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das Crianças
Introdução
Todos aspectos da vida do homem: seu caráter, senso de responsabilidade,
bons e maus hábitos, habilidade para enfrentar as dificuldades e o grau de
religiosidade — em muito são determinados pela educação na infância. As
lembranças claras da infância alimentam e aquecem o indivíduo nos
momentos difíceis da vida, e ao contrário, as pessoas que não tiveram uma
infância feliz, não podem preenchê-la com nada. Quando nós encontramos
pessoas assim — órfãos, que não conheceram o carinho dos pais; enteados e
enteadas, com a alma despedaçada em conseqüência de dificuldades
domésticas; filhos ilegítimos, abandonados aos cuidados de estranhos —
sentimos as almas deles marcadas pela impressão de dolorosas feridas. A
ausência da educação religiosa na infância seguramente se faz sentir no
caráter do indivíduo: no conjunto espiritual deste indivíduo, percebem-se
rupturas notórias. A criança é extraordinariamente susceptível às impressões
religiosas: ela se envolve instintivamente a tudo aquilo que divulga a beleza e
o sentido do mundo ao redor. Tire isto da criança — e sua alma ficará fosca;
ela ficará num mundo vazio com seus pequenos interesses cotidianos. Algo
similar acontece também com o corpo: se esta criança vive num ambiente
úmido e sombrio, ela cresce pálida e doentia, sem forças e sem alegria em seu
corpo mal desenvolvido. Em ambos os casos, a culpa do não desenvolvimento
e das doenças (da alma ou corpo), recai sobre os pais.
Educação e instrução
Educação: — é o processo do fundamento espiritual e moral da criação e
a Instrução: — é o processo do desenvolvimento da capacidade mental da
criança. Estas são duas atividades diferentes. Não existe nenhuma razão em
pensar que a instrução (desenvolvimento da educação escolar)
automaticamente facilita o desenvolvimento moral da criança. É possível
encontrar pessoas totalmente mal educadas e sem espiritualidade, e por outro
lado, — camponêses com pouca ou nenhuma instrução ou simples operários
porém, bem educados na espiritualidade e na moral.
E como foi que o Salvador reagiu a isto? Ele indignou-Se com os Apóstolos.
E nós sabemos que o Cristo dócil indignou-Se apenas nos momentos em que a
verdade era suprimida por enganos; por exemplo: diante da hipocrisia dos
fariseus, diante da profanação do templo pelos comerciantes, etc... E Ele disse
aos discípulos: "Deixai vir a Mim os pequeninos e não os impeçais ... porque
é daqueles o Reino dos Céus." Em outras palavras, as crianças, muito mais do
que os adultos, são receptivas à bondade, ao amor e à graça. Elas
instintivamente se direcionam a Deus. Depois Cristo abraçou e abençoou os
pequeninos.
Fica claro que Cristo ensinava que a educação religiosa deve ser iniciada
desde a mais tenra idade. A experiência espiritual da Igreja se expressa na
série dos ritos e costumes conectados com as crianças. Desde o nascimento da
criança, a Igreja Ortodoxa a recebe com orações especiais: no primeiro dia
(dia do nascimento), no oitavo (escolha do nome) e no quadragésimo (sua
introdução na Igreja). Estas orações contém pedidos pela saúde do corpo e
alma da criança e sua santificação pela Graça Divina. Após o batismo, a Igreja
prescreve para que a criança tome a Comunhão com freqüência, que seja
levada à Igreja; fazê-la beijar a Cruz e os Santos ícones. Tudo isto seria em
vão, se a criança não fosse receptível a impressões espirituais.
Por esta razão procedem bem aqueles pais que, desde a tenra idade aplicam na
criança procedimentos religiosos estabelecidos pela Igreja. Por exemplo:
quando a mãe a leva até os "‘ícones," quando antes de dormir a abençoa com
o sinal da Cruz, ou então, quando vencendo o cansaço a segura no colo
durante todo o ofício religioso, ou reza sobre seu berço. Com todas estas ações
manifesta-se a preocupação cristã da mãe com seu filho, conforme descreveu
o poeta "Homiakov" na seguinte poesia:
Sabe-se que cada criança possui semelhança na aparência com seus pais e
antepassados: um se parece com o pai, o outro com a mãe, o terceiro — com a
avó ou bisavó. Mas, igualmente com a hereditariedade física, a criança recebe
os traços morais dos antepassados, tanto bons como ruins. As más qualidades
se desenvolvem e reforçam rapidamente e podem sufocar as sementes do bem.
No mundo vegetal, por exemplo, as ervas daninhas são muito mais resistentes
e agressivas do que as plantas de jardins e as hortas. Para que qualquer planta
em nosso jardim possa crescer saudável e útil, é necessário lutar contra as
ervas daninhas.
Pais jovens tendem a olhar para estas "ervas daninhas" com imprudência,
considerando-as como imaturidade da criança. "Quando ela crescer um pouco
— pensam os pais, — ela por sí mesma entenderá que isto não é bom e saberá
melhorar." Raciocinando assim, eles estão deixando estas outras tendências
sem atenção, e não ensinam a criança a lutar com elas. Estes pais preferem
satisfazer todos os caprichos do filho, adotando a famosa atitude: "Qualquer
coisa para entreter a criança desde que não chore!"
Os pais devem educar seus filhos para que sintam desde a tenra idade aquilo
que é permissível e o que é proibido. Proibições sensatas e castigos leves são
absolutamente indispensáveis. Estejam certos que mesmo a criança bem
novinha compreenderá que existem coisas permissíveis e proibidas.
Entendendo que as coisas proibidas atrairão conseqüências desagradáveis, a
criança irá evitar tudo aquilo que é proibido. Com estas atitudes vocês
infiltrarão na criança um forte fundamento para a educação futura. Sua
vontade infantil apenas começando a se formar, estará preparada para que
possa na vida se submeter a regras estabelecidas.
Fundamentos espirituais na
educação
As crianças, por natureza são meigas, misericordiosas, inofensivas e
sinceras. Estas boas qualidades ainda são frágeis e são necessárias no
desenvolvimento e fortalecimento. Além disso, conforme a criança vai
crescendo, os pais devem reforçar nela disposição ou sentimento que possam
lutar com as tendências para o mal, e apoiem as boas manifestações. Por sorte,
o homem possui uma qualidade maravilhosa conhecida com consciência. A
missão dos pais é desenvolver em seus filhos uma mente apurada e ensiná-los
a ouvirem a voz da consciência.
Isto é preciso ser feito não teórica e distraidamente, e sim apoiando-se na base
religiosa: a fé em Deus e na nossa relação com Ele — no amor, gratidão e
responsabilidade por nossos procedimentos. Sem o fundamento religioso a
educação se tornará instável e pouco sólida.
Para aqueles que duvidam da força religiosa das crianças apenas anotamos o
seguinte: a fé em Deus não foi inventada pelas pessoas; ela nasce junto com
elas. É por isso que ela é acessível e compreensível por todos, independente
de suas idades e desenvolvimento mental. Qualquer ser, desde o mais humilde
e ignorante ao maior estudioso e intelectual, pode crer em Deus. Cada fiel
compreende e experimenta sua fé à medida de sua capacidade, e à medida que
a pessoa se desenvolve — cresce e se aprofunda sua idéia sobre Deus.
Cada pai e cada mãe podem se convencer, com sua própria experiência de que
o conhecimento a respeito de Deus lhes coloca nas mãos poderosos meios
para a educação dos filhos. Quando nós falamos de Deus como origem de
todos os bens e Juiz Supremo da humanidade, trazemos para dentro do mundo
interior da criança, noções corretas sobre o bem e o mal. E fazemos isto não
na forma de regras formais, e sim para ajudá-la a perceber a Personalidade
Viva, que permanece sobre o mundo, e da qual nós todos somos responsáveis.
Este Ser Supremo nos atrai para o bem e nos afasta de tudo o que é perecível.
Assim, a criança assimila o entendimento sobre o pecado, o que é vergonhoso
e desnecessário sujeito a castigo. Diante disto, é preciso considerar que, o
entendimento sobre o pecado não apresenta-se totalmente estranho à criança,
pois, em sua natureza já está alojado o sentimento de culpa, vergonha e
sentimento confuso para diferenciar o bem e o mal. A demonstração cristã a
respeito de Deus clareia e fortalece estes sentimentos profundos.
O método religioso na educação funciona com mais êxito. Os pais quase não
necessitam recorrer a punições físicas quando infiltram nos filhos aquilo que
exige o Senhor Deus e não suas próprias regras. A mãe cristã ensina seu filho
dizendo: "Não faça isto — Deus não gosta disto... Isto não pode, Deus não
permite isto." Ou então: "Se você fizer assim, Deus vai castigá-lo!" Se por um
acaso a criança se ferir ou se queimar por sua desobediência, a mãe diz: "Viu?
Deus te castigou porque você O desobedeceu."
Mas não são apenas as proibições que devem ser sugeridas com o nome de
Deus. Muito mais importante é quando exigências positivas à criança devem
ser fundamentadas na autoridade Divina. É preciso explicar-lhe que Deus o
ajuda em todo o bem, e o caminho principal para receber a ajuda de Deus — é
a oração. A criança deve entender que, sem a ajuda de Deus, ela não
conseguirá nada. Além disso, é indispensável também ensinar a criança a
agradecer a Deus por tudo: aquilo que ela possui, pela saúde, pelo alimento,
pelas alegrias, pelos objetos que ela usa. Igualmente deve-se acostumar a
criança a rezar pelos seus pais.
Além disso, os pais devem evitar de todas maneiras discutir diante dos filhos
— seja sobre questões de princípios ou questões práticas do dia a dia. Quando
os filhos percebem a diferença de opiniões dos pais, eles seguramente
utilizarão isto em seu proveito e se voltarão aquele (ou pai ou mãe) que seja
menos exigente. Diante dos filhos jamais deve-se criticar ou humilhar um ao
outro; como resultado final torna-se prejudicial à autoridade de ambos.
Em geral os pais devem ser muito cautelosos em suas conversas diante dos
filhos. Alguns pensam: eles são pequenos, não entendem nada. Porém a
criança, mesmo não entendendo com o intelecto, com sensibilidade interior
capta a essência da conversa, e isto produzirá um choque indesejável em seu
subconsciente. Desta forma, isto pode prejudicar a alma da criança, ou levá-la
a fazer perguntas as quais serão difíceis de responder. Seria melhor não
criticar os outros diante das crianças, evitar zombar dos outros, não
demonstrar desrespeito àquilo que é sagrado para a criança; por exemplo:
criticar os professores, o clero, etc. "Mas, (disse Jesus) se alguém fizer cair
em pecado um destes pequenos que crêem em mim, melhor fôra que lhe
atassem ao pescoço a mó de um moinho, e o lançassem no fundo do
mar" (Mat. 18:6).
Coação
Em alguns países a teoria da "educação livre" de crianças teve grande
divulgação. De acordo com esta teoria, as crianças deveriam ser deixadas agir
por sí mesmas para que pudessem manifestar e desenvolver sua
individualidade. Esta teoria rejeita qualquer tipo de coação e punições.
Recomendam aplicar este método até em crianças pequenas que ainda não têm
noção do bem e do mal e nem o costume de observar suas ações. É fácil
imaginar quantos erros e perigos surgem daqui, os quais possuem pesadas
conseqüências físicas e morais!
Será que um cristão pode concordar com esta educação? Naturalmente que
não! Deste modo cresce uma geração de pessoas, as quais guiam-se apenas
por interesses egoístas, sem responsabilidade moral. Pensando apenas em sí,
estas pessoas não refreiam seus caprichos, suas mentes adormecem aos
poucos e elas tornam-se pouco escrupulosas nos meios para conquistar suas
metas.
A Igreja ensina que a criança desde a tenra idade deve diferenciar o justo e
injusto, o que se deve e o que não se deve fazer. Sobre os pais repousa a
obrigação de dirigir suas atitudes, preparando a criança para uma vida
independente, e esta preparação deve ser iniciada o mais cedo possível. Aos
10-12 anos já será tarde corrigir as falhas, as quais se desenvolveram em
decorrência de uma educação negligente na tenra idade.
Diante disto, as punições não devem ser tão diretas, ou seja, físicas (estas só
devem ser efetuadas apenas em casos extremos) o quanto mais indiretas
porém não menos efetivas, como por exemplo: deixar a criança sem doces,
privá-la temporariamente de brincadeiras habituais, recusar receber visitas e
ganhar coisas prazerosas, fazê-la cumprir tarefas complementares, etc... Desta
maneira ou de outra, quando as palavras não são suficientes, é preciso
influenciar a criança através de métodos mais produtivos: "Não desperdice
palavras, onde é preciso fazer uso da autoridade!" (da fábula de Krilov) "O
Gato e o Cozinheiro"). Nós sabemos que a criança nasce não apenas com
boas, mas também com más predisposições, e com estas últimas é preciso
lutar desde o início. Qual é a batalha que caminha sem proibições e punições?
Lembrem-se de sua própria infância, e então vocês se convencerão facilmente
de que qualquer bom costume não lhes vinha automaticamente, e sim com
dificuldade, persistência e às vezes com lágrimas. O Apóstolo Paulo diz: "É
verdade que toda correção parece de momento, antes motivo de pesar que de
alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor
fruto de justiça e de paz" (Heb. 12:11).
Assim sendo, deixemos que os pais sentimentais não temam magoar seus
filhos, quando a situação exigir. Em alguns casos isto é indispensável para a
educação deles num saudável clima cristão.
A significação da Igreja
Conduzir as pessoas para a fé e justiça — é a principal tarefa da Igreja. No
meio daqueles que tem pouca fé e de um ambiente pervertido, a Igreja
Ortodoxa é o farol espiritual, uma pequena ilha de santidade para adultos e
crianças. Sem ela é impossível educar e influenciar as crianças com
benevolência.
No início, a educação religiosa é alcançada nem tanto pela razão, como pelo
sentido. Por esta razão, crianças que sempre freqüentam a Igreja — este
campo arado, susceptível às sementes do bem, o qual em seu devido tempo
trará frutos.
Escola Paroquial
A escola paroquial nem sempre é capaz de resistir às influências corruptas.
Pelo contrário, desejando estar no "nível do século," ela muitas vezes elabora
formas legais para a relação frívola com questões da vida. Diante de nós estão
presentes as estruturas sociais, as quais empurram abertamente a família e a
sociedade para a corrupção moral. Como exemplo, prestemos atenção na
imprensa e na televisão: enchem as crianças com imagens vulgares, com
filmes sem conteúdo, de baixa qualidade com cenas saturadas de violência e
sexo.
Concluindo, é preciso anotar que, nem a família, nem a escola, nem mesmo a
Igreja, não podem, cada uma individualmente, educar a criança. Isto poderá
ser alcançado, somente com a união destas três instituições. Eis porque quanto
mais estas instituições se unificarem, mais êxito se terá na educação das
crianças.
Estrutura familiar
A Igreja Ortodoxa sempre considerou a família como principal fonte de
esclarecimento cristão das crianças. Os Apóstolos chamavam a família de
"igreja doméstica," e ensinavam aos espôsos e a todos os membros da família
a viverem uma vida conjugada com a vida espiritual.
Não se pode desdenhar o "jejum," o qual foi designado pela Igreja para o
desenvolvimento da auto disciplina e da firmeza no cristianismo. O Senhor
Jesus Cristo jejuou dando exemplo a nós, assim como jejuavam Seus
discípulos, Apóstolos e os primeiros cristãos. Desde o primeiro centenário do
cristianismo entrou em norma jejuar duas vezes por semana: às quartas e
sextas-feiras. Na mesma época foi estabelecido o jejum também antes da
Páscoa, atualmente denominado "Grande Jejum" (Quaresma).
Dificuldade na educação
Na ordem do dia está a questão da conservação da família e salvação das
crianças. As estatísticas referentes à quantidade de divórcios e a elevação de
crimes entre a juventude nos levam a terríveis pensamentos. A família se
desmorona diante dos olhos e com ela vacilam as bases da sociedade. Qual a
razão da crise familiar? O principal motivo é o enfraquecimento da fé em
Deus e o afastamento dos princípios cristãos.
Para evitar isto, os pais devem se esforçar ao máximo para diminuírem o rítmo
de vida. É melhor viver modestamente, porém em paz, do que viver
fartamente, mas com amargura e brigas. A empolgação com a carreira e a
corrida atrás de bens materiais, conforme dados estatísticos, freqüentemente
causam a separação. A oração juntamente com os filhos (de preferência, com
regularidade feita pela manhã e à noite) ajuda os pais a encontrarem o balanço
de suas preocupações diárias, e atrai a ajuda de Deus.
É claro que falhas e equívocos são inevitáveis, mesmo na família mais
religiosa e saudável. O casal deve resolver seus problemas com diálogos
tranqüilos e sinceros. É bom ter estes diálogos com regularidade e completá-
los com a leitura das Sagradas Escrituras, para que os pensamentos e planos
sejam inspirados pela palavra de Deus. Durante as discussões é preciso ouvir
pacientemente a opinião um do outros e levá-la em consideração. Jamais
deve-se elevar a voz, dizer insultos ou humilhações — principalmente na
presença dos filhos. Deve-se pedir perdão, mesmo quando você se considera
com razão, e agir assim até que os dois se recolham para dormir, conforme
ensina o Apóstolo Paulo (Efe. 4:26). Se não agirem desta forma, as mágoas
mútuas permanecerão acumuladas e o casal aos poucos perde o respeito e o
amor.
É notório que a televisão possui influência hipnótica não apenas nas crianças,
mas também nos adultos, os quais aos poucos se viciam tanto em televisão,
como ao cigarro ou bebida alcoólica, que sem ela já não conseguem viver. A
TV gradualmente tira a vontade de ler, faz desaprender a pensar, rezar ou
fazer algo útil. Por esta razão, certíssimos estão aqueles pais que para seu
próprio bem e também dos filhos, se recusam a ter um televisor em casa, ou
controlam energicamente o tempo em que as crianças passam diante da TV.
Às vezes os pais, com toda sua dedicação à fé, transmitem muito formal e
secamente os conhecimentos religiosos aos seus filhos; obtém-se uma mera
implantação superficial de alguns fatos, leis e costumes, que não são
aquecidos nem pela fé autêntica em Deus, nem pelo amor a Deus e ao
próximo. Outras famílias sofrem com as atitudes indiferentes e superficiais à
Ortodoxia, como por exemplo, na Rússia antes da revolução muitas pessoas,
principalmente os intelectuais, somente se lembravam da Igreja nos dias de
grandes celebrações ou datas especiais na família: batizados, casamentos e
enterros. Todo o restante de sua vida passava sem o elo com a Igreja e sem
atenção para as exigências dela. Naturalmente que tal atitude de menosprezo à
fé era repassada pelos pais aos seus filhos. Por isso imagina-se porque a
revolução na Rússia tomou tamanha dimensão monstruosa e porque os
cristãos ficaram tão passivos diante da destruição de Igrejas, exterminação de
relíquias e aniquilação do clero.
É preciso se esforçar para que a fé em Deus penetre em toda nossa vida e não
apenas alguns "cantinhos festivos." Qualquer pequena porção ao contrário do
esforço na religião priva a pessoa da integridade, da estabilidade, firmeza e
entusiasmo. Ainda na antigüidade, Tertúliano disse que "a alma da pessoa, por
sua natureza é cristã e não pode contentar-se com a fé incompleta, pela
metade." Isto é em particular verdadeiro em relação às crianças, as quais
procuram a total harmonia entre a fé e a vida.
Conclusão
Assim sendo, da família, a pessoa recebe os fundamentos da fé,
direcionamento moral e senso de responsabilidade. Desde os primeiros dias de
vida consciente, o novo membro da família aprende a valorizar o trabalho
cotidiano, do qual depende sua alimentação, sua saúde e comodidades da vida.
O esforço, e também uma fração de austeridade são ingredientes do meio
ambiente da família: eles reforçam o caráter das crianças, as acostumam a
trabalhar e ter olhar sensato para a vida. A família — guardiã das tradições;
aqui a criança recebe suas primeiras impressões espirituais. E diante do modo
de viver religioso da família é que está depositado o início da fé cristã, das
orações e boas ações.
A irritabilidade dos pais atua mal nas crianças e provoca uma réplica por parte
delas. Os pais não devem brigar diante dos filhos nem queixar-se um do outro
para eles. Os filhos precisam ver seus pais sempre unidos. É preciso proteger
os filhos contra a sujeira da rua, a qual se aproxima deles através da televisão
e da música turbulenta e voluptuosa. Caso os pais queiram ter um televisor em
casa, é preciso, de um lado, limitar rigorosamente o tempo que as crianças
ficam assistindo, e por outro lado, verificar o conteúdo da programação e dos
filmes.
O principal que cada pai e cada mãe devem entender — é que bons resultados
e a verdadeira moralidade são impossíveis de se adquirir sem base religiosa,
sem a ajuda da Igreja, orações e Sacramentos. A nomeação do indivíduo não
se restringe apenas na vida terrestre, mas se estende pela eternidade. É por
isso que a educação da criança deve ajudá-la a ter esta meta principal diante
dos olhos.