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EUNICE E LOIDE
2 Timóteo 1.3-5

Timóteo foi um importante evangelista da igreja primitiva. Ele acompanhou Paulo em


sua segunda viagem missionária e pastoreou a igreja de Éfeso. Sua fé era a mesma fé
exercida por sua mãe Eunice e por sua avó Loide, ou, em outras palavras, Timóteo
teve o privilégio de herdar uma sólida herança espiritual.

Como isso aconteceu? Terá sido por algum meio genético? O fato de ter nascido em
um lar cristão teria contribuído para isso? Como? Será que essas duas mulheres
tiveram alguma coisa a ver com isso? Isso é o que veremos na lição de hoje.

1 - EUNICE, LOIDE E OS FILHOS DA ALIANÇA


Em nosso texto básico, Paulo faz uma referência muito importante a Eunice e Loide,
que são respectivamente, a mãe e a avó de Timóteo. Elas são mencionadas como
possuidoras de uma fé sem fingimento (v. 5). Essa fé sem fingimento também habita
no próprio Timóteo.

Ele é herdeiro da fé de sua mãe e de sua avó. Ora, a fé não é passada de mãe para
filho geneticamente. Se Timóteo possuía a mesma fé de sua mãe e de sua avó, isso
certamente aconteceu porque ele foi educado nessa fé.

A educação dos filhos dos crentes é um ensino bíblico muito importante, mas que tem
recebido pouca ou quase nenhuma atenção em alguns círculos evangélicos. Tem sido
muito comum os pais deixarem a educação cristã de seus filhos por conta do
departamento infantil da igreja.

Certamente é uma grande bênção termos, na igreja, um departamento especializado e


especialmente dedicado à educação cristã das crianças. Normalmente, as professoras
do departamento infantil são extremamente dedicadas ao seu trabalho.

O fato de todos os crentes que cresceram na igreja se lembrarem, já em idade adulta,


de muitas histórias e cânticos aprendidos na infância evidencia as marcas profundas
que o empenho das professoras de Escola Dominical e os trabalhos do departamento
infantil deixaram nos alunos. No entanto, a responsabilidade primária na educação
cristã das crianças pertence aos pais.

O próprio Paulo ensina que os pais devem criar os filhos "na disciplina e na
admoestação do Senhor" (Ef 6.4), refletindo o ensino de Deuteronômio 6.6,7: "Estas
palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e
delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar- te, e ao
levantar-te".

O mesmo ensino é repetido em Deuteronômio 11.18-21, enfatizando que o ensino aos


filhos deve ser ministrado de forma constante e perseverante: "Ponde, pois, estas
minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão,
para que estejam por frontal entre os olhos. Ensinai- as a vossos filhos, falando delas
assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando-vos, e levantando-
vos. Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas".

De acordo com o ensino bíblico, os filhos dos crentes, mesmo que só um dos pais seja
crente, são filhos da aliança e, portanto, são santos (ICo 7.14).

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E verdade que todas as crianças, inclusive os filhos dos crentes, nascem portando
uma natureza humana caída, isto é, desfigurada pelo pecado (SI 51.3-7). Paulo, em
Efésios 2.3, diz que, por natureza, isto é, por nascimento, somos filhos da ira.

Isso significa que os filhos dos crentes, na medida em que crescerem, devem se
arrepender e confessar seus pecados respondendo positivamente à ação do Espírito
em sua vida, reconhecendo Cristo como seu Senhor e Salvador.

No entanto, por nascerem em um lar cristão, elas são santas, isto é, são separadas
por Deus e desfrutam da grande bênção de aprenderem, desde a mais tenra infância,
as sagradas letras que podem torná-las sábias para a salvação (2Tm 3.15), como
aconteceu com Timóteo. Esse é um grande privilégio que precisa ser levado muito a
sério pelos pais crentes.

2 - O ENSINO QUE OS PAIS CRENTES DEVEM DAR AOS


FILHOS
O ensino e a disciplina são os meios pelos quais os filhos vão desfrutar do privilégio de
terem nascido em um lar cristão e se apropriar da herança espiritual de seus pais.

Para que possamos abordar o tema do ensino cristão no contexto familiar da aliança,
é preciso que tenhamos em mente os dois textos de Deuteronômio mencionados
anteriormente e também o Salmo 78.1-8, especialmente os versos 3 e 4: "O que
ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não encobriremos aos
nossos filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do Senhor, e o seu poder, e
as maravilhas que fez".

A educação cristã das crianças nascidas em um lar cristão faz parte do carinho e do
cuidado que os pais têm e devem ter com os filhos desde o nascimento. Elas precisam
aprender as verdades básicas do evangelho.

Para isso, os pais devem se empenhar muito na formação cristã de seus filhos,
levando-os à igreja regularmente, contando-lhes histórias bíblicas, ensinando- lhes
cânticos e hinos cristãos, incentivando-os a participar das atividades do grupo de
crianças da igreja e dando-lhes um bom testemunho cristão para lhes servir de
exemplo de vida piedosa, para que, assim, tenham condições de criar sólidos
princípios cristãos.

É verdade que, se não houver a ação do Espírito Santo nas crianças, não haverá uma
resposta positiva ao ensino. No entanto, sempre trabalhamos contando com a bênção
do Espírito, que abençoa abundantemente o povo da aliança.

Como a Escritura diz que os filhos dos crentes são santos, isto é, separados pelo
Senhor, podemos crer que, na medida em que os pais ensinam aos seus filhos os
caminhos do Senhor, o Espírito Santo está presente, aplicando esse ensino ao seu
coração.

O Espírito não age da mesma forma numa família que cumpre fielmente sua missão
de oferecer uma sólida educação cristã aos seus filhos e em outra que é negligente
em cumprir esse dever cristão.

É muito triste e assustadora a postura de pais que não levam seus filhos à igreja nem
lhes ensinam a Escritura em casa alegando que, quando forem adultos, eles mesmos
escolherão que caminho devem seguir. Os pais não têm o direito de lançar fora o
privilégio que seus filhos tiveram ao nascerem em um lar cristão.

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O apóstolo Paulo pergunta: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, porém, invocarão aquele em que não creram? E como crerão naquele de quem
nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?" (Rm 10.13,14).

Este texto tem claras implicações referentes à responsabilidade que os pais têm na
formação cristã de seus filhos.

Outro elemento que precisa ser lembrado aqui é que o ensino das doutrinas cristãs é
uma parte importante do discipulado cristão, mas o discipulado não se resume a
palavras. Precisamos ensinar aos nossos filhos mais do que palavras.

Precisamos ensiná-los a ter uma vida de piedade. Isso só é possível através do


exemplo. E através do exemplo dos pais que os filhos aprendem a aplicar, na sua
própria vida, o ensino bíblico recebido em casa e na igreja.

3 - A CORREÇÃO QUE OS PAIS CRENTES DEVEM FAZER AOS


FILHOS
Já dissemos que, embora os filhos dos crentes sejam santos, eles são portadores da
natureza humana caída, contaminada pelo pecado. Essa natureza humana
pecaminosa se manifesta desde cedo na vida da criança.

Isso é evidenciado pelo fato de que as crianças, ao seu próprio modo e de acordo com
sua constituição infantil, sentem ciúmes, brigam, desobedecem, enfim, demonstram
possuir uma natureza que precisa ser disciplinada e corrigida.

A disciplina e a correção fazem parte da educação cristã. A disciplina é feita tanto se


reforçando aquilo que é positivo e certo quanto se rejeitando aquilo que é errado. É
claro que todo esse processo deve ser realizado com amor e por meio da aplicação
consistente do ensino bíblico.

Os pais sempre prejudicam seus filhos quando negligenciam a correção. Pais que
assumem a postura de fechar os olhos para os erros de seus filhos estão errados e
agem como incentivadores do mal.

Por mais que a verdade possa doer, nossos filhos não estão sempre certos e, muitas
vezes, erram de forma consciente, isto é, têm vontade de fazer o que é errado e
realmente fazem. Nesse caso, o próprio Deus nos dá seu exemplo: "Eu repreendo e
disciplino a quantos amo" (Ap 3.19).

Conhecendo nossas fraquezas e sabendo que muitos pais têm sérias dificuldades
para disciplinar e corrigir seus filhos, o Senhor nos encoraja a isso em Hebreus, onde
o autor diz que Deus "nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos
participantes da sua santidade.

Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de
tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela
exercitados, fruto de justiça" (Hb 12.11).

Nenhum de nós sente prazer em ser disciplinado, mas todos nós compreendemos o
sentido e ó valor da disciplina quando somos vitimados por pessoas que não
conhecem limites para sua conduta pecaminosa.

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Da mesma forma, muitos pais sentem um profundo desgosto quando precisam


disciplinar seus filhos, mas isso jamais deve ser motivo que nos impeça de zelar para
que nossos filhos tenham uma postura sábia diante da vida e um comportamento
agradável ao Senhor. No momento de sua aplicação, a disciplina não traz prazer. No
entanto, o fruto pacífico que ela produz é desejado por todos.

CONCLUSÃO
Timóteo teve o imenso privilégio de nascer em um lar cristão e aproveitou muito bem
os benefícios da aliança envolvidos nisso. Eunice e Loide, por sua vez, demonstraram
ter consciência de que as obrigações acompanham os privilégios, aliás, obrigações
santas acompanham privilégios santos.

Tendo a oportunidade de proporcionar a Timóteo uma sólida formação cristã, elas logo
se empenharam em instruí-lo nas sagradas letras, para que, no momento em que
precisasse assumir uma postura pessoal consciente em relação à aliança, ele fosse
efetivamente sábio para tomar uma atitude coerente com a fé de sua mãe e de sua
avó e coerente com a aliança, se apropriando, assim, da herança espiritual que lhe foi
outorgada por elas e se tornando participante da mesma fé e da mesma salvação que
elas.

APLICAÇÃO
O que é que costuma impedir os pais de oferecer aos filhos uma boa formação cristã
em casa? Será que uma reformulação de prioridades pode ajudar a corrigir esse
problema? Qual é o papel do testemunho cristão em casa na formação cristã das
crianças? Qual é o efeito, na formação da criança, de uma correta orientação por meio
de palavras e uma orientação errada por meio de exemplo?

AUTORES: VAGNER BARBOSA E FILIPE FONTES

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