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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. CONTEXTO HISTÓRICO
A primeira aparição de uma agência de viagem, registrada em âmbito mundial, até onde
se tem conhecimento, foi da viagem feita pelo inglês Thomas Cook, em 1841, de Londres para
Leicester, levando mais de 500 pessoas para um outro encontro em Loughborough. Comprou e
revendeu os bilhetes, configurando a primeira viagem agenciada. O início do agenciamento de
viagens foi incentivado pelo crescimento da integração da Europa por vias férreas, de acordo com
os estudos de Tomelin (2001) e Palhares e Panosso Netto (2008).
Para Acerenza (1990, p. 29), é possível definir agências de viagens e turismo como:
A história das agências de viagens e turismo sempre esteve ligada à evolução do setor de
transporte, principalmente ao que tange o setor aéreo, pois com o advento das TIC 's, foram as
primeiras a aderirem a este serviço das TIC’s, debilitando os serviços das agências de viagens.
Com a grande expansão da malha aérea, era claro o tamanho da dificuldade para distribuírem os
seus produtos, para tanto, as agências de viagens eram as suas principais parceiras em distribuições
de serviços, chegando a serem responsáveis por até 80% da venda das passagens aéreas. (MARÍN,
2004).
Durante muito tempo, as agências de turismo detiveram ferramentas e canais de
distribuição exclusivos na intermediação dos serviços e produtos turísticos. Porém, a
comercialização dos produtos e serviços do turismo, assim como em outros setores, também sofreu
alterações com o desenvolvimento tecnológico e o alcance da informação, principalmente após o
advento da internet (CANDIOTO, 2012).
No Brasil, o surgimento das agências de viagens e turismo ocorreu posteriormente à
Europa e evoluiu rapidamente, fomentado pela evolução do setor aéreo que começou a se formar a
partir da década de 1920. Durante as décadas de 1950 a 1970, a VARIG consolidou-se como uma
das maiores companhias aéreas do mundo, sendo possível identificar que o crescimento da aviação
mundial impulsionou o crescimento das agências de viagens e turismo. De acordo com Santos
(2008), a maior parte da receita das agências de viagens e turismo até o ano 2000, no Brasil, era
proveniente de comissões pagas pelas companhias aéreas sobre a venda de passagens aéreas, o que
acabou depois dessa data, pois além da redução das taxas de comissionamento e a implementação
da internet no Brasil, na virada do século XX para o XIX, o mercado das agências de viagens e
turismo sofreu grandes alterações, principalmente quanto ao posicionamento do modelo de
negócios dessas empresas.
Desde 1998, de acordo com estudos de Marín (2004) que se estendem até 2003, ocorreram
muitas mudanças quanto ao perfil dos clientes por conta da implantação da internet. Uma dessas
alterações seria o surgimento dos negócios eletrônicos (e-business), atividades econômicas que
utilizam redes eletrônicas, o que inclui o envolvimento do governo, empresas e consumidores.
Neste meio, o comércio eletrônico (e-commerce) é conhecido como a atividade principal desta
categoria de negócios (TAKAHASHI apud SANTOS et al., 2005).
Em 1989, os membros da ABAV discutiam sobre a ameaça que a popularização do fax
poderia significar para as viagens corporativas. Mais tarde, essas discussões se intensificaram com
a chegada da internet que não ameaçavam apenas as viagens, mas também, e principalmente, o fim
da necessidade do cliente de utilizar os serviços de uma agência de turismo (CANDIOTO, 2012),
por ser mecanismo disponível a todos possibilitou que os clientes planejassem as suas viagem,
realizassem as suas reservas em hotéis, comprassem passagens aéreas, ou seja, façam tudo o que
precisar sem sair de sua casa. A cadeia de distribuição do turismo, à densidade dos relacionamentos,
ao aumento dos custos e da demanda, à concorrência, além da desintermediação e reintermediação
dos serviços.
Assim o agente de viagem perdeu o papel que detinha antigamente, como consequência,
as empresas prestadoras de serviços turísticos deixaram de depender de agenciamentos e da
necessidade de pagar comissões aos agentes de viagens pelos produtos vendidos. Segundo o estudo
realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que consiste na Análise Geral da Competitividade
do Setor de Agenciamento de Viagens Brasileiro, com esse poder de compra nas mãos através de
um clique os clientes estão cada vez mais exigentes e com maior poder de escolha, fazendo com
que as agências de viagem enfrentem um mercado com alto grau de concorrência (SEBRAE, 2017).
Antes do início do século XXI, as agências de viagens e turismo eram empresas de baixo
custo de abertura/implantação e possuíam boas opções de rentabilidade, como a comissão das
passagens aéreas aliada a de outros produtos turísticos. Bridi (2010) comenta que devido a boa
lucratividade e ao baixo custo de investimento para se abrir uma agência de viagem, não era
necessário contratar funcionários qualificados ou com experiência, contudo, os avanços
tecnológicos trouxeram mudanças na administração e influenciaram na qualidade de prestação de
serviços, assim, grande partes das empresas de agencia de viagens no Brasil que não se adequou
ao novo mercado, foram à falência. Como forma de sobrevivência, as redes de agências
tiveram que realizar alianças ou fusões em rede entre pequenas e médias empresas ou
características verticais em redes globais de empresas com subcontratação centralizada em
empresas de grande porte para se manterem vivas no mercado (BENI, 2001).
As companhias aéreas americanas foram pioneiras nessa categoria por criarem sites
próprios para a venda de passagens aéreas. Posteriormente, surgiram as agências online. Em 2000,
a empresa Decolar.com inicia suas operações no Brasil. Logo depois, em 2005 a empresa
Submarino S.A, líder do comércio eletrônico, adquiriu 100% do capital da agência Travel Web
Ltda, surgindo assim um ano após a Submarino Viagens. Mais tarde também seria fundada a
Saraiva Viagens em 2011, que também se inseriu no mercado e-commerce de turismo
(CANDIOTO, 2012).
5. ESTUDO DE CASO
Não é novidade para ninguém que a pandemia de Covid-19, iniciada em 2020, repercutiu
em experiências cotidianas e nos obrigou a adaptar nossas interações para o novo contexto. Com a
adoção de medidas de contenção do vírus em âmbito mundial, como distanciamento social,
lockdown e fechamento de fronteiras, várias práticas foram impactadas – entre elas, o turismo . É
possível viajar durante uma pandemia? Como ficam as relações de consumo turístico nesse
momento? Como as TIC ‘s (Tecnologias da Informação e Comunicação) podem transformar as
experiências de viagens em um momento em que sair de casa é não só pouco recomendado, como
também, em muitos lugares, proibido?
O caminho foi a primeira forma de comunicação, e viagens e comunicações sempre
estiveram ligadas, principalmente por necessidade tecnológica. Hoje, isso não é mais necessário, e
os fluxos podem ser criados por mediação de dispositivos tecnológicos sem necessidade de
copresença física. Meyrowitz, em seu livro “No sense of place” (2004), aponta que as tecnologias
mediadas propiciam novos cenários e desvencilhar as situações sociais do espaço físico (definido
por Castells (1996, p. 411) como “o suporte material das práticas sociais de tempo compartilhado”).
O celular e a televisão, por exemplo, foram ambos revolucionários em permitir que os indivíduos
tenham acesso ao que não está necessariamente perto de nós, como lugares ou mesmo pessoas. As
fragilidades dos limites entre as esferas sociais nos tornaram nômades digitais em uma savana
global.
Além de facilitar o acesso ao espaço físico global, tecnologias mediadas também
interferem em aspectos de identidade grupal e remodelam a maneira como indivíduos experienciam
a cidade. Meyrowitz ainda acrescenta que as tecnologias repercutem no lugar com a fusão de
sistemas de informação social e espaços físicos. É o que tem acontecido com o fenômeno do
anywhere office, para além do home office, potencializado pela pandemia. Se não é mais necessário
trabalhar em escritórios, as fronteiras entre privado e público se fundem e o espaço de trabalho
passa a ser também o espaço de lazer, descanso e convívio familiar. Isso permite que os
trabalhadores desempenhem suas atividades econômicas em qualquer lugar do mundo, criando um
senso global de lugar na vida contemporânea (Massey,1994).
Quem também fala sobre isso é John Urry (2008), sociólogo conhecido principalmente
por seu Paradigma das Mobilidades. De acordo com o autor, existem várias modalidades e é
possível chegar a algum lugar de muitas maneiras. O autor classifica os movimentos em cinco, e
interdependentes: o movimento corpóreo, o de objetos, o imaginativo, o virtual e o movimento de
consumo. Quando o movimento corporativo passa a ser desestimulado por questões sanitárias, os
outros quatro ganham força e iniciativas digitais surgem e se intensificam pelos usos encontrados
pelos usuários. Tecnologias mediadas dão ênfase na criação das mobilidades e contribuem para a
desterritorialização dos locais. Graças a dispositivos de comunicação, nós podemos estar em vários
lugares ao mesmo tempo – e em cenários de pandemia, essa habilidade é ainda mais emblemática.
7. CONSIDERAÇÃO FINAL
APPOLINÁRIO, Fabio. Dicionário de Metodologia Científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
295p.
BENI, M.C. Análise estrutural do turismo. 6. ed. São Paulo: Senac, 2001.
FVG Projetos. Impacto Econômico do Covid-19: Propostas para o Turismo Brasileiro. Artigos,
1ª Edição. Abril de 2020. Disponível em:
https://https://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/01.covid19_impactoecono
mico_v09_compressed_1.pdffgvprojetos.fgv.br/artigos/1a-edicao-impacto-economicodo-covid-
19-propostas-para-o-turismo-brasileiro-abril-2020.
GUIMARÃES, A.S.; BORGES, M.P. E-Turismo: internet e negócios do turismo. São Paulo:
Cengage, 2008.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed.-9. reimpressão - São Paulo:
Atlas, 2007.3
TOMELIN, C.A. Mercado de agências de viagens e turismo. São Paulo: Aleph, 2001
PALHARES, G. L.; PANOSSO NETTO, A. Teoria do turismo: conceitos, modelos e
sistemas. São Paulo: Aleph, 2008. (Série Turismo)