Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sociedade
2013
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
UNIDADE I
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
UNIDADE II
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
UNIDADE III
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Isabella Maria Nunes Ferreirinha.
172
T231e Tavares, Fábio Roberto
Ética, política e sociedade / Fábio Roberto Tavares (Org.).
Indaial : Uniasselvi, 2013.
233 p. : il
ISBN 978-85-7830-727-1
1. Ética política.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
Apresentação
A vida vem nos apresentando situações em que as condutas morais vêm se
transformando constantemente. Mas em meio às transformações das condu-
tas morais, dos costumes que a sociedade vem sofrendo, os valores vão se
transformando em outros e em outros mais.
Na Unidade 2, você irá perceber que a nossa vida é norteada por política,
porque ela faz parte dela até a morte. Somos sujeitos sociais e vivemos em
conjunto, em uma organização social. Nós nascemos, vivemos e morremos
em uma organização. Essas organizações são geridas por uma política. Quan-
do nascemos dependemos de um hospital e, portanto, uma política de saúde
pública; se vamos para uma creche ou escola de educação infantil, depende-
mos de uma política educacional.
Quando o assunto é política podemos nos calar e apenas ouvir, ou nos infla-
mar com discussões que orbitam entre o senso comum e a paixão cega por
um candidato ou partido político. Essas posturas, no entanto, não traduzem
o verdadeiro sentido de discussão ou pensamento político, mas de discussão
partidária e individualista. É o que veremos na segunda unidade deste nosso
caderno.
Passamos a maior parte de nossa vida trabalhando e pagando contas dos mais
diferentes tipos. Por isso, o modelo político de nossos pais é muito da nossa
conta, da nossa responsabilidade. É assim que vivemos em sociedade.
É pouco? Acredito que não. Tudo isso foi desenvolvido para que você possa,
no exercício da leitura, do estudo, do aprofundamento, compreender e fixar
o aprendizado de forma autônoma, que é a intenção desse modelo de ensino
– EaD.
Bons estudos!
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades
em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
UNI
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – A ÉTICA E A MORAL .................................................................................................. 1
VII
6.2 O INTERESSE INDIVIDUAL ......................................................................................................... 73
6.3 O INTERESSE COLETIVO ............................................................................................................. 73
6.4 O INTERESSE PÚBLICO ................................................................................................................ 74
6.5 O INTERESSE PROFISSIONAL . ................................................................................................... 74
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 78
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 79
VIII
3 A SOCIEDADE CAPITALISTA ......................................................................................................... 160
3.1 BREVE HISTÓRICO ........................................................................................................................ 160
3.2 CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................................... 165
4 A RELAÇÃO ENTRE TRABALHO, SER SOCIAL E ÉTICA ........................................................ 167
4.1 O QUE É TRABALHO? . ................................................................................................................. 168
4.2 A ÉTICA DO TRABALHO ............................................................................................................. 169
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 171
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 174
AUTOATIVDADE ................................................................................................................................... 175
IX
X
UNIDADE 1
A ÉTICA E A MORAL
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você
encontrará um resumo e atividades que reforçarão o seu aprendizado.
Assista ao vídeo
desta unidade.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Vamos iniciar este tópico buscando a compreensão dos conceitos de ética
e moral, assim como sua contribuição para a valorização das relações humanas.
2 A ÉTICA
2.1 CONCEITO
3
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
No nosso dia a dia, a ética tem presença garantida, porque ela faz parte do
ser humano em todas as suas atividades, funções, espaço, ou seja, na família, no
trabalho, no lazer, enfim, onde o ser humano interage com outro, a ética aí se faz
presente.
FIGURA 1 – ÉTICA
ATENCAO
4
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
O que Srour (2003) quer observar é que a ética será sempre o estudo dos
valores morais, e esses se relativizam conforme a história da humanidade.
5
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
UNI
6
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
1 - A ética é descritiva – que corresponde a juízo de valor, ou seja, quem tem boa
conduta pode ser considerado como uma pessoa ética, ou seja, uma pessoa
virtuosa e íntegra. Enquanto quem não condiz com as expectativas sociais pode
ser considerado ‘sem ética’. Nesse sentido, Srour (2011) considera que a ética
assume uma ideia simplista reduzida a um valor social, ou apenas um adjetivo.
• Ética filosófica – que reflete sobre a melhor maneira de viver (ideais morais).
• Ética científica – que estuda, observa, descreve e explica os fatos morais (a
moralidade como fenômeno).
ATENCAO
Visto tudo isso, você pode pensar: então estudar ética é muito complicado?
Claro que não, a ética dá a oportunidade para refletir a maneira de viver e entender
os costumes do nosso tempo.
Então podemos dizer que tudo que é legal é moral? Ou se é moral é legal?
Todos nós conhecemos algumas práticas que com o passar do tempo tornaram-se
7
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
costumes e hábitos. Mas não quer dizer que práticas como a corrupção passarão a
ser aceitas, pela sua recorrência ou porque a sociedade já se acostumou.
Práticas que prejudicam a maioria, que não preservam o bem comum, que
não beneficiam a sociedade, que não preservam a felicidade apontam ao valor
da ética, porque é através da ética que é possível fundamentar a moralidade e a
legalidade.
Então é por isso que a ética tem enorme valor para a sociedade como um
todo, porque seu papel é fazer reflexões acerca do comportamento humano e a
preservação do bem comum e da felicidade da ‘cidade’.
ATENCAO
Nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legal.
Nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legal. Vejamos
algumas situações apresentadas por Srour (2003, p. 59), de acordo com o quadro
que segue:
8
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
Estudar ética, falar de ética, refletir sobre a ética é, portanto, entender toda
a dimensão da sociedade, da humanidade. A ética, por si só, não vai elaborar um
manual de condutas, nem tampouco elencar um rol de atitudes certas e erradas.
De acordo com Alonso, Lopes e Castrucci (2010, p. 110), existem três tipos
de características na tomada de decisões:
● Justiça social – a justiça social apresenta duas vertentes: a) justiça legal – que
são as obrigações dos cidadãos para com o Estado; b) justiça distributiva – que
são as obrigações do Estado para com seus cidadãos.
9
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
● Justiça equitativa – é aquela que parte do pressuposto de que todos são iguais.
10
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
3 A MORAL
UNI
Até a década de 30, a mulher não podia votar e nem ser votada, portanto o
sufrágio feminino foi uma conquista de equiparar a mulher ao homem e torná-la
um membro da sociedade como qualquer um, ou seja, uma pessoa participativa
aos desígnios políticos do país.
11
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Não se pretende aqui fazer algum tipo de apologia à mulher, muito pelo
contrário, a mulher é só um bom exemplo para que possamos perceber o quanto
ela se transformou perante a sociedade. Antes ela não votava e nem era votada,
antes ela não trabalhava fora de casa, antes a sua vida limitava-se a cuidar de filhos
e marido e da casa. E hoje?
12
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
E
IMPORTANT
Srour (2003, p. 56) elenca alguns itens para a compreensão do que vem a
ser moral:
Por isso mesmo, as morais são as nervuras sensíveis das culturas e dos
imaginários sociais, as peças de resistência que armam as identidades
organizacionais, códigos genéticos das condutas sociais requeridas
pelas coletividades. Assim sendo, enquanto as morais correspondem às
representações mentais que dizem aos agentes sociais o que se espera
deles, quais comportamentos são recomendados e quais não o são, a
ética diz respeito à disciplina teórica e ao estudo sistemático dessas
morais e de suas práticas efetivas.
13
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
entre ética e moral, para que essas palavras-chave possam ajudar na diferenciação
de uma e outra.
ÉTICA MORAL
Perene Temporal
Universal Cultural
Regra Conduta da regra
Teoria Prática
FONTE: A autora
A ética é perene porque as suas reflexões são num curso contínuo e eterno,
sempre haverá reflexões sobre a ética. Já a moral é temporal, porque de acordo com
o tempo, os costumes e valores de uma sociedade se modificam.
Essas as principais diferenças entre ética e moral, que ajudam para auxiliar
na compreensão quanto às suas ramificações e desdobramentos.
14
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
Segundo Srour (2011), existem dois universos que se podem tomar como o
início para melhor compreensão da prática moral: particularismo e universalismo.
15
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
● Imoral – é uma atitude que vai contra as normas e valores de uma organização
ou sociedade e que prejudica os outros.
● Amoral – quando uma atitude não influi nem positiva e nem negativamente,
ou seja, é uma ação neutra.
Pode-se concluir que uma atitude moral é uma ação positiva, uma atitude
imoral é uma ação negativa e uma atitude amoral é uma ação neutra. Dessa forma,
o âmbito da moral é decidir como agir, é uma questão da prática, enquanto que o
âmbito da ética é refletir sobre essas ações e suas implicações na felicidade humana.
16
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
NOTA
Eudaimonia quer dizer felicidade para a filosofia. “Em geral, estado de satisfação de
alguém com sua situação no mundo”.
FONTE: Abbagnano (2007, p. 455-505)
17
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Para Socrátes, a questão ética era o que bastava o homem saber, ter bondade
para ser bom. O conhecimento, para Sócrates, era uma virtude, porque pensava
que com o conhecimento o homem conseguia ser bom e ter a felicidade. Por esse
motivo é que há um entrelaçamento entre bondade, conhecimento e felicidade.
18
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
NOTA
● Platão (427-347 a. C.): sua teoria ética relaciona-se com a política e a razão
(prudência), sua maior contribuição foi vislumbrar a cidade perfeita guiada
pelos princípios morais.
● Epicuro (341-270 a. C): teve sua filosofia dividida em três partes: canônica, física
e ética; “uma vida feliz é impossível sem a sabedoria, a honestidade e a justiça,
19
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
e estas, por sua vez, são inseparáveis de uma vida feliz”. (CARBISIER apud
PASSOS, 2004, p. 35).
● Zenão (324-263 a. C.): doutrina do estoicismo, que é uma ética, uma forma de
viver em que a natureza consistia na orientação central, que significava viver
conforme a virtude.
Nessa época, a situação política e social era mais complexa, por esse motivo
não se podia pretender a mesma harmonia da polis. De acordo com Passos (2004,
p. 37), “também por questões ideológicas houve o predomínio da teoria sobre a
prática”, e o cristianismo tornou-se a religião oficial, o que influenciou as condutas
morais.
20
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
DICAS
Na Idade Média, a ética tem sua base na moral cristã. Veremos mais detalhadamente
esta questão e os dois grandes expoentes – Agostinho e Tomás de Aquino na próxima unidade.
De acordo com Passos (2004, p. 39), a Idade Média inaugura uma novidade
na questão da moral:
A ética na Idade Média, portanto, foi considerada a fase da era cristã, em que
os desígnios morais do cristianismo tornavam-se os ditames do comportamento
moral. Na Idade Média, portanto, o conceito de felicidade não pode ser atingido
nem pela razão, nem pela filosofia, mas pela fé cristã.
21
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
22
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
NOTA
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Imagem acima marca uma das maiores revoluções que a Modernidade trouxe: A
Revolução Industrial. Aliada à técnica, fábricas se espalham na Europa primeiramente e depois
no restante do mundo. O modelo fabril torna-se dominante. O trabalho assumiu função
central. Produção, distribuição e consumo em larga escala. Ao mesmo tempo, impactos
civilizacionais e ambientais sem precedentes. Ideais de progresso, felicidade e modernização
fundamentam a perspectiva industrializante. O cenário acima denuncia essa irreversível
transformação natural.
23
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Assim, a Idade Moderna, que ocorreu entre os séculos XVI e XIX, difere
das anteriores, porque passa a existir uma complexidade ainda maior referente
aos aspectos econômico, político, social e espiritual, principalmente em virtude do
capitalismo, desenvolvimento científico e estados centralizados.
24
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
NOTA
NOTA
25
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
26
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
LEITURA COMPLEMENTAR
ÉTICA E MORAL
UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA E OS PADRÕES DE MORALIDADE
OCIDENTAL
Israel Alexandria
27
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
não podemos nos esquivar, pois o bem e o mal, o certo e o errado impregnam
nossa conduta prática. Embora a maioria não pense no assunto, o comportamento
humano é uma contínua resposta às questões éticas. É nesse ponto que nasce a
distinção entre ética e moral.
2 A MORAL ARISTOCRÁTICA
A moral aristocrática visa fazer com que o indivíduo se aproxime, cada vez
mais, de um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais aristocráticas
a moral judaica, baseada no modelo de homem de fé (Abraão), a moral cristã, no
amor ao próximo (Jesus), a moral platônica, no ascetismo (filósofo-rei), a moral
budista, na eliminação dos desejos (Buda). Mas, na maioria das vezes, esses modelos
ideais são apenas descrições sem referências a nomes de personagens históricos. A
moral aristocrática propõe que cada indivíduo seja dotado das virtudes adequadas
(a palavra virtude vem de virtu, que significa força) para imitar o modelo ou um
ideal de vida proposto. A felicidade plena é obtida quando o indivíduo realiza
o ideal proposto. Quanto mais virtuoso for o indivíduo, maior o seu grau de
felicidade.
28
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
FONTE: <http://www.espiritualismo.info/filosofias.html>.
Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele que consegue
pôr em prática tanto a sua animalidade natural como a sua sociabilidade natural,
pois o homem é um animal social por natureza. "Mesmo quando não precisam
da ajuda dos outros, os homens continuam desejando viver em sociedade."
(Aristóteles. Política: III, 6). Reprimir a animalidade ou a sociabilidade distancia o
homem da felicidade. Para encontrar um termo médio entre essas duas naturezas,
o homem vale-se da razão.
Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção
de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-
na a ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se
mantenha nos limites impostos pela natureza.
30
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
3 A MORAL UTILITARISTA
31
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
32
TÓPICO 1 | ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL
4 A MORAL KANTIANA
FONTE: ALEXANDRIA, Israel. Ética e moral: uma reflexão sobre a ética e os padrões de
moralidade ocidental. 2001. Disponível em: <http://ialexandria.sites.uol.com.br/textos/israel_
textos/etica_e_moral.htm>. Acesso em: 20 set. 2011.
33
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos que:
34
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
35
36
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)! Nesse tópico apresentaremos, em linhas gerais,
quando há a diferença entre ética e moral que, muitas vezes, causa confusão entre
as pessoas. Apresentaremos também a gênese da consciência moral, tão importante
para o desenvolvimento humano.
2 EXISTEM DIFERENÇAS?
Com relação à ética e à moral, podemos afirmar que a ética estuda e
investiga o comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída
pelos diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada
por suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos
tempos.
ÉTICA MORAL
• É a ciência que estuda a moral. • É o modo de viver e agir de cada
• É a reflexão sistemática sobre o povo, em cada cultura.
comportamento moral. • É o conjunto de normas, prescrições
• É a parte da filosofia que trata da e valores reguladores da ação
reflexão dos princípios universais da cotidiana.
humanidade. • Varia no tempo e no espaço.
• São os valores humanos universais e • São os valores concernentes ao bem e
fundamentais. ao mal, permitindo ou proibindo.
• É a teoria do comportamento moral. • Conjunto de normas e regras
• É a compreensão subjetiva do ato reguladoras da relação entre os
moral. homens de uma determinada
comunidade.
• Nasce da necessidade de ajudar cada
membro aos interesses coletivos do
grupo.
FONTE: Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)
37
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
O que o autor quer alertar é que todos esses problemas são práticos e reais
e se apresentam nas relações afetivas dos seres humanos. As decisões práticas
humanas podem afetar um pequeno ou um grande grupo.
38
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
• Capitalismo.
• Socialismo.
Então, podemos dizer que quando é constituída uma nova estrutura social,
a ética, os vilões e princípios morais são modificados para constituir assim esta
nova concepção de sociedade. Em outros termos, o sistema de valores morais se
transforma no processo de constituição de um novo padrão sócio-histórico.
39
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
ATENCAO
40
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
Observa-se que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são
constituídos por nossa sociedade. E com relação a estes valores, cada um de nós
possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal.
41
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e outras
regras e normas da sociedade.
E
IMPORTANT
UNI
42
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
43
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
5 O SUJEITO ÉTICO-MORAL
Como você pode observar na seguinte figura, cada povo possui sua
tradição, hábitos, costumes e cultura, desencadeando valores e princípios morais
diferentes, que conduzem o seu comportamento social e moral.
FONTE: Os autores
44
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
UNI
Se você quiser saber mais sobre o comportamento moral destes grupos sociais/
povos, pesquise, na internet, sobre a CULTURA de cada povo. Assim, você poderá observar as
diferenças culturais de cada um e identificar seus princípios morais.
UNI
E
IMPORTANT
FIGURA 11 – INDECISÃO
ATENCAO
Partindo desta indagação, podemos afirmar que o homem vive num mundo
real, estabelecendo diversas relações com a natureza, transformando-a segundo as
suas necessidades reais, sobrevivendo, ao longo de sua história, a partir dessas
relações.
DICAS
47
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Então, podemos concluir que é por meio do trabalho que os seres humanos
colocam em prática suas capacidades humanas. Assim, o trabalho é a base
fundamental na formação da consciência moral de todos os seres humanos,
pois, segundo Barroco (2000, p. 45), “[...] o trabalho é uma atividade social, cuja
realização cria valores e costumes, desenvolve habilidades e sentimentos, formas
de comunicação, de intercâmbio e de conhecimento; em outras palavras, cria a
cultura e sua própria história.” É por meio do trabalho que os homens desenvolvem
seus princípios e sua cultura, consequentemente, seus valores sociais e éticos.
LEITURA COMPLEMENTAR
ÉTICA E MORAL
Sandro Dennis
Esta confusão pode ser resolvida com o estudo em paralelo dos dois temas,
sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do
homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição
e pelo cotidiano. É a “ciência dos costumes”. A Moral tem caráter normativo e
obrigatório.
48
TÓPICO 2 | A ÉTICA E A MORAL CAMINHAM JUNTAS
49
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
51
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Na Contemporaneidade, NIETZSCHE
atribui a origem dos valores éticos não à razão, mas
à emoção. Para ele, o homem forte é aquele que
Hegel não reprime seus impulsos e desejos, que não se
submete à moral demagógica e repressora. E para coroar essa mudança radical
de conceitos, surge FREUD com a descoberta do inconsciente, instância psíquica
que controla o homem, burlando sua consciência para trazer à tona a sexualidade
represada e que o neurotiza. Porém, FREUD, em momento algum afirma dever o
homem viver de acordo com suas paixões, apenas buscar equilibrar e conciliar o
id com o superego, ou seja, o ser humano deve tentar equilibrar a paixão e a razão.
Hoje, em uma era em que cada vez mais se fala de globalização, da qual
somos todos funcionários e insumos de produção, o conhecimento de nossa cultura
passa inevitavelmente pelo conhecimento de outras culturas. Entretanto, essa
tarefa antropológica não é suficiente para o homem comum superar a crise da ética
atual conhecendo o outro e suas necessidades para se chegar à sua convivência
harmônica. Ao contrário, ser feliz hoje é dominar progresso técnico e científico, ser
feliz é ter. Não há mais espaço para uma ética voltada para uma comunidade. Hoje
se aposta no individualismo, no consumo, na rapidez de produção.
FONTE: DENIS, Sandro. ÉTICA E MORAL. CÍRCULO CÚBICO. Disponível em: <http://
circulocubico.wordpress.com/2008/04/04/tica-e-moral/>. Acesso em: 9 set. 2011.
53
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
54
AUTOATIVIDADE
55
56
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O terceiro e último tópico da Unidade 1 vem apresentar as relações humanas,
no sentido de dar conta da visão multidimensional do ser humano em relação às suas
possibilidades de se relacionar. Vamos identificar a importância dos valores necessários
para a boa convivência social, do nosso cotidiano, a importância da compreensão do
bem comum com algumas variantes a destacar.
2 VALORES
O que entendemos por valores? Os valores são imutáveis? Como escolher
valores? Vamos aprender e refletir neste ponto sobre os valores que estão no centro
de nossas escolhas e também como esses valores se constituem. Queremos aqui
refletir da urgência desse tema que está presente em nosso cotidiano e é fundamental
para nossa convivência social: os valores. Vamos aprender o que são esses valores,
como são constituídos, mantidos ou abandonados e – importante – porque com isso
saberemos como e por que lemos o mundo da forma que o fazemos e como os outros
nos interpretam. Trata-se, portanto, de buscar os fundamentos de nossa identidade.
FIGURA 12 – IDENTIDADE
57
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
E
IMPORTANT
A palavra VALOR tem sua raiz no latim, valere, e significa coragem, bravura, o
caráter do homem; daí por extensão significa aquilo que dá a algo um caráter.
1. A noção filosófica de valor está relacionada por um lado àquilo que é bom, útil, positivo; e,
por outro lado, à prescrição, ou seja, a algo que deve ser realizado.
2. Do ponto de vista ético, os valores são os fundamentos da moral, das normas e regras que
prescrevem a conduta correta (JAPIASSU; MARCONDES, 2001, p. 268).
E
IMPORTANT
58
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
59
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
60
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
de arte. Da mesma forma acontece com os valores morais, já que não nascemos
morais e sim, nos tornamos sujeitos morais. Aprendemos a ser morais.
DICAS
Filmes: Forall: o trampolim da vitória (Brasil, 1997). Luiz Carlos Lacerda e Buza
Ferraz. Gaijin: caminhos da liberdade (Brasil, 1980). Tizuka Yamazaki. Sonhos (Estados Unidos/
Japão, 1990). Akira Kurosawa.
61
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
62
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
NOTA
63
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
E
IMPORTANT
Na verdade, o que os autores querem dizer é que por trás de toda liberdade
existe uma condição moral e um fim no bem comum, como afirmam: “Uma primeira
afirmação da ética consiste em que a liberdade não está para fazer qualquer coisa,
ou a serviço do agir sem rumo ou irresponsável, mas deve estar a serviço do bem”.
(ALONSO; LÓPEZ; CASTRUCCI, 2010, p. 29).
64
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
Não sabemos se choverá amanhã ou se fará sol, não sabemos realmente o que
pode acontecer no dia seguinte e nem o caminho que vamos tomar daqui para frente.
De acordo com Tomelin e Tomelin (2002, p. 128), “nosso existir se constitui a cada
dia, pois o homem não é algo pronto e acabado, é um ser em movimento e que tem
possibilidades de escolha. O nosso existir revela uma escolha. Uma escolha de nossos
pais, ao terem um filho, e uma escolha nossa, de optarmos todos os dias pela vida”.
65
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
E
IMPORTANT
“LIBERDADE, essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém
que explique, e ninguém que a entenda.” (Cecília Meireles)
Você, por muitas vezes, deve ter se sentido preso, sem liberdade para
sair de casa ou fazer o que quer. Ou que, muitas vezes, ao ser livre para querer,
acaba querendo o que os outros querem que se queira. [...] A liberdade sempre
foi uma questão fundamental na história da humanidade. Todos nós queremos
ser livres. Através da história, percebemos que muitas pessoas tiveram que
pagar um preço alto pela sua liberdade. Muitos queimados em fogueiras,
outros presos, perseguidos e torturados. Todos necessitam de liberdade. Até
os animais. Você já reparou como o cachorro fica feliz quando o soltamos para
66
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
67
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
FIGURA 15 – GENTILEZA
68
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
NOTA
O profeta Gentileza foi uma pessoa que viveu nas ruas da cidade do Rio de
Janeiro, em que escrevia mensagens de paz, amor e gentileza. Ele passou a viver na rua após
ter perdido toda a família no incêndio em Niterói-RJ.
Rosana Braga (2011) dá dicas práticas para que a gentileza seja exercitada
no dia a dia das pessoas. É uma relação de atitudes básicas para que as pessoas
possam se harmonizar. Vejamos as dez ações de gentileza:
70
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
71
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
Esses aspectos essenciais apontam para que o bem comum só seja possível
se houver o bem-estar das pessoas com elas mesmas (individual e coletivo), e
também em qualquer espaço, seja a sua própria comunidade ou com a sociedade
em geral.
72
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
73
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
UNI
NOTA
LEITURA COMPLEMENTAR
Roberto Romano
75
UNIDADE 1 | A ÉTICA E A MORAL
76
TÓPICO 3 | A ÉTICA E A MORAL NA SOCIEDADE
UNI
Xinran é jornalista e nesse livro conta as histórias verídicas de mulheres chinesas em relação
à cultura machista do único filho homem. São dez histórias que contam a interrupção da
relação mãe e filha.
• Poligamia: CHIZIANE, Paulina. Niketche: uma história de poligamia. São Paulo: Companhia
das Letras, 2004.
77
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:
• As nossas raízes éticas advêm da nossa própria história, por meio do trabalho.
• No nosso dia a dia existem pessoas que não respeitam as normas de conduta da
sociedade em que vivem, estas pessoas possuem um comportamento imoral ou
antiético.
78
AUTOATIVIDADE
79
80
UNIDADE 2
A POLÍTICA
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Sandro Luiz Bazzanella
André Bazzanella
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
Assista ao vídeo
desta unidade.
81
82
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Depois de aprender um pouco sobre ética e sobre a moral, queremos
conversar com você sobre política. Você não acha que esse assunto está bem
(ou mal) relacionado com a ética e a moral? Por isso, nesta unidade você irá
conhecer os princípios filosóficos e éticos da política. Pretendemos estimular a sua
curiosidade e promover o seu pensamento crítico também e – por que não? – para
as coisas públicas, das quais e pelas quais nós nascemos, vivemos e morremos.
Vamos então estudar o pensamento político na Idade Média, a importância da
ética cristã com seus dois grandes expoentes e finalizar este tópico com a política
que se desenvolve na Modernidade e alguns desafios e questionamentos presentes
na Contemporaneidade.
Para os hebreus, todo e qualquer governo, seja ele qual for, precisaria ter
a característica de teocrático, porque para eles o governo pertence a Deus. Além
disso, os hebreus são conhecidos como o povo para quem Deus se revelou e deixou
a Torá: o livro das leis (ditadas pelo próprio Deus a Moises, quando este passou 40
dias em Sua presença no monte Sião, recebendo todas as orientações sob a forma
de lei que os homens deveriam obedecer). Os hebreus eram, assim, legalistas, ou
seja, o povo conduzido pela lei divina.
83
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
No primeiro, Deus faz uma aliança com Noé, Abraão e Moisés. No segundo,
Deus renova a aliança de forma messiânica, através do messias Jesus. Do lado
romano, que conquistou a Grécia – portanto, a Grécia foi “romana” por muito
tempo, no período em que o cristianismo se expandiu*e depois se torna a religião
oficial do Império Romano:
84
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
Essa concepção de mundo dissemina a ideia de que cada qual deve ficar
em seu devido lugar a que foi destinado ao nascer e com isso as teorias políticas
conseguem o seguinte: mantêm o poder imperial e eclesiástico. No topo dessa
hierarquia encontram-se o papa e o imperador.
Esse modelo de teoria política perdurou por toda a Idade Média, ora dando
mais poder ao imperador, ora mais ao papa. Essa polarização de poder gerou
conflitos, guerras e corrupção por parte de um e de outro. Para entender melhor
isso, vamos, no próximo ponto, estudar sobre a ética cristã.
3 ÉTICA CRISTÃ
85
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
NOTA
86
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
87
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
FIGURA 21 – ORGULHO
Para Kant, o homem é tudo de ruim! Por isso é preciso instituir o dever
para controlar e dar à vida um ordenamento social.
88
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
NOTA
Fazendo isso, ele liberou a sua consciência, a sua vontade, que para o
cristianismo é fonte de vícios e pecados. Por essa desobediência, o homem, por
castigo de Deus, deveria retirar o seu alimento “com o suor de seu rosto”. Ou seja,
com o trabalho o homem deveria buscar o seu sustento fora do paraíso, porque de
lá foi expulso.
89
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
FIGURA 22 – AFIRMAÇÕES
90
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
NOTA
91
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
NOTA
92
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
93
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
NOTA
94
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
Porém, esta se subordina à lei natural e não pode contrariá-la, sob pena
de se tornar lei injusta e, sendo assim, não há a obrigação de obedecer à lei
injusta. Assim se estabelece o fundamento objetivo e racional da verdadeira
consciência.
4 A POLÍTICA NA MODERNIDADE
Você pode perceber que até a Idade Média, ética e política estavam juntas.
Na Antiguidade, o governante tinha que ser justo e para isso teria que ter suas
ações baseadas no exercício ético sediado pela razão. Para os medievais é a ética
cristã que irá nortear o exercício político.
95
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
NOTA
As orelhas de um livro são aquelas páginas viradas para dentro dele, apresentando
de forma resumida o seu conteúdo).
96
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
Aprendendo agora sobre isso, você pode ler O Príncipe, de Maquiavel, com
outros olhos e aplicar alguns ensinamentos para a sua vida profissional. É claro
que você não irá sair por aí pisando em todas as pessoas, batendo e coagindo para
manter uma situação de poder, ou até mesmo, de manutenção do seu emprego.
Para ele, a lógica política deve estar totalmente separada da vida privada
do governante. Uma coisa são as virtudes éticas construídas e cultivadas pelo
sujeito em sua vida privada, particular. Outra coisa é a lógica da virtude na ação
política. Os valores políticos devem ser medidos pela eficácia social. Ele separa o
ethos político do ethos moral. O falso moralismo que impera na política não confere
eficácia ao governante, mas sim, o fracasso.
Maquiavel separa a política da religião e por isso foi criticado tanto por
católicos como por protestantes. Sua obra foi considerada satânica e permaneceu
no índex por vários séculos. Depois disso, Maquiavel foi perdoado e sua obra
é traduzida e muito lida até hoje. Alguém deve ter lido (escondido) sua obra e
percebeu que os tempos mudaram e era preciso ter virtude para se manter no
poder!
97
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Vale lembrar que, mesmo sendo um Estado laico, no Brasil a Igreja ainda
interfere em algumas importantes questões de ordem social, que precisam de
urgente regularização. Você é capaz de identificar essas questões?
98
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
cabe aos seres humanos continuarem caminhando pelo deserto das paixões e
desejos humanos, desprovidos de suas ilusões. Desta forma, esvaziam-se as
grandes tarefas históricas impostas pela modernidade aos sujeitos históricos,
condenados a entregar suas vidas em torno de causas, na sua maioria, inócuas,
vazias e/ou esvaziadas no decorrer do tempo histórico.
qualquer fazer humano, não tem sentido em si mesma, mas sua finalidade deve
estar a serviço da centralidade da condição humana.
FIGURA 26 – CERTO-ERRADO
101
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Uma grande parte da humanidade vive hoje no meio urbano. Alguns países
asiáticos defendem os aglomerados urbanos, justamente pela proximidade de tudo
a todos: serviço, lazer, trabalho, moradia. Compreender a sociedade hoje passa
pela compreensão da urbanidade, que automaticamente vai nos conduzir para a
civilidade, para a solidariedade, partindo do pressuposto de que acreditamos no
ser humano de bem.
E
IMPORTANT
Urbanidade é cortesia.
102
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
FIGURA 27 – CIVILIDADE
FIGURA 28 – SOLIDARIEDADE
103
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
104
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
[...] a ética foi reduzida a algo de privado. [...] Ora, nos tempos da
grande filosofia, a justiça e todas as demais virtudes éticas referiam-
se ao universal (no caso, ao povo ou à polis), eram virtudes políticas,
sociais. Numa formulação de grande filosofia, poderíamos dizer que o
lema máximo de ética é o bem comum. E se hoje a ética ficou reduzida
ao particular, ao privado, isto é um mal sinal.
105
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
7.1 FAMÍLIA
Dez entre dez pessoas consideram a família um porto seguro, o lugar ideal
e real para se sentir acolhido, de acolher, de estar bem e de fazer o bem, de viver
autenticamente o amor.
106
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
A crítica atual insiste muito mais, agora, sobre a injustiça que reside no
fato de só alguns possuírem os meios da riqueza, e a crítica à propriedade
se reduz sempre mais apenas aos meios de produção. [...] A propriedade
particular aparece agora, nas doutrinas éticas, principalmente como
uma forma de extensão da personalidade humana, como extensão do
seu corpo, como forma de aumentar sua segurança pessoal, e de afirmar
a sua autodeterminação sobre as coisas do mundo.
107
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
UNI
Quando Hobbes disse: “[...] que todo homem é opaco diante do outro”, ele estava
dizendo que não olhamos com nitidez o outro e nós também não somos vistos com nitidez
diante do outro. Sempre um se considera melhor que o outro. Você concorda com essa
afirmação? Pense sobre a afirmação hobbesiana e justifique sua resposta.
Vamos começar com Hobbes. Você deve conhecer uma frase célebre dele:
“O homem é o lobo do homem”. Por que será que ele disse e escreveu isso? Vamos
aprender! A frase clássica de Hobbes nos remete à ideia de que ele investiga, em
primeiro lugar, o homem em estado natural, antes de existir uma sociedade civil
organizada.
108
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
Segundo o filósofo Renato Janine, o que Hobbes ensina é que “[...] todo
homem é opaco aos olhos do outro” (RIBEIRO, 2009, p. 59). Como não se sabe o
que o outro pretende, o melhor para a defesa é o ataque antecipado. A ideia do
“homem lobo do homem” não é uma ação animalesca, mas racional e pensada.
Dessa forma, instala-se uma guerra generalizada. Por isso, é necessário um Estado
forte para controlá-los. Mas por que existe essa disputa eterna? Para Hobbes, há
três motivações intrínsecas no ser humano: a competição, a desconfiança e a glória
(a vaidade). O estado natural de guerra é porque todos se imaginam poderosos,
perseguidos e traídos.
109
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
110
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
No ideário burguês, Deus fez todos os homens iguais e com direito, pelo
trabalho, à propriedade privada. Se os pobres não a tem é porque são culpados por
sua condição de pobreza e inferioridade.
Qual será o papel do Estado para esta nova situação? É o que veremos no
próximo ponto.
7.3 ESTADO
• Garantir a propriedade privada por meio das leis e pelo uso da violência
(exército e polícia).
• O Estado é o árbitro nos conflitos existentes na sociedade civil (por meio da lei
e da força).
111
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Complementando, Valls (2003, p. 75) expõe que “os Estados que existem
de fato são as instâncias do interesse comum universal, acima das classes e dos
interesses egoístas privados e de pequenos grupos. [...] Em outras palavras, o
Estado real resolve o problema das classes, ou serve a um dos lados, na luta de
classes?”
LEITURA COMPLEMENTAR
Jerônimo Mendes
112
TÓPICO 1 | A FORMAÇÃO POLÍTICA OCIDENTAL
Essa comparação não define o certo e o errado. Ela apenas levanta uma
questão interessante sobre o conceito de valores e depende do ponto de vista de
cada cultura ou de cada pessoa, em particular. Na prática, é muito mais simples
ater-se aos valores do que aos princípios, pois este último exige muito de nós. Os
valores completamente equivocados da nossa sociedade – dinheiro, sucesso, luxo
e riqueza – estão na ordem do dia, infelizmente. Todos os dias somos convidados
a negligenciar os princípios e adotar os valores ditados pela sociedade.
113
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Uma pessoa pode ter valores e não ter princípios. Hitler, por exemplo,
conhecia os princípios, mas preferiu ignorá-los e adotar valores como a supremacia
da raça ariana, a aniquilação da oposição e a dominação pela força. Significa que
também não dispunha de virtudes, pois as virtudes são decorrentes dos princípios
e o seu legado foi um dos mais nefastos da história. Sua ambição desmedida o
tornou obcecado por valores que contrastam com os princípios universais.
114
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu:
115
AUTOATIVIDADE
116
UNIDADE 2 TÓPICO 2
A FILOSOFIA POLÍTICA
1 INTRODUÇÃO
Diz o ditado popular que não devemos discutir política nem futebol. Talvez
consigamos não falar de política, mas de futebol é impossível para nós brasileiros
fazer “ouvidos moucos”, ou seja, “fingir que não ouvimos”.
Mesmo para aqueles que não têm time, não entendem de futebol e, aliás,
nem gostam do esporte. Mas, como somos sociáveis, sempre partilhamos de uma
conversa, seja dentro do ônibus, no trabalho ou nas filas infindáveis de nossa vida
cotidiana. Também ficamos por “dentro” da vida dos jogadores que se tornaram
ídolos, verdadeiras celebridades em todo o mundo. Agora, sobre política,
conseguimos escapar!
Mas, sabe de uma coisa? Mesmo quando ficamos “ouvindo” uma conversa
acalorada sobre futebol, saiba que ali está implícita uma política. Os governos, não
só o brasileiro, promovem políticas para o esporte. É claro que esta política deve
atingir todas as modalidades de esporte e não só a ‘paixão nacional’, o futebol.
117
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Mas o nosso assunto é política. Então vamos jogar essa bola e fazer gol
com o nosso tema. Apenas nesses parágrafos que deram início à nossa conversa
você já pode perceber que a política está em nossa vida quase que na mesma
proporção que o ar que respiramos. Da mesma forma que não vemos o ar, também
não percebemos a presença desse fenômeno em nosso cotidiano. Mas ele está lá:
quando pagamos a conta de água, de luz e de telefone, estamos fazendo política,
porque ali na fatura está incluído um imposto. Você já olhou para conferir? Para
onde vai esse dinheiro? Deveria ser revertido para a população em forma de
melhorias, mas isso nem sempre acontece. Por isso, quando nos faltam a água, a
luz, a comunicação, a saúde, aí sim, nos lembramos de que passamos a maior parte
da nossa vida pagando e não recebendo na mesma proporção. Esse tema se refere
à política de distribuição de renda adotada por um governo.
Mas o que é política? O que significa fazer política? Quem faz política? Usamos
a palavra política para designar a gestão de vários segmentos que tanto podem ser
relacionados à nossa vida privada quanto à nossa vida pública. Olha aí, duas instâncias
de nossa vida: a privada e a pública. A privada é aquela que diz respeito apenas à
nossa pessoa, e a pública envolve uma questão coletiva.
FIGURA 33 – POLÍTICA
Educação etc. Estes representam a ideia de Estado. Ou seja, são “partes” do Estado
que têm autoridade legitimada para gerir o erário (dinheiro) para atender aos
governos – projetos – em benefício do cidadão, da sociedade.
119
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Nas realezas existentes, antes dos gregos, nos territórios que viriam a
formar a Grécia – realezas micênicas e cretenses –, bem como as que
existiam nos territórios que viriam a formar Roma – realezas etruscas
–, assim como nos grandes impérios orientais – Pérsia, Egito, Babilônia,
Índia, China – vigorava o poder despótico ou patriarcal. (CHAUÍ, 2002,
p. 372).
Podemos ver por essa citação que ali já se delineia uma luta de classes que
irá perpassar, de uma forma ou de outra, por toda a história da humanidade. Com
o fenômeno urbano, as relações também vão se alterando de forma significativa e
outros segmentos, que não o agrário, vão surgindo – os artesãos, os comerciantes e
a massa dos despossuídos. Esse povo formava o grupo de pessoas que trabalhavam
para aqueles que detinham o comércio, a fabricação de artefatos (artesão), como
empregados domésticos (homens, mulheres e crianças) que “serviam” para toda
sorte de trabalho considerado indigno para os “ricos”. Portanto, já havia a ideia de
pobre e rico e a luta entre as duas classes.
Essas lutas também eram decorrentes das guerras, que, segundo Chauí
(2002), envolviam todos em guerras para a expansão territorial e, por isso, todos
se sentiam no “direito” de intervir nas decisões da cidade. Por esse motivo, havia
necessidade urgente para colocar ordem naquela confusão.
120
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
Vamos a ela.
121
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Platão utilizou desse mito para explicar que a política, embora com
a intervenção dos deuses, nasceu para colocar harmonia entre os homens, ou
melhor, as leis e o legislador garantem essa harmonia.
Uma resposta que nos parece coerente, e de que os homens viviam muito
bem, mas começaram, por alguma razão, uma guerra interminável, transformando
o mundo, que antes gozava de paz e felicidade, em um verdadeiro sofrimento sem
fim. Por isso, houve a necessidade de se criar uma organização para manter a paz.
122
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
Vamos retomar, mais uma vez, o pensamento desses filósofos para entender
o porquê das divergências sobre as teorias políticas. Comecemos com os sofistas,
que diziam ser a política uma convenção entre os homens. Atenção para a ideia
de CONVENÇÃO. Isso quer dizer que é mais conveniente aos homens viverem
agrupados em comunidade e por isso criam as regras que se transformam em
leis, cuja finalidade é promover a justiça. Pensado assim é ótimo, porque se as leis
surgiram a partir da convenção entre os homens, significa que podem mudar de
acordo com as circunstâncias.
Da mesma forma que o corpo está dividido, a polis também tem uma
estrutura tripartite, formada por três classes: a dos proprietários de terras, dos
comerciantes e dos artesãos – que garantem a sobrevivência material da cidade;
a classe militar, responsável pela defesa da cidade; e, por fim, os magistrados,
os sábios que estão prontos para governar a polis. Portanto, só poderá governar
aquele que desenvolver a razão. Os que desenvolvem as outras almas não estão
qualificados para o governo.
123
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Se, em nossas ações, há algum fim, desejamos por ele mesmo e os outros
são desejados só por causa dele, e se não escolhemos indefinidamente
alguma coisa em vista de uma outra (pois, nesse caso, iríamos ao infinito
e nosso desejo seria fútil e vão), é evidente que tal fim só pode ser o bem,
o Sumo Bem e dizer de qual saber ele provém. [...] o fim da política é o
bem propriamente humano. (ARISTÓTELES, 1985, p. 29).
4 POLÍTICA E ÉTICA
Queremos aqui tratar da coisa pública que, sabemos, deve primar pela
ética. Vamos tratar de situações que vivenciamos, presenciamos no nosso dia a
dia, às vezes muito próximas, às vezes que nos atingem direta ou indiretamente.
Vamos lá.
124
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
ATENCAO
Hoje, quando se fala em política, logo vem à mente a ideia do Estado, dos
políticos, das questões eleitorais, partidos políticos etc. De acordo com o Dicionário
da Língua Portuguesa (FERREIRA, 2001, p. 579), verificam-se cinco explicações
para a palavra política:
Veja, caro(a) acadêmico(a), que temos também aqueles que, com plena
convicção, afirmam não se envolver com política, porque justamente “a política não
preza pela ética, pela moral.” É preciso diferenciar política de política partidária ou
até mesmo de “politicagem”. Resumindo, não há porque alienar-se, visto que toda
relação humana, seja de qual tipo for, aí está a política. Até no trabalho exercemos
a política, seja por convivência, seja por exigência de direitos, execução de deveres.
Trabalho, ética e política também caminham juntos. Então, por que ou para que
alienar-se?
125
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
FIGURA 35 – ÉTICA
No que tange à alienação social, podemos citar que muitas vezes os seres
humanos não se dão conta de que são eles que produzem as riquezas de sua
sociedade, por meio de suas atividades laborativas. Diante disto, apresentam duas
posturas, tais como: veem este processo de produção de riquezas como uma ação
natural e espontânea ou rejeitam esta situação, verificando que nós possuímos
muito mais capacidades de julgamento, do que simplesmente acatar tudo o que
vem dos donos do capital (os patrões).
126
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
Nos dois casos, de acordo com Brites e Sales (2000, p. 69), “a sociedade é o
outro (alienus), algo externo a nós, separado de nós, diferente de nós e com poder total
ou nenhum poder sobre nós”.
obsessão pelo espetáculo, pelo desejo de ser controlado, pela busca desenfreada
por segurança, mesmo que isto represente um claro limite à liberdade.
128
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
A bomba atômica foi talvez uma das mais assustadoras criações humanas
na contemporaneidade. O século XX foi o século da finitude: quando o homem
moderno e contemporâneo começa a se perguntar sobre os efeitos daquilo que a
ciência e o seu uso fizeram e fazem sobre a realidade. Todo o otimismo na ciência
e a confiança no progresso se tornaram desconfiança na contemporaneidade. A
crise ética e a urgência do debate ético se fazem cada vez mais necessários diante
do complexo cenário em que vivemos nesse início de século.
E
IMPORTANT
FIGURA 38 – GREVE
129
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Dessa forma, os conflitos entre consciência e lei podem surgir, como alguns
exemplos apresentados na obra de Camargo (1999):
No livro de Robert Henry Srour (2011, p. 29), capítulo 3, o autor coloca uma
grande questão como epígrafe para início de conversa: “Por que se importar com
a ética”?
Como bem abordado pelo autor, muitos podem pensar que ética não tem
nada a ver! Vejamos o que Srour (2011, p. 29) coloca:
Ética! Nada a ver! Ninguém ‘se comporta direito’ com impostos insanos,
bandalheira na máquina pública, lerdeza da Justiça, desperdício de
recursos, obras superfaturadas, infraestrutura em petição de miséria,
descalabro da educação pública, subsídios obscenos ao grande capital,
esperteza em todas as transações, precariedade dos serviços públicos,
incúria das autoridades, sanhas fiscais que achacam... Quer mais?
130
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
E assim como cita Covey (1994), gestão e liderança podem criar uma nova
fórmula para que as suas ações sejam voltadas ao bem coletivo, e não somente aos
interesses particulares dos indivíduos e/ou de interesse direto e tão somente da
organização.
FIGURA 39 – LIDERANÇA
131
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
132
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
O que podemos observar nesse caso? Que tudo o que a empresa fez está
completamente errado e que as suas ações estão no universo do particularismo.
Contudo, Srour (2011, p. 106-107) aprofunda um pouco mais no que ele chama
de “moral da parcialidade”, ou seja, “existem pessoas e organizações que pensam
que existem erros na sociedade, tais como impostos muito caros e que se acham no
direito de transgredir a lei por não concordarem com as normas”.
● adota normas mistas de condutas ao exigir estrita lealdade dos que fazem parte
da empresa (“os de dentro”), ao mesmo tempo em que advoga a malícia nas
relações com os demais (“os de fora”);
133
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
FIGURA 40 – CARAMINHOLAS
E
IMPORTANT
Fatos sociais – são ações neutras. Fatos morais – são ações positivas ou negativas.
O que o autor chama de fato social é qualquer ação neutra, por exemplo,
cumprir com as minhas obrigações no trabalho. Fato moral já implica uma atitude
positiva ou negativa, ser conivente ou agente de práticas ilícitas no trabalho
(negativa), denunciar práticas negativas no trabalho (positiva). Então:
● Fatos sociais - são aqueles que não afetam os outros, nem para o bem e nem
para o mal, portanto, são eticamente neutros.
● Fatos morais - podem ter efeito positivo, numa visão universalista (causam
benefícios aos outros) ou particularista (não causam benefícios aos outros).
135
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
FILOSOFIA POLÍTICA
136
TÓPICO 2 | A FILOSOFIA POLÍTICA
sociedades. Hobbes via esse momento como uma guerra de todos contra todos,
onde, em liberdade, cada indivíduo iria apenas pensar em sua conservação. Deste
momento, no qual o homem é o lobo do homem, a racionalidade faz o homem
perceber que a melhor forma de conservar a sua vida é perdendo um pouco de
liberdade. É neste instante que os homens assinam um contrato fictício de convívio
social. A partir desta origem da sociedade, Hobbes pensa no melhor governo para
evitar o retorno para um estado de natureza caótico. Com isto, vê a garantia da
vida como função vital do Estado, que deve defendê-la mesmo que use de seu
poder para coagir a liberdade dos cidadãos.
137
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos:
• Os dilemas éticos não devem ser empecilhos para o avanço daqueles aspectos
que tornam melhores o ser humano e a sociedade.
138
AUTOATIVIDADE
139
140
UNIDADE 2
TÓPICO 3
A POLÍTICA E O BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Se fizermos um rápido exercício de memória no sentido de identificar
algumas das palavras mais faladas cotidianamente, sem sombra de dúvidas, nós
encontraremos entre elas a “Ética”.
141
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
Mas, verdade seja dita: Pedro Álvares Cabral atracou na costa brasileira, se
deslumbrou com as belezas naturais e pensou ter chegado ao paraíso registrado
na Bíblia; em seguida, solicitou a Pero Vaz de Caminha que enviasse ao Rei a carta
de confirmação da “descoberta” para “registrar” o território em nome de Portugal.
Vejam só: no início do século XVI está acontecendo uma grande mudança
epistemológica, econômica e social. O mundo ocidental europeu está vivenciando
grandes mudanças, mas aqui no Brasil ainda moram os nativos e alguns poucos
estrangeiros que vieram para ficar e, assim, aquelas mudanças e “luzes” demoraram
muito para chegar até nós. Enquanto as máquinas estavam a todo vapor na Europa
dos séculos XVII e XVIII, por aqui ainda se “caçavam bruxas” pela mentalidade
portuguesa e espanhola ainda tutelada pela religião.
Demorou 308 anos para a família real se mudar para cá. Mas não foi por
gosto nem opção. Eles vieram fugidos na “calada da noite”. De que ou de quem
fugiam? Fugiram de medo de Napoleão Bonaparte, que rumava com seu exército
para depor a família real e subtrair-lhe o trono e o reino. Saíram tão às pressas que
esqueceram uma criada no porto. Quem os ajudou financeiramente na fuga? A
Inglaterra. Portanto, nossa dívida externa já data daquela época.
Muitas coisas aconteceram aqui. D. João VI, que ainda não era o rei, fundou
o Banco do Brasil e começou a implantar uma política econômica e um modelo
social burguês. Conforme nos ensina Olivien:
142
TÓPICO 3 | A POLÍTICA E O BRASIL
3 A DEMOCRACIA
Damos um pulo na história e chegamos aos anos 90, do século XX. Estes
anos se configuraram a partir do modelo político fundamentado no chamado
Estado de Direito Democrático. A instalação desse modelo não teve visibilidade
real para a “massa”, ou seja, ele foi sentido, mas não foi compreendido pelo povo.
O povo ficou de fora da discussão que envolveu o processo de mudança.
E isso não foi nada democrático por parte dos ideólogos, legisladores e
executores do modelo político que hoje norteia todas as ações do Estado e do
cidadão.
Vejamos.
143
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
[...] nós podemos dizer que a política social se relaciona com a educação
pública, com a saúde pública, com a habitação pública, com a previdência
social, com a assistência social, com o lazer, com as condições de trabalho,
mas evidentemente as questões relacionadas com financiamento têm
diretamente vínculo com a política social, embora esteja no campo da
política econômica. Elas se colocam em uma totalidade e a destinação
visa apenas esclarecimentos. (VIEIRA, 2001, p. 18).
144
TÓPICO 3 | A POLÍTICA E O BRASIL
Mas Vieira nos ensina que o Neoliberalismo em sua forma pura não foi
implantado em nenhum país. Aqui no Brasil, o que temos é um conjunto de
145
UNIDADE 2 | A POLÍTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Responsabilidade do Governo
146
TÓPICO 3 | A POLÍTICA E O BRASIL
147
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:
• A democracia, por ser um modo de governo voltado para a maioria, deve ter seus
olhos preferencialmente voltados para os mais necessitados, para aqueles que só
têm o governo a quem recorrer.
148
AUTOATIVIDADE
149
150
UNIDADE 3
A SOCIEDADE EM CONTÍNUA
CONSTRUÇÃO
Márcia Bastos de Almeida
Okçana Battini
Giana Albiazzetti
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Isabella Maria Nunes Ferreirinha
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e, no final de cada um deles, você
encontrará atividades que reforçarão o seu aprendizado.
Assista ao vídeo
desta unidade.
151
152
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Pensar nas relações existentes de nossa sociedade, muitas vezes, nos deixa
perplexos, visto que nos deparamos com um emaranhado de fenômenos que nos
coloca em xeque: como é possível existir uma enormidade de padrões em uma
mesma sociedade? Como sujeitos de grupos distintos podem viver de forma
coletiva num mundo cada vez mais globalizado, mas que têm que respeitar as
diferenças? Neste momento, a única certeza que realmente temos é que somos
frutos da sociedade globalizada e por vivermos no Ocidente do mundo, com suas
características e peculiaridades próprias. É o que queremos estudar neste tópico,
entendendo o que é e como se desenvolve a globalização e como é a dinâmica do
modo capitalista do qual fazemos parte.
2 A GLOBALIZAÇÃO
Como vimos no início do nosso texto, a sociedade é fruto das ações entre
os homens, sendo que essas ações modificam o social no decorrer da história.
Antigamente, para nos comunicarmos utilizávamos cartas, existiam as conversas
de rodas nas ruas, nem todos tinham telefone e aparelho de televisão em casa. Com
o desenvolvimento da sociedade capitalista, os meios de comunicação passaram a
ser a principal forma de produzir e reproduzir notícias e informações. Agora tudo
acontece em tempo real. Isso só foi possível com o desenvolvimento do capitalismo.
153
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Sarlo (apud LIMA, 2008, p. 36) coloca que essa sociedade de consumo
está pautada pela estética do mercado em que a “[...] constância das marcas
internacionais e das mercadorias se soma à uniformidade de um espaço sem
qualidades”. Construímos nossa identidade pautada nos ícones do mercado,
sonhamos com os objetos e imagens que estão expostos nas vitrines. Há um jogo da
sociedade capitalista para transformar em consumidores eternamente insatisfeitos,
em busca de ícones que possam trazer algum tipo de prazer imediato, instituindo
valores que mudam conforme a vontade do capital.
NOTA
156
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
Para a leitura crítica, alguns motivos seriam: a veiculação que eles realizam
de uma cultura homogênea (que desconsidera diferenças culturais e padroniza
o público), o desestímulo à sensibilidade, o estímulo publicitário (criando para
o público novas necessidades de consumo), a sua definição como simples lazer
e entretenimento, desestimulando o público a pensar, tornando-o passivo e
conformista; já para a leitura do elogio abordam que os meios de comunicação de
massa, muitas vezes, são a única fonte de informação possível a uma parcela da
população que sempre esteve distante das informações, as informações veiculadas
podem contribuir para a formação intelectual do público e a padronização do gosto
gerada por eles pode funcionar como um elemento unificador das sensibilidades
dos diferentes grupos.
157
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
NOTA
158
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
Por outro lado, devemos pensar que todo esse processo abre espaço para
novas possibilidades e perspectivas. É importante considerarmos a globalização
como um processo que promove o contato intenso entre as diferentes culturas e as
trocas culturais abrem sempre possibilidades de crescimento, de amadurecimento,
de ganho para os lados envolvidos.
159
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
3 A SOCIEDADE CAPITALISTA
160
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
161
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
162
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
163
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Esse contexto, no final do século XVIII, faz com que a sociedade passe
por grandes mudanças nos âmbitos econômico, produtivo, cultural e político,
desembocando em novos problemas sociais até então inexistentes para a população
europeia. É a derrocada do feudalismo e o surgimento do modo de produção
capitalista, ou seja, a sociedade capitalista, a nossa sociedade. Vejam que estamos
falando de mudanças que aconteceram no final do século XVIII e que ainda hoje,
em pleno século XXI, estabelecem as estruturas sociais, econômicas, políticas e
ideológicas. Nesse sentido, temos a instituição de novas formas de viver, a troca
de ideias passa a ser maior, desembocando em novas formas de organizar a
vida, sendo necessário o estabelecimento de novas normas, leis que fixam novos
costumes, tradições e maneiras de agir, que passam a ser convenientes aos grupos
sociais. Em síntese, nasce uma nova formação social, juntamente com ‘novos’
problemas sociais, oriundos dessas novas relações de trabalho, do ‘inchamento’
das cidades, desemprego, falta de infraestrutura e saneamento básico, doenças etc.
NOTA
São esses novos problemas sociais que levam alguns pensadores a refletir
sobre a realidade. Nesse contexto, surge a sociologia como ciência, com o objetivo
de buscar compreender essa estrutura social. Assim, a sociologia nasce no século
XIX, juntamente com a consolidação da sociedade capitalista.
164
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
NOTA
3.2 CARACTERÍSTICAS
165
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
166
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
167
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
168
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
169
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
E
IMPORTANT
Entretanto, será que, por natureza, os homens são realmente iguais entre
si?
170
TÓPICO 1 | VIVER NO MUNDO GLOBALIZADO
NOTA
Finalizando, podemos entender que esta teoria liberal, por sua vez, formula
e regula suas próprias leis com relação à economia de uma sociedade, na qual estas
leis e normas preconizam um equilíbrio das relações de mercado, de compra e
venda.
LEITURA COMPLEMENTAR
Ética no trabalho
Por essa razão, ética não é um conceito facilmente aplicável nas grandes
corporações, até mesmo porque o capital não consegue se multiplicar na velocidade
que precisa se adotá-la como bandeira. Se assim o fizesse, a distribuição de renda
seria diferente, as relações desumanas no trabalho teriam outra conotação e os
profissionais de valor seriam mais do que um simples número no quadro de
empregados da organização.
171
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Infelizmente não existe emprego ideal, mas existe trabalho ideal, caso
contrário, o mundo seria cruel. O que nos move para frente é a certeza de que
existem pessoas de bem, apesar da nossa tendência inequívoca de pensar diferente.
173
RESUMO DO TÓPICO 1
174
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução desta questão
175
176
UNIDADE 3
TÓPICO 2
PENSANDO A SOCIEDADE
1 INTRODUÇÃO
Pensar nas relações existentes de nossa sociedade, muitas vezes, nos deixa
perplexos, visto que nos deparamos com um emaranhado de fenômenos que nos
coloca em xeque: como é possível existir uma enormidade de padrões em uma
mesma sociedade? Como sujeitos de grupos distintos podem viver de forma
coletiva? Neste momento, a única certeza que realmente temos é que somos frutos
da sociedade. E, para percorrer esse caminho, convidamos vocês a seguirem por
essa estrada fascinante construída pelo homem, que ao transformar a natureza a
seu favor criou elementos sociais que nos auxiliam a viver nos dias de hoje.
2 GRANDES PENSADORES
Karl Marx e Friedrich Engels, por sua vez, realizam uma leitura do modo
de produção capitalista baseada na crítica ao modelo de produção. Para os autores,
torna-se necessária a transformação da sociedade por parte dos trabalhadores, por
meio da superação da desigualdade social.
177
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Nesse sentido, ele faz uma analogia da sociedade como uma espécie
de “organismo vivo”. Para Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um
organismo humano, uma vez composta por várias partes, onde cada parte teria uma
função específica a desempenhar, sendo que essas funções são obrigatoriamente
interdependentes.
Para ficar mais claro: vamos pensar em nosso corpo, onde todos os órgãos
– coração, rins, pulmão etc. – devem viver em consonância, pois se algum órgão
178
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
estiver com problema ficamos doentes, e que para melhorarmos precisamos tomar
uma medicação para voltarmos ao nosso estado normal, com saúde.
Durkheim faz uma analogia do corpo humano com a sociedade, por isso
ele considera a sociologia uma espécie de biologia social. A sociedade seria um
organismo onde as instituições (Estado, escola, política, família) seriam os órgãos,
e cada uma dessas instituições deveria exercer sua função em consonância para
que a sociedade mantivesse a harmonia e buscasse o progresso. Segundo Meksenas
(1994, p. 70): “Se a sociedade é o corpo, o Estado é o seu cérebro, e por isso tem
a função de organizar essa sociedade, reelaborando aspectos da consciência
coletiva“.
179
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
a dia, que pensamos ser fruto da nossa vontade, das nossas escolhas enquanto
indivíduo, são socialmente constituídas.
Até aqui vimos que a sociedade é que estabelece regras e normas para que os
indivíduos as sigam, e que os problemas devem ser estudados como fatos sociais.
Apesar de todos os problemas existentes, Durkheim tinha uma visão otimista da
sociedade capitalista emergente, principalmente porque ela, segundo o autor,
desenvolveu novas relações que permitiram maior integração dos indivíduos com
a sociedade, gerando novos laços de solidariedade. Para ele, o capitalismo trazia
em seu interior um processo de crescente especialização do trabalho: as pessoas
eram levadas a especializar-se numa área ou num assunto, não sendo possível
que elas dominassem plenamente todos os assuntos, ou soubessem desempenhar
todas as profissões na sociedade.
180
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
E
IMPORTANT
Existem muitas obras de primeira mão (escritas pelo próprio Marx) e de segunda
mão (interpretação do pensamento marxiano) sobre a teoria de Karl Marx. As mais significativas
escritas por Marx são: A ideologia alemã, O capital, Os manuscritos econômicos e filosóficos,
além do Manifesto do Partido Comunista. Antonio Gramsci (Os intelectuais e a organização da
cultura), Vladimir Illitch Ulianov – Lênin (Estado e a revolução) são pensadores contemporâneos
que utilizam as bases marxianas para a interpretação da sociedade capitalista moderna.
182
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
183
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
184
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
Mas como essas classes vivem em estado de luta, Marx coloca como ponto
central a necessidade dos trabalhadores orientar-se, inicialmente, na organização
de todos os trabalhadores em sindicatos. Em seguida, essa organização deveria
provocar a formação de um partido específico para a defesa dos interesses dos
trabalhadores.
185
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Este partido, por sua vez, deveria fazer oposição ao Estado capitalista,
considerado por Marx o “comitê da classe burguesa”, ou seja, mero instrumento
para a defesa dos interesses da burguesia.
187
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Dentro desse contexto, percebemos que Marx propõe uma sociedade livre
das condições de contradição, das classes sociais e da exploração do trabalho. É
dentro desse sentido que a educação é vista como fator de transformação social
e ponto central para a construção das novas condições de vida humana. Vale
ressaltar que seu pensamento é extremamente importante para uma leitura crítica
da sociedade capitalista dos dias de hoje.
188
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
E
IMPORTANT
Já a ação racional com relações afins é uma ação planejada, ou seja, uma
ação racional em que pensamos quais os objetivos queremos alcançar, e quais os
meios que iremos utilizar para consegui-los. Prestem atenção que aqui existe um
pensamento, é uma ação consciente. Exemplo: tenho como objetivo fazer um curso
superior e, para isso, tenho que agir racionalmente, estudando muito para passar
no vestibular e terminar a universidade.
189
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
A relação racional com relação a valores também é uma ação racional, visto
que é determinada pela crença consciente em um valor que se considera importante.
Exemplo: vou à igreja todos os domingos, pois acredito, conscientemente, nos
valores que são transmitidos por ela, e não porque é uma tradição da minha família.
Baseado nos tipos de ação social, Weber distingue que, para existir a
sociedade, é necessário que o sentido das ações realizadas pelos indivíduos seja o
mesmo, pois um indivíduo sozinho não é capaz de construir a sociedade. Torna-se
necessário que o sentido da ação seja compartilhado por um grupo de indivíduos,
visto que, para Weber, a sociedade é fruto das relações sociais.
[...] para que se estabeleça uma relação social, é preciso que o sentido
seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede uma informação
a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação
a outro indivíduo, mas tal motivo não é compartilhado. Numa sala de
aula, onde o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhado, existe
uma relação social. (COSTA, 2002, p. 73).
190
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
Outro ponto discutido por Weber é a análise que ele realiza sobre a
consolidação do modo de produção capitalista. Para ele, o capitalismo teve sua
base inicial nas ações sociais dos indivíduos que seguiam os princípios da religião
calvinista (fruto da Reforma Protestante – que já elencamos no início do nosso texto)
baseados em princípios como a ética e disciplina para o trabalho e a importância do
ato de poupar, pois acreditavam que esses mecanismos que levavam ao trabalho e
sucesso seriam indícios de estarem glorificando a figura divina.
Vimos que Weber estabelece que a sociedade é constituída das ações dos
indivíduos e suas interações, visando estabelecer valores a serem compartilhados
em sociedade. Com o desenvolvimento da sociedade moderna, ocorreu uma
maior racionalização dessas ações, necessitando estabelecer um maior número
de regulamentos e normas a ser obedecido, para amenizar o conflito existente
entre os indivíduos. Essas leis partem do pressuposto da dominação legal, de
modo que alguns indivíduos as criam e as impõem sobre outros. Juntamente com
essa sociedade moderna e a aplicação de suas leis, necessita-se de um quadro
administrativo, hierarquizado, burocrático e profissional para implementá-las e
fazer com que seja estabelecido o consenso entre os indivíduos, para que todos
ajam conforme essas determinações sociais existentes em sociedade. Mas Weber
afirma que as relações sociais não são instituídas definitivamente.
191
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
192
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
Podemos dizer que a educação, para Weber, é o modo pelo qual os homens
são preparados para exercer as funções dentro da sociedade. Essa educação é uma
educação racional. A educação e a escola, como instituição do Estado Moderno,
passaram a ser um fator de estratificação social e não mais visam a educar para o
mundo. Nesse sentido, Weber estabelece que o ato de educar é uma ação (olha a
ação social novamente!) socialmente dirigida e segue três tipos, segundo Rodrigues
(2000, p. 79):
Podemos perceber que a educação, para Weber, não está vinculada enquanto
formação integral do homem, mas sim uma educação como treinamento para
habilitar o indivíduo para a realização de determinada tarefa, a fim de obter poder
e dinheiro, dentro dessa sociedade cada vez mais racionalizada, burocratizada e
estratificada.
O homem e as ações que realiza fazem com que essa teia de relações
preestabelecidas possa ser reconstruída pelos próprios indivíduos, no sentido de
estabelecer novos princípios para a sociedade.
193
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
194
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
195
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
De forma geral, talvez seja possível dizer que seu pensamento se caracteriza
por uma aposta na rearticulação do projeto moderno, assentado nos pressupostos
do iluminismo racional.
196
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
197
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Durante muito tempo Heidegger foi seu mestre intelectual. Em 1934, Jonas
é obrigado a abandonar a Alemanha em função da ascensão do nazismo ao poder.
198
TÓPICO 2 | PENSANDO A SOCIEDADE
199
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
eleva o homem é sua capacidade moral aplicada ao seu poder de agir, prover e
intervir no mundo.
3 SOCIEDADE DO CONTROLE
Caro (a) acadêmico (a)! Será que nós controlamos a evolução da sociedade,
a construção da sociedade, ou somos controlados por ela e seus mecanismos? Será
que realmente pensamos a sociedade, ou ela se gere independente de nós?
“Sorria, você está sendo filmado(a)”. Sorria? Chore, sei lá. Foucault, grande
pensador já citado neste caderno, mas que merece atenção nos seus estudos
particulares, denuncia as sutis formas de controle que se colocam em nosso tempo.
O império da técnica causa absurdos, como a compulsão excessiva pelo controle e
enquadramento. Então: digitou os números acima? Acesse o texto logo e, se tentar
encomendar uma pizza em 2015, boa sorte!
201
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Talvez o que se torna importante nos darmos conta é que esta “sociedade do
controle” é o resultado do incansável esforço da racionalidade que se instaura ao
longo dos últimos quinhentos anos de nossa civilização ocidental. Racionalidade
pautada na ciência, na tecnologia, na engenharia, na administração do mundo, da
203
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
E, apesar de todo este controle, nos achamos “mais livres”, “mais seguros”,
“mais modernos”, “melhores que outros seres humanos que viveram em outras
épocas”. O paradoxo que nos assola contemporaneamente coloca-se na seguinte
perspectiva: “Quanto maior nossa necessidade de segurança, menor é a nossa
liberdade”. Talvez não tenhamos nos dado conta, mas somos participantes em
tempo real e integral de um grande “Big Brother”, onde alguns existem, pois têm
seus códigos e contas e podem ser controlados, e outros que simplesmente não têm
códigos, senhas, não existem e, portanto, não há necessidade de serem controlados,
não consomem.
204
RESUMO DO TÓPICO 2
• As ideias sobre Foucault, que tanto quanto Nietzsche, é lido, elogiado, criticado e
até mesmo distorcido; contraditório, como todo grande filósofo, seu pensamento
está ligado à multiplicidade da vida.
• As ideias sobre Hans Jonas, sua ética busca apresentar uma perspectiva diante da
civilização tecnológica.
205
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução da questão 2
206
UNIDADE 3
TÓPICO 3
SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Não seria comum, caro acadêmico, se você não se perguntasse que tipo de
sujeito a sociedade precisa para ser justa, humana, cidadã.
Cidadão é aquele que vive na cidade, que vive em sociedade, com tudo
o que isso comporta: direitos e deveres. Se queremos uma nova sociedade, se
queremos construir uma nova sociedade, é porque temos muito a melhorar. Um
novo sujeito é preciso, um novo cidadão é preciso, uma nova sociedade é preciso.
2 NOVOS CIDADÃOS
A cidadania vem da ideia de polis, que quer dizer cidade, onde na Grécia
antiga as pessoas se reuniam e participavam nas decisões do bem comum. Com o
passar do tempo, o conceito de cidadania foi ampliado aos deveres e direitos dos
seres humanos e ao conjunto de valores da sociedade, mas no senso comum está
sempre mais ligado à preservação dos direitos e identidade dos seres humanos e
capacidade de participação.
FIGURA 51 – CIDADANIA
207
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
208
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
Vejamos algumas das questões colocadas por Vázquez (2003, p. 15) a esse
respeito:
Devo dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo mentir? Quem,
numa guerra de invasão, sabe que o seu amigo Z está colaborando com
o inimigo, deve calar, por causa da amizade, ou deve denunciá-lo como
209
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
A relação entre meios e fins pressupõe que a pessoa moral não existe
como um fato dado [...], mas é instaurada pela vida intersubjetiva e social,
precisando ser educada para os valores morais e para as virtudes.
210
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
211
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
212
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
3 UM NOVO HOMEM
Ramos (1984) identificou a existência de três modelos de homem,
influenciado pela realidade histórica administrativa ao longo do século XX.
Os modelos são: homem operacional, homem reativo e homem parentético.
Inicialmente o autor descreveu somente os dois primeiros modelos, mas as
circunstâncias sociais o fizeram acrescentar o último modelo: parentético, que é
considerado hoje o modelo ideal.
214
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
RECONHECI-
COMUNIDADE/ CONVIVIALIDADE
SOCIAL REATIVO MENTO DO
SOCIEDADE
GRUPO
DINHEIRO
ECONOMIA
OPERACIO- (Trabalho por
BIOLÓGICA (MERCADO E FÍSICA
NAL recompensa
BUROCRACIA)
material)
DICAS
215
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
ATENCAO
216
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
217
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
218
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
Utilizam uma imprensa livre para falar com franqueza sobre questões
locais e nacionais.
219
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
No Brasil contamos com diversas leis que têm como princípio observar
e garantir os direitos humanos, tal como a própria Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1988), artigos 5 e 6 do Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais,
a Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, conhecida como o Estatuto do Idoso; a
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, com alterações dadas pela Lei nº 8.242, de 12 de
outubro de 1991, conhecida como o Estatuto da Criança e do Adolescente, e a Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, ou seja, as principais
normas de civilidade e direitos sociais.
Podemos dizer que a equidade nada mais é do que fazer justiça com
imparcialidade, pois todos os seres humanos possuem direitos e deveres perante
a sociedade em que vivem. Estes direitos, por sua vez, denotam um conjunto
de princípios morais, que acabam igualando todos os homens de uma mesma
sociedade.
E
IMPORTANT
220
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
Contudo, devemos tomar cuidado, pois muita gente pensa que equidade
é sinônimo de igualdade, mas não é bem assim, pois a equidade é vista por dois
prismas:
E
IMPORTANT
221
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
Devemos olhar o outro por meio dos olhos dele, e não por meio dos
nossos olhos, ou seja, devem-se compreender as diferenças do outro, ver como
ele realmente é, quais são seus princípios e valores morais. Nunca devemos ver
o outro a partir de nossa visão de mundo, de nossos valores morais, pois assim o
prejulgamos.
E
IMPORTANT
222
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
5 A SOCIEDADE EM CONSTRUÇÃO
Para concluir esse nosso estudo, nada mais justo que buscar essa relação
natural entre ética, política, sociedade, moral, indivíduo, cidadão, trabalho, enfim,
tornar tudo isso uma só realidade, onde a evolução se torna natural para o bem de
todos.
223
UNIDADE 3 | A SOCIEDADE EM CONTÍNUA CONSTRUÇÃO
FIGURA 57 – ANTISSOCIAL
ANTISSOCIAL
FONTE: Disponível em: <http://thiagomelods.blog.uol.com.br/>.
Acesso em: 27 maio 2013.
224
TÓPICO 3 | SOCIEDADE EM TRANSFORMAÇÃO
A liberdade, bem como sua possibilidade, não é algo dado por natureza,
não é um dom do “alto” e nem sequer uma parte integrante – de origem
misteriosa – do ser humano. É o produto da própria atividade humana,
que decerto sempre atinge concretamente alguma coisa diferente
daquilo que se propusera, mas que nas suas consequências dilata –
objetivamente e de modo contínuo – o espaço no qual a liberdade se
torna possível.
225
RESUMO DO TÓPICO 3
226
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
227
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5. ed. Tradução da 1ª edição
brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi; revisão e tradução dos novos
textos, Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
ADORNO, Theodor. Indústria cultural e sociedade. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
ALONSO, Felix R.; LÓPEZ, Francisco G.; CASTRUCCI, Plínio de L. Curso de ética
em administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
______. Ética: fundamentos sócio-históricos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2008b. v.4.
228
BRASIL. Resolução CFESS nº 273, de 13 de março de 1993. Institui o Código de
Ética Profissional dos Assistentes Sociais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.cress-se.org.br/pdfs/legislacao_etica_cfess.pdf>. Acesso em: 28 mar.
2009a.
______. Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994. Aprova o Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Diário Oficial
[da União]. Brasília, DF, 23 jun. 1994.
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática. 2005. (Série Novo Ensino Médio).
______. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 2004.
GIDDENS, Anthony. A terceira via e seus críticos. Rio de Janeiro: Record, 2001.
GONÇALVES, Maria H. B.; WYSE, Nely. Ética e trabalho. Rio de Janeiro: Ed.
SENAC Nacional, 1997.
230
KONDER, Leandro. A questão da ideologia. São Paulo: Companhia das Letras,
2002.
MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. 3. ed. São Paulo. Moderna.
2005.
MATOS, Olgaria. História viajante: notações filosóficas. São Paulo: Studio Nobel,
1997.
REZENDE, Maria Jose de. As formas de desigualdades. São Paulo: Atual, 1993.
SALM, José F.; MENEGASSO, Maria E. Coprodução dos serviços públicos. Curso
de Graduação em Administração Pública. 2° termo. Universidade do Estado de
Santa Catarina, 2005.
SANTO AGOSTINHO. Confissões. Livro VII (3). São Paulo: Abril Cultural, 1973.
SILVA, Fabio Luiz da. Ética. In. ALMEIDA, Marcia Bastos. Filosofia. Ed. Pearson.
UNOPAR. São Paulo. 2012.
TOMAZI, Nelson Dacio (Org.). Iniciação à sociologia. 2. ed. São Paulo: Atual, 2000.
TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma
dialética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002.
VÁSQUEZ, Adolfo S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
232
______. Ética. 24. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
VIEIRA, Evaldo. Estado e política social na década de 90. In: NOGUEIRA, Francis
Mary Guimaraes (Org.). Estado e políticas sociais no Brasil. Cascavel: Edunioeste,
2001.
233