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Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Departamento de Ciências Humanas - DCH I -


CAMPUS I Curso: Turismo e Hotelaria
Disciplina: Tecnologia da informação e
comunicação Professora: Carmen Lúcia
Alunos: Jonatas do Carmo e Haryan Ahmadi

INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO


SETOR DE AGÊNCIAS DE VIAGENS

RESUMO

As tecnologias de informação e comunicação aceleraram o processo de informatização da


sociedade como um todo, constata-se que um número grande de profissionais, tiveram que se
adaptar às novas mudanças. Para responder a essa questão, o presente trabalho tem como objetivo
abordar a influência da tecnologia da informação e comunicação nas agências de viagens. Este tipo
de pesquisa é de natureza básica sem necessidade de aplicações práticas. Quanto aos procedimentos
utilizados, a pesquisa foi classificada como bibliográfica, documental e estudo de caso. Quanto à
forma de abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, tendo como única
representação dos dados apenas a elaboração do texto. Desta forma, como uma das principais
conclusões é que as novas tecnologias de informação podem ser grandes aliadas das futuras
empresas ligadas ao setor de viagens e turismo, desde que devidamente utilizadas.

Palavras-chave: Agência de viagem; Turismo; TIC; Tecnologia; Brasil.

1. INTRODUÇÃO

Com os recentes avanços tecnológicos e da ciência, as agências de viagens estão passando


momentos de transitórios, enfrentando inúmeras dificuldades em razão do crescente aumento da
concorrência por conta do novo modelo de prestação de serviço com o advento da implantação das
novas tecnologias de informação e comunicação, que em muitos casos, passaram a atuar como
mais um concorrente. Com isto, trouxe uma dúvida quanto ao real papel das agências de viagens
neste novo modelo de mercado, em que a tecnologia pode ser tanto uma aliada quanto uma ameaça,
dependendo da forma como as empresas estabelecidas se relacionam com ela.
Observa-se que o modelo tradicional de agência de viagem que vinha compondo o cenário
econômico até a década de 1970, restringiam-se apenas ao serviço de emissoras de passagens, que
por sua vez, acabaram perdendo espaço para no novo modelo de serviço do século XXI, pois os
consumidores não precisam mais depender do monopólio das agências de viagens para ter acesso
às companhias aéreas e hotéis como fora no passado, além de quê, o perfil de consumidor também
modificou-se com a implementação de novas tecnologias ( MARSILIO, VIANNA, 2016).
Passaram a ser mais informados e mais exigentes, forçando as agências de viagem a assumirem
novos papéis dentro do setor, munidos com novas ferramentas tecnológicas que os abastecem com
informações e facilidades que os têm afastado das agências de turismo tradicionais.
Esta situação trouxe uma inquietação quanto ao verdadeiro papel das agências de viagens
e turismo nos dias atuais e qual a sua relação com as novas tecnologias. Tecnologias estas que se
encontram disponíveis no mercado e tanto podem servir como suporte para as agências, facilitando
suas operações diárias, quanto como uma ameaça que vem afastando clientes que um dia já foram
fiéis a seus serviços.
Para responder a essa questão, o presente trabalho tem como objetivo abordar a influência
da tecnologia da informação e comunicação nas agências de viagens. Neste sentido, o trabalho
será divido em 7 capítulos. O primeiro é o capítulo introdutório, onde estará presente o contexto
de inicialização do tema presente. No segundo capítulo apresenta-se o contexto histórico e
evolução das agências de viagens em âmbito mundial e no Brasil. No terceiro capítulo, inicia-se a
discussão sobre a influência das TIC no mundo e os seus impactos. No quarto capítulo será
abordado o contexto dos impactos da TIC no Brasil, além de mostrar as interferências das novas
tecnologias de informação e comunicação neste setor. No quinto capítulo sucede-se a apresentação
do estudo de caso das TIC em um agência na Bahia. No sexto capítulo será mostrado o cenário
pós-pandêmico das agências de viagens e no sétimo capítulo, discorre-se sobre as considerações
finais do trabalho.
Este tipo de pesquisa preocupa-se em identificar os fatores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 2007) e quanto à natureza, é uma pesquisa
básica, sem necessidade aplicações práticas, pois segundo Appolinário (2011), a pesquisa básica
tem como objetivo principal o avanço do conhecimento científico, sem nenhuma preocupação com
a aplicabilidade imediata dos resultados a serem colhidos.
Quanto aos procedimentos utilizados, a pesquisa foi classificada como bibliográfica e
documental, que tem como principal vantagem possibilitar a cobertura de uma gama de
acontecimentos. Esta técnica permitiu identificar fontes secundárias, adotando como instrumentos
de coletas de dados: livros, artigos, teses, documentos institucionais essenciais para a elaboração
do trabalho científico, como orienta Oliveira (2002), a necessidade de identificar os estudos
existentes sobre a temática oportuniza conhecer as discussões atuais assim como a possibilidade
de ampliar as pesquisas e inserir novas questões.
Quanto à forma de abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, a qual
foi analisada questões particulares à subjetividade e caracterização do tema em estudo, pois
considera-se uma realidade que não pode simplesmente ser quantificada, com um universo de
significados, crenças, valores que correspondem a um conjunto profundo de relações, de processos
e fenômenos que não podem ser reduzidos, apenas, em variáveis (OLIVEIRA, 2001). Ainda,
Lakatos e Marconi (2017) mencionam que a abordagem qualitativa analisa e interpreta aspectos
mais profundos, fornecendo análises com mais detalhamento sobre o tema abordado, sem
necessidade de preparação ou tratamento dos dados, tendo como única representação dos dados
apenas a elaboração do texto.

2. CONTEXTO HISTÓRICO

A primeira aparição de uma agência de viagem, registrada em âmbito mundial, até onde
se tem conhecimento, foi da viagem feita pelo inglês Thomas Cook, em 1841, de Londres para
Leicester, levando mais de 500 pessoas para um outro encontro em Loughborough. Comprou e
revendeu os bilhetes, configurando a primeira viagem agenciada. O início do agenciamento de
viagens foi incentivado pelo crescimento da integração da Europa por vias férreas, de acordo com
os estudos de Tomelin (2001) e Palhares e Panosso Netto (2008).
Para Acerenza (1990, p. 29), é possível definir agências de viagens e turismo como:

“ Uma empresa que se dedica à realização de arranjos para viagens e à venda de


serviços soltos ou organizados em forma de pacotes, em caráter de intermediário
entre as empresas chamadas a prestar os serviços e o usuário final, para fins
turísticos, comerciais ou de qualquer outra natureza. “

Com o passar do tempo, as agências de viagens foram sofrendo influências de um mundo


globalizado onde as pessoas são forçadas a mudar suas estratégias de mercado e se manterem dentro
delas. O histórico das agências de viagens mostra-se vinculado ao progresso tecnológico.
Pode-se identificar que com a finalidade de organizar e estruturar viagens, Thomas Cook
deu iniciativa a criação da primeira agência de viagens. Tomelin (2001) destaca que foi através de
uma importante inovação da época e muito utilizada como meio de transporte, o trem, que Cook
aplicou as primeiras viagens organizadas.
No Brasil, a primeira agência de viagens em território brasileiro foi a Companhia Geral
do Comércio do Brasil, empresa idealizada pelo Padre Antônio Vieira, onde detinha o monopólio
das viagens pela orla brasileira, desde a capitania do Rio Grande do Norte até a de São Vicente.
competir com as companhias comerciais de Portugal. Foi aprovada no dia 10 de março de 1649 por
decisão e alvará de D. João IV, operacionalizando o transporte exclusivamente marítimo,
entretanto, o surgimento das agências de viagens e turismo no Brasil, ocorreu posteriormente à
Europa e evoluiu rapidamente, fomentado pela evolução do setor aéreo que começou a se formar a
partir da década de 1920 (TRIGO et al, 2007).
A história das agências de viagens e turismo está intimamente ligada à evolução do setor
de transporte. A revolução industrial, a chegada dos automóveis e locomotivas, a construção de
ferrovias e estradas, demandaram meios de hospedagem e, com efeito, alteraram a dinâmica dos
deslocamentos, a partir da segunda metade do século XIX. No período entre guerras, ocorreu um
novo progresso na evolução do turismo, Acerenza (2002) relata que os veículos de guerra foram
adaptados para oferecerem serviços de transporte de passageiros, assim começaram a efetuar
excursões. E após a Segunda Guerra Mundial o número de agências de viagens cresceu
significativamente devido ao progresso das companhias aéreas.
As companhias aéreas, diferente dos outros meios de transportes, influenciaram muito
mais os negócios das agências de viagens e turismo; porém, na década de 1950, era evidente a
influência do fornecedor sobre o distribuidor, conforme Rejowski e Perussi (2008). Dessa forma,
o crescimento das agências de viagens e turismo no mundo seguiu o crescimento do setor aéreo
mundial, pois tais empresas, em pouco tempo, tornaram-se as principais distribuidoras de
passagens aéreas.
Com a grande expansão das companhias aéreas mundiais, ficou clara a dificuldade para
distribuírem os seus produtos, principalmente as passagens e cargas aéreas. Para tanto, recorriam
às agências de viagens como principais distribuidoras de seus serviços, as quais chegaram a ser
responsáveis por 75% da venda de passagens aéreas (MARÍN, 2004).
Segundo Tomelin (2001), a partir da década de 1970 até o início do século XXI, destaca-
se um mercado mais competitivo com produtos cada vez mais diferenciados, e com influências de
tecnologia avançada, ou seja, nesse período de tempo ocorreram mudanças muito rápidas no setor
de agenciamento. O aparecimento da internet provocou uma transformação no perfil dos agentes,
os mesmos observaram a necessidade de mudança em seus serviços se adequando ao novo
mercado. Oliveira (2005) também salienta a utilização de novas técnicas de administração e
marketing e a introdução do uso da informática nas empresas nesse período.
Em 1998, nos Estados Unidos e, a partir de 1999, em outros países, inclusive o Brasil, as
agências de turismo começaram a sofrer com a redução significativa nos percentuais de ganhos da
venda de bilhetes aéreos e com o surgimento de novos intermediários e concorrentes impulsionados
pelo ecommerce.
Assim, pode se dizer que os avanços tecnológicos influenciaram tanto de forma positiva
quanto negativamente o caminho das agências de viagens até os dias atuais, entre eles destacam-se
a revolução nos meios de transporte (trem, navio, ônibus, automóvel e avião), e a globalização
através da tecnologia de informação.

3. INFLUÊNCIA DA TIC NAS AGÊNCIAS DE VIAGENS NO MUNDO

Antigamente as agências de viagens e turismo apresentaram um sistema de administração


familiar, há algum tempo a profissionalização na área tem se tornado fundamental. A maior parte
da receita das agências de viagens era proveniente de comissões pagas pelas companhias aéreas
sobre a venda de passagens aéreas, o que acabou depois do ano 2000 (2008), pois a redução das
comissões das agências de viagens e turismo foi um choque para o mercado, onde começou a surgi
novos intermediários e concorrentes impulsionados pelo ecommerce.
Em reflexo a implementação de novas tecnologias, as agências de viagens tiveram de se
adaptar, sem muito tempo, a essa nova realidade.
Durante muito tempo o telefone e o fax foram os principais instrumentos de trabalho dos
agentes de viagens. Atualmente os GDS’s e a Internet são as ferramentas fundamentais da rotina
de uma agência de viagens e turismo.
Na década de 1960, nasceram os sistemas de reservas por computador, ou Computer
Reservations System (CRS), originalmente criados pelas companhias aéreas para gerir e armazenar
dados ou reservas. Posteriormente, os principais CRS de vendas de passagens aéreas designaram-
se sistemas de distribuição global, ou Global Distribution System (GDS). Tais sistemas
desenvolveram-se rapidamente, acompanhando o crescimento da aviação mundial e tendo, nas
agências de viagens e turismo, clientes-base da distribuição de passagens aéreas, reservas de hotéis
e demais transações que pudessem ser feitas pelos GDS, situação corroborada por Marín (2004).
Esses sistemas sempre estiveram na relação comercial entre companhias aéreas e agências de
viagens, sendo elementos-chave para o sucesso da distribuição de passagens, informações turísticas
e outros serviços turísticos.
Para Guimarães e Borges (2008) as novas tecnologias e a internet proporcionaram ao
turismo, novas capacidades e possibilidades de disponibilização de novos tipos de serviços.
A década de 1990 começou com quatro grandes GDS dominando o mercado, Amadeus
(www.amadeusbrasil.com.br), Galileo (www.galileobrasil.com.br), Sabre
(www.sabrebrasil.com.br), e outros menores, de âmbito regional, como o Infini
(www.infinitrvl.co.jp) e o Acess (www.acess.co.jp), que, somados aos outros, eram responsáveis
por praticamente a totalidade das reservas aéreas do mundo. (MARÍN, 2004, p. 130)
Conforme Marín (2004), na década de 1990, os sistemas GDS atendiam praticamente
todos os envolvidos na cadeia de distribuição de passagens aéreas. Com a internet, esses sistemas
ganharam a possibilidade de oferecer as suas informações, banco de dados e diferenciais,
diretamente ao cliente final, sem necessitar de intermediários.
Com a popularização da internet, alterou-se o procedimento vigente até então, o qual era
baseado no movimento do cliente em se dirigir à loja para comprar uma mercadoria ou serviço, e
criou-se a possibilidade do cliente poder comprar direto de inúmeros fornecedores estando onde
estiver. Por intermédio da internet, as companhias aéreas tentam dispensar tanto o GDS como o
agente de viagens para a venda de passagens aéreas e outros serviços turísticos. Sem dúvida, é o
avanço mais atuante no setor turístico, principalmente no âmbito das agências de viagens. Tanto
clientes quanto os profissionais dependem desse meio para se atualizar e proporcionar serviços de
melhor qualidade e com menor preço. “Seu propósito do processo de distribuição é levar ao
consumidor o que ele precisa e deseja para realizar sua viagem”(GUIMARÃES; BORGES, 2008,
p. 51).
O setor de agenciamento de viagens é um segmento que muito se beneficiou com o uso
das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´S), já
que a utilização dessa ferramenta resulta na obtenção de vantagens competitivas, na
medida em que reduz custos e ganho de tempo no compartilhamento de informação. Dentre os
recursos disponíveis na atualidade, a internet tem demonstrado fundamental importância no
gerenciamento das Agências de Turismo na relação com seus clientes.
Quanto às tipologias, Andrade (2001) divide este setor em agências de viagens e agências
de viagem e turismo. Contudo, é importante ressaltar que, a partir do surgimento da Lei nº
11771/2008, a nomenclatura dada a este tipo de empresa em nosso país é a de “Agência de
Turismo”, englobando as atribuições de ambas as tipologias supracitadas.
Inclui-se nesta abordagem, as empresas responsáveis pela comercialização de produtos e
serviços na localidade visitada, chamadas de agências de turismo receptivo. Diferente das agências
de turismo emissivo, as de receptivo possuem como público alvo, em sua maioria, pessoas que não
residem na localidade visitada e, na consideração da existência de ferramentas como a internet, que
possibilitam ao consumidor um reconhecimento prévio do local a se visitar, as
empresas de receptivo devem-se fazer presentes na rede mundial de computadores, seja para
facilitar a contratação de serviços, ou mesmo alcançar seus potenciais clientes, que podem, em
teoria, ser compostos por qualquer indivíduo do globo terrestre.
A relação entre as Agências de Turismo e as TIC´S causou o surgimento de um novo tipo
de turista. Um turista mais experiente e conhecedor, que a cada dia passa a procurar informações
convenientes sobre o destino que o interessa. Além disso, as TIC´S facilitam a comunicação,
apresentação e venda de produtos turísticos de forma quase presencial. A Internet
proporcionou às agências um crescimento de forma intensa, para apresentar, promover, vender e
comunicar a informação turística de seus produtos e serviços.

4. SITUAÇÃO DAS TIC’S NO BRASIL

A história das agências de viagens e turismo sempre esteve ligada à evolução do setor de
transporte, principalmente ao que tange o setor aéreo, pois com o advento das TIC 's, foram as
primeiras a aderirem a este serviço das TIC’s, debilitando os serviços das agências de viagens.
Com a grande expansão da malha aérea, era claro o tamanho da dificuldade para distribuírem os
seus produtos, para tanto, as agências de viagens eram as suas principais parceiras em distribuições
de serviços, chegando a serem responsáveis por até 80% da venda das passagens aéreas. (MARÍN,
2004).
Durante muito tempo, as agências de turismo detiveram ferramentas e canais de
distribuição exclusivos na intermediação dos serviços e produtos turísticos. Porém, a
comercialização dos produtos e serviços do turismo, assim como em outros setores, também sofreu
alterações com o desenvolvimento tecnológico e o alcance da informação, principalmente após o
advento da internet (CANDIOTO, 2012).
No Brasil, o surgimento das agências de viagens e turismo ocorreu posteriormente à
Europa e evoluiu rapidamente, fomentado pela evolução do setor aéreo que começou a se formar a
partir da década de 1920. Durante as décadas de 1950 a 1970, a VARIG consolidou-se como uma
das maiores companhias aéreas do mundo, sendo possível identificar que o crescimento da aviação
mundial impulsionou o crescimento das agências de viagens e turismo. De acordo com Santos
(2008), a maior parte da receita das agências de viagens e turismo até o ano 2000, no Brasil, era
proveniente de comissões pagas pelas companhias aéreas sobre a venda de passagens aéreas, o que
acabou depois dessa data, pois além da redução das taxas de comissionamento e a implementação
da internet no Brasil, na virada do século XX para o XIX, o mercado das agências de viagens e
turismo sofreu grandes alterações, principalmente quanto ao posicionamento do modelo de
negócios dessas empresas.
Desde 1998, de acordo com estudos de Marín (2004) que se estendem até 2003, ocorreram
muitas mudanças quanto ao perfil dos clientes por conta da implantação da internet. Uma dessas
alterações seria o surgimento dos negócios eletrônicos (e-business), atividades econômicas que
utilizam redes eletrônicas, o que inclui o envolvimento do governo, empresas e consumidores.
Neste meio, o comércio eletrônico (e-commerce) é conhecido como a atividade principal desta
categoria de negócios (TAKAHASHI apud SANTOS et al., 2005).
Em 1989, os membros da ABAV discutiam sobre a ameaça que a popularização do fax
poderia significar para as viagens corporativas. Mais tarde, essas discussões se intensificaram com
a chegada da internet que não ameaçavam apenas as viagens, mas também, e principalmente, o fim
da necessidade do cliente de utilizar os serviços de uma agência de turismo (CANDIOTO, 2012),
por ser mecanismo disponível a todos possibilitou que os clientes planejassem as suas viagem,
realizassem as suas reservas em hotéis, comprassem passagens aéreas, ou seja, façam tudo o que
precisar sem sair de sua casa. A cadeia de distribuição do turismo, à densidade dos relacionamentos,
ao aumento dos custos e da demanda, à concorrência, além da desintermediação e reintermediação
dos serviços.
Assim o agente de viagem perdeu o papel que detinha antigamente, como consequência,
as empresas prestadoras de serviços turísticos deixaram de depender de agenciamentos e da
necessidade de pagar comissões aos agentes de viagens pelos produtos vendidos. Segundo o estudo
realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que consiste na Análise Geral da Competitividade
do Setor de Agenciamento de Viagens Brasileiro, com esse poder de compra nas mãos através de
um clique os clientes estão cada vez mais exigentes e com maior poder de escolha, fazendo com
que as agências de viagem enfrentem um mercado com alto grau de concorrência (SEBRAE, 2017).
Antes do início do século XXI, as agências de viagens e turismo eram empresas de baixo
custo de abertura/implantação e possuíam boas opções de rentabilidade, como a comissão das
passagens aéreas aliada a de outros produtos turísticos. Bridi (2010) comenta que devido a boa
lucratividade e ao baixo custo de investimento para se abrir uma agência de viagem, não era
necessário contratar funcionários qualificados ou com experiência, contudo, os avanços
tecnológicos trouxeram mudanças na administração e influenciaram na qualidade de prestação de
serviços, assim, grande partes das empresas de agencia de viagens no Brasil que não se adequou
ao novo mercado, foram à falência. Como forma de sobrevivência, as redes de agências
tiveram que realizar alianças ou fusões em rede entre pequenas e médias empresas ou
características verticais em redes globais de empresas com subcontratação centralizada em
empresas de grande porte para se manterem vivas no mercado (BENI, 2001).
As companhias aéreas americanas foram pioneiras nessa categoria por criarem sites
próprios para a venda de passagens aéreas. Posteriormente, surgiram as agências online. Em 2000,
a empresa Decolar.com inicia suas operações no Brasil. Logo depois, em 2005 a empresa
Submarino S.A, líder do comércio eletrônico, adquiriu 100% do capital da agência Travel Web
Ltda, surgindo assim um ano após a Submarino Viagens. Mais tarde também seria fundada a
Saraiva Viagens em 2011, que também se inseriu no mercado e-commerce de turismo
(CANDIOTO, 2012).

5. ESTUDO DE CASO

O Turismo Baiano e as Novas Tecnologias da Informação GM Neto (2005)


O turismo na Bahia retomou sua posição de destaque na agenda governamental a partir de
1991, quando voltou a ser considerado prioritário, tendo em vista a necessidade de recuperar o
dinamismo e a liderança no cenário nacional e de promover condições para um incremento ainda
maior dessa atividade econômica, de importância fundamental para o desenvolvimento do Estado.
O turismo mundial vem evoluindo a partir das exigências de mercados globalizados e do
desenvolvimento tecnológico. Os turistas, principalmente os europeus e norte-americanos, vêm
elegendo seus destinos através do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).
Segundo Costa (2001, p.108), o Turismo e as Tecnologias da Informação e Comunicação
constituem duas das maiores e mais dinâmicas indústrias do mundo. As TIC tornaram-se um dos
mais importantes determinantes da competitividade do sector do Turismo.
A importância das TIC é grande pois considera-se que para se ter um destino turístico
virtual, é necessário não só a informação geral sobre o contexto geográfico, ambiental, econômico
e social do país e de uma região, como também dados muito específicos e informações exaustivas
a respeito do sistema de acessibilidade até o destino e as conexões para seguir viagem para outras
localidades. Além disso, deve-se disponibilizar as facilidades para desfrutar a estadia, movimentar-
se e interagir com os habitantes, dados sobre os serviços públicos que garantem segurança e saúde,
assim como os serviços de comunicação para manter-se em contato com seu local de origem. Nesse
contexto, a profissionalização da atividade de intermediação da inovação está criando um novo
tipo de profissional: o corretor do conhecimento sobre os clientes - intermediário - que atua de
forma terceirizada e utiliza a internet como ferramenta (SAWHNEY, PRANDELLI e VERONA,
2003, p. 108)

6. PERÍODO PÓS PANDÊMICO

Não é novidade para ninguém que a pandemia de Covid-19, iniciada em 2020, repercutiu
em experiências cotidianas e nos obrigou a adaptar nossas interações para o novo contexto. Com a
adoção de medidas de contenção do vírus em âmbito mundial, como distanciamento social,
lockdown e fechamento de fronteiras, várias práticas foram impactadas – entre elas, o turismo . É
possível viajar durante uma pandemia? Como ficam as relações de consumo turístico nesse
momento? Como as TIC ‘s (Tecnologias da Informação e Comunicação) podem transformar as
experiências de viagens em um momento em que sair de casa é não só pouco recomendado, como
também, em muitos lugares, proibido?
O caminho foi a primeira forma de comunicação, e viagens e comunicações sempre
estiveram ligadas, principalmente por necessidade tecnológica. Hoje, isso não é mais necessário, e
os fluxos podem ser criados por mediação de dispositivos tecnológicos sem necessidade de
copresença física. Meyrowitz, em seu livro “No sense of place” (2004), aponta que as tecnologias
mediadas propiciam novos cenários e desvencilhar as situações sociais do espaço físico (definido
por Castells (1996, p. 411) como “o suporte material das práticas sociais de tempo compartilhado”).
O celular e a televisão, por exemplo, foram ambos revolucionários em permitir que os indivíduos
tenham acesso ao que não está necessariamente perto de nós, como lugares ou mesmo pessoas. As
fragilidades dos limites entre as esferas sociais nos tornaram nômades digitais em uma savana
global.
Além de facilitar o acesso ao espaço físico global, tecnologias mediadas também
interferem em aspectos de identidade grupal e remodelam a maneira como indivíduos experienciam
a cidade. Meyrowitz ainda acrescenta que as tecnologias repercutem no lugar com a fusão de
sistemas de informação social e espaços físicos. É o que tem acontecido com o fenômeno do
anywhere office, para além do home office, potencializado pela pandemia. Se não é mais necessário
trabalhar em escritórios, as fronteiras entre privado e público se fundem e o espaço de trabalho
passa a ser também o espaço de lazer, descanso e convívio familiar. Isso permite que os
trabalhadores desempenhem suas atividades econômicas em qualquer lugar do mundo, criando um
senso global de lugar na vida contemporânea (Massey,1994).
Quem também fala sobre isso é John Urry (2008), sociólogo conhecido principalmente
por seu Paradigma das Mobilidades. De acordo com o autor, existem várias modalidades e é
possível chegar a algum lugar de muitas maneiras. O autor classifica os movimentos em cinco, e
interdependentes: o movimento corpóreo, o de objetos, o imaginativo, o virtual e o movimento de
consumo. Quando o movimento corporativo passa a ser desestimulado por questões sanitárias, os
outros quatro ganham força e iniciativas digitais surgem e se intensificam pelos usos encontrados
pelos usuários. Tecnologias mediadas dão ênfase na criação das mobilidades e contribuem para a
desterritorialização dos locais. Graças a dispositivos de comunicação, nós podemos estar em vários
lugares ao mesmo tempo – e em cenários de pandemia, essa habilidade é ainda mais emblemática.

7. CONSIDERAÇÃO FINAL

Considerando os avanços tecnológicos atuais nas área de Tecnologia, Informação e


Comunicação durante o ‘boom’ tecnológico na entrada do século XXI, com a criação da internet
banda larga, o que mudou drasticamente operações de trabalho em todos os setores, um exemplo
as agências de turismo que todas as vezes que se tem uma evolução tecnológica muito grande, tem
de se mudar o modo de operação para atrair seus clientes, houve um grande progresso nas áreas de
Tecnologia, Informação e Comunicação durante a pandemia do covid-19 (coronavírus), o que
revolucionou de uma vez por todas o modelo de operação para aproximação de novos clientes, as
mídias sociais começaram a ter uma influência muito maior nas escolhas dos atrativos turísticos,
com o surgimento de ‘agências de turismo online’, sem a necessidade de um ambiente físico,
mudando para sempre como a maioria das agências de turismo utiliza o marketing digital para
alcançar seus clientes, algumas empresas ainda diversificam o modelo de operação para alcançar
seus clientes e empresas maiores usam de todo os parâmetros para alcançá-los, de lugar físico a
sites em todas redes sociais. È considerável registrar que o fato da tecnologia avançar e alavancar
o turismo em vários locais que não o chegava tem suas consequências e vantagens, mais se faz
mais acessível empreender sem manter os custos de um local físico para uma agência de turismo,
do que o usar sites e redes sociais, que o custo não é nem de longe comparável. De todo modo, o
avanço das tecnologias da informação e comunicação no cenários pós pandemia do coronavírus,
abriu ainda abre portas para novas formas de ir e conhecer lugares de formas mais legais, como
vídeos e fotos de curta duração, trazer visibilidade para pequenos empreendedores e comunidades
locais\tradicionais e seus respectivos trabalhos, ainda mesmo que possa haver consequências e até
catástrofes com o grande excedente das atividades turísticas, não se equipara os benefícios colhidos
ao longo da jornada.
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