Você está na página 1de 142

Antes de tudo, gostaria de dedicar este livro ao

meu Pai celestial. Você tem me educado muito bem.


Por toda a eternidade eu Te amarei e Te adorarei.

Dedico-o também a John, meu marido há vinte e


quatro anos. Depois do próprio Senhor, a maior razão
pela qual temos seis filhos incríveis é seu amor, sua
paternidade e o fato de você ser um homem segundo
o coração de Deus.
Sou muito feliz por ter me casado com você!

Por fim, dedico este livro aos meus filhos —Judah,


Gabrielle, Áquila, Phoebe, Zoe e Glory Anna— , e à
nossa nora, Bethany, e netos, Josiah e Hasten Justice.
Continuem sendo os corações ardentes que você são.
Eu amo muito todos vocês.
Índice
Dedicatória
Prefácio
Introdução
Seja um modelo
O fator amor
Intercessão e declarações proféticas
O poder da bênção
A palavra de Deus
O dom da revelação
Criando uma cultura de adoração
Corte casamento e a saída da casa dos pais
Apêndice: Parto sobrenatural
Prefácio
Porque, ainda que vocês tivessem milhares de
instrutores em Cristo, não teriam muitos pais, pois eu
gerei vocês em Cristo Jesus, pelo evangelho. Portanto,
eu peço a vocês que sejam meus imitadores. 1
Coríntios 4:15, 16

Como seguidores de Jesus, todos somos chamados a obedecer à


Grande Comissão. É um mandamento para discipular as pessoas
para que possam alimentar-se na Palavra, ouvir o conselho de Deus
por suas próprias vidas, fazer escolhas piedosas, ministrar a outros
e, por sua vez, discipular os novos na fé. Mas qual é a maneira mais
eficaz de se fazer isso? Conversando com os coríntios em sua
carta, Paulo reconhece que, embora as instruções dos professores
sejam boas, não substituem o exemplo de um verdadeiro pai
espiritual.
Esta é a primeira geração em que as crianças são influenciadas
mais fora de suas casas do que dentro delas. De fato, enfrentamos
uma crise em nossos dias devido à falta de pais e mães espirituais
no lar, na sociedade e até dentro da Igreja. Nós devemos enfrentar
este problema de frente, percebendo a magnitude do desafio à
nossa frente. Uma vez que somos chamados a fazer discípulos, a
Igreja deve abraçar o chamado para sermos pais e mães. Os
crentes maduros devem modelar o caminho para aqueles que os
seguem: tanto os nossos filhos naturais e literais como também
aqueles indivíduos que Deus colocou em nossas famílias espirituais.
O impacto causado pelos pais supera qualquer outro, e é por isso
que eu aprecio a mensagem de Patricia Bootsma em Criando Filhos
com Corações Ardentes.

Patricia e seu marido, John, não apenas ensinam sobre


parentalidade e orientação, mas também vivem o que pregam.
Tivemos o privilégio de ter dois de seus seis filhos frequentando a
Casa de Oração Internacional de Kansas City nos últimos anos e
tornando-se parte da nossa família espiritual aqui em Kansas City, e
posso dizer que a experiência foi um prazer. Essas jovens
demonstraram integridade e paixão pelas coisas de Deus; elas são
evidências e fruto da abordagem parental de John e Patricia.

Patricia traz a perspectiva indispensável de uma mãe. Talvez não


exista maior responsabilidade do que discipular a próxima geração
nos caminhos do Senhor. Este é claramente o dever de ambos os
pais. E enquanto pode ser que um pastor ou professor de escola
dominical se conecte com um filho por tempo limitado a cada
semana, geralmente são as mães que passam inúmeras horas
todos os dias com seus pequeninos—que responsabilidade! Na
minha opinião, as mulheres têm sido a força de trabalho maior, mais
diligente e mais eficaz do Reino ao longo da história, e as mães são
as mais bem-sucedidas em fazer discípulos. Uma das principais
estratégias de Satanás tem sido minimizar o valor e a eficácia da
maternidade. O Senhor está levantando pessoas apaixonadas por
Jesus que resistirão a essa estratégia demoníaca. Jesus está
restaurando honra às mulheres no lar, na Igreja e nos locais de
trabalho que são construídos sobre os princípios do Reino.

A grande necessidade de pais e mães espirituais é extremamente


evidente, e não apenas para a geração mais velha. Eu encontro
tantos jovens que desejam profundamente ter um mentor espiritual.
Eu costumo inverter sua busca de dentro para fora, incentivando-os
a se empenharem no papel de pai ou mãe espiritual para os crentes
mais jovens ao invés de simplesmente se contentar somente com a
procura por serem orientados. Sendo um mandamento para os
discípulos, a Grande Comissão é aplicável a todos os crentes. O
exemplo de Patricia e John não é apenas para pessoas totalmente
maduras ou para pais literais. Discipular alguém é, na verdade, o
primeiro passo para se tornar um líder espiritual, e nesse processo
os jovens descobrirão que, à medida que ficam um passo à frente
daqueles que orientam, eles também estão sendo discipulados.
Como Paulo disse, pode haver muitos professores, mas há
poucos pais. Devemos seguir o exemplo dele, tornando-nos
verdadeiros pais e ensinando nossos filhos (espirituais e naturais) a
nos imitarem na obediência a Jesus. Patricia e John fizeram isso e,
conforme a igreja se movimenta para atender às necessidades e ao
chamado, acredito que este livro será um recurso valioso, ajudando
a restaurar a dignidade da responsabilidade que temos como mães
e pais.

Mike Bickle, Outubro de 2014, Kansas City


Introdução
Este livro foi escrito para os pais que desejam, principalmente,
que seus filhos se destaquem no que realmente importa na vida:
amar a Deus de todo o coração, alma, mente e força. Mesmo fora
do ambiente em que seus corações tenham sido despertados e
tenham começado a arder, podemos vê-los viver a plenitude do
destino Dele para eles.
Este livro também é para aqueles que aconselham crianças,
adolescentes e jovens adultos, não necessariamente como seus
pais biológicos, mas como pais espirituais. O apóstolo Paulo
declarou em 1 Coríntios 4.15: “Porque, ainda que vocês tivessem
milhares de instrutores em Cristo, não teriam muitos pais, pois eu
gerei vocês em Cristo Jesus, pelo evangelho." Existe uma
necessidade desesperada de pais e mães espirituais para ajudar a
moldar uma geração a andar em seu chamado dado por Deus.
Desejar que nossos filhos e aqueles sob nossa influência sejam
médicos, enfermeiros, advogados, músicos, missionários, líderes ou
políticos é, de fato, nobre. Contudo, manter o primeiro mandamento
em primeiro lugar e ser excelente nos principais quesitos são coisas
necessárias para incutir neles um valor por amar e obedecer Àquele
que os criou para a grandeza. Naquele lugar em que Deus e Seus
caminhos são colocados no centro, todo o resto é adicionado como
bônus.
Deus está levantando gerações que o buscam e o amam de todo
o coração com uma paixão ardente. Jesus de fato está prestes a
voltar para a Terra, desta vez como o Rei Noivo, vitorioso e glorioso.
Esse evento monumental vai acontecer em breve. Será precedido
por uma grande reunião de almas, quando muitas pessoas passarão
a conhecê-lo. O amor da noiva de Cristo pelo Noivo que está vindo
queimará intensamente e será evidenciado por adoradores
guerreiros em oração sobre a Terra, ajudando a preparar Seu
retorno.
Para esse fim, o objetivo deste livro é ajudar a levantar gerações
de pessoas cujos corações sejam ardentes em amor por Deus,
despertados na verdade, avançando rumo ao seu destino e
ajudando a preparar o caminho para a vinda do Senhor.
Sempre me senti sobrecarregada com um forte desejo de cumprir
o Destino dado por Deus para minha vida, assim como ver todos no
corpo de Cristo cumprindo seus destinos. Eu era a filha de oito anos
de idade de um fazendeiro quando dois estranhos visitaram a
fazenda da família e começaram a falar comigo. Eles disseram que
eu seria muito usada por Deus, que eu viajaria o mundo pregando,
que conduziria muitos a Jesus e que estaria envolvida em um
grande movimento do Espírito. Meu cérebro de criança não
conseguiu entender o que eles estavam dizendo, especialmente
porque cresci em uma igreja onde não havia mulheres ministrando.
No entanto, meu coração ardeu quando eles disseram essas
palavras. Perguntei à minha mãe, que estava trabalhando perto de
mim, quem eram aquelas pessoas que conversaram comigo. Ela
respondeu que ela não viu ninguém falando comigo. Eu sabia o que
tinha visto e ouvido, e anos depois, li Hebreus 13:2, que fala de
anjos que vêm em forma humana. Se eles eram anjos ou não, não
posso provar. No entanto, algo havia sido selado em meu coração
naquele dia—um desejo ardente por conhecer a Deus e fazê-Lo
conhecido.
Meu marido e eu fazemos parte da equipe de liderança sênior do
ministério Catch the Fire Toronto (anteriormente Toronto Airport
Christian Fellowship) desde 1995. Temos tido o privilégio de fazer
parte de um movimento do Espírito que tocou milhões de pessoas
em todo o mundo. Nós vimos o amor do Pai sendo derramado,
corações e corpos sendo curados, almas sendo salvas, e o toque
poderoso do Espírito Santo despertando em corações amor para
desejarem ter intimidade com Ele. Desde 2003, também fazemos
parte do movimento de oração e adoração que vem varrendo o
globo. Ajudo a liderar e construir casas de oração localmente e no
exterior. Tem sido emocionante e gratificante, embora ainda haja
uma prioridade que vem antes de ministrar a outros, subir ao palco
ou obter títulos.
O maior ministério que teremos sempre será o ministério dentro
de nossa própria casa. Como Jesus serviu de modelo, nossa maior
prioridade é servir àqueles que estão mais próximos de nós, àqueles
que nos têm como pais e mentores. Eu não quero mudar o mundo
apenas para perder meus filhos para ele no processo. Meu
ministério começa comigo ministrando ao Senhor, e então ao meu
marido e aos meus filhos.
Eu não sou psicóloga nem teóloga. Eu não faço uso de uma
estratégia popular de educação de filhos. Eu sou mãe de seis filhos,
com idades entre 23 e 11 anos (Judah, Gabrielle, Áquila, Phoebe,
Zoe e Glory Anna), que amam apaixonadamente o Senhor e estão
andando em níveis cada vez mais elevados em seus destinos
proféticos. Tenho muitos filhos espirituais a quem tive o privilégio de
influenciar. Eu amo o Senhor; amo Sua Palavra e Seus caminhos.
Eu escrevo a partir dessas experiências da vida real, e minha
esperança é ver muitas mais pessoas da próxima geração sendo
liberadas para viverem seus destinos. Ao final de cada capítulo,
você encontrará depoimentos de meus filhos e outras pessoas,
compartilhando sobre como os princípios descritos impactaram suas
vidas e seus relacionamentos com Deus.
Com certeza não fiz tudo certo na criação dos filhos. Lembro que
muitas vezes cometi erros ou não segui o próprio conselho que
estou dando. Algumas vezes não tinha outra coisa a dizer além de:
"Me perdoe, Senhor, me perdoe”. Naqueles momentos, a voz do
Senhor falou ao meu espírito, interrompendo minha chateação:
“Patricia, eu cubro seus erros." Sua paz varre para longe a
ansiedade. Sei que, enquanto faço a minha parte na educação dos
meus filhos, Deus fará Sua parte e fará com que haja
aperfeiçoamento nas minhas falhas. Ele é o melhor Pai que já
existiu!
Alguns de vocês que estão lendo este livro podem pensar: “Ah, eu
gostaria de ter lido algumas dessas coisas uns anos atrás." Outras
pessoas podem não gostar de algumas partes do que lê aqui. Não
sou do tipo que se esquiva de assuntos que possam ser
considerados controversos ou se apega demais ao que é
politicamente correto. Estou muito mais preocupada com as
verdades bíblicas e minha fidelidade a elas. Você pode não
concordar com tudo o que está escrito aqui. Sinta-se livre para “tirar
os caroços da melancia antes de engolir”, mas de toda forma,
pergunte ao Senhor sobre quais são as melhores estratégias Dele
para criação e educação de filhos.
Um amigo meu que possui o dom de profecia recentemente teve
um sonho com o avivamento mundial que o Senhor está prestes a
trazer à Terra. No sonho, os anos foram adiantados e ele era um
homem mais velho cercado por jovens líderes cristãos no maior
avivamento que o mundo já viu. Eles estavam perguntando a ele, na
velhice, como foi que o grande despertamento havia começado.
"Como foi que o avivamento começou?", eles perguntaram.
"Perguntamos porque o mundo está pegando fogo."
Em seu sonho, meu amigo respondeu: “Começou com apenas
alguns queimando. Rapazes e moças se reuniam em salas que
ardiam e começaram a clamar pelo fogo de Deus. Casas de oração
e adoração estavam surgindo em todo o mundo, e elas eram
reconhecidas pelo fogo. Elas eram chamadas de salas de fogo,
eram cheias de pessoas que queimavam, clamando dia e noite para
que o fogo de Deus varresse o planeta."
Ele conta: “Sentei-me e senti tanto amor por esses jovens líderes!
Sentime como um pai orgulhoso. Fiquei impressionado com a fome
deles e derramei sobre eles tudo o que pude sobre os meus anos
seguindo ao Senhor e sobre ter podido testemunhar o início do
enorme avivamento que o mundo vivia."
Um mundo ardendo por Jesus começa com o coração de Sua
noiva ardendo por Ele; isso significa mães e pais, filhos e filhas.
Como mãe natural e na fé, quero ajudar a criar uma geração que
queime de paixão e zelo por Aquele que é digno da nossa devoção
e total entrega.
Oro para que, neste livro, você encontre pepitas de sabedoria e
ferramentas da Verdade para usar ao andar no excelente chamado
da paternidade ou aconselhamento. É mesmo verdade o que dizem
sobre o tempo que temos a próxima geração ao nosso alcance e em
nosso lar passar tão rápido! Aproveite a jornada. De fato, “herança
do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão” (Salmo
127.3).
Seja um modelo
Sejam meus imitadores, como também eu sou
imitador de Cristo. 1 Coríntios 11.1

Thomas é brilhante, focado e calculado. O pai dele, um chefe


diretor executivo de uma empresa com várias plantas industriais
espalhadas na América do Norte, também é um homem de fé e
caráter quem ama profundamente sua esposa e três filhos. Thomas,
agora um calouro em Administração da Universidade de Notre
Dame, sempre admirou seu pai e está no caminho para ser como
ele.
Lindsay teve dois incidentes de condução sob influência de
entorpecentes e três estadas em instituições de reabilitação. Ela
passou algum tempo na prisão e está trabalhando para cumprir sua
pena de serviços comunitários ordenada pelo tribunal. O pai de
Lindsay, ex-comerciante de Wall Street, é um usuário de álcool e
cocaína que passou vários anos na cadeia sob acusações tais como
abuso de informação privilegiada, desrespeito ao tribunal, condução
sob influência de entorpecentes e brigas domésticas. Lindsay
despreza o pai, não fala com ele, e está no caminho para ser como
ele.
Qual é a influência na vida de Thomas e Lindsay que está
diretamente ligada ao momento que cada um deles vive hoje?
Exemplo dos pais.
O pai de Fred abandonou a ele e à sua mãe quando tinha dois
anos de idade. Isso causou a Fred muitas inseguranças em seu
desenvolvimento durante a infância. Quando Fred entrou no ensino
médio, um professor e treinador de basquete começou a passar
mais tempo com Fred, ensinando-o, treinando-o e tomando-o sob
sua tutela para aconselhá-lo. Ele ajudou a colocar Fred no caminho
da conquista e apontou-lhe um destino, modelando o
comportamento de como um pai e marido deve ser.
A mãe de Timóteo, Eunice, e sua avó, Lois, eram mulheres
cristãs, mas seu pai era um incrédulo. Paulo inicia a Primeira
Epístola a Timóteo declarando o seguinte: “Paulo, apóstolo de Cristo
Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus,
nossa esperança, a Timóteo, verdadeiro filho na fé”.
De que forma as influências na vida de Fred e Timóteo estão
ligadas à maneira como suas vidas foram vividas? Pelo exemplo de
mentores.

O EXEMPLO DE PAIS E MENTORES

Quer saibamos ou não, quer gostemos ou não, como pais e


mentores, as palavras que falamos de maneira mais audível são as
maneiras com que vivemos nossas vidas. Olhinhos estão nos
assistindo, pequenos ouvidos estão ouvindo e padrões familiares
estão sendo propagados.
Se exemplificarmos em nossas vidas e lares o fruto do Espírito,
doutrinaremos filhos discípulos de caráter semelhante. Abundância
de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl. 5.22, 23) são evidência
do Espírito vencendo a carne em nossa vidas. Seremos nós que
ajudaremos a educar filhos de natureza semelhante. Inversamente,
ódio, desânimo, hostilidade, impaciência, aspereza, medo,
vergonha, inconsistência e falta de autocontrole em nossas vidas
produzirão inseguranças, corações feridos e comportamento
semelhante em vidas mais jovens.
JESUS COMO NOSSO MODELO
Jesus não apenas foi o maior modelo da Terra, mas também
ensinou o importante princípio da vida como um exemplo a ser
seguido por outros. Ele seguiu o exemplo do Seu próprio Pai,
quando disse: “Em verdade, em verdade lhes digo que o Filho nada
pode fazer por si mesmo, senão somente aquilo que vê o Pai fazer;
porque tudo o que este fizer, o Filho também faz” (Jo. 5:19). Jesus
representou Seu Pai, dizendo: “Se vocês me conheceram,
conhecerão também o meu Pai. E desde agora vocês o conhecem e
têm visto. [...] Quem vê a mim vê o Pai” (Jo. 14:7, 9).

CURA DO CORAÇÃO

Então, o que pode nos impedir de sermos bons exemplos para


nossos filhos? Muitas vezes o que nos impede vem dos exemplos
que vimos enquanto crescíamos—na grande maioria das vezes dos
nossos pais, mas também de figuras de autoridade, colegas,
amigos, cultura e sociedade. Além disso, questões dos nossos
corações que nos feriram fazem com que tenhamos reações ou
expressões ímpias em nosso comportamento.
Um dos maiores presentes que você pode dar a seus filhos é um
casamento saudável, e um dos maiores presentes que você pode
dar ao seu casamento é um você saudável.
Nossos queridos amigos Chester e Betsy Kylstra são os
fundadores da Restoring the Foundations International
(restoringthefoundations.org), um ministério de cura e libertação.
Meu marido, John, e eu fomos imensamente abençoados por este
ministério na cura das feridas em nossos corações e na quebra de
padrões familiares que não queríamos que fossem continuados na
vida de nossos filhos.
Por exemplo, a raiva era frequentemente demonstrada no lar em
que eu cresci. O pai do meu pai era um homem iracundo, e ouvi
vários relatos de parentes contando como sua raiva era descontada
em meu pai.
De fato, se não recebesse punição física, meu pai era trancado
por longos períodos de tempo no celeiro ou no porão da casa onde
viveu sua infância, na Holanda. Sem conhecimento ou aplicação dos
princípios de cura do coração, meu pai cresceu para se tornar um
homem que também agia com raiva para com sua esposa e filhos.
Preciso acrescentar que, depois de muita oração por parte de minha
mãe e pelo poder curador de Deus, meu pai, agora com 84 anos,
mudou bastante. Ele é uma pessoa amorosa e pacífica, que
desfruta da benção de viver seus anos de aposentadoria.
O problema não era tanto o que foi feito comigo durante os anos
da minha infância, mas o fato de eu ter reagido de maneira errada:
inicialmente retendo perdão para com meu pai e julgando-o como
sendo um homem iracundo e impaciente. E adivinha? Eu estava no
caminho certo para ser igualzinha a ele. Facilmente irritada,
impaciente, zangada—as mesmíssimas coisas que eu não gostava
no meu pai se tornaram traços que eu passei a demonstrar. Perdão,
arrependimento, libertação e aplicação do poder da cruz para me
libertar desses padrões foram fatores cruciais.
A jornada de cura das dores do passado e para encontrar
libertação de pecados ou maldições geracionais vale muito o
esforço feito para receber ministério ou aconselhamento de oração.
Se você não fizer isso por si mesmo, faça isso pelos seus filhos!
“Aleluia! Bem-aventurado é aquele que teme o Senhor e tem
grande prazer nos seus mandamentos. A sua descendência será
poderosa na terra; a geração dos justos será abençoada” (Sl. 112.1,
2).

O CASAMENTO É UM MODELO

O Senhor deixou claro para mim e meu marido que nossas


prioridades deveriam ser, nesta ordem: o Senhor primeiro, um ao
outro e nosso casamento a seguir, nossos filhos logo após e, depois
deles, o ministério (ou vocação). Se colocarmos nossos filhos antes
de nosso cônjuge, na verdade, estamos propagando desrespeito à
ordem planejada por Deus e, potencialmente, propagaremos
narcisismo em crianças que precisam aprender prioridades
adequadas.
Um dia, quando meu marido e eu estávamos prestes a sair para
um encontro a sós, mas nosso filho mais velho queria que seu pai
fizesse outra coisa com ele, com muito tato nas palavras,
explicamos que o relacionamento de seu pai com sua mãe era de
maior prioridade do que seu relacionamento com o filho. Ao invés de
tentar insistir em seus próprios desejos, vi um olhar de entendimento
e contentamento no rosto do nosso jovem filho. Hoje Judah é
casado e tem dois filhos. Ele sai a sós com sua esposa
regularmente, praticando o exemplo que observou enquanto crescia
e servindo de modelo para seus próprios filhos.
Por falar em encontros, aprecio muito o fato de que, em quase
todas as semanas da nossa vida de casados, meu marido me leva
para termos um tempo a sós. Não é apenas maravilhoso ter
conversas sem interrupções, uma boa refeição que eu não
precisasse cozinhar e receber a atenção total do meu marido, mas
também é uma declaração aos nosso filhos de que nós nos
amamos. Existe uma segurança no coração de uma criança que
vem de saber que seus pais se amam e anseiam por passarem
tempo juntos.
Efésios 5 fala do desígnio de Deus para o casamento. O marido
deve amar sua esposa como Cristo amou a Igreja e se entregou por
ela. As esposas devem se submeter ou estar sujeitas a seus
maridos. Ao passo que um homem demonstra amor sacrificial e
incondicional por sua esposa, é fácil para ela se submeter a esse
amor. É muito mais fácil submeter-se a um homem que é submetido
a Deus.
O último verso deste capítulo fecha o assunto com chave de ouro:
“No entanto, também quanto a vocês, que cada um ame a própria
esposa como a si mesmo, e que a esposa respeite o seu marido”
(Ef. 5.33). Tenho notado como o respeito demonstrado por mim ao
meu marido é algo muito importante para ele. E uma esposa anseia
pelo amor de seu marido. Amor e respeito mútuos no casamento é
um importante exemplo de vida para os filhos. Quando um filho vê
como o pai trata a mãe, ele, por sua vez, trata a ela e a outras
mulheres (incluindo sua futura esposa) da mesma forma. Quando
uma filha vê a mãe falar com e sobre o marido, isso planta nela uma
semente de como deverá se relacionar com o sexo oposto. Ver seu
pai tratar sua mãe com bondade e respeito fala muito sobre como
ela deve esperar ser tratada pelos homens e isso a protegerá de
cair nas armadilhas de relacionamentos destrutivos. Quando ela
sabe o valor que tem, é muito menos provável que se contente com
algo que não seja exatamente o que ela conhece como sendo o
melhor.
Tenho notado como é perturbador para nossos filhos se John e eu
temos o menor desacordo. Demonstrar que é possível discordar
respeitosamente e alcançar a resolução saudável de conflitos no
casamento treina as crianças que estão assistindo. Ouvi dizer que
você nunca deve discutir com seu cônjuge na frente de seus filhos.
Eu acredito que é bom pra criança testemunhar a resolução
saudável de conflitos, a fim de permitir que ela também alcance o
mesmo resultado em acordos saudáveis.

UMA PALAVRA AOS PAIS E MÃES SOLTEIROS

Tenho um grande respeito pelos pais solteiros, pois percebo que o


trabalho deles não é nada fácil. Tenho muitos amigos que são pais e
mães solos e que se confortam no que diz Isaías 54:5: “Porque o
seu Criador é o seu marido; Senhor dos Exércitos é o seu nome”.
O Senhor assume pessoalmente o papel de servir de modelo de
um bom marido, e, às vezes, da maneira mais prática. Minha amiga
Carol Arnott era mãe solteira de dois filhos pequenos. Quando ela
não pôde abrir um pote novo por falta de força, ela pedia ao Senhor
que a ajudasse e, de repente, o frasco se abria com facilidade. Seus
filhos assistiram isso. Quando ela se casou com seu segundo
marido, John, sua capacidade sobrenatural de abrir potes deixou de
existir, já que agora ela tinha um marido para fazer isso por ela!
Pais solteiros modelam o relacionamento para seus filhos, mesmo
na ausência de um cônjuge. Outra amiga me contou como o Senhor
a ensinou a nunca falar mal de seu ex-marido, mesmo que ele não
fosse fiel no pagamento da pensão alimentícia, não tivesse ajudado
em nada com as crianças quando eram jovens e a deixaram por
outra mulher. Mesmo que ela tivesse justificativa para falar
negativamente sobre ele, ela sempre falava bem dele. Os
resultados? Todos os filhos dela têm um bom relacionamento com o
pai e agora ele é muito mais útil do que era anteriormente.
Na igreja, a comunidade em geral pode participar como modelos e
mentores para filhos sem um segundo pai. Eu acredito que é ideal
que os homens da igreja ajudem uma mulher solteira, levando seus
filhos para fazer coisas que um pai normalmente faria. Além disso,
que bom seria se as mulheres da igreja ajudassem um pai solteiro a
ensinar suas filhas como aplicar maquiagem ou passar pela
transição da puberdade. Com a ajuda do Senhor e o apoio da igreja,
os pais e mães solteiros podem fornecer aos filhos a modelagem
necessária.

SERVINDO DE EXEMPLO NA BUSCA POR DEUS

Anos atrás, o Senhor falou claramente comigo, dizendo: “Se você


cumprir seu chamado, seus filhos cumprirão os deles”. Era uma
diretiva sobre a minha a busca por Seu destino para mim não era
apenas sobre mim, mas também para o próxima geração. Pela
graça de Deus, John e eu tivemos o enorme privilégio de fazer parte
da liderança do movimento do Espírito em Toronto, sustentado até
hoje, apelidado de “A Bênção de Toronto” ou “A Bênção do Pai”.
Porque nós trabalhamos para o Catch the Fire Toronto
(anteriormente Toronto Airport Christian) desde 1995, nossos filhos
foram virtualmente criados em uma atmosfera de avivamento.
Desde 2003, o Senhor nos deu a revelação da importância de
sustentar oração e adoração no espírito do tabernáculo de Davi.
Nós somos parte da construção da casa de oração desde aquela
época e lideramos a Catch the Fire Toronto House of Prayer.
Assim, nossos filhos também cresceram nessa atmosfera. Eles
agora são líderes de adoração, intercessores, cantores e músicos
na casa de oração. Nossos filhos mais novos costumam fazer seus
deveres de casa da escola na casa de oração. Atualmente, nossas
filhas mais velhas estão se formando na International House of
Prayer University em Kansas City. Gabrielle está se formando como
salutatorian (segunda melhor da turma), com formação em teologia
e especialização em liderança na casa de oração. Aquila está se
formando com um diploma de dois anos em música. Tanto quanto
possível, queremos que nossos filhos sejam expostos à glória e
presença de Deus. Isso os tem levado a serem quem eles são hoje
—amantes radicais de Deus.
"Se você cumprir o seu chamando, seus filhos cumprirão o deles.”
Que nossos filhos nos encontrem gastando tempo em oração
todos os dias. Que nos encontrem estudando a Palavra de Deus.
Que nos encontrem adorando, ouvindo música de adoração em
nossos carros e casas. Que possam ser liderados por nós na
participação diligente da igreja e, mais importante, na busca radical
pela “pérola de grande valor”—Jesus Cristo.

TESTEMUNHOS DA PRÓXIMA GERAÇÃO

Gabrielle Bootsma, nossa filha de 21 anos

Kansas City, EUA


"A sabedoria é justificada por suas obras" (Mt. 11.19). Não há
melhor maneira de testar os frutos que sua vida está produzindo do
que através suede suas crianças. Eles são os pequenos espelhos
correndo constantemente, te lembrando de seus pontos fortes,
fracos, hábitos, etc. As crianças aprendem a partir do exemplo
definido antes deles. A sabedoria das decisões que você tomou em
sua vida, seja no passado, presente ou futuro, será concretizada na
vida de seus filhos.
Como filha de 21 anos de idade de meus pais, posso
honestamente olhar para suas vidas e dizer "sabedoria". Por quê?
Eu vejo como as escolhas que eles fizeram de seguir o Senhor
primeiro, passar tempo com Ele diariamente, orar, jejuar, estudar a
Palavra, etc., produziram seis amantes de Jesus tementes ao
Senhor.
Como Paulo disse: "Sejam meus imitadores, como também eu
sou imitador de Cristo" (1 Coríntios 11.1), assim as crianças olham
para a autoridade acima delas como o exemplo deles de Cristo.
Algo tão encorajador para mim foi o fato de meus pais nunca me
chamarem para fazer algo que eles próprios não estavam dispostos
a fazer. Toda manhã, quando acordava, fui instruída a passar um
tempo com Jesus (ler minha Bíblia, orar e fazer um diário), mas eles
não sabiam das inúmeras vezes que eu me esgueirava lá embaixo
para vê-los na privacidade de seu tempo com o Senhor, em
lágrimas, enquanto se curvavam sobre uma passagem das
Escrituras. Ou as centenas de horas que passaram na casa de
oração, algo que muitos considerariam tolo; contudo, suas vidas e
as vidas de seus filhos testemunham que isso é verdadeiramente
sabedoria. Suas ações, muito mais do que apenas suas palavras,
produziram em mim o desejo de obedecer e passar tempo com o
Senhor. Eles são meu maior exemplo de semelhança com Cristo até
hoje, e continuo a imitá-los como imitam a Cristo.

Georgina Brooks, 22 anos, cantora

Bath, Inglaterra
Na maioria dos dias, chegava em casa da escola precisando
perdoar alguém—um professor, colega de classe ou um dos meus
irmãos. Um olhar para mamãe e ela sabia. Ela me mandava sentar
e me fazer essas perguntas: “Como eles fizeram você se sentir? O
que eles roubaram de você?” Juntas, oraríamos por isso. Ela não
me dizia que eu precisava perdoar, mas participava do processo
comigo. Ela me mostrava como manter meu coração no lugar certo.
Há uma situação em particular em que meus pais foram
maltratados, e durante esses eventos injustos sua resposta foi
incrível e provocadora. A reação do pai, embora firme e clara, não
foi dura ou por raiva. Era de um lugar de filiação. Ele permitiu que o
Pai lutasse por ele, pegasse o volante, mostrando humildade e
estendendo a graça à outra parte. Em todas as coisas, tanto suas
palavras como ações me mostraram que descansar na força do
nosso Pai celestial e permitir que Ele assuma a liderança é o melhor
e único caminho. Mamãe e papai têm um relacionamento profundo
com Deus, nunca comprometendo, mas sempre pressionando por
mais. É porque eles têm profunda raízes dentro do Pai que eles
reagiram a tal situação com graça e paz.
Como ótimos exemplos, meus pais nunca me disseram o que era
certo ou errado, bom ou ruim, piedoso ou ímpio, mas eles me
mostraram. Embora eu não tivesse percebido na época, enquanto
observava meus pais, o que eu vi me moldou em quem eu sou
agora. Minha mãe e meu pai me fizeram aprofundar no amor de
Deus, confiando nEle com tudo o que sou e serei. Eu quero que
meu relacionamento com Deus seja tão forte quanto o deles, para
que eu possa ser para outros o que eles foram para mim—um
modelo de Jesus Cristo.

Marta Soderberg, 28 anos, missionária

Pemba, Moçambique
Por quase três anos, tenho sido mentorada por Heidi Baker. Eu
andava diariamente ao seu lado, mais frequentemente no pó de
Moçambique e algumas vezes no Oeste.
Heidi é uma mentora contagiosa e, em muitas situações, busco
seguir o exemplo de Heidi como ela seguiu a Cristo. É quase natural
que eu me pergunte às vezes: “Como ela teria reagido nesta
situação?"
O que mais impactou minha vida? São as mil maneiras que Heidi
escolhe se humilhar, o jeito que ela todos os dias dedica tempo para
alguém e ama de todo o coração. É a forma como ela é
completamente verdadeira, e é sua mente que pensa de uma
maneira totalmente diferente de qualquer pessoa que eu já conheci
(sempre caminhando no impossível).
Um dia, quando tivemos uma festa de Natal em uma vila em
Moçambique, encontrei um garoto tremendo na areia com febre alta.
Ele era minúsculo, desnutrido e em um estado tão difícil. A infância
de Heidi me veio à mente, e eu estava convencida de que tudo que
eu precisava fazer era abraçar, segurar o garoto nos meus braços e
ele seria curado.
Eu o segurei e fui interrompida por alguém que queria conversar
comigo. Deitei o garoto de volta no chão e me afastei por um
momento. Quando me virei, o garoto tinha um semblante totalmente
novo. Ele estava fraco demais para ficar de pé antes; os joelhos
dele não o seguravam. Agora, de repente, ele estava correndo e
sorrindo! O exemplo de Heidi está constantemente me ensinando a
acreditar como uma criança, com toda a simplicidade.
O fator amor
Porém o maior deles é o amor. 1 Coríntios 13.13

Todos nós fomos criados com uma necessidade básica por amor.
O projeto de Deus é que as famílias sejam o primeiro lugar em que
recebemos amor. Mães e pais são chamados a serem os primeiros
a demonstrar o amor de Deus aos filhos. As crianças, aprendendo a
receber amor deles, podem aprender a receber e a dar amor de
Deus e de outras pessoas. Assim, eles podem enfrentar o mundo
com confiança, assegurados de seu valor com uma base sólida. Ao
procurarmos criar e orientar os filhos com um coração apaixonado
por Deus, como declara o grande mandamento (Mt. 22.37–38), é
essencial saber cultivar o amor em suas vidas.

CONFIANÇA BÁSICA

O psicólogo Erik Erikson conduziu um grande número de


pesquisas sobre desenvolvimento humano. Ele cunhou as
expressões "crise de identidade" e "confiança básica". Em sua teoria
dos estágios de desenvolvimento psicossocial[1], Erickson
determinou que o primeiro estágio, do nascimento ao primeiro ano
de idade, diz respeito à confiança básica em oposição à
desconfiança básica. Em essência, a confiança básica é definida
como a crença de que o mundo ao redor é um lugar confiável. Em
particular, é a qualidade do relacionamento que a criança tem com a
mãe que levará à formação de confiança básica. O carinho e a
nutrição proporcionados pela mãe afetam suas “percepções internas
de confiabilidade, um senso de significado pessoal, etc. na criança.
Se for bem-sucedido nisso, o bebê desenvolverá um senso de
confiança, que 'forma a base da criança para o desenvolvimento de
um senso de identidade'[2]. O fracasso em desenvolver essa
confiança resultará em medo no bebê e na crença de que o mundo
é inconsistente e imprevisível.” [3]
Minha irmã mais velha, Linda, tinha dezoito meses quando sua
mãe biológica morreu de câncer. Linda foi criada temporariamente
por uma tia até nosso pai se casar novamente com minha mãe.
Embora ela fosse muito jovem quando esse trauma ocorreu, o
coraçãozinho de Linda sentiu a perda e a perturbação de sua
segurança com a perda de sua mãe. Ela se lembra de ter tido
pesadelos terríveis, vendo cobras e pessoas assustadoras em seu
quarto e de chorar de terror.
Em quase duas décadas de ministério, conhecemos muitas
famílias que adotaram crianças abandonadas no nascimento.
Percebemos um padrão: sem oração e ministério específicos para a
cura do pequeno coração que suportou essas mudanças, as
crianças adotadas podem ter problemas com inseguranças e
desconfiança. Quando são mais velhos, seu comportamento pode
variar entre o esforço para ser perfeito ou "vencer na vida" até a
rebelião total.
Nosso aprendizado da confiança básica desde tenra idade é uma
base sobre a qual aprendemos a confiar em Deus e nos outros.
Permite-nos viver a vida com o coração aberto, pronto para receber
e dar amor de maneira saudável.
STORGE
No idioma grego, existem quatro palavras diferentes para a
palavra "amor". Agape é o amor incondicional de Deus. Esse amor é
sacrificial e altruísta. Philia, ou “phileo”, é o amor da amizade e
considerado um amor mental. Eros é amor romântico, como entre
um homem e uma mulher. É sensual e íntimo por natureza. Por fim,
storge é o amor familiar, principalmente entre mãe e filho. É
aceitação, carinho, e apreciação dos entes queridos. Storge é
demonstrado de três maneiras principais: afeto físico, entonação por
voz e contato visual.

AFEIÇÃO FÍSICA

O toque físico afetuoso é importante para o desenvolvimento


humano saudável e para a vida como um todo. Endorfinas são
compostos produzidos pela glândula pituitária e pelo hipotálamo;
têm efeitos farmacológicos e agem como analgésicos naturais. As
endorfinas são excretadas durante o exercício, atividade sexual e
toque físico afetuoso significativo.
Ben E. Benjamin, PhD, num artigo intitulado The Primacy of
Human Touch, destaca o fato chocante de que, cerca de cem anos
atrás, noventa e nove por cento dos bebês em orfanatos americanos
morriam antes dos sete meses de idade[4]. Ele afirma que eles não
morreram de desnutrição ou doença, mas de uma condição de
definhamento chamada marasmo, gerada pela falta de contato.
“Quando os bebês foram removidos dessas instituições grandes e
limpas, mas impessoais, para ambientes onde recebiam nutrição
física juntamente com suplementação, o marasmo foi revertido. Eles
ganharam peso e finalmente começaram a se desenvolver.” [5]
De 1974 a 1989, a Romênia foi liderada por um presidente
chamado Nicolae Ceausescu, que tentou aumentar a população e a
produção industrial do país simultaneamente, exigindo que ambos
os pais trabalhassem e ainda tivessem famílias numerosas. Como
relata o Harvard University Gazette: “Muitas famílias não podiam
cuidar de seus filhos durante a semana e outras abandonavam seus
filhos mais novos ou menos capazes em orfanatos”[6].
Mary Carlson, neurobióloga da Harvard Medical School, “mediu o
estresse em crianças romenas criadas em orfanatos ou que
frequentavam creches de baixa qualidade” [7], concluindo que “a
falta de contato e atenção atrapalhava seu crescimento e afetava
adversamente seu comportamento” [8]. Ela também acrescentou:
"Eles não formam relacionamentos normais com outras crianças,
não respondem a estímulos e têm medo; exibem comportamentos
como abraçar a si mesmas e balançarem-se de um lado para o
outro” [9].
Um grupo de canadenses entrou num orfanato romeno de
crianças de dezoito meses a três anos de idade. O que os
surpreendeu foi a ausência de som no lugar. Numa situação normal,
haveria gritos, agitação ou outros sons de bebês e crianças
pequenas. O que eles perceberam é que esses pequenos choraram
sem que fossem respondidos e simplesmente pararam de tentar. A
maioria desses bebês e crianças pequenas teve algum tipo de
atraso no desenvolvimento como resultado da falta de nutrição.
Essas crianças foram adotadas por famílias canadenses e muitas
evoluíram para níveis mais elevados de desenvolvimento, mas
algumas não conseguiram retornar ao funcionamento normal devido
à falta de cuidado e alimentação.
O ideal é que haja uma quantidade generosa de contato e toque
íntimos. Um bebê no ventre da mãe por nove meses é habituado ao
seu calor, sua proximidade e a ouvir seus batimentos cardíacos.
Tanto quanto possível, isso deve continuar após o nascimento.
Segurar o bebê próximo ao coração, carregá-lo em um porta-bebê,
acariciar as bochechas e os cabelos e segurar os dedinhos são
formas de oferecer o toque necessário.
Depois que nossos bebês não cabiam mais no porta-bebê, eu
passava a levá-los num carregador nas minhas costas. Como era
pastora de uma igreja em meio a um grande mover de Deus, com
muitos visitantes buscando oração, eu carregava meus pequenos na
mochila enquanto orava por pessoas que esperavam em longas
filas.
Pessoalmente, John e eu também pensamos ser bom que nossos
bebês durmam na cama conosco, experimentando nossa
proximidade. Nós possuímos uma cama king size, o que é útil para
este fim. Entendo que isso pode não ser para todos os pais. Alguns
citaram histórias de pais que acidentalmente rolavam em cima de
bebês, sufocando-os. Gostaria de ressaltar que a grande maioria
dessas histórias é acompanhada por outros fatores presentes, como
o consumo de álcool ou drogas, o que tornando os adultos
incapazes de despertar por estarem sob outras influências.
Num determinado momento, passamos a colocar nossos bebês
para dormirem num colchão no chão, ao lado de nossa cama, antes
de colocá-los no berço, em seu próprio quarto. Em cada transição,
era como se o próximo passo "parecesse certo" em nossos
corações. Embora esses arranjos específicos de sono possam não
ser para todos os pais, o princípio fundamental é o mesmo. Um pai
ou mãe sente quando o coração da criança está pronto para cada
novo nível de separação e não o pressiona a transicionar antes
disso.
Para além desses anos iniciais, crianças, adolescentes e adultos
ainda precisam de carinho. Quando nosso filho tinha catorze anos,
ele decidiu que não estava tão interessado nos abraços que meu
marido e eu lhe dávamos. No entanto, conhecendo a importância do
carinho, John e eu não fomos intimidados. Continuamos indo até ele
para lhe dar um abraço matinal, um beijo na bochecha ou um
“sanduíche de amor” ocasional que gostamos de dar aos nossos
filhos (isso é quando John e eu cercamos um de nossos filhos e
damos um abraço de urso, um na frente e outro atrás, como um
sanduíche). Judah logo esqueceu que não gostava de abraços e
estava nos abraçando como sempre, e ainda o faz até hoje sendo
um jovem.
Nossa quarta filha, Phoebe, diagnosticado com um atraso no
desenvolvimento, geralmente resiste ao carinho. Seu
comportamento começou a mudar aos dezoito meses de idade, algo
que acredito estar ligado a uma vacina que ela recebeu naquele
momento. Sua compreensão da linguagem e a fala deterioraram-se,
seu comportamento tornou-se mais difícil e suas interações sociais
mais complicadas. Até hoje, Phoebe raramente inicia atos de afeto,
e muitas vezes se esquiva deles. No entanto, novamente,
procuramos diligentemente demonstrar afeto, pois conhecemos os
benefícios. Phoebe respondeu à nossa perseverança e, às vezes,
inicia abraços. No momento em que escrevo este texto, ainda
oramos pela restauração e cura completa de Phoebe.
Quando eu era criança, demonstrações de carinho não eram
frequentes em minha família. No entanto, eu queria que isso
mudasse na minha vida e nos meus pais. Portanto, eu precisava
perdoar aqueles que não haviam me mostrado muito carinho e me
arrepender de julgá-los, o que me ajudou a me libertar de fazer (ou
não) as mesmas coisas (Rm. 2.1). Eu intencionalmente me treinei
através da graça de Deus para ser uma pessoa afetuosa. Abraços,
beijos e “eu te amo” são frequentes em nossa casa.

ENTONAÇÃO DE VOZ

Entonação é definida como a variação do tom falado que é usada


para expressar as atitudes e emoções do interlocutor[10]. Dito de
outra forma, é o modo como a voz de alguém sobe e desce
enquanto fala. Você já reparou que a entonação da voz de alguém
que está falando com um bebê aumenta, assumindo um tom
diferente? Na verdade, isso é uma forma de cuidado.
Uma vez, eu estava num restaurante quando duas famílias se
sentaram em uma mesa ao lado da minha. Quando uma mãe se
levantou para ir ao banheiro, entregou o bebê a um homem que
devia ser o pai. Esse homem era alto, tinha uma barba comprida e
várias tatuagens nos braços. O que aconteceu a seguir me deu
vontade de rir, apesar de ter segurado minha língua. De repente,
esse cara com aparência de durão falou com voz em tom alto com o
bebê, usando palavras ternas de carinho. É quase automático que a
ternura seja expressa para os pequenos com uma mudança na
inflexão da voz.
Por outro lado, sons vocais raivosos e altos podem causar tensão
e ansiedade e invocar o medo não apenas em bebês, mas também
em pessoas de qualquer idade. Embora às vezes os pais precisem
usar a voz de autoridade que comunica à criança que é hora de uma
ação produtiva, é muito importante eliminar as expressões vocais
ruidosas e emocionais que perturbam os lares e as famílias e
causam níveis crescentes de estresse e passar a proteger os
relacionamentos.
CONTATO VISUAL
Você já tentou conversar com alguém que não mantinha contato
visual com você? Quando a pessoa olha para o chão, para além de
você, para o céu, ou pior ainda, para o relógio! Esse comportamento
pode ser um reflexo do fato de que, quando crianças, eles não
aprenderam a receber afeto por meio do contato visual de suas
mães ou pais.
A visão de um bebê recém-nascido alcança uma distância de
nove polegadas. Essa também é a distância média entre o seio e o
rosto de uma mãe. Acredito que este é o projeto perfeito de Deus
para que os bebês possam olhar nos olhos da mãe no importante
momento da amamentação. Sendo a pessoa multitarefa que sou, às
vezes, tentava trabalhar no computador ou ler um livro enquanto
amamentava um de nossos bebês. No entanto, quando aqueles
olhinhos olhavam para mim, eu sabia que precisava adiar minhas
tarefas e simplesmente olhar com amor para aqueles lindos olhos,
comunicando meu amor por eles.
Muitas vezes ouvi John dizendo a um de nossos filhos: "Olhe-me
nos olhos". Isso pode acontecer quando eles estão recebendo
correção ou quando ele simplesmente está tentando comunicar algo
importante. Insistir em uma interação verbal clara com uma
comunicação visual amorosa é parte importante da criação dos
filhos.

OUTRAS EXPRESSÕES

Além das três principais maneiras pelas quais as crianças


recebem amor incondicional, existem inúmeras outras maneiras de
expressar amor a uma criança. Uma delas é o tempo de qualidade
ou, em outras palavras, gastar tempo focado e agradável com cada
criança, criando momentos ricos em comunicação com ela. Como
temos seis filhos, John e eu observamos a importância de passar
um tempo individual com cada um. Nós os chamamos de
"encontros". Podemos levá-los ao seu restaurante ou loja favorita,
passar algum tempo no parque, passear ao lado do rio ou comprar
uma casquinha de sorvete. Uma criança, especialmente numa
família numerosa, prospera com a atenção individual dos pais.
O amor pode ser expresso por meio de presentes. Como
frequentemente viajo internacionalmente para dar palestras, sempre
volto com um presente para cada filho. Isso comunica que estive
pensando neles enquanto estava fora. Os presentes não precisam
ser caros, nem deve haver expectativas irreais de que os pais
adquiram todos os eletrônicos e roupas de grife para os filhos. No
entanto, com moderação e consideração atenciosa, os presentes
são uma ferramenta de comunicação do amor.
O amor também pode ser expresso em atos de serviço. Algumas
vezes as mães são motoristas, enfermeiras, professoras, amigas,
mentoras, advogadas, cozinheiras, faxineiras e disciplinadoras. As
mães são algumas das pessoas mais altruístas. Elas podem comer
comida fria para que as crianças sejam alimentadas primeiro e
entrem no ônibus da escola a tempo. Elas vão para a cama
exaustas e ainda acordam no meio da noite para confortar os filhos
quando eles choram. Quando pensei em como minha mãe
demonstrava amor por mim, sei que os atos de serviço eram sua
principal forma de expressá-lo.
O amor é expresso em palavras. Como é triste ouvir histórias de
quem não se lembra de ter ouvido os pais dizerem "eu te amo".
Um jovem querido da Holanda veio à nossa escola de ministério
em Toronto. Um dos outros alunos veio cumprimentá-lo com um
abraço e disse que era como abraçar uma árvore. O estudante
holandês tinha dificuldade em receber qualquer forma de afeto,
raramente sorria, era bastante monótono em seu discurso e parecia
não sentir nada de positivo ou negativo. Ele simplesmente parecia
ser emocionalmente desligado. Mais tarde, descobrimos que ele
nunca ouvira seus pais dizerem que ele era amado. Além disso, ele
não foi abraçado ou recebeu qualquer forma de afeto físico.
Felizmente, no ministério de nossa escola, ele recebeu
ensinamentos que o ajudaram a perdoar seus pais, a se conectar
com seu Pai celestial e a receber amor de Deus e do corpo de
Cristo. Esse homem veio a ser um dos estagiários de nosso
ministério. Foi simplesmente incrível ver a transformação em sua
vida, pois ele frequentemente sorria, aceitava e iniciava abraços e
entrava em contato com seus sentimentos em um nível profundo.
Expressões verbais de amor devem ser dadas pelo menos
diariamente de um pai para um filho. Além disso, para cada palavra
de correção, acredito que deve haver sete afirmações de valor,
dignidade e encorajamento.

UMA PALAVRA SOBRE AMAMENTAÇÃO

Quando uma criança recebe o carinho da mãe, vê seus olhos de


amor e ouve suas palavras de amor e entonações de voz afetuosas,
ela aprende a receber amor. Outra maneira importante de expressar
o amor de mãe para o bebê é a amamentação. Não apenas os
nutrientes vitais são transmitidos nesse ato designado por Deus,
mas também cuidado e afeto. O Salmo 22.9 registra: "E me
preservaste, estando eu ainda ao seio de minha mãe".
Os bebês têm uma capacidade inata de pegar e sugar o seio da
mãe imediatamente após o nascimento. De fato, se houver um
atraso em colocar o bebê no seio, digamos, por razões médicas, é
mais difícil para a criança aprender a pegar o seio mais tarde. Uma
vez que o bebê pega o seio e é amamentado, o fluxo de leite ocorre
sem esforço. Além disso, existem hormônios naturais, a ocitocina e
prolactina, liberados durante a amamentação que fazem com que a
mãe se sinta cansada. O próprio leite materno também contém
substâncias que deixam o bebê com sono. Por isso o bebê costuma
adormecer no peito. Essa interação tranquila entre mãe e filho é um
desígnio divino que ajuda a transmitir segurança ao bebê—é um
fluxo de amor e cuidado.
Eu amamentei nossos seis filhos por um período muito maior do
que a norma cultural. Desmamamos nossos bebês entre dezoito
meses a dois anos de idade. Acho trágico quando as mães ficam
ansiosas para terminar a amamentação. Eu introduzi alimentos
sólidos para nossos bebês aos seis meses de idade, mas também
continuava a amamentar. Claro, é preciso tomar essa decisão por si
mesmo, mas quando é fisicamente possível, encorajo a
amamentação por mais tempo. Nos tempos bíblicos, era normal
amamentar até o terceiro ou mesmo quarto ano de vida da criança.
Gênesis 21.8 afirma que Abraão celebrou o desmame de Isaque.
Acredita-se que ele tivesse pelo menos dois anos quando isso
ocorreu. Samuel tinha idade suficiente para ser deixado no templo
com Eli quando Ana o desmamou e o dedicou ao serviço ao Senhor
(1 Samuel 1.24).
Há mulheres que tiveram dificuldade em amamentar, que
precisam voltar ao trabalho rapidamente ou que podem ter um
suprimento baixo de leite materno. Outras podem ter adotado uma
criança que não podem amamentar. Quando for esse o caso,
recomendo uma oração focada para que a criança receba confiança
e alimento, independentemente de obter ou não sustento através da
amamentação. Durante a mamadeira, a mãe e o bebê podem
desfrutar do contato visual, das palavras doces e do toque físico
sensível que são tão estimulantes para o coração do bebê.
Devemos acreditar que Deus é maior—Ele responde a orações e
supre todas as necessidades. Eu não fui amamentada, mas tive um
bom desenvolvimento!
Como é interessante o fato de um dos nomes de Deus ser El
Shaddai, que significa “aquele que tem muitos seios”, e Jesus
declarou em João 7.37–39: “Se alguém tem sede, venha a mim e
beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior
fluirão rios de água viva. Isso ele disse a respeito do Espírito que os
que nele cressem haviam de receber; pois o Espírito até aquele
momento não tinha sido dado, porque Jesus ainda não havia sido
glorificado”. Aprender a receber amor e carinho no seio de nossa
mãe nos ajuda a aprender a beber do amor de Deus. Aprendemos a
descansar na paz e segurança de que ele é fiel, de que ele é nosso
ajudador, de que somos seus filhos e podemos permanecer em Seu
amor. Passamos a encontrar descanso do esforço e de fazer cosias
em nossa própria força enquanto aprendemos a beber dEle.
Já ouvi dizer que aqueles que não foram amamentados estão
mais inclinados a ver o seio como um objeto sexual. Embora isso
possa ser verdadeiro (de fato, temos uma sociedade obcecada por
seios), no centro da vulnerabilidade de nossos jovens à
hipersexualidade, está a falta muito mais ampla e profunda de um
amor que nutre. Fomos feitos para ser tocados, apreciados e
envolvidos com amor em vários níveis significativos por nossos pais.
Mas quando falta o amor storge, o amor eros ocupa o lugar central.
Moças que se vestem para chamar atenção para seus corpos,
jovens viciados em pornografia, sexualidade aberta em filmes
populares, zonas de prostituição, tráfico sexual e muitas outras
expressões de uma sociedade movida pela sexualidade podem
estar enraizadas na falta de amor na infância. Enquanto a
humanidade não aprender a receber amor dos lugares certos,
procuraremos em todos os lugares errados.

DA FALTA DE AMOR AO TRANSBORDAR DE AMOR

Num mundo perfeito, nossas mães seriam o reflexo do coração


materno de Deus—nutrindo, amando, sustentando, encorajando,
confortando. Nossos pais devem representar o coração paternal de
Deus—protegendo, participando, dirigindo e provendo. No entanto,
muitas vezes as mães e os pais experimentaram mágoas e a falta
de amor em suas vidas. Eles não podem dar o que não têm.
As boas novas de Deus são que, mesmo se formos rejeitados por
nossas mães e pais, ele realmente será nossa mãe e pai. Isaías
49.15–16 diz: “Será que uma mulher pode se esquecer do filho que
ainda mama, de maneira que não se compadeça do filho do seu
ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, porém,
não me esquecerei de você. Eis que eu gravei você nas palmas das
minhas mãos". No Salmo 27.10, encontramos essa garantia:
"Porque, se meu pai e a minha mãe me abandonarem, o Senhor me
acolherá".
Na geração de minha mãe, houve um ensinamento predominante
de que a amamentação não era importante e a mamadeira era a
escolha conveniente a ser feita. Fotos da minha infância mostram
um bebê bebendo de uma mamadeira sustentada por uma toalha
enrolada. Na verdade, tive dificuldades durante anos, não apenas
por causa da falta de amor demonstrada por meu pai, mas por um
relacionamento superficial com minha mãe.
Conforme indicado no capítulo 1, ao perdoarmos aqueles que não
souberam nos amar e pedir perdão por nossas reações erradas,
podemos nos libertar de quaisquer déficits de amor e aprender a
explorar o amor de Deus, ricamente demonstrado para conosco.
Seu amor é demonstrado de várias maneiras—Sua Palavra, Sua
presença, Sua voz mansa e delicada, a beleza de Sua criação e o
amor de Seu povo para conosco, para citar apenas alguns.
Numa época em que eu estava lidando particularmente com a
cura do meu coração em relação ao amor do Pai, o Senhor me
enviou uma figura paterna mais velha em nossa igreja, que me
procurava para me abraçar todo domingo. No começo, tentei evitar
esse homem, mas depois percebi que era o Senhor enviando um
homem para me dar os abraços saudáveis que nunca havia
recebido. Na verdade, meu coração começou a receber aquele
afeto.
Meu marido também foi usado pelo Senhor para me ensinar sobre
amor e aceitação incondicionais. Antes de nos casarmos, sua
demonstração de amor incondicional, mesmo quando eu estava
tentando afastá-lo, me revelou uma parte do coração de Deus para
comigo. Como é vasto o amor do Pai, que não está condicionado ao
nosso comportamento ou realizações (ou falta delas). O amor dele
apenas... está disponível o tempo todo. 1 João 3.1a diz: “Vejam que
grande amor o Pai nos tem concedido, a ponto de sermos
chamados filhos de Deus”.
Vejamos agora algumas questões específicas que podem surgir
em meio a esse maravilhoso privilégio de sermos pais e mentores.
São situações possíveis em que podemos remover possíveis portas
abertas para as trevas. Na vida, sempre haverá oportunidades para
vencer, escolher o caminho de Deus e ter um caráter mais elevado à
medida que triunfamos com amor e carinho.
FAVORITISMO
Certa vez, ouvi a popular pregadora cristã Joyce Meyer dizer que
em famílias de vários filhos, as mães costumam ter mais dificuldade
em se relacionar com um dos filhos em particular. Pode ser uma
criança que tenha a mesma personalidade que os pais, alguém que
se afaste ou tenda a ser tímido, alguém que seja desafiado
fisicamente ou uma criança com personalidade forte. Conheço
alguém que teve um relacionamento muito difícil com a mãe porque
ele se parecia muito com o pai que os abandonou e não ajudou na
criação do filho.
Na comunidade agrícola em que fui criada, os filhos homens eram
o gênero preferido. Os celeiros exibiam, em grandes letras pintadas,
o nome do fazendeiro e de seus filhos, por exemplo, "Johnson e
filhos" ou "Skinner e filhos". Enquanto isso, eles podem ter tido três
filhas, mas elas não eram listadas. Senti o favoritismo mostrado a
meus irmãos em coisas como a maneira como eram mimados, o
dinheiro que ganhavam, os presentes acumulados e como eram
sempre servidos primeiro à mesa do jantar. Uma piada contada em
minha família era a de que meu irmão mais velho chorou quando eu
nasci devido ao fato de eu ser menina. Não é preciso dizer que
perdão, arrependimento por reações erradas e aceitação do meu
sexo foram questões que precisei trabalhar.
Como pais, quando temos filhos com os quais temos mais
dificuldade em nos relacionar, é importante identificarmos as causas
dos problemas e fazer um esforço pontual para construir pontes.
Como mencionei anteriormente, temos uma filha com
necessidades especiais. Em muitos aspectos ela exigiu muito mais
tempo e energia de mim e de meu marido. Quando ela era criança,
tínhamos muita dificuldade em lidar com ela; foi preciso muito mais
esforço para mantê-la ocupada, feliz e fazendo algo produtivo e não
destrutivo. Observamos que de idade mais próxima à de Phoebe,
Aquila, a mais velha, e Zoe, a mais nova, têm a tendência de se
afastar, passar períodos mais longos em seus quartos ou de não
compartilharem seus sentimentos. John e eu precisamos ir mais
atrás dessas filhas, procurar atraí-las e garantir que elas não sejam
negligenciadas em meio aos rigores de criar um filho com
necessidades especiais na mesma faixa de idade que elas. Não
posso dizer que fizemos tudo corretamente, mas o Senhor tem sido
fiel em nos ensinar e dar as soluções necessárias quando entramos
no lugar de oração por cada um de nossos filhos.
Demonstrações de amor, como afeto, tempo, doações financeiras
ou palavras de encorajamento devem ser igualmente distribuídas
entre vários irmãos.
DISCIPLINA
Como a disciplina é uma expressão de amor por nossos filhos, ela
é adequadamente colocada no capítulo sobre amor. “O que retém a
vara odeia o seu filho; quem o ama, este o disciplina desde cedo”
(Pv. 13.24). “Não deixe a criança sem disciplina” (Pv. 23.13). “A vara
e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma
envergonha a sua mãe. Corrige o seu filho, e você terá descanso;
ele será um prazer para a sua alma” (Pv. 29.15, 17).
Certa vez ouvi dizer que o pior estado possível em que uma
criança pode ser criada é aquele em que não há limites e disciplina.
O excesso de disciplina estrita é um pouco melhor do que isso, mas
é claro que o melhor é haver amor, equilíbrio e limites claros, e
disciplina. Numa sociedade que vai à direção da permissividade,
abandonando os absolutos morais e buscando uma mentalidade de
"faça o que lhe parecer certo", é preciso haver um retorno aos
padrões bíblicos de disciplina. Provérbios 13.18 declara: "Pobreza e
vergonha sobrevêm ao que rejeita a instrução, mas o que aceita a
repreensão será honrado". Transmitir aos nossos filhos uma postura
que abraça a correção e um desejo de melhorar o caráter e o
comportamento os ajuda na vida quando eles precisam se submeter
a professores, patrões ou ser produtivos na sociedade e liderar suas
próprias famílias.
O pai que grita com o treinador que mandou seu filho para o
banco de reservas por receber muitas penalidades, ou defende seu
filho de um professor que enviou para casa um bilhete explicando a
necessidade de uma detenção, não está fazendo nenhum favor a
essa criança. O modo como administramos a correção e a
recebemos de outras pessoas fala muito aos nossos filhos sobre
como eles devem se comportar. “Ensine a criança no caminho em
que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Pv.
22.6).
John e eu assumimos a postura de acreditar que a disciplina pode
assumir várias formas, como um olhar, uma palavra corretiva,
tempos curtos de castigo, escrever cinquenta vezes frases como
"não provocarei minha irmã" e, quando necessário, palmadas.
Provérbios 22.15 explica que “a tolice está ligada ao coração da
criança, mas a vara da disciplina a afastará dela".
O tipo de punição pode depender da criança. Alguns de nossos
filhos são mais sensíveis à correção e precisam apenas de uma
advertência verbal para não fazer algo duas vezes. Outros
necessitaram de uma disciplina física. Já ouvi dizer que não se deve
dar palmadas numa criança antes dos dezoito meses nem depois
dos dez anos. Isso pode estar sujeito ao critério dos pais. No
entanto, a falta de autocontrole e restrição moral dos pais exigiu leis
de proteção à criança e sociedades de ajuda infantil. Quão trágico é
ouvir um bebê que foi sacudido com tanta agressividade por um pai
ou mãe com raiva a ponto de causar danos ao cérebro da criança
ou a correção feita com raiva que se transforma em abuso.
O problema que temos é quando a sociedade procura "jogar o
bebê fora junto com a água suja", eliminando o castigo corporal em
uma reação contra o abuso. Provérbios 20.11 nos diz que "até a
criança se dá a conhecer pelas suas ações, se o que faz é puro e
reto". Você já viu uma criança tendo uma birra numa loja e se
perguntou se alguma vez ela havia recebido uma palmada em sua
vida? Entendo que é melhor não julgar (já tivemos nossas próprias
histórias de horror em lojas—principalmente com nossa filha com
necessidades especiais). No entanto, levar a criança para fora da
loja ou a criança que chora na igreja para lidar em particular com
questões comportamentais é uma bênção não apenas para os que
estão em volta, mas para a criança que precisa de disciplina
amorosa e consistente. O coração de uma criança floresce com
sentimentos de segurança quando seus pais realizam disciplina e
instrução de forma consistente.
E aqueles que estão lendo este livro e que estão lidando com
desobediência em seus filhos? Obviamente, a oração é a chave
para invocar ajuda e sabedoria do Pai celestial. Além disso,
Provérbios 3.12 declara: "porque o Senhor repreende a quem ama,
assim como um pai repreende o filho a quem quer bem". Porque o
Pai nos ama, Ele nos corrige. Porque amamos nossos filhos, nós os
corrigimos. Muitas vezes, isso exige energia e esforço. Embora
possa ser mais fácil deixar as coisas acontecerem ou fechar os
olhos, é imperativo que tomemos as medidas necessárias para
trazer correção onde for necessário.
Às vezes, é necessário um amor duro. Música ou filmes ímpios
não devem ser permitidos em casa, contaminando a casa. As regras
domésticas devem ser respeitadas se os filhos mais velhos forem
continuar a ter o privilégio de viver sob o teto pago pelos pais.
Que o Senhor nos dê sabedoria como pais para manter nossa
posição quando soubermos que as decisões que tomamos para
com nossos filhos são para o bem deles, mesmo que não sejam o
que nossos filhos querem ouvir. A verdade é que é preciso mais
esforço para corrigir, instruir e permanecer firme pela justiça. É mais
fácil concordar, ceder e evitar conflitos. No entanto, a longo prazo, o
“caminho mais fácil” cria muito mais dificuldades. Isso tira as
crianças de um aspecto muito importante da nutrição do amor—o
amor duro que não cansa de buscar o bem do jovem. Vale a pena o
esforço necessário para intervir, corrigir e instruir. À medida que
nossos filhos crescem, nós, como pais, também receberemos a
recompensa.
Existem algumas batalhas que podemos optar por não entrar—
por exemplo, o adolescente que deseja pintar os cabelos.
Permitimos ou não? Essa pode ser uma escolha pessoal de cada
pai e mãe. Desanimei nossas filhas a pintar os cabelos, mas permiti
que minha filha mais velha fizesse luzes. No entanto, John e eu não
permitiríamos uma cor de cabelo que não seja natural, como azul ou
roxo (felizmente, nenhum de nossos filhos pediu isso). Depois, há a
questão das tatuagens. Minha posição pessoal sobre isso é NÃO!
Levítico 19.28 diz: “Pelos mortos não façam cortes no corpo, nem
ponham marca nenhuma sobre vocês. Eu sou o Senhor”.
Felizmente, nossos filhos cumpriram esta diretiva. Mas se seus
filhos têm tatuagens, o que você faz? Ame-os incondicionalmente!
Minha filha insistiu em colocar um piercing no nariz por um
período de tempo, citando Gênesis 24.22 para afirmar que esta é
uma prática bíblica. Não gostei da ideia, mas permiti que ela
pusesse a argola no nariz. Aquilo realmente não a tornou mais
bonita, e depois de muita oração e encorajamento, ela finalmente
concordou em se livrar dela!
A disciplina em cada família pode assumir diferentes formas—
proibição de sair com os amigos, proibição de usar o carro da
família por um período de tempo, escrever frases repetidamente
(como “não provocarei minha irmã”) ou deixando de dar dinheiro
para certos itens “necessários”. Torne evidente que o amor é o que
motiva seu ato de disciplina—isso é essencial para que a criança
volte à sabedoria, mesmo que demore anos.
Em uma discussão recente com nossa filha Zoe, ela gentilmente
me indicou que John sempre dava abraços após a disciplina e dizia
o quanto a amava, e eu não me dispunha a fazer o mesmo. Ai! Você
pode aprender com meus erros! Após um tempo de disciplina, é
importante ter reafirmação verbal e física do amor—um abraço, um
incentivo e uma garantia de pertencimento total, como um membro
valioso da família. Em outras palavras, o isolamento prolongado
num quarto ou a sensação de que eles estão "na casinha" é
contraproducente.
Devemos desfrutar da criação de nossos filhos e deleitar-nos com
eles. Lembro-me de sair do hospital com a recém-nascida Zoe
quando a enfermeira me chamou, dizendo: "Aproveite seu bebê". De
alguma forma, essas palavras me atingiram de uma forma especial
e nunca as esqueci. É claro que eu estava disposta a desfrutar do
meu bebê, em todos os momentos de sua vida, desde a troca de
fraldas, passando pelas aulas de matemática até a celebração do
casamento. No entanto, o prazer de ser pai ou mãe pode ser
roubado por uma criança que não tem... bem... paternidade e
maternidade!
Provérbios 23.25 expressa isso: "Dê essa alegria ao seu pai e à
sua mãe, e que se encha de felicidade aquela que o deu à luz".
“Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão.
Como flechas na mão do guerreiro, assim são os filhos da sua
mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será
envergonhado, quando enfrentar os seus inimigos no tribunal”
(Salmo 127.3–5).

RIVALIDADE ENTRE IRMÃOS


O Salmo 133 diz: “Como é bom e agradável viverem unidos os
irmãos! Ali o Senhor ordena a sua bênção e a vida para sempre”.
A palavra “irmãos” é a palavra hebraica ach, que significa
irmão ou parente imediato. Visto que Jesus é o Príncipe da Paz e 1
Pedro 3.11 nos aconselha a buscar a paz; é importante manter um
ambiente de paz em nossos lares. A rivalidade entre irmãos pode
ser um obstáculo direto à paz.
Relacionamentos rompidos entre irmãos podem ser uma maldição
geracional para as famílias. Eu pessoalmente testemunhei isso na
minha linhagem familiar. Dois dos meus tios deixaram de se falar
por anos. Houve desarmonia entre alguns dos meus irmãos. No lado
da família de John, há uma acentuada falta de proximidade entre os
irmãos. Assim, John e eu procuramos ser proativos para não ver
esse padrão sendo repetido em nossos filhos. Antes de tudo,
oramos para romper com qualquer padrão familiar negativo, pedindo
a Deus que nos perdoe pessoalmente por nossa participação na
rivalidade entre irmãos, nos arrependendo de qualquer julgamento e
orando para interromper qualquer semeadura e colheita nessa área.
Também procuramos tomar providências rapidamente quando
vemos desunião entre nossos filhos, trazendo correção e buscando
promover respeito e unidade. Às vezes, quando é preciso tomar
uma decisão sobre quem recebe o quê e quando, somos favoráveis
ao irmão mais velho, pedindo ao irmão mais novo que honre a idade
mais avançada do irmão ou irmã.
É necessário que os pais não comparem filhos nem esperem que
um filho tenha a mesma virtude que o outro apresenta com
facilidade. E, como discutimos anteriormente, os pais devem evitar o
favoritismo.
Nossas duas filhas mais velhas são muito diferentes em suas
personalidades. Gabrielle é muito mais extrovertida, faladora e
propensa a fazer compras. Aquila é mais silenciosa, sensível e
generosa por natureza. Ambas têm dons maravilhosos e são
mulheres de Deus ungidas e amáveis. Às vezes, elas também
discordavam. Até recentemente, moravam juntas em Kansas City,
pois ambas estudavam na universidade naquela cidade. Surgiram
alguns conflitos sobre quem seria a encarregada dos assuntos
domésticos na casa delas em Kansas City. Enquanto eu orava sobre
o que fazer, o Senhor me deu a ideia de escrever um e-mail para
elas. Surpreendentemente, depois que receberam o e-mail, não
ouvimos mais queixas uma sobre a outra. Pensei em transcrever
essa carta aqui. Em suma, se pedirmos sabedoria em como lidar
com rivalidade entre irmãos, o Senhor nos dará. Meu conselho é
não apenas deixar para lá, mas buscar a paz em nossos lares entre
nossos filhos e, em espírito de oração, eles, por sua vez, terão lares
de paz no futuro.

Caras Gabrielle e Aquila, Quando eu era criança na fazenda, fui


a caçula por dez anos. Isso me trouxe algumas vantagens (como
não ter que trabalhar tão duro quanto meus irmãos, pelo menos até
que saíssem de casa) e algumas desvantagens (ao trabalhar com
meus irmãos, eles geralmente me davam ordens). Às vezes, havia
guerra total, como quando jogávamos ovos um no outro no
galinheiro, empurrávamos alguém na piscina ou atacávamos com
bolas de neve. Havia momentos bons, como quando recebia ajuda
para levantar um fardo de feno pesado ou para pegar meu cavalo no
campo. Minha irmã Linda me ensinou matemática e como contar as
horas. Chorei quando Maria saiu de casa, porque ela brigou com
meu pai. Ainda me lembro de Heidi colocando molho de queijo em
seu ovo cozido todas as manhãs. Siebren era um bom irmão. Levei
Joel para pescar muitas vezes no riacho. Hart... bem... ele sempre
foi diligente. Esses dias se foram agora, perdidos nos anos à
medida que todos crescemos e administramos nossas próprias
casas e famílias.
Por alguma razão, Deus me escolheu para ser uma das mais
jovens. Quando meu irmão Joel apareceu, dez anos depois, no
começo, eu fiquei muito feliz por ter um irmãozinho como eu pedia.
Minha alegria durou o tempo que levou para ele voltar para casa do
hospital, pois percebi que eu não era mais o bebê da família que
recebia maior atenção. Oh, que alegria é a ordem de nascimento!
Falando em ordem de nascimento, como sabemos, Gabrielle veio
em 1993 e Aquila em 1995, como Deus designou. Assim, Gabrielle
estava em Kansas City antes de Aquila e já administrava os
assuntos domésticos há três anos. Ela conseguiu fazer isso
perfeitamente? Não. Ela fez um bom trabalho? Sim.
Portanto, embora eu tenha certeza de que Gabrielle aprecia
novas ideias e assistência na administração da casa em Kansas
City, o fato é que, no fim das contas... Gabrielle é quem dá as
ordens ou define as regras, ou seja, a "abelha rainha" :) Então,
aproveitem seu tempo como irmãs, vivendo juntas em harmonia.
Felizmente, não há ovos de galinha para jogar uma na outra—bem,
não peguem na geladeira.
Antes que percebam, o tempo terá terminado e vocês estarão
casadas e terão seus próprios filhos, a quem estarão tentando
convencer a se darem bem. Ah, e sim, realmente queremos essa
bênção que o Senhor ordena (Salmo 133).

Com amor,
Sua mãe
ENTRETENIMENTO
Vou dizer aqui algo que pode gerar polêmica! Ao procurar
construir uma base sólida de amor na vida de nossos filhos, acredito
que um dos maiores fatores que dificultam a causa é a televisão,
videogame, dispositivos eletrônicos portáteis, uso excessivo de
computadores—em suma, um excesso de entretenimento. As telas
de TV são tragicamente usadas como babás para crianças e até
jovens. Eles não apenas podem introduzir muitas ideias e filosofias
anticristãs, mas também podem substituir a comunicação e a
interação face a face com os pais e os irmãos.
John e eu tivemos tanta convicção a esse respeito que
simplesmente nos livramos da nossa TV há muitos anos. Em vez de
um bombardeio de imagens na enorme tela central de muitas salas
de estar, conversamos com nossos filhos, jogamos vários jogos de
tabuleiro e de cartas, saímos para a academia ou praticamos
esportes ou exercícios juntos, passeamos com o cachorro ou
fazemos compras juntos. Nossos filhos aprenderam a ser bons
leitores, estudantes da Bíblia e se interessam por conversas com
pessoas reais e não em desperdiçar a vida num mundo virtual,
jogando com alguém em algum lugar em outra tela.
Certa vez, fiquei na casa de uma família cujo filho de 23 anos só
saía do quarto (onde estava jogando jogos de computador online)
para comer. Eu estava lá no aniversário dele e, mesmo depois do
bolo e das velas, ele voltou para o quarto para voltar ao computador.
Eu me senti triste no meu espírito. Partes inteiras desta geração não
estão aprendendo a perseguir seu destino ou interagir no mundo
real. Eles são excessivamente entretidos no mundo virtual.
Os pais de crianças pequenas devem começar a ensinar esta
lição cedo. Defina um limite de tempo para o uso da TV, do
computador e de eletrônicos. Monitore de perto quais músicas eles
ouvem, o que assistem e o que fazem.
Temos em nossa casa uma regra de que nossos filhos não devem
ouvir música não cristã. Pode haver algumas exceções, como
músicas de qualidade que ocasionalmente ouvem, que não são de
natureza negativa. No entanto, dissemos a eles que há muita
música cristã de boa qualidade que eles podem escolher. Na minha
van, sempre há música cristã de boa qualidade que nossos filhos
também acham atraente. Em nossa casa, costumamos sintonizar na
transmissão de adoração e oração online, gratuita e contínua da
Casa Internacional de Oração (ihopkc.org/prayerroom).
Como fonte de entretenimento, compramos muitas das séries
Odyssey em áudio da Focus on the Family ou outras produções em
áudio (focusonthefamily.com). Temos computadores nos quais
assistimos filmes, que muitas vezes adquirimos na livraria local ou
online. Os filhos mais novos precisam pedir permissão para assistir
a um filme. John e eu usamos nosso discernimento em filmes que
não vimos ou pesquisamos na internet para obter informações
detalhadas sobre o conteúdo de um filme em particular.
Costumamos ir ao cinema em família e gostamos de apoiar filmes
familiares ou cristãos de qualidade.
No momento em que escrevo estas páginas, nosso filho mais
velho tem 23 anos e o mais novo tem 11 anos. Temos visto como os
padrões que estabelecemos para nossos filhos quando eles eram
jovens se mantiveram na idade adulta.
As crianças nascem com uma natureza sensível, como uma tela
em branco que nós, como pais, temos o privilégio de pintar e
proteger. Na medida em que buscamos imprimir nessa tela uma
fome pela presença de Deus, por ouvir Sua voz e conhecer Seu
amor, é crucial manter essa sensibilidade e aumentá-la através do
que entra em seus olhos, ouvidos e mentes.
O PODER DA ALEGRIA
“A alegria do Senhor é a força de vocês” (Ne. 8.10). Desfrutar da
vida faz parte de nossa herança no Senhor. Deus não nos quer
deprimidos, miseráveis e vivendo a vida com medo. A alegria é um
dos frutos do Espírito e "o coração alegre é bom remédio" (Pv.
17.22).
Quando há alegria, risos e diversão fluindo em nossos lares e
vidas, nossos filhos e aqueles que lideramos seguirão esse padrão
e viverão vidas alegres. Durante o tempo em que trabalhei como
enfermeira, vi como a depressão pode ser um problema geracional
e literalmente rouba pais e mães das famílias ou remove o prazer da
vida em família. Há momentos em que a intervenção médica é
necessária, introduzindo, por exemplo, a administração de
antidepressivos que ajudam a equilibrar os hormônios e auxiliar a
pessoa a passar por um tempo de dificuldades. Também acredito
que há momentos de ataques espirituais que visam roubar a alegria
das pessoas que devem ser resistidos pela oração e pela cura das
raízes do desânimo.
Devemos estar determinados a aproveitar a vida ao máximo, não
importando quais sejam as nossas circunstâncias. A verdadeira
alegria vem do Espírito em nosso interior. Como ouvi Mike Bickle
dizer: "Deus se alegra principalmente em não estar triste".
Quando o Espírito Santo caiu poderosamente em Toronto, em
janeiro de 1994, uma de suas manifestações foi que as pessoas
riam de forma incomum. Vi literalmente milhares de pessoas numa
reunião explodirem em risadas espontâneas e incontroláveis. Alguns
rolaram no chão com o vendaval de alegria. Outros não conseguiam
andar adequadamente, totalmente envolvidos pelo Espírito Santo. O
Senhor usou esse mover do Espírito, do qual tive o privilégio de
fazer parte, para me ensinar muitas lições. Uma delas foi sobre
como Deus é divertido. Ele adora rir. Ele adora quando estamos
cheios de sua presença e cheios de sua alegria. Da mesma forma,
nossos lares, cheios de alegria e risos, ensinam às crianças como
Deus é divertido e como a vida é maravilhosa quando vivida em
abundância (Jo. 10.10).
Uma vez, nossa filha Zoe chegou da casa de uma amiga e nos
disse que a família dela ria muito mais que a nossa. Embora eu não
incentive a comparação, essa afirmação me deixou determinada a
dar mais risadas junto com minha família. Nas casas onde eu e
John fomos criados, não havia muitas risadas, e nós não podemos
ser descritos como comediantes. No entanto, podemos ajudar a
promover a alegria e o riso em nossas casas, se assim o
desejarmos. Como diriam nossos filhos, John conta piadas bregas.
Decidi rir delas, mesmo que não pareçam engraçadas, porque
qualquer oportunidade de rir é boa. Eu rio de novo quando um de
nossos filhos diz pela quarta vez: “Quando o bebê camelo nasce
sem corcovas (em inglês, humps), como seus pais o chamam?
Humphrey!"
Às vezes, nossa filha com necessidades especiais faz coisas
estranhas, seja em casa ou em público. Aprendemos que é muito
mais divertido rir com ela do que nos sentirmos incomodados por
seu comportamento. Sim, corrigimos quando precisamos corrigir,
mas há momentos em que você precisa apenas rir.
Às vezes, assistir a um filme de comédia que seja puro, ou jogar
um jogo de tabuleiro agradável, ou reunir-se com amigos para
simplesmente rir é exatamente o que precisamos. John e eu tivemos
uma sólida formação holandesa sobre a ética no trabalho. Em
outras palavras, trabalhamos intensamente. Descobrimos anos atrás
que precisávamos nos ensinar a nos divertirmos intensamente
também. Férias, momentos de descontração, guerras de
travesseiros, viajar em família para ver as Cataratas do Niágara
novamente (fica a uma hora de carro de nossa casa), ou qualquer
ideia criativa que o Senhor nos dê para promover risadas e
momentos divertidos, também são muito espirituais.
Que estejamos determinados a promover a alegria da vida em
nossas vidas e lares. De fato, mesmo quando as trevas procuram
cobrir a terra, Deus se senta nos céus e ri (Sl. 2.4).

O TESTEMUNHO DA PRÓXIMA GERAÇÃO


Zoe Bootsma, nossa filha de quatorze anos
Eu cresci, junto com o resto da minha família, sem que tivesse
uma TV para me distrair. As pessoas geralmente ficam surpresas e
confusas quando ouvem isso. Elas costumam fazer perguntas
como: "Como você se diverte?", "o que você faz nas manhãs de
sábado?", "você apenas assiste a filmes?", ou "você não está
sempre entediada?"
Entediada. Essa é uma palavra tão sombria. Ninguém deveria ter
que ficar entediado. Não é por isso que, quando criança, nossa
imaginação é uma parte tão importante de nossa vida? Podemos
correr e imaginar que somos qualquer coisa ou alguém que
queremos ser. Mas se estamos sempre sentados assistindo os
resultados da imaginação de outra pessoa, quando poderemos
aprender a usar a nossa?
Eu reclamava com frequência que todos os meus amigos tinham
TV e não era justo que eu não pudesse fazer o que eles podiam.
Eles podiam assistir a quantos filmes quisessem, mas eu só podia
assistir a um ou dois por semana. Eles podiam jogar no computador
o tempo todo, mas eu só tinha trinta minutos por dia. Eles sempre
podiam fazer algo que eu não podia. Agora eu percebo que era o
contrário. Eles não fizeram o que eu poderia fazer.
Não tendo eletrônicos para me divertir sempre, fui forçada a
descobrir novas maneiras de fazer isso no meu tempo livre. Em dias
de tempo bom, eu corria pela floresta e procurava veados de cauda
branca a caminho de uma fazenda onde eu via cavalos. Ou
caminhava pela rua até o playground e brincava com outras
crianças. Eu fingia com meus amigos que fazíamos parte de uma
família que estava presa numa ilha e que tínhamos que construir
uma casa na árvore para ficar longe de todos os animais selvagens
que estavam à espreita. Às vezes, eu me sentava no balanço com
os olhos fechados e imaginava que podia voar e flutuava nas
nuvens com Jesus, bebendo chá.
No entanto, meus amigos estavam deixando de lado as atividades
da infância. Eu não faço mais nenhuma dessas coisas, mas gosto
de ler e escrever. Nós vamos para a biblioteca uma vez por semana
para pegar livros. Eu leio, leio e leio. Depois de desenvolver meu
cérebro através da leitura, me vi bem à frente do resto da minha
turma na aula de literatura. Incomodava-me quando meus colegas
de classe tropeçavam nas palavras que eu achava tão fáceis de
pronunciar e levavam muito tempo para ler um parágrafo simples.
A leitura não só me ajudou na escola, mas também continuou a
desenvolver minha imaginação, mesmo depois que não mais
brincava. Comecei a formar narrativas em minha mente e depois
transformei essas narrativas em histórias. Eventualmente, o papel
passou a ser insuficiente para contar essas histórias e, em um
Natal, meus pais me abençoaram com meu próprio laptop. Esse
presente me ajudou a praticar meu talento dado por Deus de
escrever, e um dia espero publicar um livro best-seller.
E se eu tivesse ficado o dia inteiro assistindo TV? Isso não
apenas deixa as crianças mal humoradas e mal comportadas, como
também afasta nossa imaginação até que todo nosso único desejo é
sentar e brincar num dispositivo eletrônico. Para mim, crescer sem
TV foi uma bênção disfarçada.
Intercessão e declarações proféticas
A morte e a vida estão no poder da língua.
Provérbios 18.21

Minha irmã me disse: “Quando vejo alguém vivendo sem rumo ou


enfrentando lutas para cumprir seu destino, acho que muitas vezes
a causa por trás disso é um pai ou mãe que não ora”. Ela pode
muito bem estar certa.
É difícil enfatizar demais a importância da intercessão por nossos
filhos. A oração de qualquer pessoa em favor de nossos filhos será
eficaz e prestativa. No entanto, há algo de especial na autoridade
que um pai ou mãe detém perante a corte celestial para liberar
bênçãos sobre seus filhos. Que possamos tornar uma disciplina
diária passar um tempo em oração por nossos filhos ou por aqueles
que lideramos.
Orar as Escrituras é uma ferramenta útil. O próprio Senhor disse
em Isaías 55.11: “assim será a palavra que sair da minha boca: não
voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará
naquilo para que a designei”. Quando concordamos com as
Escrituras em nossas orações e declarações sobre nossos filhos, o
poder da Palavra de Deus é liberado em suas vidas.
A oração de um homem pouco conhecido nas Escrituras, Jabez,
está escondida no meio de uma lista de genealogias longas em 1
Crônicas 4. O versículo 9 diz que Jabez era mais honroso que seus
irmãos. Ele invocou o nome do Senhor, e Deus concedeu a ele o
que ele pediu. Creio que Deus anseia por honrar nossos filhos e
conceder a nós e a eles o que pedimos. Nós apenas precisamos
realmente pedir, buscar e bater. Para mim, a pequena oração de
Jabez é muito útil. Inserindo seus nomes, eu oro diariamente por
John, por mim e por cada um de nossos filhos (e agora nossa nora e
netos). Por exemplo: "Oh, que você de fato abençoe Judah e
aumente o seu território, que sua mão esteja com Judah e que você
o guarde do mal, para que ele não cause dor". Na verdade, leva um
tempo agora com seis filhos e dois netos e provavelmente mais por
vir! No entanto, sinto a unção quando começo minhas orações
diárias dessa maneira. Eu sei que estou acessando o poder do
Espírito Santo liberado sobre minha família enquanto oro pelo poder
da Palavra de Deus.
Uma vez que a oração libera o poder e as bênçãos de Deus, você
pode vê-la como uma forma de medicina preventiva. Quando nosso
filho completou dois anos, os amigos diziam: "Cuidado com os
terríveis dois anos". De alguma forma, isso não parecia o desígnio
ou a verdade de Deus para o nosso filho, e começamos a orar pelos
“maravilhosos dois anos” —e foi isso que recebemos! Quando
nossos filhos começaram a se tornar adolescentes, John e eu
oramos para que não tivéssemos um dia de adolescência rebelde.
Dos seis filhos, cinco já passaram pela adolescência ou ainda estão
neles, e podemos dizer honestamente que não vivenciamos um dia
de rebelião na adolescência.
Como mãe, minha tentação diante de qualquer febre, dor de
garganta ou doença é procurar o Tylenol ou ligar para o médico. No
entanto, gostaria de incentivar a oração por cura como primeira linha
de defesa. Sendo formada em enfermagem, não sou contra ajuda
ou intervenção médica e sou feliz pelo maravilhoso sistema de
saúde canadense que temos. No entanto, prefiro não precisar usá-
lo!
Se seu filho ou aqueles que você lidera estão enfrentando um
problema específico, ore a respeito. Deus é certamente o melhor em
solucionar problemas, ser pai e curar. Ele também ama nossos
filhos mais do que nós. Intercessão pelo futuro de nossos filhos, por
seus futuros casamentos e pelo chamado de Deus para eles libera
bênçãos divinas.
Temos uma pequena tradição em nossa família cada vez que
partimos numa viagem. Na van, quando partimos, cada um de nós
ora, do mais velho ao mais novo, pela proteção e bênção de Deus e
por detalhes específicos que alguém pensa em orar. Em uma
viagem ao norte de Toronto, nossa filha orou para ver um alce. E
vimos um alce ao lado da estrada! Estou impressionado com a
forma como este pequeno exercício não apenas invoca as bênçãos
de Deus, mas também dá propriedade a cada criança.
“Todos os seus filhos serão ensinados pelo Senhor, e será grande
a paz de seus filhos” (Isaías 54.13).

DECLARAÇÕES PROFÉTICAS E DE VIDA

O velho ditado “paus e pedras podem quebrar meus ossos, mas


palavras nunca me machucarão” realmente não é verdadeiro. As
palavras são poderosas, especialmente quando faladas sobre nós
por figuras de autoridade em nossas vidas, como mães e pais.
Recentemente, ouvi um pregador declarar que já nos primeiros anos
de sua vida lhe disseram que ele nunca chegaria a lugar algum.
Essas palavras o marcaram por muitos anos, enquanto ele tentava
quebrar essa maldição verbal sobre sua vida e destino.
Tiago 3 fala principalmente da natureza destrutiva e
contaminadora da língua, comparando-a a uma força pequena, mas
poderosa, como as rédeas na boca de um cavalo ou o leme de um
navio. Somos advertidos a andar em maturidade espiritual,
dominando nossas línguas (3.1–2) e não permitindo que maldições,
além de bênçãos, saiam de nossas delas (3.10).
É difícil enfatizar demais a importância das palavras que falamos
sobre nossos filhos. De fato, identidades e destinos são formados e
destruídos pelas declarações feitas pelos pais. Acredito que as
mulheres que leem este livro aspiram ser uma mulher de Provérbios
31. Veja o que diz o versículo 26: "Fala com sabedoria, e a instrução
da bondade está na sua língua".
Se nós mesmos fomos alvo de palavras destrutivas, precisamos
nos esforçar para mudar isso nas famílias que estamos formando e
acabar com os padrões de negatividade. Fui criada numa família em
que cada irmão tinha um apelido depreciativo. Sendo a mais nova
por dez anos antes de meu irmão mais novo nascer, o meu era runt,
que significava ser o menor filhote da ninhada que estava sempre
tentando acompanhar os irmãos. Esse e vários outros rótulos
negativos me levaram a ter dificuldade em conhecer a verdade de
quem eu realmente era e o destino que Deus tinha para mim.
Felizmente, através do poder do perdão, do arrependimento por
acreditar em mentiras e do poder do Espírito Santo para quebrar os
efeitos, pude receber cura e ver os rótulos quebrados em minha
vida. Minha jornada de aprender a submeter minha língua à
liderança do Espírito Santo foi longa, mas valeu a pena.
O primeiro passo, intimamente ligado aos nossos pensamentos, é
parar de falar em negatividade. Humilhar-nos e pedir perdão a
nossos filhos quando erramos em nossas palavras ou ações sempre
ajuda bastante na restauração, mesmo que o perdão seja liberado
anos depois.
Lembro-me de Jack Frost, que pregava a mensagem do coração
paterno de Deus, contando que quando o Senhor impactou sua
vida, ele sabia que precisava pedir desculpas por ser um pai
exigente e severo para cada um de seus filhos. A restauração do
relacionamento que veio como resultado dessa postura transformou
a vida de seus filhos.
Em uma busca por criar filhos de excelência, deve-se evitar
declarações de caráter negativas. Em vez disso, podemos dar
diretivas necessárias sobre certos comportamentos. Por exemplo,
ao invés de afirmar: “Você é rebelde; você nunca faz o que eu digo",
a advertência pode ser: "Você não limpou seu quarto como eu pedi.
Por favor, faça isso agora". Da mesma forma, não permitíamos que
nossos filhos falassem declarações negativas sobre si mesmos ou
sobre os outros. Por exemplo, ouvimos nossa filha Aquila dizendo:
"Eu não sou boa em matemática". Corrigimos rapidamente essa
afirmação negativa, pedindo que ela se arrependesse de ter dito.
John e eu dissemos a ela que ela poderia dizer que precisava de
ajuda com seu trabalho de matemática, acrescentando: "Você é
inteligente e, ao se aplicar, entenderá esses conceitos". Naquele
ano, Aquila teve noventa e oito por cento de aproveitamento em
matemática, por isso vimos em primeira mão o poder de ajudar
nossos filhos a mudar seu discurso.
Acabar com declarações negativas é importante, mas é apenas
metade da equação. Falar palavras positivas ou que dão vida é o
que ajuda a liberar o poder da bênção.
O Senhor nos diz em Deuteronômio 30.14–15 e 19: “Pois esta
palavra está bem perto de vocês, na sua boca e no seu coração,
para que vocês a cumpram. Vejam! Hoje coloco diante de vocês a
vida e o bem, a morte e o mal. [...] Hoje tomo o céu e a terra por
testemunhas contra vocês, que lhes propus a vida e a morte, a
bênção e a maldição; escolham, pois, a vida, para que vivam, vocês
e os seus descentens”. Esta passagem (e muitas outras
semelhantes) mostra o poder da Palavra de Deus em nossas bocas,
pronunciada sobre nós mesmos e sobre nossos filhos, para liberar
vida. Isso pode se dar pela declaração da Palavra de Deus escrita
sobre eles e, eu creio, também a palavra profética de Deus.
Mesmo quando ainda estavam no ventre, John e eu
começávamos a declarar vida sobre nossos filhos. Todos os dias da
vida de nossos filhos, falamos sobre eles dando-lhes vida, seja
pessoalmente ou simplesmente em nosso tempo de oração por
eles.
Anos atrás, desenvolvi uma mistura de passagens bíblicas e
outras palavras de vida que declararia sobre meus filhos todos os
dias em conversa face a face. Ainda hoje o faço regularmente pelo
Skype com nossos filhos mais velhos que não moram mais em
casa. É assim: “Você é cabeça e não cauda. Você está acima e não
abaixo. Você emprestará para muitas nações e nunca precisará
tomar emprestado. Tudo em que você colocar as mãos prosperará e
será bem sucedido. Você é abençoado e é uma bênção aonde quer
que vá. O fruto do Espírito vive dentro de você. Você anda no favor
de Deus e dos homens. As portas do Senhor se abrem para você.
Você é inteligente e entende seus trabalhos escolares. Você se
casará apenas com quem o Senhor tem para você. Você é um
Bootsma—você é separado para a justiça”.
Fico impressionada com o impacto dessa pequena declaração em
nossos filhos e em como eles aprenderam a valorizar as
declarações de seus pais. Nosso filho mais velho, Judah, agora
declara isso sobre seus dois filhos pequenos. Uma colega de
faculdade de nossa filha Gabrielle me ouviu declarando sobre ela
durante uma conversa no Skype. Ela anotou para declarar a si
mesma (exceto a parte Bootsma). Ela, então, passou a contar a
toda a classe sobre as declarações, e eles pediram que Gabrielle
declarasse isso sobre eles! Verdadeiramente crianças,
adolescentes, jovens adultos—na verdade, qualquer pessoa—
anseiam pelo poder da bênção.
Passagens como as descritas a seguir revelam que devemos lutar
pelo nosso destino no Senhor e ver o cumprimento das palavras
proféticas proferidas sobre nós, e a guerrear pelas palavras e
destinos proféticos de nossos filhos e daqueles que lideramos:
“Deus... chama à existência as coisas que não existem” (Rm. 4.17).
“Esta é a admoestação que faço a você, meu filho Timóteo,
segundo as profecias que anteriormente foram feitas a seu respeito:
que, firmado nelas, você combata o bom combate” (1 Tm 1.18).
Declaração é uma forma de oração na qual simplesmente falamos
as coisas que sabemos estarem de acordo com a palavra de Deus.
Tenho muitas declarações detalhadas que digo/oro por mim mesma,
por John, nossos filhos, nossa igreja, pessoas em nossa esfera de
influência e até mesmo sobre a nação do Canadá. Também temos
declarações detalhadas que fazemos sobre cada um de nossos
filhos, de acordo com as profecias sobre suas vidas, sobre
necessidades que eles podem ter num determinado momento e/ou
desejos que temos por eles. Uma de minhas declarações gerais em
minha vida diária de oração sobre todos os nossos filhos é: “Nossos
filhos são apaixonados por Deus. Eles buscam o Senhor, vivem o
grande mandamento e a Grande Comissão. Eles se casam apenas
com quem o Senhor tem para eles e andam na plenitude de seu
destino. Seus cônjuges são apaixonados pelo Senhor e andam na
plenitude de seus destinos. Nossos filhos crescem no favor de Deus
e dos homens. As portas do Senhor se abrem para eles. O Senhor
protege John, eu e nossos filhos. Andamos em plenitude de saúde e
cura e prosperamos em todas as coisas do Senhor. Nenhuma arma
forjada contra nós prosperará, e toda língua que se levantar contra
nós em juízo o Senhor condenará. “‘Esta é a herança dos servos do
Senhor e a sua justiça que procede de mim’, diz o Senhor" (Is.
54.17)”.
Vimos em primeira mão os efeitos dessas palavras de bênção.
Nosso filho Judah é tanto o pastor de jovens da igreja onde John e
eu anteriormente ministrávamos como também trabalha no escritório
de uma empresa de torres de telefonia celular. Recentemente, um
homem daquela empresa me contou que o proprietário que
contratou meu filho disse que o fez em parte porque desejava que o
favor da vida de Judah estivesse em sua companhia. As portas se
abriram para nossos filhos, e vimos a mão do Senhor se movendo
em seu favor. Por exemplo, nossos três filhos mais velhos juntos
receberam ao todo seis bolsas de estudo diferentes em escolas
ministeriais, escolas de missões ou universidades. Isso é favor!
Se nossos filhos estão passando por algum problema de saúde,
declaramos cura e, na maioria das vezes, ela acontece. Nossa filha
mais nova, Glory Anna, nasceu com uma protuberância na boca,
que descobrimos ser chamada de rânula e só poderia ser reparada
cirurgicamente mais tarde. Não gostamos da ideia de nossa filha
precisar se submeter a uma cirurgia, então começamos a orar e
decretar que a rânula seria removida e a cura chegaria. Demorou
quatro anos, mas de repente a protuberância desapareceu e Glory
Anna não precisou da cirurgia.
Nossa filha Gabrielle recebeu um diagnóstico de uma
protuberância, possivelmente um tumor, na tireoide. Um médico
naturopata ficou convencido de que era cancerígeno, um ultrassom
mostrou um volume significativo e nos disseram que ela precisaria
de uma cirurgia para remover completamente a tireoide. Aquele foi
um chamado à oração, jejum e declaração de cura sobre nossa
filha. Nossa equipe da casa de oração, amigos amorosos e família
lutaram conosco. Recebi grande auxílio para lidar com meu conflito
interior entre a fé e o medo por meio de declarações diárias da cura
de Gabrielle.
Semanas depois, durante outro ultrassom, feito a fim de obter
uma biópsia, um milagre foi revelado. O tumor desapareceu
completamente sem intervenção médica!
Quando uma de nossas filhas começou a lamentar por não ter
amigos suficientes, eu a encorajei a tomar o controle da situação e
declarar amizades novas e piedosas em sua vida. Ela fez isso e, em
pouco tempo, uma família em que havia uma menina da idade dela
se mudou para perto de nossa casa e outra se tornou sua amiga na
igreja. Na verdade, mudamos nossas vidas quando mudamos as
palavras que falamos.

VIVENDO O DESTINO PROFÉTICO


"Porque muitos são chamados, mas poucos são escolhidos",
disse Jesus (Mt. 22.14). O que isso significa? Eu acredito que isso
diz respeito ao fato de que nós, como crentes, temos um grande
chamado de Deus para nossas vidas, mas poucos estão realmente
buscando e escolhendo vivê-lo. Parte disso significa pagar o preço
da fé, obedecer e guerrear por nosso destino e o daqueles que nos
rodeiam.
O chamado de Deus em nossa vida ou o destino de Deus para
nossos filhos está condicionado à nossa resposta (ou à deles).
Podemos ver os aspectos condicionais da profecia ou do destino
em muitas passagens das Escrituras. A vida de Salomão é um
exemplo. O Senhor chegou a Salomão duas vezes. Na primeira vez,
ele apareceu num sonho e perguntou a Salomão o que ele queria (1
Rs. 3.5). Salomão respondeu que queria um coração sábio (que
literalmente significa ouvir) para julgar e liderar o povo. O Senhor
ficou satisfeito com esse pedido e deu a Salomão não apenas
grande sabedoria, mas também riquezas e honra. A segunda visita
é registrada em 1 Reis 9, depois que Salomão dedica o templo ao
Senhor. Aqui o Senhor coloca a necessidade da obediência.

“Se você andar diante de mim como fez o seu pai Davi, com
integridade de coração e com sinceridade, fazendo segundo tudo o
que lhe ordenei e guardando os meus estatutos e os meus juízos,
também confirmarei o trono do seu reino sobre Israel para sempre,
como prometi a Davi, seu pai, dizendo: ‘Nunca lhe faltará sucessor
ao trono de Israel.’ Porém, se vocês ou os seus filhos se afastarem
de mim e não guardarem os meus mandamentos e os meus
estatutos, que eu lhes prescrevi, e se servirem outros deuses e os
adorarem, então eliminarei Israel da terra que lhe dei, e lançarei
para longe da minha presença este templo, que santifiquei ao meu
nome. E Israel virá a ser motivo de provérbio e de escárnio entre
todos os povos” (1 Rs. 9.4-7).

Observe os aspectos condicionais desta profecia.


Infelizmente, mesmo que o Senhor tenha aparecido duas vezes a
Salomão, dando-lhe sabedoria e bênçãos, ele tomou para si mil
esposas e concubinas, pelas quais ele “se apegou pelo amor” (1 Rs
11.2). Suas esposas estrangeiras afastaram seu coração do Senhor.
O Senhor ficou irado com Salomão, e este foi o início da queda da
dinastia davídica. Salomão e seus descendentes não viram o
cumprimento da palavra do Senhor devido à desobediência e por se
desviarem do caminho apontado por Deus para eles.
Uma solução em três partes para vencer o mal é revelada em
Apocalipse 12.11: "Eles o venceram por causa do sangue do
Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e,
mesmo diante da morte, não amaram a própria vida". Além do que
foi realizado por nós na cruz e de nossa entrega de todo o coração,
essa passagem também cita nosso testemunho como parte da vida
de um vencedor. A palavra "testemunho" significa atestado histórico
ou evidência. Qual é o testemunho que damos sobre nós e nossos
filhos? Nossas palavras afetam aqueles que nos rodeiam, ajudando-
os a caminhar em vitória ou dificultando seu caminho para a vitória.
Desprezar ou apontar falhas constantemente traz desânimo, o que
enfraquece o espírito. Incentivo e declarações de vida nos edificam
e nos ajudam a vencer.
Nossas palavras (que se originam de nossos corações e sistemas
de crenças) são poderosos catalisadores ou impedimentos para as
profecias se tornarem verdadeiras sobre nossas vidas e as vidas de
nossos filhos. Céu e inferno estão ambos procurando por
concordância por parte do ser humano. Com quem concordaremos
em nossas mentes e em nossas bocas? As implicações são a morte
ou a vida (Pv. 18.21).

TESTEMUNHOS DA PRÓXIMA GERAÇÃO

Judah Bootsma, nosso filho de 23 anos


Stratford, Canadá
Receber uma declaração de bênção de seus pais todas as
manhãs enquanto você se prepara para a escola, sai pela porta ou
termina uma ligação não é algo trivial. A mesma oração sempre
esteve comigo: “Você é cabeça e não cauda, está acima e não
abaixo. Você emprestará para muitas nações e nunca precisará
tomar emprestado. Tudo em que você coloca suas mãos prosperará
e será bem sucedido. Você é altamente favorecido pelo Senhor.
Você é um Bootsma—separado para a justiça....”.
Na medida em que você ouve, começa a acreditar e a cumprir
essas palavras. Hoje tenho dois filhos e declaro o mesmo sobre eles
quando saio para trabalhar. Percebo como a tendência já está se
definindo. Meu filho de dois anos é corajoso, inteligente, líder e fala
com autoridade e sabedoria muito além da idade.
Seis anos atrás, comecei a dizer decretos sobre minha vida.
Comecei a declarar qualidades sobre minha vida, de minha futura
esposa, e sobre quem eu sou e quem deveria me tornar. Vi essas
palavras ressoarem e tomarem forma na minha vida e no que eu
fazia. Afirmei coisas como: "Estou livre de fortalezas e vícios". Isso
trouxe muita liberdade para diversas áreas da minha vida. Também
decretei: "Estou me guardando para minha esposa e ela está se
guardando para mim". Adivinha? Aconteceu!

Bethany Bootsma, esposa de Judah

Meus pais acreditavam na seguinte premissa: "Se você não pode


dizer nada de bom, não diga nada". Meu pai sempre foi muito
animador ao dizer às filhas que elas eram bonitas, gentis, pacientes,
etc. Minha mãe costumava dizer: “Sua qualidade mais duradoura
hoje é... generosidade” (ou o que ela via naquele dia). Sinto o
impacto dessas palavras hoje e agora falo e ensino encorajamentos
semelhante aos meus filhos.

Kailyn D'Orazio, 24 anos, líder de adoração e


fotógrafa

Stratford, Canadá
Testemunhei em primeira mão o poder das palavras. Eu
costumava me perguntar por que as coisas na minha vida não
estavam indo do jeito que eu queria. Eu costumava me perguntar
por que todos ao meu redor conseguiam as coisas que desejavam e
eu não. Quando era estagiária sob a liderança de Patricia (também
conhecida carinhosamente como minha Mama Boots), eu a ouvia
falar regularmente sobre declarações proféticas e como suas
palavras—e a palavra de Deus—podem afetar sua vida. Ela falou
sobre como podemos decretar e declarar as boas coisas de Deus
que acontecerão em nossa vida. Ela ensinou que escrever essas
coisas e declará-las diariamente em minha vida permitiria que meu
coração e minha mente pudessem se concentrar nas coisas boas de
Deus, em suas promessas e no que Ele diz sobre minha vida. Ela
compartilhou como essas coisas se tornariam realidade em minha
vida.
Comecei escrevendo versículos da Bíblia, colocando meu nome
neles e recitando-os sobre mim mesma. Comecei, então, a tomar
posse de minhas palavras proféticas que pessoas haviam falado e
as promessas de Deus, a extrair frases chave e a recitá-las também.
Coisas como: “Sou uma com o Senhor e isso me define”, “Deus me
concederá os desejos do meu coração porque Ele me ama”,
“entrarei no chamado, destino e plenitude daquilo que o Senhor
escolheu", e "terei alegria em todos os meus dias". Eu declarei
promessas e verdades nas quais eu poderia colocar meu coração e
minha mente. Até comecei a escrever coisas sobre meus futuros
marido e filhos. Coisas como: "Meu marido é um homem
apaixonado, que ama a Deus e é temente a Deus, que me amará
como Cristo ama a igreja", e “meus futuros filhos servirão ao Senhor
todos os dias de suas vidas”.
Bem, adivinhe? Funcionou. Realmente funcionou. Essas verdades
estão assentadas no fundo do meu coração e agora vivo sabendo
quem sou e a quem pertenço. Minha vida é maravilhosa e meu
relacionamento com Deus é mais forte e profundo a cada dia, à
medida que cultivo sua Palavra e suas promessas em meu coração
e mente. Em setembro, vou me casar com um homem maravilhoso,
apaixonado por Deus e que me ama excepcionalmente bem, e
nossos futuros filhos servirão ao Senhor todos os dias de suas
vidas! Hoje ando em favor e certeza de identidade que antes eu não
tinha.

Marta Soderberg, 24 anos, missionária


Pemba, Moçambique
Por mais de dois anos morei com o Bootsmas. Quase todas as
manhãs, eu acordava com John e Patricia declarando e falando a
verdade sobre seus filhos enquanto eles saíam para a escola (meu
quarto ficava perto do corredor).
Certa manhã, senti que Deus disse: “Você já entendeu? Se John
e Patricia fazem declarações com tanta paixão e fidelidade sobre
seus filhos todas as manhãs, quanto mais eu desejo que você
acorde com meus decretos por você, minha amada?” Adoro acordar
ouvindo a voz do Pai decretando sua verdade sobre mim e adoro
concordar com Ele. Como tive essa revelação do Pai falando quem
sou, toda vez que abro os olhos pela manhã, sinto que vivo a partir
de um lugar de realeza e valor que não sinto necessidade de provar.

Cerys Gemma, líder de Escola Ministerial, 26 anos

Gales, Reino Unido


Recentemente, mudei-me para Toronto para frequentar a Escola
Ministerial Catch the Fire Toronto. Uma das nossas palestrantes foi
Patricia Bootsma. Ela nos ensinou sobre a importância de fazer
declarações piedosas e bíblicas sobre nossas vidas. Eu sabia que
isso era uma revelação que eu precisava aplicar à minha vida.
As áreas em que eu particularmente precisava de avanço eram
saúde e finanças. Durante muitos meses, sofri de uma doença
estranha, para a qual os médicos disseram que não havia
explicação. Também tive lutas com o medo por muitos anos. Em
relação às finanças, eu estava numa espiral de dívidas desde os
dezoito anos. Eu devia muito dinheiro em meus cartões de crédito e
num empréstimo bancário.
Depois de ouvir os decretos, passei um tempo com o Senhor e
descobri quais deveriam ser meus decretos. Comecei a falar com fé
todos os dias. Alguns dos meus decretos incluíam: “Ele foi
espancado para que pudéssemos ser restaurados. Ele foi açoitado
para que pudéssemos ser curados (Is. 53). Espero não estar
doente, creio que sou perdoada, aceito que sou boa o suficiente,
confio que Deus é suficiente para mim". "Sou destemida e tenho boa
autodisciplina, 'porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas
de poder, de amor e de moderação'" (2 Tm. 1.7). "Sou uma boa
administradora de finanças. [Deus] suprirá e aumentará as
sementes e multiplicará os frutos da justiça de vocês'” (2 Co. 9.10).
Em alguns meses, comecei a ver um avanço significativo.
Primeiro, minha saúde estava melhorando e meus níveis de energia
aumentavam dramaticamente. Eu também vi o medo sair da minha
vida diária. Em relação às minhas lutas financeiras, tive revelação
sobre minha atitude em relação ao dinheiro. Deus me pediu para
confiar nele e parar de buscar suprir minhas próprias necessidades,
colocando as coisas no cartão de crédito. Minha perspectiva e
coração foram transformados. Continuei declarando, orando e
confiando. Um dia, recebi uma ligação de uma fonte inesperada. Era
uma pessoa dizendo que queria pagar toda a minha dívida! Deus
veio em meu auxílio. Ele provê abundantemente minhas
necessidades.
O poder da bênção
Vocês foram chamados, a fim de receberem
bênção por herança. 1 Pedro 3.9

O poder da bênção é claramente demonstrado nas Escrituras,


começando no jardim do Éden, quando Deus abençoou Adão e Eva,
ordenando que fossem frutíferos, se multiplicassem, enchessem a
terra e dominassem sobre ela (Gn. 1.28). A bênção da aliança
abraâmica dada por Deus, registrada em Gênesis 12 e repetida em
Gênesis 17, foi chamada de “aliança eterna” (Gn. 17.19), que seria
transmitida através de Isaque e ao longo das gerações, e é aplicável
ainda hoje. A bênção dos pais, principalmente do pai para os filhos,
foi considerada de importância monumental. A bênção cerimonial
que Isaque deu a Jacó (Gn. 27.29) não pôde ser retirada, embora
Esaú angustiado quisesse que a bênção fosse dele. Jacó (Israel),
por sua vez, profeticamente abençoou seus filhos (Gn. 49),
colocando-os no caminho certo para cumprir seus papéis dados por
Deus como líderes das doze tribos de Israel.
O próprio Deus Pai falou com voz audível sobre Jesus, seu Filho,
ao entrar nas águas do batismo, afirmando: “Você é o meu Filho
amado; em você me agrado” (Lc. 3.22). Note que, neste ponto,
Jesus não havia jejuado, realizado milagres ou pregado um sermão.
Esse foi um reconhecimento incondicional da identidade e das
bênçãos, independente do desempenho.
Identidade diz respeito à pergunta: "Quem sou eu?", e destino diz
respeito a: "Por que estou aqui?". Deus e Satanás dão a elas
respostas totalmente diferentes. Lembre-se, céu e inferno estão
ambos em busca de concordância por parte do ser humano.
Basicamente, a bênção é a transmissão de identidade e destino
de Deus, e maldição é a transmissão de identidade e destino de
Satanás. Em outras palavras, bênção é capacitação para ter
sucesso naquilo que é realmente importante na vida, sob o favor e a
proteção de Deus, e amaldiçoar é capacitação para falhar. Como
pais, temos a responsabilidade em Deus de posicionar nossos filhos
sob a fonte da bênção do Pai. Devemos ser seus agentes de
bênção.

ESTÁGIOS DA VIDA

Craig Hill (familyfoundations.com) escreveu livros importantes,


como Veredas Antigas e Bar Barakah, relacionados ao poder das
bênçãos, que John e eu achamos muito úteis quando aplicados a
nossos pais. Ele descreve sete estágios cruciais da vida, quando a
bênção é necessária para transmitir um senso de identidade e
destino.[11] “Em cada estágio, Deus designou certas pessoas,
especialmente pais [mas também mentores], para nos abençoar por
meio de palavras, ações e cerimônias. Essas bênçãos se tornam
depósitos divinos em nossos corações e representam afirmação
essencial sobre quem somos e para onde estamos indo. [...]
Quando os possuímos em abundância, prosperamos na vida sem
nos esforçar. Quando eles estão ausentes, enfrentamos lutas na
vida.”[12]
Terry e Melissa Bone (powerofblessing.com), líderes cristãos
canadenses e autores do The Family Blessing Guidebook,
desenvolveram a partir dos ensinamentos de Craig uma série de
perguntas da vida que correspondiam a cada estágio. Essas
perguntas ajudam a determinar o depósito divino de bênção que
precisamos em nossa alma e espírito em cada estágio do
desenvolvimento, para que possamos amadurecer em identidade e
destino legítimos.[13]

Estágio Principais Perguntas da Vida


da Vida
1. Sou bem-vindo neste mundo?
Concepção
2. Existe um lugar seguro para mim no
Gravidez mundo?
3. Minhas necessidades serão atendidas
Nascimento neste mundo?
4. Em quem posso confiar neste mundo?
Primeira
infância
5. Eu tenho o que é preciso para ter
Adolescência sucesso neste mundo?
6. Idade O que eu sou chamado a fazer neste
adulta mundo, e quem compartilhará minha jornada?
7. Ainda sou necessário neste mundo?[14]
Terceira
idade

CONCEPÇÃO: SOU BEM-VINDO NESTE MUNDO?

A vida realmente começa na concepção quando o espírito é dado


à criança, e não no dia do nascimento. Portanto, a primeira vez que
o pequeno precisa de uma bênção é o momento em que chega o
anúncio de que a mãe está esperando. Sementes de rejeição
podem ser semeadas na concepção, tais como a forma como a
criança foi concebida e a reação dos pais ao receber a notícia de
sua chegada. O ideal é que os pais falem sobre o ventre da mãe
declarando bênçãos à pequena vida que se forma ali dentro.
John e eu havíamos nos casado há apenas dois meses e eu tinha
acabado de começar meu último ano de universidade quando
comecei a suspeitar que estava grávida. Lembro-me de ajoelhar no
chão do nosso apartamento dizendo a Deus que não seria uma boa
hora para engravidar. Eu estava num momento de oração parecido
com uma luta, listando todas as razões pelas quais eu não deveria
engravidar: acabamos de nos casar, eu precisava terminar minha
graduação, não tinha certeza de que estava pronta para mais esta
responsabilidade. Durante todo o tempo, pude sentir o amor e a
paciência de Deus comigo, mas senti que ele não se comoveu com
minhas desculpas. Eu terminei esse tempo com esta declaração
familiar de rendição: "Todavia, Senhor, faça-se a Tua vontade, não a
minha". Imediatamente, senti uma paz incrível me envolver e,
naquele momento, eu sabia (não suspeitava, sabia) que estava
grávida. Quando mais tarde a gravidez foi confirmada, John e eu
começamos a declarar bênçãos e a dar as boas-vindas ao bebê no
meu ventre, orando pelo cancelamento de qualquer efeito de minha
hesitação inicial. Judah nasceu duas semanas antes da minha
graduação na universidade. Ele é um deleite, um homem de Deus, e
nasceu no tempo perfeito de Deus.

GRAVIDEZ: EXISTE UM LUGAR SEGURO NO


MUNDO PARA MIM?

Estudos recentes demonstraram que os fetos são afetados pelas


emoções de suas mães, sejam boas ou ruins. “O ambiente
doméstico e os estados mentais, físicos e emocionais de uma mãe
servem para responder a essa pergunta da vida do bebê.”[15] O feto
também pode ouvir a voz da mãe a partir dos quatro meses de
gestação.
Procurei evitar fontes de estresse durante a gravidez e me manter
num lugar de paz, descanso e presença de Deus, tanto quanto
possível. John e eu tínhamos uma prática diária para abençoar o
bebê no meu ventre. Falávamos palavras específicas de bênção,
para que a criança tivesse boa saúde, amasse ao Senhor desde o
ventre e um espírito sensível à presença de Deus. Também ouvimos
o que Deus dizia sobre cada um de nossos filhos e oramos pelo
destino deles quando o Senhor o revelou. Por exemplo, enquanto
estava grávida de Judah, o Senhor falou comigo para ler a Bíblia em
voz alta sobre o bebê no meu ventre todos os dias, pois ele seria um
homem da Palavra de Deus e um homem de adoração. Após seu
nascimento, quando ainda engatinhava, observamos com bom
humor que Judah encontrava as Bíblias em nossa casa (de alguma
maneira, ele sempre sabia a diferença entre um livro e a Bíblia) e
comia suas páginas. Mais tarde, o amor de Judah pela Palavra de
Deus tornou-se evidente e ainda é até hoje.
Observamos que nossos bebês eram muito pacíficos, alegres e
um prazer para os pais. Acredito que o nível de paz em que
procuramos viver, bem como as bênçãos proferidas no ventre,
deram a nossos filhos uma base sólida mesmo antes do
nascimento.
Eu gostaria de acrescentar que John e eu nunca quisemos fazer
um ultrassom para descobrir o sexo de nossos filhos antes do
nascimento, para desfrutarmos da surpresa. Soubemos o gênero de
dois dos nossos filhos antecipadamente—os dois primeiros. No
entanto, gostaria de alertar os pais contra confiarem em sua intuição
sobre o gênero do bebê e saírem para comprar roupas azuis ou
rosa, ou falar de acordo com um determinado sexo, até que você
tenha confirmação por ultrassom ou ao nascer.

NASCIMENTO: MINHAS NECESSIDADES SERÃO


ATENDIDAS NESTE MUNDO?

Imediatamente após o nascimento, cada um de nossos filhos foi


colocado nos braços de John ou nos meus braços e começamos a
declarar bênçãos para nossos bebês, dizendo a eles o quanto eles
eram amados e bem-vindos. Em cada um de nossos seis
nascimentos, choramos de alegria.
Conforme abordamos no capítulo 2, a forma como os bebês são
segurados, tocados e alimentados, bem como as palavras que
ouvem e a maneira como falamos com eles, os fazem saber se suas
necessidades na vida serão ou não atendidas.
Sei que existem diferentes escolas de pensamento sobre horários
estritos para alimentação, cochilos e outras atividades diárias.
Embora eu valorize os horários e reconheça que eles facilitam a
vida dos pais, eu também amamentava meus bebês quando
estavam com fome, os deixava dormir quando estavam cansados e
procurava ajudá-los a aprender a dormir bem durante a noite,
embora eu também fosse vê-los quando choravam. A verdade é que
você precisa ser guiado pelo Senhor para saber como ser um pai ou
mãe; apoie-se nos seus instintos e sentimentos em Deus. Eu
recomendaria que não haja ênfase excessiva na ordem dos
horários.
A verdade é que, por estar no ministério e até viajar pelas nações
tendo bebês comigo em aviões, hotéis e centros de conferências,
descobri que um bebê se adaptará bem em quase todas as
situações quando tiver o amor, a proximidade e a interação de uma
mãe. Lembro-me de estar num avião de Toronto para Sydney, na
Austrália (um voo de vinte horas), com minha filha Glory Anna, de
cinco meses de idade, nos braços. Quando chegamos na Austrália,
no momento do desembarque, o homem sentado à minha frente viu
meu bebê e exclamou surpreso: "Eu sequer soube que havia um
bebê atrás de mim neste longo voo!". Isso é graça! Esse é um bebê
tranquilo!

DEDICAÇÃO DO BEBÊ

Dedicamos publicamente cada um de nossos filhos ao Senhor


numa breve cerimônia em nossa igreja. A dedicação de bebês (ou
crianças) é uma forma de os pais levarem seus filhos perante o
Senhor e perante a igreja da qual fazem parte, dedicando-os ao
Senhor. Muitas vezes, há uma bênção pronunciada sobre cada
criança por um pastor ou líder, e muitas vezes é dado um certificado
como símbolo físico dessa decisão. Como pastores, John e eu
também incentivamos a congregação a se ver como uma extensão
da família espiritual que ajuda na criação de um filho. Isso pode
assumir a forma de orar pela criança e pela família, ajudar com
necessidades práticas, servir no departamento infantil ou outras
expressões. O ditado que se lê: "É preciso um vilarejo para criar um
filho", também pode ser: "Precisamos da família de Deus para criar
um filho". Eu recomendo que os pais dediquem publicamente seus
filhos ao Senhor em qualquer igreja ou congregação a que
pertençam.
PRIMEIRA INFÂNCIA: EM QUEM POSSO CONFIAR
NESTE MUNDO?

Durante os anos entre a primeira infância e a pré-adolescência,


ensinam Terry e Melissa, você aprenderá quais relacionamentos são
seguros e quais não são. Um fundamento de confiança básica
precisa ser formado na personalidade de uma criança durante esses
anos para que ela desenvolva relacionamentos saudáveis mais
tarde na vida. As bênçãos faladas regularmente são importantes
nesses anos de formação.

UMA PALAVRA SOBRE EDUCAÇÃO E NOSSAS


CRIANÇAS

Aqui cabe acrescentar que John e eu escolhemos a tarefa mais


difícil, mas muito gratificante, de educar nossos filhos em casa, em
vez de enviá-los para uma escola pública. Esta é outra declaração
controversa e forte: eu estava determinada a não deixar meus filhos
colocarem os pés um dia sequer no sistema escolar público.
Abençoo os professores, os alunos e os que trabalham no sistema
público de ensino. Nossa posição tem tudo a ver com a maneira
como sabíamos que o Senhor queria que nossos filhos fossem
formados e moldados para os propósitos de Deus para eles.
Sabíamos que nós, ou aqueles que creem em Jesus como nós,
éramos os melhores para pintar a preciosa tela em branco da vida
de nossos filhos. Ouvi dizer que precisamos enviar nossos filhos ao
sistema público para serem missionários e levarem luz. Não
concordo com essa premissa para nossos filhos jovens ou
adolescentes. Depois que uma vida é formada e solidificada em
Jesus, vamos enviá-los como missionários e agentes de vida—não
quando são impressionáveis, pois estão em idades muito tenras e
cruciais. Conheço professores piedosos que fazem a diferença no
sistema escolar. Sou grata por eles, os abençoo e fico feliz que eles
estejam fazendo a diferença. Também ouço deles como pode ser
difícil estar neste campo missionário. Pelo menos eles são adultos,
firmados em sua fé e se posicionam a partir desse ponto de vista.
Enquanto morávamos em Stratford, Ontário, por oito anos, havia
uma incrível escola cristã (até a oitava série) perto de nossa casa.
Ali havia professores cristãos incríveis, e o diretor frequentava a
igreja que pastoreamos. Foi nessa época que tivemos paz para
liberar nossos filhos para irem à escola. Depois que as crianças
mais velhas se formaram na oitava série, sem uma escola cristã de
qualidade a uma distância razoável de nossa casa, voltei para a
escola em casa. Nossos três filhos mais velhos se formaram no
ensino médio em casa. Todos eles também foram para faculdades
ou universidades. De fato, nossa filha Gabrielle, após quatro anos
na universidade, acabou de se formar, com a segunda nota mais
alta em toda a classe. Obviamente, ela teve bom aprendizado
básico na educação doméstica!
Certa vez, durante as férias, peguei o livro Through my Eyes, de
Tim Tebow, e fiquei impressionada ao ler como esse jogador de
futebol americano universitário, na época da NFL, havia sido
educado em casa. A influência de sua mãe como professora ajudou
a solidificar a sua fé da qual ele não se envergonha ao testemunhar
nos principais meios de comunicação. O Senhor abriu grandes
portas para ele, mas ele manteve suas crenças por meio da sólida
base que lhe foi dada.
Depois de estar naquela escola cristã por oito anos tendo a
atenção de um funcionário individual pago pelo governo, nossa filha
com necessidades especiais agora está no sistema escolar católico
num programa especial para pessoas com atraso no
desenvolvimento. Sou grata por aqueles que trabalham no sistema
católico. Posso testemunhar que ali há um reconhecimento de
Jesus, Sua divindade e justiça.
VIDA DE IGREJA
Sou muito grata aos meus pais por me levarem à igreja
todos os domingos da minha infância. Embora, aos
dezesseis anos, eu tenha mudado de igreja, passando a
frequentar uma que ensina e pratica a plenitude do Espírito,
sou muito grata pelo fundamento que tive de participar de
uma comunidade que honrou a Deus como Deus, Jesus
como seu Filho encarnado e a autoridade da Palavra de
Deus. Às vezes, sinto falta dos hinos que costumava cantar
quando criança na igreja e ainda me lembro de suas letras e
melodias. Aprendi a doar para o Senhor nos momentos de
dízimos e ofertas nos cultos. Aprendi a segurança do fato de
fazer parte de um grande corpo de outras pessoas que
também acreditavam em Jesus.
“Cuidemos também de nos animar uns aos outros no amor
e na prática de boas obras. Não deixemos de nos congregar,
como é de costume de alguns. Pelo contrário, façamos
admoestações, ainda mais agora que vocês veem que o Dia
se aproxima” (Hebreus 10.24–25).
Quando os pais frequentam regularmente uma igreja ou
uma comunidade de cristãos e transmitem a seus filhos
desde cedo o valor do cristianismo em comunidade, isso
encoraja a formação de bons hábitos—a criança, que se
torna adolescente e depois jovem, compreenderá o valor da
comunidade cristã. O ideal é que pais e mães (ou pelo
menos um dos pais) levem os filhos ao culto. Eu tenho
notado que, muitas vezes, se o pai não frequenta a igreja
junto com sua esposa e filhos, em algum momento, a
criança decidirá que, se a igreja não é boa o suficiente para
o pai, não é boa o suficiente para ela. Como é importante
dar um bom exemplo de disciplina cristã. A “igreja dos sem
igreja” ou aqueles que deixaram a comunidade local de crentes
produzem muitos efeitos negativos sobre a criança à medida que os
anos passam. Essas crianças tendem a vagar espiritualmente, como
um navio lançado pelo vento, sem a âncora de relacionamento
numa sólida família de cristãos. Se forem filhos de pais incrédulos,
frequentar uma escola dominical, uma escola bíblica de férias ou um
acampamento de verão cristão pode mudar suas vidas. Estudos
provaram que a maioria dos adultos que têm fé em Jesus entregou
suas vidas a ele quando crianças.
Eu tinha doze anos, havia acabado de começar a sétima série e
frequentava uma escola cristã recém-fundada. Jamais esquecerei
meu professor, Sr. Dejeger, que explicou claramente à nossa turma
a necessidade de nascer de novo. No mês de outubro, chorei até
dormir quase o mês inteiro. Eu queria saber o que significa nascer
de novo. Após esse mês, eu sabia que havia nascido de novo (é
claro, normalmente não é preciso levar um mês).
Como é importante transmitir a verdade a nossos filhos nesses
anos de formação, incluindo a necessidade de serem parte de uma
comunidade de crentes e se relacionarem com ela.

ADOLESCÊNCIA: TENHO O QUE É NECESSÁRIO


PARA TER SUCESSO NESTE MUNDO?

A puberdade traz uma transição monumental, não apenas física,


mas emocional. As inseguranças podem se manifestar mesmo
quando o corpo está mudando e os hormônios estão em fúria. O
desenvolvimento da maturidade emocional e da confiança é
particularmente necessário nesses anos. Assim, as bênçãos dos
pais sobre os filhos ou os adolescentes ao entrarem na
adolescência são muito importantes. Informações adicionais para
essa faixa etária são discutidas na seção a seguir chamada Bar e
Bat Barakah.
Eu cometi um grande erro como mãe quando me esqueci de
abordar o assunto da puberdade com uma de nossas filhas antes
que ela chegasse para que ela soubesse o que esperar desse
período. De fato, a puberdade chegou mais cedo do que eu previa!
Gostaria de incentivar mães e pais, ou pelo menos mães, a dar às
meninas uma explicação sobre a puberdade em tempo hábil antes
que ela ocorra. A maneira como abordamos esse importante limiar é
importante para como nossas meninas o verão—não como "a
maldição", como alguns chamam, mas um momento de bênção na
ordem que Deus projetou o corpo para funcionar. Da mesma forma,
pais e mães (ou pais) precisam conversar com os filhos para
prepará-los. Se for um pai ou mãe solteiro, é importante lembrar que
mais importante que o gênero de quem promove a conversa é a
própria conversa.
Quanto à conversa sobre reprodução, sexo e a santidade do
casamento, é melhor que ela venha de um pai ou mãe amoroso do
que de colegas, da tela do cinema ou de alguma revista. Ela pode
ocorrer juntamente à explicação sobre as mudanças da puberdade
ou pode ser uma discussão em parte. Lembro-me de meu pai me
dizendo para observar as vacas enquanto elas acasalavam. Isso
não foi particularmente atraente ou informativo!
John e eu recentemente tivemos nossa última conversa sobre
“pássaros e abelhas” com nossa filha mais nova de onze anos,
Glory Anna. Nós dois elaboramos juntos uma explicação simples da
anatomia humana, da menstruação e do ato sexual que deve ser
reservado para o casamento. Foi um período precioso em que
terminamos com oração e abraços, sabendo que nossos valores
foram claramente comunicados e recebidos.

IDADE ADULTA: O QUE SOU CHAMADO PARA


FAZER NA VIDA? COM QUEM COMPARTILHAREI MINHA
JORNADA?

Ajudar nossos filhos jovens a navegar pelas águas do chamado


vocacional e do relacionamento afetivo com nossas bênçãos ajuda a
colocá-los num caminho sólido na vida. Vou abordar namoro versus
corte no capítulo 8. Desejamos que nossos filhos se casem com
aqueles que o Senhor tem para eles, aqueles que compartilharão
sua jornada espiritual. Jovens e adultos estão procurando aqueles
com quem possam compartilhar a jornada da vida. Para aqueles
que são vocacionados para o celibato por opção ou por acaso, Deus
pretende dar a eles amigos íntimos que os entendam e
compartilhem do sonho de quem eles devem se tornar. Como é
prazeroso para um pai ou mãe abençoar nossos filhos e seus noivos
e, em seguida, eles e seus novos cônjuges na cerimônia de
casamento.

TERCEIRA IDADE: AINDA SOU NECESSÁRIO NO


MUNDO?

Terry e Melissa Bone descrevem os últimos anos da seguinte


maneira: “Ao atingir seus últimos anos de vida, toda pessoa precisa
saber que ainda é necessária. Nos tempos bíblicos, os idosos
deixavam de trabalhar nos campos e assumiam suas posições de
honra nos portões da cidade. Este era um lugar de autoridade”[16].
Recentemente, tive uma discussão com dois de nossos filhos,
explicando a importância de dar honra à geração mais velha. Isso
pode se refletir de várias formas: visitando os idosos num lar de
idosos, levantando-se para que uma pessoa idosa possa sentar-se
num ônibus, tratando os idosos de maneira respeitosa ou
oferecendo-se para realizar afazeres em suas casas. Modelar e
ensinar nossos filhos a honrar os idosos é uma maneira de ajudar a
abençoar a geração passada.
Qual é a resposta ideal para cada uma das perguntas acima?
Uma benção.
Mesmo que não tenhamos sido abençoados por nossos pais ao
passarmos por cada um desses estágios da vida, é maravilhoso
poder receber as bênçãos de nosso Pai Celestial que cura feridas,
preenche lacunas e traz plenitude de identidade e destino.
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que
nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões
celestiais em Cristo" (Efésios 1.3).
BAR E BAT BARAKAH
Na tradição judaica, um importante rito de passagem na
maioridade ocorre aos treze anos para o menino e aos doze para a
menina. Para o menino, essa cerimônia é conhecida como seu bar
mitzvah. Esse termo significa "filho da lei (ou mandamento)". Para
uma garota, é um bat mitzvah, ou “filha da lei (mandamento).” Após
esta cerimônia, eles se tornam responsáveis por suas próprias
ações, enquanto anteriormente os pais eram responsabilizados por
suas ações. Além disso, após esse período, os indivíduos são vistos
como membros de pleno direito da comunidade judaica.
Praticamente todas as culturas têm um rito de passagem da
infância para a vida adulta, exceto nossa sociedade ocidental.
Muitos deles não são tão agradáveis quanto o rito de passagem
judaico.
A bênção cerimonial é importante porque a cerimônia traz
conclusão emocional a certas épocas da vida e introduz novas
épocas. Isso inclui o casamento. Como você sabe se é casado?
Você teve uma cerimônia para marcar esse momento,
testemunhada por outros com a assinatura de um acordo mútuo.
Um rito de passagem saudável para ingressar na masculinidade
ou na feminilidade pode ajudar a gerar paz para a alma, afastando-a
da identidade emocional da infância e liberando-a para ingressar na
vida adulta. Se a alma não é liberada para a idade adulta, ela pode
enfrentar lutas para provar sua identidade por meio de imoralidade
sexual, violência, abuso químico, de uma carreira militar ou da
busca por sucesso corporativo.
Uma versão cristã de um rito de passagem é um bar barakah, ou
"filho da bênção", e bat barakah, ou "filha da bênção". Fizemos isso
para cada um dos cinco primeiros filhos aos 13 anos (e o faremos
para nossa filha mais nova quando ela atingir essa idade). Temos
visto tremendos benefícios na vida de cada um de nossos filhos ao
fazer esse ritual cerimonial de passagem. Sua fé em Deus foi
fortalecida. Sua confiança em sua identidade foi solidificada. Eles
andam em excelência moral, sendo luz e estabelecendo padrões
para sua geração.
Como pai, John dedicou o maior esforço aos bar e bat barakahs
que realizamos para nossos filhos. Durante os dois ou três meses
antes da cerimônia, ele levava a criança de treze anos pelo menos
cinco vezes em um "encontro" para conversarem sobre vários
aspectos de como é a transição para a condição emocional de ser
homem ou mulher. A discussão centrava-se em tópicos como a
caminhada espiritual, assumir a responsabilidade de crescer em seu
amor e relacionamento com o Senhor, honrar as autoridades em
suas vidas e ter uma expressão mais completa da identidade de um
adulto, enquanto ainda inicialmente morava em casa sob nossa
autoridade. A pureza sexual e nossas expectativas sobre como lidar
com a transição para o namoro e o casamento são um importante
ponto de discussão. Até mesmo tópicos como administração
financeira, dízimo e doação são discutidos.
Não é somente o pai quem define o gênero da criança na
concepção, mas tanto o pai quanto a mãe têm o papel de ajudar a
colocar as crianças no caminho para o seu destino. É de se admirar
que tenha havido um plano maligno para remover os pais das
famílias por meio de divórcio, abandono, desinteresse ou
complacência? Provérbios 17.6 diz que "coroa dos velhos são os
filhos dos filhos; e a glória dos filhos são os pais".

Se não houver um pai disposto a desempenhar esse papel na


vida dos filhos, incentivo as mães a fazê-lo, ou os avós, pastores ou
mães e pais espirituais.
Gastamos dinheiro com os bar e bat barakahs de nossos filhos,
convidamos até duzentas pessoas a comparecer, valorizamos
nossos filhos nessa ocasião, dando a eles presentes significativos e
simbólicos (como o anel que representa a pureza sexual até o
casamento) e os capacitando a ter visão para a vida, utilizando
bênçãos verbais, profecias sobre o destino e declarações como:
“Este é meu amado filho (ou filha) em quem me comprazo”. Também
fizemos uma apresentação de slides da vida de cada uma das
crianças até esse ponto—celebrando seu crescimento desde a
infância até o presente.
Para aqueles que gostariam de ter algo assim, mas não tinham
pais dispostos ou com conhecimento suficiente para fazer isso, nós,
como pais, lideramos bar e bat barakahs coletivos, ensinando os
pais sobre como participar e abençoar em meio a essa celebração.
Houve aqueles que não tiveram seus pais consigo nesse momento,
mas tiveram amigos ou outras pessoas da rede de apoio para ajudá-
los a "cruzar o limiar". Também já vimos pessoas na casa dos vinte
e dos trinta anos participarem das cerimônias em grupo, pois
ansiavam por essa bênção, nunca a obtiveram e buscavam o favor
que ela libera mais tarde na vida.
Há cinco áreas principais com as quais pedimos aos nossos filhos
que se comprometam nesta cerimônia: 1. Abraçar a mentalidade de
sua identidade como adultos—como homens ou mulheres (Um
exemplo do que os orientamos a dizer é: “Eu aceito e abraço o início
da minha jornada na feminilidade a partir de agora”).
2. Abraçar a mentalidade clara sobre seu destino como adulto e
seguidor de Jesus Cristo (“Dedico minha vida a servir a Jesus
Cristo”).
3. Assumir a responsabilidade como adulto por sua própria saúde
espiritual a partir do momento da cerimônia (“A partir de agora,
assumirei a responsabilidade espiritual por minha própria vida,
recebendo o conselho de meus pais e de outras pessoas de
confiança”).
4. Honrar seus pais e figuras de autoridade em sua vida
(“Comprometo-me a ter um relacionamento contínuo com meus pais
e a honrá-los continuamente como instrumentos principais de Deus
para o crescimento e desenvolvimento de caráter em minha vida.
Comprometo-me a honrar toda autoridade legítima em minha vida,
seja parental, eclesiástica, acadêmica ou civil”).
5. Andar em pureza emocional e sexual todos os dias de sua vida
adulta e permanecer sexualmente puro até o casamento (“Eu me
comprometo a me relacionar com membros do sexo oposto
enquanto solteiro, de acordo com os princípios da amizade e
relacionamento afetivo piedosos, ao invés de namorar. Faço um
compromisso específico com uma vida inteira de pureza sexual,
pureza emocional e fidelidade à aliança conjugal”).
Por sua vez, nós, como pais, assumimos os seguintes
compromissos com nosso filho ou filha: 1. Amá-los.
2. Orarmos regularmente por eles.
3. Ensinarmos a eles os princípios de Deus para a vida.
4. Continuarmos a honrá-los por meio da comunicação e
compreensão.
5. Estarmos disponíveis para aconselhamento.
6. Sermos parceiros em oração com eles a respeito da escolha e
do momento de Deus para o casamento.
7. Continuar a aplicar disciplina piedosa apropriada à idade em
suas vidas, como Deus ordena, para o desenvolvimento do caráter.

Um excelente recurso nessa importante bênção cerimonial pode


ser obtido através da leitura do livro Bar Barakah, de Craig Hill.
Abaixo está uma amostra de como pode ser a ordem cerimonial
para um bar ou bat barakah.

Ordem de cerimônia
1. Introdução à cerimônia (de preferência o pai; pode ser feito por
mãe ou pastor).
2. Canção (ou breve tempo de adoração).
3. Mensagem sobre a importância do rito de passagem, incluindo
um encargo para a vida adulta.
4. Celebração da vida da criança (DVD).
5. Esquetes (costumam ser versões engraçadas de episódios em
suas vidas).
6. Compromissos (os pais recitam seus compromissos; o filho
recita seus compromissos).
7. Apresentação dos presentes, com uma explicação do que eles
representam: sandálias ou sapatos (simbolizando filiação), troca de
roupa (simboliza mudança de estação), um presente de acordo com
seu destino profético (por exemplo, demos a Judah um violão—ele
agora é um líder de adoração; demos a Aquila um violino—ela agora
é violinista), um anel (simbolizando a pureza sexual até o
casamento e deve ser usado no dedo anelar do lado esquerdo).
8. Comunhão (tomada pelo pai, mãe e filho, selando este acordo
em Jesus).
9. Assinatura do certificado da aliança.
10. Leitura de palavras proféticas passadas ou declaração de
palavras ou bênçãos proféticas (por pessoas significativas para o
filho ou filha: pais, avós, pastor, professor, mentor, amigo).
11. Expressão simbólica de feminilidade ou masculinidade (todos
os homens ou mulheres com mais de 13 anos de idade vão para
uma parte da sala e depois chamam o filho para se juntar a eles—
como se ele ou ela cruzasse um limiar).
12. Declaração de feminilidade ou masculinidade (pelo pai ou pela
mãe, geralmente incluindo: “Este é meu filho [ou filha] amado em
quem me comprazo”).
13. Oração final e liberação para a celebração (comida,
comunhão).

UMA NOTA DE MEU MARIDO, JOHN BOOTSMA

Quando adolescente, não tive o privilégio de receber uma festa de


bênção pessoal, e por isso, estar envolvido com os bar barakahs
tem liberado em meu interior grande alegria, mas também alguma
tristeza. Embora fique feliz com a constatação de que eu tinha
autoridade para libertar meus amados filhos para um destino que eu
nunca sonhei ser possível, também senti remorso pelo fato de
minha capacidade pessoal de sonhar e acreditar ter sido retida. Eu
atribuí isso em parte ao fato de não ter tido o privilégio de receber a
afirmação de meu valor e destino através de um rito de passagem.
O impacto desse presente que fomos capazes de liberar para o
nosso primogênito me impactou ainda mais quando uma mulher
preciosa de sessenta anos, que conviveu com os efeitos
incapacitantes da artrite reumatóide por grande parte de sua vida,
veio falar comigo depois do bar barakah de Judah. Com certa
amargura, ela expressou a beleza do que acabara de testemunhar
ao dizer: "John, não consigo imaginar como seria minha vida se
meus pais tivessem feito isso por mim".
Uau, Jesus! “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso
Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e aos nossos
filhos, para sempre” (Deuteronômio 29.29). Como pai que já
conduziu cinco ritos de passagem de nossos filhos, além de ter
organizado e oficiado outros dois, sou muito grato ao Senhor por
revelar o poder dessa bênção, dessa cerimônia de empoderamento
para a prosperidade, cuja perda abriu caminho para muito
sofrimento desnecessário em nossa cultura ocidental.

TESTEMUNHO DA PRÓXIMA GERAÇÃO

Judah Bootsma, nosso filho de 23 anos


Stratford, Canadá
A bênção tem muito potencial de catapultar um jovem garoto para
a maturidade. Para mim, isso aconteceu quando completei 13 anos
e meus pais fizeram uma grande festa de bar barakah para mim na
igreja. Eles convidaram muitos amigos e familiares e investiram
muito tempo, energia e dinheiro nisso. Não foi estranho como eu
pensei que poderia ter sido.
Eles realmente me abençoaram com presentes e palavras cheios
significado e propósito. Por exemplo, recebi um anel para simbolizar
a pureza sexual e um violão para incentivar meu talento na música.
Não foi uma festa sem sentido, e as bênçãos e novas
responsabilidades que eu tinha como homem não foram dadas de
forma displicente. Também não as tratei com displicência depois. O
que meus pais se propuseram a realizar realmente funcionou. Com
a graça de Deus, mantive minha pureza e virgindade até o
casamento e fiquei muito feliz ao descobrir que minha esposa havia
feito o mesmo. Eu aprendi violão e bateria. Ao longo dos anos,
estive em algumas escolas de música diferentes, ajudei em casas
de oração, liderei adoração e usei e estou usando o talento que
Deus me deu.
Eu também coloquei meu foco em Deus no ensino médio e na
adolescência—até agora. Ele nunca me decepcionou. Não posso
dizer que não houve estações difíceis ou secas. No entanto, apesar
de tudo, eu sabia onde estava e, com uma base e apoio sólidos,
sabia que poderia superar os desafios da vida.
A palavra de Deus
Desde a infância, você conhece as sagradas
letras. 2 Timóteo 3.15

O conde Nicolau Ludwig Von Zinzendorf tinha seis semanas


quando seu pai moribundo o entregou ao serviço de Jesus. Sua
mãe se casou novamente quando ele tinha quatro anos, e ele foi
morar com sua piedosa avó pietista, Henrietta Catharina Von
Gersdorf. Zinzendorf ensinava as Escrituras diariamente,
memorizando passagens, amando seus momentos de estudo da
Bíblia. Ele disse o seguinte sobre si mesmo: “Já na minha infância...
Eu amei o Salvador e tive abundante comunhão com ele. No meu
quarto ano, comecei a buscar a Deus profundamente e decidi me
tornar um verdadeiro servo de Jesus Cristo... Mil vezes o ouvi falar
em meu coração e o vi com os olhos da fé”[17]. Um dia, aos seis
anos, enquanto orava, os soldados de Carlos XII invadiram sua
casa, decididos a destruir tudo. "O rapaz começou a falar de
Cristo... os soldados fugiram aterrorizados.”[18]
O conde Zinzendorf cedeu sua propriedade para ser um abrigo
aos perseguidos da Moravia e da Boêmia, onde construíram a vila
de Herrnhut e ficaram conhecidos como morávios. Este se tornou o
berço de um movimento de oração 24/7 que continuou por 120
anos, lançou um movimento missionário que estabeleceu colônias
missionárias nas Índias Ocidentais, Groenlândia, entre os índios
norte-americanos, Suriname, América do Sul, Índias Orientais,
Egito, África do Sul e o povo Inuit de Labrador.
A vida do conde Zinzendorf foi marcada pela experiência de sua
avó com a Palavra de Deus. Como é importante para nós, pais,
ensinar nossos filhos a amar e estudar a Palavra de Deus. A
preciosa Palavra de Deus, manual para nossas vidas, deve ser algo
que comunicamos a esta próxima geração.
“Não cesse de falar deste Livro da Lei; pelo contrário, medite nele
dia e noite, para que você tenha o cuidado de fazer segundo tudo o
que nele está escrito; então você prosperará e será bem-sucedido”
(Josué 1.8).
“Desde a infância, você conhece as Sagradas Letras, que podem
torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de
que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra” (2 Timóteo 3.15–17).
Visto que desejamos que nossos filhos trilhem um caminho de
prosperidade, sejam bem sucedidos, sejam sábios e estejam
plenamente equipados para toda boa obra, essas passagens
deixam claro que a meditação e o conhecimento da Palavra de
Deus são fundamentais.
Um hábito que John e eu temos com nossos filhos é ler uma
porção das Escrituras à mesa do café da manhã e do jantar quando
nos reunimos em família (ou mesmo se houver somente um de nós
com as crianças). Lemos uma versão da Bíblia para crianças
chamada The Golden Children’s Bible, cuja tradução achamos muito
precisa. Fazemos perguntas sobre a passagem para ver se todos
estavam prestando atenção! Ao longo dos anos, esta prática se
provou ser eficiente em proporcionar a nossos filhos uma base
sólida de conhecimento bíblico, sendo também um exercício
agradável para a família. Assim que cada criança aprende a ler, ela
ganha sua própria Bíblia e estabelecemos um tempo de devoção
matinal para ela, que precisa incluir tempo de leitura da Palavra.
Quando são jovens, as crianças precisam ser lembradas de ter
“tempo com Deus”. Contudo, esses lembretes diários renderão
grandes resultados à medida que desenvolverem o amor pela
Palavra e, mais importante, pelo Autor da Palavra.

ROTINA PARA A HORA DE DORMIR

Desenvolver uma rotina saudável para a hora de dormir com as


crianças pequenas ajuda a estabelecer um forte vínculo entre pais e
filhos e é uma oportunidade de ouro para transmitir valores divinos e
ensinar as verdades bíblicas. É incrível perceber quantas conversas
significativas podem resultar dessas rotinas. Ao longo dos anos,
John e eu usamos esse tempo para ler livros para nossos filhos, ter
tempo de comunicação com seus corações e transmitir verdades
bíblicas. John, em particular, tem sido diligente em ensiná-los a
memorizar as Escrituras. Ele cita um versículo e faz com que o
repitam, reforçando o versículo escolhido a cada noite até que ele
seja assimilado pela memória.
“De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?
Observando-o segundo a tua palavra. De todo o coração te busquei;
não deixes que eu me desvie dos teus mandamentos. Guardo a tua
palavra no meu coração para não pecar contra ti” (Salmo 119.9-11).
Alguns dos livros favoritos de nossa filha caçula, os quais ela e
seu pai liam à noite, são: The One Year Father-Daughter Devotions,
de Jesse Florea, Leon C. Wirth, e Bob Smithouser; Teach It to Your
Children: How Kids Lived in Bible Days, de Miriam Feinberg
Vamosh; e Children’s Adoration Prayer Book, de Bob Hartley.
Também lemos juntos algumas séries, como Little House, de
Laura Ingalls Wilder, e As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis.
Outros livros favoritos em nossa casa são Charlotte's Web, de E. B.
White; The Velvet Teen Rabbit, de Margery Williams; Children Can
You Hear Me: How to Hear and See God, de Brad Jersak; e Guess
How Much I Love You, de Sam McBratney.
À medida que nossos filhos mais velhos cresciam, a rotina
noturna mudava. No entanto, até nosso filho sair de casa para ir
para a faculdade e depois se casar, ao chegar em casa, batia na
porta do quarto à noite para dar boa noite e nos abraçar. Para
nossos filhos mais velhos que não moram mais conosco,
valorizamos essas lembranças significativas de nossas noites. Para
os mais jovens que ainda estão em casa, ainda estão sendo
formados.

CULTO DOMÉSTICO

John ou eu lideramos um culto doméstico à noite, e aí tiramos


tempo para adorar (geralmente, um de nossos filhos lidera),
compartilhamos a Palavra e oramos. Fomos muito diligentes em
fazer isso semanalmente por um período de tempo, e então saímos
do cronograma, mas estamos de volta aos trilhos. É importante que
esse tempo seja curto e interessante; caso contrário, a atenção das
crianças se desviará. Também delegamos aos filhos mais velhos a
liderança do culto doméstico, e nesses momentos, eles ficavam
responsáveis pelo ensino, o que tem sido uma experiência rica.
Algumas famílias têm noites de pizza e filmes caseiros ou noites
de pipocas e pijamas. Reservar no mínimo de uma noite por
semana para realizar atividades orientadas para a família é uma boa
forma de gerar laços, não apenas entre pais e filhos, mas também
entre irmãos.
Num período de férias em que fizemos um cruzeiro com nossos
três filhos mais velhos, John e eu estabelecemos um cronograma
para uma reunião diária na capela do navio, onde nós cinco nos
revezamos liderando a oração matinal e o estudo da Bíblia. No meio
do Caribe e das atrações de um navio de cruzeiro cinco estrelas,
meus momentos favoritos nessas férias eram os momentos de
devoção em família pela manhã.
HONRANDO A PALAVRA
Os tradutores da Bíblia Wycliffe indicaram que existem pelo
menos 1.860 dialetos ou idiomas do coração no planeta que não
possuem a Bíblia traduzida. Eles estão procurando acabar com essa
“pobreza da Bíblia”.[19]
O sangue de muitos mártires foi derramado para que você e eu
pudéssemos ter uma Bíblia em nossas mãos e em nosso idioma.
William Tyndale, que no início do século XVI traduziu as Escrituras
para o inglês, usou a recém-inventada máquina de impressão de
Gutenberg para produzir cópias a serem amplamente distribuídas. O
preço que pagou para fazer isso foi a execução por
estrangulamento, tendo seu corpo queimado na fogueira. Lembro-
me de estar nas margens do rio Tamisa, em Londres, onde fui
informada de que as primeiras Bíblias Tyndale contrabandeadas
foram trazidas para a Inglaterra. Fiquei comovida com o lugar
histórico onde a Palavra de Deus em inglês passou a fazer parte do
cotidiano dos cristãos.
O livro Jesus Freaks conta a história de uma igreja chinesa
subterrânea que foi invadida pela polícia. As pessoas foram
ordenadas a cuspir numa Bíblia que havia sido jogada no chão e, se
o fizessem, poderiam sair. Começando com o pastor, um por um,
eles cuspiram na Bíblia e saíram da sala. Até que uma menina de
dezesseis anos de idade se aproximou, limpou o cuspe da Bíblia
com o vestido e se arrependeu de como os outros haviam negado e
desonrado a Palavra. Uma arma foi colocada na cabeça dela. O
gatilho foi puxado. Ela recebeu uma recompensa no céu por
defender a verdade.[20] Mas o que você ou eu faríamos se
estivéssemos nesse cenário?
Eu tinha vinte anos e estava num barco, saindo de Hong Kong
com Bíblias escondidas em minhas roupas e bolsa. Juntamente com
outros membros da equipe, liderados por Jackie Pullinger, tínhamos
quinhentas Bíblias de impressão chinesa que esperávamos
contrabandear para a China continental. Fui detida na fronteira por
dois guardas raivosos que colocaram a Bíblia chinesa na minha cara
e me pediram para lê-la. Enquanto isso estava acontecendo comigo,
os membros da minha equipe passaram silenciosamente por atrás
de mim pelo posto de fronteira. Surpreendentemente, depois que
um guarda foi para outra sala, o guarda solitário deixou as minhas
Bíblias de volta na minha bolsa, instruindo-me severamente a ir.
Nossa entrega das Bíblias aos cristãos clandestinos foi feita à noite
em segredo. Essa experiência me marcou com o entendimento da
preciosidade da Palavra de Deus. Esses crentes estavam colocando
em perigo sua liberdade e suas vidas por possuir esse livro. No
entanto, eles estavam muito ansiosos não apenas para obter, mas
também para ler, estudar e devorar a Bíblia.
Estamos honrando, estudando e escondendo em nossos
corações essa Palavra preciosa que nos foi dada? Paulo adverte
Timóteo em 1 Timóteo 4.13 a aplicar-se à leitura, mas, em 2 Timóteo
2.15, ele enfatiza a necessidade de estudar como um trabalho:
“Procura apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. A
aplicação correta da Palavra de Deus é resultado de um estudo
diligente. Se os crentes analisassem quanto tempo realmente
gastam na leitura e no estudo da Palavra de Deus, a maioria ficaria
chocada com o pouco tempo que investem em uma ferramenta tão
importante para o crescimento e a maturidade cristãos. Simples,
mas profundo, é o princípio da diligência no dia a dia, e é mais fácil
aprender essa diligência em tenra idade.
Desenvolver um plano de estudo da Bíblia em nossa vida é
importante para o crescimento em Deus. Gosto de ler uma
passagem do Antigo Testamento e uma passagem do Novo
Testamento todos os dias, desse modo, lendo continuamente a
Bíblia simultaneamente nos dois Testamentos. Creio que, se
deixarmos de ler e estudar o Antigo Testamento, seremos muito
prejudicados quando se trata de entender o plano de redenção que
o Pai teceu durante toda a história para nos relacionarmos com Ele.
Maior sabedoria vem cada vez que relemos uma passagem.
Adquirimos uma visão que não conhecíamos antes, quando relemos
e estudamos passagens, pedindo ao Espírito Santo que ilumine as
verdades que leremos. Ensinar nossos filhos a ler passagens e não
apenas pular aqui e ali será útil.
No verão de 2008, o Senhor falou claramente comigo que
deveríamos ir à Conferência Onething, que seria realizada em
dezembro pela Casa de Oração Internacional, em Kansas City. É
uma conferência para jovens adultos, mas como o Senhor havia
falado tão claramente, nós fizemos as malas e fomos todos juntos
numa viagem de dezoito horas de carro para Kansas City, apenas
dois dias após o natal. Foi um momento marcado por Deus. Mike
Bickle focou no ensino de escatologia naquele ano. A conferência foi
finalizada com um chamado para um compromisso radical de busca
a Deus, chamado Carga Sagrada. Ali milhares de pessoas
comprometeram-se a orar diariamente, jejuar semanalmente, agir
com justiça (atos de justiça), dar generosamente, viver com
santidade, liderar diligentemente e falar com destreza. O
compromisso de orar diariamente inclui orar/ler as Escrituras todos
os dias e estudo diligente. De forma especial, naquela noite, foi feito
um compromisso de estudo do livro de Apocalipse pelos próximos
três anos. John e eu e nossos três filhos mais velhos, Judah, que
tinha dezessete na época; Gabrielle, quinze; e Aquila, treze,
tomamos aquela responsabilidade e compromisso, e todos nós
estudamos Apocalipse diligentemente por três anos, assim como
150 outros capítulos bíblicos que estão relacionados ao fim dos
tempos. Muitas vezes estudamos juntos e fizemos perguntas uns
aos outros sobre conhecimento bíblico.
Utilizar comentários pode ser útil no estudo da Bíblia. Para o livro
de Apocalipse, um excelente recurso é o Guia de Estudo do Livro do
Apocalipse, de Mike Bickle. Alguns bons recursos online incluem
biblegateway.com, onde se encontra uma concordância gratuita;
soniclight.com, onde se encontram as Notas Expositivas de Estudo
da Bíblia, do Dr. Thomas Constable, para cada um dos livros da
Bíblia; mikebickle.org, onde há uma biblioteca de ensino; e cbn.com,
onde você pode se inscrever para receber e-mails diários com a
parte das Escrituras para ler e estudar todos os dias para ler a Bíblia
em um ano. Meu marido comprou um programa online chamado
Accordance para mim, que é uma ferramenta muito útil no estudo da
Bíblia. Possui hebraico, grego, comentários, mapas, concordâncias
e outras ferramentas úteis para obter maior conhecimento bíblico.
Richard J. Foster começa seu livro clássico Celebração da
Disciplina: O Caminho para o Crescimento Espiritual" com esta
afirmação: “A superficialidade é a maldição do nosso tempo. A
doutrina da satisfação instantânea é o principal problema espiritual.
A necessidade desesperada de hoje não é a de um maior número
de pessoas inteligentes nem de pessoas talentosas, mas de
pessoas com profundidade”[21]. A profundidade da revelação na
Palavra de Deus vem do tempo que é gasto lendo, estudando e
meditando nas verdades em nosso interior. Que nós e nossos filhos
sejamos apaixonados pelas Escrituras e pela compreensão
inspirada pelo Espírito Santo.
ORANDO A PALAVRA
“'Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: O
meu Espírito, que está sobre você, e as minhas palavras, que pus
na sua boca, não se desviarão dela, nem da boca dos seus filhos,
nem da boca dos filhos dos seus filhos, desde agora e para todo o
sempre, diz o Senhor” (Isaías 59.21).
De acordo com a Bíblia Spirit-Filled Life, uma palavra hebraica
para meditar é hagah, que significa refletir, recitar, ponderar ou
contemplar dizendo algo em voz alta. “No pensamento hebraico,
meditar nas Escrituras é repeti-las silenciosamente num som suave,
abandonando completamente as distrações externas. A partir dessa
tradição, vem um tipo específico de oração judaica chamada 'tefilá',
ou seja, recitar textos, fazer orações intensas ou se perder na
comunhão com Deus, enquanto se inclina ou balança para frente e
para trás. Evidentemente, essa forma dinâmica de meditação e
oração remonta ao tempo de Davi.”[22] Se você já viu fotos de
judeus meditando no Muro das Lamentações, você entenderá como
é.
Embora eu não esteja dizendo que as crianças precisam balançar
para frente e para trás, o componente meditativo da leitura das
orações e da repetição das Escrituras em voz alta os ajudará a reter
o que estão lendo e se conectar à Palavra viva—Jesus. Se um
versículo em particular nos aconselha a obedecer, podemos
transformá-lo numa declaração, como: “Eu inclino meu coração a Te
obedecer nesta diretiva. Fortalece-me para ouvir suas palavras e
edificar minha vida sobre a rocha de seus mandamentos (Mt. 7.24–
29)”. Se uma passagem expressa uma verdade em que devemos
acreditar, podemos agradecer a Deus por essa verdade e pedir que
Ele revele mais de seu coração para nós, no que se refere a essa
verdade. Transforme a Palavra em diálogo meditativo com o Autor.
Falando aos judeus em João 5.39–40, Jesus disse: “Vocês
examinam as Escrituras, porque julgam ter nelas a vida eterna, e
são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, vocês não
querem vir a mim para ter vida". Observe que Jesus está dizendo
que as palavras e as letras das próprias Escrituras não contêm vida,
mas é a Palavra escrita que nos leva à Palavra viva—o próprio
Jesus—, que produz vida. Podemos chegar a Ele, acessá-lo através
da meditação inspirada pelo Espírito em sua Palavra. E podemos
ensinar nossos filhos a fazer o mesmo.
O amor de nossa filha Gabrielle pela Palavra de Deus ficou
evidente antes de ela se tornar adolescente. Ela liderava um grupo
de estudo do fim dos tempos aos quinze anos, com a participação
de adultos até os sessenta e cinco anos. Atualmente, aos 21 anos,
seu conhecimento da Palavra de Deus me surpreende.
Ela se formou recentemente na Universidade da Casa
Internacional de Oração, em Kansas City, com uma licenciatura em
teologia e especialização em liderança de casas de oração. Desde a
leitura da Bíblia das crianças na mesa de jantar à memorização das
Escrituras na hora de dormir e os períodos inicialmente forçados de
estudo da Bíblia quando criança, o coração de Gabrielle foi tomado
pelo amor pela Palavra e pela beleza do Autor da Palavra.
"Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, é luz para os meus
caminhos" (Salmo 119.105).

TESTEMUNHOS DA PRÓXIMA GERAÇÃO

Glory Anna Bootsma, nossa filha de onze anos


Meu pai lê para mim todas as noites e me ajuda a memorizar as
Escrituras. Como meu pai trabalha durante o dia, quando ele lê para
mim à noite, isso me ajuda a me sentir perto dele e a saber o quanto
ele me ama.
Memorizar a Bíblia me ajudou a saber o que Deus tem a dizer
sobre minha vida e o quanto sou amada. Eu digo esses versículos
na minha cabeça ao longo do dia.

Benjamin Nunez, 28 anos, líder de equipe na Casa


Internacional de Oração de Kansas City
Natural de Cuernavaca, México
Quando cresci, comecei a trabalhar em diferentes ministérios,
como evangelismo e ministério infantil. Dos treze aos dezessete
anos, eu passava quase todo fim de semana com meus amigos nas
ruas, hospitais e parques para pregar o evangelho. Víamos o poder
e a misericórdia de Deus operando através de nós. Mas lembro-me
de como sentia um fracasso em minha vida pessoal de oração, e
essa era a verdade. Eu costumava ver a oração como o “preço que
pagamos”, se quiséssemos poder e sucesso no ministério, o “meio”
para obter a unção. Eu sabia que algo tinha que mudar, porque
cheguei ao ponto em que percebi que estava lidando com um
obstáculo em minha vida e ansiava viver algo real. Eu precisava
sentir alegria na presença dele. Eu sabia que havia algo maior que
milagres, um ministério bem-sucedido e a empolgação missionária.
Mal sabia eu que Deus estava prestes a mudar minha vida
radicalmente.
Aos dezessete anos, decidi tirar um ano para encontrar Deus
antes de ir para a faculdade. Durante esse período, Deus me
encontrou um dia e me disse: "Construa-me uma casa de oração,
como Davi fez, e seja o primeiro a estar lá". Essa palavra mudou
minha vida, porque, a partir dela, eu passei a sentir fome de oração.
Mas eu não conhecia ninguém que me desse respostas sobre essa
casa de oração, até que alguém me deu um livro chamado Paixão
por Jesus, de Mike Bickle. Quando eu li, não conseguia parar de
chorar no meu quarto. Eu sabia que havia encontrado um pai
espiritual e queria o DNA dele. Então, decidi estudar inglês apenas
para poder traduzir todo o material dele para mim e para os outros
ao meu redor. Eu só queria que todos os meus amigos
conhecessem essa realidade.
Mal sabia eu que essa jornada de oração era, na verdade, uma
jornada de estudo da Bíblia de forma mais profunda. Sem perceber,
depois de dois anos, minha sede de oração aumentou devido ao
estudo de muitos textos de Mike. Ele se tornou meu "pai espiritual à
distância". Lembro-me de ouvir pelo menos dois de seus
ensinamentos por dia e fazer anotações em espanhol, e depois orar
sobre elas. Minhas anotações se tornavam minha linguagem de
oração. Então percebi que a Palavra era realmente o princípio de
qualquer oração.
Mike tem sido fundamental na minha vida. Agora que trabalho
com ele em Kansas City, percebo que sua vida de oração é maior
do que seus escritos sobre a oração. Sua vida me provoca o tempo
todo a ser fiel no lugar da oração e em estudar a Palavra de
verdade. Ele sempre me incentiva a perder meus vinte, trinta e
quarenta anos no lugar de oração e estudo da Palavra e ter uma
história real com Deus, para que, nos meus cinquenta, sessenta e
setenta, eu possa ter uma mensagem que mudará a terra com a
Palavra viva de Deus. Ele foi o primeiro líder a me encorajar a não
me concentrar no sucesso ministerial, mas na realidade que
acontece em meu coração quando fecho os olhos e falo com Jesus.
O dom da revelação
Os filhos e as filhas de vocês profetizarão. Joel
2.28

John e eu dependemos intensamente de ouvir a voz de Deus e de


receber Sua sabedoria e orientação para criar nossos filhos. Ele é o
melhor Pai e por isso sua sabedoria na criação de filhos é
incalculável e útil.
1 Coríntios 14.1 diz: “Sigam o amor e procurem com zelo os dons
espirituais, principalmente o de profetizar”. A palavra "desejo" é
usada para descrever como devemos ansiar por dons espirituais,
especialmente a profecia. A palavra grega para desejo é zeloo.
Significa “ser zeloso, queimar com desejo, perseguir ardentemente e
desejar ansiosamente ou intensamente”[23]. É dessa forma
apaixonada que você e eu, nossos filhos e aqueles que lideramos,
somos divinamente instruídos a perseguir o dom profético. É
realmente um dom do céu, mas também é algo que desenvolvemos.
Como é maravilhoso começar a desenvolver o dom quando criança.
De fato, as crianças nascem tendo sensibilidade do reino espiritual.
Por exemplo, já notei que é bastante comum crianças pequenas
criadas em lares cristãos verem anjos. Se tivermos o cuidado de
proteger e promover essa sensibilidade ao Senhor, suas palavras e
sua presença, isso ajudará a desenvolver uma jornada ao longo da
vida, caminhando perto do Salvador.
Quando criança, eu tinha um dom de revelação, mas não
sabia como usá-lo e muitas vezes via demônios. Eu
literalmente via coisas no meu quarto com meus olhos
naturais e não apenas meus olhos espirituais. Imagens
assustadoras, figuras como bonecos se moviam pelo meu
quarto. Até mesmo ouvir vozes assustadoras fazia parte da
minha vida noturna. Eu precisava aprender a lutar contra as
trevas em oração e desenvolver o dom de revelação, no que
dizia respeito ao que Deus estava dizendo e fazendo.
Eu literalmente aprendi a montar pôneis antes de aprender
a andar, e há fotos minhas montando aos seis meses de
idade—é claro, com alguma ajuda! Quando tinha quatro e
cinco anos, eu montava meu pônei nos campos e
conversava com Deus. Eu o ouvia e, de alguma forma, senti-
o falar comigo no céu, no vento, nos pássaros, nos campos.
Aos oito anos, tive um encontro que mudou minha vida.
Fui visitada por duas pessoas que profetizaram sobre
minha vida. Elas me disseram que eu viajaria pelo mundo,
pregaria, levaria muitos a Jesus e faria parte do avivamento.
Embora naquela idade eu não pudesse compreender tudo o
que foi falado, meu coração ardia com aquelas palavras.
Não posso provar, mas suspeito que fossem anjos que
vieram em forma humana (Hb. 13.2). Como mencionado
anteriormente, somente aos 12 anos de idade foi que eu
nasci de novo, mas, quando criança, fui marcada por Deus.
Eu creio que todas as crianças são marcadas por Deus de
alguma forma. O encorajamento, o desenvolvimento, a
atitude de responder e o cultivo desse chamado são o que
nos leva a cumprir nosso destino.
OUVINDO A VOZ DE DEUS
Jesus declarou em João 10.27: “As minhas ovelhas ouvem a
minha voz; eu as conheço, e elas me seguem”.
O Salmo 40.5 declara: “São muitas, Senhor, Deus meu, as
maravilhas que tens operado e também os teus desígnios para
conosco; não há ninguém que possa se igualar a ti. Eu quisera
anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar”. Da
mesma forma, o Salmo 139.17–18 diz: “Que preciosos para mim, ó
Deus, são os teus pensamentos! E como é grande a soma deles! Se
os contasse, seriam mais do que os grãos de areia". Os
pensamentos de Deus para conosco são mais numerosos do que os
grãos de areia à beira-mar. Isso é surpreendente! Muitas vezes
caminhei pela praia e pensei nessa passagem. Imagine um deserto
e quanta areia há nele. Diz-se que apenas uma mão contém
aproximadamente dez mil grãos. No entanto, os pensamentos de
Deus em relação a você superam o número dos grãos de areia.
Quando nos esforçamos para ouvir Sua voz, simplesmente tocamos
nesses pensamentos. Nunca há escassez de pensamentos dele em
relação a você. Nunca precisamos convencer Deus a falar conosco.
Ele é um pai extremamente comunicativo.
Jeremias 29.11–13 nos diz a natureza desses pensamentos: “Eu
é que sei que pensamentos tenho a respeito de vocês, diz o Senhor.
São pensamentos de paz e não de mal, para dar-lhes um futuro e
uma esperança. Então vocês me invocarão, se aproximarão de mim
em oração, e eu os ouvirei. Vocês me buscarão e me acharão
quando me buscarem de todo o coração”.
Parte do papel do Espírito Santo é falar conosco. Jesus fala em
João 16.12–15: “Tenho ainda muito para lhes dizer, mas vocês não
o podem suportar agora. Porém, quando vier o Espírito da verdade,
ele os guiará em toda a verdade. Ele não falará por si mesmo, mas
dirá tudo o que ouvir e anunciará a vocês as coisas que estão para
acontecer. Ele me glorificará, porque vai receber do que é meu e
anunciará isso a vocês. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso eu
disse que o Espírito vai receber do que é meu e anunciar isso a
vocês". O Espírito Santo representa o Pai e o Filho de maneira
consistente. Quando procuramos "ouvir" esse reino sobrenatural,
não ouvimos exteriormente, mas interiormente.
Mark Virkler, um pastor batista americano, tirou um ano de sua
vida para aprender a ouvir a voz de Deus. Ele desenvolveu as
seguintes quatro chaves simples para ouvir a voz de Deus, a partir
de Habacuque 2.1–2. “Estarei na minha torre de vigia, ficarei na
fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu
terei à minha queixa. O Senhor me respondeu e disse: Escreva a
visão...".
Chave #1. Aquiete-se para sentir o fluxo de pensamentos e
emoções de Deus. "Vou ficar de vigia" (no posto de guarda). Reduzir
a ocupação de nossas mentes e nossas vidas nos ajuda a sintonizar
com a doce quietude da presença do Espírito.
Chave #2. Ao orar, fixe os olhos do seu coração em Jesus. "Eu
vou... observar para ver o que Ele vai me dizer.” Voltando nossa
atenção interior ao Senhor, abrir os olhos do nosso coração ou
entendimento desperta o fluxo divino a partir de nosso interior.
Efésios 1.18 fala dos "olhos do seu coração [entendimento] sendo
iluminados". O rei Davi usou os olhos de seu coração para retratar o
Senhor à sua direita (Sl. 16.8; At. 2.25). Este é um exemplo que
podemos seguir.
Chave #3. A voz de Deus em seu coração costuma parecer um
fluxo de pensamentos espontâneos. Onde esperamos que Deus fale
conosco em voz audível ou por meio de um canal interno em
expansão, mais frequentemente Ele fala em pensamentos, visões,
sentimentos ou impressões espontâneas. Sintonize esses
pensamentos espontâneos de Deus.
Chave #4. Registrar num diário, isto é, escrever suas orações e
respostas de Deus traz grande liberdade ao ouvir a voz de Deus.
Habacuque 2.2 diz: “O Senhor me respondeu e disse: Escreva a
visão...". O registro nos ajuda a explorar um fluxo de palavras
espontâneas e visão de Deus. É preciso examinar as palavras
posteriormente para garantir que elas estejam alinhadas com as
Escrituras e com o caráter e a natureza de Deus.[24]
Com cada um dos meus filhos, tomei esses quatro princípios e,
explicando-os numa linguagem apropriada à sua idade, ensinei-lhes
que também podem ouvir a voz de Deus. Como parte de seu
cotidiano com Deus, instruímos nossos filhos a fazer um diário ou
ouvir o Senhor e escrever o que Ele está dizendo.

Quando nossos filhos são mais jovens, os lembramos de terem


tempo com o Senhor e escreverem diários. Não iniciamos as
atividades escolares em casa até que seu tempo pessoal com o
Senhor seja concluído. À medida que nossos filhos mais velhos
cresciam, essa disciplina diária já estava incutida neles, então agora
a atitude de ouvir a voz de Deus e registrar o que ouvem todos os
dias é parte da vida deles. Nesta semana, eu estava sentada na
casa de oração ao lado de minhas duas filhas mais velhas. Eu as
notei ouvindo o Senhor e escrevendo a revelação que recebiam em
seus diários. Como mãe, foi um prazer para o meu coração vê-las
em comunhão com o Pai celestial.
Esta próxima geração está muito sintonizada com o reino
espiritual. Muitos buscam experiências espirituais, mas tendem a
buscá-la no ocultismo, no tarô, nas cartomantes, nos paranormais e
na meditação ou sessões espíritas. É necessário revelar o
verdadeiro funcionamento do profético para esta geração. Uma das
melhores maneiras de aprender a viver uma vida profética é
exercitar-se em ouvir a voz de Deus diariamente. Muitos estão
apenas desejando ser ensinados a fazer isso.
JULGANDO AS PALAVRAS
As Escrituras nos ensinam a julgar as profecias. Ao treinar seus
filhos ou liderados para ouvir a voz de Deus, faça do julgamento à
palavra parte do seu treinamento. Aquilo que vier do Senhor será
aprovado por Ele. Aqui estão alguns critérios básicos a serem
observados para determinar se o que nós e nossos filhos ouvimos
veio de Deus: 1. Palavras proféticas que são verdadeiramente de
Deus se alinham e são coerentes com a Palavra escrita de Deus.
2. As palavras do Senhor estarão de acordo com sua natureza
amorosa, uma vez que Deus é amor (1 Jo. 4.8).
3. Visto que é o Espírito Santo quem nos fala, suas palavras
estarão em harmonia com o fruto do Espírito: amor, alegria, paz,
paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio
próprio (Gl. 5.22-23). Se o que ouvimos nos deixa nervosos,
ansiosos ou sem paz, pode ser julgado como não sendo gerado
pelo Espírito de Deus.
4. Todas as verdadeiras palavras do Senhor serão coerentes com
o testemunho de Jesus (suas obras e palavras), como Apocalipse
19.10 declara.
5. As palavras do Pai também conterão, de alguma forma,
edificação, exortação e consolo, como adverte 1 Coríntios 14.3.
Mesmo quando somos corrigidos ou confrontados para melhorar
nosso caráter e ações, isso nos dá esperança e nos leva a um lugar
de edificação.
6. As palavras que vêm de Deus serão confirmadas por outros
crentes maduros que ouvem a voz de Deus.
7. Isso se realiza? Se você, aqueles que você lidera ou seus filhos
tiverem a previsão de um evento específico, verifique se este evento
de fato ocorre. Monitorar nossa precisão na compreensão de sua
voz ajuda a aumentar nossa sensibilidade para reconhecê-la.

MANEIRAS DE RECEBER A REVELAÇÃO


PROFÉTICA
Quando ensinamos a nossos filhos os muitos meios pelos quais
Deus dá revelação, isso os ajuda a perceber que sua revelação
pode ocorrer de várias formas: 1. A Palavra. As Escrituras são a
maneira mais importante de ouvirmos Deus falar.
2. A voz serena. Ao interagir com Elias, Deus não estava no
vento, no terremoto ou no fogo, mas numa voz calma e sussurrante
(1 Rs. 19.11–12). Muitas vezes, essa voz pode soar como nossos
próprios pensamentos, pois o Senhor se comunica sutilmente,
fazendo seus pensamentos invadirem os nossos.
3. Visões e imagens. A oração de Paulo em Efésios 1 inclui uma
petição para que os olhos de nosso coração (ou entendimento)
sejam iluminados. Jesus disse isso de si mesmo: “E Jesus lhes
disse: Em verdade, em verdade lhes digo que o Filho nada pode
fazer por si mesmo, senão somente aquilo que vê o Pai fazer;
porque tudo o que este fizer, o Filho também faz” (Jo. 5.19).
Incentive seu filho a prestar atenção às visões ou imagens
proféticas que lhes são reveladas, principalmente quando pedirem e
se posicionarem para receber. Às vezes, exercitamos o profético em
família, especialmente se precisarmos de orientação. Todos
esperaremos no Senhor, ouvimos e prestamos atenção aos
pensamentos, figuras ou visões que surgirem em nossas mentes.
Por exemplo, este exercício familiar foi mais útil para discernir qual
seria o melhor destino para nossa viagem de férias.
4. Sonhos. Embora nem todos os sonhos que temos venham de
Deus, já que são uma dinâmica normal de nossa mente ao
dormirmos, essa é uma maneira importante pela qual o Senhor fala
ao Seu povo. Ensinamos nossos filhos a honrar seus sonhos. Isso
pode incluir compartilhá-los conosco como seus pais, escrevê-los,
orar sobre eles, dialogar com Deus sobre eles e obedecer às
instruções dadas por meio deles. Foi por meio de um sonho que o
Senhor apareceu a Salomão para perguntar o que ele desejava (1
Rs. 3.5); foi através dos sonhos que um anjo apareceu para dizer a
José que tomasse Maria como esposa (Mt. 1.20), depois fugisse
para o Egito (Mt. 2.13), e que voltasse a Israel quando o perigo
passou (vv. 19–20), e especificamente para ir viver na região da
Galiléia (v. 22). Podemos receber avisos em sonhos, geralmente
com o objetivo de intercedermos para interromper qualquer plano
maligno e, ao invés disso, convidar o reino de Deus a invadir uma
situação específica.
Quando Aquila tinha seis anos, ela veio a mim um dia, no café da
manhã, afirmando ter tido um sonho perturbador, no qual sua irmã
mais nova Phoebe caiu e se machucou gravemente. Oramos contra
qualquer plano das trevas que estivesse em curso, pedimos a Deus
para proteger Phoebe e continuamos nosso dia. Naquela tarde, eu
deixei nossa Phoebe de quatro anos (e com atraso no
desenvolvimento) em seu quarto do terceiro andar para tirar uma
soneca. A janela estava aberta, mas havíamos posto uma tela de
proteção nela. Uma vizinha bateu freneticamente em nossa porta,
dizendo-nos para irmos para o quarto de Phoebe, corri para o quarto
dela e descobri que ela havia removido a tela e estava pendurada
no parapeito da janela, prestes a cair. Puxei-a da janela no último
segundo antes que ela caísse. Então, lembrei-me do sonho de
Aquila. É possível que se tivéssemos ignorado o sonho de Aquila e
não tivéssemos orado contra nenhum plano negativo, as coisas
poderiam ter sido diferentes naquele dia.
5. Palavra de conhecimento. Uma palavra de conhecimento é
simplesmente um insight ou informação transmitida por Deus (1 Co.
12.8).
6. Palavra de sabedoria. Quando o Senhor dá instruções divinas,
projetos ou ideias sobre certas situações, isso pode ser chamado de
palavra de sabedoria (1 Co. 12.8). Se pedirmos sabedoria nas
circunstâncias da vida, nós a receberemos.
7. Discernimento. Também chamado de impressão, discernimento
é a capacidade de diferenciar o que é de Deus e o que não é (1 Co.
12.10). Especialmente à medida que o Maligno é capaz de se
apresentar como um anjo de luz, é necessário ter discernimento
para que não participemos de coisas que não são agradáveis ao
Senhor. Meu discernimento tem sido útil em coisas como saber
quais filmes são bons para os meus filhos assistirem e quais não
são. Uma verificação no meu espírito indicará qual filme não é
aceitável—geralmente apenas ouvindo o título ou assistindo ao
trailer. Precisamos prestar atenção às nossas impressões (instinto).
À medida que nos tornamos cada vez mais santificados numa
entrega total ao Senhor, a precisão de nossas impressões e
discernimento aumenta.
8. Paz ou falta de paz. Como a paz é um dos frutos do Espírito
(Gl. 5.22), ele a utiliza como forma de se comunicar conosco.
Particularmente com relação à tomada de decisões, ensine seus
filhos a prestarem atenção ao nível de paz que estão sentindo.
9. Circunstâncias. Portas que se abrem e portas que se fecham
podem ser indicações da vontade de Deus. Se estamos batendo em
portas que simplesmente se recusam a se abrir, isso nem sempre é
uma oposição maligna. Aquilo realmente pode não ser o melhor
para o seu filho ou o momento pode não ser o ideal. Quando os
discípulos chegavam a uma cidade que os recusava, eles eram
instruídos a sacudir o pó dos pés e irem para outro lugar (Mt. 10.14).
Quando Paulo naufragou na ilha de Malta, abriu-se uma
oportunidade de trazer o evangelho da salvação e cura para aquela
terra (Atos 28).
10. Coisas naturais que falam apontam para o sobrenatural. A
própria natureza testemunha sobre Deus e sua obra (Sl. 19.1).
Como alguém pode negar a existência de Deus quando vê as
multidões de estrelas, a complexidade da anatomia humana ou a
beleza do pôr-do-sol? Além disso, o Senhor pode usar coisas
aparentemente comuns para falar conosco, como uma manchete de
jornal, um outdoor ou um objeto que atravessa nosso caminho num
momento específico. John e eu estávamos dirigindo em estradas
rurais enquanto discutíamos sobre o departamento de nossos filhos
na igreja que pastoreamos. Percebemos que o departamento
precisava de ajuda e estávamos discutindo se deveríamos nos
revezar na liderança do ministério infantil ou, se não, o que deveria
ser feito. Naquele momento, encontramos um carro à nossa frente
com a placa ACTZ 636. Imediatamente dissemos um ao outro: "O
que está escrito em Atos 6.3–6?". Peguei minha Bíblia e li a
passagem que fala de como os apóstolos se depararam com uma
necessidade de ajuda prática no ministério. Eles decidiram que seria
sensato procurar outros para liderar este departamento e disseram:
"Mas nos dedicaremos continuamente à oração e ao ministério da
palavra". A passagem diz, então, que eles escolheram Estevão e
seis outros homens e lhes impuseram as mãos para comissioná-los.
Surpreendentemente, alguns meses após esse incidente, o Senhor
nos deu um homem chamado Stephen[25] para liderar o ministério
de nossos filhos.
11. Outras pessoas. O Senhor certamente usa outras pessoas
para falar conosco. Eles podem estar nos dando uma profecia (1
Co. 14) ou podem simplesmente estar contando uma história ou
falando conosco num ambiente casual, mas algo que eles dizem
ressoa dentro de nós como sendo uma palavra do Senhor.
Pregadores e professores certamente nos comunicam palavras do
Senhor, assim como nossos filhos. Quando nossa filha Zoe tinha
seis anos, ela rabiscou um bilhete para meu marido: "Pai, eu quero
que você volte para casa". Isso o impactou intensamente e o fez
perceber que andava ocupado demais e precisava priorizar seu
tempo em casa com a família.
12. Anjos. Os precedentes bíblicos de atividade angelical são
grandes e diversos. Anjos entregam mensagens (Dn. 9.21–22),
guerreiam contra os demônios (Dn. 10.13), protegem (Sl. 91.11–12),
libertam (At. 5.19), ministram ao povo de Deus (Hb. 1.14), adoram
ao Senhor e fazem sua vontade (Sl. 103.20–21).
13. Voz audível de Deus. O Senhor falou audivelmente várias
vezes na Bíblia. Como mencionado anteriormente, uma interação
significativa ocorreu no batismo de Jesus quando o Pai afirmou seu
Filho: "Você é o meu Filho amado; em você me agrado” (Lc. 3.22).
Minha avó sentia muita dor por causa da artrite há anos. Certa vez,
ela estava orando de joelhos por outras pessoas, como fazia
diariamente, quando ouviu a voz audível e sonora de Deus dizer:
"Ore por você mesma". Ela ficou tão atordoada e estava tão
acostumada a orar somente por outras pessoas que ela precisou
ouvir a mesma mensagem por três vezes para que orasse por si
mesma, e ela foi instantaneamente curada de toda artrite pelo resto
de sua vida.

O QUE DEUS DIZ SOBRE ISSO?

A vida é cheia de perguntas, decisões, pensamentos,


esperanças e sonhos. Estar em sintonia com a revelação divina
para nós, nossos filhos e a vida daqueles que lideramos é
imensamente útil para o desenvolvimento de um relacionamento
com Deus, e também para recebermos orientação na vida. Saber o
que Deus tem a dizer sobre uma situação, pessoa ou decisão nos
permitirá caminhar pela vida, mantendo-nos no caminho de seu
plano para nós. Deus se preocupa com todas as grandes e
pequenas coisas com as quais lidamos. Ele deseja estar
intimamente envolvido em nossas vidas. Desde a decisão em
relação a qual instrumento musical aprender até a com que pessoa
se casar—Deus tem as respostas. À medida que perguntamos ao
Senhor em nome de nossos filhos e os ensinamos a perguntar por si
mesmos, somos divinamente direcionados a uma vida abundante.
Vamos ouvir a voz e a liderança do Espírito Santo, e ensinar nossos
filhos e aqueles a quem lideramos a fazer o mesmo.

TESTEMUNHOS DA PRÓXIMA GERAÇÃO

Aquila Bootsma, nossa filha de dezenove anos


Kansas City, Missouri, EUA
Meu próprio testemunho sobre ouvir a voz de Deus começou
quando eu era muito jovem e fui apresentada pela primeira vez à
Comunhão com Deus, por Mark Virkler, como parte do meu currículo
escolar. Durante esses anos cruciais, aprendi que ouvir a Deus não
é tão misterioso ou distante como se pode pensar com frequência,
mas que é algo verdadeiramente para os simples e humildes. Jesus
disse que suas ovelhas ouvem Sua voz, e não há exceções ou
“ovelhas negras” no rebanho de nosso Pastor. Não há tempo melhor
do que agora para seus filhos começarem a bater na porta do céu e
ouvir a voz de seu amado Pai, que está sempre falando palavras de
amor sobre seus corações. E que privilégio é para você, como pai
ou mãe, trabalhar para trazê-los para essa realidade! A importância
de ouvir a voz de Deus não é algo que possa ser exagerado. Isso
realmente mudará sua vida se você deixar.

Apenas uma pequena palavra de encorajamento para todos os


pais que estão ensinando seus filhos a ouvir a voz de Deus—não
desista! Posso dizer honestamente com muita gratidão em meu
coração que essa é uma das coisas ensinadas por meus pais que
teve o maior impacto em minha vida e o mesmo pode acontecer
para seus filhos também.

Iain McDermid, 27 anos


Inglaterra
Fui ensinado pela primeira vez a ouvir a voz de Deus quando
estava fazendo um curso numa igreja em Oxford, Inglaterra, em
2010. Fomos informados de que uma mulher viria do Canadá e de
que ela tinha um dom profético, e cada um de nós teria tempo com
ela para que ela orasse por nós e falasse em nossas vidas.

Eu já ouvira falar do dom de profecia antes e acreditava que Deus


falava hoje, mas Patricia Bootsma nos ensinou de uma forma que
nos mostrou sua praticidade e aplicabilidade à vida cotidiana. Ela
revelou através das Escrituras como é importante reservar um
tempo para perguntar a Deus o que está em seu coração, o que Ele
quer nos dizer e o que Ele quer dizer às pessoas que encontramos.

Eu me aproximei dela no último dia para receber algum feedback


sobre um momento de adoração que eu havia liderado no início do
dia. Sua resposta mudou minha vida: “Foi ótimo; eu acho que você
deveria vir para o Canadá". Ela falou muito brevemente sobre a
possibilidade de organizar vistos, me deu seu e-mail e saiu. Fiquei
um pouco impressionado, para dizer o mínimo. Descobri com ela
que, no primeiro dia em que ela entrou no lugar em que estávamos
(após ter chegado do aeroporto, vinda do Canadá), Deus me
destacou para ela e disse-lhe para me pedir que viesse ao Canadá.
Uma coisa é ouvir uma palavra de Deus, mas outra é agir sobre ela,
confiando que é de Deus. Através da oração, cheguei à conclusão
de que essa era uma palavra de Deus, e que seu plano era que eu
me mudasse para o Canadá e trabalhasse como cooperador de
Patricia. Essa se provou ser uma das melhores decisões da minha
vida.
Servir como obreiro da Casa de Oração Catch the Fire Toronto foi
uma experiência incrível e transformadora. Fui responsável pelos
músicos e cantores e logo me tornei o diretor assistente de Patricia.
Tive o privilégio de ministrar ao lado dela e de muitas outras
pessoas incrivelmente talentosas. Fiz amizades duradouras. Depois
de um ano atuando como colaborador de Patricia, começamos a
planejar que eu trabalhasse em tempo integral na igreja e liderasse
as equipes de adoração da casa de oração, sendo remunerado para
isso. Para mim, este foi um sonho realizado... e então Deus falou
comigo.

Eu estava no meio do meu segundo ano em Toronto, com dois


meses restantes para o vencimento do meu visto, quando Deus
falou muito claramente que ele tinha outros planos para sua casa de
oração ali. Deus falou comigo através de algumas palavras de
outras pessoas e muito claramente uma noite, enquanto eu cantava
na casa de oração. Ele disse: “Eu vou remover sua voz desta casa
de oração. Para que você alcance seu potencial, você precisa sair
daqui, e para que a casa de oração alcance seu potencial, você
precisa sair”. Fiquei tão impressionado com essa palavra que, pelo
resto do turno de adoração, fiquei de joelhos, incapaz de dizer uma
palavra e muito menos de cantar. Patricia havia trabalhado tanto
com a liderança da igreja para me dar aquele emprego, e eu estava
sendo convidado por Deus para desistir e sair. Eu sabia em meu
coração que Deus havia falado, e agora cabia a mim decidir se
confiaria nele ou não. Aproximei-me de Patricia (depois de muita
oração e jejum) e compartilhei com ela esta palavra que Deus havia
me dado. Nós dois ficamos profundamente tristes, mas Patricia
confiava que eu tinha ouvido a Deus com precisão e graciosamente
concordou.

Se há uma coisa que Patricia me ensinou, é a importância de


aprender a ouvir de Deus. Ele está sempre pronto para falar com
você e compartilhar seu coração com você, se apenas aprendermos
a ouvir a voz dele e reservar um tempo para escutar. Deus nunca o
levará a falhar, e Ele é fiel à sua palavra. Voltei para a Inglaterra e,
por seis meses, Deus disse que eu deveria esperar e me preparar.
Então, aparentemente do nada, recebi uma oferta de emprego para
me tornar pastor de adoração e de jovens da Catch the Fire Sydney,
na Austrália! Ouvir a Deus, confiar nele e seguir seu plano é a
experiência mais emocionante e gratificante que podemos ter.
Criando uma cultura de adoração
Porque derramarei água sobre o chão sedento e
torrentes sobre a terra seca. Derramarei o meu
Espírito sobre a sua posteridade e a minha bênção
sobre os seus descendentes, e eles brotarão como a
relva, como salgueiros junto às correntes de água.
Isaías 44.3–4

Na busca por promover a paixão pelo Noivo em nossos filhos e


liderados, é imperativo cultivar neles o valor da cultura de adoração
e oração, tanto na vida privada quanto na corporativa. A
concordância com quem Deus é, por meio da adoração, e
concordância com o que Ele quer fazer em nossas vidas e na Terra,
por meio da intercessão, são componentes essenciais na vida de
um crente vibrante.
Como mencionado no capítulo 1, estabelecer o modelo é crucial
para a multiplicação. Nossa postura como pessoas de oração e
adoração gera o mesmo coração nos filhos. Quando eles nos veem
nos dedicando persistentemente a encontrar Deus no lugar secreto
e coletivo, isso alimenta o desejo neles.
Quando nossos filhos começaram a falar, mesmo que tivessem
dominado apenas algumas palavras, John e eu pedimos que
orassem conosco. Podemos dizer: "Obrigado, Jesus", ou "eu te
amo, Jesus". A repetição de orações tão simples ajuda a dar início a
uma vida de oração em nossos filhos. Eles começarão a perceber
que podem falar com Deus, assim como falam conosco.
Na rotina da hora de dormir, sempre deve haver espaço para a
oração. Eu realmente nunca gostei da oração "agora me deito para
dormir"[26], pois mencionava a morte em potencial antes da manhã.
Contudo, fazer uma oração responsiva simples de consagração,
adoração e intercessão é uma ótima maneira de terminar um dia.
Quando eu era criança, lembro-me de sempre orar pelos
missionários ao redor do mundo antes de adormecer. Nossa filha de
onze anos pede ao pai que ore várias vezes antes de dormir. Ela
não gosta apenas de uma oração, mas de muitas!
Ao redor da mesa antes das refeições, as orações de
agradecimento podem ser alternadas entre os membros da família.
Também gostamos de dar as mãos em família quando oramos antes
de uma refeição. Fazemos isso até mesmo em restaurantes! Parece
que estamos conectados como uma família e nos conectamos a um
Deus muito real a quem somos gratos por tudo o que fez, ao nos dar
provisão diariamente. A oração ao redor da mesa é uma excelente
maneira de as crianças aprenderem a orar em voz alta na frente dos
outros.
Em nosso culto doméstico, geralmente semanalmente,
novamente nossos filhos são convidados a orar um após o outro.
Existe um poder na oração em família que ajuda a desbloquear o
destino. Oramos juntos por veículos, casas, férias, assuntos atuais
em todo o mundo, governo, avós e amigos, e temos visto nossas
orações respondidas, uma após a outra.
Foi Ruth Bell Graham quem disse que suas orações da manhã
eram orientadas de acordo com os eventos relatados no jornal do
dia. Crianças que aprendem a orar por conflitos no Oriente Médio ou
pela chuva sobre uma área atingida pela seca aprendem a cuidar de
coisas fora de si mesmas e de seu pequeno mundo.
Quando nossos filhos aprenderam a ler de forma independente,
todos receberam sua própria Bíblia em tamanho normal e foram
instruídos a fazer sua oração pessoal e estudar a Bíblia. Quando
nossa filha de onze anos acorda pela manhã, lembro-a de ter um
tempo com o Senhor antes de tomar o café da manhã. Não preciso
lembrar nosso garoto de catorze anos, que já formou o hábito.
Nós os ensinamos a ter, neste tempo pessoal, uma parte do
tempo programada para imergir ou simplesmente estar na presença
de Deus. Para promover isso, às vezes, acordamos nossas filhas
tocando uma canção cristã suave. Outras vezes, nossa filha caçula
se junta ao pai ou a mim em nosso próprio tempo de imersão. John
põe música cristã instrumental tocando em seu iPad, e ele se deita
no chão apenas para permanecer na presença de Deus. Glory
Anna, às vezes, se junta a ele. Eu tenho um iPod, onde todas as
manhãs escuto música instrumental cheia do Espírito. É como se eu
estivesse recebendo um maravilhoso download do fruto do Espírito
todos os dias—amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade,
amabilidade e domínio próprio. Glory Anna, às vezes, pega um dos
meus fones e coloca no ouvido.
Além de absorvermos a presença dele, ensinamos nossos filhos a
incluir tempo de oração, tempo de anotações (ouvindo a voz de
Deus) e tempo de estudo/leitura da Bíblia em seu tempo pessoal
com Deus. Eles são lembrados de fazer isso diariamente, enquanto
acordam, até que o hábito se forme, e passa a ser automaticamente
o que eles fazem todas as manhãs sem avisar.
Ensinamos nossos filhos a orar a bíblia, pegando passagens e
transformando-as em diálogo com o Autor. Jesus disse aos fariseus
em João 5.39–40: “Vocês julgam as Escrituras, porque julgam ter
nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
Contudo, vocês não querem vir a mim para ter vida". Ele os estava
exortando a, através das Escrituras, virem ao Deus que as
escreveu, e não procurar vida nas palavras de uma página, ao invés
de no próprio Deus. Da mesma forma, ensinamos nossos filhos a
orar a Bíblia, torná-la pessoal e íntima na relação com Aquele que
deseja encontrar-se com eles.
Mike Bickle, diretor da Casa Internacional de Oração, ensina que
devemos tomar os versículos que nos exortam a obedecer e
transformá-los em declarações como: “Eu decido obedecer a Ti
nesta diretiva. Fortalece-me para ouvir suas palavras e edificar
minha vida sobre a rocha de seus mandamentos (Mt. 7.24–29)”. Da
mesma forma, se uma passagem expressa uma verdade na qual
devemos acreditar, podemos agradecer a Deus por essa verdade e
pedir que Ele revele mais de seu coração para nós, no que se refere
a essa verdade.
Quando alguns de nossos filhos atingiram a idade do ensino
médio, costumavam gostar de usar um livro devocional para ajudar
a melhorar seu tempo pessoal de oração e estudo. Encontramos
ótimos recursos para pré-adolescentes e adolescentes na loja online
da Focus on the Family.
Além disso, quando nossas filhas atingiram a idade de 13 anos,
as enviamos para um acampamento de verão da Casa Internacional
de Oração. Percebemos que a forte cultura da oração no IHOPKC
ajudou a impulsionar a vida de oração de nossos filhos no início da
adolescência.
Desenvolver uma cultura de oração inclui incentivar nossos filhos
a orar por aquele professor que parece excessivamente rigoroso,
pelo valentão da escola ou pelo amigo que os está evitando. É claro
que queremos ouvir o que estão sentindo, mesmo quando isso inclui
as reclamações e os problemas com os quais lidam. No entanto,
recorrer a Deus junto com seu filho nesses momentos, antes de
tentar "resolver o problema", ensina a eles um padrão de vida que
faz da oração uma parte do cotidiano. Hoje, nossos filhos oram por
uma vaga no shopping ou para encontrarem o jeans certo durante
as compras. Em família, oramos um após o outro, do mais velho ao
mais novo, no veículo antes de iniciarmos uma viagem de carro de
mais de uma hora. Oramos por proteção, alegria em nossos
corações, ou qualquer coisa que o Senhor levar a orar. Temos visto
a bênção de Deus em nossas viagens como resultado dessa
prática. A oração deve ser um diálogo contínuo com Aquele que
nunca dorme e se importa com tudo o que pertence a nós, seus
filhos.
No capítulo 3, discutimos sobre declarações proféticas ou listas
de oração que usamos para orar/declarar sobre nossos filhos.
Queremos que eles desenvolvam sua própria lista de oração e
declarações. Certa vez, nossa filha lamentava por não ter muitos
amigos. Eu a incentivei a fazer uma declaração diária de que o
Senhor estava lhe dando novas amizades piedosas. Ela fez isso e,
surpreendentemente, uma garota adorável se aproximou de nós e
fez amizade com nossa filha. Ela fez um novo amigo na igreja
também. Certo dia, sentime encorajada quando, ao entrar num
banheiro da casa que geralmente era usado por nossa filha
Gabrielle, vi suas declarações e orações escritas e coladas no
espelho.
Ter uma casa cheia de adoração—com músicas cristãs tocando,
ou a transmissão ao vivo da sala de oração da Casa Internacional
de Oração (ihopkc.org/prayerroom), ou simplesmente cantando uma
música de adoração durante o dia—gera um ambiente focado em
Deus e na adoração a Ele. Costumo ouvir meus filhos cantando
canções durante o dia. Eu amo o som das vozes que se levantam
em adoração. Acredito que nossos carros também podem ser salas
de adoração, quando tocamos canções que exaltam Jesus
enquanto dirigimos.
Meu marido e eu estamos envolvidos em liderar casas de oração
desde 2003 e atualmente lideramos a Casa de Oração de Toronto.
Além disso, viajo dentro e fora do país, ajudando a estabelecer
casas de oração. No entanto, não posso construir uma casa de
oração até que eu seja uma casa de oração e minha casa seja uma
casa de oração. Todo o nosso ministério deve começar dentro de
nós, depois entrar em nossos casamentos e filhos, e daí para tocar
outros.
Anos atrás eu tive um encontro poderoso com o Senhor, onde Ele
falou com uma voz quase audível que eu deveria “ensinar, viver e
praticar o tabernáculo de Davi”. Eu sabia que o tabernáculo de Davi
estava na Bíblia, mas eu não tinha ideia de como isso me afetaria
hoje. No entanto, meu marido e eu estávamos clamando para que
Deus nos desse estratégias para afetar nossa cidade e ver sua
glória invadir nossa igreja, e estávamos com muita fome por mais de
sua presença. Por isso, comecei a estudar o tabernáculo de Davi,
descobrindo esse homem segundo o coração de Deus que havia
estabelecido um centro de adoração e oração, centrado em glorificar
o Senhor e interceder por seus propósitos na Terra. O ministério ao
Senhor no tabernáculo de Davi continuou dia e noite por décadas e
foi o tempo de maior expansão, favor e bênçãos na história de
Israel.
Amós 9.11, citado em Atos 15.15–17, afirma que, nos últimos
dias, o Senhor reconstruirá o tabernáculo de Davi—não uma tenda
montada sobre a arca da aliança, mas o espírito, valores e
princípios da adoração e a oração sendo levantada como incenso,
ajudando a exaltar e engrandecer seu nome entre as nações da
terra (Mq. 1.11).
Pessoalmente, quero participar disso! E quero que meus filhos
participem disso! De fato, não consigo pensar em nada mais
agradável do que estar na presença de Deus, adorando-o e
ocupando meu lugar sacerdotal diante dEle (Ez. 44.15-16). Tudo
vale a pena por Ele!
John e eu começamos dedicando as manhãs ao Senhor durante a
semana em oração e adoração. A partir daí, passamos cada vez
mais tempo em oração e adoração na igreja, edificando a casa de
oração coletiva.
Anos atrás, quando pensava em reuniões de oração, a imagem
que vinha à minha mente era a de reuniões de oração
desagradáveis e entediantes, com a presença principal de idosos
numa sala dos fundos. No entanto, combinar oração com adoração
torna a oração muito mais íntima e agradável. De fato, esse é o
modelo do céu, como Apocalipse 5.8–10 revela, onde as taças de
incenso estão sendo cheias com as orações dos santos, e as
harpas e os cânticos proféticos são liberados em adoração.
Levávamos nossos filhos, até mesmo quando eram bebês, à casa
de oração para estar conosco, enquanto orávamos e adorávamos. A
verdade é que as crianças pequenas podem perder o foco depois de
um tempo, mas definíamos um período de tempo de trinta minutos
ou uma hora em que precisariam estar na casa de oração e depois
podiam ir brincar na área do ministério infantil. Como também sou
professora dos meus filhos, eles faziam parte da lição de casa,
enquanto estavam na casa de oração. Eles também participavam
como cantores, músicos, líderes de adoração e intercessores na
casa de oração e o fazem até hoje. Além de seus momentos de
devoção pessoal, eles foram criados em meio a uma cultura coletiva
de oração e adoração que levou ao amadurecimento do amor pelo
Senhor em seus corações.
Nosso filho Judah é um líder de adoração e ele liderou a casa de
oração em Stratford, a cidade onde morávamos e começamos uma
casa de oração. Gabrielle é uma líder de adoração e líder de oração
numa casa de oração. Aquila é violinista e líder de oração numa
casa de oração. Zoe acaba de começar como cantora numa equipe
de músicos, e Glory Anna e Zoe estão tendo aulas de piano e canto
a fim de se prepararem para ministrar em oração e adoração diante
do Senhor.
Talvez você não viva perto de um lugar onde haja oração e
adoração contínuos. Que tal começar um? Mesmo em sua própria
casa. Alguns amigos nossos de Bath, uma cidade da Inglaterra,
ficaram tão empolgados com a revelação sobre ter mais oração e
cultos em suas famílias e cidade que começaram uma casa de
oração em casa com seus três filhos adolescentes e de vinte e
poucos anos. Eles se revezam cantando, adorando e orando juntos
em família todas as manhãs.
Como líder de uma casa de oração, trabalho com muitos
cantores, músicos e intercessores da próxima geração. De fato,
estou impressionada com a forma como esta próxima geração está
ouvindo o "som do Senhor" para jejuar, orar e adorar, como
nenhuma outra geração antes. Quando o Senhor falou comigo sobre
iniciar casas de oração, Ele disse: “Se você a construir, eles virão”.
E eles têm vindo. Da Austrália, Europa, Ásia, África, América do
Norte e do Sul, o Senhor nos enviou jovens que se dedicam à
oração e à adoração contínuos. Eu tenho visto de perto seus
corações serem transformados, sua paixão por Jesus aumentando e
seu conhecimento da Palavra se expandindo à medida que a
estudam, cantam e oram mais.
Como você motiva um jovem a passar horas por dia em oração e
adoração? Você pode dar o exemplo, ensinar, comunicar e orar por
isso. Mas o ponto principal é: o encontro de seus corações com o
próprio Deus é o fator motivador. Ele aparece! Sua presença
transforma! Devemos fazer o que podemos fazer, mas não podemos
fazer o que somente Deus pode fazer. Devemos confiar nEle para
impactar o coração de nossos filhos e daqueles que lideramos.
Verdadeiramente, Ele é a recompensa! Verdadeiramente, Ele está
levantando uma geração de corações ardentes!

TESTEMUNHOS DA PRÓXIMA GERAÇÃO

Benjamin Nunez, 28 anos, líder de equipe na Casa


Internacional de Oração em Kansas City
Natural de Cuernavaca, México
Ainda me lembro do primeiro dia em que encontrei a oração. Eu
tinha cerca de cinco anos. Lembro-me de descer as escadas de
manhã cedo e ver meu pai ajoelhado na sala, orando. Essa imagem
me chocou. Eu nunca vi meu pai numa posição tão vulnerável e com
tanta ternura em sua voz. Eu sabia que havia algo acontecendo
dentro do meu pai que era diferente. Lembro de me aproximar dele
e ver as lágrimas em seus olhos. Ele se virou para mim e explicou:
“Filho, eu estou orando; esta é a coisa mais importante que você
fará, conversar com Deus”. Então, nós dois nos ajoelhamos e
oramos. Foi poderoso, porque abriu meu diálogo com Deus pela
primeira vez de maneira consciente.

Também me lembro de minha mãe orando comigo e com meu


irmão mais velho à noite. Ela vinha para a cama do meu irmão e
orava com ele, depois para a minha e fazia o mesmo. Mas ela
reservava um tempo para processar nossas pequenas vidas
conosco e depois nos guiava em oração para dar graças a Deus.
Lembro que, às vezes, esses eram os momentos mais doces do dia,
sentia a presença de Deus em meu coração.

Meu pai é pastor há mais de quarenta anos e me deu exemplo de


como é ser um homem de oração. Por outro lado, minha mãe nunca
esteve no púlpito ministrando, mas deu sua vida em intercessão por
nós, nos orientando quando crianças sobre como ter uma vida real
de oração. Sou muito grato por meus pais—meus mentores nos
primeiros dias.

Gabrielle Bootsma, nossa filha de 21 anos


Desde que eu era uma garotinha até agora, meus pais têm me
ensinado a importância e o impacto da oração. Orando pelas
refeições, por vagas de estacionamento ou por pessoas, vi o valor
da oração nos “resultados” e no fato de que estou construindo um
relacionamento com meu Pai Celestial enquanto falo com Ele.
Mateus 6.6 teve um grande impacto em minha vida: “Mas, ao orar,
entre no seu quarto e, fechada a porta, ore ao seu Pai, que está em
secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa”.
Eu tomei esse versículo literalmente ao longo de meu
desenvolvimento (e ainda o faço), mas lembro-me de quando era
adolescente e ia para o meu quarto, fechava a porta e, sem música,
orava (dramaticamente) ao meu Pai no lugar secreto. Penso
naqueles tempos com muito prazer, porque sei que é isso que o
Senhor também sente quando pensa naqueles tempos. Foi a partir
desses momentos que construí meu relacionamento de forma
contínua com o Senhor no lugar secreto, e agora, quando acordo de
manhã, percebo que estou ansiosa por ler a Palavra, orar, escrever
em meu diário e ver o que o Senhor tem a me dizer para esse dia.
Eu também mencionaria o grande impacto que a casa de oração
teve em minha vida. No momento em que fui apresentada à casa de
oração num sentido coletivo, fui capturada. Adorava o fato de
cantarmos a Palavra de Deus como forma de oração e de que
podíamos nos reunir para momentos agradáveis de intercessão.
Atribuo grande parte da minha memorização das Escrituras, minha
profundidade na Palavra e os maiores momentos de revelação
sobre a Bíblia à casa de oração—sem mencionar que minhas
habilidades como cantora e musicista também cresceram durante
esse período. Eu também aprendi a perseverar no lugar de oração
ao passar horas toda semana durante a maior parte da
adolescência, cantando e tocando para o Senhor em uma sala com
apenas cinco a dez outras pessoas. A casa de oração foi
fundamental para minha vida em Deus e para que eu mantivesse
meu coração faminto por ele, e pessoalmente acredito que a casa
de oração é essencial para os adolescentes e jovens
desenvolverem e sustentarem corações que ardem pelo Senhor.
Corte casamento e a saída da casa
dos pais
Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua
mulher, tornando-se os dois uma só carne. Gênesis
2.24

Em muitos aspectos da cultura atual, a cosmovisão bíblica tem


sido gradativamente rejeitada, até mesmo dentro da igreja.
Infelizmente, as estatísticas dizem que os casamentos de quinze a
vinte por cento das pessoas que frequentam regularmente a igreja
ainda terminam em divórcio.[27] De alguma forma, como povo de
Deus, abandonamos o projeto celestial para nossos
relacionamentos e casamentos. Devemos estar comprometidos em
ajudar nossos filhos e aqueles que lideramos a encontrarem a
vontade de Deus para o casamento—isso afetará suas vidas mais
do que quase qualquer outra decisão. Todos os dias da vida de
nossos filhos, tenho orado para que eles se casem apenas com a
pessoa que o Senhor tem para eles.
Na manhã do dia do meu casamento, olhei para o sol, o céu azul
e algumas nuvens. Ouvi o Senhor falar com meu espírito que havia
alegria no céu naquele dia, quando eu estava prestes a me casar
com o homem que o Senhor havia escolhido para mim. No começo,
me perguntei se tinha ouvido corretamente. Eu disse ao Senhor:
“Deus, eu sei que a Bíblia fala sobre o céu se regozijar quando
alguém entra em salvação (Lc. 15.10), mas acho que não fala do
céu se regozijando em um casamento". Então, o Senhor me
respondeu, afirmando que a salvação diz respeito ao cumprimento
do destino—nosso destino como sua noiva. E o casamento diz
respeito ao destino—à união dos destinos, daqueles que o Senhor
chamou para viver seus dias juntos na Terra, ajudando a atrair um
ao outro para a plenitude do que nosso Pai celestial tem para eles.
A decisão sobre com quem se casar é algo crucial para determinar
quem você se tornará em Deus. De fato, há um grande prazer entre
os anjos e a Trindade sobre um casamento designado pela vontade
de Deus.
Nos meus vinte anos de ministério, vi muitos jovens se desviando
de seu destino em Deus por causa da escolha de seus cônjuges. O
apóstolo Paulo declarou em 2 Coríntios 6.14: “Não se ponham em
jugo desigual com os descrentes. Pois que sociedade pode haver
entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão existe entre a luz e
as trevas?". Eu acredito que essa advertência é um aviso claro, não
apenas para não casar ou namorar com descrentes, mas também
não casar ou namorar com aqueles que não têm o mesmo fervor ou
maturidade espiritual.
Muitas vezes ouvi jovens dizendo coisas como: "Ah, mas eu o
amo. Deus deve querer que eu me case com ele, pois tenho
sentimentos muito intensos". Bem, vejamos a vida de Salomão. Ele
se casou com mulheres que não compartilhavam de sua fé. Elas
afastaram seu coração de Deus. E ele “se apegou a elas por amor”
(1 Rs. 11.1–3).
O amor ou as emoções do coração não são o único padrão ou
motivo para se casar. Além disso, namorar com a intenção de levar
a pessoa à conversão, ou “namoro missionário”, geralmente termina
com o coração do crente se afastando de Deus.
A decisão sobre com quem se casar não deve se basear somente
nas emoções. É necessário muito mais, como a liderança clara do
Senhor; objetivos complementares na vida; o entrelaçamento do
destino; confirmação dos pais e figuras de autoridade; e a mesma
visão e valores espirituais, incluindo ideias sobre família, finanças,
sexualidade, educação dos filhos e muito mais.

NAMORO MODERNO VS. CORTE (NAMORO


BÍBLICO)

O conceito moderno de namoro é muito diferente do padrão que


vemos nas Escrituras. Os relacionamentos bíblicos (o que chamarei
de namoro bíblico ou corte) normalmente eram iniciados por um
jovem interessado em uma jovem, que solicitava permissão do pai
dela para buscar a possibilidade de um compromisso vitalício.
Qualquer relacionamento antes do casamento estava sob a
supervisão do pai, família ou até da igreja (ou sinagoga).
A forma atual de namoro é mais sobre diversão fugaz, romances
múltiplos, sentir-se bem consigo mesmo ao lado de um belo
pretendente ou experimentar vários parceiros para ver o que
realmente quer. Há pouca ou nenhuma supervisão por parte das
famílias.
Os objetivos finais do namoro moderno e do namoro bíblico são
muito diferentes. O namoro moderno tem pouca intenção ou
compromisso de buscar o casamento e diz respeito a apreciar a
companhia um do outro com o objetivo de determinar se é a vontade
de Deus que a outra pessoa seja seu futuro marido ou esposa.
Como a supervisão do namoro moderno geralmente é deixada
para o casal, há mais oportunidades de cair em tentação e não
andar em pureza. O casal passa muito tempo sozinho. O
envolvimento emocional e físico é normal. A intimidade acontece
antes do comprometimento. Por outro lado, no namoro bíblico ou
corte, o tempo em grupo com a família ou os amigos é incentivado e
há supervisão e responsabilização pelos pais ou mentores. Isso
ajuda a estabelecer um padrão de retidão no relacionamento—
evitando todos os desvios, inclusive o envolvimento físico. O
compromisso acontece antes da intimidade.

MINHA HISTÓRIA

Eu gostaria de ter sabido, quando era adolescente e jovem, o que


sei agora. Eu naveguei mal nas águas do namoro. Eu tive vários
relacionamentos amorosos, alguns dos quais cruzaram linhas de
bom senso e padrões bíblicos.
No meu livro Convergence, compartilho minha história no contexto
da necessidade de cura do coração e da descoberta do amor de
nosso Pai celestial. Para dar uma versão abreviada aqui, devido à
falta de perdão e julgamentos contra meu pai, sofri com uma falta de
amor que me levou a procurar o amor em lugares errados. Jurei que
nunca me casaria com alguém como meu pai. No entanto, como eu
procurava namorar alguém que não se parecesse com ele de
nenhuma maneira, eu acabava me relacionando com homens que
eram semelhantes a ele. Era como se eu tivesse algum tipo de sinal
na minha cabeça dizendo: "Atenção, todos os homens disfuncionais
—sou atraída por vocês". Os caras legais, que abriram a porta do
carro para mim, me deram flores e enviaram boas cartas de amor,
eu não estava nem um pouco interessada neles.
Um dia, totalmente frustrada por causa de outro relacionamento
fracassado, clamei ao Senhor: "Estou cansada de namorar. Eu
nunca quero namorar novamente. Qual é o nome do homem com
quem você quer que eu me case?”. Surpreendentemente, ouvi a voz
quase audível do Senhor dizer em meu espírito: "John". Pensando
que eu poderia conseguir um pouco mais de informações, perguntei:
"John quem?". Mais uma vez, veio uma resposta: "John Bootsma".
Naquele momento, eu sabia que havia um sujeito que havia se
mudado recentemente para a cidade onde eu morava e que tinha
esse nome. Eu nunca o havia conhecido. Eu não tinha ideia de
quantos anos ele tinha ou de qualquer tipo de detalhe. Minha
resposta sincera a Deus foi: "Não posso me casar com um John;
minha irmã se casou com um John ”, já que minha irmã mais velha
se casara com um homem chamado John. E foi isso.
Algumas semanas depois, conheci John Bootsma na igreja. Ele
era bancário e parecia amigável e bonito o suficiente. Ele buscou se
aproximar de mim e, como pensei ter ouvido Deus dizer que ele
seria meu marido, correspondi. No entanto, desde o início, notei
ações que causaram sentimentos adversos no meu coração, que
ainda não era curado. John abriu a porta do carro para mim, deu
presentes e me tratou gentilmente. Eu não me sentia atraída pela
bondade e ternura expressa por um homem. Eu não estava atraída
por ele. Eu o afastei.
Pela misericórdia do tempo de Deus, minha amiga e mentora
Carol Arnott havia descoberto os ensinamentos de John e Paula
Sandford sobre a cura do coração. Carol havia retornado
recentemente de uma viagem ao centro ministerial deles, contando
experiências transformadoras em sua vida. Muitas vezes o Senhor
faz com que o avanço obtido na vida dos líderes se torne o avanço
na vida daqueles que eles lideram. Quando superamos obstáculos,
obtemos autoridade nessa área para ajudar outras pessoas a obter
a vitória da mesma forma. Ao ver em primeira mão a transformação
em Carol, estava determinada a ver mudanças na minha vida. Eu
me inscrevi no ministério. Eu estava desesperada por
transformação.
Perdão em relação a meu pai, arrependimento pela forma como
eu o havia julgado (Rm. 2.1), oração para romper os ciclos carnais
de semear e colher em minha vida (Gl. 6.7–8), arrependimento por
crenças ímpias (particularmente sobre os homens) e a oração pela
libertação dos pecados e maldições da minha família e da opressão
demoníaca foram cruciais na cura emocional do meu coração.
Após aquele tempo de cura, eu realmente me senti como uma
nova pessoa e pude olhar para John com novos olhos. Na verdade,
eu me vi não apenas claramente sendo levada a me casar com ele,
mas agora meu coração foi despertado em amor por ele.
John e eu desfrutamos de vinte e quatro anos de um casamento
incrível. Ele é um tesouro dado por Deus, um companheiro incrível
nesta jornada da vida. John é um homem de integridade, caráter e
paixão pelo Senhor, e é um marido e pai incrível. Sou muito grata ao
Senhor por me ajudar a navegar pelas águas dos relacionamentos.
Também tenho um profundo desejo de ver essa próxima geração
navegar bem nessas mesmas águas, evitando armadilhas e falsos
começos.
Eu recomendo reservar um tempo para receber a cura do
coração. Mesmo para nossos filhos, que pensamos terem sido bem
criados, disponibilizamos o ministério da cura. Para os membros de
nossa equipe ministerial, nossos estagiários e todos os que nos
procuram para aconselhamento no tocante às questões do coração,
recomendamos o ministério Restoring the Foundations como uma
ferramenta que o Senhor está usando poderosamente para libertar
corações (restoringyourlife.org).
O VOTO DE NAZIREU
Números 6.1–21 fala do voto do nazireu. Em hebraico, nazir
significa "consagrado, dedicado". Os nazireus eram homens ou
mulheres que se comprometiam voluntariamente a uma
consagração e separação especiais ao Senhor. Embora houvessem
nazireus que faziam o voto para toda a vida, como Samuel, Sansão
e João Batista, a maioria das pessoas fazia o voto por um período
específico de tempo.[28] Para os crentes dos tempos modernos, o
voto de nazireu diz respeito a viver uma vida santa de consagração,
separada do mundo. É uma escolha voluntária dedicar-se
completamente a Deus e cumprir certas condições e restrições, por
um período definido de tempo. O DNA do Nazireu, de Lou Engle, é
um bom resumo do voto de nazireu para nossos dias.
Nosso filho Judah fez um voto de nazireu por todos os anos do
ensino médio para ser separado e consagrado ao Senhor de uma
forma especial. Parte desse voto para ele significava que ele não
buscaria um relacionamento afetivo. Ele se dedicou a buscar ao
Senhor e só se apegou romanticamente à mulher que Deus tinha
para que ele se casasse. Lembro-me de andar pela rua um dia com
o nosso filho loiro de quase um metro e oitenta e seis, quando as
meninas que passavam por nós o encaravam com admiração. Eu
podia perceber que elas estavam esperando por sua atenção. Judah
seguia em frente e não as notava. Não posso dizer que Judah
nunca notou nenhuma garota bonita em todos esses anos, mas
posso dizer que ele nunca se aproximou ou namorou nenhuma
delas.
Judah se formou no colegial, foi para Kansas City para fazer o
seminário Fire in the Night, na Casa Internacional de Oração, e
depois seguiu para Sydney, na Austrália, para a escola de adoração
da Hillsong. Enquanto ele estava na Austrália, John e eu
contratamos uma obreira para o ministério infantil na igreja que
liderávamos na época. Ela era uma ex-missionária da Jocum e
passou algum tempo em várias nações do mundo. Quando Judah
voltou da Austrália, ele a conheceu pela primeira vez e diz que
soube imediatamente que ela, Bethany, seria sua esposa. Algumas
semanas depois, no dia de Natal, tive um sonho. No sonho, o
Senhor me mostrou que Bethany era de fato a esposa de Judah e
os anos revelaram como eles eram perfeitos um para o outro. Em 10
de outubro de 2010 (10/10/10), John e eu tivemos o privilégio de
realizar a cerimônia de casamento de nosso filho e sua noiva.
Bethany foi o primeiro encontro de nosso filho, seu primeiro beijo,
seu primeiro tudo. A pureza desse relacionamento foi exemplar.
Nossas duas filhas mais velhas, Gabrielle e Aquila, também
fizeram votos de nazireu em períodos específicos de suas vidas. Um
período de separação e consagração ao Senhor, como ocorre
durante um voto de nazireu, pode ajudar os jovens a serem
inteiramente dedicados ao Senhor e não se distrair com os
relacionamentos afetivos.

NOSSOS PADRÕES

Instruímos nossos filhos a abraçarem a corte ou namoro bíblico.


Pedimos a eles para não se envolverem em namoros no sentido
moderno do termo. Ficamos felizes ao vermos nossos filhos
participarem de grupos, com amigos ou frequentarem cafés para
conversar sobre amizades, pois estas são práticas que os ajudam a
construir amizades ou a possivelmente conhecerem alguém. No
entanto, quando um homem se aproxima de uma de nossas filhas
romanticamente com uma intenção mais séria de namoro, pedimos
a elas que o orientem a pedirem a permissão de John (e minha)
para cortejar ou namorar biblicamente com nossa filha. Nossa
permissão só é concedida caso eu e John considerarmos o rapaz
como alguém com quem nossa filha poderia se casar.
As Escrituras deixam claro que não deve haver envolvimento
sexual fora da aliança do casamento entre um homem e uma
mulher. Fornicação é sexo fora da aliança do casamento (1 Co. 6.9–
10).

Além do princípio óbvio, de não ter intimidade física até o


casamento, pedimos aos nossos filhos que não se beijem até o
noivado. Bem, a verdade é que pedimos que eles não se beijassem
até o casamento, mas nosso filho achou isso muito restritivo e
perguntou sobre o beijo no noivado. Eu ainda diria que é preferível
não se beijar até o casamento, mas John e eu estamos dispostos a
trabalhar com nossos filhos nisso. Simplificando, não beije antes de
ter um anel e não tire a roupa até depois do casamento. A pergunta
nunca deve ser: "Até que ponto posso ter contato físico antes do
casamento?". A pergunta deve ser: "Como posso honrar a Deus e a
essa pessoa em minhas ações, mantendo a máxima pureza?".
Nas cerimônias de bat ou bar barakah que realizamos para
nossos filhos aos treze anos, eles assinam um compromisso de
aliança, por meio do qual se comprometem a conservar a pureza
sexual, incluindo a abstinência até o casamento. Mike Bickle sugere
que os jovens que estão iniciando um relacionamento podem achar
benéfico escrever uma lista de coisas com as quais se
comprometerão em seu relacionamento. A lista pode incluir
atividades a serem seguidas (como incentivar a visão espiritual um
do outro, estar ativamente envolvido no ministério, ir a reuniões de
oração juntos e ler a Palavra juntos), e atividades a serem evitadas
(como beijar antes do noivado, se colocarem em situações que
possam comprometer a pureza, assistir filmes que despertam
desejos que não podem ser cumpridos com retidão, beber álcool
juntos, ficar sozinhos juntos em uma casa, etc.). Para ser
responsável por manter esses padrões, o casal deve enviar os
compromissos escritos e assinados aos pais ou àqueles que
consideram mentores.
Por fim, aconselho todos os casais a se aconselharem antes do
casamento, pois isso identifica os princípios de comunicação, os
leva a pensar em situações futuras e a responder perguntas que
não são óbvias para eles durante o noivado.

LAÇOS DE ALMA

Eu realmente creio que algumas das disfunções sexuais


experimentadas por alguns adultos podem ter raízes espirituais em
pecados sexuais do passado. 1 Coríntios 6 afirma que, quando
pecamos sexualmente, não pecamos fora do corpo, mas contra o
corpo, pois nos tornamos um com outra pessoa, mesmo que não
sejamos aliançados com elas em espírito. Pessoas que se
envolveram em relacionamentos sexuais e até emocionais com
indivíduos que não são seus cônjuges precisam romper laços de
almas com essas pessoas.
Certa vez, um rapaz e uma mulher na faixa dos vinte anos me
pediram conselhos. Eles se conheciam e se gostavam desde os
nove anos de idade e namoravam há vários anos. Era como se não
pudessem viver um sem o outro, mas também não conseguiam
estar juntos.
Perguntei se estavam dispostos a romper os laços da alma, e eles
prontamente concordaram. Separadamente, eu os guiei em orações
de arrependimento por laços errados que tinham um com o outro,
por atos físicos que transgrediram padrões bíblicos e por apegos
emocionais. Então, pela fé, pedimos ao Senhor que rompesse os
laços de alma entre os dois, “devolvendo” partes do coração da
outra pessoa que haviam tomado e "tomando de volta" as partes de
seus corações que haviam entregado.
Os resultados foram imediatos. A manipulação e os laços ímpios
se foram. Em pouco mais de um ano, cada um desses indivíduos
conheceu e se casou com a pessoa a quem eles estavam
destinados por Deus. As meninas devem perguntar aos homens
com quem eles estão pensando em namorar se eles houverem
assistido pornografia num passado recente (como nos últimos três
meses). Com a trágica prevalência do vício em pornografia dentro e
fora da igreja e suas subsequentes consequências para os
relacionamentos, é importante verificar se há liberdade nessa área
antes que qualquer compromisso de namoro ou casamento seja
assumido.
Através do poder da cruz, todos podem ter liberdade e perdão,
pelos relacionamentos anteriores que desrespeitaram os padrões
morais. No entanto, cura, perdão e liberdade precisam ser
buscados, aplicados e depois vividos. Depois de Jesus perdoar a
mulher apanhada em adultério, Ele também disse: “Vá e não peques
mais” (Jo. 8.11). Sinto-me triste quando vejo garotas que mal
iniciaram a adolescência de mãos dadas ou beijando um garoto nas
ruas. O namoro parece ser a norma em nossa cultura em idades
cada vez mais jovens. Se eles estão se beijando aos doze anos, o
que eles serão tentados a fazer aos dezoito anos? Que nós, pais,
tenhamos a sabedoria de transmitir aos filhos o desígnio de Deus
para os relacionamentos. Cantares de Salomão 2.7: “[...] Jurem [...]
que vocês não acordarão nem despertarão o amor, até que este o
queira”.
SAINDO DA CASA DOS PAIS
Aos cinco anos, minha mãe me disse que a vida passa
rapidamente e que eu deveria desfrutar de cada etapa. Não
acreditei nela, pois achei que a primeira série era torturante e os
dias eram longos demais naquela época. No entanto, eu aprendi
que minha mãe estava certa! O tempo passa muito rápido, e eu
incentivo todos os pais e mentores a valorizarem o tempo que têm
com aqueles que estão sob seus cuidados, em todas as fases do
desenvolvimento. Não tente acelerar o tempo em que são bebês,
em que usam fraldas, os anos da escola ou o tempo em que a
criança depende de você financeiramente. Aprecie tudo.
A advertência de Gênesis 2 de “deixar pai e mãe e se unir ao
cônjuge” nem sempre é fácil para os pais. “Por isso, o homem deixa
pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”
(Gn. 2.24). Quando meu filho mais velho, e único, saiu de casa aos
dezessete anos e foi para a escola ministerial a 1.200 quilômetros
de nossa casa, passei por um período de luto. Na verdade, o tempo
que passei sendo mãe dele de perto passou rápido demais. Agora
eu precisava libertá-lo e confiar no Pai Celestial para continuar o
trabalho que John e eu havíamos plantado em seu coração.
O casamento de Judah foi outro estágio de desapego. A
percepção de que eu não era mais a mulher mais importante na vida
de Judah foi ao mesmo tempo um deleite e, por algum tempo,
dolorosa. O coração de Judah estava corretamente posicionado
para se apegar, depois de Deus, à sua esposa antes de seus pais.
Esses estágios de transição—entregar as chaves do carro, enviar
para a faculdade, entrar na igreja no dia do casamento—são
gloriosos e um tanto angustiantes. Há um momento em que você,
como pai ou mãe, precisa se afastar e permitir que aqueles que
tanto ama voem em direção ao seu destino estabelecido por Deus.
Nós nunca queremos impedi-los de ser quem Deus os chamou para
ser, devido a alguma necessidade de mantê-los ao nosso alcance.
Eles sempre pertenceram a Deus. Por um tempo, tivemos o
privilégio de ajudar a moldá-los e formá-los para seus propósitos.
Embora nunca deixemos de ser pais, isso assume outras formas
à medida que os filhos crescem. Passamos a ser amigos deles.
Tornar-se avô ou avó é outro prazer—quando seguramos aquele
pequeno e precioso embrulho, sabendo que as gerações estão se
propagando. Outra vida é formada, destinada para sempre a amar e
adorar aos pés de Jesus. "O homem bom deixa herança aos filhos
de seus filhos" (Pv. 13.22).
Nós somos guardiões. Somos agentes de bênção para nossos
filhos, aqueles que lideramos e para as gerações futuras. Ajudamos
a formar pessoas com corações ardentes na terra. Juntando-se às
gerações como uma só voz da noiva que anseia pelo Noivo,
dizemos, juntamente com o Espírito: "Vem, Jesus, vem" (Ap. 22.17).

TESTEMUNHO DA PRÓXIMA GERAÇÃO

Judah Bootsma, nosso filho de 23 anos


STRATFORD, CANADÁ
Quando eu tinha onze anos, estava namorando uma garota da
igreja. Acho que não fizemos mais do que dar as mãos por dez
segundos. Mas quando você é jovem, isso é algo importante. Acabei
sentindo do Senhor (e minha mãe) que precisava terminar o que
estava acontecendo. Lembro-me de receber um download de Deus
e ver meu coração como uma torta. Continuar namorando garotas e
vagando pela adolescência, cumprindo a norma social, seria o
mesmo que dar meu coração, pedaço por pedaço. Eventualmente,
quando eu quisesse me casar, o que me restaria para dar? (Isso
não significa que não há redenção, perdão e restauração por meio
de Deus).
Então, com a ajuda de Deus e uma dose saudável de orientação
dos meus pais, pedi a Ele que mantivesse minha pureza intacta e
comprometida a não namorar até que eu estivesse pronto para o
casamento, ou pelo menos tivesse uma carteira de motorista (que
parecia um pouco mais viável naquele momento).
Nem sempre foi fácil, e muitas vezes eu tinha que sondar minhas
motivações, mesmo com amizades saudáveis, para não me
envolver demais sob a justificativa da "amizade". Mas eu consegui,
e valeu a pena! Dedicar meus anos de ensino médio a Deus foi algo
que construiu um fundamento para viver o resto da minha vida, e um
fundamento a respeito de quem Deus era e quem eu era, ao invés
de quem outras pessoas diziam que eu era. É incrível o quanto você
pode aprender com os erros de outras pessoas, sem precisar
passar pelas mesmas coisas.
Mesmo depois de obter minha carteira de motorista, fiquei feliz
por ter maturidade para esperar até saber quem Deus tinha para
mim. Viajei e fui para escolas ministeriais na Casa Internacional de
Oração de Kansas City e depois na Hillsong, na Austrália. Eu pensei
que certamente conheceria alguém em um desses lugares. No
entanto, nunca houve paz em ninguém. De repente, dois dias depois
de voltar para casa ao voltar da Hillsong, eu conheci alguém. Eu sei
que nem sempre funciona dessa maneira, mas eu soube claramente
naquele momento que aquela era quem Deus tinha para mim.
Bethany é o complemento perfeito para mim e era muito mais do
que eu esperava, orava e pensava que desejava em uma esposa.
Não tenho certeza, mas não acho que teria sentido aquela paz e
certeza absolutas se eu tivesse vivido a vida de maneira diferente
antes. O que posso dizer é que estou super feliz por ter conseguido
me casar tendo todo o meu coração para entregar à minha esposa.
O fato de esperarmos trouxe muita facilidade, bênção e alegria para
nossas vidas e casamento. Não estou dizendo tudo isso como se
fosse uma fórmula que sempre funcione ou para me gabar da minha
história. Mas estou dizendo o que é dito em Provérbios 3.5–6:
“Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie no seu
próprio entendimento. Reconheça o Senhor em todos os seus
caminhos, e ele endireitará suas veredas”.
Apêndice: Parto sobrenatural
Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
ele próprio maldição em nosso lugar. Gálatas 3.13

Tendo dado à luz seis crianças, aprendi algumas coisas ao longo


do caminho. Gostaria de iniciar esta seção dizendo que nem todas
as mulheres experimentam a experiência que estou prestes a
compartilhar. Já orei por algumas mulheres grávidas e elas voltaram
para mim dizendo: "Meu parto ocorreu exatamente do modo como
você orou!". Também tive outras que voltaram e disseram: "Não
ocorreu como você orou". Orar para que alguém tenha uma
experiência sobrenatural no parto é como tentar orar para que sua
experiência íntima com o Senhor aconteça com outra pessoa. Pode
ser que haja alguma transmissão dessa experiência para outras
mulheres, mas o ponto principal é que todos temos nossa própria
caminhada com Deus, nossa própria jornada de fé e milagres.
Quando senti as contrações que sinalizavam o nascimento de
nosso primeiro filho, Judah, John e eu entramos em seu carro novo
e descobrimos que misteriosamente o pneu estava furado!
Entramos no meu carro e descobrimos que ele não estava
funcionando—e eu nunca tinha tido esse problema antes! Às duas
da manhã, ligamos para um amigo querido, Gary Richards, para nos
levar ao hospital. Não precisamos nos apressar, porque Judah
chegou trinta e seis horas depois, pesando quatro quilos e duzentos
gramas.
Eu não tinha nenhum medicamento para dor além de, a certa
altura, receber uma injeção que me ajudou a dormir um pouco. Eu
estava determinada a fazer tudo da maneira natural. À primeira vista
daquela imensa alegria, logo esqueci o árduo trabalho. Tudo valeu a
pena!
Quando Gabrielle chegou, dois anos depois, eu estava mais
preparada, mas ainda assim senti todas as contrações, passei por
todas aquelas condições e a tive da maneira natural. Eu tive uma
visão clara de Jesus na sala de parto ao dar à luz Gabrielle. Jesus
se aproximou como se fosse Ele quem a pegasse naquele parto.
Nessa visão, eu o vi recebê-la no mundo com um coração cheio de
prazer e amor.
O nascimento de nossa terceira filha, Aquila, mudou todas as
minhas outras experiências de parto e me catapultou para um novo
nível de fé em partos sobrenaturais. Eu estava grávida de nove
meses quando John e eu nos mudamos com nossa família para
Toronto e passamos a fazer parte da equipe da igreja Toronto
Airport Christian Fellowship. Nosso primeiro dia de trabalho foi em
23 de maio de 1995. Em 24 de maio, houve uma conferência na
igreja. Vários oradores lideraram um período de oração profética no
final do culto. Eu fui uma das que recebeu uma palavra profética
pessoal. Era uma palavra muito encorajadora sobre a unção e
destino de meus filhos e como o Senhor os guardava, "como se
estivessem num cofre, e o Senhor os protegesse".
Depois da palavra, caí sob o poder do Espírito e deitei perto da
parte frontal da igreja, imersa na presença do Senhor. Enquanto
fiquei ali por talvez uma hora, comecei a sentir o aperto das
contrações. Desde que a reunião terminou, as pessoas estavam
limpando o prédio e John estava conversando com alguém na parte
de trás do auditório. Uma pessoa que estava orando comigo pegou
o microfone e disse: “John Bootsma, por favor, venha para a frente.
Sua esposa está em trabalho de parto”. Depois veio John, que me
ajudou a levantar, e logo me vi na sala de parto do Hospital Geral de
North York. Ligada ao dispositivo de medição de contração, pude
ver as agulhas do monitor se movendo rapidamente a cada aperto
muscular abdominal. No entanto, eu estava completamente alheia a
qualquer tipo de dor, pois ainda me deliciava com o calor da
presença de Deus. É como se eu estivesse imersa na Presença
enquanto estava em trabalho de parto! Não sentia dor, somente
meus músculos funcionando como deveriam, como quando se está
correndo. Eu tremia sob o poder da Presença. Mais tarde, o médico
da sala de parto de vinte e cinco anos declarou: "Esse foi o parto
mais incomum em que já estive!”. Foi um parto sobrenatural—não
senti dor. Eu estava em completa paz, descanso e alegria. Ficamos
encantados em receber nossa filha em nossas vidas.
Essa experiência me provou que era possível ter um parto
sobrenatural. Assim, ao dar à luz os três filhos que vieram depois,
Phoebe, Zoe e Glory Anna, eu estava determinada a saber como
acessar o mesmo lugar de peso da presença de Deus durante o
trabalho de parto—e eu aprendi! Em resumo, aprendi a acessar sua
presença por meio de sua Palavra.
Primeiro, antes de entrar em trabalho de parto, eu meditava em
passagens como Gálatas 3.13–14: “Cristo nos resgatou da maldição
da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar—porque
está escrito: ‘Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro’—,
para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Cristo
Jesus, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido”. Aí
está a chave—somos redimidos da maldição por causa do sacrifício
de Jesus e acessamos essa redenção pela fé e pelo poder do
Espírito Santo.
Talvez as parteiras não estivessem dizendo toda a verdade a
Faraó, já que as Escrituras deixam claro que temiam a Deus e
salvavam os filhos do sexo masculino. No entanto, elas também
fizeram distinção entre as experiências de parto das mulheres
hebreias e egípcias. Em outras palavras, as mulheres que estavam
sob a aliança do Senhor eram diferentes em suas experiências de
procriação das mulheres que não estavam sob a bênção da aliança
com o Senhor. Eu creio que o mesmo se aplica hoje. Nós, como
mulheres de fé, não devemos ter as mesmas experiências de parto
que aquelas que não conhecem a Deus. Nós estamos sob a
bênção; estamos no relacionamento; temos acesso a uma vida
sobrenatural, incluindo um parto sobrenatural.
A mesma palavra hebraica, itstsabon, que é usada para se referir
à dor de Eva em Gênesis 3.16: “Aumentarei em muito os seus
sofrimentos na gravidez; com dor você dará à luz filhos", foi usada
para traduzir "sofrimento" para Adão em Gênesis 3.17: "em fadigas
você obterá dela [terra] o sustento". Eu posso aceitar o trabalho que
temos ao dar à luz. É um trabalho árduo. Seus músculos trabalham
duro. E isso é uma bênção! No entanto, aprendi a me recusar a
aceitar a parte da "dor".
A forma como a mulher em trabalho de parto enxerga as
contrações é algo muito importante. Se você lutar contra elas, não
as desejar ou tiver reações contrárias ao funcionamento do seu
corpo como foi designado por Deus, isso tira a paz e traz uma
espécie de esforço contraproducente. Aprendi a ver as contrações
como uma amiga que ajuda a trazer o bebê para o canal do parto e
para os meus braços. De maneira voluntária, e até prazerosa,
aceitar as contrações como produzindo um efeito desejado nos
ajuda a abraçá-las, desejá-las e trabalhar com elas.
Quando as contrações começavam, eu meditava em uma
passagem bíblica, repetindo-a várias vezes até sentir-me perdida na
glória e presença de Deus. Algumas das minhas passagens
favoritas durante o trabalho de parto foram o Salmo 9.10: “Em ti,
pois, confiam os que conhecem o teu nome, porque tu, Senhor, não
desamparas os que te buscam”, e Salmo 29.11: “O Senhor dá força
ao seu povo, o Senhor abençoa o seu povo com paz”.
No capítulo 5, falamos sobre como a Palavra escrita deve ser uma
porta através da qual entramos na Palavra viva—o próprio Jesus.
Jeanne Guyon, em seu livro clássico Experimentando as
Profundezas de Cristo, ensina a contemplar o Senhor através das
Escrituras. Ela ensina a ler uma breve passagem e depois aquietar-
se, colocando sua mente no Espírito. "Concentre-se interiormente
em Cristo", Jeanne exorta o leitor.

Somente no seu espírito é que você encontrará o Senhor, no


descanso do seu ser, no Santo dos Santos; é onde Ele vive. O
Senhor prometeu vir e fazer o seu lar dentro de você (Jo. 14.23). Ele
prometeu encontrar ali aqueles que o adoram e que fazem sua
vontade. O Senhor se encontrará com você em seu espírito. Foi
Santo Agostinho quem disse uma vez que havia perdido muito
tempo no começo de sua experiência cristã tentando encontrar o
Senhor externamente, ao invés de se voltar para o interior.[29]

Madame Guyon também fala de como os sentidos físicos podem


se sujeitar aos sentidos espirituais—por isso, nossa vida não é
determinada pelo modo como nos sentimos, mas o que está
acontecendo em nosso espírito supera o que está acontecendo na
dimensão da alma. Foi assim que ela conseguiu chamar sua cela
prisional, onde viveu por dez anos na Bastilha, em Paris, de
"paraíso". Ela não estava delirando. Ela não estava em negação.
Ela foi uma mulher que aprendeu a viver a partir de seu espírito. A
música de Misty Edwards, Garden, diz bem: “Eu vou viver de dentro
para fora”[30]. De fato, o parto é uma experiência em que precisamos
aprender a viver com nosso espírito e não a partir da dimensão
natural do medo, dor ou ansiedade. Evidentemente, a prática de
viver a partir do nosso espírito na vida cotidiana ajuda
tremendamente quando estamos na sala de parto. Um excelente
livro que li pouco antes de dar à luz nosso quinto filho deu palavras
a minhas experiências. Chama-se Supernatural Childbirth:
Experiencing the Promises of God Concerning Conception and
Delivery[31], escrito por Jackie Mize. Eu recomendo para todas as
futuras mães.
O papel de John na sala de parto não era o de espectador, mas
de um participante ativo. 1 Coríntios 7.4 declara: “A esposa não tem
poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, de igual
modo, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a
esposa". John levou esse versículo a sério e usou sua autoridade
sobre meu corpo em oração. Ele falou ao colo do útero para
acelerar o afinamento e dilatação—e isso aconteceu. Ele falou aos
músculos do meu abdômen para contrair sem dor e ajudar a
empurrar o bebê pelo canal do parto—e eles obedeceram. Uma vez,
um de nossos filhos estava em posição sentada antes do
nascimento; ele falou com o bebê para virar e apontar a cabeça
para a saída, e foi isso que aconteceu.
A transição é o estágio do trabalho de parto em que o bebê desce
até a pélvis e o colo do útero completa a dilatação, preparando o
canal de nascimento para o bebê coroar e nascer. É frequentemente
referida como a parte mais dolorosa do trabalho de parto. No
nascimento de nossa filha Zoe, lembro-me de um momento,
exatamente quando a transição estava ocorrendo, quando eu estava
perdendo meu foco e minha paz. Embora normalmente tivéssemos
música de adoração tocando na sala de parto, ajudando a criar uma
atmosfera da presença de Deus, abandonamos a música naquele
momento e John começou a cantar sobre mim. Ele adorou o Senhor
o tempo todo, ministrando aquela dinâmica sobre mim,
massageando minha cabeça e passando os dedos pelos meus
cabelos. Sua adoração sobre mim me levou de volta à dimensão da
glória. Eu literalmente me senti elevada à presença do Senhor. Eu
precisava da força de John naquele momento em que me senti
fraca.
John também foi uma bênção, massageando minhas mãos,
braços ou pés com loção. Como mencionado no capítulo 2, as
endorfinas são liberadas pelo toque e produzem um tipo de
analgésico natural.
ATMOSFERA
A atmosfera do lugar onde damos à luz é muito importante. Hoje,
muitos estão optando por ter partos em casa, e a atuação de
parteiras tem aumentado. Eu nunca tive um parto em casa, que é o
melhor cenário, mas tive a segunda melhor experiência no
nascimento dos nossos últimos três filhos—um centro de parto
dentro de um hospital. Era uma atmosfera caseira, com banheiras
de hidromassagem, cadeiras de balanço, papel de parede nas
paredes, uma sala privada e uma equipe incrível.
Onde quer que você escolha dar à luz, recomendo orar pela sala
de parto, acolhendo a presença de Deus. Se você estiver
confortável com isso, ponha músicas de adoração para tocar.
Certifique-se de que aqueles que você escolhe ter na sala de parto
compartilhem da sua crença em relação à experiência do parto. Por
exemplo, se você acredita em um parto sobrenatural, não ajudaria
ter na sala de parto uma pessoa que não acredita que isso seja
possível.
Eu sabia que o médico de nossa família trabalhava por escala na
sala de parto, então orei para que o médico e as enfermeiras certos
fossem nossos atendentes naquele dia. Durante o parto de nossa
filha Zoe, ficamos extasiados ao descobrir que a enfermeira
designada para nós não era apenas crente em Jesus, mas também
frequentava nossa igreja. Surpreendentemente, o médico também
era um crente fiel que sempre ia à nossa igreja. Por ser uma igreja
grande, não a conhecíamos pessoalmente, mas ficamos
emocionados, porque o Senhor nos enviou uma equipe de pessoas
que amavam Jesus para fazer parte de nossa experiência de parto.
Certa vez, uma amiga me contou como assistia a filmes durante o
trabalho de parto para se distrair e se divertir. Fiquei realmente
chocada quando ouvi isso. Eu nunca sonharia em assistir a um filme
enquanto estava em trabalho de parto. A concentração era muito
importante para mim. Eu focava no Senhor, em sua presença, em
sua proximidade. Eu nem gostava de interagir com médicos ou
enfermeiras nos estágios mais avançados do trabalho de parto. Eu
exercitei a prática de me perder na presença de Deus, e evitava
qualquer coisa que me distraísse dela.
Frequentemente, eu comparava o parto a um tipo de evento
esportivo, em que nossa atitude é como a de um atleta treinando
para as Olimpíadas—treinamos nosso espírito para andar em
lugares mais altos na presença de Deus. Durante a gravidez, orei
para que tivesse um parto glorioso. Quando chega a hora de dar à
luz, estamos prontas em nosso espírito, mente, vontade, emoções e
corpo.
As últimas quatro de minhas seis experiências de parto foram
indolores, gloriosas e cheias da presença de Deus. Descobri que é
possível ter um parto sobrenatural cheio da presença de Deus. Nós
simplesmente precisamos acessá-lo. Acredito que muitas coisas
foram realizadas para nós pelo sangue de Jesus derramado na cruz
que ainda não estamos acessando. Ele morreu para que tivéssemos
vida abundante (Jo. 10.10). Isso significa que Ele não apenas
morreu para recebermos o perdão de nossos pecados e vida eterna,
mas também morreu para que desfrutássemos a vida de forma
extravagante. Isso inclui apreciar a experiência do parto. Com Deus,
de fato, todas as coisas são possíveis.

Jesus, olhando para eles, disse: Para os seres humanos isto é


impossível, mas para Deus tudo é possível.
Mateus 19.26

[1] Erik H. Erikson, Identity and the Life Cycle (New York: W. W.
Norton & Company Inc., 1980), 57–58.
[2] Ibid., 65.
[3] Wikipedia, s.v. “Erik Erikson,” última modificação em 20 de

outubro de 2014, http://en.wikipedia.org/wiki/Erik_Erikson


[4] Deane Juhan, Job’s Body: A Handbook for Bodyworkers

(Barrytown, NY: Station Hill Press, 1971), 43.


[5] Ben E. Benjamin, PhD, The Primacy of Human Touch,

acessado em 23 de outubro de 2014,


http://www.benbenjamin.com/pdfs/Issue2.pdf [6] William J. Cromie,
Of Hugs and Hormones, The Harvard University Gazette (1998):
http://news.harvard.edu/gazette/1998/06.11/OfHugsandHormon.html
[7] Ibid.
[8] Ibid.
[9] Ibid.
[10] Wikipedia, s.v. Intonation (linguistics), última modificação em

28 de setembro de 2014,
http://en.wikipedia.org/wiki/Intonation_(linguistics) [11] Terry and
Melissa Bone acessado em 23 de outubro de 2014,
http://www.powerofblessing.com/_store/_preview/pob_preview.pdf.
[12] Ibid.
[13] Ibid.
[14] Ibid.
[15] Ibid.
[16] Ibid.
[17] J. E. Hutton, A History of the Moravian Church, 2nd

ed.,1909, acessado em 23 de outubro de 2014,


http://www.ccel.org/ccel/hutton/moravian.v.i.html [18] Ibid.
[19] Wycliffe Global Alliance, Scripture & Language Statistics 2013,

acessado em 23 de outubro de 2014,


http://www.wycliffe.net/resources/scriptureaccessstatistics/
tabid/99/Default.aspx
[20] DC Talk and Voice of the Martyrs, Jesus Freaks (Tulsa, OK:

Albury Publishing, 1999), 50–51.


[21] Richard J. Foster, Celebração da Disciplina: O Caminho Para

o Crescimento Espiritual (New York: HarperCollins, 1988), 1.


[22] Spirit-Filled Life Bible, NKJV, Jack W. Hayford, General Editor

(Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1991), 753–754.


[23] Spirit-Filled Life Bible, NKJV, Jack W. Hayford, General Editor

(Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1991), 1740.


[24] Mark and Patti Virkler, 4 Keys to Hearing God’s Voice

(Shippensburg, PA: Destiny Image Publishers, Inc., 2010), 2–3.


Chaves e descrições utilizadas com permissão. Para mais
informações sobre este livro bem como de outros recursos, visite o
site de Mark e Patti,, http://www.cwgministries.org/Four-Keys-to-
Hearing-Gods-Voice.
[25] N do T. “Stephen” é a forma em inglês do nome “Estevão”.
[26] N do T. Existe uma oração, muito popular nos EUA, que se

faz com crianças no momento em que vão dormir , e ela se inicia


com a expressão: “Now I lay me down to sleep”. Literalmente:
“Agora me deito para dormir”.
[27] Paul Strand, Church Divorce Rate Way Lower than Anyone

Thought, CBN
News (2014): http://www.cbn.com/cbnnews/us/2014/June/Church-
Divorce-Rate-Way-Lower-than-Anyone-Thought/
[28] What Is the Nazirite Vow?, acessado em 23 de outubro de

2014, http://www.gotquestions.org/Nazirite-vow.html [29] Jeanne


Guyon, Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo, ed. Gene
Edwards (Jacksonville: SeedSowers Publishing, 1975), 11.
[30] Misty Edwards, Garden, Relentless. Kansas City, MO:

Forerunner Music, 2007.


[31] N. do T. Em tradução livre: Parto Sobrenatural:

Experimentando as Promessas de Deus Para a Concepção e o


Parto.

Patricia chama mães, pais, líderes e mentores no Corpo de


Cristo para guiar a geração mais jovem ao seu maior
chamado na vida: amor sincero e totalmente entregue a
Jesus, para se tornar a noiva de Cristo e vivendo o primeiro
e grande mandamento.
- Mike Bickle, Casa de Oração Internacional de
Kansas City

John e Patricia foram filhos espirituais, estiveram sob os


cuidados de meu marido e meus por mais de vinte e cinco
anos. Vimos, em primeira mão, como criaram seus filhos.
Eles verdadeiramente cresceram com corações ardentes:
apaixonados por Jesus, amando uns aos outros e desejosos
por impactar a próxima geração.
O livro de Patricia é altamente recomendável. Dá
sugestões práticas e extremamente úteis de como criar seus
filhos e orientá-los para serem líderes frutíferos e piedosos.
- Carol Arnott, Catch the Fire Toronto

A geração mais jovem está clamando por mentores: pais


e mães que possam nutri-los e dar orientação, afirmação e
cobertura.
Muitos destes jovens foram criados em lares desfeitos,
tendo sido abandonados por seus pais e, mesmo na igreja,
muitas vezes há pouca orientação espiritual e de vida.
Durante anos, Patricia Bootsma e seu marido têm
brilhantemente e efetivamente se posicionado para esta
finalidade.

Se existe alguém que tem propriedade para escrever um


livro sobre esse assunto, que nos exorte (dê ânimo), e
transmita amor e as habilidades para orientar esses jovens,
essa pessoa é Patricia. Eu amo sua paixão por ver a
próxima geração chegar a ser tudo que eles podem ser: para
cumprir seu destino dado por Deus em caráter, chamado e
dons. Através deste livro, ela certamente vai te encorajar a
entrar na graça gloriosa do Pai celestial para que você
derrame amor e cuidado sobre esta geração de tesouros e
reformadores preciosos.
- Patricia King, XP Ministérios
Não conheço ninguém mais qualificado do que Patricia
Bootsma para escrever um livro sobre como criar e ensinar a
próxima geração de apaixonados por Deus. Ela é uma
heroína para mim. Tendo criado seis filhos (educando-os em
casa, pastoreando igrejas, palestrando ao redor do mundo,
construindo casas de oração e mediando mesas redondas
sobre assuntos proféticos), ela mereceu seu lugar de fala
sobre o assunto. Este livro não é simplesmente teoria; é
recheado com o tipo de sabedoria prática que só vem da
vivência daquilo que está sendo ensinado. Se você pudesse
conhecer a autora e seus filhos incríveis, você não hesitaria
em colocar em prática tudo que este livro ensina. Leitura
mais do que recomendada.
- Stacey Campbell, Ministério RevivalNOW! e
Conselho Profético Canadense

Em Criando Filhos com Corações Ardentes, Patricia


Bootsma incentiva todos os pais a levarem a sério o
chamado para orar por e sobre seus filhos. Ela compartilha
testemunhos de seu coração de mãe e intercessora. Patricia
nos leva numa jornada honesta até o poder de Deus para
dar sabedoria e compreensão aos pais que desejam criar
filhos plenamente equipados para segui-Lo. Ela confiou em
Deus mesmo nas pequenas coisas para cada um dos seus
filhos, e você será abençoado e incentivado à medida que
ela desvenda suas experiências de orações respondidas.
Isso fortalecerá sua
fé e vai te inspirar a também orar por cada um dos seus
filhos todos os dias e em cada uma das fases, criando-os
com a sabedoria de Deus.
- Julie Meyer, Casa de Oração Internacional de
Kansas City

Sou abençoada por poder falar sobre o novo livro de


Patricia Bootsma, Criando Filhos com Corações Ardentes:
educando e ensinando a próxima geração de apaixonados
por Deus.

Buscar intimidade com Jesus e estudar as Escrituras


devem ser práticas normais para todas as famílias cristãs. A
convicção de Patricia de que precisamos expor nossos filhos
à glória e à presença de Deus, em especial, tocou meu
coração. Ela enfatiza que pais orientados a não abrirem
concessões morais e dos valores Cristãos estão realmente
mantendo a Palavra de Deus viva para a próxima geração. É
um alívio saber que ela aplica em sua própria casa o que ela
escreve no papel.
- Heidi G. Baker, PhD, Iris Global
Table of Contents
Dedicatória
Prefácio
Introdução
Seja um modelo
O fator amor
Intercessão e declarações proféticas
O poder da bênção
A palavra de Deus
O dom da revelação
Criando uma cultura de adoração
Corte casamento e a saída da casa dos pais
Apêndice: Parto sobrenatural

Você também pode gostar