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CURSO DE DIREITO
SUZANO
2022
FRANCISCA NATALIA CORREIA MARTINO
SUZANO
2022
FRANCISCA NATALIA CORREIA MARTINO
RESULTADO: ________________________________
__________________________________________
Assinatura do Membro da Comissão de TCC
(Avaliador)
3
RESUMO
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5
2. CESSÃO DE CRÉDITO ......................................................................................... 6
2.1 BREVE HISTÓRICO ............................................................................................ 6
2.2. CONCEITO, ESTRUTURA E ELEMENTOS DE EXISTÊNCIA, VALIDADE E
EFICÁCIA DA CESSÃO DE CRÉDITO. ..................................................................... 7
3. INGRESSO DE TERCEIRO NA RELAÇÃO LOCATÍCIA .............................. 11
4. CESSÃO DE CRÉDITO LOCATÍCIO ............................................................. 14
5. CONCLUSÃO ................................................................................................ 24
6. REFERÊNCIAS.............................................................................................. 28
5
1. INTRODUÇÃO
Posto isso, esperamos que o presente trabalho possa contribuir para o despertar
do interesse de outros profissionais e acadêmicos rumo ao aprofundamento do estudo
6
2. CESSÃO DE CRÉDITO
O direito é dinâmico, e foi nesse cenário que a cessão de crédito foi construída
na história com caráter negocial após a passagem da pessoalidade do direito romano
1
SIMÕES, Marcel Edvar. Transmissão em Direito das obrigações: Cessão de Crédito, assunção de dívida e sub-
rogação pessoal. Orientador: Alcides Tomasetti Jr. 2011. Dissertação de Mestrado em Direito Civil, Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. P.11
7
Todo crédito pode ser cedido, exceto aqueles cuja lei ou a natureza da
obrigação se opuser. É possível também que o devedor impeça a circulação desse
crédito, mediante cláusula proibitiva expressa no contrato. Essa cláusula proibitiva não
impede que o credor transfira o crédito a um terceiro, é uma garantia de que o devedor
possa ser consultado no sentido de consentir ou não com a cessão. O que não é
regra. A regra é que o consentimento do devedor é dispensável.
2
TARTUCE, Flavio. Manual de Direito Civil: Volume único/Flavio Tartuce – 11. Ed. – Rio de Janeiro,
Forense; Método, 2021, p.403
3
MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado, v. 23, p. 322
8
Quanto à forma, a cessão de crédito não exige forma especial, mas para que
tenha eficácia erga omnes, o instrumento particular precisa ser revestido das
solenidades do artigo 654, §1º, CC a fim de produzir efeitos perante terceiros.
4
WALD, Arnoldo. Direito Civil: Direito das obrigações e teoria geral dos contratos. 2º volume. 18ª
edição. São Paulo: Saraiva, 2009, p192.
5
NASCIMENTO, Sérgio Santos do. Cessão de Posição Contratual. Orientador: Professor Associado
Dr. José Fernando Simão. 2015. Dissertação de Mestrado em Direito Civil, Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. P.11
9
6
Art. 297 do Código Civil de 2002.
10
cessão de contratos uma transmissão com alcance maior que a cessão de crédito, e
por isso o consentimento da outra parte é indispensável para eficácia do negócio. É
um instrumento jurídico de grande relevância social e econômica à medida que
possibilita a circulação do contrato permitindo o ingresso de terceiro na relação. A
título de exemplificação, a cessão de contratos é bastante utilizada nas relações
contratuais de locação, especialmente na sublocação, ocasião em que, o locatário,
mediante anuência expressa do locador, cede parcial ou integralmente o objeto do
contrato a um terceiro.
7
TARTUCE, Flavio. Manual de Direito Civil: Volume único/Flavio Tartuce – 11. Ed. – Rio de Janeiro,
Forense; Método, 2021, p.388
11
8
VENOSA, Silvio de Salvo, Lei do Inquilinato Comentada / doutrina e prática: Silvio de Salvo Venosa.
– 15. ed. – São Paulo: Atlas, 2020.
99
VENOSA, Silvio de Salvo, Lei do Inquilinato Comentada / doutrina e prática: Silvio de Salvo
Venosa. – 15. ed. – São Paulo: Atlas, 2020, p.21
12
10
VENOSA, Silvio de Salvo, Lei do Inquilinato Comentada / doutrina e prática: Silvio de Salvo Venosa.
– 15. ed. – São Paulo: Atlas, 2020, p.104
13
11
Souza, Sylvio Capanema de, 1938-A Lei do Inquilinato comentada / Sylvio Capanema de Souza. –
10.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. p. 86
14
12
Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/dino/apw-brasil-se-consolida-como-poderosa-
aliadaparaproprietarioseoperadorasdetelecomunicacoes,bd2eaf38749dd6f2fa10827826fc43407vg3uw
h1.html acessado em 29/03/2022 as 20h39.
13
Fintech é um termo que surgiu da junção de duas palavras em inglês: financial e technology.
Resumidamente são empresas de investimentos que oferecem soluções financeiras totalmente digitais.
14
SHARING’s, são empresas que por meio de um corpo técnico especializado e equipamentos
específicos identificam regiões onde operadoras de telefonia e internet possam ter interesse em levar
sinal ou melhorar a qualidade do seu serviço. Após a identificação desse local, inicia-se a busca pelo
imóvel a ser alugado para construção da infraestrutura de transmissão, que pode ser topo de prédio ou
terreno.
15
https://www.apwbrasil.com.br/o-que-fazemos/o-investimento-em-contratos-de-antena-de-celular/
acesso em 06/05/2022 às 23h.
15
16
https://torredetelefoniacelular.com.br/aluguel-de-terreno-para-antena/ acesso em 06/05/2022 às
20h.
17
https://www.apwbrasil.com.br/o-que-fazemos/o-investimento-em-contratos-de-antena-de-celular/
acesso em 06/05/2022 às 23h.
16
Note que no formato de cessão de crédito locatício acima descrito, praticado por
empresas investidoras do ramo de telecomunicações, é bastante similar ao direito real
de superfície conforme conceituada por Rodrigo Reis Mazzei18 que diz:
18
MAZZEI, Rodrigo Reis. O direito de Superfície no ordenamento jurídico brasileiro. São Paulo, 2007,
p.6
17
que (vii) algumas empresas atuam em parceria com imobiliárias enquanto outras não
exigem que o imóvel esteja sob administração profissional.
Uma das questões que merecem ser melhor compreendida é o fato de que na
substituição do locatário-devedor a lei exige o consentimento do locador, mas não
disciplina na via contrária, ou seja, a substituição do locador-credor pelo instituto da
cessão de crédito. Mas em direito civil, o que é omisso não significa que é vedado,
apenas sucita debate sobre a forma adequada de se concretizar o negócio, em se
tratando de uma relação jurídica formada nos moldes de uma Lei específica, fica a
dúvida no que tange ao consentimento do locatário e ao direito de preferência.
19
As taxas de juro anual dos diferentes tipos de empréstimos variam entre 318,7% à 22,5%,
desconsiderando os empréstimos com garantia de bem móvel ou imóvel. Disponível em:
https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/tipos-de-emprestimo/. Acesso em 14/02/2022 às
17h.
19
Esse direito incide tanto nas locações residencias como na locação para fins
não residenciais, seja o contrato em curso por prazo determinado ou indeterminado,
e a concessão desse direito está relacionado ao desempenho da função social da
propriedade assegurando o direito a moradia e estabilidade da habitação nos casos
de locação residencial, bem como a função social da empresa e o favorecimento da
atividade empresarial em caso de locação não residencial. Assim, tanto pessoa
natural como jurídica, são aptos a exercer esse direito.21
20
Lei do Inquilinato Comentada / doutrina e prática: Silvio de Salvo Venosa. – 15. ed. – São Paulo:
Atlas, 2020.
21
Lei do Inquilinato comentada artigo por artigo: visão atual na doutrina e jurisprudência / Adriana
Marchesini dos Reis… [et. al.]; organização Luiz Antonio Scavone Junior, Tatiana Bonatti Peres. – 2.
ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.80
22
Venosa, Silvio de Salvo. Lei do Inquilinato Comentada/doutrina e prática: Silvio de Salvo Venosa. –
15. ed. – São Paulo: Atlas, 2020. p.185
20
financeiras para a aquisição do bem nas mesmas condições em que ele foi
negociado com um terceiro. Claro que, esse ensinamento não trata especificamente
da cessão de crédito do contrato.
23
ALVIM, José Manoel de Arruda. Parecer jurídico acerca da ilicitude de violação do direito de
preferência do cedido, 10 de julho de 2017. Processo nº0413692-71.2015.8.19.0001.p.539
21
24
DINIZ, Maria Helena: Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 3: teoria geral das obrigações. 34 ed.
São Paulo: Saraiva, 2018
23
Mas não se pode confundir a cessão de crédito com a cessão de contrato, por
isso, fez-se uma breve explanação acerca desses dois intitutos do direito das
obrigações.
25
LIMA, Alvino. A Fraude no direito civil, São Paulo, 1965, Saraiva, p.59
26
Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1959, v. 25, p. 208
24
Por isso, a insegurança jurídica da cessão de crédito locatício pode está não
somente na inobservância do artigo 27 da lei de locação, mas também nos poderes
cedidos ao cessionário, não se admitindo a cessão de créditos com poderes para
prática de atos como renegociar prazo de locação, valor do aluguel entre outros atos
que são inerentes ao proprietário, que mesmo após ceder o crédito, permanece
como locador. Caso a cessão de crédito seja acompanhada de poderes para prática
dos atos citados, trata-se na realidade de outro negócio jurídico simulado.
Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de cinco
dias a seis meses ou multa de três a doze meses do valor do último aluguel
atualizado, revertida em favor do locatário:
III - cobrar antecipadamente o aluguel, salvo a hipótese do art. 42 e da
locação para temporada. (BRASIL, 1991).
5. CONCLUSÃO
27
Venosa, Silvio de Salvo. Lei do Inquilinato Comentada/doutrina e prática: Silvio de Salvo Venosa. –
15. ed. – São Paulo: Atlas, 2020. p.215.
25
Aliás, o projeto de lei que alterou o texto da lei do inquilinato previa um parágrafo
dentro do art. 54-A sobre a cessão de crédito dos aluguéis, porém este parágrafo
sofreu veto. O texto aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania
dizia:
Art. 54-A - § 3º Os valores relativos aos aluguéis a receber até o termo final
contratado serão livremente negociáveis pelo locador com terceiros, desde
que devidamente registrado o contrato de locação no registro de títulos e
documentos da situação do imóvel, na forma dos arts. 286 a 298 da Lei nº
10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, responsabilizando-se o
locatário e eventuais garantidores pelo respectivo adimplemento.” 28
Este parágrafo foi vetado com a justificativa de que a exigência do contrato ser
levado ao Registro de Títulos e Documentos criaria um ônus adicional contrariando à
própria finalidade do projeto. Além disso, considerou-se que “a supressão do
dispositivo não obstrui a cessão de crédito nos termos da legislação vigente”.29
Este texto, ainda que fosse aprovado, não traria uma situação de equilíbrio, uma
vez que não obrigaria o locador a apresentar a proposta de adiatamento ao locatário
para que, havendo interesse, ele possa adiantar os aluguéis, ou ainda, não obrigaria
o locador a aceitar a proposta do locatário de adiantamento dos aluguéis diante da
proposta de um terceiro ainda que em iguais condições.
28
Disponível em: http://legis.senado.leg.br/mateweb/arquivos/mate-pdf/116817.pdf, acesso em
25/04/2022.
29
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Msg/VEP-580.htm,
acesso em 25/04/2022.
26
questões, por se tratarem de direito disponível, podem ser discutidas entre em partes
no momento da celebração do contrato.
6. REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Lei das Locações de Imóveis Urbanos Comentada. 5ª Edição.
Editora Saraiva. São Paulo, 1999.
DINIZ, Maria Helena: Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 3: teoria geral das
obrigações. 34 ed. Editora Saraiva. São Paulo, 2018.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, 2- volume: teoria geral
obrigações — 22. ed. rev. e atual, de acordo com a Reforma do CPC — São Paulo:
Saraiva, 2007
TARTUCE, Flavio. Manual de Direito Civil: Volume único/Flavio Tartuce – 11. Ed. –
Rio de Janeiro, Forense; Método, 2021.
29
Lei do Inquilinato comentada artigo por artigo: visão atual na doutrina e jurisprudência
/ Adriana Marchesini dos Reis… [et. al.]; organização Luiz Antonio Scavone Junior,
Tatiana Bonatti Peres. – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017.
MIRANDA, Pontes de, Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1959, v. 25
WALD, Arnoldo. Direito Civil: Direito das obrigações e teoria geral dos contratos. 2º
volume. 18ª edição. São Paulo: Saraiva, 2009.