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Dez dicas para lidar com mudanças de

comportamento dos adolescentes


Leo Fraiman explica que a puberdade traz muitas novidades: Os pais devem se
informar para ajudar os filhos com factos e não com opiniões

1. Ver os filhos crescerem pode não ser algo fácil para os pais, que estavam acostumados a
serem a grande referência e os protetores deles. Perceber que podem não precisar mais tanto de
acompanhamento pode ser algo doloroso. Os pais participativos, que desejam que os filhos
passem de maneira saudável por essa fase, precisam lembrar que a solidificação da autonomia,
que deve ser construída desde cedo, é fundamental nessa faixa etária. Os filhos precisam
começar a ver e entender, na prática, as consequências de suas escolhas e o impacto delas nos
outros e no ambiente. Antes de resolver algo por eles, procure devolver a responsabilidade com
questionamentos como: “E o que você pretende fazer? Como pode lidar da melhor forma com
isso?”.

2. Ao sentirem um bom vínculo com seus pais, uma relação na qual se sentem seguros e
acolhidos, os filhos desenvolvem atitudes mais positivas e proativas. Isso porque eles se sentem
estimulados para seguir em frente e se desenvolver rumo à autonomia. Filhos de pais
participativos sabem que se acertarem, seus pais comemorarão com eles e se errarem terão
com quem contar.

3. A forte tendência à experimentação é uma das características da adolescência que mais


causa espanto e preocupação para os pais. As novas conexões cerebrais levam ao desejo de
experimentar novas situações e, com relação à sexualidade, as células espelho, agora em maior
quantidade, levam à vontade de conhecer melhor outras pessoas, especialmente aquelas que
são diferentes. Isso conduz os jovens à aproximação entre os sexos e ao apetite por
experiências de intenso prazer. Explique, dê informações e não tenha medo de ser tachado de
chato ou careta. Faz parte. Mas sem machismo, ok?

4. A impulsividade é outra característica comum aos adolescentes e, assim como a necessidade


de experimentação, precisa de cuidados. Na adolescência, não temos o córtex órbito-frontal
plenamente desenvolvido, assim como a capacidade de análise, julgamento e decisão totalmente
consistente. Por isso, os pais podem e devem acompanhar de perto enquanto o próprio jovem
começa a conhecer seus próprios limites, lembrando sempre que algumas decisões finais devem
ser dos adultos, que são os responsáveis legais, especialmente às que dizem respeito à saúde,
segurança e educação. Quando o jovem demonstra comportamentos que prejudicam sua vida
(ou a de outros), bem como seus ambientes, isso precisa ser sinalizado para que não se repita.
Se estiver sentindo que perdeu autoridade, procure um psicólogo para se fortalecer.

5. Além das novas conexões cerebrais e mudanças hormonais, também o corpo passa por
transformações sem precedentes. A puberdade, que costuma começar para os meninos aos 13
anos e para as meninas a partir da menarca (primeira menstruação), que pode acontecer a partir
dos 10 anos geralmente, traz consigo muitas novidades: pelos, odores, partes do corpo em
crescimento, etc. É muita informação nova para o adolescente, que tenta entender tanto quem é
como pessoa quanto compreender e aceitar esse novo corpo e imagem que estão sendo
formados. O papel dos pais aqui é não negligenciar estas mudanças e também buscar se
informar para ajudar os filhos com fatos e não com opiniões. Evite apelidos preconceituosos ou
“brincadeiras” que exponham ou possam ofender.

6. A partir do modo como se percebe determinada fase de vida, é que se tende a reagir a ela.
Assim como quem pensa que “envelhecer é ruim”, e por isso já vai abandonando sua vida, seus
interesses e cuidados pessoais com o tempo... a adolescência, como todas as demais etapas de
vida, é um momento único, cheio de desafios e oportunidades. Esta vai ser uma fase menos
agradável se negarmos as características naturais desta etapa da vida, considerando-as
“chatas”, “aborrecidas” ou “indesejáveis”. Quando se tem uma família por perto que oferece apoio
e afeto consegue-se passar por esta etapa com um crescimento maior e melhor em muitos
sentidos.

7. Outro comportamento que costuma ser alvo de queixas por parte dos pais é a tendência à
desvitalização, desinteresse ou desmotivação diante de uma ou mais área da vida sem causa
aparente. No entanto, o famoso “tédio” dos adolescentes tem uma explicação científica: nessa
etapa da vida, ocorre a perda de recetores de dopamina, que é um neurotransmissor relacionado
ao prazer e à satisfação. Uma sensação quase oposta à motivação pela experimentação, que
pode deixar os jovens confusos em relação aos próprios sentimentos. Quando é normal deixar
que os filhos fiquem no quarto, “no seu canto” e quando é hora de se preocupar? Diante do
abandono e da falta de cuidados com a saúde, a educação e a sociabilidade, são momentos que
pedirão atenção e mudanças de atitude.

8. Entre os ganhos dessa fase tão rica estão a facilidade na capacidade de adquirir
conhecimentos, a valorização do convívio interpessoal, a revisão das verdades pessoais, o
aumento da memória corporal e da coordenação motora. Os bons hábitos, assim como os
hábitos nocivos, podem se instalar pela repetição. Insista em estar perto e orientar para que eles
se esforcem em terminar o que começaram.

9. É importante, como sinalizado, que os pais estejam por perto, mesmo quando os jovens já
parecem se achar “donos dos seus narizes”. Entretanto, quando falamos de escolha profissional,
os pais e familiares precisam entender seus papéis de copilotos. Afinal, a decisão do futuro
profissional é uma das primeiras escolhas da vida adulta e o adolescente precisa começar a
pegar a própria vida nas mãos e ir atrás de seus objetivos e da carreira que pensa que mais tem
a ver com sua verdade e seus valores. Os pais podem ajudar buscando orientações profissionais
e informações para momentos de troca e crescimento conjunto.

10. Os pais não são 100% responsáveis por tudo o que acontece na adolescência de seus filhos,
mas são 100% responsáveis pela parcela que lhes cabe. Por isso é tão importante que não
sejam negligentes, omissos ou autoritários, pois isso pode fazer com que os filhos corram mais
riscos desnecessários, se tornem inconsequentes e irresponsáveis ou mesmo dependentes, não
acreditando na própria capacidade de enfrentar desafios.

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