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7º Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente

Bento Gonçalves – RS, Brasil, 9 a 11 de maio de 2023

Estratégias para elaboração de questionários de percepção social para


uso na fase de diagnóstico de Planos Municipais de Saneamento Básico

Maria Teresa Serafini 1, Bianca Breda 2, Juliano Rodrigues Gimenez ³ e Vania


Elisabete Schneider 4
1, 2, 3, 4
Instituto de Saneamento Ambiental / Universidade de Caxias do Sul
(mtvcserafini@ucs.br; bbreda@ucs.br; jrgimene@ucs.br; veschnei@ucs.br)

Resumo
A elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico no Brasil requer mobilização e
participação social, que são estabelecidas pela legislação e também consideradas estratégias
fundamentais para o engajamento de todos os envolvidos, afetados e afetos pelas decisões
presentes e futuras do plano. Nesse contexto, este trabalho descreve as estratégias
metodológicas utilizadas para elaborar um questionário de percepção social sobre Saneamento
Básico, que é uma ferramenta do Plano Municipal de Saneamento Básico utilizada na etapa do
diagnóstico para levantar dados primários. Por meio de uma revisão bibliográfica, o artigo
investiga diferentes métodos utilizados em pesquisas sociais e questionários para a produção de
documentos capazes de gerar diferentes tipos de dados e informações. Um questionário bem
elaborado pode ir além do levantamento de dados estatísticos para uso oficial e também gerar
dados que entregam aos gestores uma compreensão mais adequada da realidade social e aos
respondentes um convite à participação ativa na geração e interpretação de dados, bem como
em todo o processo envolvido no Plano Municipal de Saneamento. Os resultados indicam que
a pesquisa de base realizada para embasar a construção do questionário foi essencial, pois
permitiu a elaboração de uma ferramenta adequada para os cenários, cumprindo sua função de
ser acessível, informativo e sensibilizador.

Palavras chave: Questionário. Pesquisa social. Mobilização Social. Saneamento.


Área temática: Outras áreas correlatas ao meio ambiente

Strategies for preparing social perception questionnaires for use in the


diagnostic phase of Municipal Basic Sanitation Plans
Abstract
The mobilization and social participation in the development of Municipal Plans for Basic
Sanitation in Brazil are both established premises by legislation and also seen as a fundamental
strategy for engaging all those affected and involved in present and future decisions related to
the execution of planned objects. This paper presents the methodological strategies that were
used to develop a Basic Sanitation social perception questionnaire, which is a tool of the
Municipal Plan for Basic Sanitation envisaged in the diagnostic phase and intended to gather
primary data. Through a literature review, this article investigates different methods used in
social research and questionnaires to produce documents capable of generating different types
of data and information. When well-designed, a questionnaire does not need to be limited to
collecting statistical data for official purposes, but can also generate data that provide
managers with a more adequate understanding of the social reality, and invite respondents to
actively participate in generating and interpreting data, as well as in the entire process involved
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in a Municipal Plan for Sanitation. The results demonstrate that the underlying research
conducted to support the construction of the questionnaire was essential, as it allowed the
development of a suitable tool for the scenarios, fulfilling its function of being accessible,
informative, and sensitizing.

Keywords: Survey. Social research. Social mobilization. Sanitation.


Theme Area: other areas related to the environment.

1 Introdução
Garantido pela Constituição Federal e instituído pela Lei Federal nº 11.445/2007, o
acesso ao saneamento básico é um direito universal, sendo uma condição essencial para
alcançar níveis adequados de saúde pública e salubridade ambiental, tendo como consequência
natural a melhoria da qualidade de vida humana e a redução das desigualdades sociais
(BRASIL, 1988; BRASIL, 2007). O instrumento central que dá subsídios para gestão desses
serviços, que envolvem abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e
drenagem pluvial, é o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O PMSB é um
instrumento da Política de Saneamento Básico que atua para garantir a universalização do
acesso ao saneamento (BRASIL, 2007).
Ainda, as referidas leis indicam que durante o planejamento devem ser estabelecidos os
mecanismos de controle social dos serviços públicos, incluindo a participação de órgãos
colegiados de caráter consultivo, as consultas públicas e o engajamento da sociedade (BRASIL,
1988; BRASIL, 2007). No Brasil, o principal documento técnico orientador para elaboração de
PMSB é o Termo de Referência (TR) da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2018), o qual
traz a necessidade pela elaboração de uma estratégia de comunicação e participação social
durante as fases do trabalho, indicando que a relação entre as instituições e sociedade deve ser
constante.
A FUNASA caracteriza essa estratégia como um “pacto social”, pois deve ser “capaz de
sensibilizar a população e gestores sobre a relevância do saneamento básico, bem como ser um
instrumento para fortalecer e qualificar a participação popular e ferramenta para organizar e
consolidar informações de saneamento” (FUNASA, 2018).
O TR da FUNASA (2018) sugere o uso de um questionário de percepção social na etapa
do diagnóstico para a obtenção de dados primários acerca dos serviços de saneamento. No en-
tanto para que o questionário seja uma ferramenta da compreensão da realidade local e das
diferentes necessidades da população, é necessário que seja abrangente e inclusivo, de modo a
gerar informações úteis e objetivas (OLIVEIRA, [s.d]; RAMOS, 2013).
Além disso, durante as etapas de elaboração do Plano, podem ser aplicadas outras prá-
ticas de mobilização social, concomitantemente, como: buscar meios para amplo acesso à in-
formação (rádios, jornais, redes sociais, etc.) reuniões técnicas direcionadas, consultas públicas,
entre outros (FUNASA, 2018). Assim, o questionário a ser aplicado no início da elaboração de
um Plano, também permite que a ferramenta seja usada como (mais) uma maneira de informar,
sensibilizar e convidar a participação popular – além do seu papel tradicional de levantamento
de dados.
Isso acaba por trazer a oportunidade de elaboração de instrumento de coleta de dados na
forma de questionário, capaz tanto de produzir dados quantitativos e qualitativos, quanto de
informar e envolver a população. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi definir quais estra-
tégias seriam adequadas para serem utilizadas na elaboração de um questionário de percepção
social em saneamento e quais seus possíveis usos em PMSB.
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2 Metodologia
O presente trabalho discorre sobre a elaboração de um modelo de questionário que seja
completo ao atender às necessidades da pesquisa, acessível e com diferentes objetivos,
desenvolvido para ser aplicado durante a fase de elaboração do diagnóstico de PMSB.
Para essa construção, a metodologia escolhida foi a revisão bibliográfica e documental
acerca do tema, como base para a proposição de um instrumento de coleta de dados na forma
de um questionário.
Foram definidos três grandes eixos que pautaram a escolha da literatura consultada:
1. documentos técnicos e de referência acerca do que são Planos de Saneamento
Básico;
2. textos técnicos e de instrução acerca da elaboração de questionários e,
3. textos teóricos acerca dos diferentes tipos de pesquisa, dados gerados e sua
aplicabilidade.

A respeito da definição de um PMSB e seus objetivos, os principais documentos


técnicos consultados foram o Termo de Referência para a elaboração de planos da FUNASA
(2018) e legislações acerca do saneamento e salubridade ambiental, onde destacam-se a
Constituição Federal, as Leis Federais nº 11.445/2007 e nº 14.026/2020, sendo essas últimas as
que tratam do Marco Legal do Saneamento Básico (BRASIL, 1988; 2007; 2020).
Para a construção do questionário foram consultados textos, definições e ferramentas
disponíveis dos principais softwares de pesquisa, como Question Pro e Survey Monkey. Como
base para estruturação de questionário de percepção social, tanto para conhecimento das bases
conceituais e práticas de como fazê-lo, destaca-se o livro “Research Methods in Anthropology”,
de H. Russel Bernard (1988). Já a bibliografia consultada acerca dos diferentes tipos de
metodologia de pesquisa e seus usos, foi buscada nas obras de cientistas sociais por serem eles
os pioneiros em analisar cientificamente os problemas sociais em conjunto com coleta de dados
em pesquisa de campo. Ou seja, de utilizar métodos quantitativos em conjunto com qualitativos
e observação em campo para pesquisas de ciências humanas (BERNARD, 1988).
A escolha da revisão bibliográfica como método neste artigo permite a leitura de
diferentes autores e visões sobre pesquisa científica, sendo os trabalhos vindos dos cientistas
sociais os que mais permitiram testar diferentes métodos de construção de questionário, uma
vez que incentivam o uso de metodologias mistas para obtenção de informação em campo
(GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
Além disso, saber que está se lidando com dados provenientes da sociedade, de pessoas
inseridas em realidades diferentes, com necessidades e percepções diversas acerca dos serviços
ofertados – e todas com o mesmo direito em relação ao acesso a saneamento (BRASIL, 2011)
– faz da presente pesquisa uma pesquisa social por definição.

3 Resultados
Um questionário pode ser utilizado para os mais variados fins. Saber onde se quer chegar
é fundamental para sua elaboração (CELTA, 1996). De acordo com o objetivo de um PMSB –
a universalização do acesso - a população deve ser vista não só como consumidor final do
serviço de saneamento, mas também como participante ativo na construção de um novo plano,
na obtenção de dados, informações e diagnóstico (BRASIL, 2011). Isso significa que a
sociedade não serve somente como estatística na hora de avaliar um serviço, mas também como
um grupo que produz sua própria realidade e percebe que isso gera necessidades diferentes em
relação ao saneamento municipal (BRASIL, 2011). Para atingir esse nível de participação e
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percepção social, a combinação de diferentes métodos é proveitosa em pesquisa (BERNARD,


1988).
A elaboração de um questionário depende de seu objetivo, aplicabilidade e de quais
dados se deseja obter com as perguntas (RAMOS, 2013 e BACHINI, CHICARINO, 2018). Ele
pode ser usado isoladamente ou em conjunto com uma pesquisa de campo, por exemplo.
Utilizá-lo em conjunto com outros métodos e pesquisas permite a obtenção de mais dados, o
que é interessante em qualquer pesquisa (BERNARD, 1988).

3.1 Sobre Pesquisa Social

A pesquisa utilizada para aprender sobre sociedades e pessoas e, assim, poder fornecer
serviços mais adequados às suas necessidades intitula-se pesquisa social (CASTELLANO,
[s.d.]). Num PMSB uma dessas ferramentas de pesquisa social é o questionário. Ele serve para
obtenção de dados primários na etapa do diagnóstico, e neste caso foi construído para testar seu
uso também como ferramenta de participação social na etapa de mobilização, indo além da
obtenção de dados estatísticos (RAMOS, 2013 e BRASIL, 2011). Foi o desejo de encontrar nos
questionários informações acerca da percepção pessoal da realidade local que levou à
construção de um modelo que utilizasse referências tanto quantitativas como qualitativas – uma
vez que a pesquisa quantitativa tende a enfatizar atributos mensuráveis da experiência humana,
enquanto a pesquisa qualitativa enfatiza aspectos holísticos e individuais, “para apreender a
totalidade no contexto daqueles que estão vivenciando o fenômeno” (GERHARDT;
SILVEIRA, 2009 e OLIVEIRA, [s.d]).
Segundo Ramos (2013) e Bachini & Chicarini (2018), na elaboração de um
questionário, além de ser importante saber aonde se quer chegar, também é necessário saber o
que se deseja fazer com os dados obtidos. Se aplicamos um questionário apenas para fins de
acesso a dados estatísticos, modelos quantitativos são o suficiente (CANO, 2012). Se quisermos
respostas capazes de nos aproximar da percepção local da realidade dos serviços, podemos
utilizar metodologias qualitativas na sua elaboração. E, finalmente, se quisermos uma mistura
de ambos, como é o caso deste questionário elaborado, podemos utilizar uma mescla das
metodologias numa mesma ferramenta (CANO, 2012).
De acordo com Bernard (1988), mais importante do que conhecer todos os métodos para
eleger algum como “ideal”, é conhecê-los para saber qual o momento correto de aplicar cada
um e, principalmente, quais métodos a realidade irá permitir sua aplicação. O autor ainda
conclui que não existe algum método melhor do que o outro, e que a escolha entre algum deles
“vai depender de seus próprios cálculos de itens como custos, conveniência, natureza das
perguntas realizadas” (BERNARD, 1988).
A pesquisa tema do presente artigo trata-se da formulação de um questionário sobre
Saneamento Básico, como método de avaliação e obtenção de dados da percepção social sobre
esse serviço (Figura 1). O questionário encontra-se dividido em quatro blocos de perguntas,
cada bloco relativo a uma área do saneamento (coleta de resíduos, drenagem pluvial,
esgotamento sanitário e abastecimento de água). Além destes quatro blocos de perguntas,
existem sessões extras a respeito de cobranças e tarifas, educação ambiental e uma sessão final
contendo uma pesquisa de satisfação sobre o próprio questionário.
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Figura 1 – Capa do modelo de questionário desenvolvido para o diagnóstico do saneamento básico

Fonte: Autores (2023).

3.2 Prós e contras do uso do questionário

De acordo com Bernard (1988), um questionário é uma entrevista estruturada, onde


todos os entrevistados recebem o mesmo estímulo e isso permite confiar e comparar suas
respostas. De acordo com o mesmo autor, existem três tipos de entrevista estruturada:
entrevistas feitas cara-a-cara, pessoalmente; questionários de autoadministração (podendo ser
físico ou digital) e entrevistas por telefone.
Considerando a situação de aplicabilidade de um questionário em um PMSB, encontra-
se o seguinte cenário: cada município apresenta diferentes níveis de acesso a informação,
internet, mobilização, taxas de analfabetismo, etc. Para isso, foi necessário se pensar em um
modelo de questionário que fosse de fácil acesso, auto explicativo, com diferentes tipos de
perguntas, linguagem e design simples para arcar com a quantidade de perguntas, etc. Esse
cenário, juntamente com a necessidade de se atingir o maior número de respondentes possível,
fez parte das ponderações que conduziram à escolha do questionário autoadministrado como a
forma de coleta de dados primários e mobilização.
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A partir do estudo do cenário e da bibliografia, alguns critérios iniciais para o


questionário autoadministrado foram adotadas: que fosse desenvolvido para versões físicas e
on-line (aumentando o raio de aplicabilidade), com perguntas claras e contendo definição de
termos específicos do saneamento (para que pudesse ser respondido sem auxílio de
especialistas), e mesclando diferentes tipos de perguntas (abertas, fechadas e em escala).
A partir disso, e com base nas bibliografias anteriormente citadas, observaram-se
algumas condições favoráveis e outras desfavoráveis para seu uso e aplicação.
Como pontos a favor, observou-se que um questionário autoadministrado permite que
um único instrumento colete dados de uma larga escala, a um custo relativamente baixo; todos
os respondentes recebem exatamente a mesma pergunta, sem interferência de um entrevistador
(a não ser em caso de necessidade de um agente para a sua aplicação); possibilidade de elaborar
perguntas mais complexas (com descrições informativas ou muitas opções de respostas).

“você pode elaborar perguntas um tanto mais complexas com um questionário


autoadministrado em papel do que numa entrevista cara-a-cara. Perguntas que
envolvem longas listas de categorias de respostas, ou que exigem
conhecimento prévio são difíceis de seguir oralmente, mas ligeiramente mais
interessantes de responder se bem escritas” (BERNARD, 1988).

Ainda, outra vantagem do uso do questionário autoadministrado é o anonimato: muitas


pessoas só se sentem à vontade para fazer alguma denúncia, reportar algum mau
comportamento ou funcionamento ou até admitir alguma falta social nesse tipo de entrevista
(BERNARD, 1988 e PORTO, [s.d.]).
Foi necessário, porém, lidar com um condição desfavorável: a falta de controle a
respeito de como as pessoas entendem ou interpretam o questionário. Outra questão importante
é em relação aos índices de analfabetismo do município, e como essas pessoas participarão
dessa coleta de dados (BERNARD, 1988).
Nos testes realizados, os municípios colocaram seus agentes de saúde, agentes de
endemias, professores, entre outros multiplicadores, a disposição para aplicar os questionários,
depois de um treinamento para isso, como uma forma de lidar com uma possível dificuldade de
compreensão (bem como para aumentar a taxa de respondentes).
Mesmo assim, a escolha pela criação de um questionário autoadministrado e seu uso
como parte do diagnóstico e mobilização social se mostrou adequada ao cenário observado em
relação à construção dos PMSB. Apesar de não existir um método perfeito de coleta de dados,
um questionário auto administrado se torna preferencial quando se está lidando com
respondentes letrados. Nessa situação, o uso do questionário autoadministrado se torna a
ferramenta mais prática e barata do que qualquer outro método (BERNARD, 1988 e PORTO
[s.d.]).

3.3 Perguntas abertas e fechadas

Para potencializar a participação social de melhor forma possível no questionário,


utilizou-se uma mescla entre questões abertas e fechadas para a obtenção de diferentes dados e
como um incentivo ao respondente para explanar sobre sua percepção individual, com
referências quantitativas e qualitativas, bem como alternativas de resposta (quando em
perguntas fechadas) que gerassem identificação e fossem de fácil compreensão.
Segundo Bernard (1988), o formato de perguntas (abertas ou fechadas) produz
diferentes tipos de dados, sendo escolha do entrevistador quando usar qual e não havendo regras
que impeçam a sua mistura, sendo, inclusive, interessante o uso de ambas, uma vez que misturar
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os tipos de pergunta atinge diferentes personalidades de respondentes (os que preferem dar sua
opinião e os que preferem focar nas alternativas) e também quebra a monotonia do questionário.

Figura 2 – Modelo de perguntas abertas, fechadas e em escala utilizadas no questionário

Fonte: Autores (2023).

3.4 Uso da escala Likert

A escala Likert é o tipo de escala mais comum utilizada em questionários, criada para
medir estados internos das pessoas. Porém seu modelo permite variações e, inclusive, uso para
diferentes propósitos (Bernard, 1988). Uma escala “modelo Likert” pode ser feita de 3, 5 ou 7
alternativas e diferentes tipos de escala de concordância (concordo-discordo, aprovo-
desaprovo, excelente-ruim, etc.). Percebe-se que é uma escala importante tanto por permitir
medir questões mais subjetivas quanto para apresentar qualquer outra questão em formatos
diferentes. (Survey Monkey, [s.d.]).
No questionário desenvolvido, a escala Likert foi utilizada em diferentes momentos e
com diferentes propósitos (Figura 2). O primeiro motivo da escolha foi a familiaridade dos
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gestores, aplicadores e respondentes com a escala, já que é uma das mais utilizadas – sendo de
fácil compreensão. Em termos gráficos, a presença da escala também quebrava a monotonia
das perguntas, tornando um questionário longo em algo divertido de preencher.
A escala foi utilizada para perguntas objetivas e subjetivas. O que interessa aqui é a
multidimensionalidade das respostas: em muitas questões o uso da escala se justificou
justamente pelo intuito de buscar as diferentes dimensões que compõe o cenário do saneamento
local e sua percepção. Para as questões mais subjetivas, se utilizou a escala com 7 alternativas
em alguns momentos e o modelo de perguntas abertas em outros.

4 Considerações finais

A pesquisa acerca das estratégias na elaboração de um questionário para mobilização


social num Plano de Saneamento Básico Municipal se demonstrou útil para a construção de
novos e mais completos questionários.
Recentemente colocado em uso, sua aplicação efetiva ainda está em período de testes.
Como as estratégias foram elaboradas visando o uso de diferentes métodos para obtenção de
dados primários e participação, é possível que alguns ajustes se tornem necessários ao longo do
caminho e da aplicação em municípios diferentes, com distintas e variadas realidades sociais.
A pesquisa bibliográfica de base feita para a embasar a construção do questionário se
mostrou essencial, pois permitiu a elaboração de uma ferramenta adequada para os cenários,
cumprindo sua função: acessível, informativo e sensibilizador; permitindo também alterações
conforme mudanças de demanda. E isso se deve a um conhecimento metodológico que busca
não um fim em si mesmo (escolha de um determinado método em detrimento de outro), mas
que busca o conhecimento e uso de diferentes métodos para obtenção de cada vez mais
informações e dados para análise, visando a transformação social.

Referências

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