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Coletânea Sobre Educação
Coletânea Sobre Educação
EDUCAÇÃO
São Paulo,
Dezembro, 2001
SUMÁRIO
Pág.
A saúde dos filhos depende da cabeça dos pais ......................................................03
Os filhos são reflexos dos pais ................................................................................05
Os três anos mais importantes da vida ....................................................................06
Estudos para uma nova geração ..............................................................................07
Educar é formar homens bons .................................................................................08
Útero influi no QI, diz estudo ..................................................................................10
É melhor ouvir do que falar .....................................................................................10
Solidão e carência ....................................................................................................11
A importante missão da família ..............................................................................12
Preparando os filhos para os desafios da vida .........................................................13
Aborto ......................................................................................................................15
Não matarás .............................................................................................................17
Educação .................................................................................................................21
Os três anos que decidem uma vida ........................................................................21
Aprendendo a viver melhor .....................................................................................23
Educação vem de berço ...........................................................................................24
Educação na medida certa .......................................................................................25
Século XXI ..............................................................................................................30
A ética e a moral na educação .................................................................................31
Desenvolvimento com equilíbrio ............................................................................33
A guerra dos jovens .................................................................................................35
TEXTOS QUE COMPLEMENTAM A COLETÂNEA
Ensine seu filho a se controlar .................................................................................37
Por que é preciso dizer não .....................................................................................40
A mentira infantil cai na real ...................................................................................44
O berço ....................................................................................................................46
PREFÁCIO
SAKAMOTO, Koji . A saúde dos filhos depende da cabeça dos pais. In: Revista Nova Era, Ano
V, nº 21. São Paulo: Fundação Mokiti Okada – M. O. A., pp. 10-11.
O homem, desde o nascimento, traz máculas espirituais adquiridas de seus pais em vidas
passadas. Quando pequeno, conforme seu desenvolvimento e através de seu metabolismo,
purifica as impurezas do sangue recebidas no ventre materno, bem como recebe tudo o que for
necessário à manutenção de sua nova vida. Assim, o aparecimento de febres brandas, erupções,
pús, diarréia e outras manifestações infantis necessárias para a evolução do corpo físico são ações
purificadoras da própria natureza.
Os pais, desconhecendo esse processo, se preocupam quando o filho adoece e recorrem ao
método mais perigoso que existe: o uso de antibióticos. Meishu-Sama explica que se o homem
for bem cuidado desde o seu nascimento e entender a lei da purificação, não terá a necessidade de
recorrer a remédios. O organismo da criança sente mais os efeitos colaterais dos remédios que o
adulto, pois ele não tem a mesma capacidade de recuperação física. Diante das purificações dos
filhos, os pais se apavoram e interrompem o processo com medicamentos. Exemplo: a diarréia
com coloração esverdeada é provocada pelas toxinas da mãe, ingeridas através do leite materno
no período de amamentação. Preocupados, os pais dão remédio para a criança e decidem não
alimentá-la com leite materno. A ausência deste no organismo provoca prisão de ventre e cólicas
no bebê, gerando um segundo problema.
É natural que os pais se preocupem com as doenças dos filhos, mas se utilizarem o
conhecimento religioso e compreenderem que as toxinas estão sendo eliminadas através de um
processo natural, não há perigo. O importante é observar as reações da criança e não deixar de
receber orientações religiosas de superiores.
As doenças naturais como o sarampo, catapora e outras, também são toxinas adquiridas
dos pais que precisam ser eliminadas. Por isso não se pode fazer nada além de esperar, tomar
alguns cuidados e deixar que a doença vá embora naturalmente.
Em um de seus livros, o Reverendíssimo Katsuiti Watanabe, pai do Presidente da Igreja
Messiânica Mundial do Brasil, falou sobre o modismo de ministrar remédios à criança, ao menor
sinal de febre. A mãe dá qualquer tipo de remédio para qualquer tipo de febre, causando, às
vezes, graves problemas físicos, além de dificuldades no próprio processo de crescimento. Ele
salienta que, para o verdadeiro benefício da saúde da criança, não se deve interromper o processo
de purificação natural. Diz ainda que as crianças purificam bastante a cabeça porque, durante o
período de gestação, ficam com ela para baixo, provocando acúmulo de impurezas em maior
quantidade neste local. Por esta razão, os olhos do bebê eliminam secreção, os ouvidos purgam, o
nariz elimina coriza e o topo da cabeça, muitas vezes, apresenta feridas.
O Ver. Watanabe comenta ainda que o leite materno é essencial para o fortalecimento do
bebê. Entretanto, se a mãe tiver problemas psicológicos, nervosos ou emocionais como lamuriar
suas insatisfações, agitar-se, sentir ansiedade, tristeza e sofrimentos, deixar-se dominar pela ira ou
sofrer choque emocional durante o período de amamentação, o bebê infalivelmente terá febre.
Este fato ocorre porque a mãe que amamenta nestas condições psicológicas transfere, através de
um processo químico, os seus sentimentos ao bebê, provocando febre, que é um meio de purificar
o organismo.
Quando os pais tomam muito remédio, o filho também purificará bastante, para eliminar
as toxinas do sangue. Assim, poderão ter na purificação do filho um retrato do que eles lhes
ocasionaram através da ingestão acentuada de medicamentos. Certa vez, um Ministro foi
chamado para ministrar Johrei em uma criança com febre constante de 39, 40 graus, provocada
por uma infecção nas amígdalas. Após duas horas de Johrei, a febre subiu para 42 graus. A
criança quase desfaleceu, mas não chegou a ter convulsão. A partir daí, a temperatura começou a
cair até ficar normal. Depois disso, nunca mais teve febre alta e problemas com amígdalas,
porque conseguiu purificar até o final.
Entretanto, o procedimento usual é interromper a purificação com a utilização de
remédios causando problemas no organismo da criança. Problemas que aparecerão quando ela for
adolescente ou adulta.
Diante de um problema de purificação dos filhos, o melhor que os pais têm a fazer é
procurar orientação superior, antes de recorrer indiscriminadamente aos medicamentos, pois a
preocupação de nós, religiosos e espiritualistas, é desenvolver uma criança verdadeiramente
sadia.
Neishu-Sama explica que a maioria dos problemas da humanidade tem sua origem nas
toxinas adquiridas através dos remédios, que são os maiores responsáveis pelo enfraquecimento
da estrutura física do homem.
Os filhos de um Ministro que quando pequenos não tomaram remédios, apesar de vários
problemas de saúde, foram obrigados, uma vez no colégio, a tomar vacina. Passaram mal durante
uma semana até purificar, pois seus organismos não estavam preparados para receber toxinas.
Meishu-Sama escreveu vários Ensinamentos sobre as doenças. Ele ensinou, por exemplo,
que a bronquite não é uma doença infantil, pois existem adultos que sofrem deste mal. A causa,
segundo ele, é o acúmulo de toxinas no diafragma e pulmão, Sua crise passa quando a pessoa
elimina o catarro. Enquanto isso não ocorre, a respiração fica ofegante. Ministrando Johrei na
boca do estômago e atrás dos pulmões, as toxinas acumuladas são eliminadas na forma de
catarro.
Sobre o nervosismo de algumas crianças, Ele tem uma teoria bastante interessante. “A
criança é nervosa porque nasceu com toxina no ombro e pescoço, o que provoca febre constante,
deixando-a irritada. Ela se acalmará através do Johrei ministrado nesse local. Quanto à meningite,
seus sintomas são febre alta na parte frontal da cabeça e tonturas. A causa deste tipo de doença
provém da grande quantidade de toxinas existentes no cérebro. A medida que a criança toma
conhecimento do mundo a sua volta, começa a usar o cérebro fazendo com que essas toxinas se
concentrem na parte frontal da cabeça. Quando entra na escola, passa a utilizar mais o cérebro,
razão pela qual, nesta época, há maior facilidade para contrair a doença. Os pais, preocupados,
fazem o possível para abaixar a febre, colocando bolsa de gelo. Dessa maneira, solidificam as
toxinas que estavam no início do processo de eliminação, prejudicando a atividade cerebral da
criança, que poderá ficar debilitada mentalmente ou até inválida. Entretanto, através do Johrei, as
toxinas se dissolvem e são eliminadas pelos olhos e nariz, em forma de pús e sangue. A limpeza
da cabeça melhora e a atividade cerebral e o aproveitamento escolar tornam-se excelentes.
Meishu-Sama também nos orienta sobre as causas, conseqüências e o tratamento com o
Johrei de várias outras doenças infantis, como tosse comprida, escarlatina, desinteria, etc. Ele nos
ensina como criar verdadeiros homens fortes, tanto espiritual como fisicamente.
Os Filhos São Reflexo Dos Pais
RUGGIERI, Eny. Os filhos são reflexo dos pais. In: Revista Nova Era, Ano V, nº 21. São Paulo:
Fundação Mokiti Okada – M. O. A., pp. 12-13.
Neide Pinheiro é freqüentadora da IMMB desde agosto de 1995. Ela veio encaminhada à
Igreja para receber orientação do Ver. Sakamoto, pois estava purificando bastante com um filho
que, na época, estava envolvida com o uso de drogas-crack. No momento que tomou
conhecimento do que estava acontecendo com o seu filho, ficou muito revoltada, chamou a
polícia, pediu às vizinhas para vigiarem a casa e até pensou em dar fim à vida do filho.
Neide é atendente de enfermagem e trabalhava, na época, em um hospital durante o dia e
em uma clínica durante a noite. E era quando trabalhava à noite que o filho trazia a “turma” para
a sua casa para a reunião e utilização da droga. Quando ela retornava do trabalho, percebia que
faltavam objetos da casa, estava tudo de forma diferente do que ela havia deixado, inclusive
percebia falta de dinheiro. Sua vida era constante conflito, pois não tinha paz interior nem para
trabalhar. O dinheiro que ganhava, mal dava para as necessidades da casa, sempre vivia com tudo
muito controlado. Além disso, ela própria era uma pessoa que cultivava muitas mágoas, muito
ressentimento contra o ex-marido, a família e o próprio filho.
Foi nessa situação que veio procurar o grupo de saúde para obter orientação para salvar
seu filho. Foi aí que combinamos encontrá-la uma vez por semana para acompanhá-la. Não foi
solicitada a presença de seu filho, pois como está escrito nos Ensinamentos de Meishu-Sama: “...
se o pai é o tronco da árvore, o filho é o ramo, por conseguinte, tomar medidas para não deixar
apodrecer o ramo, mas esquecer-se de cuidar do tronco, assemelha-se a colocar o carro na frente
dos bois”. “Os pais e os filhos estão ligados por um elo espiritual. Conseqüentemente, se houver
máculas no espírito dos pais, através desse elo, o espírito dos filhos também ficará maculado.
Esta é a causa do mau comportamento”.
“Baseado nesse Ensinamento foi orientado, primeiramente, que Neide recebesse Johrei
todos os dias, o que ela passou a fazer sem falhas. Ia todos os dias ao Núcleo de Johrei, após sair
de seu plantão noturno e, uma vez por semana vinha à Igreja Vila Mariana para relatar a sua
evolução. Nesse tempo, seu filho ainda usava drogas todos os dias e levava os amigos para a sua
casa quase todas as noites”.
Na seqüência da orientação, além de receber Johrei, foi orientada que iniciasse a prática
da gratidão diária para a eliminação de máculas financeiras. Praticando as duas orientações,
Neide começou a perceber que estava mais calma, sentia-se mais leve e passou a olhar seu filho
com mais carinho e mais compreensão, apesar dele continuar da mesma maneira.
Após um mês, foi solicitado que observasse o ensinamento “Entregue-se a Deus”. “Se
interpretarmos espiritualmente o ato de preocupar-se, verificamos que ele representa uma forma
de apego. É o apego, à preocupação ... Quanto mais forte o apego, mais fraca é a proteção Divina,
daí nem sempre as coisas correr como gostaríamos”, escreveu Meishu-Sama.
Neide iniciou o treino de desapego: parou de telefonar para a vizinhança para saber o que
acontecia em sua casa à noite e começou a observar as qualidades que seu filho tinha deixando-o
participar das atividades da casa e enaltecendo o seu lado positivo.
Nessa época, já tínhamos quase dois meses de acompanhamento e a situação já era
diferente, sendo que já havia diminuído em 80% a entrada dos amigos na casa e também o uso de
drogas, Seu filho estava mais calmo e já havia um relacionamento mais amigável entre a mãe e
ele. É importante lembrar que até então não conhecíamos o rapaz e apenas orientamos a mãe que
seguia as orientações sem nenhum questionamento. Sua obediência era cega, o que acreditamos
que acelerou muito a melhora da situação.
Com relação ao conflito familiar, ela tem um irmão, de quem tinha muita mágoa, e que
estava doente e desempregado. Foi à Igreja, fez pedido de graça, fez donativo de gratidão em
nome do irmão e dois dias após, ficou sabendo que tinha melhorado do problema de saúde. O
mais importante é que ela percebeu que tinha perdoado esse irmão.
Durante todo esse tempo, o Reverendo orientou-a que o problema não seria resolvido
totalmente de uma hora para outra, que ocorreria, inicialmente, um aumento no intervalo do uso
de drogas. E assim ocorreu aos poucos, ele foi espaçando o uso das drogas gradativamente.
Por espontânea decisão, ela aumentou a gratidão, e o dinheiro que o filho pedia, ela não
dava: fazia donativo de gratidão. Neide percebeu que o filho estava melhorando mais e seus
colegas de trabalho também notaram que ela estava diferente.
Passou a dedicar na Igreja e nos locais onde trabalhava. Relatava os milagres que
alcançava diariamente e também iniciou a leitura do Alicerce do Paraíso.
Com isso, notou que o filho estava melhorando cada vez mais, a cor de sua pele começou
a se modificar, estava mais calmo e não encontrava mais a sua “turma”. A situação financeira de
Neide também foi se equilibrando, ela passou a Ter melhor controle sobre o dinheiro que
ganhava.
Após cinco meses de orientação e obediência, sua vida e a do filho se modificaram muito,
a ponto do próprio filho dizer que não estava mais usando drogas. Hoje, Neide tem apenas o
emprego do hospital e faz atendimento particular para pessoas doentes, podendo assim estar mais
tempo em sua casa, dando atenção e carinho ao seu filho. Ela está muito agradecida a Deus e
Meshu-Sama e quer fazer o curso de iniciação para receber o Ohikari, podendo assim transmitir a
outras pessoas o mesmo que recebeu e que a tornou tão feliz.
Com essa experiência, fica comprovado que o mau comportamento dos filhos é reflexo do
sentimento e comportamento dos pais e, sobretudo, que se obedecermos e aceitarmos o que está
escrito nos ensinamentos de Meishu-Sama, as purificações se transformam. Esse; e o segredo da
obediência cega e da felicidade.
Com este ideal, alguns profissionais da área de Educação estão se reunindo regularmente
para estabelecer um novo método de ensino e criar uma instituição que, acima de tudo, promova
o altruísmo.
As últimas gerações foram educadas para o materialismo, para galgar sucesso baseadas
numa inteligência superficial e ambição desmedida. Os homens, por desconhecerem a Justiça
Divina e as Leis Naturais, perseguem tenazmente seus objetivos, nem sempre úteis à sociedade e,
na maioria das vezes, sem se importar com os métodos. O que vale é o saldo da conta bancária. É
a sociedade dos resultados, da esperteza e dos malabarismos de formas sem conteúdo, onde
impera o dinheiro e as intenções mal disfarçadas.
Está na hora de promover um retorno ao caminho da Verdade, ensinando que o mais
importante não é ser aclamado como um homem inteligente e poderoso, mas ser amado como um
homem íntegro, honesto e altruísta. Este é o pensamento que deve reger os pais na educação dos
filhos e os professores na hora de transmitir conhecimento. É preciso ensinar sobre o Mundo
Espiritual e as suas leis perfeitas e imutáveis.
Para corrigir o homem mau, é necessário fazer brotar na criança os bons sentimentos. Só
que não dá para passar algo positivo se isso não estiver enraizado dentro de cada um. Os pais
precisam estar bem conscientes da sua enorme missão e do esforço constante em se tornarem
bons exemplos. Os professores também. Não basta ensinar a contar ou a conjugar corretamente
os verbos. Precisam compreender que a missão é bem maior, que por trás de cada aluno há um ser
humano, com corpo, mente e espírito, e que o ensino só será completo se entender este ponto.
Para ensinar, é preciso usar ao máximo a capacidade de amar. O saber é importante, mas
como ensina Meishu-Sama, a sociedade está carente de homens dotados de verdadeira
inteligência. O que tem imperado é a inteligência superficial, a inteligência usada para o próprio
usufruto.
A verdadeira inteligência é utilizada para o bem da humanidade, é sabedoria, é percepção.
É esta inteligência que precisa ser cultivada e incentivada nos lares como nas escolas.
A escola da Nova Era vai ensinar matemática, história e geografia, mas também mostrará
os métodos da agricultura natural, a alimentação que gera a verdadeira saúde, os princípios
espirituais que regem a nossa vida, e a arte em toda a sua plenitude. Haverá espaço para o corpo,
a mente e a alma. E mais do que espaço, haverá uma integração perfeita entre espírito e matéria.
Os educadores que tiverem consciência da sua missão e impresso no currículo
conhecimento verdadeiro, amor e fé na profissão, já têm vaga assegurada.
Esta matéria é a primeira de uma série que faz parte de um estudo que o
Reverendo Sakamoto vem preparando a respeito da educação. São textos
baseados em palestras feitas em escolas e nos Ensinamentos do nosso mestre
Meishu-Sama, onde o Reverendo procura analisar as conseqüências de um
aprendizado fora dos princípios da verdadeira educação, e o reflexo disto na
sociedade.
A base de uma boa educação se alicerça em casa, vinda dos pais, e não na escola, como
querem alguns. A escola tem a missão de alfabetizar a criança.
Não se deve relegar à escola a responsabilidade de educar um filho, pois esta obrigação é
dos pais. A educação tem que ser de uma forma pragmática e para saber como educar bem um
filho é necessário que os pais, em primeiro lugar, entendam a sua verdadeira missão.
A missão dos pais, através da educação dos filhos, é poder prepará-los como pessoas
capacitadas para servirem a Deus e à humanidade.
Se os pais não entenderem essa missão não será possível ensinar aos filhos a verdadeira
educação. É muito importante entender que a finalidade da educação, na verdade, é a formação
de homens bons.
Meishu-Sama nos ensina que "a verdadeira educação é aquela que ensina o princípio de
que o bem leva o homem à felicidade e o mal o leva à desgraça”. E também que " a educação que
forma homens incapazes de distinguir o Bem e o Mal está baseada na pseudoverdade”.
De acordo com as Leis da Natureza, a verdadeira educação começa desde a concepção de
um filho. A partir do momento em que passa a existir o espírito nesta criança, ela começa então
receber dos pais as primeiras informações para a sua formação, porque existe entre os pais e os
filhos uma ligação invisível que se chama elo espiritual.
Este elo funciona como um canal entre os pais e os filhos. Através dele é que os filhos
herdam todas as características que podem ser positivas ou negativas de seus pais. A formação
inicial, portanto, é espiritual.
Todas as atitudes dos pais, as práticas na vida cotidiana, influenciam diretamente na
formação de um filho, e a soma desses comportamentos é que vai servir de base para a verdadeira
educação das crianças.
É importante que os pais entendam isso. Esta parte invisível é a que os materialistas não
conseguem compreender. Se formarem um casal que viva em constante harmonia, forem
altruístas, praticando sempre o bem e pensando sempre na felicidade do próximo, disto é que
resultará uma base sólida para que se possa educar um filho, fazendo que ele conviva sempre com
informações positivas para a consolidação de seu caráter.
Mas além disso, no caso dos messiânicos, temos outra possibilidade que é a ministração
do Johrei. Se desde o início da gestação a mulher for recebendo Johrei, o resultado na formação
da criança será diferente.
Os filhos nascem por nosso intermédio, mas não nos pertence, e sim a Deus. Isto é
interessante se analisarmos o desenvolvimento de uma criança até que ela torne um adulto. Desde
que se corta o cordão umbilical já há uma primeira fase de separação. Depois vem uma fase em
que ela começa a andar, logo em seguida passa a se alimentar sozinha, tornando-se cada vez mais
independente em relação aos pais com o passar dos anos.
Com o tempo, atingindo um certo grau de amadurecimento, sentirá a necessidade de viver
a sua própria vida, com uma outra pessoa, em uma outra casa. É como o ciclo dos animais na
natureza Os pais voltam a viver novamente sozinhos como no início do casamento.
Todo ser humano recebe ao nascer três tipos de influência: informações acumuladas de
vida anterior; a herança de nossos ancestrais e também tudo que os pais já passaram para nós
nesta vida antes de nascermos. São muitas influências em nossa formação.
Existe também uma determinação divina. A criança nasce em uma determinada família
para cumprir sua missão, que é designada por Deus. Poderíamos chamar isto de pré-destino. As
crianças vêm ao mundo material já sabedoras de onde vão nascer e quanto tempo irão viver.
Nossa missão é darmos melhores condições possíveis na parte espiritual, para que os filhos
tenham uma possibilidade a mais de compreenderem suas missões. Entender como e o que
vieram fazer no mundo.
Meishu-Sama nos orientou que aquele homem que não sabe o que veio fazer neste mundo
está vegetando, levando uma vida vazia e ociosa, por não entender sua missão no mundo
material.
Os pais devem estar atentos ao momento oportuno para ensinar às crianças determinadas
práticas. Na base da educação temos que nos preocupar em desenvolver na criança a criatividade,
a espontaneidade e a percepção. Tudo dentro de um bom senso, dando a ele uma tarefa que
poderá ser cumprida sem problemas, de acordo com seu potencial. Essa é a verdadeira missão dos
pais.
O ambiente uterino pode influenciar o quoeficiente de inteligência (QI) dos filhos, diz
estudo publicado na revista Nature.
Pesquisadores da Universidade Carnegie Mello, em Pittsburg (EUA), submeteram 212
estudos anteriormente realizados com gêmeos e irmãos não-gêmeos a análises estatísticas.
Segundo ele, o “efeito materno”, isto é, o comportamento do útero, ajudaria a explicar por
que gêmeos tendem a apresentar Qis mais parecidos do que não-gêmeos, que se desenvolvem no
mesmo útero, mas em momentos e circunstâncias diferentes. Também afirmou que o cérebro
apresenta crescimento significativo no útero, e vários estudos mostram que o QI é afetado pelo
ambiente a que são expostos o feto durante a gravidez.
Um dos resultados do estudo é que o comportamento genético parece ter menos
importância do que se acreditava. Isto porque gêmeos idênticos compartilham o mesmo conjunto
de genes, enquanto não idênticos apresentam a mesma semelhança genética do que apresentariam
dois irmãos não gêmeos.
Os pesquisadores também sugerem que se o “fator materno” for levado em consideração,
os genes explicariam apenas 34% da variação do QI entre pais e filhos e 48% da variação na
população em geral, isto é, em ambos os casos o ambiente constitui com mais de 50%.
É melhor ouvir do que falar. In: Revista Nova Era, Ano VI, nº 26. São Paulo: Fundação Mokiti
Okada – M. O. A.
Muitas vezes os adultos não dão a devida atenção às crianças e não percebem que elas
têm dificuldades, medos, barreiras... Acreditam que o tempo para enfrentar tais problemas está
bem longe de chegar, pois ficam apenas preocupadas com seus próprios sofrimentos. Com as
alegrias e tristezas dependessem de idade e não de carinho, atitudes, palavras.
Quando Ricardo Camargo Gomes Pereira, uma criança com nove anos, procurou o Min.
Amadeo Bernardo, responsável pela Casa de Johrei Jardins, abriu espaço para as pessoas terem
uma maior preocupação com os jovens.
A mãe de Ricardo, incentivada pela irmã, pediu que o Min. Amadeo o orientasse e
mudasse sua vida. Durante a conversa com o Min. Amadeo, Ricardo contou o motivo de seu
sofrimento: “Sabe ministro, eu estou sofrendo porque papai e mamãe andam brigando muito”.
Além disso, também falou que quando sua mãe o deixava tomando conta de seu irmãozinho de
dois anos, queria que desse seus brinquedos para ele ficar quieto e parar de chorar, mas ele
sempre quebrava os brinquedos e sua mãe gritava, ficava brava...
Também na escola havia um corredor que ele gostava de brincar com seus amiguinhos,
mas as professoras reclamavam porque atrapalhava as aulas, por isso começou a correr no fundo
da escola, correr escondido, o que também achava ruim.
Assim, depois de ouvir o menino, o Min. Amadeo lhe disse que é possível mudar
qualquer coisa na vida se nos tornarmos úteis a Deus. Explicou-lhe que se fizesse algo para as
pessoas ficarem felizes também se sentiria feliz. Por exemplo, antes de seu pai chegar em casa,
que deixasse o jornal mais perto para que ele pudesse achar mais facilmente. Também ficou
combinado que todos os dias ele fizesse alguma coisa para agradecer seu pai, sua mãe ou a
professora. Mas como ele disse que quase não via o seu pai, tinha que se esforçar no que ele
gostava que fizesse. Então, seguindo a orientação, todos os dias fazia um desenho para entregar
ao pai quando o encontrasse.
Outra coisa que o deixava contente era quando telefonava para o seu trabalho. Assim
passou a ligar para ele e dizer que o amava. Com sua mãe e com a professora era mais fácil, era
só Ter mais obediência, perceber o que estava fazendo de errado e mudar isso.
Pouco a pouco Ricardo vem polindo sua alma, se tornando amigo de todos e sempre
ajudando em casa, na escola, sua família. Isso também trouxe grandes resultados para seu lar e
até contribuiu para melhorar a conviv6encia entre seus pais e seu rendimento escolar. Isso prova
que ouvindo e dando apoio aos jovens aprendemos muito e podemos conseguir de Deus grandes
milagres.
Solidão E Carência
Solidão e carência. In: Revista Nova Era, Ano VI, nº 26. São Paulo: Fundação Mokiti Okada –
M. O. A.
As pessoas, por mais rodeadas de gente que estejam, sentem-se cada vez mais sozinhas.
Há algumas que passam o dia-a-dia na companhia de dezenas de amigos, parentes, colegas de
trabalho ou de classe, vizinhos, clientes, fornecedores, funcionários... Conversam, riem,
aparentam felicidade e extroversão. Mas no íntimo, são solitárias. E, por causa disso são infelizes.
O homem, na atualidade, considera moderno ser independente, mas não consegue lidar
bem com a solidão que esta suposta independência acarreta. Ele orgulha-se em poder fazer o que
quiser, na hora que entender e da forma que melhor lhe convier. Mas será que na prática isso
acontece realmente assim? Será que esta “liberdade” tão sonhada não é, na verdade, uma prisão?
Durante anos, a humanidade veio tentando tenazmente se libertar de todos os dogmas
enraizados geração após geração, mas sem perceber, acabou criando outros. Hoje, existe um
preconceito em relação ao casamento, à fidelidade, aos relacionamentos duradouros. Mesmo
assim, a maioria das pessoas não suporta uma traição, se sente insegura diante da incerteza e
indiferença, e procura relacionamentos sólidos. Aparência e interior se contradizem e lutam entre
si. Todos querem vencer por si só, Ter o carro do ano, freqüentar os lugares mais badalados,
vestir as grifes famosas. Todos almejam ser reconhecidos como bons e conceituados
profissionais. Mas será que isso preenche a alma, o vazio da auto-realização?
Será que não é como um pássaro que só aprendeu a desenvolver uma das asas (parte
material) e agora quer dar vôos longos, mas não consegue voar? Isso acontece porque um dos
lados está atrofiado. Assim é a vida.
O ser humano nasceu para crescer e se multiplicar, já ensinava Cristo há quase dois mil
anos. E mesmo sem querer, ele tem necessidade de Ter alguém para compartilhar suas glórias e
seus fracassos, para escutá-lo, aplaudi-lo e ampará-lo. Mesmo assim, algumas pessoas passam
uma boa parte da vida rejeitando a idéia de unir-se definitivamente a alguém. O homem moderno
não convive bem com a idéia do definitivo e parte para opções nem sempre satisfatórias. Outras
perdem a juventude só enxergando as próprias qualidades em relação aos defeitos “do resto do
mundo”. E aí quando percebem, estão irremediavelmente sós. Bate uma angústia, uma vontade de
se sentir amado e amar, de Ter aquilo por que fugiram durante tanto tempo. Então, não resta outra
alternativa: cadastra-se nas “agências de casamento” por um valor nada acessível e sem garantias
de encontrar o “príncipe encantado” que só existe mesmo nos contos de fadas infanto-juvenis. Ou
anunciar nos classificados procurando alguém que se encaixe no seu perfil. O número de páginas
de jornal dedicados a esse tipo de anúncio está crescendo bastante. Ah, atualmente, também
existe a Internet e os namoros virtuais. Outra opção.
Mas onde foi parar a esperança, a paquera, a incerteza de Ter que se tornar mais atraente,
física e espiritualmente? Foi trocado pelas facilidades de ter alguém “pago” que resolva suas
necessidades, que encontre a pessoa certa dos sonhos.
Enquanto isso não acontece, a carência vai ganhando espaço e as pessoas vão tentando
contorná-la direcionando sua atenção para as outras coisas: objetos, animais, diversões,
passatempos. Esquecem que para resolver o problema precisam, como o pássaro, desenvolver a
outra asa que é a parte espiritual, o altruísmo. Para ganhar vida, precisam antes ajudar as pessoas
a ter vida. Só assim se tornarão verdadeiramente atraentes.
Estamos chegando a uma era que não adiante impor nossa vontade, precisamos
conquistá-la. Se queremos alguém ao nosso lado, precisamos criar as condições para merecê-la.
Se ficarmos aprisionados nos nossos velhos dogmas e pontos de vista ultrapassados e não
evoluirmos podemos perder o “tempo” e desperdiçar nossa chance de cumprir nossa missão e ser
feliz. Está na hora de deixarmos o nosso egoísmo de lado. Se procurarmos alguém apenas para
satisfazer nossa vaidade, estaremos nos distanciando cada vez mais da felicidade e aumentando o
índice de população carente e solitária. Ainda temos uma opção.
Questões das mais polêmicas dos últimos tempos, o aborto, legalizado em quase todos os
paises desenvolvidos do mundo – a Inglaterra teve sua primeira legislação sobre o assunto em
1967 e a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que o aborto era um direito adquirido da
mulher em 1973 -, tem causado muitos conflitos entre segmentos conservadores e outros mais
liberais da sociedade brasileira.
Vigente no Código Penal brasileiro desde 1940, diz em seu artigo 128 que o aborto é
permitido quando houver má-formação congênita do feto, quando a mulher correr risco de vida
com a gravidez ou for vítima de estupro. Os mais radicais alegam que muitas mulheres poderiam
alegar a violência sexual para poder abortar as custas do dinheiro do Estado, caso a lei que
autoriza a rede pública de hospitais a fazer o aborto nos casos já citados seja aprovada. O projeto
de lei está em trâmite no Congresso.
No Brasil, fala-se em 1,5 milhões de abortos por ano. A legislação pune a mulher que
provocar o aborto fora dos termos estabelecidos com um a três anos de prisão. E com um a quatro
anos o médico ou a parteira que realizar tal trabalho. Apesar de a lei vigorar há décadas, nenhuma
mulher foi condenada pelo 1ª Tribunal do Júri, o maior do País, nos últimos dez anos.
Pessoas conhecidas do grande público foram obrigadas a abortar, por diversas razões,
mesmo acreditando que o direito à vida não se nega assim de forma tão abrupta, mas também
concordam que para se colocar um filho no mundo é preciso, em primeiro lugar, que ele seja
resultado do amor entre um homem e uma mulher e que o casal tenha meios de educa-lo e dar-lhe
uma vida decente.
Independente da situação que leve uma mulher a impedir que um ser venha a nascer, é
preciso, pelo menos, imaginar o que acontece com os abortados. Como se sentem e a que lugar
eles vão? Algumas religiões famosas de origem e oriental como o budismo e o xintoísmo
acreditam que o espírito destas crianças que são impedidas de nascer e de cumprir sua missão
sofrem em demasia.
Um aborto pode trazer sérias conseqüências para a mulher que o pratica, como os casos
de depressão, para citar apenas um exemplo.
Segundo Mary Scapin, psicóloga, clínica e supervisora de formação de terapeutas da
Escola Paulista de Psicodrama existe uma complexa relação entre o aborto e essa doença. “Do
ponto de vista psicológico, quando a pessoa faz a opção pelo aborto, ela está em uma posição
absolutamente materialista. Ela pensa que está com um problema que vai alterar a sua vida e não
quer que isso aconteça. Não quer perder o controle da situação naquele momento e faz a opção
pelo aborto. Tem-se a sensação de alívio com a resolução do problema, mas se esquece que
acabou assassinando alguém. Eu penso que esse julgamento interno de quem pratica um aborto
fica no inconsciente. Num outro momento da vida em que ela tem que se ver com questões de
auto-estima, esse julgamento vem com toda intensidade e aí a pessoa se deprime”, explica
Scapin.
Crime Hediondo
Para o endocrinologista Francisco Vasconcelos “o aborto nada mais é que um assassinato.
É você condenar alguém que ainda não nasceu à morte, sem ao menos haver um motivo para
isso”. Segundo o médico, o aborto pode ser considerado um crime como outro qualquer, portanto,
punível. Ele comenta que o aborto pode deixar profundas seqüelas. Quando malfeito, pode levar à
morte da mulher devido a infecções graves causadas pela septicemia, que é uma contaminação
generalizada do corpo. Para aquelas que conseguem fazer um aborto em condições favoráveis,
sem o perigo de infecções, “sempre vai sobrar a possibilidade de existir aderência intra-uterina,
que causam dificuldades de gravidez futura e isso vai ser mais traumático ainda”, acrescenta o Dr.
Vasconcelos. E ainda prossegue com convicção: “Eu acho que nenhum de nós tem direito de
condenar alguém à morte, de decidir quem vai viver ou quem vai morrer. Em caso de estupro, o
crime foi cometido pelo estuprador e não pelo feto que está no útero”.
Interrompendo de forma cruel a continuidade de uma vida elimina-se momentaneamente
um problema da matéria, mas o pior está por vir. O que acontece após um aborto não se restringe
apenas à parte física e mental da mulher ou do homem que tenha participado da concepção, mas
que no entanto se nega a assumir a responsabilidade.
“Legalizando o aborto, estão esquecendo a gravidade do problema na parte espiritual, por
que isso é um assassinato e acaba gerando um grande karma. Isso acumulado um dia vai se
refletir na vida de quem praticou um aborto, em forma de doença e principalmente conflito”,
garante Koji Sakamoto, coordenador da Fundação Mokiti Okada e reverendo da Igreja
Messiânica Mundial do Brasil.
Sakamoto alerta também para a questão do controle da natalidade. Acredita que se as
coisas continuarem como estão, com um número assombroso de abortos, “daqui a alguns anos vai
faltar material humano, e isso vai quebrar a lei da natureza”.
E vai mais longe em sua análise do problema dizendo que o aborto surgiu em função da
necessidade de se controlar o crescimento da população de alguns países do mundo.
O comentário feito pelo padre Antonio Marcondes, assessor de comunicação do Santuário
São Judas Tadeu, em São Paulo, deixa claro que está na hora de a sociedade participar com mais
boa vontade nas decisões que atinjam um sem-número de pessoas e que não tem a menor
coerência resolver uma situação em que houve um crime praticando outro crime.
“Temos a obrigação de proteger e lutar em favor da vida humana, desde o ventre materno
até sua fase terminal. Portanto, onde existir com segurança uma vida humana individual e
pessoal, ninguém tem o direito, nem mesmo a mãe, de dispor autoritariamente sobre a
continuação da existência desta vida inocente”, diz padre Antonio.
Sem dúvida, um homem que comete o crime de estupro deve ser punido com rigor pela
lei.
De formação cristã, padre Antonio diz que mesmo em caso de anomalia grave para o feto,
onde o aborto terapêutico prima pela vida da gestante, a sua moral prega pela valorização da vida
sem distinção.
Idealiza que deve haver empenho da sociedade e do Estado em criar estruturas sociais
onde as mulheres que são vítimas de violência sexual possam receber tratamento psicológico
durante a gestação e que os filhos que resultem de estupro sejam criados por entidades
subsidiadas como solução para se evitar o crime de aborto.
Não Matarás.
STABELITO, A. C. Não matarás. In: Revista Nova Era – Ano VI – Nº 28. São Paulo: Fundação
Mokiti Okada – M. O. A.
Esta é a resposta a uma das perguntas iniciais contidas no livro de Nércio Antonio Alves,
“Nós Abortamos...”, que são relatos psicografados de diversos espíritos que praticaram o aborto e
encontram neste alerta à humanidade uma forma de redimir um pouco da sua pena.
Para os espíritas, seguidores de Alan Kardec, o aborto é algo abominável. Segundo o
relato de diversos espíritos – apresentados em livros – os abortados voltam ao Plano Espiritual
num estado lamentável, deformados, vítimas da rejeição. A maioria, durante um bom tempo,
continua se contorcendo de dor, revivendo os instantes da morte, sua luta para viver, frágil e
indefesa diante das modernas “técnicas” adotadas pela medicina. Demoram para retornar ao
estado natural. Dizem que os que demoram são aqueles que acreditam na possibilidade da mãe se
arrepender antes de praticar o aborto. Muitos voltam com um ódio profundo, revoltados, com
desejo de vingança. Outros, de tanta dor e ódio, não conseguem retornar ao Plano Espiritual,
ficam encostados na mãe, tentando faze-la pagar pelo crime que cometeu. Geralmente, segundo
afirmam, mulheres com distúrbios mentais, depressão e acometidas por doenças que não
conseguem ser diagnosticadas levam consigo estes espíritos.
No livro “Deixe-me viver”, Irene Pacheco Machado, que psicografa as mensagens do
espírito de Luiz Sérgio, mostra que o trabalho para a recuperação do espírito de um abortado
exige paciência e muita dedicação, pois explica que as pessoas estão sempre ligadas por uma
família espiritual, ou seja, nascemos, encarnação após encarnação, dentro do mesmo grupo ou
linhagem, devido às nossas afinidades. Por isso, um filho pode ter sido um pai ou irmão em outra
vida. Às vezes, pode ter sido uma pessoa por quem se jurou amor eterno, por ignorância, agora é
rejeitada e assassinada. Pode ter sido alguém a quem se precisava agradecer ou receber perdão.
Para os espíritas, o corpo da mulher é sagrado, é como uma “terra fértil”. Tem a missão de
reproduzir e deixar nascer o fruto que carregava no ventre. “Mas muitas mulheres não entendem
o real significado da maternidade e usam o corpo apenas para sentir prazer”.
Fazendo parte da edição “Valorizar a Maternidade para Preservar a Vida”, o livro de
Nércio Antônio Alves, citado no início, contém mensagens mediúnicas de espíritos que
ignoraram a vida e desprezaram a missão quando estavam vivos. Acompanhe alguns desses
relatos.
A Esperança do Altruísmo
Estes relatos confirmam o que ensina Mokiti Okada: as leis do Mundo Espiritual são
justas e imparciais.
É impossível saber os laços que ligam um feto a uma família. É impossível imaginar qual
seria a sua missão e as conseqüências dos atos cometidos levianamente, em nome do egoísmo e
absolvidos pelo materialismo. E é justamente o materialismo grande vilão da história da
humanidade. Foi por buscar poder, fama, e dinheiro apenas para si próprio que o homem se
afastou tanto das Leis da Natureza, da verdade divina. Mas o excesso de egoísmo só lhe trouxe
infelicidade e, hoje, ele colhe os resultados das suas más ações.
Rejeitar um filho é o mesmo que rejeitar a missão como ser humano. Existe algo mais
bonito do que doar um pouco do nosso tempo para formar um outro ser? E formar não é só gerar,
é ensinar, amar, fornecer o alimento físico e espiritual.
O ideal é deixar as coisas acontecerem naturalmente, sem se preocupar em ser capaz de
educar uma criança ou ter condições materiais para sustenta-la. Segundo Mokiti Okada, cada
criança já nasce com seu dote. Mas como o homem só enxerga a matéria, ele não consegue
compreender isso. E prefere abortar do que enfrentar uma situação que, com sua visão limitada,
julga lhe dará muitas “dores de cabeça”.
A Ministra Gilda da Silva Costa, que fica no Solo Sagrado da Igreja Messiânica Mundial,
em São Paulo, SP, ouve e orienta quase todos os dias pessoas que sofrem devido a um (ou mais)
aborto. E para mostrar a gravidade do problema e o que deve ser feito para soluciona-lo, ela
apresenta a experiência de Moacyr Antônio Lopes Silva, de Jacobina, Bahia, que vem a seguir.
“Em 1988 minha mãe sofreu um acidente (no dia das mães) no qual quebrou as duas pernas, 22
costelas, a clavícula direita e perfurou os pulmões e fígado. Ficou vários dias na UTI em Feira de
Santana e Salvador. Na ocasião os médicos acharam que não sobreviveria mais do que alguns
dias. Nessa fase a pressão artéria caiu a zero, teve uma parada cardíaca e uma infecção
generalizada.
Após alguns dias de tratamento nós contratamos uma auxiliar de enfermagem (Fátima,
que era messiânica) para acompanha-la durante a noite. No primeiro plantão minha mãe suplicou
para que lhe fosse aplicada uma injeção à base de morfina, pois não suportava mais as dores.
Fátima então lhe disse que não, pois esta substancia química era muito forte e traria graves
conseqüências.
No mesmo instante, Fátima foi ao banheiro, lavou as mãos e começou a ministrar Johrei.
Mamãe sentiu-se aliviada e dormiu a noite toda. Depois disso ela recebeu Johrei todos os dias.
Retornando para Jacobina, BA, continuou o tratamento médico. Em 1990, por intermédio
de uma funcionária da loja de minha mãe, conhecemos um casal messiânico na cidade.
Recebemos Johrei, nos sentimos bem, e ficamos de voltar outro dia. Deste dia em diante eu e
minha mãe não deixamos de freqüentar a Igreja Messiânica.
Em 1993 fui escolhido pelos membros como responsável pela Casa de Johrei Jacobina,
função que exerço até hoje. Minha mãe, recebendo Johrei nestes setes anos, ficou completamente
curada das seqüelas do acidente, porem, nunca sentiu gratidão para se tornar messiânica. Mas esta
historia começa bem antes.
Em 1980 minha namorada engravidou. Com meu materialismo e egoísmo a convenci a
abortar, pois não queria me casar. Tive até que vender um carro para pagar o médico em Salvador
que aceitou matar meu filho. Casei em 1981 com outra moça, Ângela. Nossa vida era feliz, com
uma situação financeira razoável. Deste casamento nasceram dois filhos.
Nossa purificação começou em dezembro de 1987 quando perdi meu emprego e
roubara-me o carro que fora de minha mãe. Um ano antes Ângela ficou grávida. Mais uma vez
pelo materialismo e egoísmo rejeitamos esse filho. Até comemorarmos quando Ângela começou
a perder sangue e depois o feto. Em 1988 meu pai faleceu e em maio veio o acidente de minha
mãe, capítulo que abre essa minha experiência. Estávamos passando por uma grave situação
financeira em 1994. Nosso filho mais velho, o Leandro, que desde pequeno sempre foi muito
rebelde, começou a arrancar os cabelos deixando buracos no couro cabeludo. Tirava também os
pêlos das sobrancelhas e cílios. Não entendíamos o que estava acontecendo. Na época não
tínhamos a convicção de hoje, por isso procuramos uma psicóloga para análise. Tenho um irmão
que possui mediunidade e ele recebeu um espírito no momento em que olhou assustado para a
cabeça do Leandro. Esse espírito estava com ódio de mim e de Ângela, nos humilhou e dizia que
sabíamos o motivo. Em 1995 vendemos um vídeo e fomos ao Solo Sagrado, durante a sua
construção, dedicar pela salvação dos nossos antepassados.
Já no ano de 1997 minha mãe estava sofrendo de depressão e muita agonia, parecendo
que iria enlouquecer. Na casa de Johrei, para minha surpresa, ela relatou sua experiência desde o
acidente e pediu emocionada para que todos orassem por ela. Durante os preparativos para um
culto, uma freqüentadora incorporou um espírito. Pedi para que uma assistente religiosa ficasse
ministrando-lhe Johrei durante o culto. Quando este terminou um membro disse-lhe que o
espírito incorporado estava dizendo que era meu filho. Ele estava com ódio de mim e não aceitou
meu pedido de perdão. Dizia que eu o havia matado duas vezes. Lembrei dos dois abortos de 80 e
86. Perguntei-lhe e ele confirmou que por duas vezes veio para ser meu filho e eu o rejeitara. Ele
não tinha mais raiva da minha mulher, Ângela, pois ela orava por ele, e com isso ele recebia luz e
tinha seu sofrimento aliviado. Começou a xingar também a minha mãe com muita raiva, dizendo
que não era só ele que estava deixando ela louca, que havia vários espíritos com magoa dela.
Disse ainda que minha mãe há mil anos era um carrasco e o tinha abortado em outra vida e por
isso os espíritos tentaram mata-la no acidente, mas não conseguiram. E não deixavam que ela
recebesse o Ohikari (medalha messiânica para a transmissão do Johrei).
Ângela continuava durante todo o tempo ministrando Johrei no peito da incorporada para
que o espírito conseguisse perdoar e assim saísse do lugar horrível no qual se encontrava, uma
“lagoa de sangue cheia de ratos roendo a sua cabeça”, e que milhares de espíritos, todos
abortados, ali sofriam, segundo ela dizia. Depois de perdoar a todos ele foi embora e não mais
voltou. Relatei o que tinha acontecido para os membros e todos ficaram muito emocionados.
Pessoas choravam compulsivamente ao lembrarem que também haviam praticado o aborto.
Decidimos desde o dia 3 de agosto de 1997 orarmos diariamente, pela salvação de todos os
espíritos abortados. Leandro mudou completamente, começou a dedicar como Oficiante e nosso
lar se transformou em um Lar de Luz”.
Esta matéria não foi realizada com o objetivo de condenar ninguém. Afinal, o homem é
livre para escolher o seu destino. Ela é um louvor à vida. Às Leis da Natureza que precisam ser
respeitadas. É um grito de alerta. Quando o homem aprende a enxergar a existência do mundo
espiritual, entenderá que um corpo, ou um feto, é mais do que simples matéria, é um espírito com
direito à liberdade de viver e escolher seu próprio caminho, seu destino, sua missão e sua
felicidade.
Educação
SAKAMOTO, K. Educação. In: Revista Nova Era, Ano VI, nº 29. São Paulo: Fundação Mokiti
Okada – M. O. A.
Muitas Vezes os pais pensam que os filhos nasceram para viver em sua própria função,
chegam a achar que são suas propriedades particulares e se esquecem que eles também possuem
uma missão a cumprir. Independente de quem os gerou.
No filme Pássaro Azul, o autor belga Maurice Materlinck mostra que a criança, antes
mesmo de nascer, já está predeterminada no mundo espiritual a conviver com a família.
Assim, os filhos vêm pelo intermédio dos pais, mas nem por isso lhes pertencem. Eles
pertencem a Deus. Cabe aos pais prepará-los para servirem da melhor maneira possível a Deus, à
humanidade e à sociedade.
Certamente as crianças têm espírito e matéria, portanto, é missão dos pais criar condições
para cuidar espiritualmente delas. Isso não depende apenas das palavras que lhes são
transmitidas, além do conforto, amor e carinho que lhes são oferecidas, pois são fatores materias,
que podemos sentir.
A verdadeira educação é transmitida dos pais para os filhos através do elo espiritual –
uma ligação invisível por onde passam diretamente as coisas boas e ruins. Por isso, os pais devem
se preocupar em fazer o bem, alegrar o próximo, acumular bons pensamentos e atitudes para
transmitir coisas boas à formação dos filhos.
É bom lembrar que o problema dos filhos é problema dos pais, portanto, para corrigir os
filhos, primeiramente é preciso corrigir os pais.
Os Três Anos Que Decidem Uma Vida
RODARTE, A. P. Os três anos que decidem uma vida. In: Revista Nova Era, Ano VI, nº 29. São
Paulo: Fundação Mokiti Okada – M. O. A., p. 09.
Doce Lar
Com o casamento e a chegada dos filhos é cada vez mais crescente o número de mulheres
que deixam suas profissões e passam a se dedicar integramente a eles. Como diz o ditado
popular: “amor de mãe é único” e o acompanhamento nesse primeiro momento de
desenvolvimento é muito importante para a criança. Caso não exista essa possibilidade, a mãe
pode se dedicar igualmente aos filhos quando chega do trabalho e nos finais de semana. Basta ter
a preocupação de investir na educação e na formação do caráter da criança.
Segundo a psicóloga Silvana Scavone Carneiro da Cunha, os aspectos emocionais e
educacionais são basicamente os que se desenvolvem nos três primeiros anos de vida. “Nesta
fase, a criança precisa de afeto, sente alegria, tristeza, medo, raiva, e não sabe como lidar com
esses sentimentos”, comenta a psicóloga.
Quando a criança nasce, a figura da mãe é seu maior vínculo com o mundo e a primeira
demonstração de afeto é a amamentação. O leite materno, além de ser um alimento natural,
oferece bem-estar e equilíbrio ao bebê. Mas a presença do pai é tão importante quanto a da mãe.
É ele quem vai traduzir sinais de segurança e de conforto. Estas fortes ligações também são
garantias de sobrevivência para o bebê e vão contribuir para definir sua personalidade.
Nessa fase, a criança acha que é o centro do mundo e que os pais existem para viver em
função dela. Principalmente se for o primeiro filho. Por isso, é muito importante ensiná-lo o
quanto antes os limites de cada um assim como conceitos sobre organização, hierarquia e
obediência. Por exemplo, o que proporciona grande satisfação à criança são os alimentos e o
sono. E são nesses pontos que a mãe se submete à vontade dos filhos.
“O sono é um aprendizado”, afirma a psicóloga Silvana. “Habituar a criança a dormir no
colo é inconveniente para ela e para os pais”, continua. Caso haja uma disciplina de horário,
melhor. Se a criança já recebeu colo, foi amamentada, está com a fralda limpa e não está com
nenhum incômodo, já está pronta para dormir. Mas ela se comunica através do choro e quando
percebe que consegue o que quer, mobiliza toda a situação com isso. Na primeira noite, ela pode
chorar um pouco no berço; na Segunda, se a mãe conteve a ansiedade, não chora mais. Às vezes,
é difícil agüentar o choro intermitente de um bebê, mas se isso for feito uma vez, ela vai perceber
que não conseguirá nada com isso e sossegará. É um treinamento que traz melhoras a cada dia e
grande crescimento interior para ambas as partes.
A Influência da Televisão
Pesquisas realizadas recentemente mostram que a televisão pode influenciar o
desenvolvimento do feto por meio das emoções que causa na gestante. No período de gravidez, a
mulher fica mais sensível e é muito importante que tenha uma vida alegre e tranqüila para
transmitir bons sentimentos ao bebê.
Já foi comprovado que diversos fatores ambientais podem Ter influência sobre o feto,
como o fumo, o álcool e a radiação, mas ninguém ainda tinha considerado a televisão como um
desses fatores.
Foram reunidas 60 gestantes entre 36 e 38 semanas na Universidade de New South Wales,
em Sidney (Austrália). Inicialmente, foi analisado se a gestação era normal e desejada pela mãe,
pois a rejeição também pode causar distúrbios no feto. Submetidas a apresentações de vídeos, os
resultados mostraram que a reação dos bebês foi maior quando havia som e imagem. Isto porque
o feto não só reage às emoções da mãe, mas também ouve e sente o que se passa ao redor.
Assim, hoje em dia até os desenhos animados são violentos, é bom que a gestante fique
alerta e que a mãe acompanhe ao que os filhos assistem.
Desde o momento em que a criança nasce, dizem os pesquisadores, ela aprende a copiar o
que vê, é assim que aprende. A televisão oferece todo um universo para ser copiado e as crianças
passam horas assistindo a programas que poderiam ser muito mais educativos, que estimulassem
a criatividade e a conviv6encia com as pessoas.
Estudos também revelam que a televisão impede a criança de fazer ö que deveria fazer –
como criar pequenos mundos que ela possa controlar”. Mas os pais podem mudar essa situação,
direcionando a programação para seus filhos.
As crianças que assistem aos desenhos de luta, por exemplo, são mais agressivas que
aquelas que preferem brincadeiras criativas. Depois de assistir a um episódio sobre construção de
casas, um grupo de crianças com idade entre dois e três anos resolveu fazer a mesma experiência
com seus brinquedos. Um outro grupo que assistiu ao desenho Power Rangeres, “literalmente”
resolveu lutar. Segundo pesquisadores, os personagens apresentados pela mídia estão sendo
usados pelas crianças como válvula de escape de seus problemas, já que não recebem a devida
atenção dos pais.
Andar de bicicleta, passear nos parques são sempre boas alternativas para levar a
criançada. Para os que preferem ficar em casa, que tal uma boa e divertida leitura? Basta usar a
imaginação e abusar da criatividade.
Educação Na Medida Certa
RODARTE, A. P. e STABELIYTO, A. C. Educação na medida certa. In: Revista Nova Era, Ano
VII, nº 30. São Paulo: Fundação Mokiti Okada – M. O. A., pp. 18 - 21.
À Procura de Heróis
Nesta fase da vida em que o corpo começa a mudar e os dentes já são quase todos
definitivos, o ser humano age através de exemplos. Ele precisa de um modelo. Bombardeado por
uma série de “heróis animados” que lutam com as mais modernas e poderosas armas, a criança
precisa Ter em casa um modelo que combata toda essa violência e não a incentive cada vez mais.
Segundo Mokiti Okada, filósofo contemporâneo, os filhos são o reflexo dos pais, por isso,
a base dos problemas das crianças está justamente em quem os gerou.
Quando a criança é agitada na sala de aula, agressiva com a professora, não faz tarefas
nem se envolve com os trabalhos escolares, os pais sempre dizem “ não sei porque ele é assim”,
“não sei a quem ele puxou”, “ele está impossível”... Ao invés disso, deveriam refletir sobre a sua
própria postura e o que poderiam estar fazendo para atrapalhar o desenvolvimento da criança. E
também o que estão deixando de fazer para a correta educação dos filhos.
Já que estão no papel de heróis, precisam Ter uma postura correta para influenciar
positivamente seus filhos e evitar decepcioná-los. Se a criança perder a identidade com os pais,
corre o risco de copiar maus exemplos e assumir um caráter perigoso. Por isso, se os pais querem
formar no futuro um adulto bom, íntegro e honesto precisam assumir esse mesmo perfil hoje.
A Importância do Limite
A Lei da Compensação
A velha tática de cortar o mal pela raiz funciona. O problema é que, culpados pelo pouco
tempo que passam com os filhos e com medo de serem repressivos, os pais acabam se perdendo
numa educação muito liberal. Freqüentemente ouve-se os pais dizerem para os filhos o quanto é
duro trabalhar: ä mamãe precisa ganhar dinheiro”. O ideal seria: "eu me sinto feliz
desenvolvendo minha profissão e cumprindo minha missão”. Agindo dessa forma, fica difícil
administrar a sensação de abandono da criança. E como compensar isso tudo?
Com receio de frustrar as crianças, os pais fazem tudo que elas querem, na hora que elas
pedem, não importa qual seja o pedido ou quanto custe atendê-lo. E isso é prejudicial à formação
do ser humano e só ocorre porque a missão dos pais de educar não está sendo cumprida. Eles,
inconscientemente, acabam colocando trabalho, ascensão profissional, vaidades pessoais e
amigos na frente dos filhos. Pensem que os bens materiais compensam a aus6encia física e
espiritual. Os filhos precisam de atenção, carinho, de tempo para contar as novidades, mostrar o
que aprenderam e já sabem fazer. Precisam falar e ser ouvidos, necessitam dos pais para poderem
ser crianças.
Energia em Excesso
O mau comportamento, a falta de concentração ou a indisciplina que reina na maior parte
das escolas (não importa o nível social) tem origem no próprio lar. É conseqüência da falta de
educação, literalmente falando. Se a criança fica em casa o dia inteiro em frente à televisão
apresenta muita energia disponível quando se vê livre. “Neste caso, é natural que ela enlouqueça
a todos na escola, pois é lá o seu primeiro contato com a realidade fora do seu dia a dia”, enfatiza
a psicóloga Sônia Braga Urbano, que também é especialista em terapia familiar. É nesse ponto
que os pais começam a ficar preocupados. Nessa fase, as crianças apresentam suas emoções de
forma clara, transparente como um espelho. Assim, os pais podem se observar através delas: “o
meu filho sou eu”. Às vésperas do século XXI, as crianças sabem o que querem, só não sabem
como adaptar suas vontades ou como usar uma defesa melhor do que a agressividade. Por isso,
precisam de um par6ametro para dizer o que é certo e o que é errado na formação de seu caráter.
“Este mundo está tão consolidado na instrução materialista, que não percebe a eternidade da
vida”.
Mokiti Okada
Século XXI
Século XXI. In: Revista Nova Era, Ano VI, nº 30. São Paulo: Fundação Mokiti Okada – M. O. A.,
p. 22.
“Nos jornais não existiam artigos sobre crimes. Destacava-se a parte relativa às diversões;
os artigos principais versavam sobre esporte, turismo, música, belas-artes, teatro e cinema,
redigidos em linguagem simples e precisa. Havia 50% de textos e 50% de fotos. Abundante era a
propaganda de livros e lançamentos. Lia o jornal todo em quinze minutos. Explicaram-me que
assaltantes e ladrões eram histórias do passado. Nas ruas apenas os automóveis. Os trens e ônibus
trafegavam pelo subsolo. Além disso não faziam nenhum barulho. Existiam dispositivos em volta
das janelas para isolar o som em toda parte, não havendo poluição sonora. Quando chovia, a água
se infiltrava e não se formavam poças. A força motora dos carros eram um mistério que
conseguia fazê-lo percorrer várias milhas. Assim que entrei num deles vi que não havia
motorista. Bastava segurar para movimentar-se. Árvores frondosas, cobertas de flores, frutas e
bordas coloridas embelezavam diversos pontos da cidade. Cada bairro. possuía um ou dois
pequenos parques públicos, onde as crianças brincavam alegremente. A cidade era o Paraíso das
Crianças. As mais diversas flores exalavam um perfume agradável por toda parte. O silêncio era
tão grande que não parecia estar-se numa metrópole. Artistas, profissionais e amadores faziam
apresentações conjuntas. Nesse novo mundo, era surpreendente a intensidade do turismo. Nos
parques nacionais, nas regiões montanhosas, nas praias e em ilhas pitorescas de várias regiões
havia um grande número de visitantes, provenientes de todos os países. As ferrovias e os meios
de comunicação eram magníficos e luxuosos; os preços, no entanto, eram bem baratos. Chegava a
ser quase de graça. Por isso, aquele era um mundo maravilhoso”.
Divulgar mensagens diferentes sobre o ser humano, transmitir que ele não
é só matéria, e que por isso, a Educação tem também de atingir o espírito.
São estes os importantes ideais que Dora Incontri, 36, jornalistas, mestre,
doutoranda em Educação segue em sua vida.
Ela formou-se em 1985 e logo que saiu da faculdade de jornalismo voltou-se para a área
de Educação. Trabalhou no jornal O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde e Shopping News
sempre escrevendo sobre este tema. Na época da faculdade, lançou seu primeiro livro: Educação
da Nova Era (84), uma crítica ao sistema contemporâneo com algumas propostas inovadoras.
Trabalhou durante sete anos no colégio Nova Era, onde teve a oportunidade de desenvolver
algumas delas e hoje é coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade Ítalo-Brasileira.
Nova Era – Como, quando e por que você se interessou pela Educação?
Dora Incontri – Vários fatores me levaram a dedicar minha vida à Educação. Um deles
foi que eu morei três vezes na Europa e pude estudar em alguns colégios muito bons na
Alemanha, o que despertou em mim um grande senso crítico e me deu uma visão diferente sobre
Educação. Outro ponto foi a forte influência da minha mãe, sempre muito democrata, aberta ao
diálogo e à participação.
Nova Era – Quais as dificuldades encontradas?
Dora – Apesar do pouco investimento e incentivo na área de cultura, o maior obstáculo é
a resistência dos adultos em mudar o sistema convencional. Eles acreditam que a Educação está
voltada apenas para o vestibular, porém ela é muito mais complexa, já que tem o poder de
estimular a potencialidade e a criatividade do ser humano.
Nova Era – Quais as maiores realizações que fizerem você continuar com o projeto?
Dora – Eu tenho paixão pelas crianças. O retorno de tudo que lhes é proposto é muito
bom. O difícil é mudar a cabeça dos adultos. Por exemplo, discutir as questões levantadas por
elas e dar-lhes oportunidade para que exponham suas idéias, incentivam-nas a desenvolver tudo
que têm de bom dentro delas. Certa vez, quando lecionava para uma classe de primeira série, os
alunos propuseram a seguinte questão: para que nascemos? Eu não lhes dei a resposta, mas
coordenei a discussão até que chegaram à conclusão de que nós nascemos para aprender, ajudar
uns aos outros, crescer e sermos felizes. Eu não poderia ter melhor resposta do que esta.
Nova Era – Como você vê a Educação atualmente?
Dora – O problema financeiro que era predominante nas classes menos privilegiadas
agora está também atingindo as classes médias e alta, tendo em vista que nas escolas particulares
o índice de inadimplência, indisciplina e revolta está crescendo cada vez mais. Pedagogos do
mundo inteiro são unânimes em argumentar que a escola não está adequada para a criança
contemporânea. Mesmo a criança que mora em favela, assiste os programas de televisão, pode
Ter acesso a milhões de informações pelo computador, Internet, e freqüentar cinemas, teatro, etc.
Por isso, certamente não vai agüentar ficar sentada ouvindo o professor despejar-lhes
conhecimentos mortos com o giz na mão.
Nova Era – Na sua opinião, como chegou a esse ponto?
Dora – Existe uma anedota sobre um homem que foi congelado séculos atrás e que, ao
despertar no século XX, não conseguiu se reconhecer em nenhum lugar ou identificar alguma
instituição, porque tudo mudou, a tecnologia, a política, o setor do comércio, a indústria...
Somente a escola não evoluiu nos últimos 100, 200 anos. Apenas são colocados remendos, salas
de computadores, realizadas atividades extras, já que as pessoas não admitem romper o sistema
vigente.
Nova Era – O que é possível fazer para melhorar esta situação?
Dora – Eu não concordo com a educação atual por que ela é ultrapassada. O esquema de
lousa, carteiras, alunos sentados, quietos, ouvindo o professor falar é muito autoritário. Eu acho
que a Educação tem de ser ativa, que o aluno precisa ceder participativo, produzir coisa, ser
estimulado, e desenvolver sua criatividade. Além disso, a escola poderá prestar serviços à
comunidade, contribuindo com alguma coisa. Já que não se aprende a ser altruísta ouvindo os
outros falar, e sim praticando. Sempre pensando que bons sentimentos não se despertam através
da obrigação, mas pelo contágio.
Nova Era – Como você define o conceito de cidadania nos dias de hoje?
Dora – Está muito abusado. Todos falam em ética, cidadania, mas a linha de pensamento
adotada no Brasil considera o ser humano como um produto da sociedade. Na verdade, ele é uma
totalidade, tem aspectos espiritual, social, biológico, emocional, afetivo. Quando se enfatiza
apenas um deles, corre-se o risco de mutilar esse ser humano. Por isso, um cidadão pode ser uma
pessoa que cumpre seus deveres sociais, conhece todos os seus direitos, mas será que ele é feliz?
O ser humano precisa de algo mais: está faltando o sentimento.
Nova Era –Como respeitar os direitos e deveres do cidadão?
Dora – A educação está além dos direitos e deveres, por isso, eu acredito que a ética
precede a cidadania. Afinal, a ética não é só uma questão de respeitar o direito do outro e cumprir
seus deveres por obrigação; ela tem que despertar uma consciência moral, sentimentos de amor
ao próximo, fraternidade, justiça. Isso porque os sentimentos irão gerar os atos.
Nova Era – Já que a sua proposta é o retorno à espiritualidade, como você define a
missão dos pais?
Dora – Ela é primordial e um dos pontos falhos é a falta de atenção dos pais, pelo excesso
de trabalho, profissionais ou sobrevivência. É muito importante que a criança seja ouvida,
observada, que o pai e a mãe, participem de sua vida. Educar é acima de tudo estar junto,
compartilhar, dialogar. Não dá para ser pai só de fim de semana; é preciso de tempo. É preciso
haver equilíbrio dos pais no trabalho, na família, nos afazeres domésticos.
Nova Era – E o papel da escola na formação do caráter do homem?
Dora – Ela não está cumprindo seu papel de centro de cultura, expansão, afeto,
criatividade. Está mais preocupada com a parte burocrática, de organização, de notas, boletim,
caderno, do que tocar a essência do indivíduo. Assim, um dos problemas é a obrigatoriedade
permanente de todas as atividades. E qual é o modelo de criança que estamos formando na
escola? Ainda o de pessoas obedientes, calada, passiva, sem iniciativas, sendo que atualmente as
empresas necessitam de profissionais com autonomia, que não saibam apenas obedecer, mas
inventar, criar.
Nova Era – Qual a influência da TV e dos computadores nas atitudes das crianças?
Dora – A televisão pode ser um instrumento educativo se transmitisse programas que
estimulassem o conhecimento, a informação, o entretenimento. Porém, não deve ser assistida o
tempo inteiro, pois cria uma passividade muito grande no indivíduo. Além do uso moderado,
teria que ser qualificado, onde os programas pudessem ser escolhidos sem serem proibidos. Desta
foram, é melhor que sejam oferecidos alternativas de atividade para as crianças. Se os pais estão
presentes, participando, observando, podem de uma certa maneira exercer uma influência nesse
sentido. Os computadores também podem ser excelentes métodos educacionais, já que podem ser
usados como meio de produção e a Internet como fonte de pesquisa.
Nova Era – O que pode ser feito para conscientizar a sociedade sobre esta
problemática?
Dora – Nós precisamos de coragem para promover a libertação das crianças como
fizemos com os escravos no século19. Esta conscientização é um processo multiplicador que não
pode ser imposto pelo governo, mas que tem de brotar na sociedade e formar uma corrente ativa
na construção de um mundo melhor.
Nova Era – Quais os seus planos de caminhos alternativos para a educação?
Dora – Já estamos realizando vários cursos com professores da Universidade de São
Paulo (USP) sobre como escrever para crianças, formação e aspectos éticos do professor de
Artes, Educação em Família, etc. Também abrimos o Espaço da Hora, com turmas reduzidas,
pois se trata de atividades livres onde as crianças podem escolher o que fazer: música, poesia,
leitura, multimídia, trabalhos no computador, jogos pedagógicos e experiências científicas. Nosso
próximo projeto é criar uma grande colônia com uma escola totalmente revolucionária,
juntamente com uma faculdade de pedagogia.
Desenvolvimento Com Equilíbrio
OKADA, I. Desenvolvimento com equilíbrio. In: Revista Nova Era, Ano VIII, nº 37. São Paulo:
Fundação Mokiti Okada – M. O. A., p. 20.
A época agitada das provas terminou. A vida escolar está mais tranqüila. Parece que, a
essa altura, os maus tratos entre os colegas de escola se acalmaram um pouco. Mas a situação real
ainda não foi contornada. Atualmente estão sendo discutidas questões sobre a consolidação da
Educação e a sua simultânea aplicação escolar e extra-escolar. Todos se lembram do incidente
ocorrido em uma escola de ensino médio dos EUA. Foi um incidente doloroso em que duas
crianças fizeram 15 vítimas. Parece que os pais dessas crianças afirmaram: “Jamais imaginei que
meu filho fosse capaz de fazer uma coisa dessas”.
A responsabilidade final pela educação não é apenas dos professores nem da sociedade,
mas sim dos pais. O que preocupa é se os pais possuem real compreensão do perfil de seus filhos.
Uma pesquisa realizada por um jornal constatou que nos Estados Unidos e na Europa o grau de
confiança das crianças nos pais é de 50 % a 70%. Entretanto, no Japão este índice cai para 15%.
Mesmo num país como os Estados Unidos, onde ocorreu um incidente como aquele, o grau de
confiança nos pais é elevado. No Japão, o porte de arma não é permitido por lei, por isso a
agressividade não se manifesta exteriormente. Mas se o índice acusa 15%, o relacionamento no
lar deve estar muito frio.
Dizem que nas escolas de ensino fundamental não são raras as crianças que se dirigem aos
professores dizendo: “te mato” ou “morra”, com muita naturalidade. Os japoneses são
naturalmente tensos a ponto de serem criticados. Por isso, é importante aprender a relaxar. Em
suma, o desejável é fazer com que as crianças possam se desenvolver sabendo manter o
equilíbrio, distinguir o particular do público.
Certo dia, uma pessoa famosa, que já passou dos 60 anos, disse que o seu mestre na época
da escola primária, que já tem mais de 90 anos, é saudável e continua dedicando-se à pintura. Ao
ser perguntado porque era tão saudável assim, o mestre respondeu, que durante a pintura, ora se
aproxima da tela para pintar ora se afasta da mesma para observar. Esse movimento é repetido
várias vezes. Normalmente, o ser humano anda para frente, mas dificilmente acontece de andar
para trás. Sendo assim, esse movimento de andar para trás é que talvez faça bem à saúde. Essa foi
sua resposta. Ele pode Ter razão sobre isso. Mesmo do que se refere a observação da saúde como
de todas as outras coisas, se dermos alguns passos para trás teremos uma visão geral. Podemos
Ter visão da posição que nos encontrávamos até então.
Em relação às crianças, será que as vezes não seria importante que elas fossem observadas
dando-se um passo para trás? Estamos em uma época em que, apesar de estarmos ligados aos
filhos através dos elos espirituais, não se pode descuidar.
Nesta época em que ouve redução no número de filhos por casal, será que não está
havendo uma tend6encia dos pais em relação aos filhos de interferir demasiadamente em suas
vidas? Tratando-os como um rei ou um material frágil, permitindo que façam de tudo e à vontade,
sem voz ativa?
Nessas ocasiões devemos dar um passo para trás e fazer uma reflexão: “Será que o meu
procedimento está correto? Quando estamos precipitados não conseguimos visualizar os fatos
reais. Os filhos também não ouvem com atenção. Devemos repreendê-los de acordo com a
situação. Se isso acontecer no momento certo, os filhos acabarão acatando o que é dito. Mokiti
Okada ensinou-nos: “Se estes desejam que seus filhos melhorem, antes de mais nada, é preciso
melhorar o próprio sentimento. “Observar os filhos retrocedendo um passo, significa observar a
sua própria postura. O fato dos pais manterem na própria consciência que seu pensamento e
postura se refletem diretamente nos filhos é algo de suam importância. Dessa maneira, pais e
filhos são submetidos a um polimento espiritual, por isso há casos em que não se deve pressionar
indiscriminadamente os pais, responsabilizando-os. O fundamental é os pais terem consci6encia
de que a criação dos filhos é de sua responsabilidade e, na mais, basta que ajam de acordo com a
circunstância.
Antigamente havia no bairro uma espécie de encontro de crianças, em que as maiores
como as menores brincavam juntas. Durante as brincadeiras, as crianças se misturavam e,
cuidando umas das outras, aprendiam natural e inconscientemente a respeitar e amar os colegas.
Para as crianças, a familiarização com os adultos e amigos, passando dificuldades e se divertindo
juntas, são tesouros para o resto da vida. O importante é desenvolver nas crianças, da mesma
forma que nos adultos, o sentimento de consideração pelas pessoas, de respeito e de gratidão.
Rumo a esse objetivo, as crianças precisam estudar e pensar na própria vida. Além disso, se
houver a soma de esforços, haja o que houver, elas jamais seguiram o caminho errado e acabarão
tornando-se pessoas úteis ao próximo.
Mokiti Okada dizia: “Se o homem deseja se elevar, é importante que crie uma ‘segunda
pessoa’ que passe a criticar a segunda pessoa. Assim procedendo, os equívocos deixarão de
ocorrer”. Dessa forma, uma atuaria voltada para o lado de fora e a outra, para o lado de dentro.
Esta, última, que atua voltada para o lado de dentro, seria aquela que se relaciona ao fato de
retroceder alguns passos e observar os filhos.
O que deveria ser um lugar de lazer, entretenimento onde pudesse dar início ao
aprendizado e à sociedade, transformou-se em pânico para as crianças, pelo menos no Japão. A
sociedade japonesa já vê com desconfiança o sacrifício a que são submetidas as crianças por
causa da obsessão das mães em busca do sucesso individual e do poder dos filhos. As chamadas
kyoiku mamas (mães obcecadas pela educação), que impulsionam esse sistema de competição
acirrada por um lugar no topo da pirâmide, chegam a atitudes extremas e irracionais para que
seus filhos ingressem em um prestigiado jardim de infância, o que praticamente lhes abre as
portas para escolas de melhor qualificação, garantia de um futuro mais promissor. Uma dessas
mães, em desespero bestial por sua filha ter sido reprovada num exame de admissão,
covardemente assassinou uma outra criança, de 2 anos, que havia sido aprovada no mesmo
exame. Ela confessou à polícia que estrangulou a pequena menina e a enterrou cerca de 200
quilômetro da cidade de Tóquio.
O sistema de educação japonês é implacável para aqueles que não tem um bom começo
nos estudos. Ë como se eles não tivessem chance de recuperação pelo resto de suas vidas.
Os jornais japoneses, em seus editoriais, analisam a degeneração do país em uma
sociedade hostil, “impulsionada por medidas exteriores de sucesso em vez de relacionamentos
humanos e sentimentos”.
Gentaro Kawakami, professor de sociologia da Universidade de Shumei, é um feroz
crítico desse sistema de educação. “Quando eu era jovem, os relacionamentos eram mais ricos,
não apenas entre parentes, mas entre vizinhos”, diz o professor. Ele explica que havia outras
maneiras de se avaliar a capacidade de uma pessoa, mas que hoje isso é feito por meio de notas
escolares.
Mesmo tendo ressurgido das cinza e pertencendo ao bloco dos países mais desenvolvidos
do mundo, esse tipo de comportamento que incita a rivalidade e provoca o suicídio entre aqueles
que “fracassam” não pode ser tomado como modelo exemplar de educação.
No Brasil, especialistas reconhecem que o aprendizado de outras línguas e informática,
por exemplo, estimulam muito o desenvolvimento intelectual das crianças. Por outro lado alertam
para o risco de se formar uma geração de adultos de inteligência superior, mas extremamente
estressados, neuróticos, e pior, infelizes.
A criança tem de desfrutar o lado lúdico da infância, que será uma única fase de sua vida,
na opinião de pesquisadores. Eles ainda dizem que a criança aprende quando a atividade faz
sentido para ela.
Suicidas – Ninguém consegue encontrar uma resposta que explique o fato de dois jovens
de família de classe média dos Estados Unidos provocarem uma tragédia que deixou 13 mortos
em uma escola de segundo grau em Denver, Colorado, no último mês de dezembro. Para
justificar o ato insano, os dois jovens gravaram fitas de vídeo onde diziam buscar notoriedade
com o feito. Excluindo-se a clara personalidade psicopata dos dois estudantes, pode-se considerar
também como responsável por tais atitudes extremas e selvagens o rígido sistema de educação
imposto à sociedade norte-americana, que praticamente obriga os alunos a obter sucesso nos
estudos e esportes, que naquele país têm peso dobrado. Quem não consegue vê nos
bem-sucedidos inimigos potenciais.
Por outro lado, estudos realizados em Londres demonstram que o comportamento
violento tem causas biológicas, não podendo ser atribuído apenas à criação de cada indivíduo.
TEXTOS QUE
COMPLEMENTAM A
COLETÂNEA
Fonte Variada
A última vez que o filho de 5 anos de Kathy Hrenko perdeu o controle, ele estava
patinando. Adam tentava imitar os garotos mais velhos que davam voltas e saltos espetaculares
com facilidade. Mas, toda vez que arriscava uma acrobacia, caía.
“Vi que ele estava ficando cada vez mais irritado”, diz Kathy, de New Jersey. Por fim,
Adam teve um acesso de raiva, chorando e atirando longe os patins.
Qualquer que seja a nossa idade, em qualquer momento todos sentimos raiva. Mas aquele
que não aprende a controlar o gênio segue pela vida rompendo relacionamentos, magoando
amigos, perdendo promoções ou algo pior.
“As explosões de raiva são um meio de expressar sentimentos”, diz a terapeuta Alicia
Tisdale, de Michigan, “mas são muito produtivas. Mesmo as crianças pequenas sabem que não se
sentem bem consigo mesmas quando perdem o controle. Portanto, precisamos ensinar-lhes que
podem optar por não ter um acesso de fúria, e também conversar sobre a razão porque estão com
raiva”.
Kathy HRENKO E O MARIDO, George, criaram formas de ajudar Adam a reconhecer
quando está a ponto de perder o controle, acalmar-se descobrir o que realmente o está irritando e
então tomar a atitude adequada. Eles sabem que auxiliar Adam a aprender esse tipo de controle
será um processo gradual, baseado tanto em derrotas quanto em pequenas vitórias.
Da mesma forma, uma vez que compreenda por que seu filho está zangado, você pode
ajudá-lo a dominar os sentimentos. Aqui estão os fatores mais importantes que contribuem para
despertar a raiva nas crianças:
* Traços inatos. A freqüência e intensidade com que uma pessoa se zanga é em grande parte
determinada pela personalidade. No livro The challenging child (A criança desafiadora), o
psiquiatra Stanley I. Greenspan descreve cinco tipos de crianças: altamente sensíveis, sensíveis,
introspectivas, rebeldes, desatentas, ativas/agressivas. “Cada um desses padrões pode ser parte do
desenvolvimento de uma personalidade saudável”, diz Greenspan, “ou, se potencializados, um
desafio. O importante é que, compreendendo em que tipo seu filho se enquadra, você pode
transformar os desafios em aspectos positivos”.
Uma criança de personalidade forte pode ficar zangada por razões que um colega mais
tranqüilo poderia desconsiderar. Será um pouco mais de tempo para ajudá-la a conhecer as
alternativas à perda de controle.
* Estágios do desenvolvimento. Quando uma criança está em meio a um grande salto no
desenvolvimento físico ou social, ela pode ficar mais propensas a explosões. Diferentes estágios
têm “deflagradores de raiva”. Uma criança de 1 a 3 anos, por exemplo, pode ficar enraivecida
quando tenta pegar uma tigela de morangos e ouve: “Isto é para o jantar. Não posso lhe dar
agora”. Uma criança de dez anos está apta a aceitar a mesma resposta porque já aprendeu a ser
paciente.
Sexo. Em geral, os meninos expressam raiva mais abertamente do que as meninas. Deve haver
uma explicação cultural para isso. Segundo Meg Eastman, co-autora de Taming the dragon in
your child (Domando o dragão em seu filho), pais e professores “estão mais propensos a esperar
e desculpar uma explosão de agressividade num menino e aceitar um acesso de choro de
frustração numa menina. As crianças de ambos os sexos, porém, precisam aprender a lidar com a
raiva sem violência ou manipulação”.
* Vida familiar. Uma criança contrariada por causa de um divórcio, uma doença, o nascimento de
um irmão, a mudança de cassa ou qualquer outro acontecimento importante muitas vezes mascara
sua confusão e mágoa ficando zangada. Por se sentir magoada, tenta magoar também.
O fato de a criança optar por fazer uma brincadeira para aliviar uma situação
potencialmente explosiva em vez de jogar a mochila do irmão – ou o próprio irmão – no chão
depende, até certo ponto, da maneira como a família lida com a raiva. Isso é mais evidente nas
famílias em que a raiva leva a gritarias ou comportamentos agressivos como bater portas. Em
famílias mais reprimidas, o padrão é diferente: como os membros da família se sentem
constrangidos com as emoções, ficar zangado é um crime. “As crianças imitam o que vêem a sua
volta”, diz Alicia Tisdale.
Uma vez que a idade influencia o modo como as crianças reagem a acontecimentos e
pessoas, aqui vão alguns conselhos sobre como ensiná-las a controlar a raiva em vários estágios
do desenvolvimento.
Depois de uma geração que tudo permitia aos filhos, agora educar é
saber impor limites
Você, pai e mãe da virada do milênio, sabe quanto está difícil educar filhos. Na hora do
banho, o pequeno chora e esperneia. Só come na frente da televisão. No shopping, quando vê um
brinquedo novo na vitrine, faz birra até que a mãe decida comprá-lo. Para os pais de hoje,
nascidos ou educados nos anos 60 e 70, lidar com essas situações é mais complicado do que se
imagina. Dar uma palmada ou impor um castigo, nem pensar. Afinal, essa geração de pais
cresceu ouvindo dizer que nada é mais saudável do que deixar as crianças exercitarem suas
próprias emoções, limites e potencialidades. As idéias em voga na época em que esses pais
estavam na universidade sustentavam que é assim que se formam adultos criativos, curiosos e
críticos, mais habilitados a tomar decisões e mais tolerantes com idéias alheias. E agora? O que
fazer com o adolescente que passa a madrugada na frente do computador, dorme até tarde e deixa
as roupas espalhadas pelo quarto? E se a filha queridinha do papai aparece em casa de piercing no
nariz?
Dizer não é um desafio que está além das forças e convicções de muitos pais e mães. Veja
o caso da comerciante Gleisy Pires, do Recife. Genuíno produto dos anos 60, Gleisy nasceu em
1963, numa família conservadora. “Eu não tinha liberdade para nada”, conta ela. “Nunca pude
discutir meus problemas com minha mãe. Meu pai não me deixava sair de casa, nem para ir a
festinhas na casa dos amigos. E, se errasse ou desobedecesse, apanhava.” Hoje, aos 36 anos,
Gleisy é mãe de três filhos, uma adolescente, de 13 anos, e um casal de gêmeos, de 8 anos. As
crianças brigam, tiram os móveis de lugar, perseguem o cachorro em cima dos sofás, espalham
roupas e brinquedos pela casa. “Eu vivo num eterno dilema”, conta Gleisy. “Sei que é preciso
colocar limites, mas não quero repetir com meus filhos o que os meus pais fizeram comigo.
Tenho medo de que, no futuro, eles me vejam como uma pessoa que vivia gritando e cerceava
tudo o que tentavam fazer”.
Esse tipo de insegurança é mais do que natural. Milhões de pais e mães no mundo se
sentem assim. Muitos chegam a Ter medo de entrar em confronto com os filhos. Não sabem o
que pode resultar de um embate. No passado, os pais acreditavam que os filhos lhes deviam
obediência cega. Justificavam-se perante si próprios com a crença de que estavam impondo uma
linha de comportamento rígida para o bem das crianças. Os jovens pais da geração que agora está
vendo os filhos crescer não acreditam mais nisso. Aprenderam que, pelo velho modelo, os
adultos corriam o risco de ser tiranos com as crianças, ser injustos e até mesmo usar os filhos
como saco de pancada apenas para dar vazão às próprias frustrações. Acontece que muitos pais
modernos se tornaram modernos em excesso. Não sabem dizer não para nada. Com isso,
prejudicam os filhos. A liberdade excessiva, ensina gora um número crescente de psicólogos e
pedagogos, produz adultos sem noção de limites e responsabilidades.
Esse é o assuntos do momento entre especialistas em educação no mundo inteiro. No
catálogo da Amazon.com, a maior livraria da internet, existem nada menos que dezesseis títulos
de livros sobre dizer não aos filhos. Eles tratam de tudo, do sono dos recém nascidos à prevenção
do uso de drogas. Na Inglaterra, um dos maiores sucessos editoriais nos últimos meses é um livro
chamado Saying No – Why It’s Important for You and Your Child ( Dizer Não – Por que Isso É
Importante para Você e seu Filho). A autora, a psicoterapeuta Asha Phillips, afirma que desde os
primeiros meses de vida dos bebês os pais devem estabelecer claramente certos limites. “Pais que
se recusam a dizer não nos momentos apropriados estão roubando de seus filhos a capacidade de
exercitar suas emoções”, escreve a terapeuta.
Asha Phillips também diz que cabe aos pais escolher a hora e a forma adequada de dizer
não. Espancar ou impor castigos físicos é, evidentemente, um comportamento absurdo e
inaceitável nos dias de hoje. “Mas um tapinha simbólico, bem de leve, num momento de birra,
pode ser uma atitude saudável dos pais”, afirma a terapeuta. Segundo ela, é errado permitir que
uma criança faça escândalo no supermercado ou no meio da rua porque se cansou de acompanhar
os pais nas compras. Da mesma forma, os adolescente precisam Ter horários para chegar em casa
e saber respeitar os demais membros da família.
“Quem diz sim o tempo todo, para não passar a imagem de autoritário, está criando uma
situação fantasiosa e perigosa diante da vida real”, explica Asha Phillips. “Frustração, raiva, ódio,
disputa e privação fazem parte do aprendizado de uma criança tanto quanto o amor, o carinho e o
afeto que ela deve receber dos pais”.
É curioso observar como as idéias a respeito da educação dos filhos vão mudando. Até a
metade deste século, a criança era encarada com um selvagem a ser civilizado. Essa noção serve
de roteiro ao filme Karakter, atualmente nas locadoras. É uma produção holandesa, ganhadora do
Oscar de melhor filme estrangeiro no ano passado, na qual um pai tenta moldar a personalidade
do filho e transformá-lo num adulto bem-sucedido usando uma receita que mistura desafios,
castigos e a mais completa ausência de afeto. Esta idéia, por incrível que pareça, prevaleceu até
bem poucas décadas atrás. O pai era o senhor absoluto da cassa, ao qual os filhos deviam prestar
respeito e obediência. Dele não se esperava nenhuma demonstração de carinho ou emoção,
especialmente em relação aos filhos homens.
De repente, tudo mudou. Nos revolucionários anos 60 e 70, ficou-se sabendo que amor, e
só amor, era a fórmula infalível para que uma criança crescesse feliz e emocionalmente estável.
All you need is love (tudo que você precisa é amor), anunciavam uma célebre canção dos Beatles.
Em casa e na escola, as surras de palmatória, cintos e varas imediatamente deram lugar à
liberdade quase absoluta. Alguns pais chegaram ao ponto de não incutir seus princípios religiosos
nos filhos, sob o argumento de que a escolha de uma religião ou nenhuma deveria ser tomada
pelo próprio filho quando ele tivesse a idade adequada para isso. Nas chamadas escolas
alternativas, surgidas nessa época, os alunos não precisavam fazer provas nem tinham notas ou
regras de conduta. Com isso, a geração que cresceu sob o domínio de pais autoritários fazia um
esforço sincero de dar mais liberdades aos filhos, para que a espontaneidade das crianças
florescessem sem ser abafada pela opressão dos mais velhos. Em muitos casos, o resultado foi
desastroso. Está aí uma geração de adolescentes e jovens entre os quais muitos se sentem
despreparados para enfrentar um mundo que cobra eficiência, respeito e disciplina.
Os pais dos anos 90 estão empenhados em buscar um ponto de equilíbrio entre aquela
autoridade opressiva do pai-patrão e a noção de liberdade sem fronteiras que a sucedeu. O
psicoterapeuta José Ernesto Bologna, consultor dos colégios Bandeirantes e Santa Cruz, em São
Paulo, costuma contar a história de Ícaro, um mito grego de mais de 3000 anos, nas suas palestras
sobre a importância dos limites na educação dos filhos. Nessa história, Ícaro é um garoto que, na
adolescência, recebe do pai, Dédalo, um par de assas feita de penas de aves coladas com cera.
Com elas, Ícaro poderia voar, desde que obedecesse determinadas regras, como não se aproximar
demais do sol. Pois foi exatamente isso que aconteceu. Ícaro voou tão alto que o calor solar
derreteu a cera de suas asas e ele caiu e morreu. “No mito há uma lição simples: os pais devem
estimular seus filhos a fazer coisas novas, como voar no caso de Ícaro, mas antes é necessário Ter
certeza de que o filho é capaz de respeitar limites”, observa Bologna. “É preciso ser sempre
muito claro e até intransigente quanto às regras e condutas a ser seguidas”.
Filha de uma geração mais repressora, a fotógrafa Loris Machado, de 48 anos, tornou-se
hippie na adolesc6encia. Era militante da onda flower power, ala fundamentalista do movimento.
“Cheguei a morar com índios embaixo de um jatobá à beira do Rio Araguaia”, conta. Sua forma
de vestir-se e comportar-se em público renderam-lhe muitas críticas dos filhos, que agiam como
se fossem seus pais. “Eu me lembro que vivia pedindo para ela se comportar”’ diz a atriz Maria
Valentim, de 21 anos, filha de Loris, que mora no Rio de Janeiro. “Dava bronca mesmo: suas
roupas pareciam uma fantasia. Eu sou mais certinha”. Maria é hoje mãe de Luana, de 1 ano e
meio, e quer encontrar um meio termo entre a educação liberal que teve dos pais e a autoritária
que sua mãe recebeu dos avós.
“Quero mostrar tudo o que pode, mas também o que não pode”.
Como tudo na vida, impor limites é também uma questão de bom senso. Castigos e
reprimendas não têm utilidade alguma se na relação entre pais e filhos também não houver
diálogo, compreensão, amor e carinho. Quando se diz não, é preciso explicar claramente por quê.
“Não adianta nada os pais castigarem uma criança proibindo-a de fazer algo que não tem nada
haver com os erros cometidos”, afirma o professor Nilson José Machado, da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo, USP. Nesse caso, o não pode ser entendido como uma
arbitrariedade ou vingança. E isso não tem utilidade pedagógica alguma. “Às vezes um choro, ou
uma bagunça exagerada, é apenas um pedido de ajuda do filho”, explica a psicóloga infantil
Anair Mello, do Recife. “Nessas situações, as crianças pedem limites. Se os pais cedem, elas
ficam sem parâmetros para a vida”.
Aos 32 anos, mãe de uma menina de 1 ano 2 9 meses e grávida de sete meses, a psicóloga
paulista Christiana Cunha Freire imaginou que seria mais fácil educar sua filha. “Estabelecer
limites é difícil”, reconhece. “Nem sempre consigo manter o não até o fim, mas agora estou
tentando ser mais firme. Isso é importante para o futuro da minha filha”. Outro exemplo é o da
professora de inglês para crianças Ana Luisa Carneiro de Mendonça. Mãe de Leo, de 1 ano e 10
meses, ela prefere ser parcimoniosa nas repreensões e negociar de maneira mais cuidadosa os
limites com o filho. “Proibir tudo sem motivo pode frustrar a criança”’ raciocina ela. “Só uso o
não quando é realmente necessário”.
São raros os pais que conseguem dosar direito essa fórmula. Geralmente, começa a ceder
quando o filho é recém-nascido. Basta que chore no berço antes de dormir – e eles prontamente
acendem a luz, pegam-no no colo e o levam para dormir na cama do casal. Mais tarde, cedem
novamente quando ele, mais crescidinho, se recusa a comer o que os pais lhe oferecem e
transforma a hora de desligar a televisão num pesadelo doméstico. Aos pouco, perdem o pé da
situação, criando em casa um pequeno déspota. Muitas vezes o resultado dessa ausência de
limites dentro de cassa só vai aparecer na escola, ocasião em que a criança ou adolescente
começa a dar sinais de problemas emocionais.
Hoje é enorme a quantidade de instituições que dispõem de serviços especiais para
atendimento de alunos com problemas de disciplina e falta de par6ametros de comportamento. E
a procura costuma ser grande. “Em muitas famílias, liberdade é confundida com abandono”,
adverte a psicóloga Andréa Capelato, do Intituto Paulista de adolescência. “Infelizmente, muitos
pais nunca se preocuparam com seus filhos, nem para ajudá-los nos problemas nem para
corrigi-los nos erros”. Nesse caso, como o Dédalo do mito grego, acabam superestimando o
poder da avaliação dos próprios filhos. “Só definir os limites não basta”, afirma Andréa. “É
preciso observar como os filhos administram a própria autonomia”.
“É muito comum os pais não terem a menor idéia do que se passa com os filhos”, diz a
pedagoga Angela de Azevedo Antunes, coordenadora do departamento de orientação educacional
do Colégio Bandeirantes, escola tradicional de São Paulo. “Muitas vezes as crianças e os jovens
têm sérios problemas para encarar as mais básicas regras do convívio social”, constata. Desde
fevereiro, o serviço que ela coordena já realizou aproximadamente 700 atendimentos, de cerca de
2800 alunos matriculados na escola. Os casos incluem desde dificuldades de concentração e
atenção na sala de aula até uso de drogas e indisciplina. “a maioria dos pais trabalha dez, doze
horas por dia e mal consegue ver o filho, que passa a maior parte do tempo na escola”, explica
Angela. “Tivemos de assumir, pelo menos parcialmente, o papel da família, sob pena de vermos
nosso trabalho educacional comprometido”.
A ausência dos pais, na educação dos filhos é também responsável pelo aumento da
clientela nos consultórios psicológicos. É cada vez maior o números de crianças e adolescentes
que precisam desse tipo de ajuda. O psicoterapeuta Eugenio Chipkevich fez uma pesquisa
informal sobre o assunto em escolas particulares de São Paulo. Constatou que, em algumas
turmas, um terço dos alunos já tinha passado por algum tipo de terapia. “Estamos vivendo uma
excessiva medicalização e psicologização das dificuldades das crianças”, afirma ele. “Os pais
preferem pagar para que seus filhos resolvam essas questões em consultórios psicológicos, em
vez de assumir eles próprios a tarefa de ajudar”.
Chipkevich acredita que o problema de autoridade e imposição de limites está
particularmente ligado à figura paterna. Tradicionalmente investido da última palavra quando o
assunto diz respeito aos filhos, o pai moderno está muito mais preocupado com o trabalho, com
as formas de ampliar os rendimentos e com as realização pessoal do que com a educação dos
filhos. “O adolescente que flerta com o perigo e com a violência está em busca da figura do pai,
investida de autoridade”, diz ele. “As vezes acaba encontrando-a num delegado de polícia”. Por
essa razão, segundo ele, pais e filhos precisam ter um relacionamento de respeito e amor mútuos.
Outro aspecto crucial é a integridade. O filho deve identificar coerência nos conselhos e
orientações que recebe. “Os pais não podem ensinar uma coisa e fazer outra muito diferente”,
ensina Nílson Machado, professor da Universidade de São Paulo. É preciso também haver
alguma afinidade entre as orientações dadas pelo pai e pela mãe. Mesmo casais separados devem
fazer um esforço para estar de acordo nesse aspecto. “É muito ruim para os filhos quando
recebem dos pais orientações muito diferentes e contraditórias”, afirma Machado.
Educar sempre envolveu erros e acertos. Nenhum pai ou mãe tem a receita infalível para
transformar os filhos em pessoas felizes e bem-sucedidas. Essa é uma experiência que vem sendo
testada e aperfeiçoada desde que a humanidade existe. Tão errada quanto abandonar os filhos é
achar que eles devem seguir à risca as fórmulas idealizadas pelos pais. “Os pais não se devem
julgar onipotentes”, diz Machado. “Nem tudo depende deles. Por melhor que sejam as intenções,
não podem obrigar os filhos a serem exatamente o que eles querem”. A única receita segura, que
jamais deu errado, é fazer tudo com amor e carinho. A pior coisa que pode acontecer com uma
criança é ser deixada a própria sorte. Nenhuma pessoa , por mais inteligente e genial que seja,
tem a capacidade de educar a si mesma e preparar-se sozinha para os desafios da vida adulta.
Essa é uma tarefa dos pais – com o natural apoio da escola, dos parentes, dos amigos e de quem
mais puder ajudar nesse fascinante desafio que é preparar uma nova geração.
O Berço
O berço. In: Revista Época, Ano ///, nº ///, 15 nov. 1999, pp. 134 - 138.