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DESMAME

SOB O OLHAR DA
EDUCAÇÃO POSITIVA
Trabalho de Conclusão de Curso
Certificação em Atuação Consciente
Escola da Educação Positiva
Turma 5
2022

Elaboração:

Bruna Fernanda Valverde Proença


Gabriela de Aguiar Nunes
Larissa Trivelato Porto
Vanessa Mágda Lira Severiano

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 2


Sumário
1. Introdução ..................................................................................................... 4

2. A importante reflexão: por que desmamar?........................... 6

3. Os mitos a respeito do desmame ................................................ 15

4. O que não fazer no processo de desmame .......................... 21

5. Criando novas formas de conexão ............................................. 32

6. Mindfulness e seus benefícios ........................................................39

7. Conclusão .................................................................................................... 45

8. Sobre as autoras ..................................................................................... 49

9. Referências bibliográficas ................................................................ 51

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1. Introdução
A amamentação vai muito além do aspecto
nutricional e desenvolvimento físico e intelectual da
criança. Contempla aspectos emocionais e afetivos
entre mãe e filho e estabelece relação única e
cumplicidade singular entre eles. Assim, é fonte de
nutrição física e emocional. Envolve uma
caminhada que perpassa várias etapas de
construção, possíveis dificuldades, adaptação,
dúvidas e incertezas, noites sem dormir, falta de
apoio até chegar
àquele lugar de
aconchego, paz,
acolhimento,
troca de olhares,
segurança e
carinho. O fim
desse processo
tão merecedor é
digno de um
desfecho à altura,
pautado no
respeito à criança
e realizado de
forma consciente.

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Este e-book tem como objetivo refletir sobre o tema
Desmame. O intuito não é apresentar um manual
de instruções sobre desmame, pois cada criança
tem necessidades individuais e únicas. Ao contrário,
tem por finalidade trazer luz para esse tema, indo
além daquilo que se espera ouvir sobre o assunto,
podendo tocar em feridas emocionais que a mãe
traz de sua infância e que reverberam no maternar
para, enfim, transformar famílias e suas formas de
se relacionar com seus filhos por meio de um olhar
amoroso, respeitoso e consciente.

Sob a perspectiva de educadoras parentais


formadas pela Escola da Educação Positiva e
defensoras da infância que se baseiam no desenho
original do ser humano e na ciência do
desenvolvimento humano, esse e-book tem como
como pilar o Apego Seguro. Este determina as
necessidades infantis inatas, como sendo:
proximidade, proteção, previsibilidade e play
(brincadeira).

“Então, talvez possamos perguntar aos filhos o


que precisam de nós, em vez de impor a eles
autoritariamente que se adaptem às nossas
necessidades e obrigá-los a carregar para sempre
as pesadas mochilas do desejo alheio.“
Laura Gutman

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2. A importante reflexão:
por que desmamar?
Quando o assunto é desmame, facilmente
encontram-se dicas, passos infalíveis, estratégias
rígidas e métodos a respeito. Considera-se,
sobretudo, a questão de como desmamar.
Entretanto, a mãe que amamenta precisa se
indagar: afinal, POR QUE DESMAMAR?

Para responder a essa pergunta, há muito o que se


analisar. Primeiramente, deve-se identificar qual foi a
história dessa amamentação, bem como a
expectativa enquanto grávida e os desafios iniciais.

Tudo precisa ser levado em


consideração; afinal,
a amamentação é um
relacionamento entre mãe
e bebê, que vai se molda
dia após dia. A outra
pergunta é: o quanto a
amamentação representa
nesse relacionamento?
Uma pequena ou grande
parte?

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É imprescindível analisar o quanto a amamentação
significa no relacionamento entre a mãe e o bebê,
pois pode representar a única forma de vínculo real,
em que há olhar, toque, cheiro e sintonia. Há outros
momentos em que essa mãe consegue realizar a
mesma entrega? Em um mundo atual apressado,
parar e sentir é tão pouco natural. Amamentar
desacelera a mãe e a convida a sentir aquele
momento.

O que se vê é que, no ímpeto de “acertar” com o


bebê, somada à natural inexperiência da mãe,
muitas vezes o bebê é calado com o seio. Quando o
bebê chora, ele está comunicando uma
necessidade, a qual pode ser de contato, higiene,
fome, sono, entre outras. Dada à incapacidade de a
mãe sentir e de estar verdadeiramente presente
com as emoções e necessidades desse bebê, em
diversos momentos, ela oferece
oferece o seio, porque “é o que
resolve”, tornando-se
a única forma de
acalento que essa
mãe proporciona.

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Dar o seio de forma automática não é amamentar.
Muitas vezes, ao oferecer o seio, a mãe busca uma
forma de conseguir que o choro cesse rápido,
deixando de criar outras formas de se conectar com
as necessidades do bebê.

Por isso, torna-se necessário levar em consideração


como se moldou essa relação e buscar novas
formas de conexão para além da amamentação.

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Vale destacar que a amamentação é um
instrumento poderoso de vínculo entre mãe e bebê.
Deveria ser um momento de entrega plena, mas,
por diversas vezes, é realizada simultaneamente
com outras atividades, como assistir TV, mexer no
celular e até mesmo trabalhar. Isso demonstra o
quanto a mãe está desconectada da entrega
emocional que o maternar demanda.

Por outro lado, a sucção, assim como o choro, é um


dos instintos primitivos do bebê. Quando se oferece
o seio em demasia ou quando a mãe resolve que a
amamentação deve acabar, precisa ter claro que
está controlando um instinto básico.

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Além disso, a sucção acalma as emoções e gera
conexão com a mãe, levando à autorregulação da
criança. Com isso, o fim da amamentação precisa
estar diretamente ligado à uma nova forma de
relacionamento entre mãe e filho. Sem que haja
outro modo de acalento já estruturado nessa
relação, o desmame pode ser causa de trauma.
Sendo assim, antes do desmame, é fundamental a
mãe focar sua entrega em momentos variados,
como: alimentar com amor, tocar o bebê, olhar em
seus olhos.
Para explicitar essa questão, o capítulo 5 aborda
novas formas de vínculo que podem fazer com que
a amamentação torne-se um dos, mas não o único
meio de se relacionar.
“Muitas mães me perguntam,
angustiadas, qual a maneira
de agir quando “devem” negar
o peito ao bebê que chora
desconsoladamente. Quando
lhes peço que levem as mãos ao
coração e me contem o que
desejam, invariavelmente, a
resposta é que não têm
problemas em continuar
amamentando.”
Laura Gutman
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Posto isso, ainda há outros pontos de reflexão: a
mãe está cansada de amamentar? Ou está
apenas cansada?
É necessário perceber o
quanto a mãe está
sobrecarregada E também
em como a rede de apoio e
o(a) companheiro(a) dessa
mulher podem estar mais
presentes, possibilitando
que ela tenha momentos
para si. Logo, se o cansaço é o principal motivo que
faz a mãe pensar em desmame, ela deve avaliar
formas de se sentir melhor, já que nem sempre o
desmame significa uma melhora na qualidade do
sono da criança. A mãe pode buscar uma rede de
apoio, seja com familiares e amigos ou vizinhas e
mães de crianças com idade semelhante. Também
deve priorizar o descanso e atividades que a nutram
e promovam seu bem-estar, ao invés de gastar todo
seu tempo livre com afazeres domésticos, por
exemplo.

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Outro ponto a se considerar é que é difícil a mãe
dar aquilo que não recebeu em sua infância. Nessa
situação, a entrega emocional é cansativa, pois a
mãe não está acostumada com essa atmosfera do
sentir.

Ressalta-se que a decisão sobre a continuidade da


amamentação diz respeito apenas à díade mãe-
bebê. Cabe, entretanto, a todos que estão à sua
volta proporcionar formas que incentivem a
continuação. Afinal, os benefícios para a saúde
mental e física da criança impactam toda uma
sociedade. Entretanto, muito do que se vê são
pessoas criticando a amamentação quando ocorre
para além do que consideram como normal. A
sociedade precisa se apropriar de informações com
base científica, como as que este e-book se baseia, e
refutar profissionais ultrapassados que, muitas
vezes, se posicionam apenas no achismo.

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Por isso, a mãe deve se perguntar se é ela quem
quer desmamar ou é o pai, a avó ou, até mesmo, o
pediatra. De quem serão as necessidades
atendidas com o desmame? Para explorar esse
aspecto, o capítulo 3 enfoca alguns mitos a respeito
do desmame.
Por fim, considerando as bases do Apego Seguro, é
preciso ampliar o olhar e respeitar as necessidades
da criança. Na busca por defender a infância, vale a
reflexão: desmame gentil, desmame guiado,
desmame abrupto, o quanto eles impactam no
emocional da criança? É gentil no olhar do adulto,
mas é gentil para a criança? Quais os danos e até
traumas que se podem evitar nesse processo? Para
explicar esse assunto, o capítulo 4 especifica o que
não se deve fazer no desmame.

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“Assim, enquanto a
separação e outras
formas de
sofrimento podem
prejudicar o
desenvolvimento do
sistema
imunológico, um
caloroso relacionamento
inicial ajuda a promover um sistema
imunológico robusto. Os momentos em que
os pais brincam, dão carinho, fazem cócegas,
abraçam, acalmam e seguram os bebês no colo
estimulam o cérebro e constroem conexões que
são a base da inteligência, das habilidades e do
desenvolvimento de seres completamente
humanos.” Sue Gerhardt

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3. Mitos que levam ao
desmame
3.1. Depois de 1 ano, o leite vira água e não traz
benefícios nem para a mãe e nem para a criança.

A Organização Mundial de Saúde (OMS)


recomenda o aleitamento exclusivo até 6 meses
de vida e complementado até 2 anos ou mais,
sem limite definido, devido aos inúmeros
benefícios nutricionais, econômicos e sociais que a
amamentação traz.

Uma maior duração do aleitamento materno (AM)


por dois anos ou mais está associada a: melhor
desempenho cognitivo do indivíduo,
diminuição do risco de hipertensão,
de colesterol alto e de diabetes,
redução da chance de obesidade,
melhor nutrição, adequado
desenvolvimento da cavidade bucal,
promoção do vínculo afetivo entre a
mãe-filho, melhor qualidade
de vida, prevenção de
mortes infantis, diarreia,
infecções respiratórias e
alergias.

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Mesmo após o segundo ano de vida, o leite
materno continua sendo uma importante fonte de
vitamina C, vitamina A, proteínas, cálcio e fósforo.
Há nele também a caseína, que é uma proteína
capaz de auxiliar na absorção do cálcio.

Para as mães que amamentam, há redução de:

4,3% do risco de câncer de mamas a cada 12


meses de amamentação;
15% do risco de diabetes por um ano de
amamentação e, a cada ano extra, foi associada
uma redução ainda maior do risco;
2% de câncer de ovário para cada mês de
amamentação.

“Embora mamar seja um reflexo inato à criança,


o contato com o seio macio e o fluxo de leite
morno a enche igualmente com uma sensação de
felicidade e satisfação.” Rudger Dahike

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3.2. Amamentação prolongada causa dependência
emocional e a criança fica “apegada”.

“O desmame não é um evento e sim um processo,


que faz parte da evolução da mulher como mãe e
do desenvolvimento da criança, assim como
sentar, andar, correr, falar. Nesta lógica, assim
como nenhuma criança começa a andar antes de
estar pronta, nenhuma criança deveria ser
desmamada antes de atingir a maturidade para
tal.” Dra. Elsa Giuliani
A Academia Americana de Médicos de Família
relata que não há evidências de que a
amamentação prolongada seja prejudicial aos
pais ou à criança. Do mesmo modo, a Academia
Americana de Pediatria
explica que a amamentação
oferece benefícios
significativos para a saúde e
o desenvolvimento da
criança e que não há
evidências de danos
psicológicos ou de
desenvolvimento da
amamentação até o
terceiro ano de vida ou
mais.

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Vale frisar que toda criança é dependente
emocionalmente, pois precisa de seu cuidador para
regular suas emoções. Isso não tem relação direta
com a duração de tempo em que foi amamentada
ou como esse processo ocorreu. Por outro lado, à
medida que se constrói diariamente e a longo prazo
uma relação em que a criança se sente vista e
amada, ela terá a consolidação mais elaborada da
sua autoestima. Além disso, é desejável que a
criança tenha o seu vínculo com o cuidador
principal alicerçado no apego seguro.

“Acontece que ninguém pede aquilo de que não


precisa. As crianças suficientemente acolhidas
evoluem em relação às suas necessidades básicas
assim que tenham superado e adquirido a
maturidade necessária. Por outro lado, muitos
adultos permanecem imaturos e pedem no tempo
presente que alguém os coloque no colo, lhes dê
atenção e os tratem como se os considerasse a
coisa mais importante do mundo. O que não foi
atendido na infância fica pendente para o
futuro.” Laura Gutman

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3.3. Criança grande mamando é feio.

Quem já não ouviu alguém dizer que acha feio


“criança grande mamando”? Qual mãe não se
sentiu exausta com tantos afazeres da casa,
trabalho, marido e cobranças sociais?
Além da OMS, o Ministério da Saúde recomenda a
amamentação até os 2 anos de idade ou mais, não
havendo limite definido para o término. Com isso,
há cunho cultural ao falar que é feio “criança
grande mamando”. Quem deve definir o momento
de interrupção desse processo é a díade mãe-bebê
e só diz respeito a eles.
O Brasil é o país onde as mulheres são mais
criticadas por amamentar em público. Cerca de
47,5% das brasileiras já sofreram esse preconceito.
Amamentar é hoje um ato de
resistência. A sociedade quer
dizer até quando, por que,
como e onde.

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O fato é que a inserção da mulher no mercado de
trabalho fez com que a renda familiar passasse a ser
composta também pela remuneração da mulher, o
que, por si só, gera a necessidade de a mãe se
ausentar dos cuidados do bebê que ainda conta
com meses de vida. Somado à falta de informação
sobre os benefícios da amamentação, o resultado é
que a minoria das mulheres consegue chegar além
dos seis meses de amamentação.
Consequentemente, é incomum ver uma criança
com mais de 2 anos ser amamentada. Essa situação
de criança com mais de 2 anos mamando causa
espanto e rejeição pelas pessoas. Apesar de não ser
comum, é normal. Infelizmente, o anormal é o que
se adota como comum em nossa sociedade atual:
bebês não tendo acesso pelo tempo de que
necessitam ao melhor alimento do mundo — o leite
materno.
É preciso que a mãe trabalhe seu campo
emocional, esteja com o bebê e tampe os ouvidos
para o que os outros falam. A mãe vence o início da
amamentação, vai contra tudo e todos que falam:
seu leite é insuficiente, oferece leite na mamadeira
para a criança dormir a noite inteira, entre outros
palpites. É incoerente a mãe passar por toda essa
fase, fazer de tudo para quebrar esse ciclo e, ao
chegar no desmame, seguir dicas que só veem o
lado do adulto, como: passar pimenta no peito,
contar até 10 e tirar, entre outros.
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4. O que não fazer no
desmame respeitoso e
consciente
O desmame
respeitoso acontece
naturalmente, à
medida que a mãe
conduz outros
processos de conexão
com a criança. Esta
passa a mamar cada
vez menos com a
mudança de
direcionamento do
afeto da mãe, em que
a entrega emocional Sendo assim, não se
ocorre em diversos deve fazer o desmame
momentos, como: abrupto ou mesmo
alimentação, limitar, fazer rotina ou
brincadeiras, leitura criar tempos e
de livros, músicas, momentos específicos
massagem, que para as mamadas.
envolvem a
proximidade,
proteção e
previsibilidade.

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O desmame abrupto se refere à retirada total da
amamentação de um dia para o outro. Pode gerar
muito choro e sofrimento
(de ambas as partes),
insegurança, sentimento
de rejeição, problemas
emocionais e de relação
mãe-bebê, problemas de
sono, entre outros. A
criança sente o
distanciamento e pode
repercutir em seu
comportamento com
ansiedade, raiva,
despertares e assim por
diante.
Quanto à mãe, a interrupção drástica da
amamentação pode causar alguns problemas,
como mastite e ingurgitamento mamário (acúmulo
de leite nas mamas com consequente dor e
aumento de volume), além da questão emocional
envolvida.
Muitas vezes, o desmame abrupto vem
acompanhado de histórias fantasiosas para
enganar a criança. São exemplos: passar batom ou
esmalte no peito, colocar curativo e dizer que está
machucado; passar alimentos com gosto forte (café,
algo amargo ou azedo) e falar que está estragado.

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Trata-se de mentir para a criança, quando o
essencial é criar uma relação de confiança com os
filhos. Além de ser traumático e desconfortável para
mãe e criança, envolve a reflexão do que é
importante transmitir de valores para o filho.

Outras vezes, o pai participa do processo de


desmame como "responsável" pelo afastamento do
seio. Como exemplo, cita-se o desmame noturno
em que a mãe se ausenta enquanto o pai fica com
a criança chorando. Isso pode gerar insegurança e
frustração na criança, além de desconexão com o
pai e insegurança quanto ao papel protetor da mãe.

Há também as situações em que os pais viajam e


deixam a criança na casa de um parente para forçar
o desmame. Inclusive muitos pediatras fazem essa
recomendação.

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Todos esses casos de desmame abrupto descritos
acima geram consequências negativas e vão contra
o apego seguro e a educação positiva, podendo
ocasionar trauma. Sendo assim, a
autorresponsabilidade materna é fundamental. A
mãe deve oferecer mais contato e conexão, de
forma que o desmame verdadeiramente cumpra
seu papel e que a relação entre
mãe e filho seja baseada em
respeito, amor e sensibilidade.
Recomenda-se que se inicie o
desmame durante o dia para
que momentos diferentes de
conexão sejam alcançados.

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“Trauma é uma ferida psíquica que te endurece
psicologicamente e então interfere com sua
capacidade de crescer e se desenvolver. Isso
causa dor e agora você está agindo de maneira
dolorida. Isso induz ao medo e agora você está
agindo por medo. Trauma não é o que acontece
com você, é o que acontece dentro de você como
resultado do que aconteceu com você. Trauma é
aquela cicatriz que torna você menos flexível,
mais rígido, com menos sentimento e com mais
defesa.” Gabor Maté

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O desmame não é feito
por conversas com o
filho. Ele entende o que
a mãe fala, mas, muitas
vezes, não consegue se
expressar da mesma
forma. “Combinados”
para deixar de mamar
em um ou outro
momento só atendem
à mãe, não à criança.
A criança mama, porque tem necessidades
emocionais conjugadas a necessidades físicas.
Dessa forma, é importante a mãe mudar sua
entrega, aumentar momentos de contato e troca
emocional para evoluir a relação mãe-filho.

Há situações em que as mães optam pelo


desmame com a intenção de a criança dormir
melhor, substituindo leite materno por fórmula.
Essa relação causa-efeito nem sempre existe, pois a
criança pode continuar não dormindo bem.

Ademais, destaca-se que o desmame pode ser feito


passivamente, quando a mãe permite que o
amamentar seja guiado pela criança. Esta vai se
desconectando da amamentação à medida que
encontra ao seu redor o mesmo acolhimento e
contato.

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Por fim, a pressão social não deve atrapalhar o
desmame respeitoso. Muitas mães se sentem
pressionadas quanto ao desmame. Isso pode trazer
malefícios para a relação entre mãe e filho, já que
estes não querem modificar esse vínculo e são
conduzidos a se desconectarem por fatores
externos. O desmame não deve atender às
necessidades do cônjuge ou da sociedade e a
criança deve ser protegida.

“Deveríamos refletir o que estamos


permitindo que ocorra em nossa sociedade.
Por que qualquer um pode palpitar sobre uma
coisa tão íntima como é o início ou o fim da
lactação e por que as mulheres admitem
expor sua maior fragilidade e levar em conta
qualquer lobo que se disfarça de vovozinha
para comê-las? Por que insistimos
em nos aferrar à menina que vive
dentro de nós e não permitimos o
desenvolvimento de nossa
consciência? Qual é o risco
de reconhecer nossas
certezas íntimas e lhes dar
credibilidade?”
Laura Gutman

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É importante destacar
que uma nova gestação
não é contraindicação
absoluta para o desmame.
Para isso, recomenda-se
consultar o médico.

Em suma, o desmame é
um processo gradual, que
começa na introdução
alimentar da criança e na
medida em que a mãe
troca o conforto do seio pelo conforto do toque,
do abraço, da palavra, da brincadeira.

São ótimos parâmetros


para a mãe verificar se
conseguiu se entregar
emocionalmente:
revisitar suas questões
da infância, olhar para
si, ver o porquê de não
estar conseguindo se
entregar e focar pela
perspectiva da criança.

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Sendo assim, o bebê que demanda mais, que quer
mamar a todo momento é um chamado para a
mãe parar e se perceber o quanto está acelerada ou
não está bem a ponto de não conseguir se entregar.
O bebê fica demandante quando a mãe está
desconectada, distraída, apressada, aflita ou muito
racional, situações em que o amamentar se torna
mecânico, e não emocional.

Quando o bebê está no peito e a mãe pensa em


vários afazeres, ele vai morder, sugar cada vez mais,
puxá-la, puxar seu cabelo. Deve-se entender qual é
a necessidade dessa criança, que às vezes não é a
de mamar, e sim de se conectar com a mãe.

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O bebê vai sempre mostrar o caminho. Muitas
vezes, ele pede para brincar, chama para sentar
com ele no chão ou para estar em outros lugares.
Depois de muito desprezo, de muitas outras
prioridades, de pouco tempo disponível, ele vai
querer mamar, porque na amamentação encontra
a mãe. Isso acontece muito em famílias de 3 a 4
filhos: aquele bebê não desmama, porque é o único
momento em que tem a mãe realmente para ele.

Além disso, fica a reflexão para os casos em que o


bebê fica o tempo todo no peito da mãe. Esse bebê
está segurando a mãe, pois, se ele deixar de mamar,
a sensação que ele tem é que a mãe vai sair. Isso é
desgastante para a mãe e para o bebê. Esse bebê
demandante não sente sintonia se não estiver no
peito, em contato com a mãe. Ela está distante
física e emocionalmente e o bebê acha um recurso
para tê-la próxima.

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Por conseguinte, essa criança torna-se
hipervigilante, pois não pode se distrair para a mãe
não ir embora. Em uma fase em que a criança está
em pleno aprendizado, ela deixa de explorar o
mundo para ter sua mãe próxima. Isso pode
interferir em seu desenvolvimento cognitivo,
emocional e motor, já que a energia que ela
despenderia para explorar o ambiente acaba
destinando para ter sua mãe por perto.

“Sabemos muito bem que a amamentação


humana é naturalmente mais prolongada do que
estamos acostumadas a pensar no mundo
ocidental. De qualquer maneira, os tempos são
muito pessoais, ou “bipessoais”, pois se trata de
uma díade mãe-filho que funciona em conjunto.”
Laura Gutman

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5. Criando novas formas de
conexão
É importante ressaltar que a criança não pede
aquilo que não precisa. Então, se ela ainda pede
para mamar, é porque há alguma necessidade que
precisa ser atendida, que pode ser de carinho,
conforto, segurança, sede, fome, entre outras.
Torna-se imprescindível observar o que a criança
busca cada vez que pede para mamar.

“As crianças, em busca de presença efetiva, são


inteligentes, pois não se resignam quando não
obtêm o que sabem que é imprescindível à sua
vida. Porque estamos falando de necessidades
básicas de uma criança humana.” Laura Gutman

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Nesse contexto, a mãe deve relembrar sua história
com a amamentação. O quanto colocou o seio
como intermediário na relação com o bebê? O
quanto buscou atender com a amamentação
necessidades que não eram fome ou necessidade
de sucção? É fundamental observar esses fatores e
perceber se a conexão com a criança foi
estabelecida primordialmente por meio do seio.
Além disso, como era a amamentação? Havia olho
no olho e presença? Ao contrário, o bebê mamava
e a mãe ficava no celular, assistia televisão ou
realizava outra atividade?

É essencial amamentar a criança olhando em seus


olhos, com atenção plena àquele momento, sem
desviar a atenção para o celular e para conversas
paralelas. Da mesma
forma, a mãe deve se
fazer presente, sentindo o
bebê e cada movimento
de sucção, o leite
descendo, os olhares se
encontrando,
para que a criança
sinta-a disponível
emocionalmente.

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Deve-se evitar usar
eletrônicos perto da
criança, como televisão,
computador e celular.
Deixar o celular longe
ajuda muito a não se
distrair. A prática de
Mindfulness é uma
excelente aliada para
estabelecer esta
conexão e será discutida
no próximo capítulo.

Se a mãe for amamentar e não conseguir se


desligar de tudo, é essencial explicar para o bebê:
“Filho, você está sentindo a mamãe super agitada
e você merece a mamãe bem calma com você.
Então, eu acho que esse “mamá” não vai te fazer
tão bem. Vamos brincar um pouquinho? Depois,
você mama.” Ou então: “Você me merece aqui
inteira. Então, vamos esperar um pouquinho. A
mamãe diminui esse ritmo e depois você mama
juntinho de mim.” É importante essa fala respeitosa
de que o estado interno da mãe não está bom.

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Para que o desmame ocorra de forma respeitosa e
consciente, é preciso que a relação mãe e filho
evolua e que essa conexão emocional seja suprida
de outra forma. E como estabelecer a conexão
emocional de outras formas? Para se conectar com
a criança, é necessário que a mãe se conecte
consigo mesma. Estar presente, percebendo suas
próprias emoções e padrões de comportamento.
Assim, a partir desse lugar de presença, é mais fácil
compreender as necessidades da criança. Vale
ressaltar que as crianças já vivem totalmente no
momento presente.

Outra forma que pode auxiliar o processo de


desmame respeitoso é oferecer a alimentação de
forma semelhante à amamentação, de forma que a
mãe transfira a amamentação para uma nutrição
afetiva. Independente da idade da criança, a mãe
pode colocá-la no colo e alimentá-la, olhar em seus
olhos, para que, quando ela estiver sendo nutrida
com esse alimento, tenha uma sensação
semelhante com a da amamentação. O bebê não
vai ter o prazer da sucção, mas terá a satisfação de
estar alimentando com todos os outros sentidos: o
cheiro da comida, o olhar da mãe e o tato de estar
junto à ela.

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Como dito anteriormente, o desmame respeitoso e
gentil não passa por técnicas, limitação de horários
e conversas. É importante promover uma relação
de apego seguro, que tem como pilares (4 P’s):
proximidade, previsibilidade, proteção e play
(brincadeira).
Proximidade: garantir
que a criança tenha
acesso ao conforto do
corpo da mãe de outras
formas. Abraços, beijos,
carinho, colo e cama
compartilhada, por
exemplo, são maneiras
diferentes de oferecer
contato físico.
Previsibilidade: não se
refere à rotina da criança,
mas o quanto a mãe é
previsível emocionalmente
para a criança, o quanto
esta sabe em qual estado
emocional encontrará a
mãe. Para isso, é de grande
importância que a mãe
busque o caminho do
autoconhecimento e seu
próprio equilíbrio
emocional.
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Proteção: assegurar e
garantir a proteção da
criança. Que ela se
sinta segura e
acolhida pela mãe,
especialmente em
situações em que
sente medo.

Play (brincadeira): realizar


atividades com a criança,
como brincar, cantar, dançar,
promover atividades manuais
e ler histórias. Propor
atividades diferentes ou
simplesmente se deixar guiar
pela imaginação da criança.
Brincadeiras ao ar livre
podem ser um excelente
recurso para mães que não
sabem como brincar com o
filho, já que o meio ambiente
oferece uma diversidade de
possibilidades.

Destaca-se que nem sempre a amamentação tem


os 4 P’S (proximidade, proteção, previsibilidade e
play).

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Às vezes, a mãe está nervosa, grita com o bebê ou
com outra pessoa, começa a chacoalhar o bebê e
pedir para terminar logo de mamar, porque está
com pressa. Não há previsibilidade no
comportamento dessa mãe.

Em síntese, há formas de conduzir o desmame com


carinho e respeito, de maneira que a criança se
sente segura e amada o suficiente para, aos poucos,
substituir o seio por outras formas de contato.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 38


6. Mindfulness e seus
benefícios

“Mindfulness é a consciência que emerge através


de prestar atenção de propósito, no momento
presente, e sem julgamento para o
desdobramento da experiência momento a
momento. A simplicidade em si mesma. Trata-se
de parar e estar presente. Isso é tudo.” Jon
Kabat-Zinn

Mindfulness pode ser traduzido como "atenção


plena" ou "consciência plena". Significa prestar
atenção no momento presente. No geral, as
pessoas passam boa parte do seu tempo pensando
em experiências passadas ou especulando o futuro.
O Mindfulness convida a experimentar o presente
assim como ele é, desde as atividades mais
corriqueiras, como escovar os dentes, lavar a louça e
tomar banho, até estar presente no trabalho, nas
relações e nas brincadeiras entre pais e filhos. É
uma mudança de perspectiva sobre o que o
momento presente oferece.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 39


A prática regular de Mindfulness estimula a criação
e o fortalecimento de novas conexões neurais,
devido à capacidade de o cérebro se adaptar e se
moldar aos estímulos que lhe são transmitidos. As
conexões neurais repetidas se fortalecem e acabam
determinando o comportamento e a resposta aos
estímulos externos que a vida traz. Estudos
comprovaram a redução do tamanho da amígdala,
responsável pelo hormônio cortisol. Com isso, seus
benefícios aparecem, como:

Redução de estresse e ansiedade;


Melhoria no relacionamento com os filhos;
Mais equilíbrio emocional;
Mais foco e eficiência na realização das
atividades;
Mais plenitude e alegria de viver.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 40


A principal forma de praticar Mindfulness envolve
práticas de meditação, em que a pessoa para por
alguns minutos, fecha os olhos e presta atenção em
algum elemento, como sua respiração ou sons à
sua volta. Ao contrário do que muitos pensam,
meditação não é não pensar em nada. É sim se
conectar com o corpo e suas sensações, estando
consciente até mesmo do movimento mental.
Naturalmente, a mente tende a ficar mais silenciosa
e os benefícios da prática são percebidos.

Quanto tempo se deve dedicar do dia para a


prática de Mindfulness? Quanto mais tempo, mais
benefícios, mas a regularidade é mais importante.
Então, se dedicar 5 minutos diários para uma
prática de meditação, já é possível experimentar
uma mudança na perspectiva de encarar as
situações.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 41


"Os nossos filhos sabem viver em consciência e
com atenção plena. Sabem, sem os ensinarmos, o
que é Mindfulness. E falo-vos de Mindfulness,
porque, na forma como vejo a Parentalidade
Consciente, considero o Mindfulness a base de
tudo. Mindfulness é a observação, com
consciência e atenção plena, de cada momento,
sem julgamentos e sem expectativas."
Mikaela Oven

O Mindfulness auxilia a promover um


relacionamento com os filhos mais consciente e
pleno. Isso porque à medida que a pessoa se
conecta consigo mesma, passa a compreender
mais seus movimentos internos, abrindo espaço
para adentrar o campo emocional da criança. Vale
ressaltar que a criança já vive no momento
presente. Com isso, aprender com os filhos é uma
excelente oportunidade.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 42


Existem também as práticas informais de
Mindfulness, integrando no cotidiano alguma
mudança de hábito para sair do piloto automático.
Algumas delas podem ajudar bastante a trazer
mais presença e conexão na relação com os filhos,
como por exemplo:

Estar entregue e presente nas brincadeiras;


Demonstrar interesse pelos gostos da criança;
Sair para passear e explorar a natureza;
Reduzir o uso de
mídias, como
celular e redes
sociais,
especialmente
quando estiver
com a criança;

Realizar respirações conscientes em momentos


de tensão e conflito;
Escutar atentamente e sem julgamentos o que
a criança diz.

"Podemos, a qualquer momento, escolher despir a


armadura que nos protege e unir-nos aos nossos
filhos, oferecendo-lhes o presente de sermos pais
mais abertos, compassivos e compreensivos". Jon
Kabat-Zinn

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 43


O amamentar é um ato de Mindfulness. É um
processo, porque ali a mãe está realmente “presa”.
Às vezes, está aflita, nervosa e o bebê está
percebendo isso, mas continua generosamente
dizendo para ela que é possível se conectar de
outras formas.
Fazendo um paralelo do Mindfulness com o
desmame, ele ajuda a mãe a perceber seu mundo
interno para que consiga notar com clareza o que
está sentindo em relação à amamentação e quais
as motivações internas para desmamar. Além disso,
possibilita que a mãe perceba as suas próprias
emoções e sensações físicas durante o processo de
desmame, bem como as da criança, tornando o
processo o mais consciente possível.
Por fim, muito mais que uma simples prática,
Mindfulness é um estilo de vida que auxilia a
promover um estado elevado de presença e
consciência, essencial para melhorar todas as
relações.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 44


7. Conclusão
O processo do desmame deve ocorrer
naturalmente, desvencilhando-se de métodos e
regras e focando o olhar para as necessidades da
criança. Não significa negar as necessidades da
mãe, mas compreender que os adultos podem se
organizar emocional e fisicamente. É fundamental
priorizar a criança.

A educação positiva olha sob a perspectiva da


criança, privilegiando as necessidades desta. Essa
questão pode ser desafiadora para os adultos que,
muitas vezes, não tiveram suas necessidades vistas
e percebidas na infância. É importante quebrar esse
ciclo transgeracional, considerando que cada caso
tem sua peculiaridade. Tem que respeitar a história
de cada um, da mãe e do bebê. Cada família é uma.
Cada contexto é um. O mais importante é saber o
ponto de vista do bebê. Ter um olhar mais empático
para ele, que necessita da presença emocional da
mãe para se desenvolver e ter saúde física e
emocional no futuro.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 45


A relação com a criança não é equânime, visto sua
dependência e fragilidade. Por isso, não há como
colocar na mesma balança as necessidades de ser
amamentado e as necessidades de uma mãe deixar
de amamentar. É uma relação, sem dúvida,
desigual.

Ademais, é prematuro estabelecer o fim da


amamentação sem ter outras ferramentas bem
estruturadas de regulação emocional da criança.
Torna-se necessário evoluir a relação mãe-filho para
que este encontre na mãe formas diferentes de
conexão que não seja por meio do seio.

E-book Desmame sob o olhar da Educação Positiva 46


Por outro lado, o desmame gentil é algo a se
questionar. Gentil pra quem? De onde vem a ideia
do desmame gentil?
Vem de um olhar
adultocêntrico, da
perspectiva do
adulto. Nesse
contexto, são
estratégias dessa
linha de conduta
para a criança
esquecer o peito:
parar aos poucos,
interromper a
amamentação noturna, contar até 3 e dizer “chega”
para o bebê, entre outros. A mãe tira o peito da
forma que acha gentil, mas deixa consequências
para a criança.

Se a mãe se sente desafiada no processo do


desmame e quer fazê-lo da melhor forma possível,
sugere-se que busque auxílio e orientação de um
educador parental com o olhar da educação
positiva — prevenção de traumas com foco no
apego seguro.

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Enfim, são compreensíveis as dificuldades que
norteiam as famílias quando o assunto é criação e
cuidados de um bebê ou criança. O desmame, no
entanto, está longe de ser a solução para este ou
aquele problema. É apenas um dos numerosos
processos que fazem parte da natureza humana.
Por isso, focar em um processo respeitoso e
consciente baseado na educação positiva pode
inaugurar uma nova forma de se relacionar com a
criança, abrindo caminhos para que outros tantos
desafios que virão também sejam superados com
amor e respeito.

“Em vez de perguntar a outros supostos


especialistas no assunto qual é o momento ideal
para o desmame, cada mãe conectada com sua
essência feminina poderia se questionar: como
me sinto dando de mamar? Como meu bebê está
amamentando? Sentimo-nos bem com isso?
Temos algum empecilho para continuar? Ele
cresce bem, é feliz? Alguém está sendo
prejudicado? E se nos sentimos incomodados,
não será por causa de problemas que outras
pessoas precisam resolver? E assim por diante.”
Laura Gutman

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8. Sobre as autoras

Bruna Valverde é advogada e


apaixonada pelo universo da
maternidade, em especial por educar
e criar com amor e respeito. É mãe do
Bento, sua principal função neste
momento e a mais transformadora já
vivida. Está em busca de
conhecimento para uma maternidade
consciente, que possa também
impactar na vida de outras mães.
Instagram: @_brunavalverde

Gabriela Aguiar é publicitária por


formação e Instrutora de Mindfulness
por vocação. Sente que despertou
uma grande transformação interna
com o nascimento da sua filha Lívia.
Hoje busca aliar a educação positiva e
o Mindfulness como forma de se
conectar emocionalmente com sua
filha e auxiliar mães a tornarem a
maternidade mais leve.
Instagram: @maternarcomgabiaguiar

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Larissa Trivelato Porto é mãe do Davi e
do Rafael, médica pediatra e
neonatologista. Buscou na Educação
consciente uma forma de educar de
forma respeitosa e considerando a
integridade dos seus filhos. E isso se
expandiu para os seus pacientes e
todos que convive.
Instagram: @larissatrivelato.pediatra

Vanessa Severiano é mãe do Theo


Luca, odontopediatra e encantada por
crianças. Nunca pensou que estudaria
tanto para ser mãe, que descobriria
esse universo fascinante e respeitoso
da educação positiva. Faz parte da
Comissão da Primeira Infância no
Superior Tribunal de Justiça, em que
atua conscientizando pais servidores e
operadores do Direito quanto à
importância de se defender a infância
e dar voz às crianças.

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8. Referências Bibliográficas
AMAMENTAR DIMINUI O RISCO DE DIABETES EM MÃES. Sociedade
Brasileira de Diabetes. Disponível em: https://diabetes.org.br/amamentar-
diminui-o-risco-de-diabetes-em-maes/. Acesso em: 20 out 2022.

BELMIRO, M. Quando iniciar o desmame? Instituto de Crescimento


Infantojuvenil, 2021. Disponível em:
https://institutoinfantojuvenil.com.br/quando-iniciar-o-desmame/. Acesso
em: 20 out 2022.

COMO FAZER UM DESMAME GENTIL - CRIAÇÃO COM APEGO. 8 horas,


2021. Disponível em: https://8horas.com.br/posts/como-fazer-um-
desmame-gentil-criacao-com-
apego/#:~:text=N%C3%A3o%20deixe%20a%20press%C3%A3o%20social,co
nduzir%20o%20desmame%20dessa%20maneira. Acesso em: 18 out 2022.

DAHLKE, R. A doença como linguagem da alma: os sintomas como


oportunidade de desenvolvimento. São Paulo: Cultrix: 1992.

EVANGELISTA, A. P. Agosto Dourado: Você sabia que a amamentação


reduz alguns tipos de câncer? Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio. Disponível em: https://www.epsjv.fiocruz.br/podcast/agosto-
dourado-voce-sabia-que-a-amamentacao-reduz-o-risco-de-alguns-tipos-
de-cancer. Acesso em: 20 out 2022.

GERHARDT, S.. Por que o amor é importante: como o afeto molda o


cérebro do bebê. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

GUIDI, L. Brasil é o país onde as mulheres são mais criticadas por


amamentar em público, diz pesquisa. Bebê.com.br, 2017. Disponível em:
https://bebe.abril.com.br/amamentacao/brasil-e-o-pais-onde-as-
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Acesso em: 20 out 2022.

GUTMAN, L. A maternidade e o encontro com a própria sombra. 8. ed.


São Paulo: BestSeller, 2015.

GUTMAN, L. O poder do discurso materno: Introdução à metodologia de


construção da biografia humana. 5. ed. São Paulo: Ágora, 2019.

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KABAT-ZINN, J. Viver a catástrofe total. São Paulo: Palas Athena, 2017.

LIMA, V. F. A importância do aleitamento materno: uma revisão de


literatura. João Pessoa, 2017. Disponível em:
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/11572/1/VFL05072018.
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OUTUBRO ROSA: TUDO O QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE


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POR QUE NÃO FAZER UM DESMAME ABRUPTO. Prolactare, 2020.


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SOUSA, A. M. Práticas familiares e o apoio à amamentação: revisão


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150043/publico/Alder_Mourao.pdf. Acesso em: 07 nov 2022.

TOMA, T.S.; REA, M.F. Benefícios da amamentação para a saúde da


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