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Este não é mais

um manual de
maternidade
Mais do que respostas prontas e modelos fechados, a
parentalidade exige informação, intuição e alguns dane-se.
Mina traz diversos especialistas que nos ajudam a decidir
o que é melhor para cada família
POR BÁRBARA DOS ANJOS LIMA PARA MINA BEM-ESTAR
Introdução
O que é ser uma boa mãe? Talvez essa seja uma das maiores pergun-
tas da humanidade e, com certeza, todo mundo ao seu redor tem uma
resposta para dar. Eu tenho. Seu vizinho tem. Sua chefe tem. Sua melhor
amiga também. Se você já é mãe, sabe muito bem que o que não faltam
são palpites sobre esse assunto.

O jeito certo de colocar a criança para dormir, de dar banho. A hora e


o jeito de introduzir as telas, de falar sobre a adoção, de deixar andar
sozinho, de conversar sobre sexualidade. E ainda tem a definição mutan-
te sobre o tal “tempo de qualidade”. O que não existe são regras – e não
raro uma se opõe a outra. Uma loucura.

Sabemos que é preciso uma aldeia para criar uma criança, mas dar palpi-
te é criar? São tantas opções que é quase impossível não se sentir perdi-
da. E é nessa hora que a gente apela para os manuais prontos. Escolhe
um e segue. Mas será que essas fórmulas funcionam mesmo?

Em meio a tantas dúvidas, é sempre bom lembrar de Donald Woods


Winnicott (1896 – 1971), o pediatra e psicanalista inglês que dedicou a
vida a entender a infância fala que a “mãe suficientemente boa” é aque-
la capaz de atender às necessidades do bebê, mas que também permite
frustrações controladas. O que nossos filhos precisam é de alimentação,
higiene, colo e acalento – e de uma figura cuidadora que esteja em paz
para fornecer isso. Não necessariamente o tempo todo.

Winnicott também fala que a tal “mãe suficientemente boa” demanda


uma preocupação leve, que ela dê conta de resolver, e sem ressentimen-
tos com o bebê. E é isso que queremos te oferecer nas páginas a seguir.
Não tem fórmula mágica, mas tem escolhas conscientes, acolhimento e
menos julgamento. Vamos juntas?

ESTE NÃO É MAIS UM MANUAL DE MATERNIDADE | PÁG. 2


índice

2 Introdução
6 Capítulo 1: O Manual é pessoal e intransferível
7 Capítulo 2: O que é ser uma boa mãe na atualidade
9 Capítulo 3: Ser “uma boa mãe” não depende só de você
10 Capítulo 4: O bem-estar da mãe é fundamental
12 Capítulo 5: Como construir rede de apoio que tanto falam?
15 Capítulo 6: Tudo bem perder a cabeça às vezes
17 Capítulo 7: É importante incluir os pais nessa conversa toda
20 Capítulo 8: O desafio de criar os filhos pro mundo
22 Capítulo 9: Saúde mental: sem negligenciar e nem diagnosticar
a qualquer custo
24 Capítulo 10: Vitamina “N”: todo mundo tem que dar

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Este não é mais um
manual de maternidade

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1.
O Manual é pessoal
e intransferível
Guias de maternidade geralmente trazem normas idealizadas que com-
prometem a autenticidade e podem silenciar ou confundir a sua intui-
ção. Sabe aquele conhecimento que só você tem? Baseado no que ouviu
da sua avó, no que observou nos erros e acertos das mulheres que vieram
antes de você, no que só você sabe ao olhar especificamente para o seu
filho? Chamamos de intuição – e conseguir escutar isso faz diferença.

Claro que ter informações seguras, científicas e agregadoras é importan-


te. O conhecimento é libertador. Porém faz diferença conseguir discernir
quais informações são úteis para cada momento e quais só geram mais
ansiedade. “O ideal é mesclar o conhecimento científico com o que faz
sentido para cada família. É um esforço do equilíbrio entre não ser ‘coa-
ching de experiência própria’ e entender cada realidade”, afirma a psicó-
loga Mayra Aiello, coidealizadora do Instituto Doulas de Adoção.

“Já tive pacientes que se frustraram porque compravam cursos de treina-


mento de sono e o bebê seguia sem dormir. Mas é preciso considerar uma
série de fatores: a vida de cada família, a rotina da sua casa, as dinâmicas.
Pensar sempre como é o seu jeito de fazer. Não é a técnica pela técnica. A
gente precisa olhar dentro de cada dinâmica”, diz Mayra. Ou seja, é preciso
peneirar o que é útil para você e o que só está te deixando mais tensa.

“O ideal é mesclar o
conhecimento científico com o
que faz sentido para cada família”
Mayra Aiello, psicóloga

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Mais importante do que promessas irreais do tipo “aprenda como
eliminar a birra”, a gente precisa pensar que parentalidade é sobre re-
lações, afeto e troca – e não sobre executar tarefas com sucesso e ticar
itens de uma lista. “Está muito mais para uma dança do que para uma
uma receita de bolo: depende de todos os envolvidos”, diz o psicana-
lista e escritor Thiago Queiroz, pai de 4 e conhecido nas redes sociais
como “Paizinho, Vírgula!”.

Cada mãe é uma mãe, cada pai é um pai, cada família é uma família.
E mais: cada criança dessa família é diferente. Quantas atitudes, falas,
combinados dão certo com um filho e não dão com o irmão? Ter jogo
de cintura é mais importante do que definir regras esteaticas. A head de
conteúdo aqui da Mina, Lia Bock, costuma dizer: “a coisa mais justa que
faço pelos meus filhos é tratá-los de forma diferente”. Ela tem quatro
filhos e uma enteada. Claro que é legal ter valores e princípios claros –
mas no dia a dia as ações podem variar de uma criança para a outra.

De horas de tela ao respeito ao próximo, uma família deve estar alinhada


em valores inegociáveis que vocês estabelecem no seu lar. E isso é cons-
truído na base do diálogo, da reflexão e não significa gravar na pedra
“pode” e “não pode”. Uma autoridade inquestionável gera frustração para
adultos e crianças. “Criar filhos não é um problema a ser resolvido, é
uma relação a ser construída. E uma relação se constrói no dia a dia pelo
diálogo, no vínculo, no acolhimento e no erro também”, afirma Thiago.

Cada mãe é uma mãe,


cada pai é um pai,
cada família é uma família.
E mais: cada criança
dessa família é diferente.

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2.
O que é ser uma boa mãe
na atualidade
Podemos fazer um exercício de quais características comuns costumam
ser associadas a uma boa maternidade. Talvez a lista tenha: afeto, respei-
to, presença, valores, limites, saúde mental em dia… Mas o mais impor-
tante aqui não é ter a resposta para essa pergunta, e, sim, refletir sobre o
conceito “boa” que é determinante na pergunta.

“Nem sei se o termo ‘boa mãe’ é algo que eu usaria para nortear a
minha maternidade, porque posso sentir que estou sendo boa, só que
não estou enxergando a necessidade da criança”, diz Maya Engemann,
pedagoga, educadora parental e pós-graduada em Neurociência e Edu-
cação Positiva. “Acho que, talvez, se eu quiser fazer algo bom, seria me
conhecer profundamente e conhecer profundamente a minha criança.
Porque só assim vou conseguir atender as necessidades – tanto minhas
quanto dela”.

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Durante muito tempo, se construiu uma visão de maternidade de opos-
tos. As redes sociais são exemplo da dicotomia desse universo. De um
lado, a gente via a maternidade romantizada – com fotos de famílias
perfeitas, crianças comportadas e uma aura de tranquilidade do ar. Do
outro, a #maternidadereal, hashtag que surgiu para trazer mais realidade
para a conversa, mas, por vezes, acaba virando um espaço de reclamações
e negatividade. Válido, porém, muitas vezes, improdutivo.

As comparações das redes sociais aumentam o peso da maternidade.


“A mãe do passado também sofria muita pressão – precisava estar casa-
da, ser católica, ter boas maneiras. Hoje, a pressão é outra, porém segue
existindo: precisa estar ativa sexualmente, profissionalmente, ser bela e
gostosa, tomar um chopp na sexta-feira, e a criança precisa estar super-
saudável, estudando na melhor escola e com uma criação diferenciada”,
pontua a psicóloga Cíntia Aleixo, especialista em maternidade e dona
do perfil Possibilidades maternas no Instagram.

O que há entre esses dois extremos? Mulheres lidando com as dores e


delícias do dia a dia em família. É menos “padecer no paraíso” e mais
“descer do paraíso” construído de maneira ilusória para entrar em dis-
cussões práticas.

E para as mães adotivas também é importante essa “desromatização”.


“Falo muito para as famílias adotivas que a gente não vai preencher to-
das as lacunas. Pode existir muita expectativa, só que é preciso fugir da
cilada de querer ser a salvadora dessa criança, de pensar ‘a outra família
não foi boa, eu tenho que ser perfeita’. Não é assim. Estamos aprendendo
a ser pai e mãe e a criança está aprendendo a ser filho nessa dinâmica.
Por isso, é tão importante falar não só da romantização da maternidade,
mas também da adoção”, afirma Mayra.

“Nem sei se o termo ‘boa mãe’ é algo que eu


usaria para me nortear, porque posso sentir
que estou sendo boa, só que não estou
enxergando a necessidade da criança”
Maya Engemann, pedagoga e educadora parental

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3.
Ser ‘uma boa mãe’ não
depende só de você
Para além das importantes questões emocionais, ser uma boa mãe nos
dias de hoje passa também por discussões políticas. Se há 20, 30 anos a
preocupação das mulheres pós-revolução feminista era equilíbrio entre
carreira e família, hoje já se sabe que a responsabilidade não é de cada
uma. Debates como licença maternidade/paternidade, creche gratuita e
acesso ao lazer precisam estar na pauta.

De forma geral, no Brasil, a licença-paternidade é de cinco dias. E mesmo


as empresas mais comprometidas concedem apenas mais 15 dias, totali-
zando 20 dias de licença-paternidade. Uma licença-paternidade tão curta
sobrecarrega as mães já no começo da jornada da parentalidade. E não
permite a um pai construir laços fortes ou ser protagonista nos cuidados
com os filhos, especialmente durante a fases delicadas do puerpério e do
início da adoção. Hoje, ser mãe é estar consciente de que a luta por leis
que ajudem em uma maternidade mais equilibrada é o primeiro passo.

Atualmente, o Senado analisa um projeto que aumenta o prazo da licen-


ça-maternidade de 120 para 180 dias e o compartilhamento para até 60
dias. O conceito de ser uma boa mãe está em constante evolução e é im-
portante ter em mente que é menos sobre a vontade de cada mulher em
ser “boa” e mais sobre o espaço coletivo que temos para sermos “boas”.

Hoje, ser mãe é estar


consciente de que a luta
por leis que ajudem em uma
maternidade mais equilibrada
é o primeiro passo.

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4.
O bem-estar da mãe é
fundamental
Dia desses, a psicóloga Cíntia Aleixo se viu num impasse. O marido es-
tava viajando a trabalho e ela tinha um ingresso para o show do Djavan.
Enquanto se questionava se ia ou não (será que ela deveria se ausentar
justo agora que a filha já estava com saudades do pai?), foi Manuela, de
12 anos, que a convenceu a ir: “mamãe, você merece”. Cíntia foi ao show,
muito feliz. E a Manu ficou muito bem com a avó, obrigada.

A maternidade chega para as mulheres como uma revolução. Para as que


geram, ela muda o corpo, mas para todas muda a lógica da vida. Nesse
contexto, é fácil se perder de si mesma e acabar colocando sempre os
filhos em primeiro lugar. Em alguns casos, vira uma relação simbióti-
ca, em que os dois – mãe e filho – são um só. Porém, não podemos nos
esquecer que, se essa mulher não está bem, a relação não se sustenta.
Afinal, é impossível cuidar de alguém sem cuidar de nós mesmas.

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Para as mães que geram, muda
o corpo, mas para todas muda a
lógica da vida. Nesse contexto,
é fácil se perder de si mesma
www

e acabar colocando sempre os


filhos em primeiro lugar.

A educadora parental Lua Barros defende que não estar 100% disponível
para os filhos é um ato de amor – a si mesma, e também aos pequenos.
“Talvez essa seja uma das missões mais difíceis, porque se expandir pelos
filhos é algo bonito e percebido como grandioso. Mas abrir espaço para
a mulher que sustenta a mãe parece menor, desimportante. Um grande
ato de egoísmo, porque ele nos coloca diante do inevitável: a importân-
cia de faltar”, escreveu em um texto aqui na Mina.

Acostumada a receber mães angustiadas em seu consultório, Cíntia com-


partilha os três principais conselhos – de ouro! – que dá a elas:

• “Ter conversas adultas, ou seja, não viver apenas o universo das


fraldas, da amamentação e da criança, para se manter conectada
ao mundo e a quem era antes da maternidade”

• “Beber uma taça de vinho para relaxar quando necessário”

• “Uma pitada de egoísmo”

O egoísmo de ter momentos sem seus filhos – que cria essa falta mo-
mentânea para eles – vai gerar outros momentos de conexão sincera
quando vocês estiverem juntos. Afinal, serão valorizados por todos. É
um investimento na saúde mental da família no presente e também uma
contribuição significativa para um futuro mais feliz e equilibrado para as
próximas gerações. Crianças criadas por mães completas nos momentos
em que estão com elas, mas que sabem dar lugar ao seu bem-estar apren-
dem, pelo exemplo, que é preciso cuidar de si também.

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5.
Como construir a rede de
apoio que tanto falam?
O provérbio africano “É preciso uma aldeia inteira para educar uma
criança” é citado por 10 entre 10 mães e pais. Porque quem cria filhos
sabe que é impossível dar conta de todas as demandas da parentalidade
sem parcerias.

Historicamente, as redes de apoio eram compostas por avós, tias, madri-


nha… Ou seja, mulheres da família que ajudavam no dia a dia para que
pai e mãe tivessem momentos de paz. Num mundo moderno e globa-
lizado, em que muitas famílias não moram perto como antigamente e
muitos avós são altamente ativos, se ocupando de outras atividades, esse
conceito de “rede apoio” teve que ser repensado.

Para além de olhar para criança, a rede de apoio pode e deve se voltar
também para as mães. Muito mais do que produtos ditos indispensáveis
para a criação dos filhos, o que uma mãe precisa é de afeto e cuidado. E
de gente que olhe por ela. Mas quem?

“Estar com outras mães, estar


com mulheres mais velhas do
que eu, mais novas do que eu,
com mais filhos, menos filhos,
que não tem filhos… Tudo isso
vai me nutrir”
Maya Engemann, educadora parental

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“Procure perceber quem pode servir de colo para você. Sugiro que se
busque para além da sua família”, diz Maya. “O que não pode é se deixar
isolar. Ficar sozinha com filho pequeno é puro suco da loucura”, comple-
ta. Maya também dá a dica de sermos mais ativas e encoraja mulheres a
buscar umas às outras. “Está no parquinho e vê outra mãe? Chega junto
e puxa uma conversa. Talvez a amizade não vai dar em lugar nenhum,
talvez dê.” Nota pessoal da autora que vos escreve: fiz minhas melhores
amigas de pós-maternidade assim e ter filhos com idades próximas aos
das comparsas é um fator que ajuda muito nessa hora.

“Estar com outras mães, estar com mulheres mais velhas do que eu, mais
novas do que eu, com mais filhos, menos filhos, que não tem filhos…
Tudo isso vai me nutrir, me fortalecer, gerar pertencimento e compreen-
são. Isso vai me alimentar para eu me voltar melhor para a relação com
nossos filhos”, garante Maya.

E aqui, sim, cabe um top 5 de dicas práticas para ajudar você a construir
uma rede de apoio forte:

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1. Comunique as suas necessidades: sempre que possível, seja clara
sobre como as pessoas podem ajudar. Muita gente quer oferecer os
braços, só que não sabe o que fazer. Pedir ajuda com clareza é um
desafio para muita gente, mas que deve ser exercitado. Uma volta
com a criança, marmitas, uma conversa adulta para desopilar, tudo
isso, se verbalizados numa comunicação clara, permite que outros
contribuam de forma mais efetiva.

2. Aceite a ajuda: se você ainda não lida bem com o fato de preci-
sar de outras pessoas, essa é a hora de mudar. Aprender a receber
apoio é fundamental para construir uma rede sólida. Aquele “acho
que ofereceu só por educação”, tem que sair da cabeça. Que mal
tem aceitar uma gentileza?

3. Estabeleça limites: ao receber ajuda, é importante definir limi-


tes claros. Isso pode incluir horários determinados para visitas e
tarefas específicas que você gostaria de delegar. Não é porque a
pessoa está te dando uma força que ela pode tudo.

4. Rede de apoio paga também faz parte do combo: profissionais de


saúde, terapeutas, consultores de amamentação, babá, faxineiras, co-
zinheira... O que cabe no seu orçamento pode e deve ser parte fun-
damental da rede de apoio. Conhecimento especializado, suporte
emocional e um pouco de tempo para você fazem toda a diferença.

5. Participe de grupos: estar em grupos de mães e pais pode ser


incrivelmente útil. Não tenha vergonha de entrar em vários – do
clube, da escola, de crianças da mesma idade – e sair de todos
com os quais não se identificar. Eles oferecem uma plataforma
para compartilhar experiências, aprender com outras mães e
construir amizades significativas.

Sempre que possível, seja clara sobre


como as pessoas podem ajudar.
Muita gente quer oferecer os braços,
só que não sabe o que fazer.

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6.
Tudo bem perder
a cabeça às vezes
Não são nem 8 da manhã e um filho seu já derrubou leite no chão da
cozinha, os outros dois estão brigando por causa de algum brinquedo
e quase quebraram aquele vaso comprado na sua última viagem para
a Bahia antes de eles nascerem (#saudades). Você nem terminou a pri-
meira xícara (já fria) de café do dia e sua casa está um caos. Quando
percebeu, já tinha gritado com um, tirado o brinquedo da mão do outro
e falado para os três ficarem sentados no sofá por 5 minutos, de prefe-
rência, em silêncio.

Pronto, a mamãe surtou, e agora?

Logo você, que leu tanto sobre respeitar seus filhos, que fala para todo
mundo que é contra gritos e castigos, que acredita na educação positiva…

Bom, segundo os conceitos da própria educação positiva, tudo bem.


Faz parte. “O convite de educação positiva não é sobre você não errar.
É sobre reduzir os danos”, diz Maya. Se existe um ditado popular que
precisa ser banido da sociedade é o tal “nasce uma mãe, nasce a culpa”.

Reconhecer que a “mãe


perfeita” que nunca se
estressa ou perde linha não
existe nos ajuda a aceitar e
abraçar nossas imperfeições,
além de aliviar a pressão.

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Se errar é humano, errar na criação dos filhos é divino. Isso mesmo.
Porque só através do reconhecimento desses erros é que conseguimos
fazer reflexões importantes e, também, mostrar para nossos filhos que
não somos alecrins dourados. “Isso é importante para as crianças, não no
sentido de ‘precisamos frustrá-los’, mas para eles perceberem que somos
humanos e temos os nossos limites. Nós também não conseguimos con-
trolar nossas emoções 100% do tempo. Somos pessoas reais e, por isso,
somos falhos”, diz Thiago.

Isso não quer dizer que você fez certo ao gritar. Quer dizer que você
pode chegar para seus filhos e usar as mesmas palavras mágicas que
ensinou a eles. “Desculpa, a mamãe não soube se expressar, obrigada por
entender. Vamos todos tentar fazer melhor da próxima vez?”.

Reconhecer que a “mãe perfeita” que nunca se estressa ou perde linha


não existe nos ajuda a aceitar e abraçar nossas imperfeições, além de ali-
viar a pressão, muitas vezes autoimposta. Os momentos de humanização
parental são ótimas oportunidades de conexão com nossas crianças. “As
conversas mais bonitas que eu guardo na minha memória com os meus
filhos são aquelas que aconteceram logo depois que eu perdi a cabeça
com eles. Pedi desculpa, chorei e falei que estava muito errado, e que eu
não consegui controlar minhas emoções”, afirma Thiago.

Claro que há limites. “Se começar a perceber que esses momentos de


descontrole são tão frequentes e que estão afetando a qualidade de vida
da família, é bom buscar ajuda”, diz. A verdade é que a maternidade é
um convite para revermos os traumas que carregamos da nossa infância
– e não passá-los para frente. “Em vez de passar batido, aproveito esses
erros para melhorar e ter um compromisso com o meu crescimento pes-
soal”, diz Maya.

Crescimento esse que, além de te ajudar, se reflete nos seus filhos. “Por-
que quanto mais eu me aproximo da minha autenticidade, mais as
minhas crianças terão liberdade de serem autênticas”, completa Maya.
O importante é ter a clareza de que os erros fazem parte e que podemos
aprender com eles. Sempre tendo compaixão com nós mesmas. O que é,
aliás, um ótimo ensinamento para passar para os filhos.

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Vivemos em uma sociedade
machista e a criação de filhos é
um dos momentos em que isso
se evidencia em muitas famílias,
seja na divisão de tarefas ou em

7.
como lidar com as emoções.

É importante incluir os
pais nessa conversa toda
Se você é mulher, trabalha e tem filhos, é provável que não precisemos
explicar o que é carga mental, mas vamos lá: o conceito fala das tarefas
invisíveis que geralmente recaem sobre as mulheres, fala do cansaço que
o planejamento, a organização e a tomada de decisões geram.

Tomando um casal heterossexual como exemplo, podemos associar a


carga mental ao “pai que ajuda”. Que até leva na escola, mas a mãe precisa
deixar o uniforme separado, a mochila pronta e o lanche embalado. Ou
que faz as compras do mês depois da mulher deixar a lista pronta.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)


realizada em 2022, as mulheres gastam 21,4 horas da semana em tarefas
domésticas e de cuidado. Os homens gastam 11 horas.

O relatório “Esgotadas”, feito pela ONG Think Olga, entrevistou 1.078


mulheres, entre 18 e 65 anos, em todos os estados do país em 2023 e
mostrou que a sobrecarga de trabalho doméstico foi a segunda causa de
descontentamento mais apontada por elas — atrás apenas de preocupa-
ções financeiras. O estudo mostrou que 86% das mulheres consideram
ter muita carga de responsabilidades.

Vivemos em uma sociedade machista e a criação de filhos é um dos mo-


mentos em que isso se evidencia em muitas famílias, seja na divisão de

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tarefas ou em como lidar com as emoções. Como aceitar esse “machismo
estrutural”, tentando mudar o que podemos, mas sem viver estressada
por sentir que a luta é inglória? Num casal heterosexual, como trazer os
homens para o jogo sem cair em trocas de acusações e frustrações?

“Muitas vezes, até a responsabilidade chamá-los para a conversa acaba


recaindo sobre a mulher que já está sobrecarregada”, diz Thiago. Refe-
rência nas discussões sobre o papel dos homens na criação dos filhos,
ele destaca: “A mudança na prática começa a acontecer quando um cara
fala para o amigo que ele não está sendo um pai legal, um parceiro legal,
quando chama a atenção do cara que chama a ex de maluca”. Ele garante
que gerar incômodo ajuda a gerar mudança.

A notícia ruim é que só dá pra incluir os caras na conversa se eles esti-


verem dispostos, mas a notícia boa é que existe muita gente disposta a
cutucar essa conscientização. “O machismo é um problema dos homens.

“O machismo é um problema dos


homens. Ele afeta as mulheres,
claro, mas a responsabilidade de
mudar essa situação é nossa”
Thiago Queiroz, psicanalista

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Ele afeta as mulheres, claro, mas a responsabilidade de mudar essa
situação é nossa”, diz Thiago. “A paternidade pode ser o portal para essa
desconstrução do machismo por parte dos homens. Mas isso depende
muito da vontade e do interesse, porque precisa ser uma mudança genu-
ína e não vai ser uma mudança fácil. Ela é incômoda e contínua”.

Um primeiro passo pode ser compartilhar esse e-book com o compa-


nheiro, compadres e amigos que são pais. Afinal, zelar por uma boa
parentalidade é dever de todos os envolvidos. Vale lembrar também que,
quanto maior o vínculo afetivo desse pai com a criança, mas fácil será
trilhar o caminho da desconstrução. E vínculo afetivo se constrói com
quilômetros rodados com a criança: passando tempo com ela, colocando
pra dormir, levando ao médico, às festinhas, desembaraçando o cabelo,
cortando a unha, abraçando na hora do aperto, alimentando e tudo que
envolve a criação no dia a dia.

Aqui vale lembrar que vivemos em um país com alto número de pais
separados e mães solo – o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que
criam os filhos sozinhas, segundo dados de uma pesquisa divulgada
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2023. Nesses casos, é bom
estar com a lei na ponta da língua para exigir seus direitos. O art. 229 da
Constituição, regulamentado pelo Código Civil, impõe a ambos os geni-
tores o dever “assistir, criar e educar os filhos menores”.

“O dever de guarda, sustento e de convivência é sempre de ambos. O


problema é que, quando o pai ou mãe não querem conviver, não existem
ainda mecanismos jurídicos eficazes para assegurar o cumprimento do
dever de cuidado”, destaca a advogada Maria Alice Rodrigues, professora
de Direito de Família da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

Existe a possibilidade de decisões com base num protocolo de 2021


do Conselho Nacional de Justiça para julgamento com perspectiva de
gênero. Nesses casos, se leva em consideração o tempo que a mãe dedica
aos cuidados diários dos filhos para se estabelecer uma pensão maior.
“Mas veja que é uma compensação financeira. A questão da necessária
convivência e responsabilidade paterna pelos cuidados ainda é de difícil
solução quando o pai não quer assumir”, finaliza.

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8.
O desafio de criar os filhos
pro mundo
“Ajude-as a fazer sozinhas”. Esta é a frase que resume, em poucas pala-
vras, o conceito criado por Maria Montessori (1870 - 1952), educadora,
médica e pedagoga italiana, que até hoje é um dos grandes nomes quan-
do se fala em educação infantil. Montessori falava da importância da
liberdade e do estímulo da independência para o desenvolvimento físico
e mental das crianças.

E por que trazer esse conceito aqui? Porque um dos grandes desafios da
maternidade é o “deixar ir”. A maternidade é uma jornada repleta de
alegrias, mas também acompanhada de medos sobre o futuro de nos-
sos filhos. Estamos falando desde aquele primeiro dia de aula (em que
muitos pais ficam mais emotivos que os filhos) até a primeira vez que o
coração deles será partido – ou até violências piores.

Entender os desafios do mundo atual é essencial para enfrentá-los.


Informar-se sobre questões sociais, ambientais e de saúde nos permite
estar mais conectados com que nossos filhos vão enfrentar. Isso ajuda a
orientá-los sobre sexualidade, racismo, homofobia, misoginia e todas as
outras pautas que são urgentes para o desenvolvimento da humanidade.

ESTE NÃO É MAIS UM MANUAL DE MATERNIDADE | PÁG. 20


Mas criar filhos também é saber a hora de soltar. Não existem super-heróis
na vida real e é uma cilada tentar controlar ou prever tudo de ruim que
pode acontecer com eles. Sim, seu filho adolescente pode beber demais
em uma festa ou sua filha pode sofrer assédio. Nosso papel como cuidado-
res é orientar ao longo do caminho como eles podem agir diante de cada
adversidade. E confiar no processo que é construído ao longo dos anos.

Aqui, cabe também trazer os princípios fundamentais da teoria do ape-


go, divulgada pelo psiquiatra infantil inglês John Bowlby (1907- 1990).
Bowlby enfatizava a importância de uma base segura na infância para
o desenvolvimento emocional saudável das crianças. Quando elas têm
uma conexão emocional estável com seus cuidadores, têm maior capa-
cidade de enfrentar e superar desafios. E mais segurança de voltar para
pedir sua ajuda quando necessário, pois sabem que serão mais acolhidas
do que julgadas ou punidas. Seu filho precisa internalizar que, se algo
der errado, ele pode correr pra você – e não de você.

Concentrar-se no que está ao alcance, como o ambiente doméstico, a


educação das crianças e as relações familiares, ajuda a cultivar um senso
de controle e segurança. A base você vai dar, mas haverão outras desco-
bertas maravilhosas na vida deles que virão de outras pessoas de referên-
cia. Ou até mesmo serão descobertas por conta própria.

Respirar fundo, confiar no processo e aceitar o que não está ao seu al-
cance também ajuda. “Sei que é difícil a gente não ficar pensando no
que pode acontecer de ruim. Mas, na maternidade, a gente precisa tentar
viver no agora. Pensar em tudo que pode acontecer nos tira muito do
momento presente, sabe? E nada é mais importante do que aproveitar o
presente”, afirma Maya.

Criar filhos também é saber a hora


de soltar. Não existem super-heróis
na vida real e é uma cilada tentar
controlar ou prever tudo de ruim
que pode acontecer com eles.

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9.
Saúde mental:
sem negligenciar e
nem diagnosticar a
qualquer custo
TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade), TOD (Transtorno Opositor Desa-
fiador) são alguns exemplos dos diagnósticos de saúde mental em
crianças e adolescentes que cada vez mais ganham destaque e viram
assunto tanto nas redes sociais quanto entre pais e cuidadores – tem
até a trend de “diagnóstico relâmpago” no TikTok (#medo). Pode ver:
é só juntar dois ou três num papo que em pouco tempo isso vira tema
de conversa. Seja na pracinha, na saída da escola ou entre um salgado e
outro na festa infantil.

“Será que isso que meu filho faz é normal?”. A busca por respostas é
natural e tem justificativa. Em 2000, os Estados Unidos registraram um
caso de autismo a cada 150 crianças observadas. Em 2020, houve um
salto gigantesco: um caso de transtorno a cada 36 crianças. Ou seja, o
número quadruplicou. As estatísticas foram divulgadas ano passado pelo
órgão de saúde Centers for Disease Control and Prevention (CDC).

Muitos são os fatores que influenciam para esse aumento significativo.


Desde maior acesso da população aos serviços de diagnóstico até a forma-
ção de profissionais capazes de detectar o transtorno e pais, professores e
pediatras mais conscientes sobre o tema. Mas o cuidado com o diagnósti-
co e a medicalização precoce é uma linha tênue que merece uma reflexão
mais profunda. Hoje já se fala de uma epidemia de diagnósticos.

“Se por um lado existe um fenômeno positivo que é a redução do


estigma e do preconceito a respeito de saúde mental infantil, também

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tem um outro lado dessa história que me preocupa enormemente: o
excesso de informação sem curadoria necessária que chega nas pesso-
as”, afirma o psiquiatra da infância e adolescência Thiago Rocha, que
vê um grande número de pacientes entrando em seu consultório com
informações equivocadas. “Muitos se autodiagnosticam ou diagnosti-
cam seus filhos depois de assistir um vídeo de 15 segundos nas redes
sociais”, diz o especialista em ciências do comportamento, que divulga
conteúdos sobre saúde mental infantojuvenil nas redes sociais.

O risco de rotular crianças de maneira inadequada é real e pode im-


pactar negativamente o desenvolvimento e a autoestima dos pequenos.
Diagnósticos imprecisos podem levar a intervenções desnecessárias, ge-
rando um ciclo de medicalização que pode ser evitado. Por isso, Thiago
Rocha também chama a atenção para o lado da formação dos profissio-
nais que fazem os diagnósticos. “Os médicos precisam qualificar a forma
de observação e analisar o desenvolvimento infantil para que a gente
não corra o risco de colocar rótulos em todas as crianças e, ao mesmo
tempo, acabar deixando passar sintomas importantes, o que pode privar
essa família de um tratamento que eventualmente vai melhorar a quali-
dade de vida de todos”, diz o médico.

Pais, cuidadores e educadores desempenham um papel central nesse


processo, pois estão na linha de frente para observar o comportamento
de seus filhos – e também domar suas próprias ansiedades e angústias.
Afinal, diferentemente de situações que envolvem a saúde física, a saú-
de mental é algo menos palpável. “É um tópico muito sensível, angus-
tiante para todos. Por isso, muita gente acaba se apegando a qualquer
explicação que encontram, o que gera uma falsa sensação de solução”,
afirma o psiquiatra.

Importante lembrar que o desenvolvimento infantil é um processo va-


riado e muitas vezes desigual. Cada criança é única. Diferenças no ritmo
de aprendizado, comportamento e interação social são normais. “Existe
uma frase que é muito utilizada na nossa área: o diagnóstico em psiquia-
tria infantil deve sempre ser escrito à lápis. A gente precisa estar dispos-
to a daqui a pouco nos corrigir e reavaliar porque os processos são muito
dinâmicos e o cérebro deles está em pleno desenvolvimento”, finaliza.

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10.
Vitamina “N”:
todo mundo tem que dar
Por semana, as crianças passam em média 44 horas em aparelhos ele-
trônicos e uma hora e 15 minutos brincando fora de casa. Esse dado (da
ONG Children And Nature) fica ainda mais alarmante quando con-
traposto à orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que
recomenda que crianças e adolescentes brinquem e aprendam a conviver
com a natureza por, pelo menos, uma hora por dia.

Cruzando as duas coisas, vemos que tem cerca de cinco horas a menos
por semana de natureza (ou vitamina ‘N’) na vida desses pequenos. Esse
tempo, no geral, é preenchido com telas. E, se pensarmos em crianças
que têm entre seis e dez anos – para as quais a SBP limita a até duas
horas diárias de tela –, vemos que há 30 horas a mais por semana do que
o recomendado. Sim, é chocante.

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“Transtorno de deficit de
natureza”: a expressão não é
médica, mas trás a ideia de
que precisamos devolver as
crianças ao seu habitat natural.

“Nós, adultos, sentimos na pele como o excesso de tela atrapalha, por isso,
é preocupante pensar como muita gente parece negligenciar essa questão
e expor uma criança com o cérebro imaturo e muito mais sensível que nós
a algo que faz mal. É quase uma covardia”, afirma Thiago Rocha.

Sabemos que muita gente está saturada de falar do excesso de tela na


vidas das crianças sem saber como reverter isso. O desafio é enorme e,
cada vez mais, vemos que não depende apenas dos pais. Mas a informa-
ção de que precisamos devolver as crianças para a natureza ajuda a mos-
trar uma saída. Não adianta tirar a tela e não botar nada no lugar. Por
isso, a proposta é colocar verde, árvore, areia, céu, chuva, pedra, flores,
caramujos, sapo, minhoca e afins.

A infância é uma fase crucial para a formação de habilidades cogniti-


vas, emocionais e sociais. E o contato com a natureza desempenha um
papel insubstituível nesse processo. É por isso que o termo “Transtorno
do Déficit de Natureza” vem tão a calhar. Cunhada por Richard Louv,
jornalista, cofundador do Children & Nature Network e autor do livro A
Última Criança na Natureza, a expressão não é médica, mas traz a ideia de
que precisamos devolver as crianças ao seu habitat natural.

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Brincar ao ar livre não é apenas uma atividade recreativa: é uma parte
essencial da educação infantil. Essas atividades são importantes para
que possam desenvolver a saúde mental, emocional, física e social dos
pequenos. O contato com a natureza colabora para a melhora da imuni-
dade e traz mais capacidade física. Também ajuda no desenvolvimento
socioemocional, como a promoção da empatia, do cuidado consigo mes-
mo e com o meio ambiente.

A gente sabe que em grandes centros urbanos – onde vive a maioria da


população – há uma escassez de verde, que a insegurança e o trânsito
podem ser fatores que acabam deixando nossos filhos dentro de casa.
Mas os benefícios do contato com a natureza são tão grandes que vale
a pena procurar a pracinha mais próxima. Porque, sim, contato com a
natureza não é só no sítio ou na praia, a pracinha também vale. E quer
saber? Vai ser bom para você também.

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