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DANIELA NEVES

Oficina Metodológica de Análise de Conteúdo

Projeto de extensão apresentado para atuação de


Professor(a) Visitante no Programa de Pós Graduação em
Políticas Públicas e Desenvolvimento da Universidade
Federal da Integração Latino-Americana – UNILA

FOZ DO IGUAÇU

2023
RESUMO

O presente texto é uma proposta de projeto de extensão desenvolvida dentro do


Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e Desenvolvimento da
Universidade de Integração Latino Americana (Unila), com o objetivo de
contribuir com os discentes do Programa para análise de políticas públicas de
comunicação. Será realizado através de um curso de curta duração (12 horas)
que prevê três encontros, presencial e remoto, para estudo da teoria de Analise
de Conteúdo, uma metodologia que busca desenvolver a descrição objetiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação. O objetivo
será dar subsídios teóricos e metodológicos para pesquisas em Políticas
Públicas e Desenvolvimento, visto que vários objetos estudados preveem
documentos, discursos e outras formas de comunicação governamental.

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Como docente da área de Administração Pública e Políticas Públicas e formação
em Comunicação Política, a proposta é desenvolver o tema Análise de Conteúdo
em uma oficina de caráter teórico e prático. O projeto será desenvolvido dentro
do programa de pós-graduação citado e aberto para a comunidade em geral,
discentes, docentes e técnicos da UNILA.
Partindo de conceitos sobre administração pública, políticas públicas,
democracia e comunicação política, o projeto de extensão tem o objetivo de
demonstrar e aplicar uma metodologia já consolidada no campo da Ciência
Política e Comunicação, que pode ser aplicada na área de Políticas Públicas e
Desenvolvimento.
A proposta inclui uma aula teórica e duas mais práticas, nas quais os discentes
escolherão objeto e critérios classificatórios para aplicação da teoria. Os critérios
classificatórios de análise serão definidos pelos participantes executores, assim
como a coleta. Essa será uma atividade prática em forma de exercício, com
todas as etapas de uma coleta formal, como testes e verificações. A avaliação
para finalização do curso será detalhada abaixo.
Espera-se, ao final de cada etapa, a formação de um grupo capaz de ter
instrumentos de análise de políticas públicas com uma metodologia a mais, ao
mesmo tempo que promoverá um diálogo com a comunidade interessada em se
aprofundar em uma metodologia acessível a não pesquisadores.

OBJETIVO GERAL
O objetivo do projeto de extensão será promover um curso de curta duração
sobre a metodologia Análise de Conteúdo, com atividades teóricas e práticas.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Dar instrumentos, através do processo de ensino-aprendizagem, para análise


técnica de análise de políticas públicas.
Abrir espaço para a comunidade para dar instrumentos de análise de políticas
públicas.
Colaborar com instrumentos teóricos e técnicos e, com a troca de informação,
dialogar sobre melhores práticas administrativas e democráticas, conforme
preconiza o direito à comunicação.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A metodologia Análise de Conteúdo busca desenvolver a descrição objetiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação (BERELSON,
1952, p. 18). A análise de conteúdo inclui procedimentos para uma investigação
sistemática das mensagens dos meios de comunicação (HANSEN, 1998;
STEMPEL; WESTLEY, 1989). Por exemplo, este método exige a seleção de
unidades de análise claras que são definidas nos objetivos da pesquisa.
Segundo Sampaio e Lycarião (2021), a análise de conteúdo apresenta
aplicações, como: descrever tendências no conteúdo da comunicação, comparar
as mídias e diferentes níveis de comunicação, construir e aplicar padrões de
comunicação, identificar as intenções e outras características e revelar o foco da
atenção. Parto da premissa de que qualidade da democracia pode ser medida,
de acordo com a literatura, e que o acesso à informação é um dos critérios a ser
analisado (PRZEWORSKI, ALVARES, CHEIBUB e FIGUEIREDO 2001;
ALTMAN e PÉREZ-LIÑÁN, 2002; DAHL, 2005; CAMPBELL, 2008).
No âmbito de política pública, a comunicação governamental pode ser definida
como a prestação de contas do governo à sociedade, tendo com um caráter
informativo sobre as ações e práticas de determinado governo, dando
transparência às decisões públicas e prestando contas à população (BRADÃO,
2007; CARDOSO, OLIVEIRA E MASSUCHIN, 2020). Neste contexto, o poder
público não deve tratar a população como cliente e sim utilizar a comunicação
pública para a promoção de um conteúdo cívico e de uma ligação com o cidadão.
Zémor (1995[2005], p.54).
No Brasil, a Constituição define, o artigo 37 explana o princípio da administração
pública (BRASIL, 1988)
"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência."
Dentro dos preceitos desse artigo constitucional, sites, redes sociais e demais
canais de comunicação devem servir para informar cidadãos e abrir caminhos
de participação. No entanto, muitas vezes governantes aproveitam o espaço de
comunicação pública como estratégia de comunicação político-eleitoral
(CARDOSO, OLIVEIRA E MASSUCHIN, 2020), assim como campanhas
eleitorais são espaço para debate de performance dos governantes (DIAS,
2013).
A Extensão Universitária pode ser pouco reconhecida pela sociedade como
processo fundamental para a articulação entre o Ensino e a Pesquisa, para a
distribuição de renda e de conhecimentos, bem como para o desenvolvimento
do país (DEUS, 2020). Em praticamente todas as instituições de ensino superior,
são desenvolvidos projetos, programas e ações extensionistas permeados de
conflitos internos e incompreensões externas sobre objetivos, teorias,
metodologias e públicos envolvidos nas suas práticas
A Extensão Universitária está no preceito constitucional que definiu o “princípio
da indissociabilidade” entre Ensino, Pesquisa e Extensão (Artigo 207 da
Constituição Brasileira), mas ainda é vista como uma “terceira via” ou “filha
pobre” dentro das universidades brasileiras.
De acordo com Sandra de Deus (2020), são recorrentes as afirmações de que o
ensino que nossas universidades ministram tem qualidade e competência
(DEUS, 2020, p.13).
Há sempre uma citação sobre as pesquisas de nível internacional
realizadas nos laboratórios e programas de pós-graduação, mas,
quando se trata da Extensão, surgem as interrogações: o que é
mesmo? Para que serve? O quanto se investe? A verdade é que, não
tendo clareza da natureza da Extensão dentro da própria instituição,
fica difícil dizer para que serve — e mais complexo ainda é garantir um
percentual de recursos para o seu desenvolvimento na matriz
orçamentária das universidades.

Partindo dessas premissas, o presente projeto pretende aplicar a teria de Paulo


Freire, que nos ensina que educar não se limita a repassar informação ou
mostrar apenas um caminho, mas sim ajudar a pessoa a tomar consciência de
si mesma, dos outros e da sociedade (FREIRE, 2011) . É sim oferecer várias
ferramentas para que o indivíduo possa escolher entre diversos caminhos,
aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as
circunstancias adversas que cada um irá encontrar.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto será realizado em três encontros, de forma híbrida (presencial e
remota), contemplando 40 participantes. Serão três encontros, das 14h às 18h
em três semanas consecutivas, nos dias 29 de novembro, 6 e 13 de dezembro.
Além disso, serão realizadas atividades de leitura anteriores às aulas para
discussão em sala.
Caberá aos executores definir critérios de classificação, levantar dados e
produzir o relatório. A avaliação será feita com a entrega do relatório, que inclui
levantamento dos dados de acordo com categorias de análise definidas em sala,
além de aporte teórico indicado pela leitura para cada encontro. Os participantes
que estiverem nos três encontros e apresentarem o relatório, receberão
aprovação para envio de certificados.

MINISTRANTE
A coordenação será da professora Dra. Daniela Silva Neves, lotada no ILAESP.
EQUIPE EXECUTORA: definida em pré-inscrição pelo SIGAA

PÚBLICO ALVO: docentes, técnicos e discentes da Unila e membros da


comunidade em geral.
NÚMERO DE VAGAS: 40
CARGA HORÁRIA: 12 horas
PERÍODO E TURNO: diurno

Não há recursos financeiros previstos no curso. Portanto, não há previsão de


financiamento e o mesmo será gratuito.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
O programa será desenvolvido com o seguinte cronograma

Meses 29 Novembro 6 Dezembro 13 Dezembro


Aula teórica Aula 1
Definição de Aula 2
objeto e de
variáveis
classificatórios

Coleta de dados remota remota


Junção do Aula 3
banco de dados
e análise dos
dados
AÇÕES PROPOSTAS
Criar um grupo formado por discentes e comunidade para estudar Análise de
Conteúdo
Escolha e análise das comunicações governamentais a serem estudadas
Formatação de banco de dados e estudo para análise desses
Produção de relatório de análise através dos dados coletados

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERELSON, B. Content Analysis in Communication Research. New York: The
Free Press, 1952.
BRANDÃO, E. P. Conceito de comunicação pública. In: DUARTE, Jorge (Org.).
Comunicação pública: estado, mercado, sociedade e interesse público. São
Paulo: Atlas, 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
CARDOSO, Nayane Pantoja; OLIVEIRA, Paula Andressa de; MASSUCHIN,
Michele Goulart. Campanha permanente e prestação de contas nas redes
sociais: uma análise das páginas dos governadores brasileiros no Facebook e
das perspectivas de engajamento dos cidadãos. In: ENCONTRO ANUAL DA
ANPOCS, 44., 2020, São Paulo. Anais eletrônicos [...]. São Paulo: Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, 2020. p. (1-21).
DAHL, Robert. Poliarquia: participação e oposição. 1ª edição. São Paulo: Editora
Universidade de São Paulo, 2005.
DIAS, Marcia Ribeiro, Nas brumas do HGPE: A imagem partidária nas
campanhas eleitorais brasileiras. Opinião Pública. Campinas, V 19, n 1 Junho
2013, p.198-219.
FARENZENA, Nalú. Controle institucional em políticas federais de educação
básica no Brasil. RBPAE – v.26, n.2, p. 237-265, mai./ago. 2010. p. (237-265).
FARIA, C. F. Democracia deliberativa: Habermas, Cohen e Bohman. Lua Nova,
São Paulo, v. 49, p. (47-67), 2000.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
HABERMAS, J. Comunicação Política na sociedade mediada: o impacto da
teoria normativa na pesquisa empírica. Líbero, Ano XI, nº21 Jun 2008.
HANSEN, A. Content Analysis. In: HANSEN, Anders; COTTLE, Simon;
NEGRINE, Ralph and NEWBOLD, Chris, Mass Communication Research
Methods. New York: New York University Press, 1998.
KOÇOUSKI, Marina. Comunicação pública: construindo um conceito. In MATOS,
Heloisa, (org). Comunicação pública : interlocuções, interlocutores e
perspectivas. São Paulo : ECA/USP, 2012.
PRZEWORSKI, Adam, ALVARES, Michael E., CHEIBUB, José Antonio e
FIGUEIREDO Fernando Limongi What Makes Democracies Endure? In
PLATTNER, Marc F., and DIAMOND, Larry Jay. The Global Divergence of
Democracies. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2001.

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