direção).

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Rota

É a projeção na superfície terrestre, da trajetória prevista ou percorrida por uma aeronave. Assim,
pode-se dizer que quando se traça uma linha em uma carta aeronáutica ligando o aeródromo de
origem ao aeródromo de destino, está se traçando uma Rota.

Rumo

É a direção da rota expressa em graus em relação a um norte. Portanto, não é correto dizer que o
piloto seguirá na rota 060° (sessenta graus), pois rota é apenas a trajetória, dessa forma, quando
se quiser se referir à direção da rota, utiliza-se o rumo, ou seja, para este caso é correto dizer que
o piloto seguirá no rumo 060° (sessenta graus).

Definição de Rumo verdadeiro e rumo magnético

a) Rumo Verdadeiro (RV): é o ângulo formado entre o Norte Verdadeiro e um rumo.

b) Rumo Magnético (RM): é o ângulo formado entre o Norte magnético e um rumo

Declinação magnética

A Declinação Magnética (DMG) pode ser definida como o ângulo formado entre o Norte
Verdadeiro (NV) e o Norte Magnético (NM).

Proa

É a direção do eixo longitudinal de uma aeronave, ou seja, é a direção do nariz do avião (Fig.16).

Fig. 16 – Proa de uma aeronave


FONTE: Arquivo próprio

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Proa verdadeira e proa magnética

a) Proa Verdadeira (PV): é o ângulo formado entre o Norte Verdadeiro e um proa da aeronave.

b) Proa Magnética (PM): é o ângulo formado entre o Norte magnético e um proa da aeronave.

Deriva

Imagina-se uma aeronave, partindo de um ponto A em direção ao ponto B (Fig. 17):

Fig. 17– Aeronave se deslocando de um ponto a outro


FONTE: Arquivo próprio

Se não houver vento, ou mesmo se o vento fosse de proa ou cauda, a aeronave atingiria o ponto B
sem nenhuma correção.

Entretanto, se houver um vento de esquerda, e se o piloto não realizar nenhuma correção, a


aeronave não atingirá o ponto B, mas sim um ponto a direita de C (Fig.18):

Fig. 18 – Aeronave sofrendo a influência de vento pela esquerda


FONTE: Arquivo próprio

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Correção de deriva

Dessa forma, para que a aeronave possa atingir o ponto B, com vento de esquerda, o piloto terá
que realizar uma correção, ou seja, terá que encarar o vento (Fig.19).

Fig. 19 – Aeronave sofrendo a influência de vento pela esquerda e fazendo correção


FONTE: Arquivo próprio

Desse modo, na correção, surgiu um ângulo entre a Proa e o Rumo, a esse ângulo dá-se o nome de
Deriva.

Nos casos apresentados em que o piloto encarou o vento, houve na verdade, uma correção para
que a aeronave atingisse o ponto de destino. Desse modo, faz-se necessário esclarecer o conceito
de Deriva e de Correção de Deriva.

Deriva: é o ângulo formado da proa ao rumo pretendido.

Correção de Deriva: É o ângulo formado do rumo rumo pretendido a proa.

Fig. 20 – Aeronave sofrendo a influência de vento pela direita e fazendo correção


FONTE: Arquivo próprio

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Observa-se que a deriva tem sempre o mesmo sentido do vento, enquanto a correção de deriva
tem sentido contrário.

Bússola

A bússola é um instrumento que se destina a indicar direções magnéticas.

Descrição dos Componentes

A mais usada na aviação é a que funciona dentro de uma câmara cheia de líquido (querosene ou
xilene) servindo como lubrificante do eixo e como estabilizador do cartão graduado em graus. É
importante lembrarmos que qualquer objeto metálico colocado próximo à bússola poderá
provocar um erro de leitura.

Funcionamento

Seu funcionamento se baseia na combinação do magnetismo da sua agulha com o magnetismo da


Terra. Se a agulha da bússola puder girar livremente e sabendo que pólos opostos se atraem, o
polo norte da bússola é atraído pelo sul magnético da Terra.

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UNIDADES DE MEDIDAS UTILIZADAS NA NAVEGAÇÃO AÉREA

Medidas de distância

Pode-se definir distância como a medida de espaço compreendido entre dois pontos
considerados. As unidades de medida de distância mais utilizadas são: Quilômetro (km), Milha
Náutica (NM) e Milha Terrestre (ST). Vale ressaltar que a milha náutica também é conhecida como
Milha Marítima (MIMA).

Equivalência: Milha Náutica, Metro e Quilometro

1 NM = 1.852 m = 1,852 km

Equivalência: Milha Terrestre, Metro e Quilometro

1 ST = 1.609 m = 1,609 km

Medidas de altitude

Segundo Lobato (2014), na aviação, a milha náutica é a unidade internacionalmente adotada para
medir distância na horizontal, enquanto que o pé (ft) é a unidade de medida normalmente
associada a distâncias verticais.

Equivalência: Pé, Centímetro e Metro

1 ft = 30,48 cm = 0,3048 m

Vale ressaltar que dependendo do ponto de referência, surgem conceitos diferentes para altura,
altitude e elevação (Fig. 22):

Altura: é a medida entre um ponto (avião) e um plano de referência no sentido vertical (cidade).

Altitude: é a medida entre o ponto considerado (avião) e o Nível Médio do Mar (NMM).

Elevação: é a medida entre o Nível Médio do Mar e um plano (cidade).

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Fig. 22 – Diferença de altitude, altura e elevação
FONTE: Arquivo próprio

Medidas de velocidade

A velocidade é definida como a distância percorrida pelo tempo.

a) Km/h: É a unidade de medida mais utilizada no Brasil no sistema rodoviário.

b) Nó (KT): É a unidade de medida mais utilizada na aviação. É a relação entre NM e o tempo em


hora. Ex: 140 kt (140 milhas náuticas por hora).

Conversão de graus (°) em milha náutica.

Conversão: observa-se que em uma carta aeronáutica, cada 60 NM corresponde a 60’ (sessenta
minutos) ou 1° (um grau). Dessa forma, pode-se dizer que 1’ = 1 NM.

Este sistema é utilizado na prática para obter distâncias entre localidades. Por exemplo, se uma
cidade distar 2° de outra, significa que elas estão afastada 120 NM, pois 2° = 120’.

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FUSO HORÁRIO
Fuso horário
A Terra se movimenta constantemente em torno do seu eixo terrestre, e como consequência
desse movimento, tem-se os dias e noites, além de diferentes horários em determinados pontos
de longitudes terrestre.
Dessa forma, considerando-se que a Terra gira 360º em torno do seu próprio eixo, e que esse
movimento total tem duração de 24 horas, então dividindo-se 360º por 24, ter-se-á como
resultado 15°; isso significa que para cada 15º que a Terra se movimenta em relação ao Sol, passa-
se 1 hora de tempo. A partir desse cálculo, pode-se chegar à seguinte tabela:

Distância angular Tempo


360° 24 horas
15° 1 hora
1° 4 minutos
15’ 1 minuto
1’ 4 segundos

A Fig. 23 mostra que devido ao movimento de rotação da Terra, as de locais que estejam a Leste
(E) de um ponto considerado são mais tarde e horas de locais que estejam a Oeste (W) desse
ponto são mais cedo. Por exemplo, considerando-se a Hora Legal (HLE), se no fuso Z fossem
12h00, então no fuso F (+6), seria 18h00 e no fuso T (-7), 05h00, ou seja, 12 + 6 e 12 – 5.

Fig. 23 – Fuso horário, seus respectivos números e letras

FONTE: (https://alex.leonard.ie/2010/05/18/time-zone-oddities-pnh-kul/, acesso em 06/06/2018)

Hora Média de Greenwich

Tempo Universal Coordenado (do inglês, Universal Time Coordinated, sigla UTC) é a hora civil
computada no meridiano de Greenwich válida para qualquer ponto na superfície terrestre. Esta
hora é adotada internacionalmente em aviação e recebe uma letra designativa “Z” (Zulu em
fonia).

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6.3 Linha internacional de mudança de data

A Linha Internacional de mudança de data, também conhecida como Linha Internacional de Data
(LID), costuma ser conhecida por ser o anti-meridiano do Meridiano de Greenwich. Sua função é
de estabelecer a separação entre o início e o final do dia civil na Terra. Dessa forma, se uma
pessoa “cruzar” a LID seguindo a direção leste-oeste ela ganha um dia, ou seja, retrocede um dia
em seu calendário. De outra forma, se ela estiver seguindo na direção oeste-leste, ela “perde” um
dia, ou seja, avança um dia em seu calendário.

Fig. 24 – Linha Internacional da Data


FONTE: (https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/linha-internacional-data.htm, acesso
em 06/06/2018)

Hora Legal

Como o próprio nome diz, é a hora estabelecida pelas leis de um país.

Já a hora da zona é a hora civil computada no meridiano central de uma determinada zona
preestabelecida e que possui uma faixa de 15º longitude, sendo que esta faixa se estende 7º30’
para E ou W do meridiano de referência. Estas zonas são em número de 24 e os meridianos
centrais são: 000º, 015º, 030º, 045º, 060º, 075º, 090º, 105º, 120º, 135º, 150º, 165º, 180º, para E
ou W.

Vale ressaltar que se somar a Hora Legal (HLE) de um país com a descrição da zona, obtém-se a
hora UTC, ou seja, UTC = HLE + (FUSO), ver figura 23. Por exemplo, se em Curitiba (fuso +3) são
16h30 HLE, a hora UTC será 19h30.

Hora Local

É a hora correspondente especificamente a hora medida em meridiano de longitude. O Brasil


adotou, em 1913, o sistema de fusos horários com a seguinte distribuição.
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I - O fuso O (+2): Território Fernando de Noronha e Ilha da Trindade.

II - O fuso P (+3): todo o litoral até os limites Oeste do território do Amapá, contorno do Rio Xingú,
limites Oeste dos Estados de Goiás, São Paulo e Região Sul.

III - O fuso Q (+4): do fuso anterior até um eixo de círculo máximo que liga Tabatinga a Porto
Alegre.

IV - O fuso R (+5): do fuso anterior até os limites territóriais a Oeste (Acre).

Cálculo da HLE e da HLO nos diferentes fusos

Uma aeronave pousou às 12h30Z do dia 21 em uma localidade nas coordenadas (13°46’S-048°W).
A HLO será de:

Uma aeronave pousará às 19:30Z do dia 20, em um lugar de longitude 080°E. A hora local (HLO),
hora legal (HLE), serão, respectivamente:

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