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FORMAÇÃO PARA

CATEQUISTAS

PSICOLOGIA DO
DESENVOLVIMENTO:
CATEQUESE POR IDADES

Angela Rocha - Catequista

ESPIRITUALIDADE
● ORAÇÃO INICIAL
● LEITURA BÍBLICA: Lucas 2, 40-52.

Somos convidados a ser criança e a imitar


as atitudes de Jesus. Com a pureza e a
simplicidade da crianças vamos
amadurecer na graça de Deus.
● CANTO: Amar como Jesus amou (Pe.

Zezinho)
● MEDITAÇÃO: Como tenho crescido em

sabedoria e graça? Como tenho ajudado


os outros a crescerem? Estou aberto a
todos? Respeito suas diferenças?

PSICOLOGIA DO
DESENVOLVIMENTO
●É o estudo científico das mudanças
de comportamento relacionadas a
idade durante a vida de uma pessoa.
Apesar da catequese com adultos ser
uma prioridade em nossa Igreja, aqui
vamos tratar somente das faixas
etárias trabalhadas pela maioria dos
catequista.
● Infância (07 a 10 anos)
● Pré-adolescência (11 a 13 anos).
● Adolescência (14 a 17 anos)

DÚVIDAS

● O que de fato influencia o


desenvolvimento humano: Que fatores
irão influenciar no futuro? Como as
experiências vividas na família, na
escola, na igreja e na sociedade moldam
a pessoa? No que as pessoas se
parecem? No que cada um é único? O
que é normal? O que é motivo de
preocupação?

O SER E SUAS RELAÇÕES


- O ser humano é um todo, com
características próprias que o
identificam como tal;
- O contexto onde a pessoa está
inserida: onde mora, sua cultura, sua
família, seu círculo social, sua religião,
etc.

VIVER É INFLUENCIAR e SER INFLUENCIADO

“Produzimos cultura e somos fruto dela”

Dimensões
A pessoa é composta de várias dimensões, não podemos separá-
las.
O ser humano, como ser único e irrepetível, pode ser pensado
em algumas dimensões (aspectos):
● Dimensão biológica
● Aspectos físicos e genéticos (cor, raça, filiação...). Herança

genética.
● Dimensão psicológica
● Personalidade do ser, comportamento. Necessidades:

segurança, auto-estima, realização, funções cognitivas


(pensamento, memória, expressão de sentimentos, emoções,
desejos). Mundo das emoções, do pensamento, da criação, da
subjetividade. O ser humano é consciente: ele sabe que sabe.
Aprende a realidade.
● Dimensão social
E bi t t t l ã Si tê i

Estas dimensões estão ligadas


entre si. Não se pode isolar cada
uma. Há uma interação entre
elas para formar o indivíduo.

Nós desejamos que o catequizando


cresça para uma maturidade de fé.
Todas as dimensões precisam ser
trabalhadas.

O ser humano é bio-psico-social-


espiritual
Necessidades Físicas
Relações com o grupo
Catequizando
Ambiente familiar
Consistência psicológica

Estas dimensões se desenvolvem de


forma equilibrada?

“A finalidade da Jesus crescia em


catequese é a estatura, sabedoria e
maturidade da fé, graça... Como filho de
num compromisso Deus, Ele não
pessoal e comunitário cresceu só em graça
de libertação integral, e muito menos só em
que deve acontecer tamanho... Ele
já, aqui, e culminar na cresceu por inteiro!
vida eterna feliz.” (CR
318).

O catequista precisa estar atento para o crescimento


do catequizando em todas as suas dimensões,
sempre considerando o que é próprio de cada idade.
Oito anos é diferente de quinze. O modo de
responder aos estímulos é diferente. A maturidade é
diferente, inclusive a maturidade da fé.

REFLEXÃO: Você observa todas estas dimensões


que foram mencionadas, em seus catequizandos?
Você consegue perceber em cada um o seu ritmo
(perfil), pois cada um deles tem uma história
diferente?

“É impossível transformar a escuridão em luz, a


apatia em movimento, sem emoção, sem amor!”
(Karl Jung)

ALGUNS CONCEITOS MUITO


IMPORTANTES:
● Afeto: do latim affetu = sentimento
benévolo e terno para com alguém,
amor , amizade, ternura, simpatia. É a
gratuidade do amor. Quem se sente
amado associa o que aprende à
amorosidade que recebe. Ajuda a
memorização dos conhecimentos.
● Auto-estima: Experiência íntima. Inicia-

se nos primórdios da vida de cada um.


Vivência materna e paterna são
fundamentais para a construção da
auto-estima. A auto-estima se constrói

Observe-se
● Como é sua autoconsciência? Sentimentos,
desejos, habilidades, potencialidades a serem
desenvolvidas...
● Como é sua auto-aceitação? Limitações,
aceitar-se, entender que não se pode fazer
tudo, que n ao é um super-herói. Não ser seu
próprio adversário.
● Como é sua auto-expressão nas suas
ações? Máscaras sócias: ou que eu
represento para a sociedade, pai, mãe, chefe,
catequista. Não esconder aquilo que você é.
Quanto mais autêntica é a expressão do que
você é, melhor.

● Exemplos de uma boa auto-estima: o


catequizando é confiante, curioso,
independente, acredita nas próprias idéias,
aceita desafios, inicia novas atividades sem
medo, se orgulha do que faz e pensa positivo
sobre si mesmo, se adapta às mudanças,
tolera frustrações, é perseverante nas metas,
sabe lidar com críticas.
● Baixa auto-estima: o catequizando

descreve a si mesmo de forma negativa, não


acredita nas próprias idéias, não tem
confiança e nem orgulho do que faz, senta-se
separado dos outros, exita e observa, não
toma iniciativas, desiste com facilidade,
quando se frustra reage de modo imaturo ás
situações estressantes

COMO AJUDAR SEUS


CATEQUIZANDOS A TEREM UMA
AUTO-ESTIMA POSITIVA?

ACREDITAR

INCENTIVAR

FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

Segunda Infância (7 a 10 anos)


Constitui-se uma fase ampla e significativa tanto para


sua vida pessoal, como para a vida escolar e
catequética. Projeta-se a vida social mais
intensamente, libertando-se gradualmente da
exclusividade da vida em família e adquirindo
condições de participar em um novo mundo, no qual
irá enfrentar normas e regras, as quais deve adaptar-
se. É nesse momento que surge a descoberta de que
ela é mais um dentro do grupo social. As crianças,
por elas mesmas, empreendem uma busca de um
autor para realizar seu desenvolvimento. Precisam de
pessoas que sejam referências: a presença do outro
é a condição de se perceberam como pessoas.

Características significativas desta fase:

● O crescimento físico diminui, ou seja, tem


desenvolvimento corporal mais estabilizado. A
força e as habilidades físicas se acentuam e
melhora sua coordenação motora. Aproveitar para
inserir atividades físicas, sobretudo aquelas que
exigem coordenação e velocidade. A criança nesta
idade gosta de desafios.
● A memória e as habilidades de linguagem

aumentam nesta fase. A criança passa a pensar


com mais lógica, mas ainda possui uma
inteligência concreta. Assim, o conhecimento não
pode ser transmitido de forma abstrata, pois
assimila o que é mais palpável.
● A criança tem mais clareza no relato de suas

idéias e consegue assimilar melhor aquilo que lhe

● Nesta idade prefere ficar em grupos do mesmo


sexo. Não convém obrigar que estejam em grupos
mistos, nem acentuar a rivalidade entre os sexos. Os
amigos assumem importância fundamental.
● O egocentrismo diminui. A criança é mais instável

emocionalmente. Procura vencer desafios, mas


pode ficar fragilizada diante da derrota ou inibida em
certas circunstâncias. È o momento de oferecer
desafios, de animar diante das derrotas e de se dar
oportunidade para que façam a exposição do que
pensam e sentem, procurando não agredi-la,
sobretudo quando se sentem tímidas em certas
ocasiões. Precisam de incentivo e de referências
adultas que proporcionem segurança e despertem
confianças.
● Na religiosidade, a criança desta idade precisa de

uma catequese que use símbolos. Necessita de um


Deus amigo: “Jesus é meu amigo, companheiro!”

A Catequese nesta idade:


● A criança deve ser iniciada na participação
da comunidade. As celebrações podem ser
muito úteis para iniciar na oração e na vida
comunitária, além de reforçar o aspecto
simbólico, tão significativo neta idade.
Gostam de expressar a sua fé.
● A catequese deve ser muito acolhedora,

fazendo os catequizandos se sentirem bem


recebidos no grupo, tendo o catequista
como uma referência forte que proporcione
segurança. Apreciando o grupo de amigos,
a criança pode sentir-se acolhida na

● Quanto a metodologia, podem ser


utilizada a palavra, o silêncio, as
comparações, as histórias, a imagem,
o símbolo... Lembremos que a
catequese não é uma aulinha de
religião. A narrativa das histórias da
Bíblia, da vida de Jesus e o uso de
parábolas devem ter destaque nesta
fase. A Bíblia começa a ser importante
em sua vida!
● A memorização de frases

importantes, dos mandamentos e


orações é bem vinda, desde que não
sejam memorizações mecânicas, ou

Pré-Adolescência (11 a 13 anos)


● A pré-adolescência é caracterizada

pela entrada na puberdade. Trata-se


de um processo biológico que inicia
entre os 09 e 14 anos,
aproximadamente, e se caracteriza
pelo surgimento de uma atividade
hormonal que desencadeia os
chamados caracteres sexuais
secundários. Nesta fase a pessoa é
compelida a habitar um novo corpo e
experimentar uma nova mente.

Características significativas desta


fase:
●As meninas apresentam um desenvolvimento mais
acelerado do que os meninos. Os meninos mudam de voz
e passam a ter os impulsos sexuais mais acentuados.
Passam a se interessar pelo sexo oposto. É o momento
das primeiras experiências sexuais, como a masturbação.
Certamente, aqui é a hora de uma educação sexual
equilibrada, sadia e sem repressões equivocadas.
● Prefere estar em grupos para a realização de atividades. A

sociabilidade assume especial importância nesta fase. É


um momento de busca e aprovação dos outros e do grupo.
● O pré-adolescente gosta de certa liberdade e

independência. Por outro lado, precisa de atividades com


programação prévia.
● No final desta idade, começam a questionar algumas

verdades da fé, influenciados, sobretudo, pelas ciências, ou

A catequese nesta idade

● Nesta idade a catequese precisa valorizar os


grupos, promovendo dinâmicas, debates, exposição
de idéias. Também as encenações de fatos bíblicos
ou da realidade podem ser incluídas, não somente na
turma de catequese, mas nas missas ou em outros
momentos comunitários.
● Necessitam de uma catequese que contemple a

educação sexual. Mas é preciso que o catequista não


seja moralista, enfatizando somente o “pecado”. A
educação religiosa neste âmbito precisa ser tranqüila
e acolhedora. É preciso falar com clareza e diminuir
eventuais culpas sobre certos comportamentos que
são característicos desta idade, como os namoricos.
Isso não significa dizer que a educação deve ser
relaxada, ou seja, sem falar dos perigos da falta de
È

REFLEXÃO:

Existe uma verdadeira


preocupação em inserir os
catequizandos desta idade nas
atividades da comunidade? O que
a comunidade proporciona a este
pré-adolescente depois do
sacramento da confirmação?

Adolescência (14 a 17 anos)


● O período da adolescência não é fácil. Nem para os

pais, nem para os adolescentes. É uma fase de


transição de modelos: do modelo familiar para os
modelos externos. O modelo familiar (pais, irmãos,
tios, avós...) é a primeira grande influência na
constituição do indivíduo. Neste momento, esta
referência é questionada, aparecendo as primeiras
disputas por espaços. Contudo, o conflito é
fundamental, pois é nele que se estabelece a busca
da autonomia (a pessoa assume a responsabilidade
pelas suas atitudes). O conflito com sua família tem
uma função importante no sentido de ir assegurando
ao adolescente sua capacidade de conquista. Diante
deste conflito, os adolescentes precisam se
compreendidos e, ao mesmo tempo, orientados para
que cresçam de modo sadio.

As estruturas fundamentais da sociedade responsáveis pela


formação e transmissão de valores são: a família, a Igreja e
a escola. São instituições questionadas em nosso tempo,
sobretudo, pelos próprios adolescentes. Por outro lado, são
instituições que moldam o caráter, que transmitem valores,
que dão suporte para o desenvolvimento humano.
Certamente, uma pessoa bem encaminhada tem muitas
condições de se desenvolver bem e feliz! Como estas três
instituições têm dado resposta na formação de pessoas
éticas e comprometidas com sua vida, com a comunidade e
com a sociedade? Estas estruturas estão em condições de
dar respostas efetivas, que respondam aos anseios e as
necessidades da formação do cristão?

Características significativas desta fase:

● Acontecem profundas mudanças físicas. Acentua-


se o desenvolvimento físico que começou na
puberdade.
● A busca da identidade torna-se fundamental. O

grupo de amigos ajuda a desenvolver e a testar a


auto-imagem, enquanto que o relacionamento com
os pais ganha novas dimensões. O jovem
adolescente busca um grupo de identidade para o
qual transfere sua confiança básica: ele pode
adotar a forma de pensar e até a religião desse
grupo. Porém, mesmo que necessite de aventuras
exploratórias fora da família, precisa ainda da
segurança dos pais.
● A busca de novos grupos sociais, a identificação

com determinadas tribos, a influência da mídia e

● Um aspecto importante para que possamos


entender o adolescente é percebendo as suas
roupas como parte do corpo. Elas integram seu
esquema corporal e a sua identidade, expressando
impulsos, fantasias e conflitos.
● Percebem-se atitudes egocêntricas e a construção

de uma moralidade própria, segundo os seus


critérios e dos grupos que o influenciam.
● São mais sociáveis. Gostam de grupos

heterogêneos, gostam de praia, festas, bailes...


● Possuem capacidade de pensar abstratamente, o

pensamento lógico se desenvolve. Expressam as


suas idéias com uma linguagem mais elaborada,
com raciocínios mais construídos, com maior
capacidade de abstração. O interesse pela ciência e
o conflito entre fé e razão se faz presente.
Sã i t t i l t

A catequese nesta idade:


●Os adolescentes precisam ser confrontados com firmeza (o
que não é sinônimo de agressividade por parte do catequista),
diante de sua moralidade própria. Devem ser orientados sobre
o que é certo e sobre as conseqüências de suas escolhas. É
interessante apontar modelos de vida (os santos de ontem e
de hoje), como também necessitam do testemunho da parte do
catequista.
● Diante dos desejos juvenis, devem ser motivados a refletirem

sobre os seus sentimentos. O catequista pode propor


momentos de meditação , de reflexão grupal e de
interiorização.
● Continuam necessitando de uma educação sexual sadia e de

uma catequese segura, que explique as razões da fé e sua


compatibilidade com as verdades científicas aprendidas na
escola. Devemos apresentar Cristo como modelo de virtude e
de rompimento com a sociedade: é Ele o mestre que convida à
radicalidade que nos questiona

● Desde a pré-adolescência, os catequizandos


devem ser encaminhados para a comunidade. É
preciso que se envolvam nas atividades da
comunidade, que tenham espaços nos grupos
(coroinhas, adolescentes, liturgia, catequese,
pastoral social...).Uma ação catequética que abre
espaço, que motiva e que envolve, estará menos
propícia ao fracasso na inserção do adolescente
depois da confirmação (Crisma).
● Também, tenha-se em destaque a questão

vocacional. A busca pela felicidade e as escolhas


futuras devem ser orientadas pelo Senhor que
convida e nos quer no seu caminho.
● O adolescente não vai ser convencido pela

autoridade. A atitude do catequista não é pensar


pelo adolescente, mas pensar com ele. Não é a
figura do pai autoritário que manda e é dono de uma
d d d l fi d i

REFLEXÃO:
Nossa catequese proporciona
uma educação equilibrada no
que toca os anseios do
adolescente (busca de
identidade, sexualidade,
despertar vocacional)? Como
sua comunidade abre espaço
para o adolescente e para o
j ti i ?
O catequizando nunca vem sozinho para a
catequese; ele traz consigo a sua história, as
suas aflições, as suas alegrias, os seus medos, a
sua família, e até mesmo a catequese que
recebeu em casa, por mais superficial que ela
seja. Ao catequizar, estamos anunciando Jesus e
o Evangelho a um ser humano complexo, que é
muito mais do que aquilo que vemos com os
nossos olhos.

É obrigação do catequista, ao catequizar, ter bem presente que os


seus catequizandos não são todos iguais, mas que cada um tem o
seu “mundo” e o seu “modo” de ver, entender e sentir a vida. Daí a
importância de dar atenção, valor e carinho a cada catequizando, e
não tratá-los como se fossem um grupo em tudo igual.

Oração:
“Ó Pai, obrigado pelos catequizandos a
mim confiados pela minha comunidade.
Eu coloco em vossas mãos, a eles e ás
suas famílias; acolhei-os em vosso amor.
Ajudai-me a acompanhar a cada um de
meus catequizandos, tratando com
respeito e discernimento as suas histórias
de vida, as suas dificuldades, as suas
inquietações.
A vós Deus, que sois Pai, Filho e Espírito
Santo, louvo e bendigo, hoje e sempre,
amém.”

Referências:
● Formação Básica de catequistas.

Arquidiocese de Curitiba. Comissão


de animação Bíblico Catequética.
(Psicologia do desenvolvimento,
Jéferson L. T. de Carvalho. Pg. 183-
196)

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