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Paróquia de Santa Ana da Munhuana

PARÓQUIA SANTA ANA DA MUNHUANA


MINISTÉRIO DA CATEQUESE
Formação Catequética
Curso de Formação de Catequistas do 1º Nível

Unidade Temática III – Catequese Conforme as Idades

Catequese é um processo educativo que consiste em educar na fé ou na transmissão da doutrina


católica; é uma actividade pastoral da Igreja. Esta unidade temática podia ou devia ser designada
catequética evolutiva, pois esta é a ciência que se ocupa da catequese segundo as idades, para
capacitar os catequistas a lidar com qualquer idade a educar na fé.

Em matéria de catequese encontramos a lei fundamental, que é o fio condutor do processo


catequético. Fidelidade a Deus e ao homem, numa atitude de amor. O protagonista principal da
catequese é Deus e secundário é o homem, ou seja, catequizando.

A catequese é feita em função da pessoa (catequizando), daí a grande preocupação de assumirmos


este compromisso com maior empenho e atenção.

A inclusão da psicologia e pedagogia no curso ou formação dos catequistas é uma recomendação


do Concílio Vaticano II, pois é uma exigência conhecer a lógica do raciocínio, o meio social e
familiar do catequizando.

Objectivo de inclusão

Obter um conhecimento mais profundo de “ser”, de “pensar”, e de “agir” daqueles a quem


queremos educar na fé. Para melhor conhecer e compreender a pessoa humana, é preciso estudar
o seu comportamento nas várias faixas etárias, daí mais uma razão desta inclusão.

Na história da evolução psíco-física, conhece-se seis (6) fases da desenvolvimento humano:


Infância, adolescência, juventude, idade adulta, idade madura e a velhice.

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1. Psicologia da criança

Em psicologia a infância divide-se em 4 fases: 1ª infância – egocósmica; 2ª infância – egocêntrica;


3ª infância – projecção, e 4ª infância – interjecção.
● 1ª infância – egocósmica (0-3 anos) – etapa das descobertas. A criança se identifica com o
mundo, com as coisas e sobretudo com a mãe. A criança não se interessa pelas palavras, mas pelos
gestos: o sorriso da mãe, o abraço segura do pai, que formam a personalidade da criança. Com esta
educação há uma consequência operativa. A catequese nesta é denominada catequese ambiental –
feita a partir de atitudes religiosa dos pais e dos educadores.

A criança pela atenção e cuidado que recebeu dos pais, sente-se centro de todas as atenções ou das
coisas. Ela tem a necessidade vital do afecto, carinho para melhor compreender as coisas. É
momento em que a criança precisa da parte dos pais, em particular, paciência, amor e atenção, e ela
deve sentir-se amada, pois quem não ama o seu filho não educa. Se à criança faltar algo necessário
e importante para o seu crescimento equilibrado, ela terá um vazio que deficilmente será
compensado. Para além da necessidade vital do afecto, temos a do movimento – a criança procura
sempre se mexer, de pegar, fazer, a criança pouco fica sossegada. assimila o que vê.

● 2ª infância – egocêntrica (3-6 anos) - desenvolve-se a memória. À criança nasce o gosto pelas
histórias, gosta de falar, tudo fala e comela inter-age. Aos 6 anos começa maturidade racional,
começa a distinguir o imaginário da realidade. Se na priemira infância temos uma catequese
ambiental, aqui temos a catequese ocasional, é idade do pré-catecismo, de um despertar religioso.
A catequese denomina-se ocasional – é uma catequese feita a partir de acontecimentos familiares,
festas litúrgicas, através do agir do educar, pais e outros, pois a criança aprende imitando. Há que
ter em conta aos seus interesses profundos, para que Deus apareça como resposta, como esse pai
amigo que pensa nela, que a quer bem.

É preciso recordar que ela projecta em Deus as nossas qualidades e defeitos, daí que é preciso e
para a moral da criança uma educação da sensiblidade e da afectividade, e para a relação com
Deus.

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Que a criança se relacione com o Senhor, o encontre em tudo aquilo que vê e faz em cada dia. É
uma catequese de descoberta, por isso há que despertar o interesse religioso e cultivo dos valores
humanos, lançando alicerses para um fé pessoal. Vamos fazê-la descobrir que o mais importante é
a relação com as pessoas, e que tudo mais é para fazer bem a esta realção.

● 3ª infância – projecção (6-9) – dá-se a socialização. A criança sai do ambiente familiar para um
escolar. A criança torna-se mais consciente. Esta é uma das fases críticas para a criança, pois
depois de se sentir acomodado no pequeno grupo dos imãos, agora sente-se perdida no meio mais
amplo. Esta é uma fase de transição do egocentrismo para a socialização/sociabilização, mais
abertura ao mundo. Portanto dos 8/9 anos ela descobre o sentido social, virada para o grupo, para
os colegas, para os outros. A catequese é de socialização. A contemplação dá lugar à acção.

É a idade de muito activismo e curiosidade, de responsabilidade moral e de uma vida espiritual


mais pessoal.

Ao 9 anos surge a desconfiança, pois começa a descobrir os defeitos dos seus educadores, ja não
quer ser mais criança. O ensino deve ser muito seguro e concreto. Há que educar e formar a
consciência. Ela é materialista e activa, sendo assim a catequese deve ser viva e activa e de
experiência ou vivência na fé muito profundo. É um tempo de mais testemunho do que de palavras.
Pelos 8/9 anos a criança é mais calma, pois é um tempo de repouso e de transição para entrar no
período de pré-adolescência. Nesta fase de idade, a criança cresce em todas as dimensões: física,
intelectual e espiritual, marcada por muito activismo, tudo se quer experimentar.

Na catequese, cabe ao catequista criar um ambiente acolhedor, alegre e meigo. Um ambiente que a
criança goste, que faça vir mais vezes. Deve se dar à criança mais carinho e atenção.

Este é um tempo favorável para oração e precioso para educar à oração (ensinar a rezar).
Principalmente é um tempo de iniciação à comunidade eclesial, a criança já participa de modo
diferente na celebração. Ela é esperta e activa, quer saber tudo. Quer imitar aos adultos; é um
momento muito importante para dar uma visão global de mensagem cristã à maneira da crinça. Ela
tem sede de aprender, de saber.

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● 4ª infância – interjecção (9 -12) – temos a catequese de explicação. A criança quer saber o que
se passa no meio dos adultos. É uma catequese de explicação operativa, pois os adolescentes são
mais activos. É uma etapa de introjacção – as crianças querem por dentro de si o que os outros
fazem na vida. Predomina a inteligência sobre a sensibilidade, actividade sobre a interioridade.

É uma catequese de factos, deve ter um programa de factos de vida cristã, litúrgicos e factos
evangêlicos.

Da catequese: a criança deve saber a história de Jesus; saber os principais factos de Deus no AT;
conhecer os elementos importantes das festas litúrgicas e ciclo litúrgico; deve-se apresentar o
mundo religioso como real. Situar Jesus no tempo e no espaço.

2. Psicologia da adolescência

Adolescência – é um tempo de descoberta de si próprio e do mundo interior, tempo de


personalização. Tempo de desabrochar do sentimento do amor. É idade por vezes dos fracassos
e das amarguras.

Os psícólogos subdividem em 3 momentos:


Pré-adolescência (12/13) – que pode durar, dependendo dos casos, 6 meses a 2 anos. Desponta aos
11 anos nas raparigas e cerca de 13 a 14 anos nos rapazes. Nesta altura de vida há que distinguir os
âmbito feminino e masculino, raparigas e rapazes, pois o ritmo de evolução é diferente, mais lento
nos rapazes.

● Adolescêmcia (14-16) – a principal característica é a descoberta do eu numa nova


profundidade. Adolescência é uma fase de roptura com os equillíbrios da infância. É uma idade de
crise. O adolescente opões-se ao meio familiar. É a procura da autonomia.
Esperam do educador:
- Compreenão;
- Equilíbrio;
- Maturidade;
- Suavidade;

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- Firmeza;
- Ser tomado a sério.

Há uma consciência mais profunda, uma maior interiorização e com elas novas possibilidades de
relações sociais. Há uma declarada transformação da estrutura do corpo; é também fase de
descoberta da identidade sexual. Desperta a tracção pelo sexo oposto.

A catequese é de personalização:
Os adolescentes aderem a fé e nela se firmam, não por atitude de identificação com os adultos, mas
pelas suas convicções próprias.

É uma etapa da vida do homem querida por Deus criador, cujas tendências foram escritas na
natureza humana pelo próprio criador.

É um período de nova gestação da personalidade. Os elogios enchem-no de satisfação. As


repreensões ferem-no profundamente e tornam-no intempestivo. Não quer nada que lhe reduza a
liberdade. O adolescente começa a ser ele mesmo e a ter consciência disso. Progride na consciência
da sua vida interior e da sua autonomia. Mesmo sofrendo influência dos outros, ele vai
desenvolvendo e aperfeiçoando a sua consciência moral. O desenvolvimento corporal com o
consequente despertar intelectual, conduzem-no à descoberta do Eu pessoal, singular e autónomo,
diferente dos outros, e ao mesmo tempo prescindindo deles. Está em busca dos valores da vida:
liberdade, a justiça, a verdade, a paz, Quer VIVER.

O DGC no nº 84-89 afirma que a educação da fé do adolescente será: promover o sentido


genuinamente cristão da vida. Derramar a luz mensagem cristã sobre as realidades que mais
impressionam o adolescente, do tipo, o sentido da existência corporal, o amor, a família, o
trabalho, o tempo livre, a justiça e paz. É desta afirmação que nasce a necessidade de pela
catequese ajudar na descoberta de que o cristianismo é uma vida, alegria, liberdade, suprema
promoção homem para realizar a glória de Deus em Cristo. Tudo isto à luz do Mistério Pascal,
que é a síntese do cristianismo.

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O catequista deve dar-lhe a conhecer Jesus Cristo que chama a uma nova vida; não à uma fé que
aceita coisas para ser salvo, mas que aceita a pessoa de Jesus Cristo e adere totalmente a Ele. Trata-
se de conduzi-lo a descobrir o verdadeiro sentido da presença salvadora de Deus vivo, Jesus Cristo
como Senhor, do sentido da Igreja, da comunidade e de amor.
Esta catequese deve transmitir conteúdos válidos, utilizando uma linguagem comunicativa
com explicações e motivações adaptadas à sua idade, através de um verdadeiro itinerário de
descobrimento pessoal da mensagem cristã. Deve-se ter em conta a integração fé e vida.

Como Actuar O que espera dos seus educadores


Ser compreensivo Compreensão
Exigir pouco, mas com firmeza Equilíbrio
Ser delicado e forte com ele Maturidade
Evitar humilhações Suavidade
Corrigí-lo em particular Firmeza
Compreensão Ser tomado a sério

Em resumo: a criança e o adolesacente são uma riqueza que temos nas mãos. Merecem todo o
nosso respeito e competência; há que ter em conta tudo o que rodeia; temos de empregar uma
pedagogia de descoberta e de ter sempre presente a lei fundamental da catequese: fidelidade a
Deus e ao homem numa atitude de amor.

3. Psicologia da juventude (18-35) – catequese de integração: porque o jovem está numa fase de
integração no mundo dos adultos e na sociedade.

A juventude é tempo no qual o adolescente maior leva ao fim a sua integração social que o definirá
como adulto. A integração social, típica da juventude realiza-se com o contínuo processo de
personalização.

É o momento de opção pela própria vocação. Período fundamental da vida pessoal.

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A sua escolha vocacional realiza-se: duma decisão pessoal a um chamamento interior; dum
reconhecimento dos próprios dons. Qualidades ou habilidades; das circunstâncias e necessidades da
sociedade. Para o jovem realizar a sua personalidade deve comprometer-se na sociedade e na
comunidade e encontrar o seu lugar nelas

4. Idade adulta (35 - 40 anos)


Catequese a partir do dia-a-dia, ao encontro da Palavra que é luz.

5. Idade da Maturidade (40 – 60)


Catequese do sentido humano.
Já não há idealismos. Às vezes surgem sentimentos de frustração. É o momento da pesquisa sobre
o verdadeiro sentido da vida e das suas inquietações.

Aceita-se geralmente que a idade madura, ao redor dos anos 40 ou 45, é uma idade crítica. A sua fé
deve ajudá-lo a distinguir o absoluto do relativo.

A fé proporciona-lhe-á confiança e esperança pois lhe faz ver que o amor de Deus é maior que as
nossas debilidades e culpas. Com a ressurreição de Jesus tem de descobrir que a vida é a ultima
palavra da história. Além das mortes e fracassos no projecto de Deus está sempre a vida.

Os conteúdos catequéticos deste período devem ser duma catequese catecumenal ou quase
catecumenal ou duma catequese permanente. Especificamente os conteúdos são:
● O essencial e o relativo na vida de fé;
● O mal em nós em todos os sentidos;
● O pecado e a graça, mais forte do que o pecado;
● Pecado no dinamismo concreto da vida;
● O sacramento da reconciliação nesta idade;
● Os limites na liberdade pessoal e o poder libertador da Graça;
● O verdadeiro sentido da vida;
● Aspecto humano e divino da Igreja;
● Atitudes dos cristãos perante os jovens:
● A autoridade do adulto e os jovens;

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● O amor cristão, fundamentado na fé.

6. Velhice (60 anos em diante)


Catequese da sabedoria e da esperança.

Quanto é importante uma catequese que complete as experiências vividas, suscitando a sabedoria
cristã! Uma catequese da Esperânça que caminha para a vida plena.

Este tempo não é um período para um ensino de conteúdos teóricos no sentido de aprender coisas
novas ou bem estruturadas. É uma catequese de educação, no sentido rico desta palavra.

Os anciãos não podem seguir grandes raciocínios. O seu pensamento se simplifica. Trata-se de
alimentá-los do essencial para que ultrapassem as tentações desta idade e adquiram o novo
equilíbrio da confiança em Deus. Chegar-se-á inteligência através do coração.

O ensino ocasional tem muita importância. E necessário visitar os anciãos, falar com eles, informa-
los do que se passa na Igreja e na sociedade. Conteúdos desta fase:
● A morte como porta para ávida;
● A presença doa ancião na família e na Igreja: ensinam a sua infância espiritual, o que é mais
importante, são uma forca apostólica coma oração, etc;
● A ternura de Deus, a sua misericórdia, que a sua vida passada e os seus pecados não os angustie;
● O mistério da comunhão dos santos, etc.

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