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FACULDADE TEOLÓGICA BATISTA DE BRASÍLIA

SGAN 611 MODULO “B” – ASA NORTE

TEL: 61 3272-1136 FAX. 61 3273-5576

http://www.ftbb.edu.br

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ACONSELHAMENTO

JAIRO DOS SANTOS CIRINO

PERFIL DO CONSELHEIRO CRISTÃO NO ACONSELHAMENTO DE


PAIS QUE CRIAM SEUS FILHOS SOZINHOS

BRASÍLIA-DF
2016
Jairo dos Santos Cirino

PERFIL DO CONSELHEIRO CRISTÃO NO ACONSELHAMENTO DE PAIS QUE


CRIAM SEUS FILHOS SOZINHOS

Trabalho final, apresentado à faculdade Batista de


Brasília, como parte das exigências para conclusão
do curso de pós-graduação em Aconselhamento
Cristão.

Orientador: professor Allan Amorim

BRASÍLIA-DF
2016
SUMÁRIO

1- RESUMO.....................................................................................................................01

2- INTRODUÇÃO...........................................................................................................02

2.1- Tipos de famílias.........................................................................................................02

2.2- Papel e perfil do Conselheiro Cristão..........................................................................02

3- OBJETIVOS:...............................................................................................................03
3.1- Causas que levam pais a criarem seus filhos sozinhos ...............................................03
3.2- Conscientização do conselheiro ..................................................................................03
3.3- Atenção básica no cuidado dos pais ...........................................................................03

4- O PERFIL DO CONSELHEIRO SOBRE TRÊS ASPECTOS..............................03


4.1- Na ação de Deus como Conselheiro Perfeito..............................................................04

4.2- Na visão de alguns autores .........................................................................................05

4.3- Diante das necessidades de pais que criam filhos sozinhos .......................................13

5- EFEITOS CAUSADOS EM MENINOS E MENINAS CRIADOS POR PAIS


AUSENTES..................................................................................................................15

6- O PERFIL DO CONSELHEIRO CRISTÃO:..........................................................16

6.1- O perfil do Conselheiro na atuação de pais que optam pelo divórcio.........................16

6.2- Na atuação de separação por perda do cônjuge...........................................................17

6.3- Aconselhando duas pessoas do mesmo sexo que optam por adotar uma criança......18

7- CONCLUSÃO...............................................................................................................19

8- BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................22
1

RESUMO

Partindo da família tradicional, será utilizado neste trabalho o Método Sistêmico


(Estruturalista), onde delimitará o perfil do Conselheiro Cristão, sua atuação e suas
habilidades para lidar com pais que criam seus filhos sozinhos, pais oriundos de crises e
divergências nos relacionamentos que culminaram em separações consensuais, judiciais ou
ainda por perdas do cônjuge. Diante dos mais variados modelos de famílias que surgem a
cada dia, sejam elas pai ou mãe que cria seus filhos sozinhos, um homem ou uma mulher que
opta em adotar uma criança ou ainda duas pessoas do mesmo sexo que adotam uma criança, o
Conselheiro Cristão necessitará de novas técnicas e orientação divina para orientar e atender
as novas demandas. Para estruturação desse trabalho, através de uma pesquisa seletiva e
reflexiva, foram consultado livros que tratam de pais que criam seus filhos sozinhos,
aconselhamento de homens e mulheres, práticas de aconselhamento, pais solteiros,
aconselhamento cristão, pais desajustados, filhos difíceis, revistas, entrevistas na internet e
trabalhos universitários. Uma família formada por pai, mãe e filhos pode ser considerada
completa, porém quando há ruptura ou quebra desses laços afetivos por motivos de crises, é
de se esperar um final doloroso, embora nem sempre uma família é desfeita por crises no
relacionamento, as vezes por perdas parentais.

PALAVRAS-CHAVE: Conselheiro Cristão, Modelos de famílias, crises no relacionamento,


habilidades, novas técnicas.

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Bacharel/Licenciado/Educação Artística em Música pela Faculdade - Sociedade Unificada Augusto Souza Mota
- SUAM. e-mail: jairoscirino@yahoo.com.br
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INTRODUÇÃO

2.1- Tipos de famílias

Hoje, há muitas formas de se constituir uma família, a primeira quando por opção o
homem ou a mulher decidem por criarem seus filhos sozinhos, a segunda por uma gravidez
indesejável e por último quando problemas socioeconômicos ou de ordem desconhecida são
motivos do fim de relacionamentos. Nos dois últimos exemplos, tanto o homem como a
mulher, por não observarem o padrão divino na constituição da família estarão vulneráveis,
necessitando de auxilio seja de especialistas ou de um conselheiro e de Deus.

2.2- Papel e perfil do Conselheiro Cristão

O papel do conselheiro cristão, a cada dia, se torna mais do que um serviço no


aconselhar pessoas, sim, é um atendimento ao grito de socorro de um pai ou mãe que se
deparou com um mundo desconhecido ao perceber que só lhe restou de um relacionamento
conjugal o filho ou a filha para cuidar, educar e preparar para o futuro. Tais problemas
requerem do Conselheiro Cristão um perfil definido. Muitos conselheiros ou especialistas
podem ser influenciados pela dor, sentimento ou situações enfrentadas pelo aconselhado,
sendo assim o cuidado deve ser redobrado.

Ao pesquisar sobre as dificuldades enfrentadas pelos pais que por situações diversas, e
adversas, tiveram que assumir o controle da casa dando assistência as demandas inerentes as
responsabilidades de pai ou mãe, ficou latente que muitos pais por falta de direcionamento e
conselhos tomaram caminhos que culminaram em um futuro comprometedor para os filhos. A
demanda de conselheiros tornou-se ínfima em relação aos anseios de pais que criam seus
filhos sozinhos dado a amplitude da ação do conselheiro cristão no atendimento as mais
variadas necessidades de aconselhados.

Ao iniciar um trabalho de atendimento na comunidade onde pastoreio a igreja, tornou-


se perceptível a carência da atuação de um conselheiro que se dispusesse a tratar desses
modelos de famílias. Alguns pais ao se darem conta de que a tarefa de criar filhos sozinhos é
árdua, acaba por recorrer à família materna ou paterna a procura de abrigo e aconselhamento,
até se reestruturarem economicamente e psicologicamente.
3

A cada dia surgem problemas dentro das famílias onde a presença ou o


acompanhamento de um conselheiro ou especialista se torna indispensável. Problemas que
levam homens e mulheres a tomarem decisões, as vezes, impensadas e desastrosas com
repercussão no futuro e, geralmente deixando traumas de ordem psicológico.

3- OBJETIVOS: Propósito, preparo e conscientização do conselheiro


Esse trabalho tem como propósito mostrar ao conselheiro, caminhos a serem
percorridos ao aconselhar pai ou mãe que criam seus filhos sozinhos por perdas parentais,
tragédia acidental, gravidez por antecipação ao planejado, gravidez como resultado de
estupro, e ainda, dar suporte ao conselheiro diante das dificuldades enfrentadas por casais com
filhos que após anos de convivência se separam; dar suporte ao conselheiro nos modelos de
família constituída hoje; mostrar as situações hodiernas de pais que criam seus filhos
sozinhos, por opção.

Diante das dificuldades encontradas nos relacionamentos, o Conselheiro Cristão deverá


estar preparado para dar assistência no aconselhamento aos pais que em face de uma crise
conjugal, resolvem por uma separação o que trará danos emocionais aos filhos, problemas
psicossociais, interferência no crescimento escolar ou moral dos filhos, ou ainda como
abordar temas com o jovem ou a jovem acerca de uma gravidez inesperada que surgiu durante
o namoro ou noivado.

Igualmente, conscientizar o conselheiro cristão sobre a atenção básica no cuidado de


pais que criam seus filhos sozinhos é imprescindível, pois esse cuidado visa também
proporcionar um futuro menos traumático possível, tanto aos pais quanto aos filhos, e ainda,
mostrar ao conselheiro cristão as dificuldades de relacionamento por que passa uma jovem
que será mãe como resultado de um estupro, e também, levar o Conselheiro a refletir sobre a
necessidade de um melhor preparo no atendimento aos novos modelos de “famílias”, onde
duas pessoas do mesmo sexo que resolvem por adotar uma criança.

4- O PERFIL DO CONSELHEIRO SOBRE TRÊS ASPECTOS:

Nesse trabalho, será abordado o Perfil do Conselheiro Cristão por três aspectos: em
primeiro lugar na ação de Deus como Conselheiro Perfeito desde o princípio, em segundo
4

lugar na visão de alguns autores e em terceiro lugar o perfil do Conselheiro Cristão diante de
muitas demandas e necessidades de pais que criam seus filhos sozinhos.

4.1- Na Ação de Deus como Conselheiro Perfeito.

No princípio da humanidade, ainda no Éden, uma crise se estabelece pela desobediência


do casal Adão e Eva. De acordo com a Bíblia ambos infringiram a ordem de Deus, sendo
assim, foram sentenciados e responderam dolorosamente pelos seus atos. O próprio Deus era
Criador, Conselheiro e Juiz, porém prevaleceu o papel de Conselheiro ao recomendar as
ordens a serem cumpridas e suas consequências pelo descumprimento.

O papel de Conselheiro não é algo novo, o próprio Deus o instituiu quando ainda na
criação. Mesmo sendo Deus o criador e Juiz não optou em desfazer sua criação diante do
desvio de conduta do homem e mulher, todavia escolheu aconselha-los a viver uma nova vida,
ainda que num estado de ordens, leis e consequências. Deus o Conselheiro Perfeito, após o
erro do homem, então define que esse dependeria de conselhos e instruções para andar
corretamente. A primeira crise trouxe a primeira ruptura no relacionamento entre o que seria
um casamento perfeito, Deus e o homem.

A partir da ruptura no relacionamento Deus e o homem, segundo as escrituras sagradas,


“todos pecaram e destituídos estão da presença de Deus” (Rm 3.23). Por esse motivo homem
e mulher passam a total dependência de Deus e de seus conselhos. O perfil de Deus é de
Conselheiro justo, imparcial, porém misericordioso, tornou-se claro a dificuldade no
relacionamento quando o filho não atenta as ordens do pai e quando os pais não observam os
conselhos de Deus.

Em Adão e Eva foram estabelecidas famílias constituídas por pai, mãe e filhos, ou seja,
a família monogâmica. Na sequência, novos tipos de famílias passaram a ser formadas dentro
do mesmo clã e com pessoas do mesma linhagem, dando lugar a família poligâmica. A partir
de então surgiu a necessidade de novos Conselheiros, Sacerdotes, Juízes, profetas e pastores,
todos com o mesmo perfil: honesto, mediador, justo, imparcial, temente a Deus e conhecedor
de seus princípios.

_________________________
¹NVI, Bíblia Sagrada, Edição Trilíngue, Nova Versão Internacional, 1ª Edição – 1ª Impressão, Santo André –
SP- Brasil, 2009.
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Ainda no princípio, teve-se a primeira perda parental como resultado de crise


psicossocial/espiritual, porém Deus, o Conselheiro Perfeito misericordioso, estabelece novo
relacionamento com o homem buscando uma nova oportunidade para um recomeço depois de
estabelecida uma crise familiar.

Neste cenário, seguido do primeiro homicídio, os pais passariam a atuar como


conselheiros ainda que na dependência de Deus e numa situação caótica. Em todo tempo,
Deus quis se fazer conhecer pelo homem, porém nos dias atuais o homem precisa conhecer
mais de Deus e de si mesmo para superar as crises existenciais.
O Conselheiro Cristão ao se deparar com situações de pais que, por motivos adversos
estão criando seus filhos sozinhos, podem ter como referência a Bíblia sagrada e seus
exemplos que mostram o grande amor de Deus no cuidar de pais que sentiram-se
abandonados em situações precárias criando seus filhos sozinhos. A promessa de Deus de ser
pai para órfão e conselheiro para pais que criam seus filhos sozinhos, aparecem na Bíblia
como provisão e garantia de que o papel do Conselheiro Deus, não é apenas aquele que
guarda, mas também prover auxílio na hora da angústia.

4.2- Na visão de alguns autores.

A partir de um levantamento bibliográfico que trata em seu conteúdo sobre o perfil do


conselheiro cristão, buscou-se também o que se havia publicado sobre as demandas deste
grupo temático específico e, a partir daí, neste trabalho se procurou concatenar as informações
em construir um “modelo” que pudesse ser perseguido como sendo o perfil do conselheiro
cristão no aconselhamento de pais que criam seus filhos sozinhos. Antes, porém, é necessário
conhecer o perfil do conselheiro na visão de alguns autores.

Gary R. Collins, dedica alguns capítulos à discussão sobre o perfil do Conselheiro


Cristão, dos quais foram separados para este estudo os de números 1, 2 e 11.

Collins traz na sua obra literária, a observação das características singulares do


aconselhamento cristão, diferindo-o dos demais pelas considerações que podem ser feitas por
aconselhadores não cristãos aos problemas do indivíduo que o procura. Conforme “sua crença

_______________________
² COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: Edição Século 21; tradução Lucília Marques Pereira da Silva.
São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 21.
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a respeito de Deus e de Sua Obra”, as hipóteses, os objetivos, os métodos e as próprias


características pessoais do conselheiro cristão serão singulares, indicando sempre o caminho
que leve as pessoas a terem um relacionamento melhor com Deus, com o seu semelhante e
consigo mesmas.

“A Igreja como lugar de cura”, é mais uma consideração de Collins. Em sua


abordagem, mostra como esta é, além de muitos outros atributos, uma “comunidade
terapêutica”, e, sem dúvida a de “maior potencial”. Diminuindo ou eliminando a sensação de
isolamento e atendendo à necessidade que todos nós temos de ser parte de um todo, a igreja
tem seu campo de atuação “para o alto, para fora e para dentro.” Collins aborda também a
discutida questão do uso da ciência da psicologia no exercício do aconselhamento cristão e
recomenda que não se deva limitar a capacidade de aconselhamento desprezando pontos de
vista e descobertas da psicologia que estejam de acordo com a norma da verdade revelada na
Bíblia.

Collins dedica um capítulo inteiro considerando o exercício do aconselhamento cristão


e suas implicações para o conselheiro. Afirma inicialmente o quanto estressante e desgastante
emocionalmente pode se tornar este trabalho aparentemente fascinante. O conselheiro se
arrisca a ver trazido por seus aconselhados, problemas que lembram suas próprias
inseguranças e deve estar sempre atento observando, considerando e corrigindo, quando
necessário, as verdadeiras motivações que o levam ao exercício de aconselhar.

Gary R. Collins afirma que - “O desejo sincero de ajudar as pessoas é um motivo


válido”, mas o autor chama atenção para o perigo de incorrer-se em alguma motivação
equivocada e lista algumas delas, tais como: A necessidade de exercer controle, a necessidade
de manter relacionamentos, a necessidade de socorrer, a necessidade de informação e a
necessidade de cura pessoal. Não se esquece de esclarecer que todo conselheiro pode passar
por períodos em que experimente certa tendência a algum desses sentimentos, mas, a
observação de constante autoavaliação possibilita a identificação precoce deste desvio para
imediata resolução, preferencialmente fora de seu trabalho.

_______________________
³ COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: Edição Século 21; tradução Lucília Marques Pereira da Silva.
São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 21, 22, 28.
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O segundo autor considerado é Albert Friesen que, em seu conteúdo trata de aspectos
pertinentes ao “Conselheiro Pastoral” em sua prática. Da referida obra, foram selecionados os
capítulos 4 e 6. Friesen, considerando o perfil do Conselheiro pastoral, afirma que a
habilidade de praticar o aconselhamento eficiente se desenvolve, em grande parte durante o
seu exercício e que a maneira como este considera e lida com seus problemas e com os
problemas em geral é o que mais vai impressionar o aconselhado, sendo então o
aconselhamento pastoral uma projeção do próprio conselheiro.

Friesen observa que “as qualidades e habilidades do conselheiro podem e devem ser
desenvolvidas” e cita Tg 3.17: “a sabedoria, porém, lá do alto, é primeiramente pura; depois
pacífica; indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem
fingimento”. Considera que a sabedoria que vê o outro com compaixão e amor eterno, não se
adquire em universidades e cursos acadêmicos. Ela é dada pelo Espírito Santo.

Friesen ainda trata das necessidades pessoais do Conselheiro Pastoral e ressalta que é
essencial ao conselheiro conhecer e aprender a lidar com suas próprias necessidades. É
necessário que “conheça a si mesmo” e isso, para Friesen, significa ser capaz de ouvir
claramente a voz do Espírito Santo e saber aplicar sabiamente a Palavra de Deus ao seu
próprio cotidiano diferençando esta Palavra da sua própria voz interior. Friesen lista algumas
necessidades proeminentes ao Conselheiro Cristão: “Necessidade de conhecer a Jesus Cristo
de maneira pessoal, possuir convicções e que esteja aberto a revisão das mesmas, necessidade
de compaixão com os outros e consigo mesmo, ser imparcial e ter seu próprio conselheiro”.

Quanto a eficácia do conselheiro, Collins acredita que somente no exercício contínuo da


prática aliada a teoria com a autoavaliação contínua e dos resultados pode sinalizar a eficácia
do exercício. Considerando o que o apóstolo Paulo se refere em Romanos 12, alguns crentes
possuem dom específico que o habilita de forma mais natural ao aconselhamento, mas, sendo
o caso de um pastor, tendo ou não essa habilidade como dos dons espirituais, vai precisar
exercer o aconselhamento eficaz e isso pode e deve ser buscado, exercitado e alcançado na
pessoa do Espírito Santo.

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4FRIESEN, Albert. Cuidando do Ser: treinamento em aconselhamento pastoral - Editora Evangélica Esperança,
1ª Edição Brasileira, Março de 2000. p. 82, 83.
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Gary R. Collins procura ainda, elucidar sobre o que vem a ser, na verdade “o papel do
conselheiro” usando como ferramenta o confrontamento entre práticas que podem ser opostas
entre si. Por exemplo: Visitar versus aconselhar, precipitação versus cautela, desrespeito
versus compreensão, preconceito versus imparcialidade, dar ordens em vez de explicar,
envolvimento emocional em vez de objetividade, impaciência em vez de realismo,
artificialidade em vez de autenticidade e ficar na defensiva em vez de demonstrar empatia.
Atitude de vigilância para evitar riscos como esse, deve ser mantida para que se honre a Deus
com esse trabalho da melhor maneira possível devendo se ter em mente que o conselheiro
cristão é um agente do Verdadeiro Conselheiro.

Gary R. Collins faz também em seu trabalho, importantes considerações sobre “a


vulnerabilidade do conselheiro cristão” em sua prática. Aponta três mecanismos não
raramente utilizados pelas pessoas para frustrar o trabalho de um conselheiro e que pode
colocá-lo em posição de vulnerabilidade, os quais são: manipulação, contratransferência e
resistência. Em todos esses casos o aconselhado vai procurar reforçar suas razões e descartar
ou desmerecer a prática e até a pessoa do aconselhador.

Sobre o tema “sexualidade do conselheiro”, adverte sobre sentimentos de afeição ou


assuntos e situações que podem ser excitantes, e que podem gerar um “componente sexual”
entre o conselheiro e o aconselhado, uma vez que o conselheiro poderá estar orientando uma
mãe que estará criando seu filho ou filha sozinha. O autocontrole e o bom senso devem ser,
segundo o autor, observados como prioridade. Recomenda ainda outras atitudes preventivas:
proteção espiritual pela prática da oração e meditação na Palavra de Deus, reconhecimento
dos vários sinais de alerta, imposição delimites, e ainda, proteção de um grupo de apoio sendo
o cônjuge o primeiro da lista.

Considerando o item “ética do conselheiro”, Collins coloca a Bíblia como padrão


supremo de ética e ressalta a necessidade de um natural agir como servo (empregado) de
Deus. Algumas recomendações são dadas: respeitar o indivíduo e reconhecer o seu valor
diante de Deus, não manipular ou intrometer-se em sua vida, obedecer ao sigilo das
confidências e orientar o aconselhando a revelar específicas informações diretamente às

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5COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: Edição Século 21; tradução Lucília Marques Pereira da Silva.
São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 30-35.
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pessoas envolvidas. Além disso, fala da necessidade de amparar-se com outro conselheiro
cristão, pastor, ou um profissional específico sem que se revele a identidade do aconselhando.

Com respeito à ética no aconselhamento, Friesen prima pela importância do sigilo e


recomenda alguns cuidados como, por exemplo: se for considerar a formação de um pequeno
círculo de oração pela causa do aconselhado observar estritamente a aprovação do mesmo
sobre o assunto e sobre as pessoas a serem envolvidas; cuidado com o manuseio das
informações escritas preservando total sigilo; ser criterioso ao eleger algum parceiro para
discussão de um caso que seja difícil, dando ao aconselhado o direito de saber quem mais
saberá do seu caso; cuidado no usar ilustrações em pregações sem a permissão do
aconselhado e, ainda, preservar ou qualquer informação que identifique o aconselhado.

Quanto às “características de conselheiros eficazes” Friesen relata que pesquisas


específicas constataram que havia alguns conselheiros que conseguiam facilitar o crescimento
e a evolução da melhora de seus aconselhados, não obstante aos métodos de que se
utilizassem e que, a partir daí, o enfoque das pesquisas passou a voltar-se para a eficácia do
terapeuta ao invés de a eficácia da terapia. Neste ponto Friesen cita Carls Rogers que afirma
que algumas características terapeuta são significativas para a eficácia da terapia:
autenticidade, receptividade com distanciamento e empatia apurada. Friesen afirma que essas
três características podem ser aprendidas e desenvolvidas para um trabalho mais eficaz.

Embora Friesen concorde com Carls Rogers em suas três características para um
trabalho de maior eficácia, deve-se levar em conta que a receptividade com distanciamento,
dependendo da situação enfrentada pelo aconselhado, terá maior êxito em sua aplicabilidade
se não houver o distanciamento, ainda que seja por precauções de afinidades. Às vezes a
proximidade traz segurança ao aconselhado.

O autor também trata do tema “as motivações do conselheiro” e propõe que, em


primeiro lugar, o conselheiro cristão deve considerar sua missão como um dever da Igreja de
cuidar de maneira integral das pessoas que Deus tem encaminhado a Ela e, não observar suas
motivações pessoais o que poderia alterar a percepção e a compreensão do mesmo a respeito
do que o aconselhado lhe diz.

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6FRIESEN, Albert. Cuidando do Ser: treinamento em aconselhamento pastoral - Editora Evangélica Esperança,
1ª Edição Brasileira, Março de 2000. p. 89, 92.
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Friesen enfatiza que várias dificuldades que ocorrem no processo de aconselhamento


têm seus fundamentos e origens no próprio conselheiro e que, além de conhecer os aspectos
metodológicos e técnicos da conversação pastoral, o conselheiro deverá desenvolver um
autoconhecimento e uma autoavaliação de sua própria vida e de sua atuação como
conselheiro.

Avaliar o que impulsiona uma pessoa a querer trabalhar com aconselhamento pastoral
seria, em síntese, avaliar suas motivações básicas: Se missiológicas ou pessoais. Na verdade,
segundo Friezen, o conselheiro não deve ser motivado a fazer algo pelo aconselhado e sim
fazer algo com ele. Além disso, motivos como compaixão, comiseração e pena com o
aconselhado, em geral são maus motivos para ajudar alguém, afinal, ninguém gosta de sentir-
se inválido. Uma prática de autoanálise, apoiar-se em pequenos grupos onde se discuta as
práticas em aconselhamento e, ainda a observação de um supervisor, podem ser alternativas
para avaliação da prática utilizada pelo conselheiro, recomenda Friezen.

“O estresse do conselheiro" é assunto destacado por Collins que afirma que “o exercício
contínuo pode gerar perda de idealismo, energia e propósitos”. Recomenda, portanto, alguns
cuidados a observar: longos períodos de oração e meditação na Palavra, avaliação periódica
das motivações, períodos de descanso, aproveitar oportunidades de aperfeiçoamento. Essas
atitudes ou cuidados podem prevenir um desgaste que leve o conselheiro à necessidade de
aconselhamento. Collins ressalta que a paz de Deus se consegue por um exercício espiritual e
disciplina de um propósito de viver separado para Ele.

Em suas considerações sobre a espiritualidade do conselheiro, Collins inicia colocando


o aconselhamento como um ministério onde estão envolvidos: Deus, o indivíduo necessitado
e o conselheiro cristão. Chama a atenção para a necessidade de uma vida de disciplina
espiritual que vai, certamente, desenvolver os recursos internos ao conselheiro que farão a
diferença nas reações a problemas semelhantes vividos por outros. Lembra que buscar a Deus
com frequência e regularidade vai nos fazer saber adorá-lo no momento de maior necessidade.

Collins propõe então como atitudes preventivas ao desgaste espiritual: Uma retirada
estratégica para refazer corpo, mente e espírito, estabelecimento de prioridades, reconhecer

____________________
7Collins, Gary R. Aconselhamento Cristão: Edição Século 21; tradução Lucília Marques Pereira da Silva. São
Paulo: Vida Nova, 2004. p. 39-40.
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que Deus não espera que alguém de nós resolva todos os problemas da humanidade, buscar
orientação do Espírito Santo, proximidade de pessoas que nos encorajem, além de toda sorte
de práticas que nos renovem espiritualmente.

Outro ponto que teve a atenção do autor foi a necessidade de “atualização do


conselheiro” que sugeriu algumas formas que podem ser utilizadas, tais como: Literatura
selecionada, áudios, vídeos e outras mídias que ofereçam uma opção de educação continuada.
Observa que um profissional desatualizado e emocionalmente esgotado não tem condições de
aconselhar. Manter a mente alerta ajuda a nos sentirmos estimulados e sermos mais eficientes
no desempenho de nossas atividades, diz ele.

Friesen recomenda a observação da “ética profissional” em questões como: no cuidado


ao não expor outros conselheiros ou qualquer outra pessoa; não esconder seus próprios limites
e apresentar ao aconselhado seu modo de trabalhar dando-lhe o direito de decidir se quer ou
não ser atendido por você; obedecer o local e horários fixos para atendimento; atender o
aconselhado em local que ofereça privacidade; ser bastante objetivo quando souber que não
vai haver outra oportunidade e, lembrar-se constantemente da Máxima Bíblica da Ética:
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles;
porque esta é a lei e os profetas” Mt 7.12.

Enfim, Collins afirma que o principal “legado do conselheiro cristão” é ser um servo
fiel doando-se inteiramente para a honra de Deus, e servindo a Ele através do serviço ao
próximo.

Conforme a eleição do grupo temático “Pais que Criam Seus Filhos Sozinhos” para a
execução deste trabalho foi consultada, dentre outras, a obra” Mulheres Aconselhando
Mulheres”, uma coletânea de textos produzido por conselheiras bíblicas e organizado por
Elyse Fitzpatrick. No capítulo 12 da obra, a conselheira Lynn Denby, trata dos conflitos
enfrentados por mães que criam filhos sozinhas. Por motivos como divórcio, morte do
cônjuge, rompimento ou até mesmo uma escolha, uma mulher que precisa criar filhos sozinha
pode ser levada a lidar com situações diversas de grande potencial conflitivo.

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8FRIESEN, Albert. Cuidando do Ser: treinamento em aconselhamento pastoral - Editora Evangélica
Esperança, 1ª Edição Brasileira, Março de 2000. p.157-161.
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Sentimentos como “solidão, culpa, luto, egoísmo, ira, ressentimento, temor,


preocupação, inveja e autocomiseração” podem ser experimentados como reações humanas,
fruto de respostas emocionais e, que podem se mal resolvidos, ser transformados em reações
pecaminosas. A conselheira afirma que esses sentimentos, ou reações podem ser
transformados em “Fruto do Espírito” se colocadas diante do Altar de Deus. A conselheira,
ainda, lembraria a essas mulheres que Deus pode ser mais do que qualquer homem dos seus
sonhos e que Ele é provedor para essa mulher e para seus filhos.

Assim como os outros autores acima citados, Denby reforça a afirmativa de que a partir
de um relacionamento pessoal com Jesus Cristo esses conflitos podem ser “curados” pela
promoção de um crescimento espiritual.

A parir de então, Denby desenvolve o aconselhamento propondo os seguintes temas;


“Você não está sozinha”; “É possível conhecer a Deus”; “Porque importa o que pensamos?

Nossos pensamentos afetam nossos sentimentos, Sentimentos não são fatos,


Transformando nossos sentimentos, Escolha pensar sobre Deus, Pense corretamente sobre
Deu; “Como conhecer a Deus pode ajudar? Quando estiver enfrentando a solidão, Lembre-se:
Deus está sempre com você, Lembre-se: Deus quer ter um relacionamento íntimo com você,
Quando estiver lutando com a culpa, lidando com o luto, lidando contra o egocentrismo,
quando estiver cheia de ressentimento, quando estiver dominada pelo medo e preocupação,
Quando estiver lutando com a inveja e autocomiseração e Crescendo na intimidade com
Deus”.

Já no capítulo 15, Barbara Scroggins aconselha sobre o tema Criar Filhos de Modo Fiel:
“Alcançando o Coração de seu Filho” e, traz considerações sobre os efeitos de uma postura
não planejada, mas executada, que menospreza as necessidades dos filhos para que se possam
cumprir os próprios objetivos. Estar focada só em si mesma faz com que os filhos sofram
algumas consequências. Scroggins sugere às mães, considerações sobre alguns temas que
possam ser úteis no enfrentamento desta conflitante realidade: “Um tipo diferente de criação
de filhos”; “A Bíblia e a criação de filhos”; “Um exemplo de mãe”; “Uma missão de mãe”;
“Aja como um agente da autoridade de Deus”; “Não provoque seus filhos à ira”; “Criai-os” e
“Amor de mãe”.
13

Por fim, Scroggins em seu aconselhamento, coincide sua opinião com os demais
autores consultados sugerindo escolher e conhecer mais a Deus por meio da leitura da Bíblia e
busca-lo em oração por sabedoria e orientação na sua criação de seus filhos. Afirma ainda
que, você pode confiar que Ele cumprirá fielmente suas promessas a você (2Tm 2.13).

Dessa forma podemos concluir que os autores consultados são unânimes quanto às
questões centrais que envolvam o perfil do Aconselhador Cristão que consideramos como
Conselheiro Cristão. Segundo eles o Aconselhador Cristão, não diferente do Conselheiro
deve, portanto, viver como um servo de Deus assumindo compromissos diante do Senhor, que
em síntese é cuidar uns dos outros e ajudar uns aos outros a levar suas cargas. O cristão que
for levado a essa condição de Conselheiro Cristão deve buscar aprender e exercitar esta
prática com todo cuidado para que possa honrar a Deus, servir ao seu irmão e preservar a si
mesmo no Senhor.

4.3- Diante das necessidades de pais que criam filhos sozinhos.

A atuação do conselheiro cristão junto aos pais que criam seus filhos sozinhos é de
vital importância, irá solucionar problemas familiares que posteriormente se transformariam
em famílias detentoras de traumas que passariam por sucessão aos filhos por sua formação,
culminando em uma tragédia no futuro. Uma família mal estruturada torna-se cooperadora de
uma sociedade desorganizada, um povo sem meta e uma nação sem futuro.

As ações terão como finalidade levar o conselheiro cristão a refletir sobre


consequências que levam os pais a optarem criar seus filhos sozinhos, porém em sua
abordagem no aconselhamento o conselheiro deverá transmitir aos pais que fizerem essa
escolha que, um relacionamento eficaz e duradouro requer respeito e benefício mútuo, ou
seja, o amor, o compartilhar e a fidelidade dos filhos devem ser correspondidos pelos pais.
Segundo Tony Evans, escritor e pastor Americano, “as crianças americanas
atravessariam parte de suas vidas sem a presença de um pai em casa e em seus cálculos
acreditava que ao chegar no ano de dois mil, 70% das crianças negras, nos Estados Unidos,
seriam produtos de lares de pais solteiros (na maioria dos casos, mães solteiras)”.
Essa é uma realidade que não é apenas dos Americanos, mas pais que criam seus filhos
sozinhos é uma verdade que está globalizada, daí a necessidade de especialistas se munirem
de novas técnicas, recursos motivadores, novas tecnologias que sejam utilizadas em favor
desses pais.
14

O Conselheiro Cristão deverá ter como guia prático a utilização da palavra de Deus e
entender que diante da crise instalada num relacionamento que culminará em uma separação,
o casal só achará refúgio em Cristo, obedecendo a sua palavra e praticando-as. Tais conselhos
deverão mostrar o cuidado de Deus para as viúvas, pai e mães solteiras através de suas
promessas a estes que criam seus filhos sozinhos.
Ao abordar o tema a Difícil Arte de Criar Filhos, a escritora Elaine Cruz cita em sua
introdução os Conselhos do Apóstolo Paulo a Timóteo: “Mas, se alguém não cuida dos seus, e
principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior que o incrédulo (1Tm 5.8)”. A partir
deste conselho, pode-se perceber a grandiosidade da responsabilidade dos pais ao criarem
seus filhos e entender que recaí de forma pesarosa sobre os pais que criam seus filhos sem o
auxílio de seu cônjuge.
Pais que criam seus filhos sozinhos tornam-se vulnerável no educar sem a companhia
do cônjuge, esta vulnerabilidade, muitas vezes, levam a recorrer aos especialistas,
conselheiros, pastores e outros profissionais na área, para complementação de ideias e
respostas para condutas muitas vezes inesperadas por aparte dos filhos. A postura do
Conselheiro Cristão é vital para adequação dos problemas em questão que poderá ser
abordado pelos pais.
Segundo Elaine Cruz, muitos pais ao criarem seus filhos depositam neles toda sua
confiança e esperança de alcançar nos filhos o que não conseguiu vencer em sua jornada,
sendo assim muitos pais sobrecarregam os filhos com cobranças que poderão ser
insuportáveis. O conselheiro Cristão deverá apresentar aos pais que, nem todos os seus sonhos
se cumpriram através de seus filhos, sendo assim, os pais deveram entender que, mesmo que
seus sonhos não se cumpram através dos filhos, os filhos continuam sendo herança de Deus.
O tema “A difícil Arte de Criar Filhos” leva o Conselheiro Cristão a refletir sobre a
expressão “Criar Filhos” em substituição a expressão “Educar Filhos”. Tal tema convida pais
e conselheiros observar a tradução da palavra “criar” (em hebraico bara) que significa,
segundo Elaine, dar existência, tirar do nada, dar origem, gerar, encontrada em Gênesis 1.1:
No princípio criou Deus os céus e a terra. De forma comparativa, Criar e Educar filhos
acabam por interligarem-se onde pais e filhos trocam exemplos e referências de
aprendizagem. Esta visão deve ter o Conselheiro Cristão.
Reforça Eliane que no início da história Judaica pai e mãe criavam seus filhos juntos,
suas atribuições ainda que específicas, somavam para um fim comum, o crescimento e
desenvolvimento do filho, principalmente no que diz respeito a liderança espiritual da família.
Suas tarefas somavam-se quando entendida por ambos, o pai tinha a missão e a mãe a
15

submissão. Missão de apresentar os propósitos e a submissão de desenvolver esses propósitos,


porém como desenvolver uma missão sem as diretivas?
Hoje, pai ou mãe que criam seus filhos sozinhos estão desguarnecidos dos propósitos
estabelecidos por Deus, porém não abandonados, contudo existe a necessidade de redobrar
seus esforços na busca de respostas a muitos questionamentos que seriam supridos por um ou
outro. Os pais que se envolvem com os seus filhos acabam por favorecer lhes o bem estar e o
desenvolvimento emocional, segundo a psicologia.

5- EFEITOS CAUSADOS EM MENINOS E MENINAS CRIADOS POR PAIS


AUSENTES.

Estudos mostram que meninos criados por pais ausentes têm mais dificuldade em
afirmar sua masculinidade, afetando seu relacionamento natural com moças no futuro e o
desempenho profissional. Quanto as meninas o pai ausente pode favorecer a promiscuidade
sexual de sua filha adolescente, ou dificultar um relacionamento saudável com namorados ou
com o futuro esposo. Diante desse quadro, o conselheiro ao se deparar com pais ausentes deve
conscientiza-los desses agravantes que sobrevirão sobre seus filhos.
Deve se lembrar a esses pais que o pai não é uma vice-mãe, ele não tem apenas o papel
de provedor, mas de educador, pai presente, tanto fisicamente como emocionalmente. O
aconselhador tem como papel mostrar ao pai que cria sua filha ou filho sozinho que este deve
adotar uma postura diferente no educar, ser um pai não apenas crítico, ríspido, mas um pai
perdoador, amoroso, aberto ao diálogo e que se mostre presente e participativo no dia-a-dia.
Quanto às mães, há mecanismos que Deus deu a elas que o homem não suportaria.
Sentir dor de parto, passar nove meses carregando alguém que a cada dia vai se modificando e
alterando o sistema físico de ambos. Esses detalhes, Deus deu apenas as mulheres. Homem e
mulher foram feitos para se completarem e não após unir-se, se separarem na intenção de
buscar uma vida melhor.
Ainda que os indicadores de avaliação familiar não alcance margem satisfatória na
qualidade da comunicação, num relacionamento, as pessoas necessitam ser proativas porque
pessoas proativas influenciam o meio, garantem harmonia, contribuem e influenciam com
mudanças significativas que atenda a todos através da sinergia. A falta de relacionamento no
sentido vertical/horizontal, poderá influenciar no sub-sistema parental ou até mesmo no sub-
sistema filial.
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No obra pais solteiros, o autor Tony Evans relata que em 1970, somente 13% das
crianças cresciam sem ter ambos os pais em casa, mas hoje esse número é de pelo menos 30%
na sociedade em geral. Sendo assim, acrescenta Tony, “o que Deus tem a dizer aos pais
solteiros”? Percebe-se nas escrituras sagradas que Deus não desampara ou deixa sem
esperança aquela mãe que passa a viver sozinha com seu filho. A bíblia sempre terá resposta
aos que por algum motivo passaram a criar seus filhos sozinhos.

A respeito das necessidades pessoais do Conselheiro Cristão, Albert Friesen disse que:
“É fundamental que o Conselheiro compreenda e perceba as necessidades reais das pessoas,
em seus termos mais amplos e, ao mesmo tempo, em seus termos mais específicos”, porém é
necessário que o Conselheiro entenda e perceba as suas próprias necessidades e que aprenda a
lidar com elas. Acrescenta Friesen: “Quem conhece a si mesmo conhece suas potencialidades
e seus limites, seus pontos fortes e fracos”.

Diante da necessidade e da eficácia da árdua missão do aconselhar pais que criam seus
filhos sozinhos, é de suma importância que o Conselheiro Cristão conheça a Jesus Cristo de
maneira pessoal, definindo suas convicções para alcançar eficácia e motivações no
aconselhar. A cada dia surgem problemas dentro das famílias onde a presença ou o
acompanhamento de um conselheiro ou especialista se torna indispensável. Problemas que
levam homens e mulheres a tomarem decisões, as vezes, impensadas e desastrosas com
repercussão no futuro e, geralmente deixando resquícios traumáticos psicológicos.

6. O PERFIL DO CONSELHEIRO CRISTÃO:

6.1- O perfil do Conselheiro na atuação de pais que optam pelo divórcio.

Tratar-se-á os tipos de pais sozinhos e seus motivos e a atuação do Conselheiro Cristão


nas diversas situações. Quanto aos pais divorciados o Conselheiro Cristão, com o passar do
tempo aplicando-se ao aconselhamento, perceberá que não existem divórcios iguais. Por vezes
as mesmas técnicas de aconselhamento que serve para um, poderá não servir para o outros. O
conselheiro em sua atividade deverá ter em mente que todos os divórcios geram prejuízos não

______________________
9FRIESEN, Albert. Cuidando do Ser: treinamento em aconselhamento pastoral - Editora Evangélica
Esperança, 1ª Edição Brasileira, Março de 2000. p. 84.
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só ao casal como também aos filhos e tanto pai, mãe e filhos deverão ter atenção nas mais
diversas extensões de seus problemas, logo, o conselheiro na busca de informações perceberá
que o falar é prata e o ouvir é ouro.

Embora a vista da bíblia sagrada o casamento seja indissolúvel, ninguém está imune de
errar num assunto tão delicado quanto a dissolução do casamento. A todo instante o perigo
bate a porta. O Conselheiro Cristão em sua formação de ideias considerará que as emoções
penosas do divórcio tornam todos vulneráveis à certas armadilhas e expõe o caráter e defesas
de homens e mulheres que a esse recurso recorre, seja consensual ou judicial. Mesmo sendo o
aconselhado um profissional bem sucedido, capaz, competente e que tenha tudo, fora o
casamento, na mais perfeita ordem, porém no momento que se trata de divórcio, tudo poderá
vir a tona, o mau caráter, a intolerância, o ódio, o individualismo e tudo que há de ruim no ser
humano. Neste caso a particularidade assume o comando do indivíduo.

Para tratar tal assunto o conselheiro Cristão, através de uma análise crítica e pessoal,
deverá conhecer a si mesmo, seus problemas e limitações, pois tal pratica de aconselhamento
poderá leva-lo a tomar decisões pessoais por experiências vividas ou ouvidas. Deve-se levar
em conta que experiências vividas por outros casais terão suas similaridades, porém seus
motivos poderão ser atípicos.

As argumentações dos aconselhados por mais variadas que sejam, acabaram


culminando nas mesmas afirmativas: eu sempre dei o meu melhor; sempre fiz o que podia; fiz
tudo para agradar a ele(a); ela(e) não me entende; sempre tenho que ceder. Esses argumentos
são repetitivos na busca de ambos justificarem-se. Em face de todos os fatos apresentados
caberá ao conselheiro lembra-los que tudo foi feito, porém resta saber o que Deus quer fazer e
como irá fazer. O porto seguro sempre estará em Deus.

6.2-Na atuação de separação por perda do cônjuge.

Nesse tipo de separação o conselheiro encontrará traumas causados pela perda.


Dependendo do tipo de perda alguns problemas psicológicos serão agregados ao sofrimento.
Acidentes automobilísticos com morte de pais, no Brasil, geralmente são campeões por seus
recordes e frequência. Muitos desses acidentes são presenciados por filhos que terão que
conviver com senas e parecem que jamais se extinguirão. Caberá ao conselheiro Cristão
buscar discernimento em Deus e sua graça, pois muitas das vítimas, além de ficarem
descompensadas passam a não crer mais em Deus, atribuindo-lhe toda culpa pelo acontecido.
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Descrição, paciência, atenção, dedicação e empenho são adjetivos que não poderão
faltar no vocabulário do Conselheiro. Em sua maioria os aconselhados que sofreram perdas do
cônjuge ou ainda filhos que passaram por esta experiência dolorosa dependerão de carinho,
atenção e compreensão. Se espera do aconselhador que suas ações sejam precisas, porém
suaves, sugestivas, contudo cautelosas sem agravar o sofrimento já vivido pelos aconselhados.
Sendo recentes os acontecimentos, há de se ter todo cuidado no aconselhar, as feridas
psicológicas e sentimentais levam mais tempo para cicatrizarem que as físicas.

6.3- Aconselhando duas pessoas do mesmo sexo que optam por adotar uma criança.

Este novo tipo de “família”, merece atenção no tocante a sua formação. Sendo uma
bandeira levantada por uma minoria, a legalização do matrimônio deve ser conduzida com
cautela e seriedade. Este trabalho não visa debater as preferências sexuais dos indivíduos, mas
a formação familiar e sua continuidade onde o conselheiro Cristão deverá tratar essa nova
“variação familiar” a luz da bíblia sagrada.

Entendendo que a família em sua origem é de inspiração divina, essa visão não deve
ser desviada independentemente da posição social, psicológica, do credo, da cultura ou da
forma de ver do indivíduo. A família em sua constituição, ainda apenas homem e mulher,
recebeu do seu criador bênçãos para crescer em seu desenvolvimento pleno e privilégios ao se
multiplicar. Segurança, paz e amor, fariam parte de todo o processo conjugal.

Diz a Bíblia, macho e fêmea os criaram, Deus pai, Deus filho e Deus Espírito Santo.
Ao dizer crescei, Deus estava dando ao homem e mulher a capacidade de administrar toda sua
descendência que seria próspera e abundante. A segunda benção multiplique, Deus não estava
falando apenas do número ou certa quantidade de pessoas, mas sim de toda uma geração
espiritual, indivíduos compromissados que ao se multiplicarem tornariam adoradores daquele
que os criou.

Para tal tarefa, o Conselheiro Cristão necessitará de um perfil definido, não baseado
apenas na religião, na educação familiar, teorias que defende, mas sim a bíblia será seu
manual de conduta que indicará o caminho a ser tomado. Ainda que as ondas rumem para o
lado oposto, o conselheiro tomará as rédeas com idoneidade, segurança, convicto de quem o
instituiu para essa árdua missão lhe dará respostas para cada momento.
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CONCLUSÃO

Pais que Criam Seus Filhos Sozinhos - por ser esta uma realidade cada vez mais
presente na nossa sociedade e por consequência também comum dentro da comunidade cristã,
pode ser observado que aproximadamente numa comunidade de cem pessoas, encontramos
uma média de 10% do referido grupo vivendo esta realidade. Não raramente os líderes são
procurados por pais buscando respostas para os mais variados tipos de questionamentos
pertinentes a educação de seus filhos. A partir de divórcios, viuvez, relacionamentos que não
chegaram a um compromisso de casamento ou até de um casamento onde não se compartilha
a fé cristã.

Algumas mães cristãs se vêm convivendo com constantes dúvidas, sentindo-se


sobrecarregadas e desorientadas no cumprir da tarefa da educação dos filhos. Em sua maioria,
ao percebe o envolvimento, reações e atitudes de seus filhos em situações internas ou externas
ao lar que vão revelar nestes uma postura não esperada por ele, frequentemente se sente
culpada ou inadequada em sua tarefa materna como educadora, tomando como decisão a
busca de conselhos, muitas das vezes, com amigas ou parentes que possam trazer-lhe solução
a situação. Esta prática tem se tornada corriqueira em muitos lares cuja figura paterna é
ausente.

Por outro lado, a ausência materna traz inúmeras complicações ao pai que cria seus
filhos sozinhos, principalmente quando se trata de filhas, em sua maioria os homens não tem
diálogo aberto com as filhas e nesse caso necessitam de ajuda no aconselhar. A presença do
Conselheiro Cristão fará diferença não no aconselhar os filhos ou filhas, mas o pai que por
opção não buscaria com facilidade sugestão ou a ajuda de um conselheiro.

Para ambos os casos o Conselheiro Cristão deverá ter um perfil definido, sensível a
necessidade tanto do pai, da mãe e também dos filhos. Ser vigilante no aconselhar uma mãe
caso o conselheiro seja homem ou vice-versa. Atentando para os conselhos de Gary Collins ao
mostrar a igreja como uma comunidade terapêutica e aconselhando sempre as pessoas a terem
um relacionamento melhor com Deus, com o seu semelhante e consigo mesmas entendendo
que “O cerne de toda forma de assistência genuinamente cristã, seja ela pública ou particular,

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¹0 COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: Edição Século 21; tradução Lucília Marques Pereira da Silva.
São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 21.
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é a influência do Espírito Santo”.

Com o passar do tempo, o aumento e divergências de conceitos familiares, novos tipos


de famílias podem ser encontrados e contados como tal. Entre esses estão os que optam por
uma união homoafetiva, preferência de um grupo que reclamam liberdade para formar suas
famílias dentro de seus modelos, homem com homem e mulher com mulher. Na busca de
apoio constitucional ou de forma regimental tratam este modelo de família como parte do
desenvolvimento do ser humano dentro da sociedade

Dentro desta especificidade, governantes têm se organizado na busca de um padrão para


apoio e legitimação desta união. Alguns países já têm se manifestado no apoio a essa
categoria, dando legitimidade aos pretensos a união estável homoafetiva, porém no Brasil há
divisão regimental no que trata esse tipo de legalização. Além disso, há forte contradição no
número de pessoas que apoiam essa legalização. Famílias tradicionais têm se manifestado
veementemente contraria a esse novo modelo de família.

Sabe-se que, muitos casais que alcançaram apoio e aprovação para unirem-se, hoje
buscam na lei amparo legal para adotarem crianças que as criariam como filhos. Fugindo aos
padrões normais da família tradicional ou ainda a família adâmica, esses novos modelos
tornam-se questionáveis, o que exige do Conselheiro uma visão, não retrograda, mas bíblica,
futurística e conservadora dos padrões morais sempre observando a ordem de crescer e
multiplicar a partir da concepção do nascituro.

Se a proposta do Conselheiro Cristão for reverter à crise da família de pais solteiros,


deverá aconselha-los voltar aos padrões bíblicos. O conselheiro deverá ter em mente que fazer
pelos pais solteiros o que a igreja deveria fazer não resolverá o problema, contudo encaminha-
los a nova direção sim, esta assistência lhes fará alcançar novos horizontes. A reversão para
esse quadro de pais solteiros e sua condição para o futuro seria, ambos os pais, homem ou
mulher, decidirem que, suas famílias não serão de pais solteiros.

A escolha deste tema para estudo pode ser ferramenta para prática do Aconselhamento
Cristão/pastoral no lidar com essas realidades, assim como servir de contribuição para pensar

_______________________
¹¹FRIESEN, Albert. Cuidando do Ser: treinamento em aconselhamento pastoral - Editora Evangélica
Esperança, 1ª Edição Brasileira, Março de 2000. p. 32.
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e discutir sobre este viés específico, pais que criam seus filhos sozinhos. Bibliografias com
este tema não se encontra facilmente nas livrarias e bibliotecas, porém fácil de ser encontrado
na vida prática.

Sendo assim, o Conselheiro Cristão se valerá de vários meios e recursos aplicáveis


através da psicologia entendendo que, segundo Albert Friesen “o uso da psicologia no
Aconselhamento Pastoral, não traz conflitos, contanto que seja utilizada como instrumento de
auxílio e apoio”.
22

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BROMFIELD &ERWIN, Richard &Cheryl. Criando Filho Homem, sem a Presença


do Pai – Psicologia Série Pais e Filhos.

BUCK, J.M. Pais Desajustados, filhos difíceis - tradução de Maria Luíza Studart de
Moraes, Livraria AGIR Editora – Rio de Janeiro – 1959.

COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão: Edição Século 21; tradução Lucília


Marques Pereira da Silva. São Paulo: Vida Nova, 2004.

CRUZ, Elaine. A difícil Arte de Criar Filhos, categoria família, Editora Betel – 1ª
impressão 1997.

COLLINS, Gary R. Ajudando uns aos outros pelo Aconselhamento: 2ª Edição,


Julho de 1990; Tradução de Gordon Chown. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.
São Paulo.

EVANS, Anthony Tony. Pais Solteiros. Editora Vida, São Paulo.

FRIESEN, Albert. Cuidando do Ser: treinamento em aconselhamento pastoral -


Editora Evangélica Esperança, 1ª Edição Brasileira, Março de 2000.

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respostas bíblicas para os difíceis problemas da vida. Nutra Publicações. São Paulo, 1ª
Edição, 2013.

FRANCKE, Linda Bird, Filhos de pais separados – Edições Paulinas – São Paulo,
1988.

HART, Archibald D. Ajudando os filhos a sobreviverem ao divórcio - Associação


Religiosa Editora Mundo Cristão - São Paulo – SP.

LOPES, Hernandes Dias. A missão da Paternidade. Coleção Grandes Temas da Fé


São Paulo: Arte Editorial, 2014

MACARTHUR, John F., Wayne A. Mack. Introdução ao Aconselhamento Bíblico;


um guia básico de princípios e práticas de aconselhamento. São Paulo, SP:
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NVI, Bíblia Sagrada, Edição Trilíngue, Nova Versão Internacional, 1ª Edição – 1ª


Impressão, Santo André – SP- Brasil, 2009.

OLIVEIRA, Valdir Alves. Salvando o meu Casamento e a minha família–


Relacionamento conjugal e familiar – Editora Karis – 1ª edição, Goiânia, 2014.

KRETLY, Paulo V. Deixe um Legado, 2ª edição revista pelo autor, Elsevier Editora
Ltda – 2012.
23

PERTESEN, J. Allan. Filhos Precisam de Pais-traduzido do original em inglês: THE


MARRIEAGE AFFAIR –Editora Fiel da Missão Evangélica Literária – Sexta Edição
em Português – 1999 – São José dos Campos – SP.

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