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COMBO 1 (Até 3 anos) | WORKSHOP

INFLUENCIAR OS PEQUENINOS NA PALAVRA DE DEUS


Formar o caráter

INTRODUÇÃO
Se os primeiros anos são os mais importantes na formação de uma pessoa e são a base para todo o desenvol-
vimento, por que a igreja dá tanta ênfase aos adultos e tão pouca atenção aos pequeninos?

Claramente, Deus Se preocupou com a educação de crianças. Deus Se importou com a inclusão delas nas
celebrações religiosas. Quando explicou a celebração da Páscoa (Êx 13.7-8), Ele sabia que aquela refeição diferente
ia despertar a curiosidade das crianças; Deus queria que elas estivessem incluídas na celebração, para que pudessem
aprender o que Ele tinha feito. Assim estariam crescendo na fé, de maneira bem natural.
“Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos
céus” (Mt 19.14).
Jesus deu importância as crianças. Ele as amava, gostava de estar perto delas e jamais achou que elas atrapa-
lhavam Seu ministério. Em Mateus 18, lemos que Jesus fez um alerta severo a quem atrapalha a vida de uma criança.
Ele demonstrou preocupar-Se com as necessidades físicas, sociais, emocionais e espirituais das crianças. Interessou-
-Se pela filha de Jairo que estava doente (Mt 9.23-25); não desprezou o lanche de 5 pães e 2 peixinhos oferecido
pelo menino ( Jo 6.8-10); aceitou o louvor das crianças no templo (Mt 21.14-16). Certa vez, quando os discípulos
queriam saber quem era o maior no reino dos céus, Jesus colocou uma criança no meio do grupo e disse: “A pessoa
mais importante no Reino do Céu é aquela que se humilha e fica igual a esta criança” (Mt 18.4 NTLH).
A igreja deve seguir o exemplo do Mestre dando importância as crianças, inclusive as pequenininhas (0 a
3 anos). Infelizmente, muitas igrejas não dão valor a elas. Naturalmente a criança desta faixa etária não pode enten-
der assuntos espirituais em sua íntegra, nem possui maturidade para entender o plano da salvação, porém ela pode
aprender conceitos sobre Deus, Seu amor e cuidado, e sobre Jesus. A terra desse tenro coração deve ser preparada
para que a semente seja plantada e germine no futuro.

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1. DÚVIDAS SOBRE O VALOR DE ENSINAR A CRIANÇA DE 0 A 3 ANOS

Muitos são os questionamentos sobre o ensino bíblico para a criança nesta faixa etária. É comum ouvir co-
mentários como:
- não vale a pena gastar tempo, porque crianças dessa idade não aprendem nada;
- bebês só dormem e mamam, então, qualquer canto da igreja serve para berçário;
- é desperdício gastar dinheiro com material didático;
- qualquer pessoa, até um adolescente que goste de crianças, pode servir de “babá” e tomar conta delas;
- deixar a criança no berçário ou no maternal contribui para que os pais assistam a aula ou o culto tranquila-
mente;
- berçário e maternal é local de “encontro das mães” para pôr “as conversas” em dia;
- maternal é lugar de entreter a criança com brinquedos para não atrapalhar as atividades da igreja.
A Bíblia mostra claramente que crianças pequenas podem e devem aprender sobre Deus. Vemos isso na vida
de Moisés, Samuel, Timóteo. A Bíblia declara: “Ensina criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for ve-
lho, não se desviará dele” (Pv 22.6). Quando é que devemos começar essa instrução? Com 7 anos? Com 12? Quando
a criança já souber ler ou entender a Bíblia?
Psicólogos e pedagogos dizem que os primeiros cinco anos são essenciais e fundamentais para o desenvolvi-
mento do ser humano. Se são anos tão importantes para o desenvolvimento mental, emocional, físico, será que não
são importantes também para o desenvolvimento espiritual?

2. CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA DE 0 A 3 ANOS

As crianças desta faixa etária precisam de um ambiente acolhedor, aconchegante, cheiroso, seguro e limpo.
Elas não gostam de ambientes barulhentos e agitado e, quando uma chora, as outras seguem em em solidariedade.
Se estiverem limpinhas, alimentadas e confortáveis, vão se sentir bem e amadas e terão maior possibilidade de adap-
tação.
Alguns aspectos importantes no desenvolvimento

a. Físico: O bebê dorme, mama e precisa de um ambiente tranquilo. A criança do maternal, entretanto, é incapaz
de ficar sentada, quietinha por muito tempo. Como está sempre se mexendo, cansa facilmente. Por isso, precisa de
uma rotina diversificada e criativa, de curta duração, para que a criança se sinta motivada no ambiente em que está
inserida. Os cinco sentidos estão em pleno desenvolvimento, e ela aprende por meio deles. É necessário, também,
cuidar da higiene da criança enquanto está no ambiente da sala de aula.

b. Emocional: A criança é sensível ao ambiente, às pessoas e a tudo que acontece em volta dela. Sabe quando está
recebendo atenção e quando está abandonada ou solta para brincar sozinha. Deseja ser amada, gosta de receber

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atenção por meio de conversa, cânticos, calor humano e, principalmente, quando ouve o seu nome.
c. Social: Ela não gosta de compartilhar o que tem em mãos. Quer tudo para si e não gosta de dividir. Pensa que o
espaço é só dela, principalmente quando é filho único. Às vezes, sente necessidade de ter os pais por perto.

d. Espiritual: Apresenta capacidade para entender a respeito do amor de Deus. Muitas igrejas subestimam o poten-
cial que essas crianças têm; negligenciam o ensino bíblico, afirmando que nessa fase é melhor que fiquem com os
pais e que eles cuidem. Não é a criança que não tem capacidade para compreender a palavra de Deus, somos nós
que não colocamos as verdades de Deus em linguagem compreensível para ela, e muitas vezes não estamos prontos
a servir ao Senhor nessa faixa etária.

3. COMO A CRIANÇA DE 0 A 3 APRENDE

É na primeira infância que se toma conhecimento do mundo exterior, e isso é feito por meio dos órgãos dos
sentidos (tato, olfato, visão, audição e paladar), que permitem perceber as relações com o meio em que está inserido.
Por isso, é muito importante explorar ao máximo os órgãos dos sentidos na ministração do ensino bíblico.
O bebê se comunica não por meio da fala, mas dos movimentos. Tudo o que ele vê, sente e ouve fica em sua
mente, por isso é essencial fazê-lo ouvir de Deus já nessa idade.
Na fase maternal, a criança repete as experiências vividas. É uma fase em que ela se identifica com o educa-
dor cristão e o tem como modelo para sua vida. Já sabe expressar alguns de seus sentimentos, porém, se não se sentir
amada pelo educador, não estará motivada a aprender sobre o amor de Deus e a participar das aulas.
Enfim, de 0 a 3 anos, a criança começa a interiorizar os ensinos bíblicos básicos, porque consegue perceber,
na grandeza da criação e das histórias bíblicas, o cuidado e o amor de Deus para com a vida dela.

4. O EDUCADOR

“... O que ensina esmere-se no fazê-lo” (Rm 12.7).


É preciso que o educador e os auxiliares tenham certeza da salvação. Devem manter vida devocional diária e ser
chamados por Deus para esse ministério. Devem orar constantemente pela equipe, pelas crianças e respectivas famílias.
É imprescindível que o educador possua experiência no cuidado com crianças desta fase e que acredite na
capacidade espiritual e intelectual de aprendizagem das crianças. Deve também desejar investir na vida dos peque-
ninos.
A principal responsabilidade do educador desta faixa etária é cuidar ensinando e ensinar cuidando, ou seja,
enquanto cuida da criança ensina sobre o amor de Deus e vice-versa. O educador não é uma “babá” que está ali na
igreja para atender aos pais!

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Deve ser criativo; preparar a lição com antecedência e buscar recursos didáticos diversos os quais são muito im-
portantes no processo ensino-aprendizagem; usar a Bíblia enquanto estiver contando a história ou ensinando o versículo.
É fundamental que haja uma equipe fixa, para que as crianças criem vínculos e se sintam seguras.
O educador e os auxiliares devem se vestir confortavelmente, evitando o uso de roupas curtas, justas, de-
cotadas. O ideal é que usem um avental, principalmente para os que cuidam de bebês, a fim de evitar que a criança
tenha contato com sua roupa.
Constata-se que tem aumentado o número de crianças que sofrem com alergias. Recomenda-se não usar
cremes ou perfumes. Evite maquiagens com cores fortes e adornos grandes – brincos de argola, colares e pulseiras,
pois podem propiciar algum acidente.
Dentro do recinto da sala de aula, jamais use sapatos com salto – dê preferência a meias ou propés (sapati-
lhas descartáveis), porque crianças desta faixa etária ficam muito no chão e constantemente levam a mão à boca.
O educador deve estabelecer um vínculo com os pais para acompanhar o desenvolvimento dos pequeninos
não somente na igreja. Isso pode ser feito por meio de visitas, reuniões, e-mails, telefonemas ou cartas, possibilitando
maior segurança, carinho e cuidado com as crianças e pais desta faixa etária. A igreja e os pais precisam andar juntos.

5. COMO DEVEM SER AS AULAS

Lecionar para crianças desta faixa etária é um grande desafio. Entretanto, é também uma grande bênção
perceber que elas demonstram pureza e integridade no coração quando aprendem sobre Deus.
É importante estabelecer regras com os pais, principalmente nessa idade. As mães querem ficar com os fi-
lhos dentro da sala de aula, o que atrapalha muito o trabalho do professor. Certifique às mamães que, quando o bebê
dela precisar mamar, precisar dos pais, você os chamará.
Lembre-se: você está trabalhando com crianças nos primeiros anos de vida, e esses são os anos mais impor-
tantes e fundamentais para alicerçar a base da vida cristã dos pequeninos. Esse alicerce precisa ser forte, baseado na
Bíblia, para gerar adultos ajustados e compromissados com a palavra de Deus.
A rotina para esta faixa etária se faz necessária porque gera equilíbrio e confiança, e a criança não se sente
perdida. Ela sabe o que vai acontecer a cada momento da aula.

5.1 SUGESTÃO DE AULA PARA BEBÊS


A aula pode ser dada de duas formas: para os bebês menores, deve ser individualizada. O professor deve
abordar cada bebê, cantar, orar e contar a história.
Para os bebês maiores, que podem sentar no tapete, o professor e auxiliares podem cantar, fazer uma oração
breve e contar a história usando recursos como fantoches, dedoches, livros de pano.
Sugerimos uma sequência de rotina apropriada para o berçário, que pode ser usada na educação cristã do bebê.
a. Momento das orientações para a equipe/cuidados – Antes da chegada dos bebês, o educador responsável pelo berçá-
rio deverá orientar a sua equipe a respeito dos cuidados com os bebês naquele dia, organizar e higienizar o ambiente,
se for preciso.

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b. Momento da chegada – O educador e sua equipe devem demonstrar muita alegria pela chegada do bebê. O brin-
quedo, neste momento, é um forte aliado para que ele permaneça no berçário.

c. Momento dos cânticos – Deixe preparado o cântico relacionado ao ensino. O cântico atrai a atenção dos bebês e
marca momentos da aula. Por meio de um cântico, pode-se ensinar qualquer conteúdo que se deseja que o bebê
aprenda e memorize.

d. Momento do versículo – É o momento em que a palavra de Deus será inculcada na mente dos bebês e de fazer com
que a Bíblia seja um livro conhecido por eles. Use a Bíblia para ensinar o versículo.

e. Momento de ensino, oração e atividades – Use a Bíblia no momento do ensino, para que o bebê perceba que as his-
tórias são retiradas desse livro. A lição deve ser curtíssima em razão do pouco tempo de atenção dos bebês. Reforce
o ensino na oração, no cântico, nas atividades e durante o atendimento das necessidades do bebê.

f. Momento da despedida – Entregue o bebê aos pais ou responsáveis. Relate os principais fatos ocorridos com ele.
Isso demonstra aos pais que o filho dele foi bem cuidado.

5.2 SUGESTÃO DE AULA PARA MATERNAL


A revista Maternal da Editora Cristã Evangélica sugere a organização da sala de aula em “Centros de Interes-
ses”. O professor e os auxiliares deverão estar bem preparados para a aula, levar todo o material pronto e chegar mais
cedo a fim de arrumar a sala.

CENTRO DE INTERESSE I - BRINQUEDOS

O que atingir Parte da aula O que fazer Preparando o material / O que usar

Painel de fotos
Massa de modelar
Iniciar com brinquedos calmos
EMOÇÕES Chegada Blocos de montar
Ter sempre a mesma sequência na
Quebra-cabeça
aula

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CENTRO DE INTERESSE II - PALAVRA DE DEUS


O que atingir Parte da aula O que fazer O que usar
Visuais com gravuras
Ensinar o cântico CD com voz e playback
Cânticos Explicar as palavras desconhecidas e Fantoches
a mensagem Gestos/ palmas/marcha/ bloquinhos/
instrumentos musicais
ESPÍRITO
Apresentar para introduzir o assunto
Gravuras Colorir antes de apresentar às crianças
da história
Gravuras de crianças orando
Oração Fazer orações curtas Orações repetidas
e individuais
Usar a Bíblia
Versículo Ensinar o mesmo por muito tempo Marcadores
MENTE E Gravuras
CORAÇÃO Repetir sempre Figuras da revista na primeira
História Ensinar usando os personagens aula
Dudu e Lili Recurso visual opcional na segunda aula
Gizão de cera
Atividades simples
FÍSICO Trabalhinho Cola colorida
Atividades variadas
Outras sugestões na revista

CENTRO DE INTERESSE III


O que atingir Parte da aula O que fazer O que usar
Incentivar a experiência de partilhar
Roupas características
os objetos
VIDA Acessórios (coroa,
Dramatização Despertar a imaginação
SOCIAL chapéu, sapatos, etc.)
Criar vínculos de
Objetos variados
amizade
Promover interação
Brinquedos
Caixa surpresa Despertar o interesse
Objetos variados
Lembrar o ensino
Atividades de ensino
VONTADE Atividade com- bíblico e de
Visuais diversos
plementar conceitos básicos
Brincadeiras
Entregar lembrancinha no final da aula Sugestão de lembrancinha em
Lembrancinha
demonstrando carinho e amor cada lição da revista

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6. AULA PRÁTICA

Trabalho em grupos

7. BIBLIOGRAFIA

Berçário. Arapongas-PR: Editora Aleluia


Bebês nº 1 – Deus Ama. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.
Bebês nº 2 – Jesus Cuida do Bebê. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.
Maternal nº 1 – Deus Fez Tudo. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.
Maternal nº 2 – Deus Me Ama. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.
Maternal nº 3 – Deus Cuida de Mim. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.
Maternal nº 4 – Conversando com Deus. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.
Maternal nº 5 – Obedecendo a Deus. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.
Maternal nº 6 – Sendo Amigo de Deus. São José dos Campos-SP: Editora Cristã Evangélica.

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COMBO 1 (Até 3 anos) / WORKSHOP

A IMPORTÂNCIA DE CÂNTICOS E FANTOCHES NO ENSINO

Formar o caráter

• Provérbios 22.6
• Salmos 119.16
• Mateus 21.16

CRIANCINHAS NA CASA DE DEUS

Letra e Música – Alberto de Mattos (Xuxu) - Maternal

Uma criancinha na casa de Deus,


É muito bom.
Duas criancinhas na casa de Deus,
É muito, muito bom.
Três criancinhas na casa de Deus,
É muito, muito, muito bom.
Quatro criancinhas na casa de Deus,
É muito, muito, muito, muito bom.

DEZ MOTIVOS PARA EU UTILIZAR A MÚSICA NO ENSINO INFANTIL

1. A MÚSICA DÁ PRAZER
Não é um fato incomum as crianças cultivarem a sensação de estar na escola secular, quando na verdade
estão na classe bíblica. Isso porque, o formato e a metodologia que ambas utilizam são muito semelhantes.
Na minha opinião, nós professores deveríamos inserir atividades que desconfigurassem significativamente esse
conceito de sala de aula. Digo isso, não porque eu tenha qualquer restrição ao formato utilizado na rede escolar, mas
pelo simples fato das nossas crianças aguardarem ansiosamente a quebra da rotina proporcionada pelo final da semana.

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Daí eu fico pensando que na cabeça de algumas delas pode ocorrer a seguinte sentença: “Puxa Vida! Eu já
fui à escola a semana inteira, agora eu queria fazer algo que me desse prazer.” E esse é o ponto: “Prazer”. O que posso
eu fazer para tornar a minha aula prazerosa?
Muitas coisas, é claro: teatro, gincanas, brincadeiras, mas com certeza, a inserção da música é algo indispensável.
Não seria maravilhoso se as lições fossem ministradas proporcionando verdadeiro prazer às nossas crianças?

2. A MÚSICA TOCA OS SENTIMENTOS

Quem nunca riu ou chorou ao som de uma bela canção? Quem nunca se emocionou embalado pelos acordes
e harmonias de uma música bem executada? Ninguém pode negar – pouca coisa tem tanto poder, ao tocar os nossos
sentimentos, como a música. A grande verdade é que aqueles que utilizam os recursos por ela oferecidos, invariavel-
mente colhem os melhores resultados. Basta observarmos como a televisão, o teatro, as rádios, e o cinema, fazem uso
intensivo da música com o propósito de enriquecer e enfatizar as mensagens que estão sendo apresentadas.
Quando, num filme, a cena que estamos assistindo é tensa, a trilha segue na mesma direção tornando o mo-
mento mais tenso ainda. Quando estamos numa cena engraçada, são comuns as sequências de notas debochadas,
que por si só, já nos fariam rir.
Na alegria a intenção musical é leve e sempre em tom maior, na tristeza os tons menores são evidenciados,
e as melodias tristes pedem passagem nos fazendo chorar. No terror, os acordes são distorcidos e dissonantes, os
instrumentos de percussão ganham notoriedade, e entre intervalos e ataques, o suspense fica estabelecido. Sem per-
ceber, nos arrepiamos, sentimos medo, e não são poucas as vezes em que tomamos um susto daqueles que nos faz
pular da poltrona.
Então, por que não utilizarmos a música para que, na medida em que ensinamos, possamos também tocar o
coração das nossas crianças?

3. A MÚSICA É ESTIMULANTE

Está aí uma pauta onde não há divergências. Diversas pesquisas já foram realizadas e todas dão conta de que
até animais e plantas respondem positivamente aos estímulos musicais.
O testemunho dos pesquisadores é surpreendente: vacas dão maior quantidade de leite, galinhas põem ovos
de melhor qualidade, e até o crescimento das plantas é beneficiado pela incitação musical. Isso sem falar no emprego
da música em diversas formas de terapias que apresentam resultados extraordinários, não só no combate ao stress,
mas também no tratamento de outras enfermidades.
Com frequência nos deparamos com crianças que aprenderam a ler, reconhecer cores, animais, e tantas ou-
tras coisas, estimuladas por músicas que aprenderam a cantar. Não é à toa que existem estilos de músicas específicas,
para grupos e propósitos específicos.

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E é justamente por essa razão que precisamos manter uma espécie de filtro musical a fim de preservarmos as
nossas crianças da degradação moral que impiedosa e rapidamente se alastra, invadindo, não somente lares, mas até
mesmo muitas igrejas chamadas evangélicas.
Acredito que o nosso grande desafio consiste em utilizarmos com sabedoria todos os recursos que o próprio
Deus colocou na música. Já pensou o que poderá acontecer se as nossas músicas verdadeiramente estimularem as
crianças a amarem ao Senhor?

4. A MÚSICA ATIVA A MEMÓRIA

Uma pesquisa, exibida recentemente pelo Fantástico, asseverou que quando lembramos de algum aconteci-
mento, a nossa memória invoca, entre milhões de neurônios, exatamente os mesmos que foram utilizados naquela
ocasião. Isso me remeteu a outra pesquisa, não tão recente, que garantia maior capacidade de memorização para
pessoas envolvidas com música. E foi somando essas duas informações, que finalmente pude compreender algo que
há muito vem despertando a minha curiosidade.
Atualmente existem mais de quinhentas músicas minhas gravadas e, acreditem, eu consigo lembrar a letra
de todas. Como é que pode, um sujeito esquecido como eu, conseguir memorizar sem qualquer esforço, tanta coisa?
Só pra gente ter uma ideia da quantidade, cabem, em média, duas músicas em cada página. Se fôssemos escrever um
livro com todas estas músicas, precisaríamos de, no mínimo, duzentas e cinquenta páginas.
Talvez alguém esteja se perguntando: Será que isso se deve ao simples fato de as letras estarem musicaliza-
das? Acredito que sim, pois só consigo me lembrar de todas, se eu estiver cantando, e isso me impulsiona cada vez
mais no sentido de desfrutarmos com excelência dessa faculdade que a música generosamente nos oferece. Será pos-
sível contabilizar as vantagens que as nossas crianças terão, se souberem utilizar os benefícios da memória musical?

5. A MÚSICA ALIVIA O STRESS

Quem nunca escutou aquele famoso dito popular: “Quem canta os seus males espanta”? É claro que não
basta sairmos cantando por aí, para nos livrarmos de todos os males que a vida nos impõe, mas também é verdade
que muitos deles não resistem a uma boa música. E isso não é espiritual, é sentimental. É aquela capacidade que a
música tem de tocar os nossos sentimentos. Eu poderia recorrer, agora, a uma fonte inesgotável de testemunhos, mas
vou preferir relatar uma experiência vivida na minha família.
Aconteceu quando a Rose engravidou da nossa primeira filha. Naquele tempo a nossa vida já era bem agita-
da e, ao retornarmos para casa no final das atividades, frequentemente a Rose sentia dores nas pernas que, somadas
ao stress do dia, provocava uma irritabilidade crescente e que afetava o seu estado emocional.
Sofremos um bocado até que o Senhor nos orientou ao seguinte procedimento:
todos os dias eu pegava uma bacia com água morna, levemente salgada, e adicionava ao fundo uma boa quantidade

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de pedrinhas que foram retiradas de um rio qualquer, depois eu programava o som que ficava repetindo uma música
que a Rose gostava muito de ouvir. Quando ela saía do banho, o chá de camomila já estava preparado, então eu me
ajoelhava aos seus pés, que a essas alturas já estavam mergulhados na bacia, e ficava ali massageando-os pelo tempo
que fosse necessário, às vezes ela até dormia. O resultado não poderia ser diferente, o stress foi eliminado. Porém, o
mais surpreendente veio a seguir:
Aos nove de julho de 1992, nasceu a nossa esperada princesa chamada Thainan, cujo nome significa ”luz da
manhã” e pra nossa alegria e surpresa, com o passar do tempo observamos que sempre que aquela música era tocada,
ela sorria e, se por algum motivo estivesse nervosa, rapidamente se acalmava. Nada me tira da cabeça que aquela
música lhe permitia sentir novamente a calmaria indescritível da vida intrauterina e isso para mim fecha a questão: a
música tem muito mais força no combate ao stress do que se imagina. Mas a coisa não para por aí, existe um tipo de
execução musical que espanta até mesmo espíritos malignos.
A Bíblia narra um acontecimento, que me parece estabelecer uma ponte sobre a qual podemos transitar
seguros, pesquisando este tema.
Segundo as Escrituras, um espírito maligno andava perturbando o velho rei Saul, que convidou o pequeno
pastor de ovelhas para lhe dedilhar algumas canções. Enquanto Davi tocava harpa, Saul sentia-se aliviado, livre dos
tormentos, pois o espírito maligno o deixava. É evidente que a citação bíblica em questão não está tratando de um
simples caso de stress, mas de uma entidade espiritual que não suportava ouvir os acordes reproduzidos pelo peque-
no Davi. Isso não é fantástico?
Que tipo de música é essa, e o que aconteceria com os nossos alunos se as nossas canções fossem executadas
como as de Davi?

6. A MÚSICA TORNA A REPETIÇÃO DO ENSINO MAIS AGRADÁVEL

A distância da sala da 5ª série “A” até a diretoria, não era assim tão curta, mas devido às minhas constantes
visitas, o percurso até lá parecia cada vez menor. A diretora, uma freira extremamente bem humorada, tentava a todo
custo segurar o riso sempre que me via passar pela porta. Normalmente eu chegava ofegante, com os olhos arrega-
lados e provavelmente sem uma gota de sangue no rosto; eu tinha a sensação de que ela já estava me aguardando,
pois quase todos os dias algum professor me mandava pra lá. O fato que vou relatar, agora, proporcionou uma dessas
visitas.
A professora de Matemática tinha uma maneira peculiar de ler os textos, e em função de um sério problema
de dicção, somado a uma respiração acelerada, ela cadenciava a leitura modulando e pausando a voz de forma, no
mínimo, engraçada. Eu, que não deixava nada passar em branco, fui aos poucos assimilando aquela maneira esquisita
de ler a fim de divertir meus colegas de sala. Sempre que ela começava a ler, a diversão estava garantida. Debochada-
mente, eu lia junto com ela, porém num volume que apenas os que estavam à minha volta conseguiam ouvir. Até que
num belo dia, eu me empolguei e sem perceber, aumentei o volume da minha voz. Não deu outra: Ela percebeu e
parou repentinamente mas eu prossegui o texto em alto e bom tom ... “são sentenças matemáticas...” concluí sozinho.
Resultado: Lá estava eu de novo, na diretoria, é claro. O fato curioso desta história, foi que aquela forma ritmada de

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leitura, soava pra mim quase como se fosse música. E nessa brincadeira, eu repetia por várias vezes o texto, o que
me fez aprender as regras da matéria em questão, sem muito esforço e, porque não dizer, de maneira leve e descon-
traída. Naquela época eu não fazia a menor ideia de que aquela maneira estranha, como a minha professora lia, se
assemelhava ao rap, um estilo musical que já vinha ganhando expressão na América e na Europa, e muito em breve
ocuparia um lugar de destaque nas paradas de sucesso em quase todo o mundo. Se eu não estiver enganado, esta
foi a primeira vez que eu utilizei uma “música” para aprender alguma coisa. Se bem que essa não era nem de longe
a minha intenção inicial. Infelizmente, o tempo que temos aqui não me permite entrar em detalhes, mas aquilo que
começou com uma brincadeira, virou coisa séria. Atualmente tenho diversas músicas educativas e muitas delas são
utilizadas no ensino fundamental. As repetições inseridas nas canções acontecem sutilmente e sempre embaladas
por uma melodia alegre e fácil de ser cantada. Somente para reforçar o que estou afirmando, gostaria de terminar este
tópico relatando como o Lucas, nosso filho caçula, respondeu a essa técnica.
Pouco antes de ele completar quatro anos de idade, ao entrarmos no banheiro de um shopping em São Paulo,
ele leu a seguinte frase: “É proibido colocar material de limpeza neste local.” Tratava-se de uma dessas placas de ad-
vertência destinadas a funcionários. “Como você sabe?” Perguntei perplexo. “Eu li.” Respondeu ele. Fiquei impres-
sionado, eu sabia que ele estava lendo coisas do tipo, “vovô viu a uva”, o que já era maravilhoso, mas frases inteiras
com encontros consonantais, realmente superava todas as minhas expectativas. Eu estava tão admirado que saí dali
mandando o menino ler tudo que víamos pela frente, e ele realmente lia. Isso não é surpreendente?
Então, o que estamos esperando para transformarmos muitas das nossas “famosas” repetições em música?

7. A MÚSICA É CULTURA

Há quem diga que o tipo música que uma pessoa ouve, diz muito a respeito de quem ela é. Será que existe
algum tipo de exagero ou, no mínimo, alguma “forçada de barra” nessa afirmação? Eu francamente acredito que não,
e acho também que não precisamos nos aprofundar muito para concordarmos que quando abrimos os nossos ou-
vidos para algum tipo de mensagem musical, e nos deleitamos nela, chegando ao ponto de repeti-la inúmeras vezes,
invariavelmente somos afetados, positiva ou negativamente, pela cultura que orquestra aquela canção.
Será que estou falando demais? Não é verdade que toda música carrega consigo conceitos, valores e ensina-
mentos que sempre estão conectados a uma cultura? E será que alguém já parou para pensar que quando ouvimos
uma música qualquer, na maioria das vezes não estamos apenas ouvindo, mas também propagando e crendo nela?
A Bíblia diz que a fé vem pelo ouvir, e é inacreditável o tanto de tolices que deixamos de filtrar pelo fato de
estarmos distraídos ao som de belos e harmoniosos acordes. Como seria maravilhoso se impregnássemos as nossas
casas, escolas, e tudo ao nosso redor, com músicas que introduzem a cultura do céu. Por que motivo consideramos
incoerente um corintiano cantar o hino do Palmeiras? Pelo mesmo motivo que julgamos disparatado um cristão
verdadeiro cantar músicas carnavalescas.
Normalmente fazemos refrão com aquelas coisas com as quais estamos comprometidos, coisas relacionadas
à nossa cultura. Considerando a verdade de que a música é cultura e que ela armazena inumerável soma de ensina-
mentos, porque motivo não a utilizarmos com maior amplitude na formação e no ensino infantil?

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8. A MÚSICA PROPORCIONA ALEGRIA

Imaginem uma festa de aniversário sem música, um casamento, um filme, um teatro, um circo, um parque
de diversões. Como seriam os reclames na televisão e nas rádios, e o que ocorreria nos festivais e eventos sem a mú-
sica? Acaso algum tipo de som ousaria encher de alegria o ar na insana tentativa de substituí-la? É claro que não, a
música é impar, é única, é generosa. Ela se apresenta forte, sem ter músculos, esbanja beleza, ainda que desprovida
de aparência, mesmo despojada de paladar, oferta a doçura do mel, ataca sem ferir, esquenta sem queimar e, como
se não bastasse, apesar de não ter pigmentos, consegue encher a nossa vida de cor e alegria. Uma festa sem música,
é comparada a um violão sem as cordas, a um piano sem teclas; é qualquer coisa incompleta e carente.
Todo aquele que pretender realizar uma festa, nunca poderá excluir a participação da música, pois ela execu-
ta, com excelência, o posto de descontrair e alegrar o ambiente. Seria pedir demais, solicitar um pouco desta alegria
na tentativa de tornar o ensino infantil mais afável?

9. A MÚSICA TRAZ HARMONIA

Já está elucidado na própria definição: “Música é a arte de combinar os sons e por meio deles expressar os
sentimentos da alma.” Foi assim que os entendidos do assunto em pauta definiram a música: Uma arte cuja habilidade
consiste em combinar os sons, ou seja, colocá-los em harmonia. Essa palavra “harmonia” tem muitos significados,
por isso a utilizamos nas mais variadas situações, ex: “O treinador harmonizou o time.” “Aquele casal precisa viver em
harmonia.” “Este sofá trouxe harmonia à decoração da sala.” “Se continuarmos discutindo, perderemos a harmonia.”
Quanta variedade de sentido há nesta palavra! Só nestes exemplos, ela pôde dar uma conotação de ordem,
conciliação, beleza e de paz. Não é à toa que a utilizamos para expressar o que acontece quando conseguimos reunir,
percussão, vozes, instrumentos de cordas, metais, assovios e os mais variados tipos de som, de forma que eles expres-
sem com notoriedade os sentimentos. Isto é algo que nunca deveríamos nos esquecer – se a música traz harmonia, e
a harmonia constantemente nos remete a coisas boas, penso que temos aqui, mais um ótimo pretexto para utilizar-
mos a música no ensino infantil, você não acha?

10. A MÚSICA É DIVINA

Eu realmente fico impressionado diante da facilidade com que nós, evangélicos, temos de abrir mão de mui-
tas das maravilhas de Deus, sob o pretexto de que elas sejam do diabo. Até porque segundo a Bíblia, o diabo, nosso
adversário, não pode criar absolutamente nada, nem mesmo um capim. E, nesse sentido, eu poderia citar agora,
poesia, pintura, teatro, literatura, e uma variedade de manifestações artísticas, mas vou me ater à música, afinal de
contas é para isto que estamos aqui.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Quero começar reforçando que a música foi criada por Deus, e ela é tão admirável que a própria Escritura
Sagrada nos apresenta fatos de muita proeminência e onde a música se destaca.

10.1 – MÚSICA NA ETERNIDADE PASSADA


(Confere Ezequiel 28.13-14)

10.2 – MÚSICA NA CRIAÇÃO


(Confere Jó 38.6-7)

10.3 – MÚSICA NA CEIA DO SENHOR


(Confere Mateus 26.30)

10.4 – MÚSICA NO CÉU


(Confere Ap 5. 7-8)

É claro que para selecionar os versículos acima, eu me debrucei sobre os ombros de alguns cristãos estu-
diosos e apaixonados por música, pois tanto no livro de Jó quanto em Ezequiel, o texto não se apresenta tão claro.
Contudo, não podemos ignorar a marcante presença da música por toda a Bíblia, isso sem falar nos salmos do rei
Davi, que não poucas vezes nos arrebatam ao louvor dizendo: Cantai ao Senhor.
Mas onde estou querendo chegar? Estou tentando evidenciar que o próprio Deus criou a música e se utili-
zou dela. Ela estava presente antes da criação do mundo, quando Lúcifer era ainda o querubim da guarda (Ez 28).
Quando eram lançados os fundamentos da Terra ( Jó 38), cenário onde toda a humanidade conheceria a maravilho-
sa graça de Deus, e o Seu Eterno amor seria revelado na pessoa de Jesus Cristo, único Salvador.
Estava também na ceia do Senhor, celebração que prefigura a morte e ressurreição de Cristo, ato que confere
razão à nossa fé (Mt 26); sem esse acontecimento, simplesmente não haveria cristianismo.
Como se não bastasse, a música aparece diante do trono do Altíssimo, onde é descrita a visão do apóstolo
João, num momento espetacular do livro de Apocalipse, em que o Senhor Jesus é honrado e reconhecido como
aquele único digno de abrir o livro.
Será que precisamos de mais argumentos para asseverarmos que a música é divina? Penso que não. Na ver-
dade, eu acredito que Deus criou a música por incontáveis motivos, mas ninguém me tira da cabeça que o principal,
foi para nos oferecer, entre tantos benefícios, uma maneira intensa e prazerosa de adorarmos o Seu Bendito e Amado
Nome!

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COMBO 2 (4 a 6 anos) / WORKSHOP

GERAÇÃO QUE CRESCE NA PALAVRA DE DEUS


Crescimento na Palavra

INTRODUÇÃO

Dentre alguns significados da palavra “geração”, destacamos: linhagem, filiação, genealogia, espaço de tempo
que separa cada grau de filiação. Parece que, a cada geração, as crianças nascem mais espertas que a geração anterior.
Hoje, as crianças de 4 a 6 anos vivenciam a era dos grandes avanços tecnológicos e têm muita facilidade para usar o
telefone celular, o computador, a TV, o videogame, o tablet, etc. A dinâmica do mundo moderno mostra que vivemos
na era dos descartáveis e do instantâneo. Por isso, as crianças desta geração são impacientes, não gostam de esperar,
querem tudo agora!

1. COMO SEMEAR PARA COLHER UMA GERAÇÃO COMPROMETIDA COM DEUS?

O Salmo 78.1-8 é a resposta para essa questão. Há um apelo do salmista para que o povo de Deus conte às
futuras gerações os louvores do Senhor, o Seu poder e as maravilhas que fez. O povo de Deus deveria transmitir a lei
do Senhor aos filhos, a fim de que a nova geração conhecesse os Seus feitos, colocando Nele a confiança, e não fosse
como seus antepassados: uma geração de coração inconstante, infiel a Deus.
Semear para colher uma geração comprometida com Deus é um processo, uma longa caminhada que deve
se iniciar o mais cedo possível, na primeira infância. Especialistas afirmam que é nos primeiros anos de vida que se
estabelecem as bases formadoras do caráter e da personalidade de uma pessoa. É uma fase importantíssima para se
ensinar valores morais e espirituais. O que a criança aprender nessa fase vai acompanhá-la por toda a vida.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Como educadores cristãos, nossa principal tarefa é ensinar a palavra de Deus às crianças, a fim de que elas
assimilem os conceitos e os coloquem em prática, incorporando-os de tal forma que passem a fazer parte de sua
essência. A nossa responsabilidade é ensinar “... preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra
e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali” (Is 28.10).
Realmente, viver os valores divinos só é possível pela ação do próprio Deus na vida da pessoa. É imperativo,
portanto, levar a criança a Cristo para que seja salva. Só colheremos uma geração comprometida com o Senhor se,
de fato, a levarmos a Cristo. Nosso papel é evangelizar, ensinando a Palavra às crianças que Ele colocar em nosso
caminho. Ensinar não é tarefa fácil. É preciso amor, dedicação, e conhecimento no que diz respeito às características
e à forma como as crianças veem o mundo e aprendem.
A criança de 4 a 6 anos sente intensamente as emoções, num minuto ela está muito alegre, logo depois está
chorando copiosamente. Existe nela uma luta entre o egoísmo e a aprovação social. Ela precisa aprender a amar e a
respeitar o próximo.
Crianças dessa idade têm imaginação muito fértil e, às vezes, não distinguem entre o que aconteceu e o que
ela imaginou. Para o adulto, pode parecer que ela está mentindo. Nessa idade a criança é muito curiosa e faz muitas
perguntas. Ela interpreta as coisas literalmente e não entende expressões figuradas, por exemplo, ao ouvir uma ex-
pressão como “a faca está cega”, a criança pode pensar que a faca não está enxergando nada! Ela não entende coisas
abstratas e sempre pensa de maneira concreta. Teria dificuldade em entender a frase de Jesus: “Eu sou a porta”. O
professor precisa vigiar constantemente sua linguagem e seu vocabulário, usar frases curtas e explicar palavras des-
conhecidas.
A maior vantagem de se trabalhar com essa faixa etária é a prontidão que a criança tem para crer. A criança de
4 a 6 anos é confiante – confia em Deus, nos pais, nos professores e nas pessoas ao seu redor. A consciência infantil é
muito sensível; ela começa a distinguir entre o certo e o errado, e entende o que é pecado. Dados estatísticos indicam
que as pessoas que tomam sua decisão por Cristo nessa fase da vida dificilmente abandonam a fé. Elas permanecem
firmes até a fase adulta.

2. O QUE ESPERAMOS CULTIVAR E COLHER NESTA GERAÇÃO?

Esperamos cultivar no coração das crianças a boa semente da palavra de Deus, na expectativa de que ela
venha a germinar, crescer e frutificar em cada vida. Esperamos que esse cultivo seja prazeroso tanto para nós, educa-
dores, como para as crianças. Nosso desejo é que elas se sintam motivadas para aprender a palavra de Deus por meio
de cânticos, versículos, histórias bíblicas e diversas atividades em que participarão. O professor deve preparar bem a
aula durante a semana, mesmo quando é uma história bíblica muito conhecida.
A sala deve ser um lugar bem organizado, limpo e atraente, com mesinhas e cadeiras de tamanho adequado
para a idade dos alunos. É útil ter um armário para guardar todo o material que as crianças vão necessitar durante a
aula. É importante manter disciplina na sala.

2
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

As crianças gostam de cantar, de orar e, geralmente, não têm vergonha de fazê-lo. Gostam de apresentar
motivos de oração, mas o professor deve ter cuidado, porque elas querem continuar falando! Elas conseguem me-
morizar um versículo bíblico e gostam de repeti-lo sozinhas. Elas gostam muito de ouvir as histórias bíblicas, mas é
imprescindível que o professor se lembre de que sua capacidade de prestar atenção é ainda limitada. Elas conseguem
fixar a atenção por 4 a 10 minutos, conforme o assunto e o interesse.
A criança de 4 a 6 anos tem prazer em ajudar e, se você quiser, pode ter um “ajudante do dia” para cada sema-
na. Também um concurso incentiva a criança a fazer a atividade de casa, a trazer a revista, a memorizar o versículo e
a se comportar na aula.
Esperamos que a nossa vida seja inspiradora para as crianças; que, ao serem desafiadas, possam colocar em
prática os valores aprendidos em nossas aulas. Devemos lembrar que elas são imitadoras e vão imitar as atitudes e
as ações do professor. Devemos ter cuidado com o nosso ensino. Nossas palavras devem ser coerentes com o nosso
comportamento. As crianças, mesmo pequenas, notam as incoerências. Será que podemos dizer como Paulo disse
aos crentes de Corinto: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”?
Por fim, esperamos colher uma geração que teme ao Senhor, anda nos Seus caminhos e propaga as verdades
de Deus por onde vai.

3. COMO SER CRIATIVO PARA ESTA GERAÇÃO

Ser criativo é apresentar ideias ou conteúdos de forma inovadora e interessante. Nessa idade, as crianças são
muito ativas e ávidas por conhecimento. Elas são curiosas e participativas. Não é difícil envolvê-las nas atividades de
ensino. Um professor dedicado muito poderá fazer por sua classe. Mas é necessário que ele tenha certas qualidades.
Em primeiro lugar, é fundamental que seja salvo e ame a Deus. Também precisa ter convicção de ser chamado e vo-
cacionado para essa tarefa. Ao ensinar, deve colocar-se no lugar da criança, a fim de ver o mundo na perspectiva dela.
Conhecer a criança e seu contexto familiar possibilitará ao professor compreender suas atitudes e intervir quando
houver necessidade.
Com relação ao trabalho em sala de aula, embora seja aconselhável manter uma rotina para essa idade, é pre-
ciso variar a metodologia e os recursos de ensino. É necessário que o professor adote materiais de qualidade. Uma
vez escolhida a série, é imprescindível que ela seja utilizada do começo ao fim. Daí a necessidade de conhecer cada
série para fazer a escolha.

4. CONHECENDO OS MATERIAIS

Série Conectar – Revista Pluguinho


É formada por 15 volumes (uma para cada quadrimestre). Essa série visa ensinar a Bíblia de forma siste-
mática, em ordem cronológica, de Gênesis a Apocalipse. A metodologia consiste em apresentar o fato bíblico nas

3
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

lições ímpares, desafiando o aluno a colocar em prática o ensino destacado.


As lições pares enfatizam a aplicação do que foi aprendido na lição anterior
de forma interativa, com participação intensa das crianças nas atividades
propostas. Assim, temos duas lições com a mesma base bíblica, mas com
metodologia e enfoques diferentes.
O Kit contém: revista do professor; revista do aluno; livro de ativi-
dades, jogos e cânticos; anexo com diversos modelos; caderno complemen-
tar com figuras coloridas.

Série Aprender – Revista Pré-Primário


É uma série composta de nove volumes, com enfoque no conteúdo bíblico e aplicações
que visam ensinar à criança conceitos morais e espirituais por meio de histórias e ativida-
des. Faz parte do conjunto da Revista Pré-Primário (que tem publicação quadrimestral)
um bloco de atividades do aluno e a revista do professor. Nas páginas centrais da revista do
professor, há cenas para serem ampliadas e coloridas. Entretanto, a Editora Cristã Evangé-
lica comercializa tais cenas prontas (ampliadas e coloridas).

Série Culto Infantil


É uma série de revistas temáticas, indicadas para o culto infantil. O
material sugere a reunião, em conjunto, de crianças de 4 a 10 anos
para os momentos iniciais do culto, cuja liturgia envolve: cânticos,
oração, leitura bíblica, tema e divisa. Depois elas são divididas em dois
grupos: Grupo Maiores e Grupo Menores – quando ouvirão a mensagem
e participarão de atividades. O kit contém: manual do dirigente do Grupo
Maiores; manual do dirigente do Grupo Menores,, com recursos didáticos co-
loridos para a mensagem; e bloco de atividades para serem feitas em casa, com
a família.

Recursos didáticos adicionais


A Editora Cristã Evangélica dispõe de diversos recursos didáticos que ajudarão o dirigente a ministrar o culto, tor-
nando a mensagem mais atrativa.

4
COMBO 2 (4 a 6 anos) / WORKSHOP

A PARCERIA DA FAMÍLIA E DA IGREJA NO ENSINO BÍBLICO


PARA O CRESCIMENTO EFETIVO
Crescimento na Palavra

“Ensina a criança no caminho em que deve andar...” – Provérbios 22.6

INTRODUÇÃO

Quando se trata de ensino da palavra de Deus na vida das crianças, é fundamental criar vínculos e construir
uma parceria entre pais (responsáveis pela criança) e professores (igreja), compartilhando ensino bíblico de quali-
dade, capaz de promover na vida do educando o desejo de viver de maneira que agrade ao Senhor. Tanto pais como
professores são protagonistas formativos na vida da criança, sendo que a aproximação e o diálogo são os primeiros
passos para essa parceria: “As crianças sempre se voltam para o pai, a mãe, o professor e os irmãos mais velhos à
procura de referenciais para traçar seu próprio modo de ser. São esses exemplos que permanecerão em sua mente,
contribuindo para a formação de sua personalidade” (Cris Poli).
Precisamos retornar aos princípios bíblicos para essa parceria, como descreve MacArthur:
- ensinar com persistência a palavra de Deus (Dt 6.7);
- disciplinar quando agirem mal (Pv 23.13-14);
- não provocar à ira (Ef 6.4).
Lembremo-nos de que aqueles que estão em nossas mãos para ser ensinados são nossos filhos na fé e, como
filhos, são presentes benditos do Senhor. A parceria entre pais e igreja no ensino exige tempo e dedicação. Parafra-
seamos MacArthur: “As crianças são ensinadas a ser o que elas se tornarão. Se elas se tornaram algo que não era o que
se esperava é, geralmente, porque simplesmente aprenderam com aqueles que estavam presentes para lhes ensinar
na ausência de seus pais”. Lembre-se de que essa parceria deve ser, de forma integral (Dt 6.6-7), missão delegada aos
pais, que pode a igreja, como corpo, ser parceira em tão nobre tarefa.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

1. PAIS OU RESPONSÁVEIS

“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que
estejam por frontal entre os olhos. Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo
caminho, e deitando-vos, e levantando-vos. Escrevei-as nos umbrais de vossa casa e nas vossas portas” (Dt 11.18-20).
Por meio desse versículo percebemos que ensinar a Bíblia aos filhos é um imperativo explícito para pais cristãos.
Inculcar a palavra de Deus na criança não é responsabilidade do pastor da igreja, do líder do ministério infantil ou
do professor. Entendemos que os pais (ou responsáveis) devem ensinar a palavra de Deus aos filhos a todo instante,
em qualquer situação, em qualquer lugar, e aproveitar todas as oportunidades que se tem para ensinar aos filhos, e
ser exemplo contagiante na vida deles, proporcionando um ensino de qualidade fundamentado na Bíblia. “Além de
ensinar as Escrituras aos filhos, é necessário também falar sobre elas continuamente. Deus quer que os pais ensinem
e apliquem as Escrituras à vida dos filhos” (Lou Priolo) para que eles aprendam a viver em comunhão com outras
pessoas, a adorar a Deus, a amá-Lo e a obedecer-Lhe. “Falar acerca de Deus ao deitar-se, ao levantar-se, assentados
ou andando não significa, é claro, incessante tagarelice sobre religião. Significa que nossa fé será tão significativa
para nós que será natural em todas as circunstâncias da vida falar de Deus e de Suas obras.” ( John M. Drescher)
O ensino deve começar no ventre materno e se estender até a velhice. Aquele que obedece e cumpre a
ordem bíblica dita em Provérbios 22.6 “Ensina a criança no caminho em que deve andar...” receberá do Senhor a re-
compensa da promessa descrita no final desse mesmo versículo “... e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” Os
pais receberam de Deus a bênção e o privilégio de serem os primeiros educadores de seus filhos, e seus responsáveis
espirituais. Infelizmente, muitos pais têm deixado essa responsabilidade para a igreja e outros meios de educação.
Segundo MacArthur, a negligência dos pais com a própria vida espiritual equivale a cortas todas as árvores que
darão sombra para a próxima geração de sua família. Por causa de pais que não pastoreiam o coração de seus filhos,
milhares de famílias estão espiritualmente doentes.
Vamos nos lembrar de dois relatos bíblicos nos quais a família estava presente, ensinando a criança com a
palavra de Deus, desde que elas eram bem pequenas.

Moisés – As primeiras instruções foram dadas pela própria mãe, que o criou sob os ensinamentos do Senhor, até
que, já grande, foi viver no palácio, como filho da filha do Faraó.
Timóteo – Sua formação bíblica começou no lar. Desde pequeno, o menino foi instruído nas Sagradas Escrituras, por
sua mãe Eunice e sua avó Loide. Elas foram exemplo contagiante na vida do pequeno Timóteo.

“A família é a célula mater da sociedade. É no ambiente familiar que a criança vai ter seu primeiro núcleo de
convivência, os primeiros blocos na construção de seu caráter, e este se estabelece de acordo com as necessidades
atendidas. O vínculo estabelecido entre os pais e a criança determinará o significado que ela obterá de vida, como
também facilitará na construção de sua identidade sendo capaz de se sentir parte de uma família” (Doraci Corrêa
Marques).

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Observe o quadro a seguir.

TEMPO COM A FAMÍLIA TEMPO DE SONO TEMPO NA ESCOLA TEMPO NA IGREJA

- 83 horas semanais (11 ho-


ras por dia de 2ª a 6ª feira; - 25 horas semanais - 4 horas semanais
- 56 horas semanais
16 horas no sábado e 12 (5 horas por dia x 5 dias da (2 horas escola bíblica e 2
(8 horas por dia)
horas no domingo) semana) horas no culto noturno)

49,4% 33,3% 14,9% 2,4%

Uma criança passa 49,4% do tempo em aprendizagem com a família (praticamente a metade do tempo) e
2,4% aprendendo ensinos bíblicos na igreja. Assim, pode-se dizer que a família é a principal fonte educadora, visto
que ela tem a maior parte do tempo para investir no ensino da palavra de Deus aos filhos.
Surge então uma questão relevante: Qual é a função da igreja ou dos professores de EB no ensino da palavra de Deus
às crianças?

2. PROFESSORES

“Portanto,meusamadosirmãos,sedefirmes,inabaláveisesempreabundantesnaobradoSenhor,sabendoque,no
Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1Co 15.58).
Muitos pais pensam que os professores estão ali na igreja com a missão de brincar ou de cuidar dos seus fi-
lhos enquanto eles participam do culto e das aulas tranquilamente! Outros pensam que é responsabilidade da igreja
o ensino da palavra de Deus; pensam que é na igreja que a criança vai aprender as “historinhas da Bíblia”.
A missão de um professor na educação cristã é ser coadjuvante dos pais no ensino bíblico. Por isso sua prá-
tica deve ser dinâmica, a fim de que desperte a curiosidade e o desejo de conhecer a palavra de Deus, produzindo
crescimento espiritual na vida da criança. O professor deve, com os pais, ensinar o evangelho simples, para que,
conforme a criança for crescendo, ela seja despertada para a necessidade de salvação. O professor deve também
conduzi-la e ensiná-la a adorar somente ao Senhor Deus, reforçando assim a aprendizagem recebida no lar.
É importante que os professores estejam preparados para ministrarem a palavra de Deus às crianças. Eles
devem ter vida de íntima comunhão com Jesus, estar com o coração disposto para a obra do Senhor. Se for preciso,
podem ajudar os pais com aconselhamento e oração na busca de ferramentas para as diferentes questões e desafios
que envolvem as famílias.
Para algumas crianças, a escola bíblica ou o culto infantil são momentos únicos da vida delas em que rece-

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

bem o ensino da palavra de Deus. Por isso o professor deve se esforçar a fim de levar os alunos a amarem a Bíblia e a
aprenderem a obedecer às ordenanças deixadas por Deus nesse livro tão precioso.
O professor e o auxiliar devem ter como objetivos principais do trabalho:
- ajudar a criança a conhecer mais sobre Deus, já que ela está começando a compreender o amor do Senhor;
- promover a integração da criança no seio da igreja;
- dar à criança oportunidade de desenvolver habilidades: cantar, dramatizar, socializar.

“Ser um mestre inesquecível é formar seres humanos que farão diferença no mundo.” (Augusto Cury)

3. AFINAL, O QUE É PARCERIA?

Verificando no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, parceria significa “reunião de indivíduos para
alcançar um objetivo comum”.
Deus lhe deu capacidade de ser criativo! Escreva a seguir alguns tipos de parceria que os pais e professores
podem estabelecer no ensino da palavra de Deus para a criança.

A igreja é o lugar onde a família busca ter comunhão com diferentes pessoas, para que se sinta amparada,
com parceiros de oração e de aconselhamento bíblico.
É preciso que pais e professores caminhem juntos no ensino da palavra de Deus, e busquem mostrar à
criança os ensinamentos bíblicos. Os professores são apenas cooperadores dos pais. Por isso é importante que o
professor forme com os pais uma parceria no ensino cristão. Ambos precisam dispor de tempo para se dedicarem
ao ensino das Escrituras.
Os pais, a todo instante, devem inculcar a palavra de Deus nos filhos por meio do falar, do exemplo, de ter
vida de comunhão e de oração, sem se esquecer do tempo que a família deve separar para o culto doméstico. Devem
também se dispor a ajudar o ministério infantil de várias formas: incentivar a memorizar versículos, valorizar a
igreja, dedicar tempo aos filhos nas tarefas bíblicas, ir à igreja, desenvolver habilidades artísticas para ajudar no que
for preciso, participar dos eventos.
Os professores devem contribuir preparando bem suas aulas, a fim de edificarem a vida dos pequenos; ser
exemplo às crianças; orar por elas; incentivar a família a se reunir durante a semana para desenvolver as atividades
que são dadas para casa.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Infelizmente, o culto doméstico ou devocional em família tem ficado no esquecimento devido a tantos com-
promissos e entretenimentos com os quais as famílias se deixam ocupar.
O desafio é para que os pais (ou responsáveis) resgatem o tempo dedicado à família, unidos em torno da
palavra de Deus. Geralmente, gasta-se muito tempo em várias outras atividades como: assistindo à televisão, nave-
gando na internet, no lazer, nos esportes, nas compras. É preciso dar atenção especial aos filhos investindo uma parte
do tempo neles, no intuito de mostrar à criança que ela é importante para a família, e que seus pais a amam muito.
Separar parte do tempo para lerem a Bíblia juntos e também para se divertirem com os filhos faz com que a criança
se sinta segura e deixa na memória lembranças da família que ela jamais esquecerá! “O preço da negligência dos pais
na educação dos filhos é insuportavelmente alto”.

4. PROPOSTAS DE PARCERIA

“... os pais de Jesus iam a Jerusalém para a Festa da Páscoa. ... encontraram o menino num dos pátios do Templo,
sentado no meio dos mestres da Lei, ouvindo-os e fazendo pergunta a eles” (Lc 2.41,46 NTLH).
“E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52).
A parceria entre pais e professores pode ser feita de muitas maneiras, com a finalidade de promover o enri-
quecimento do ensino bíblico na vida das crianças, para que ela siga o exemplo deixado por Jesus, crescendo tanto
em estatura, como em sabedoria e graça.
Observe algumas sugestões:
• caixinha de oração – a cada semana, uma criança leva a caixinha para casa, a fim de orar com a família
pelos professores da escola bíblica e pelos dirigentes do culto infantil, assim como pela vida das crianças
e pela família delas;
• oferecer ideias a serem desenvolvidas na escola bíblica e no culto infantil;
• participar ativamente, em colaboração com o professor, na preparação do material a ser usado durante
as aulas;
• a família pode trabalhar com os professores na decoração das salas de aula a fim de deixar o ambiente
mais aconchegante;
• workshop – trazer pessoas capacitadas para dar palestras, com assuntos escolhidos pelos próprios pais;
• deixar à disposição a própria formação profissional para ser usada em atividades de ação social da igreja;
• campanhas de culto doméstico;
• incentivo à memorização de versículos.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

CONCLUSÃO

“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12).
É preciso unir o contexto da família ao da igreja, numa relação construtiva de parceria, visando enrique-
cer e estruturar o desenvolvimento espiritual da criança, por meio de estratégias diversas no ensino bíblico. Nunca
perca a esperança! Nunca é tarde para Jesus agir! Lembre-se de que pais sábios criam filhos brilhantes.
Se a família e a igreja estiverem focadas no ensino da palavra de Deus à criança, estamos certos de que as
sementes que foram plantadas na vida dela produzirão muitos frutos!
O tempo é um dos maiores presentes dado por Deus. Cada um de nós recebe uma porção finita dele. Saber
aproveitar corretamente esse presente é sábio, diz a palavra de Deus (Sl 90.12).
Separar parte desse precioso presente, dentro da agenda apertada do nosso dia a dia, para uma conversa com
os filhos, um momento especial de ensino bíblico, de atividades que desenvolvam a comunhão, o crescimento espi-
ritual e o serviço como parceiro da igreja na caminhada cristã, é prova de que os pais realmente se importam com os
filhos e os amam.
“Precisamos ‘resgatar’ e ‘restaurar’ os valores perdidos, ensinar aos nossos filhos quais são os padrões bí-
blicos, imprimir esses conceitos na vida deles por meio do nosso próprio exemplo e incentivá-los a confiarem no
Senhor.” ( Jaime Kemp)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Agora é a Hora de Amar Seu Filho. John M. Drescher. Mundo Cristão.


Pais Sábios, Filhos Brilhantes. John MacArthur. Thomas Nelson.
Amigos do Pequeno Leitor. Doraci Corrêa Marques. United Press.
Dicas para Pais. Gardiner Spring & Tedd Tripp. Editora Fiel
Instruindo o Coração da Criança. Tedd & Margy Tripp. Ed. Fiel
Pastoreando o Coração da Criança. Tedd Tripp. Ed. Fiel
Apostilas de Congressos Anteriores. Editora Cristã Evangélica.
Bíblia da Família. Estudos de Jaime e Judith Kemp. Sociedade Bíblica do Brasil.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Antônio Houaiss
O Caminho para o Filho Andar. Lou Priolo. Nutra Publicações.
O Evangelista de Crianças. Ano 57 Nº 223. APEC
Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Augusto Cury. Sextante.
Pais e Professores Educando com Valores. Cris Poli. Editora Gente.

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COMBO 3 (7 e 8 anos) / WORKSHOP

GERAÇÃO QUE FAZ A DIFERENÇA


Fazer a diferença na geração

INTRODUÇÃO

Cada criança tem sua maneira de ser. Entretanto, crianças são simples e acreditam facilmente no que lhes
é ensinado, tornando-se um terreno fértil para receber as verdades espirituais que estão na palavra de Deus. Infe-
lizmente, vivemos um tempo em que a criança está sendo educada pelas novas tecnologias, sem qualquer controle
quanto ao conteúdo, e sua pureza está sendo trocada pela maldade, pela malícia. Nossas crianças estão sendo cada
vez mais cedo, “adultizadas”; de certa forma, estão sendo levadas à sensualidade, à erotização, à falta de inocência do
adulto. Dr. Guilherme Schelb (procurador regional da República) defende a infância e nos alerta quanto a vários pe-
rigosnainfância:“Ascrianças,especialmenteagoranoBrasil,sãoestimuladasdeformaabusivanasmídias;estãotrazen-
doascriançasparaumambientedefatoseconhecimentosprofundamenteeróticos,foradoseunormaldesenvolvimento.”
Precisamos “despertar” como igreja, como corpo de Cristo. Cada dia que passa, o Evangelho está mais dis-
tante de nossas crianças, pois o mundo oferece muitas propostas que tentam anular a Palavra de Deus como verda-
deira e infalível. A Bíblia está sendo contada como história de “contos de fadas”, ou com o interesse de lucro financei-
ro, em vez de sua mensagem ser reconhecida como viva e eficaz, de forma prática e transformadora. Lembremos que
as crianças não são receptoras passivas da ação dos adultos. Elas são protagonistas, tanto no processo de formação
quanto na igreja.
Não podemos deixar que esta geração permaneça deteriorada pelo pecado. Cabe a nós ensinar às crianças, a
fim de formar pessoas dignas de respeito e aprovadas por Deus. Está em nossas mãos desenvolver uma geração que
faz a diferença!

1. O QUE É FAZER A DIFERENÇA?

Quando você pensa na palavra DIFERENÇA, qual é o significado que vem à sua mente?

Descreva em poucas palavras: _____________________________________________

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Segundo os dicionários DIFERENÇA é:


Webster – Qualidade que distingue uma coisa da outra.
Michaelis – Característica pela qual pessoas ou coisas diferem.
Aulete – Qualidade do que é diferente. Falta de igualdade ou de semelhança.
Houaiss – Alteração digna de atenção.

Na Bíblia, encontramos pessoas que Deus usou para fazer a diferença: “Os Samuéis e Salomões da igreja se
tornamsábios emsuajuventude. OsDaviseJosiassão maleáveis de coração quando têm pouca idade. Leia acercadavida
damaioriadosministroseminentesevocê,comfrequência,descobriráquesuahistóriacomocristãoscomeçoubemcedo.”-
Charles Spurgeon.  
Dentre tantos personagens bíblicos, podemos ver a história de Davi, que embora jovem, começou a fazer
diferença em sua geração. Venceu o gigante Golias, não com força, mas pelo poder do Espírito de Deus. Mais tarde,
foi ungido rei de Israel. Davi permaneceu nos ensinamentos de Deus. O que aprendeu na infância e mocidade levou
para toda vida. Por isso, é considerado o “o homem segundo o coração de Deus” (Atos 13.22). Sua fé em Deus mudou
o curso da história. Davi fez a diferença!

FEZ DIFERENÇA VENCEU GOLIAS PELA


DAVI AINDA JOVEM REI DE ISRAEL
EM SUA GERAÇÃO FORÇA DO ESPÍRITO SANTO

HOMEM SEGUNDO O QUE APRENDEU NA INFÂNCIA E PERMANECEU NOS


O CORAÇÃO DE DEUS JUVENTUDE LEVOU PARA SUA VIDA ENSINAMENTOS DE DEUS

2. COMO FAZER PARA QUE ESTA GERAÇÃO SEJA DIFERENTE?

Já parou para pensar na grandeza que é servir no ministério com crianças, poder semear fruto para fazer
diferença durante uma vida toda? “Se eu pudesse iniciar o meu ministério de novo, iria me dedicar completamente à evan-
gelização das crianças!” - J. Bunyan/D. Moody.
Devemos quebrar paradigmas, e olhar para a criança como a igreja do presente. Como liderança cristã, pre-
cisamos tratá-la como tal. Cabe-nos enxergar a criança como fonte de aprendizagem dos princípios bíblicos, que têm
sido negligenciados pelos pais e educadores.
Para que a criança seja diferente, é preciso que ela conheça quem pode fazer a diferença, JESUS CRISTO, o
Salvador.
A criança precisa entender que ela também necessita de salvação, pois é pecadora e carente da graça de Deus
(Rm 3.23). Levar a criança a conhecer a Jesus como Salvador é a base da vida espiritual que vai ser refletida no seu
dia a dia.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Que formas você conhece que podem levar uma criança a Cristo? Compartilhe com a sala.

a)

b)

c)

A igreja precisa descobrir a criança no coração da missão. Devemos ter um olhar missionário para com os
nossos pequenos.

3. COMO FAZER PARA QUE ESTA GERAÇÃO FAÇA DIFERENÇA?

A criança, depois de conhecer a Cristo, precisa aprender como viver a vida cristã. Ensinemos os princípios
da Palavra à criança em todos os momentos do dia a dia, usando, inclusive recursos visuais, conforme Dt 6.4-9.
É nosso papel levar à criança o ensino bíblico que promove transformação; ensinar além da história bíblica;
inculcar o princípio estabelecido nas Escrituras e o desejo de praticar o que está sendo ensinado.
Para fazer a diferença, é preciso que a criança aprenda a:
• ouvir, ler e entender a relação da história bíblica com a prática no dia a dia;
• ouvir, ler e memorizar a palavra de Deus entendendo o significado do versículo;
• conversar com Deus, por meio da oração, e empregar esse momento para estimular a fé no poder do Senhor,
para a realização da Sua vontade, além de estreitar o caminho de intimidade com Deus;
• ter comunhão com outros que creem no mesmo Criador dos céus e da terra; crer que um dia foi salvo pela graça
de Cristo; desenvolver o hábito de frequentar uma igreja onde pessoas reunidas procuram estudar a Bíblia;
• ter momentos de estudo devocional em família.

4. COMO ESTA GERAÇÃO PODE FAZER A DIFERENÇA NA VIDA DE OUTROS?


As crianças devem servir a Deus em sua própria geração (At 13.36). Não é preciso crescer para depois co-
meçar a servir a Deus. As crianças podem e devem contribuir para o Reino. Costumamos ouvir que as crianças são a
“igreja do futuro”. Precisamos quebrar esse paradigma. Comecemos a agir para (1) transformação de vida delas pela
palavra e (2) permitir que as crianças alcançadas façam parte ativa do corpo de Cristo. Como crianças salvas, que
possam dizer para outras pessoas em seu convívio que somente Jesus tem as condições de fazer a diferença na vida.
“O segmento mais importante da população e da igreja são as crianças. Uma geração, apenas, separa a igreja da
extinção. Se não ganharmos crianças para Cristo e discipularmos as crianças salvas nas doutrinas bíblicas, o futuro da
igreja e da civilização estará em jogo.” - Warren W. Wiersbe.  

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

PELA PRÓPRIA VIDA


Sua mudança é a prova real do que Jesus faz. O testemunho do viver diário de uma criança faz toda a diferença.

POR MEIO DO EVANGELISMO


Na igreja, a criança pode aprender a evangelizar pelo ensino e prática promovidos pelo professor da escola bíblica
ou pelo dirigente do culto infantil.

POR MEIO DA ORAÇÃO


A criança deve desenvolver o hábito de orar por si, pelas pessoas em geral, pelos amigos, e de interceder pelos pro-
blemas alheios. Assim, ela saberá que Deus ama e cuida dela e dos outros.

POR MEIO DO TRABALHO SOCIAL


Desde cedo, a criança deve se preocupar com os que têm dificuldades e ajudá-los, visitando ou doando a quem pre-
cisa. O amor de Deus será visto por meio das ações realizadas no trabalho social.

Devemos ensinar, a fim de que as crianças coloquem em Deus a confiança (Sl 78.7). A vida de exemplo dos
personagens bíblicos vai despertar nelas o desejo de confiar em Deus e viver uma vida que faça diferença. Precisamos
ficar atentos a esta geração para impactar a demais que virão.
Se Cristo fizer da criança uma pessoa diferente, ela passará a cumprir os princípios bíblicos. Os Seus ensinos não
serão um peso, mas uma alegria para ela. Dizer “não” ao pecado será uma certeza de estar obedecendo ao mandamento de
Deus. A criança “crescerá” espiritualmente capaz e poderá ajudar outros. Desde a infância, fará diferença na vida da igreja e
será um adulto maduro, espiritualmente capaz de ajudar outros, e bem habilitado para trabalhar no Reino de Deus.

5. QUE FERRAMENTAS PODEMOS UTILIZAR PARA QUE ESTA GERAÇÃO FAÇA A


DIFERENÇA?

A Editora Cristã Evangélica tem material para a faixa etária de 6 a 8 anos (crian-
ças alfabetizadas), que conta histórias da Bíblia, em ordem cronológica, as quais
destacam crianças, homens e mulheres que fizeram a diferença.

SÉRIE APRENDER – REVISTAS PRIMÁRIO


É uma série de revistas com enfoque no conteúdo bíblico. Contém aplicações
que visam ensinar à criança conceitos morais e espirituais, por meio de histó-
rias e atividades. São nove revistas quadrimestrais contendo: revista do profes-
sor, páginas centrais com recursos diferenciados para ampliação e utilização no
momento da lição (com possibilidade de adquiri-las ampliadas e coloridas na
Editora Cristã Evangélica – recursos adicionais) e revista do aluno.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

EVANGELISMO
A Editora dispõe de material excelente para falar da Salvação às crianças.
KID + NOVA VIDA 1 - QUEM É JESUS? é um material composto de oito lições que você pode usar
para o evangelismo de crianças, com atividades para as que já são alfabetizadas.

CRESCIMENTO ESPIRITUAL E OUTROS ASSUNTOS


SÉRIE CULTO INFANTIL
É uma série de revistas temáticas (18 volumes, para serem utilizadas no quadrimestre),
indicadas para o culto infantil. O material sugere a reunião de crianças de 4 a 10 anos
para os momentos iniciais do culto, cuja liturgia consta de: cânticos, oração, leitura
bíblica, tema e divisa. Depois, elas se dividem em dois grupos: Grupo maiores e
Grupo menores, quando ouvirão a mensagem e participarão de atividades. O kit
contém: manual do dirigente do Grupo maiores, o manual do dirigente do Grupo
menores com recursos didáticos coloridos para a mensagem e bloco de atividades
para serem feitas em casa, com a família.

O volume oito, “Crescendo na vida cristã”,


trata do crescimento espiritual das crianças.

PRÁTICA DA PALAVRA DE DEUS


A Editora Cristã Evangélica desenvolveu a Série Conectar. Trata-se de material cujo ensino bíblico não se limita ao
conhecimento, mas estimula a prática de viver a vida cristã no dia a dia.

SÉRIE CONECTAR - REVISTAS PLUG KIDS


É uma série de 15 revistas (uma para cada quadrimestre) que visam ensinar a Bíblia de forma sistemática,
em ordem cronológica de Gênesis a Apocalipse. A metodologia consiste em apresentar o fato bíblico nas lições ím-
pares, desafiando o aluno a colocar em prática o ensino destacado. Nas lições pares, o aluno recapitula o conteúdo
aprendido na aula anterior. As lições pares enfatizam a aplicação do que foi aprendido na lição anterior de forma
interativa, com participação intensa das crianças nas atividades propostas. Assim, temos duas lições com a mesma
base bíblica, mas com metodologia e enfoques diferentes.
O Kit contém: revista do professor, revista do aluno, livro de
atividades, jogos e cânticos, anexo com diversos modelos e caderno
complementar com figuras coloridas.

A Editora Cristã Evangélica dispõe de uma variedade de recur-


sos didáticos adicionais que ajudarão o professor a diversificar a aula,
tornando-a mais interessante.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

CONCLUSÃO

Nosso desafio ao meditar neste congresso, é que você possa ter uma visão diferente sobre esta geração e
ajudá-laafazerdiferença.“Acapacidadedecrerresidemaisnascriançasdoquenoadulto.Tornamo-nosmenosenãomais
capazesdeexercerfé,àmedidaqueosanosavançam.CadaanolevaamentenãoregeneradamaislongedeDeus,tornando-
-a menos capaz de receber as coisas de Deus.” – Charles Spurgeon.  

Algumas vezes você pode se perguntar:


- Por que eu trabalho para Deus?
- O que eu poderia estar fazendo agora, em vez de gastar tempo com a igreja, na preparação da minha aula, no meu
ministério?
Mas a pergunta ideal seria:
- O que eu tenho feito para Deus, de forma que esta geração faça diferença?
Cada um tem seu chamado para este ministério, tem dons e talentos dados pelo Senhor, e vamos prestar contas ao
Senhor sobre o que fizemos deles. Deus lhe chamou para fazer diferença nesta geração. Não se desanime! Você faz
parte do exército do Senhor para esta luta.

“Maldito aquele que é relaxado no serviço de Deus! Maldito aquele que guarda a sua espada para não matar!”
Jeremias 48.10.

Faça hoje um compromisso com Deus para ser bênção na vida das crianças, sendo você pai, professor, edu-
cador ou simplesmente cristão que está perto dela. Peça a Deus capacitação e coração sábio para a cada dia fazer
diferença na vida desta geração que Deus confiou a você! Sinta-se privilegiado.

“Que maravilha será ver nossas crianças firmadas na doutrina da redenção por Cristo! Se forem pre-
venidascontraosfalsosevangelhosdestaeraperversa,eensinadasafirmar-senarochaeternadaobra
consumada de Cristo, podemos esperar que a próxima geração venha a manter a fé, e que será melhor
do que a de seus pais.” Charles Spurgeon.

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COMBO 3 (7 e 8 anos) / WORKSHOP

CRIANÇAS APRENDEM A CULTUAR A DEUS


Fazer diferença na geração

INTRODUÇÃO

Existem muitas dúvidas nas igrejas e uma diversidade de opiniões sobre o culto infantil.

• É necessário fazer o culto infantil? Já temos o culto com os adultos!


• A criança deve participar do culto dos adultos para aprender a se comportar na igreja.
• No culto infantil as crianças ficam brincando de “cultinho” e “igrejinha”.
• O culto infantil serve para deixar os adultos tranquilos no seu culto.
• O culto infantil é igual à escola bíblica.

Precisamos definir o que é culto infantil.

Segundo o Dicionário Aurélio, “culto” significa “adoração ou homenagem à divindade”. A Bíblia usa a palavra “culto”
para se referir tanto ao culto ao Único e Verdadeiro Deus, como também a deuses falsos e imagens de escultura (Êx
20.5). O conceito bíblico de “culto” é o de serviço – serviço de nossa alma ao nosso Deus. Será que crianças, então,
podem cultuar a Deus? Vejam a resposta de Jesus: “Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor”
(Mt 21.16). É claro que as crianças podem oferecer um culto genuíno a Deus. Jesus também nos alerta: “Cuidado,
não desprezem nenhum destes pequeninos” (Mt 18.10 NTLH). Não usem nunca a palavra “cultinho” para se referir ao
culto infantil, pois elas não oferecem culto menor que os adultos.

Uma observação importante de se fazer é que as crianças estavam presentes nas principais celebrações do povo
de Israel ( Js 8.35; 2Cr 20.13; Ne 12.43). Também elas louvaram a Jesus na Sua entrada triunfal em Jerusalém (Mt
21.15-16). É bom frisar que o culto infantil é bem diferente da escola bíblica. O próprio nome “escola bíblica” diz
que é uma escola onde a criança estuda e aprende sobre Deus e Sua Palavra. No culto infantil a criança vai cultuar a
Deus, vai apresentar todo o seu ser ao Senhor em atitude de adoração. É o momento quando o espírito, a mente, a
vontade, as emoções e o corpo estão todos envolvidos na adoração a Deus. Obviamente há ensino e aprendizagem,
mas a ênfase está na adoração. É um culto onde a criança pode participar ativamente, porque todo o programa é
planejado para ela.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

1. COMO ORGANIZAR O CULTO INFANTIL

1.1 FAÇA A DIVISÃO DAS CRIANÇAS POR FAIXA ETÁRIA


• Berçário – 0-1 ano
• Maternal – 2-3 anos
• Grupo de crianças menores – 4-6 anos
• Grupo de crianças maiores – 7-10 anos
Esses grupos podem variar de acordo com o número de crianças que frequentam sua igreja. Se não houver muitas
crianças na faixa etária de 4-10 anos, você pode fazer apenas um grupo e usar o material mais apropriado à maioria
delas.

1.2 FORME UMA EQUIPE


a. Procure pessoas com:
• vocação para o trabalho com crianças;
• disponibilidade para trabalhar com as crianças pelo menos durante um quadrimestre. Não é bom mudar o diri-
gente a cada domingo, pois ele não formará vínculo com as crianças, não terá uma visão geral do que está sendo
ensinado, nem poderá traçar objetivos a longo prazo.

b. A equipe deve ser composta por:


Coordenador
Programa a escala dos dirigentes e auxiliares para todo o ano.
Organiza o material que será utilizado.
Promove reuniões regulares com toda a equipe para traçar objetivos e avaliar o trabalho.

Dirigente (1 ou 2 para cada faixa etária)


Programa os cultos com a equipe.
Coordena e orienta as tarefas dos auxiliares.
Dirige o culto.

Auxiliar
Ajuda na disciplina.
Ajuda nos cânticos.
Ajuda nos trabalhos manuais e atividades de fixação do ensino.
Ajuda nas atividades lúdicas.

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Músico
Acompanha o período de louvor, tocando algum instrumento ou apenas dirigindo os cânticos. Ensina novos
cânticos.

É muito importante que essa equipe se reúna para orar, compartilhar as bênçãos, necessidades e dificuldades do
trabalho.

c. Cada componente da equipe deve:


• ter uma experiência real com Jesus Cristo;
• ser crente comprometido;
• conhecer as necessidades básicas das crianças;
• saber as características próprias das crianças com as quais vai trabalhar.

2. A LITURGIA DO CULTO INFANTIL

O culto deve ser adequado à idade das crianças e deve ter os seguintes itens:

2.1 ORAÇÃO
Durante o culto, dedicar um tempo especial à oração.
Oração é a nossa conversa com Deus e pode ser: de adoração (exaltar o caráter de Deus), confissão, grati-
dão, petição e intercessão. É muito importante variar os métodos de oração. Por exemplo: fazer cadernetas, murais,
cartões, amigos secretos de oração, fichas de diversos modelos, etc.

2.2 LEITURA DA BÍBLIA


A leitura deve ser de acordo com o objetivo a ser atingido no culto, sempre com textos curtos e simples, de
maneira que as crianças possam acompanhar e entender o seu conteúdo. Também deve-se fazer a leitura de forma
diversificada. Por exemplo: deixe somente os meninos lerem, ou as meninas, ou faça leitura alternada, etc.

2.3 MENSAGEM
É a forma da aplicação da Palavra, quando ouvimos o que Deus tem a nos dizer. Deve ser ministrada de for-
ma dinâmica e diversificada. Nessa hora, o dirigente deve ser criativo para atrair e manter a atenção da criança.

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2.4 MÚSICA
Não use esse momento como um passatempo, frise sobre louvor e adoração a Deus. Use cânticos apropria-
dos à idade das crianças e que contenham mensagens relevantes.

2.5 ATIVIDADES COMPLEMENTARES


São atividades importantes para que as crianças se envolvam no culto; elas têm finalidades diversas. Não é
necessário colocar todas as atividades descritas a seguir. As atividades serão escolhidas conforme os objetivos de
cada culto ou do assunto do quadrimestre, trimestre ou mês, e também conforme o número de pessoas disponíveis
na equipe para ajudar.

• Testemunho – oportunidade para que as crianças compartilhem o que Deus já realizou em sua vida.
• Oferta / dízimo – A criança desde cedo deve aprender a importância sobre o dízimo, oferta missionária e outros
tipos de ofertas (conforme campanhas que são realizadas na igreja).
• Concurso – incentiva as crianças a aprenderem e a participarem do culto. Você pode avaliar a aprendizagem,
corrigir o mal-entendido e ajudá-las a pensar. Pode ser feito com perguntas sobre a mensagem, pontualidade,
visitas, frequência e outros.
• Atividades lúdicas – são brincadeiras bíblicas (como balão de festa, jogo da velha, maquetes, desenhos, colagens,
dramatização, etc.) Têm a finalidade de fixar o ensino e verificar a aprendizagem.
• Apresentações especiais – com vídeos, slides, fantoches, entrevistas e outros.
• Aconselhamento – no culto infantil é importante que a mensagem da salvação seja pregada. É necessário que
tenha uma equipe treinada para o momento do aconselhamento com as crianças que aceitarem a Cristo como
Salvador.

2.6 ATIVIDADE DE INTEGRAÇÃO COM A IGREJA


Para maior integração, sugerimos que uma vez por mês as crianças participem do culto, no templo, com os
adultos. As crianças poderão apresentar alguns números especiais das atividades do culto infantil.

2.7 ATIVIDADES DE INTEGRAÇÃO COM OS PAIS


Deve haver reuniões com os pais para mostrar a importância do crescimento espiritual das crianças. Deve-
-se, também, enfatizar a importância dos pais fazerem o culto doméstico. O bloco de “Atividades em Família” é ideal
para isso.

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3. ADOTE MATERIAL DE QUALIDADE


Você pode criar o seu próprio currículo, planejando os temas que serão abordados durante o ano e buscando
materiais existentes no mercado que o auxiliem na abordagem desse currículo.

Pode usar por exemplo


• Lições bíblicas visualizadas publicadas pela APEC
• Sugestões de cultos para crianças (vários temas) pela UFMBB
• Livro: Um dia diferente – Lois Keffer, Edições Vida Nova
• Kit para o “Culto Infantil” da Editora Cristã Evangélica que dispõe dos seguintes temas:
nº 1 - Conhecendo o único Deus (Doutrina da Trindade)
nº 2 - Cânticos de Louvor (Livro dos Salmos)
nº 3 - O mundo de Deus (Criação, ecologia)
nº 4 - A Bíblia – que livro especial!
nº 5 - Certo ou errado?
nº 6 - Missões e você (com histórias missionárias)
nº 7 - João, o amigo amado (a vida e os escritos do apóstolo João)
nº 8 - Crescendo na vida cristã
nº 9 - O povo de Deus reunido (Tabernáculo, Templo e Igreja)
nº 10 - Aprenda com as famílias da Bíblia
nº 11 - Festas bíblicas e atuais (Halloween, Festa Junina)
nº 12 - Alcançando vitória (Ester, Esdras e Neemias)
nº 13 - Imitando Jesus
nº 14 - Uma luta diferente (Armadura de Deus e oração)
nº 15 - Profetas de Deus
nº 16 - Perguntas e + perguntas
nº 17 - Viagens pelos lugares da Bíblia
nº 18 - O missionário corajoso (Paulo)

O Kit é composto de:


• Manual do Dirigente – (Grupo “menores” – 4-6 anos – com recursos didáticos coloridos)
• Manual do Dirigente – (Grupo “maiores” – 7-10 anos)
• Atividades em família – um bloco com atividades para serem feitas com a família, reforçando a mensagem do
culto

Além do kit, também existe material complementar (recursos visuais) feito com feltro ou TNT para fixação da men-
sagem do grupo “Maiores”.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Materiais que podem ser usados durante o culto no berçário e no maternal


• A série “Maternal” da Editora Cristã Evangélica
• Fantoches e dedoches da Editora Cristã Evangélica
• Lições bíblicas visualizadas publicadas pela APEC
• Livros de plástico, pano ou papel grosso sobre a criação do mundo, animais ou histórias bíblicas
• Outros materiais.

Conclusão

O culto infantil é um grande desafio. Procure fazer um culto dinâmico e criativo, pois sabemos que as crianças estão
em pleno desenvolvimento e as experiências adquiridas na infância vão marcar para toda a vida.

A sua atitude ao conduzir o culto é muito importante para que a criança aprenda a prestar o culto a Deus de maneira
séria. Professor, que a sua vida seja um verdadeiro culto a Deus e que suas crianças possam seguir o seu exemplo!

Referências bibliográficas

Apostilas de congressos anteriores. Editora Cristã Evangélica.


Manual do Culto Infantil. Editora Cristã Evangélica.
Sugestões de Cultos para Crianças. Peggy Smith Fonseca. UFMBB.
Manual Prático para o Culto Infantil. Rawderson Rangel. A.D. Santos

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COMBO 4 (9 a 11 anos) / WORKSHOP

GERAÇÃO QUE IMPACTA


Impactar a sua geração

INTRODUÇÃO

Definição das palavras:


Impactar – ter grande efeito sobre.

Impacto – choque, colisão, impressão.

O impacto pode ser positivo ou negativo. Hoje em dia muito se fala em impacto ambiental referindo-se à
mudança na natureza decorrida de uma ação humana. Exemplos:
A plateia foi impactada pela mensagem.
O carro sofreu um forte impacto.
A construção da represa causou grande impacto ambiental.

Você já sofreu algum impacto? Descreva sucintamente:

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

1. COMO IMPACTAR NO DIA A DIA


Os juniores, crianças de 9 a 11 anos, em geral, gostam de expor suas ideias, discutir, perguntar, ouvir his-
tórias e dizer coisas engraçadas. Têm também grande necessidade de ser aceitos pelo grupo de convivência. Além
disso, gostam de ser desafiados e já têm autonomia para tomar algumas decisões. Nos dias atuais, os juniores ainda
enfrentam o desafio da puberdade precoce, passando por mudanças físicas e emocionais que podem deixá-los inse-
guros.
Diante desse perfil, como ajudar tal grupo a impactar as pessoas e o meio em que vive? Como incentivar
os juniores a falarem de Jesus e assumirem comportamento de filho de Deus onde estiverem? Como preparar essa
geração para impactar as pessoas?
Como educadores, precisamos nos esforçar para incentivar essa “galerinha” a colocar a “mão na massa” e
deixar de ser somente ouvinte passivo.
Existem vários personagens na Bíblia que impactaram suas gerações e o fazem até os dias de hoje. Pensando
em juniores, podemos lembrar e aprender com a história da serva de Naamã, em 2Reis cap.5.
• Ela era apenas uma menina (v.2).
• Ela foi levada cativa, contra a própria vontade e, provavelmente, separada de seus familiares.
Se analisarmos somente esses dois pontos, já daríamos razão de sobra a ela para ser uma pessoa revoltada e
indignada. Entretanto, ela adotou uma interessante postura: resolveu ajudar, independente de sua situação. Ao falar
sobre o profeta Eliseu (v.3), ela trouxe esperança àquele lar.
Podemos imaginar o impacto que a vida daquela menina trouxe à vida do poderoso, mas desesperado Naa-
mã. Acredito que o impacto dessa menina na vida da família começou muito antes de ela falar sobre o profeta. Cer-
tamente, ela já se mostrava confiável e digna, pois, do contrário, eles não dariam ouvidos aos seus conselhos. Afinal,
ela era apenas uma criança escrava.
O testemunho dessa menina trouxe salvação para o corpo e para a alma daquela família, o que provavelmen-
te impactou também outras vidas, e mais outras.
Pensando nesse exemplo, sentimo-nos motivados a incentivar os juniores a impactarem esta geração!

2. COMO PREPARAR ESTA GERAÇÃO PARA IMPACTAR AS PESSOAS?

Evite pensar que seus alunos juniores são pequenos demais para “fazer”. Nossa tendência é achar que nós é
que fazemos, e eles ouvem e aprendem. É claro que temos a liderança e a condução, porém, eles precisam ser incen-
tivados a praticar o que aprendem. Tenha sempre em mente:
• A capacidade de tomar decisões e refletir sobre os próprios atos torna esse grupo uma terra fértil para lançar
a semente da salvação. É necessário que sejam desafiados a confessar a Jesus com os próprios lábios. Muitos
juniores já expressam o desejo pelo batismo.
• Os juniores são pensadores, críticos e têm excelente memória. Essas características podem e devem ser usa-
das pelo professor para estimulá-los a serem evangelistas com palavras e ações.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

• Faça com que se envolvam com os acontecimentos do mundo, da comunidade, da igreja. Nessa faixa etária,
eles estão saindo do exclusivismo e precisam ser sensíveis aos problemas que não sejam somente os deles
próprios.
• Eles têm muita energia, que deve ser bem canalizada. Ajude-os a querer trabalhar para o Senhor. Dê-lhes
trabalhos práticos, como: distribuir folhetos, dar testemunho da salvação em Cristo, participar de grupos
musicais, fazer visitas, etc.
• Estimule o trabalho com cooperação e não com competição.
• Ajude-os a se organizarem, a prepararem com antecedência materiais que possam ajudá-los na evangeliza-
ção, como: cartões, mensagens, livros sem palavras, pulseira da salvação, etc.
• Leve-os a analisarem frequentemente sentimentos e comportamentos no dia a dia, de forma que falem sobre
o que vivem.
• Faça com que se sintam importante ferramenta nas mãos do Senhor, porém, sempre com a convicção de que
a obra é feita por Deus; somos somente usados.
• Leve-os a perceberem a alegria que podemos sentir ao impactar o mundo com a mensagem de Jesus.
• Ajude-os a desenvolverem amor por missões; a se envolverem na obra missionária ajudando, indo, orando
e contribuindo.

3. A IMPORTÂNCIA DE IMPACTAR OUTROS

Vivemos num mundo em que temos centenas de amigos virtuais, porém poucos amigos de carne e osso com
quem podemos conversar abertamente, falar sobre nossos problemas e ouvir palavras que realmente valham a pena.
Com a geração de nossos alunos não é diferente, talvez seja até pior, pois são da geração fast food, ou touch, na qual
tudo é muito rápido, automático, ninguém tem paciência para esperar e, talvez por isso, mais passivos e encaram as
coisas de maneira mais superficial. Eis aqui a grande importância de levarmos nossos alunos a ter consciência de que
devem fazer diferença no mundo em que vivem sendo realmente luz e sal. Isso por que:
• o mundo tem sede e fome de ouvir a mensagem da salvação;
• o mundo tem carência de pessoas com caráter para impactar, principalmente de jovens que o façam;
• esta geração, principalmente no meio dos mais novos, está vivendo conceitos errados, comportando-se ina-
dequadamente. Precisamos de jovens firmes e comprometidos com a Palavra para fazer a diferença e mudar
esta geração;
• Deus quer usar a todos e cada um tem o seu lugar no trabalho do Mestre, inclusive os juniores;
• A geração de juniores também é uma geração de pessoas antenadas, informadas, porém, passivas diante de
jogos eletrônicos, da mídia que suga a energia e a atividade natural. O mundo precisa de cristãos que atuem
de maneira eficaz.

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4. FORMAS DE IMPACTAR OUTROS

ESTRATÉGIAS
1ª Estratégia

2ª Estratégia

3ª Estratégia

4ª Estratégia

5ª Estratégia

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Materiais que a Editora Cristã Evangélica publica e que podem ajudar a fazer dos nossos juniores pessoas que vão
impactar o mundo.

DETETIVE JÚNIOR é planejado para ensinar doutrinas às crianças. Um material inovador


que, por meio de histórias bíblicas, dá ao
aluno uma visão panorâmica das principais
doutrinas cristãs e levanta aplicações apro-
priadas para vida dele. Um de seus pontos
forte é o estímulo à leitura diária da Bí-
blia, que visa formar na criança o hábito
de ler a palavra de Deus diariamente.

A Editora Cristã Evangélica dispõe de variados recursos didáticos que ajudarão o professor a diversificar sua aula,
tornando-a mais interessante.

JUNIORES são revistas que dão fundamentos bíblicos sólidos às crianças


de 9 a 11 anos. O currículo dessa série é de 3 anos, com revistas quadri-
mestrais. Eles vão aprender sobre:
– Novo Testamento – Os Amigos de Jesus (revista 1), As Histórias de
Jesus (revista 2) e A Igreja de Jesus (revista 3).

– Antigo Testamento – O povo de Deus (revista 4), Os Heróis do Antigo


Testamento (revista 5) e Mensageiros de Deus no Antigo Testamento (re-
vista 6).

– Assuntos diversos – Jesus Cristo no Antigo Testamento (revista 7), A


Bíblia, meu Superlivro (revista 8), Seja um Cristão Verdadeiro (revista
9).

CULTO INFANTIL é um material completo para levar crianças a adorarem ao Se-


nhor. Além do manual para o dirigente, a cada culto, as crianças rece-
bem um resumo da mensagem com uma pequena atividade para ser
feita em casa, que estimula a devocional em família.

NOVA VIDA é um kit que pode ser usado em diversos tipos de cam-
panhas evangelísticas. Seu propósito é ganhar crianças para Cristo em es-
colas, hospitais, creches, acampamentos, EBFs. São 8 aulas a respeito da vida de

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Jesus. Além da história, há cânticos, visuais, atividades que podem ser impressas e copiadas.
A Editora Cristã Evangélica dispõe de diversos recursos didáticos que ajudarão o professor a ministrar a aula tornan-
do-a mais interessante.

CONCLUSÃO

“Não espere impactar as pessoas com o seu ministério, com o seu serviço pelo evangelho, não tente causar boa
impressão ou muito menos tente roubar a glória de Deus. É Deus quem fará as proezas se você dedicar-se somente
em fazer a vontade Dele. É o Senhor quem causará o impacto, a impressão em cada cidadão que você ministrar os
serviços do evangelho.”
( Jackson da Mata – escritor).

Que Deus o abençoe nesse maravilhoso e impactante trabalho para a Sua própria glória e honra!

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COMBO 4 (9 à 11 anos) | WORKSHOP

ALCANÇAR VIDAS COM A PALAVRA DE DEUS

Impactar a sua geração

INTRODUÇÃO

Abraão foi chamado por Deus para formar uma grande nação; Moisés, para tirar o povo de Israel do Egito;
Davi, para ser rei sobre Israel; Isaías, Amós, Oseias, para serem profetas; Pedro e outros onze homens, para serem
discipulados por Jesus! E nós fomos chamados para ser Suas testemunhas até os confins da terra (At 1.8)!
Jesus nos ordena a ser Suas testemunhas em todos os lugares. Se entendermos que testemunhar é comparti-
lhar fatos vivenciados, chegaremos à conclusão de que Jesus nos chama a afirmar publicamente quem Ele é e o que
Ele é capaz de fazer na vida de pecadores como nós! Pronto, essa é a teoria! É uma pena saber que, na prática, essa
que parece ser uma tarefa tão simples acaba se tornando um grande desafio.
Estêvão, os discípulos, Paulo, Inácio de Antioquia, Perpétua, e muitos outros cristãos pagaram com a própria
vida para cumprir essa ordenança de Jesus. Atualmente no Brasil ninguém é morto por ser cristão, mas o grande
desafio continua! Para ser considerado testemunha de Cristo não é preciso necessariamente morrer, mas viver como
Ele, a ponto de todos O verem por meio das palavras e atitudes de Suas testemunhas.
Nesta oficina pedagógica, relembraremos a impactante e transformadora mensagem do evangelho. Nosso
objetivo é que ao final deste encontro você saia motivado e capacitado a desafiar outros para também proclamarem
as boas-novas de grande salvação, anunciando a todo ser humano que só Jesus pode nos livrar da morte eterna e nos
dar nova vida!

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1. A DINÂMICA DA EVANGELIZAÇÃO

Falar sobre Jesus Cristo às pessoas é um privilégio e uma grande responsabilidade. É privilégio porque o
Deus Todo-Poderoso tem prazer em nos chamar de Seus “cooperadores” (1Co 3.9), enquanto Ele busca e salva os
perdidos. Também é uma grande responsabilidade porque há o risco de se apresentar um evangelho superficial, que
não tem poder para salvar, e, de fato, não é evangelho de forma alguma (Gl 1.7). Devemos evangelizar com cuidado
e fidelidade, sob constante oração.

O texto de 2Coríntios 4.1-7 nos ajuda a entender melhor a dinâmica do processo de evangelização. Para
melhor compreensão, usaremos três círculos:

NOSSA PARTICIPAÇÃO INTEGRIDADE DO EVANGELHO


2CO 4.1 2CO 4.2

SOBERANIA DE DEUS
2CO 4.6

A dinâmica da evangelização passa por esses três pontos.

1.1 NOSSA PARTICIPAÇÃO


“Portanto, visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos.” (2Co 4.1 NVI)

1.1.1 NOSSA RELEVÂNCIA NA MISSÃO DE EVANGELIZAR


Você já parou para pensar que Deus poderia ter dado aos anjos ou ter escolhido outra de suas criações para
anunciar a salvação em Jesus? Mesmo tendo outras opções, Deus confiou essa missão a nós, seres humanos – con-
vertidos e convencidos pela Sua graça e misericórdia que a salvação vem tão somente de Cristo. Mas, infelizmente,
para muitos, essa missão se tornou mais peso que privilégio; mais obrigação para quem quer chegar ao céu que
oportunidade de mostrar a salvação aos perdidos!

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Somos chamados a participar desse ministério, assumindo o compromisso de anunciar as verdades da pa-
lavra de Deus a todas as pessoas e em todos os lugares, sem distinção de raça, nível social ou intelectual (At 1.8;
Rm 10.12-13; Dt 6.4-9).

ATENÇÃO: O que Deus tem confiado a nós, as oportunidades que Ele tem nos dado para falar do Seu amor
incondicional e salvador nos serão, futuramente, cobrados por Ele (Ez 3.19-21; Mt 25.14-46). Isso significa que, ao
lutarmos para realizar sonhos, planos, ou enquanto cumprimos com nossos compromissos, devemos evangelizar.
Devemos estar sensíveis e dispostos a falar da salvação em Jesus no nosso dia a dia; fazer disso um estilo de vida.

1.1.2 - EU E O EVANGELHO NO MUNDO


Para que façamos parte dessa missão, precisamos mais do que ter compreendido o evangelho, precisamos vivê-lo!
Esse ministério de proclamação exige de nós bom testemunho quanto à vivência dessa nova vida com Cristo.

Perguntas para reflexão

a. Na igreja, você tem servido ao Senhor com alegria, entendendo que seu ministério é para a edificação do
corpo de Cristo e não para receber aplausos ou ganhar “pontinhos” com Deus?

b. Em sua vida social e profissional, você tem agido de forma honrosa, a ponto de identificarem em você valores
e padrão de comportamento diferentes dos do mundo?

c. No relacionamento com sua família e amigos, você transparece as atitudes de Cristo como amor, misericórdia,
justiça, retidão, integridade?

Quando conhecemos e vivemos de verdade o evangelho de Cristo, fica fácil falar sobre ele. Não é um assun-
to que nunca ouvimos, mas algo em que temos segurança, porque já o experimentamos na vida. Quem conhece a
Deus só de ouvir falar, dificilmente vai ter segurança em compartilhar o evangelho. Com a insegurança, vem o medo
e, consequentemente, a omissão. Em Oseias 6.3, o profeta faz um desafio a Israel: “Conheçamos o Senhor; esforce-
mo-nos por conhecê-lo” (NVI). Quanto mais conhecermos a Deus, com mais facilidade e confiança poderemos falar
Dele aos que ainda não O conhecem.

1.2 - INTEGRIDADE DO EVANGELHO


“Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano nem torcemos a palavra de
Deus. Pelo contrário, mediante a clara exposição da verdade, recomendamo-nos à consciência de todos, diante de
Deus.” (2Co 4.2 NVI)

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1.2.1 PRECISAMOS VERBALIZAR O EVANGELHO


Há uma frase conhecida pela maioria de nós, atribuída a Francisco de Assis, que diz o seguinte: “Pregue
o evangelho em todo o tempo. Se necessário, use palavras”. Numa primeira leitura, parece até correta e nos dá um
senso de conforto, mas ela traz uma mensagem equivocada. Paulo diz em Romanos 10.17 que a fé vem pelo ouvir, e
só é possível ouvir o que é dito.

Parábola do Cortador de Grama.


Um senhor cristão decidiu “evangelizar” seu vizinho por meio de suas ações. Ele o cumprimentou
pela cerca do jardim e o convidou, juntamente com sua esposa, para um jantar onde mostrou a me-
lhor hospitalidade possível. Até disse que era cristão, mas não queria “empurrar o evangelho gargan-
ta abaixo”, então não falou mais nada.
Certo dia, observando o jardim do vizinho, ele percebeu que precisava de cuidados e ofereceu seu
cortador de grama, que foi aceito e usado várias vezes até que quebrou. Como “bom cristão” ele
não reclamou nem pediu que o vizinho consertasse; ele mesmo consertou e continuou a deixar que o
vizinho usasse sempre que preciso. Ele ajudava de todas as maneiras que podia e em todas as coisas
procurava mostrar bondade e amor. Um dia esse homem morreu. O que suas ações pregaram? Elas
pregaram que os cristãos são pessoas muito boas para os seus vizinhos. Elas pregaram que bondade,
gentileza e comportamento moral justo são o que fazem de alguém um cristão. O que ficou marcado
para aquele vizinho foi o cortador de grama e não Jesus Cristo. As ações daquele homem realmente
pregaram alguma coisa, mas não foi o evangelho. (Autor: Andrew Wilson)

Não podemos abrir mão da explanação da mensagem do evangelho. As pessoas precisam conhecer a história
humana para reconhecer seu estado de pecado e ver sentido no plano redentor do Deus Pai, consumado em Cristo
– o Deus Filho!

1.2.2 - PRECISAMOS CONHECER O EVANGELHO


Uma vez que compreendemos a necessidade do anúncio verbal do evangelho, é importante lembrarmos que o fato
de ser comissionado para esse ministério não nos dá o direito de manipular a Palavra, com vistas a torná-la mais
atraente ou mais receptiva. O grande desafio é evangelizar sem alterar as verdades do evangelho, a fim de alcançar
alguém. Por isso, é importante conhecermos a fundo qual é a mensagem do evangelho.

a. O que não é evangelho – Antes de afirmar o que de fato é o evangelho, é válido lembrarmos como muitos em
nossos dias seguem enganados, crendo num evangelho superficial, incompleto e adulterado. Infelizmente,
algumas pessoas veem o evangelho como:
• humanismo – o evangelho é o exemplo de Jesus que nos inspira a ser pessoas mais nobres;
• espiritualidade – o evangelho é o ensino de Jesus que promove nossa mente a um nível mais elevado;
• religiosidade – o evangelho é uma série de ritos religiosos que aplacam a fúria de um Deus irado;

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• determinismo – o evangelho é uma forma de garantir que Deus realize meus desejos;
• marketing – o evangelho é a notícia de que ao lado de Cristo nos isentamos de problemas e sofrimento;
• relativismo – o evangelho é uma das diversas formas inventadas pelos homens para chegar até Deus.

b. O que é o evangelho – É comum definirmos o evangelho como o anúncio das boas-novas, das boas notícias. De
fato, o evangelho traz a boa notícia da salvação em Cristo. Contudo, precisamos lembrar que o Evangelho
antes de nos apresentar a boa notícia nos impacta com a má notícia – a humanidade pecou contra o Senhor, e
a consequência é a morte eterna! A melhor definição para o evangelho é que ele é a HISTÓRIA DA REDEN-
ÇÃO HUMANA.

c. Esclarecendo o evangelho – Usando o método desenvolvido por David Nicolas, detalhemos os elementos que com-
põem o evangelho.

• Má notícia: Para que a boa notícia (a salvação alcançada na morte e ressurreição de Cristo)
tenha sentido, é importante explicarmos bem o que causou essa morte. É ne-
cessário que o mundo conheça primeiro a má notícia!

• Pecado – Precisamos conceituar o que é pecado. A pessoa a quem es-


tamos expondo o evangelho precisa reconhecer a gravidade do peca-
do, e assim entender o porquê do próximo ponto que abordará
a consequência do pecado! Além disso, é necessário explicar-
mos que o pecado é hereditário: que Adão e Eva tiveram seus
filhos em pecado, e assim tem sido até hoje.
Nós nascemos com o “gene do pecado” já im-
presso em nosso DNA!

• Morte – Toda ação so-


fre uma reação, e a do
pecado foi a morte. É
importante frisar que,
antes que Adão e Eva
pecassem, Deus os advertiu dizendo que, se desobedecessem comendo do fruto proibido, certamente mor-
reriam. Deus, por Seu senso de justiça e retidão, uma vez cometido o pecado, aplica a sentença à humanidade
– a morte, a qual atinge o homem em três âmbitos: espiritual (o relacionamento com Deus foi cortado); físico
(iniciou-se o processo de envelhecimento e o surgimento de doenças); cronológico (foi declarada a separação
eterna entre o homem e Deus)!

• Obras – O próximo ponto é mostrar à pessoa a quem estamos apresentando o evangelho que não há o que
ela possa fazer para reverter as consequências da desobediência humana. Ainda que dediquemos nossa vida à

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realização de atos de caridade ou vivamos uma vida exemplar perante a sociedade, ainda assim nada mudaria
a sentença de morte. Ao mostrarmos essa verdade, lembremos de afirmar que o fato de Deus não voltar atrás
em Sua palavra não significa que Ele é um Deus carrasco, que tem prazer no sofrimento humano, mas que Sua
palavra está sustentada na Sua justiça e retidão – as quais não falham!

• Boa notícia: Uma vez esclarecida a má notícia, é hora de apresentarmos as boas-novas de grande salvação.

Amor – Do mesmo modo como demos ênfase aos atributos de justiça e retidão de Deus, devemos agora dar
ênfase na misericórdia e no amor incondicional de Deus pela humanidade. Precisamos deixar claro que
foi pelo fato de Deus ser também misericordioso que Ele estabeleceu um plano de redenção para a huma-
nidade. Esse plano culminou na vinda de Jesus, o Filho de Deus, ao mundo, sujeitando-Se a viver como
nós, a passar pelas nossas limitações e necessidades e, por fim, submeter-Se ao sacrifício. Nosso objetivo ao
apresentar esse amor misericordioso de Deus é fazer com que as palavras de Paulo aos coríntios tenham o
mesmo significado na vida daqueles a quem anunciamos a mensagem do evangelho – o amor de Deus nos
constrange! (2Co 5.14)

Cristo – É importante que saibamos apresentar a pessoa de Jesus como o Cristo, o Salvador. Se a pessoa a
quem expomos o evangelho não vê em Cristo o único capaz de nos justificar, ou seja, pagar o preço por
nossos pecados, a mensagem do evangelho não estará completa. Por isso, precisamos ter claro em nossa
mente o conceito de que, em Cristo, temos o Deus encarnado e o homem sem pecado algum!

Cruz – Para concluir a apresentação do evangelho, falamos sobre o valor da morte de Cristo, que não só nos
justificou, como também nos regenerou e nos fez filhos, reestabelecendo com isso nosso relacionamento
com o Deus Pai! Não podemos deixar de fora a marca dessa redenção que é a ressurreição de Cristo, pois é
esse fato que consuma a vitória Dele sobre a morte, e prova que o preço pelo pecado de toda humanidade
foi pago. Esse fato nos garante não mais a morte eterna sem Deus, mas a vida eterna junto a Deus!

• Convite – Após a completa exposição do evangelho, não podemos errar deixando de fazer o convite. Se não o
fizermos, toda a nossa explanação da mensagem será meramente uma informação.

= INSTRUÇÃO = + =
EXORTAÇÃO EVANGELISMO
(ENSINO)
INFORMAÇÃO CONVITE INFORMAÇÃO CONVITE

1.3 SOBERANIA DE DEUS


“...Elemesmobrilhouemnossoscorações,parailuminaçãodoconhecimentodaglóriadeDeusnafacedeCristo.”
(2Co 4.6 NVI)

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Como vimos até aqui, participamos e temos a responsabilidade de manter a integridade da mensagem.
Contudo sabemos que é o Espírito Santo quem dá o entendimento, como Jesus mesmo disse aos Seus discípulos,
conforme João 16.8-15. Lutero faz a seguinte reflexão quanto a essa porção bíblica: “Depois que Cristo deu a Seus
discípulos a promessa e o consolo em relação à Sua despedida, dizendo que lhes enviaria o Consolador, o qual não
poderia vir antes de Sua partida, eles poderiam perguntar: ‘O que o Consolador deve fazer junto a nós e por meio
de nós?’ A isso, Jesus responde definindo claramente o ofício e a obra do Espírito Santo, afirmando que Ele deve
repreender o mundo inteiro por causa do pecado, por meio das palavras dos apóstolos”.
Podemos concluir que as três esferas (representativas, no início desta apostila) estão indiscutivelmente in-
terligadas, pois sabemos que é pela soberania de Deus que ocorre a compreensão e a aceitação da mensagem da
salvação. Para isso, Deus conta com nossa participação a fim de que essa mensagem seja anunciada (Rm 10.14-16).
A nós cabe assumir a responsabilidade de transmitir a mensagem de forma compreensiva, porém, íntegra.

2. ESTRATÉGIAS PARA A EVANGELIZAÇÃO

2.1 CRIATIVIDADE SIM, MEDIOCRIOCRIDADE NÃO


O dicionário Aulete traz a seguinte definição para a palavra MEDÍOCRE: “aquele que permanece na média,
sem ser nem bom nem mau”. Quando vamos apresentar o evangelho, não podemos ser medíocres, ou seja, media-
nos, cumprindo apenas nossa tarefa de relatar a mensagem evangelística. Precisamos dar um passo a mais e pensar
em facilitar a compreensão dessas verdades que salvam!
Disposição e criatividade são requisitos básicos para que o evangelho seja mais bem compreendido. Na
Bíblia, encontramos vários exemplos em que são empregados recursos didáticos para ajudar na absorção da mensa-
gem. Veja alguns recursos citados da Bíblia:
• cartazes, faixas e histórias – Deuteronômio 6.4-9;
• impressos – Êxodo 34.1-9; Cartas de Paulo;
• dramatizações – Jeremias e Oseias;
• contos – Mateus 4; Marcos 4.10-20; Lucas 10.25-37;
• exemplos – Mateus 4.21-25; 18.10-17;
• comparações – Lucas 6.46-49; João 6.35; 8.12; 10.9-16; 11.25-26; 14.6; 15.1-2;
• aulas práticas – Mateus 8.14-17; 9.27-34; 10.5-15; Marcos 1.40-45; 5.21-43; Lucas 5.17-26; 7.1-10.

2.2 FERRAMENTA – EVANGECUBE

2.2.1 OBJETIVO
Capacitar cristãos que desejam testemunhar sua fé com outras pessoas, ajudando-os em três aspectos que
talvez sejam os mais desafiantes do evangelismo pessoal.

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a. Iniciar uma conversa evangelística.


b. Explanar com precisão a mensagem da salvação.
c. Confrontar uma pessoa com a necessidade de aceitar pessoalmente Cristo como Senhor e Salvador.

2.2.2 ESTRUTURA
Obedecendo às três metas apresentadas anteriormente, o EvangEcube propõe que a ação evangelística seja realizada
da seguinte forma:

a. Apresentação do evangelho – O objetivo é responder à seguinte pergunta: “o que é exatamente o conteúdo do


evangelho?” Como resposta, o EvangEcube usa as palavras do apóstolo Paulo, o maior evangelista da história.
Ao escrever sua primeira carta à igreja de Corinto, Paulo define exatamente o sentido bíblico de Boas-Novas
(1Co 15.1-5):

Cristo MORREU Ele foi SEPULTADO Ele RESSUSCITOU Ele APARECEU

b. Testemunho – O EvangEcube acredita que o cristão terá sucesso como testemunha de Jesus sempre que contar
fielmente aos outros os fatos de como Deus SALVOU e MUDOU a própria vida, demonstrando sua clara
compreensão das boas-novas contadas na Bíblia sobre Jesus: morte, sepultamento e ressurreição!

c. Convite – Após ter apresentado o conteúdo do evangelho e demonstrado, por meio de seu testemunho, a im-
portância de Cristo para a salvação de todo ser humano, o EvangEcube reconhece a importância de o evan-
gelista convidar a pessoa que está sendo evangelizada a receber a Cristo como seu único e suficiente Senhor e
Salvador.

2.3 FERRAMENTA – INVESTIGANDO O CRISTIANISMO

2.3.1 OBJETIVO
Usar o próprio evangelho para falar sobre o evangelho. O curso conduz os participantes a uma jornada de
sete reuniões semanais centradas no Evangelho escrito por Marcos, com a finalidade de descobrir quem é Jesus, por
que Ele veio e o que significa segui-Lo.

2.3.2 ESTRUTURA
O local e o horário do curso dependerão do contexto da igreja. O mais comum é que o curso seja ministrado
em uma noite, durante a semana, por sete semanas. Entre a sexta e a sétima semana, haverá um encontro de um dia
(sábado ou feriado) numa chácara/pousada. Mas o contexto pode ser diferente. Por exemplo:

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• um grupo de mulheres se reúne uma vez por semana, à tarde;


• um grupo se reúne na casa de alguém, a cada 15 dias;
• um grupo se reúne durante a escola bíblica;
• um grupo de estudantes cristãos se reúne na faculdade.

O material do curso pode ser adaptado ao seu contexto. Entretanto, reúnam-se com a maior regularidade
possível – não pule nenhuma reunião ou mude a ordem (incluindo o uso do material do Encontro de Um Dia entre
a sexta e sétima semana).

2.3.3 TEMAS
Veja o esquema abaixo e entenda como o curso é estruturado e como os temas se ajustam.

IDENTIDADE MISSÃO CHAMADO

BOAS NOVAS IDENTIDADE PECADO RESSURREIÇÃO GRAÇA RENÚNCIA

?
O que estamos
?
Quem é Jesus?
?
Por que
?
Por que Jesus
?
Como pode Deus nos
?
O que significa
fazendo aqui? Jesus veio? ressuscitou? aceitar? seguir a Jesus?
ENCONTRO
DE UM DIA
A CRUZ
TIAGO E JOÃO
?
Por que Jesus O SEMEADOR HERODES
morreu?

!
! !
Peça com
cuidado
Ouça com Escolha com
cuidado sabedoria
2.3.4 ESTRUTURA DE UMA REUNIÃO
Veja o exemplo de como estruturar uma reunião à noite. Adapte de acordo com sua realidade.
19h00 - Reunião de oração dos líderes
19h30 - Chegada dos participantes para o lanche/refeição
20h15 - Investigue (Estudo bíblico)
20h35 - Ouça (Palestra/DVD)
21h00 - Discuta
21h30 - Encerramento – bate-papo em duplas
Observação: Todos os horários são aproximados.

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2.4 Ferramenta – Kid+ (Quem é Jesus?)

2.4.1 OBJETIVO
Apresentar Jesus, o Salvador do mundo. Mostramos primeiro como o pecado entrou no mundo, para es-
clarecer a vinda do Salvador. Depois do nascimento de Jesus, o menino entre os doutores. Na vida adulta, como
ensinou, amou, cuidou, curou e transformou pessoas. O ponto culminante é a morte de Jesus, Sua ressurreição e
ascensão ao céu. Você poderá adequar este material à sua realidade e também usar sua criatividade.

2.4.2 ESTRUTURA
Este material pode ser usado em: reuniões nos lares, Escola Bíblica de Férias (EBF), aulas especiais na igreja,
conferências evangelísticas; atividades com crianças em escolas, abrigos, hospitais, visando apresentar Jesus como
Senhor e Salvador.

CONCLUSÃO

Jesus prometeu que nos enviaria ALGUÉM. O “alguém” a quem Jesus Se refere é o ESPÍRITO SANTO.
Ele é nossa fonte de PODER e nosso PARCEIRO na evangelização. Jesus diz que nós somos Suas testemunhas em
Jerusalém, Samaria e até os confins da terra. Deus não estabeleceu limites na terra para testificarmos sobre Seu Filho.
Nosso testemunho começa em casa, na nossa própria comunidade e estende-se pela terra, por meio das pessoas com
quem temos contato.
Nossa oração é que essa oficina pedagógica possa equipá-lo melhor para contar às pessoas as boas-novas
de Jesus Cristo. Lembre-se: evangelização foi nosso objetivo imediato aqui. Mas não se esqueça de que discípulos
maduros são o produto final. E glorificar a Deus com a vida e testemunho é o nosso propósito principal. Que Deus
abençoe e use você como arauto das boas-novas!

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COMO ESCREVER SEU TESTEMUNHO PESSOAL


Seu testemunho é uma ferramenta vital que você usará frequentemente para compartilhar o evangelho.
Um testemunho preciso, que possa ser compartilhado em cinco minutos, ou menos, é o ideal.
Você deve aumentar se for necessário e apropriado.

Olá, meu nome é:

Eu vivo em:

Antes de seguir Jesus:

Eu percebi que precisava:

Eu me tornei cristão porque compreendi que (resumo do evangelho):

Hoje minha vida com Cristo é:

Você gostaria de saber como pode ter a vida eterna com Deus?

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COMBO 5 (Adolescentes e Jovens) / WORKSHOP

ADOLESCENTES E JOVENS PREPARADOS PARA TODA BOA OBRA


Treinados para toda boa obra

INTRODUÇÃO

Quantas vezes, você, professor, já falou que mentira, sexo antes do casamento, pornografia e tantas
outras práticas, tidas como comuns pela sociedade, são pecados? Quantas vezes já ensinou que ler a Bíblia,
orar e ter vida devocional são princípios indispensáveis para todo cristão? De 0 a 100%, qual tem sido o nível
de absorção e aplicação do assunto por parte dos adolescentes e jovens que você ensina?
É comum nos preocuparmos com boa didática, com a construção de um bom currículo. Esforçamo-
-nos para que o ensino seja eficaz, a ponto de fazer do cristianismo algo vivenciado pelos alunos além da sala
de aula. Ainda assim, temos nos deparado com realidades que confirmam os seguintes dados.

Pesquisadores descobriram que, após completarem 15 anos de idade, 59% das pessoas se afastam da
igreja de forma permanente ou durante um longo período; e que a diferença entre o alcance e o afasta-
mento de adolescentes e jovens da igreja é de -15% entre 16-17 anos, -24% entre 17-18, e chega a -29%
entre 18-19 anos! Entre 18-24 anos, 70% dos jovens abandonam a igreja.1

Diante da era da informação, como o ensino bíblico pode alcançar essa juventude? Mais do que
transmitir o conhecimento ou ensinar o que não se sabe, nossa preocupação como professores de adoles-
centes e jovens atualmente deve ser transformar o estudo bíblico em um ensino inclusivo e emancipador.
Uma vez que as gerações atuais conseguem informações e detalhes em velocidade e facilidade significativas,
não cabe à igreja tentar competir como fonte de informações, e sim preparar a juventude para buscar por
si só a verdade bíblica e, a partir dela, ponderar e discernir toda informação que o mundo apresenta. O que
buscamos é mais do que levar os adolescentes e jovens a saber. Queremos um ensino que leve a juventude à
maturidade.
Precisamos, portanto, fazer com que o ensino seja eficaz, seja relevante para a vida do adolescente e
do jovem. Contudo, esse processo não é fácil. Vejamos alguns passos rumo a um ensino eficaz.

1
Pesquisas extraidas dos livros: Igreja Essencial - Ed. Palavra, Geração Perdida-Ed. Universidade da família; Descrentes-Ed. Universidade da família.

1
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

1. PRIMEIRO PASSO: AJUSTE O FOCO

O ensino eficaz começa quando decidimos sair da nossa zona de conforto e mergulhar no universo do
adolescente e do jovem de hoje. Sem esse importante passo, nossas aulas dificilmente atingirão nossos alunos.

1.1 FOQUE NO ALUNO


A criatividade de Deus ao criar o ser humano é motivo de grande admiração. É comum conhecermos
irmãos que têm temperamento, atitudes e preferências totalmente diferentes uns dos outros. Isso se torna
ainda mais visível quando nos deparamos com gêmeos. Eles são fisicamente quase iguais, mas, em geral, têm
temperamentos bem diferentes! Se isso acontece quando há vínculo sanguíneo, imagine então em sua sala
de aula. Cada aluno tem características pessoais, e por isso ele precisa de atenção personalizada.
Além de entender como a geração de hoje aprende, precisamos conhecer melhor nosso aluno para
saber que metodologia, quais recursos e estilos de aulas o ajudam a reter ainda mais o assunto.
Para essa tarefa tão complexa, podemos nos apoiar na teoria das inteligências múltiplas e dos estilos
de aprendizagem, pois nos ajudam a sistematizar a forma de cada aluno aprender. Assim, podemos adequar
nossa didática de sala de aula ao perfil da turma.


90% do ensinamento cristão é dirigido aos Inteligências múltiplas2
Até pouco tempo, acreditava-se que as capacidades intelectu-
20% de nossos estudantes que aprendem ou-
ais eram realmente herdadas. Os especialistas nessa área par-
vindo. O que acontece com os outros 80% que
tiam do pressuposto de que cada indivíduo nasce com deter-
são habilidosos na expressão oral, artística ou
precisam aprender movimentando-se? minada “quantidade” de inteligência, que poderia ser medida
MARLENE LEFEVER desde cedo, e dificilmente se alteraria com o ambiente ou trei-
namento. Mas Howard Gardner desmitifica esse conceito ao
apresentar sua teoria das inteligências múltiplas, na qual ele prova que todos os seres humanos possuem
várias inteligências, em diferentes graus, porém alguns serão “promissores” em uma delas e outros não.
Gardner, inicialmente, define sete tipos de inteligências: linguística, lógico-matemática, musical,
espacial, físico-cenestésica, interpessoal e intrapessoal .

#Fica a dica

• Use recursos visuais – Quadrinhos, desenhos, cartuns, fotos, propagandas, reportagens. “Uma BOA imagem
vale mais que mil palavras.”

• Introduza vídeos em suas aulas. Eles funcionam bem como quebra-gelo.


2
Anexado a esta apostila, disponibilizamos um teste de inteligências múltiplas. Nesse anexo você encontrará também um breve resumo das sete
inteligências definidas por Howard Gardner.

2
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• Reconheça o potencial dos trabalhos em grupos. A interação entre os alunos ajuda a tirar a timidez dos que são mais intrapes-
soais, ao mesmo tempo em que estimula os que são mais interpessoais.

• Programe aulas especiais. Convide “especialistas” em alguns assuntos da revista: seu pastor, professor de outra
sala, membro de outra igreja. Programe algumas aulas fora da igreja, no parque, por exemplo!

1.2 FOQUE NAS NECESSIDADES DO ALUNO


Jesus ensinava atendendo às necessidades que as pessoas tinham. Nicodemos tinha uma necessida-
de. Ele buscou o Mestre para supri-la. À medida que ele perguntava, Jesus respondia. Algumas das respostas
eram profundamente teológicas, mas também eram totalmente aplicáveis à vida e respondiam plenamente
aos anseios do coração de Nicodemos. Com a mulher samaritana não foi diferente.
Jesus ensinava a partir do que as pessoas tinham: dúvidas, ne-
Não seja professor de domingo, cessidades, mágoas, preocupações. Ele sabia ouvir e fazê-las falar.
mas de domingo a domingo! Ele observava o sofrimento delas, suas lutas, seu mundo. Jesus, vá-
ALAN ANTÔNIO rias vezes, adaptou-Se ao assunto do momento: festas, impostos,
enfermidades, morte... Ele ajustava Seu ensino às pessoas. Jesus
nunca esteve fora da realidade da cultura em que viveu. Pelo contrário, frequentemente, usou as experiên-
cias de Seus alunos para ensinar.
A melhor forma de propormos um ensino relevante aos adolescentes e jovens é conhecendo as neces-
sidades deles. É preciso ouvi-los. Isso não significa que ensinaremos apenas o que os alunos querem aprender.
Como educadores, também podemos dar nossa contribuição, propondo-lhes temas que entendamos ser im-
portantes para a situação vivenciada. As parábolas de Jesus cons-
tituem uma estratégia usada pelo Senhor para ensinar a partir das Educadores cristãos... não podem se dar ao
questões levantadas pelo povo (Lc 10.29-30; 12.13-16; 13.23- luxo de somente estudar o texto; eles devem
24; 14.7-8; 15.2-3), entretanto, isso não O impediu de ministrar também estudar as pessoas.
acerca de determinados assuntos que entendeu serem necessários PERRY DOWNS
(Lc 14.7; 18.1,9).
Aprendemos com o exemplo do Mestre que o currículo educacional não deve estar baseado em te-
mas, assuntos e matérias, mas nas necessidades dos alunos!

2. SEGUNDO PASSO: PREPARE AS FERRAMENTAS

Mais que ensinar tópicos/temas, é preciso ensinar a juventude a discernir e fazer suas “comidas” – alimento
para a alma (Hb 5.13-14). Tito 2.6 exorta os jovens a serem criterio-
sos em todas as coisas (isso é maturidade). Eles precisam aprender Todo indivíduo tem potencial para
a ver a Bíblia não topicamente, mas amplamente; não cardápio de ser criativo, mas só será se quiser.
alimentos, mas a revelação de Deus para a vida! HOWARD GARDNER

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2.1 FAÇA PERGUNTAS


Assim como Jesus, nós, professores, precisamos nos esforçar
CONHECIMENTO para incluir os alunos no processo de aprendizagem. Diante dis-
Compreensão dos fatos so, precisamos aprender a fazer perguntas e não apenas a expor
ENTENDIMENTO um assunto de forma incontestável e absoluta. Talvez essa seja a
Correlação dos fatos, grande dificuldade de tratar de assuntos polêmicos com a juventu-
internalização do conhecimento. de. Normalmente temos respostas prontas e fórmulas pré-defini-
SOLANO PORTELA. das para questões difíceis. Os dolescentes e jovens, por vezes, até
concordam, mas nem sempre respondemos às demandas que tais
polêmicas trazem no dia a dia. Em vez de darmos as respostas às questões polêmicas, é importante ajudar-
mos nossos alunos a construírem seu próprio conhecimento, auxiliando-os a encontrar a verdade bíblica a
respeito dessas questões.

2.2 VENÇA A MEDIOCRIDADE


O dicionário Aulete traz a seguinte definição para a palavra MEDÍOCRE: “aquele que permanece na
média, sem ser nem bom nem mau”. Quando vamos ensinar, não podemos ser medíocres, ou seja, media-
nos, cumprindo apenas nossa tarefa de comunicar um determinado assunto. Paulo nos ensina que “O que
está ensinando ensine” (Rm 12.7 – NT Grego).
Precisamos dar um passo a mais e pensar na maneira de facilitar a compreensão dessas verdades que
salvam! Saiba que disposição e criatividade são requisitos básicos para que suas aulas superem o nível de
uma aula medíocre!

#FICA A DICA
• Busque fazer da sua sala de aula um lugar prazeroso, seja criativo em suas aulas, tire os alunos da
rotina, seja inovador, surpreenda-os a cada aula!
• Tenha em mente que a única estratégia ruim é aquela que você usa TODA semana.

3. TERCEIRO PASSO: ESTABELEÇA O ALVO


Quando o objetivo for mudar a vida dos alunos, o foco e as
atividades do professor serão influenciados. Jesus não
“Para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho era obcecado pelo ‘cumprimento do conteúdo’, pois esse
serve!” (Lewis Carroll) Essa frase expõe bem a im- não era o seu objetivo. Ele podia gastar tempo ouvindo Seus
portância de termos um alvo no ensino da juventude alunos e interagindo com eles, porque Sua agenda era a
cristã. Sem estabelecermos um alvo a ser alcançado, vida deles, e não o conteúdo a ser cumprido.
trabalharemos desorientados, fora do foco. PERRY DOWNS

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3.1 VÁ ALÉM DO ASSUNTO


Infelizmente, a escola bíblica tem se tornado local apenas da apresentação de um assunto! Precisa-
mos entender que nosso papel como professores não é simplesmente transmitir conhecimento, mas tam-
bém ajudar o aluno a construir o entendimento.
Paulo diz a Timóteo qual deveria ser seu foco ao ensinar o povo: “Toda a Escritura é inspirada por
Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem
de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17). Esse também precisa ser
o nosso foco. Nossa meta é preparar os adolescentes e jovens para toda boa obra.

ASSUNTO RAZÃO RESULTADO


“Toda a Escritura...” “...útil para...” “...a fi m de que...”

PALAVRA DE DEUS
Doutrinas ENSINO
JUVENTUDE DE DEUS
Princípios CORREÇÃO
Promessas CARÁTER
(quem ele é):

PERFEITO EM CRISTO

Mandamentos EDUCAÇÃO CONDUTA


REPREENSÃO (que ele faz):
Modelos
Exortações HABILITADO PARA
TODA BOA OBRA

#Fica a dica
Procure exemplos práticos de como o conteúdo transforma vidas (caráter e conduta).

• SEJA SELETIVO – Escolha ou selecione as aplicações que vai fazer.


• SEJA PESSOAL – Evite os pronomes “vocês”, “eles”, “aqueles”; e expressões como “as pessoas”, “os outros”.
Prefi ra “eu”, “nós”, “nosso”, “a gente”.

3.2 BUSQUE A MATURIDADE


A palavra grega usada no Novo Testamento para designar maturidade é teleios, que transmite a noção
de algo completo, fi nalizado, que alcançou tudo o que poderia alcançar. Efésios 4.13 apresenta duas vezes
essa palavra como alvo da comunhão do corpo de Cristo e do exercício dos dons (Ef 4.11-12). Destaca-se
nesse versículo a maturidade em dois níveis inseparáveis: no nível humano (“perfeita varonilidade”) e no
nível divino (“estatura da plenitude de Cristo”). Maturidade é chegar à estatura de Cristo! E tal maturidade
vem com a aplicabilidade da Palavra.

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Buscar maturidade é criar em cada um de nós a mesma atitude de Cristo (Fp 2.5-11; 3.15). Maturi-
dade é uma busca perseverante para nos conservarmos no exemplo dado pelo próprio Jesus Cristo (Cl 4.12;
Tg 1.4). O desafio que surge é como e o que ensinar aos jovens para instigá-los e auxiliá-los nessa busca.

3.3 ENVOLVA A IGREJA


Se fosse verdade que saber é fazer,
Um ensino que gera maturidade aos adolescen- tudo que precisaríamos fazer seria ensinar às
tes e jovens precisa, inevitavelmente, levá-los a agir como pessoas a verdade e elas então praticariam.
parte do corpo de Cristo, movimento que deve ser cons- PERRY DOWNS
ciente e voluntário. Aqui devemos corrigir um erro. Não
cabe aos professores de jovens lhes designar uma série de atividades extraclasse sem considerar a dinâmica da
própria igreja. A juventude é, comumente, a mão de obra principal das igrejas e, se ainda não é, certamente os
jovens já começam a assumir funções e tarefas que os preparem para dar continuidade ao serviço das gerações
anteriores. A prática cristã dos jovens não deve ser estabelecida pela sala de aula. Pelo contrário, o professor deve
trazer para si a prática cristã e ministerial dos jovens, para dentro da sala de aula, e ali refletir sobre ela.
Por isso, é importante que os professores de jovens estejam em bom e pleno relacionamento com os
ministérios de juventude, bem como em contato com todos os outros ministérios da igreja, para que possam
ajudar seus alunos a se encontrarem no serviço a Deus. Boa forma de incentivar a maturidade por meio do
ensino bíblico é: resgatar o que já fazem; refletir com eles sobre a prática; ajudá-los a crescer na compreen-
são de sua vocação; encorajá-los a prosseguir no serviço, sempre se aprimorando. Em vez de criar atividades
extraclasse e sobrecarregar o professor, é mais proveitoso entrar em parceria com os ministérios que já pro-
veem oportunidades de serviço e adequar o ensino para que reflita a vivência cristã de igreja, bem como na
experiência de serviço cristão da juventude.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Albert Einstein certa vez disse: “Se você continuar fazendo as coisas como sempre fez, continuará
obtendo os resultados que sempre obteve”. A escolha é nossa, mas não só isso, a responsabilidade também!
Não se esqueça do que Romanos 12.7 diz: “O que está ensinando ensine” (NT Grego). Pare de culpar o aluno
dizendo que ele não tem interesse, disposição, determinação. Pergunte-se a si mesmo primeiro: “eu tenho
desempenhado meu dom de ensino com interesse, disposição e determinação?”
Lembre-se de que “Deus não precisa de comunicadores de informação; ele usa agentes de transformação.”
(Bruce Wilkinson). Seja você um agente de transformação do Senhor para a juventude de sua igreja!
E por fim, grave bem isto: o ensino eficaz, que prepara os adolescentes e jovens para toda boa obra,
tem as seguintes características:

• parte da realidade dos alunos; • equilibra conteúdo e aplicação;


• seleciona bem o conteúdo; • promove a participação dos alunos na aula;
• tem como alvo transformar vidas; • atende às necessidades reais dos alunos;
• faz aplicações pertinentes; • vai além da sala de aula.

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AVALIAÇÃOEDITORASOBRE INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
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Conforme a sua preferência, enumere em Ordem Nota Tenho facilidade em


ordem decrescente (7 a 1) as opções de A Adquirir habilidades pela prática
cada etapa. B Analisar e descobrir formas e detalhes
C Ouvir e compartilhar ideias
Depois, some a nota de cada letra e anote o D Elaborar teorias
resultado nos espaços, no fim da folha. E Discutir informações
F Obter e classificar informações
Ordem Nota Coisas que mais gosto de fazer G Ler ouvindo música
A Praticar esportes
Ordem Nota Em minha casa
B Dirigir
A Não fico parado
C Compartilhar atividades
B Conserto as coisas
D Refletir sobre meus sentimentos
C Ajudo outros nas tarefas
E Debater ideias
D Fico em meu canto
F Ordenar coisas
E Falo sobre meu dia
G Cantar
F Organizo cada detalhe
Ordem Nota Tenho facilidade em G Sempre escuto música
A Aprender novos esportes
Ordem Nota As pessoas podem me definir por
B Executar tarefas delicadas
esta palavra
C Trabalhar em equipe
A Esportista
D Analisar meus sentimentos
B Competente
E Contar histórias e fatos
C Perceptivo
F Construir e organizar planilhas
D Analítico
G Tocar instrumentos
E Teórico
Quando estou no trabalho F Lógico
Ordem Nota
ou na escola, prefiro G Artista
A Levantar e andar periodicamente
Ordem Nota Gosto mais de aprender por meio de
B Fazer algo funcionar
A Demonstrações e experiências
C Trabalhar com pessoas
B Atividades estruturadas passo a passo
D Trabalhar sozinho
C Discussão de casos voltados para pessoas
E Conversar sobre ideias
D Leitura de livros-textos
F Analisar dados
E Palestras formais
G Identificar padrões sonoros
F Exercícios de análise de fatos, dados e nº
Ordem Nota O tipo de pergunta que mais faço G Histórias e músicas
A Onde?
Ordem Nota Eu me considero
B Como?
A Ágil
C Quem?
B Detalhista
D Para quê?
C Amigo
E Por quê?
D Sensível
F O quê?
E Comunicativo
G Quando?
F Racional
Ordem Nota No tempo livre, gosto de G Musical
A Dançar
B Fazer um trabalho manual A. Cinestésica E. Linguística
C Sair com os amigos
B. Espacial F. Lógico–Matemática
D Meditar e refletir
E Ler um livro C. Interpessoal G. Musical
F Passar o tempo com jogos de estratégias
D. Intrapessoal
G Cantar

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Estilos de aprendizagem

Inteligência Cinestésica – Está ligada à capacidade para usar o corpo e a coordenação motora grossa e fina. (Esporte,
artes cênicas, artistas, dançarinos, mímicos.)

Inteligência Espacial – A percepção do mundo visual e espacial. (Escultores, arquitetos, desenhistas).

Inteligência Interpessoal – É a habilidade pra entender e responder a outros, identificando temperamentos, desejos,
humores ou motivações. (Conselheiros, políticos, religiosos.)

Inteligência Intrapessoal – Capacidade de entender os próprios sentimentos, ideais, sonhos, necessidades e desejos.
(Escritores, filósofos, psicoterapeutas.)

Inteligência Linguística – Capacidade para convencer, agradar, estimular ou transmitir suas ideias, porque são sensí-
veis às palavras, seus significados, sons e ritmos. (Contadores de história, poetas, oradores, vendedores.)

Inteligência Lógico-matemática – Sensibilidade a padrões, ordem e sistematização. (cientistas, engenheiros, matemáticos.)

Inteligência Musical – É a habilidade para discriminar sons, apreciar padrões musicais, tocar, compor, ou reproduzir
músicas.

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COMBO 5 (Adolescentes e Jovens) | WORKSHOP

CONFLITOS DE GERAÇÕES NO ENSINO BÍBLICO

Treinados para toda boa obra

INTRODUÇÃO

É evidente que diversas gerações convivem num mesmo espaço e mesma época. Tomemos como exemplo
as igrejas: idosos, adultos, jovens, adolescentes e crianças. Por mais rica que essa diversidade de faixas etárias possa
ser, ela traz um problema inevitável, mas não insuperável: como pessoas com experiências e influências diferentes
podem conviver bem e se entender?
A melhor forma de abrir os olhos para esse conflito de gerações é uma comparação rápida entre alguns íco-
nes culturais e grandes eventos de cada geração. Para isso, faça o teste das gerações e descubra em qual geração você
se encaixa.
A tabela a seguir apresenta quatro campos influenciadores em todas as gerações. Preencha a tabela com o
número da imagem que mais lhe foi marcante em sua juventude. Ao fim, some os números e compare o seu total
com a tabela das gerações para descobrir em qual delas você se enquadra.

IMAGEM TABELA DAS GERAÇÕES


TECNOLOGIA PONTUAÇÃO GERAÇÕES
TELEVISÃO Até 5 Baby-Boomers
POLÍTICA De 6 a 10 Geração X
FUTEBOL De 11 a 15 Geração Y
TOTAL Máximo de 16 Geração Z

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O conflito de gerações, em sua menor escala, se faz claro na diferença dos referenciais culturais que cada
geração tem. Como seria uma conversa entre um idoso que passou a juventude acompanhando a Jovem Guarda e
um jovem que foi marcado pelos desenhos japoneses transmitidos pela Rede Manchete, para quem Roberto Carlos
é só o músico que sempre canta no especial de ano-novo da Globo? Ou então, como seria a conversa sobre política
entre um adulto que foi às ruas pelas “Diretas Já!” e viu o nascimento do PT, com um jovem que se orgulha pelas ma-
nifestações de rua em 2013, mas mantém sua militância política apartidária e mobilizada quase que exclusivamente
pelas redes sociais?

1. A TEORIA DAS GERAÇÕES

O conflito de gerações é algo natural. Estudos mais recentes sobre gerações tomam como ponto de partida
a teoria iniciada por William Strauss e Neil Howe, em 1991, por meio de uma análise das gerações na história dos
Estados Unidos. A partir dessa teoria, tem-se que cada geração convive com, pelo menos, outras quatro gerações,
uma vez que há diferença de 20 anos entre cada uma delas, e a longevidade média é de 80 anos.
Considerando a sociedade brasileira atual, as quatro gerações que se destacam em sua constituição são:
os Baby-Boomers¸ como a geração dos idosos e dos que caminham para a aposentadoria; a Geração X, como os
adultos de meia-idade e principal força de trabalho; a Geração Y, como a juventude da nação, descobrindo-se e
encontrando seu espaço na sociedade; e a Geração Z, como a geração das crianças, às vésperas da adolescência.
Para conseguir entender melhor o conflito gerado na relação entre essas gerações, é preciso analisar mais a fundo as
características de cada uma delas.

1.1 BABY-BOOMERS
• Nascimento: 1945-1965
• Idade: ____________________
• Influências: Direitos humanos; fundação de Brasília (1960); crise dos mísseis (1962); golpe militar (1964);
homem na lua (1969); revolução sexual.
• Características: Nomeados diante do aumento demográfico mundial decorrente do pós-guerra, são normal-
mente relacionados à luta pelos direitos humanos e questionadores das autoridades políticas. Caracterizam-se
também pelas formas de expressão política e individual, porém, sendo, em geral, pouco otimistas.

1.2 GERAÇÃO X (GERAÇÃO PERDIDA)


• Nascimento: 1965-1985
• Idade: ____________________
• Influências: AIDS; “Diretas Já!” (1983-4); queda do muro de Berlim (1989); impeachment de Collor (1992);
inflação; Plano Real (1994).

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• Características: Chamada de geração perdida por viver à sombra das conquistas da geração anterior, numa época
de turbulência econômica e agitação política, a geração X tende a ser cautelosa e cética em relações a campanhas
públicas. Valoriza a honestidade, o esforço e a irreverência, sendo uma geração que amadureceu mais rápido.

1.3 GERAÇÃO Y (GERAÇÃO DO MILÊNIO; GERAÇÃO INTERNET)


• Nascimento: 1985-2005
• Idade: ____________________
• Influências: Revolução tecnológica; 11 de setembro (2001); globalização; manifestações de 2013; crise econô-
mica (2014); pós-modernismo.
• Características: A geração dos jovens e adolescentes, criados sob os benefícios do esforço da geração atual, tende
a ter formação melhor e ser muito dependente dos pais. É uma geração marcada pela incorporação da tecno-
logia no cotidiano, sempre ligada à mídia, o que a fez imediatista. Em geral, demonstra hedonismo consciente,
vivendo em função do próprio prazer, de forma que tal individualismo a leva a apreciar e desejar interação em
grupo como forma de autoapreciação (fenômeno das redes sociais). Tende a uma expectativa grande quanto à
aceitação de outras pessoas, como se o mundo estivesse prestes a reconhecer o potencial estimulado ao longo de
sua criação. Isso a faz instável em relação ao mercado de trabalho, por exemplo, esperando um reconhecimento
imediato sem considerar o trabalho duro. Por outro lado, tal fato gera um sentimento conservador e apreciador
das instituições, as quais estão suscetíveis às transformações que os dessa geração poderiam implementar, a me-
nos que isso não lhes gere prazer. A Geração Y é caracterizada por alguns como uma geração entediada. Apesar
de consistir na juventude atual, ainda não podemos delimitar suas marcas e seu legado, visto que seus membros
mais velhos estão entrando agora na idade adulta, e efetivando sua participação na sociedade.

1.4 GERAÇÃO Z (HOMELAND GENERATION; APP GENERATION)


• Nascimento: 2005-2025 (?)
• Idade: ____________________
• Influências: Copa no Brasil (2014).
• Características: Geração dos futuros adolescentes, nascidos e sendo educados num mundo imerso na tecno-
logia e no novo estilo de vida que ela está gerando. Apesar de ainda ser cedo para identificar as características
dessa geração, algumas peculiaridades já se destacam, como a independência e a autonomia proporcionada pelo
domínio precoce das novas tecnologias (App Generation), a aparente ênfase maior na individualidade, e o
tempo que passa dentro de casa, diante da quantidade de recursos que tem ao alcance das mãos, e sob demanda
(Homeland Generation).

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2. SUPERANDO O CONFLITO DE GERAÇÕES

Independentemente das gerações envolvidas, o conflito sempre se dá entre pessoas mais novas e pessoas
mais velhas. Assim, é importante encontrar algumas respostas bíblicas a esse tipo de conflito, antes de entrar nas
peculiaridades de uma ou outra geração, visto que tais princípios são para todos, e não mudam segundo o contexto.

2.1 O PADRÃO BÍBLICO PARA JOVENS E IDOSOS

Na carta a Tito, o apóstolo Paulo dá as seguintes instruções:


“Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na cons-
tância. Quanto aos moços, de igual modo, exorta-os para que, em todas as coisas, sejam criteriosos.” (Tt. 2.2,6)
A soma do caráter a ser aprendido por jovens e idosos, e recomendado pela palavra de Deus, dá um caminho
para superar o conflito de gerações. Tal ensino não anula a individualidade ou as características de cada pessoa e
geração, porém, mostra como é necessário que os dois lados cedam em algum ponto.
• Os mais velhos, em sua sensatez, devem ser tolerantes em relação aos mais jovens, mas não a ponto de se cor-
romperem; devem se manter temperantes e respeitáveis. Por outro lado, sendo sadios na fé, no amor e na cons-
tância, não devem ser negligentes ou passivos quanto ao pecado.
• Os mais jovens devem se submeter às exortações, reconhecendo em sua juventude a inexperiência em diversas
questões da vida. Por outro lado, devem ser criteriosos, tanto em relação às exortações das outras gerações,
como em relação às tendências de sua geração, fugindo do pecado.
Esse padrão para os mais velhos e os mais jovens abre espaço ao diálogo fundamental, à superação do con-
flito de gerações. O padrão para o diálogo segue a sabedoria de Deus e não a humana (Tg 3.13-18).

2.2 GERAÇÃO Y EM CONFLITO


A Geração Y constitui os jovens e adolescentes atuais, com a Geração Z em breve entrando na adolescência,
se é que já não temos adolescentes Z. Diante disso, vale aqui dedicar atenção às características da Geração Y que,
normalmente, geram conflitos com as gerações anteriores.
Estamos tratando de uma geração de nativos digitais e não de imigrantes. Ou seja, os Y lidam com a tecno-
logia digital desde a infância, sendo que os mais jovens dessa geração, desde que nasceram. Isso marca uma forte
diferença da geração anterior, visto que os X migraram para o mundo digital em sua juventude ou quando já adultos.
Assim, a Geração Y, também chamada por alguns de “Geração Internet”, possui conceitos de vida diferentes, por
viverem num ambiente diferente das gerações anteriores. Don Tapscott, em seu livro A Hora da Geração Digital,
enumera oito normas desta “Geração Internet”. Diante de tais normas, você seria capaz de listar algumas atitudes dos
jovens e adolescentes atuais que as refletem?

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a. Liberdade: A Geração Y encontrou liberdade, sobretudo, dentro de casa e por meio do mundo virtual. Eles
querem fazer tudo com liberdade. Isso repercute na postura dos jovens que começam a entrar no mercado de
trabalho e na vida adulta. Empresas, como o Google, valorizam tal liberdade, permitindo flexibilidade total no
horário de trabalho.
Atitudes: ___________________________________________________________________

b. Customização: Para a Geração Y, tudo pode ser personalizado, isto é, moldado conforme o seu gosto. O expoente
máximo disso são os inúmeros perfis e identidades que o mundo digital permite aos nativos digitais criarem
conforme gosto próprio.
Atitudes: ___________________________________________________________________

c. Investigação: O mundo virtual capacitou os Y a discernirem melhor entre a ficção e a realidade. Por mais que
eles sejam capazes de confiar, isso só se dá por meio de uma verificação pessoal antes.
Atitudes: ___________________________________________________________________

d. Integridade: Os Y tendem a criar uma moralidade criteriosa acerca do que acreditam ser certo, opondo-se ao
que consideram errado. Muitos jovens rejeitam locais de trabalho que não tenham uma consciência ambien-
tal, por exemplo.
Atitudes: ___________________________________________________________________

e. Colaboração: Pessoas acostumadas a expor suas opiniões no mundo digital querem colaborar com tudo o que
pensam poder contribuir de algum modo. Diferente de trabalho em grupo, em que todos fazem juntos uma
mesma coisa, o caráter colaborativo dos Y é a noção de que cada pessoa, individualmente, pode contribuir com
o todo.
Atitudes: ___________________________________________________________________

f. Entretenimento: Tudo o que a Geração Internet faz tem que entretê-la. Hedonismo é uma das marcas dos Y, que
buscam prazer em tudo o que fazem, servindo-lhes como motivação e inspiração. Empresas observaram que
os pequenos intervalos no trabalho para acessar o Facebook ajudavam seus funcionários da Geração Y a se
manterem criativos e dispostos.
Atitudes: ___________________________________________________________________

g. Velocidade: A velocidade digital é uma demanda da Geração Internet para o mundo real. A indisposição para
assistir longas palestras é totalmente coerente com pessoas que, desde pequenas, assistem a inúmeras cenas
mudando de segundo a segundo, seja na televisão, seja na internet.
Atitudes: ___________________________________________________________________

h. Inovação: Para os Y, não basta fazer mais do mesmo, sempre é possível melhorar, inovar. A capacidade de colabora-
ção leva ao desejo de inovação, sendo o grande expoente dessa geração Mark Zuckerberg, o criador do Facebook.
Atitudes: ___________________________________________________________________

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3. ENSINANDO E APRENDENDO COM A GERAÇÃO Y

O livro Nascidos na Era Digital apresenta um gráfico que mostra as principais influências para os nativos digitais
da Geração Y:

1. FAMÍLIA E AMIGOS

2. PROFESSORES, TREINADORES, MENTORES

NATIVOS DIGITAIS 3. EMPRESAS E FORNECEDORES DE SOFTWARE

4. ESTADO E ORGANIZAÇÕES DE SEGURANÇA

3.1 FAMÍLIA: CAMPO DE GUERRA OU ZONA NEUTRA?


Considerando o gráfico acima, a família é, ao mesmo tempo, a linha de frente no conflito com a Geração Y
e a principal influência para essa geração tão apegada aos pais e presente no convívio doméstico. Dependendo de
como se lida com o conflito de gerações, a família pode ser um campo de guerra terrível, ou uma zona neutra para
esses jovens e adolescentes.
Don Tapscott, diante das características listadas acima, aponta para a mudança na perspectiva familiar da
Geração Y. Para pessoas que desejam colaborar e inovar, com capacidade para investigar a verdade rapidamente, do-
tadas de uma integridade particular e desejosas de fazer as coisas ao seu modo e para seu prazer, a hierarquia familiar
rígida, quase que num sistema episcopal, não tem sentido algum. Para a maioria dos nativos digitais, o ideal familiar
se desenrola em uma democracia, onde todos têm voz, opinião e responsabilidades. Sem negligenciar a hierarquia,
essa democracia familiar mantém as funções dos membros da família por meio do respeito e da admiração. Diante
de um ideal como esse, a melhor forma de superar o conflito de gerações na família é comunicar o conflito. O princí-
pio dado por Jesus em Mateus 18.15 é válido aqui. A Geração Y parece disposta a conversar sobre o conflito e ajudar
a resolvê-lo.

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3.2 IGREJA: PREPARADORA PARA O FUTURO OU PARCEIRA PARA O PRESENTE?


Segundo o gráfico já observado, a igreja, com seus pastores, professores e discipuladores, se enquadraria no
segundo campo de influência para os adolescentes e jovens da Geração Y. Semelhante modo à família, a igreja tam-
bém precisa aprender com essa nova geração para poder ensinar-lhe.
Considerando todas as características da Geração Internet, a igreja precisa abandonar a perspectiva obsoleta
de que sua função é preparar a próxima geração para cumprir a vontade de Deus. Mais do que o velho discurso de
que os adolescentes e jovens já são o presente da igreja, é preciso reconhecer que sua função perante eles é de formar
parcerias entre as gerações no cumprimento da vontade de Deus.
Uma pesquisa realizada pelo Barna Group mostra diferenças entre as gerações acerca da forma como veem
e usam a Bíblia. Tais dados são importantíssimos se a igreja deseja ensinar a Bíblia à nova geração.

BABY-BOOMERS GERAÇÃO X GERAÇÃO Y


Consideram sagrada a Bíblia
Consideram a Bíblia palavra de Deus
Aceitam outros livros como verdades espirituais
Consideram a Bíblia precisa em seus ensinos
Leem a Bíblia fora da igreja ou a Torá fora da sinagoga
Gostariam de conhecer melhor a Bíblia

Tal pesquisa aponta que a Bíblia é, para a nova geração, alvo de grande interesse por conta do ceticismo. Ao
mesmo tempo em que a Geração Y deseja conhecer mais a Bíblia, o faz não para buscar verdades espirituais para sua
vida, mas para confirmar suas convicções e contestar os ensinos tradicionais. Por mais complicado que isso seja, é
oportunidade única para o ensino bíblico na igreja.
Há quem defina os adolescentes e jovens da Geração Y como “extraordinariamente sofisticados, porém, es-
tranhamente limitados”. Algumas realidades que o professor de adolescentes e jovens da Geração Y precisa entender
e aprender a transformar em coisas boas são:

• Eles estão sempre conectados – Esse já é um fato inevitável. Com redes 3G e 4G, se tem acesso à internet em todo
lugar. O que parece uma distração pode se transformar em interação, visto que os nativos digitais reagem a tudo
e compartilham o que gostam. Um problema é a sobrecarga, de forma que um cuidado a se tomar é não fazer da
aula ou do estudo uma oportunidade para se usar mais a internet, mas para usá-la de modo diferente.

• Eles adquirem informações com rapidez – Todos os meios da mídia descarregam muita informação diversa sobre os
nativos digitais. Tamanha velocidade dificulta qualquer reflexão sobre tais informações, além de não haver filtros
acerca da qualidade dessa informação (exemplo máximo é a Wikipédia). Os Y são capazes de se autoeducar pela
internet, porém, é preciso ensinar-lhes a refletir e filtrar tantas informações.

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• Eles são extremamente criativos – A internet oferece aos nativos digitais espaço e ferramentas que fazem com que todos
possam ser criadores de conteúdo on-line. Desde vídeos virais ou informativos no Youtube até postagens nas
redes sociais, a juventude Y está sempre criando e compartilhando suas criações. Entretanto, isso traz algumas
questões éticas. A pirataria digital muitas vezes serve de matéria-prima para suas criações. Outra questão é o uso
de tais criações para prejudicar ou difamar pessoas ou empresas, por exemplo, sem medir as repercussões de
seus atos.

SUGESTÕES DE LEITURA

KINNAMAN, David. Geração Perdida: porque os jovens cristãos estão abandonando a Igreja e repensando a fé.
Pompeia: Universidade da Família, 2014.

PALFREY, John e GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais.
Porto Alegre: Artmed, 2011.

TAPSCOTT, Don. A hora da geração digital: como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando
tudo, das empresas aos governos. Rio de Janeiro: Agir Negócios, 2010.

“A família e o conflito de gerações”. Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-


-crista/a-familia-e-o-conflito-de-geracoes.

LEOTO, Magali Henriques. Conflito entre gerações: como conviver em família? Lar Cristão, ano 28, nº 139, págs.
8-12. Disponível em: http://www.erasmobraga.com.br/conflito-entre-geracoes-como-conviver-em-familia.

BARNA GROUP. “New Research Explores How Different Generations View and Use the Bible”, out. 2009. Dis-
ponível em: https://www.barna.org/barna-update/faith-spirituality/317-new-research-explores-how-different-
-generations-view-and-use-the-bible#.VNtKZPnF-So

Foco em Gerações: http://www.focoemgeracoes.com.br.

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COMBO 6 (Adultos) / WORKSHOP

PREPARANDO O ADULTO PARA TODA BOA OBRA

Envolvidos em toda boa obra

INTRODUÇÃO

A fonte de conhecimento para a vida cristã está no exame e na prática da palavra de Deus (Dt 6.1-9;
Sl 1.2; Tg 1.22). A Escritura tem total autoridade para definir o que devemos fazer a fim de que sejamos bons servos
de Cristo (Sl 119.1; 2Pe 1.3-4). A Bíblia é completa e suficiente para nos ensinar e nos habilitar para toda boa obra
(2Tm 3.16-17).

Billy Graham disse certa vez:


“Estude a Bíblia para ser sábio;
creia nela para ser salvo;
siga seus preceitos para ser santo”.

Um exemplo que muito pode nos ensinar sobre o valor das Escrituras está no Antigo Testamento. O con-
texto ao qual nos referimos é o do período pós-exílio babilônico quando Artaxerxes, rei da Pérsia, autorizou Esdras
a voltar para Jerusalém (Ed 7.1,5-6). Esdras era versado na Lei, e Deus tinha um grande projeto para a sua vida. A
viagem feita por Esdras da Babilônia para Jerusalém levou cerca de quatro meses, mas diz a palavra de Deus que a
boa mão do Senhor estava sobre ele (Ed 7.9). Por que a boa mão de Deus estava sobre Esdras? “Porque Esdras tinha
disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juí-
zos” (Ed 7.10). Esdras estabeleceu no coração um relacionamento tão profundo com a palavra de Deus que estava
intensamente motivado a estudar, praticar e ensinar a Lei aos que voltaram da Babilônia para Jerusalém.
O relacionamento com a Escritura exige excelência e responsabilidade. Portanto, pela oportunidade de ES-
TUDAR a Bíblia, tenham também intensa DISPOSIÇÃO para PRATICAR e ENSINAR.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

1. QUEM É O ALUNO ADULTO

1.1 CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM DO ALUNO ADULTO


É muito importante conhecer bem os alunos a quem você vai ensinar, nesse caso, os adultos. Por isso, é ne-
cessário considerar as particularidades deles a fim de adaptar ou de criar uma didática apropriada.
• Adultos deixam de ser pessoas dependentes e passam a ser independentes. Começam a direcionar a vida
segundo os próprios pressupostos. São formadores de opinião.
• Adultos têm mais experiência de vida, por isso conseguem relacionar o ensino ao agir diário.
• Adultos diminuem a distância entre aprendizado e prática. Não pensam em projetos cuja realização se dará
muito tempo depois. Para eles, o tempo de aplicação do aprendizado é mais curto que para o jovem.
• Adultos optam pelo aprendizado ao resolver problemas e fazer projetos mais acertados; não buscam
conhecimento apenas para aumentar a própria capacidade intelectual.
• Adultos interagem mais intensivamente com o professor. Geralmente, a experiência do aluno adulto contri-
bui para a aula.

1.2 COMO OS ADULTOS APRENDEM


Antes de ser adultos, são aprendizes. Assim devemos entender o processo de ensino para o adulto. Baseados
no pensamento da educadora Marlene LeFever, classificaremos os adultos em quatro tipos de aprendizes.

Compartilham experiências com facilidade, promovendo o contexto para o apren-


Aprendizes interativos dizado. São pessoas sensíveis que se envolvem com outras e aprendem melhor em
contextos que possibilitam o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais.

Precisam aprender algo novo na aula. Adquirem conhecimento observando e ouvin-


Aprendizes analíticos
do. Esperam que o professor seja o principal fornecedor das informações.

Precisam ver se o que aprenderam faz sentido imediato. Gostam de brincar com
Aprendizes pragmáticos ideias para ver se elas são racionais e funcionais. Esses alunos testam a teoria no mun-
do real para aplicar o que aprenderam. Amam ver o trabalho realizado.

Encontram maneiras criativas de usar o que aprendem. Gostam de ação como parte
do processo de aprendizagem, porém, melhor que elaborar planos baseados em sua
Aprendizes dinâmicos
conclusão racional, os alunos dinâmicos se sobressaem seguindo a intuição e perce-
bendo novas direções e possibilidades.
Adaptado de Marlene D. LeFever. Estilos de Aprendizagem. Rio de Janeiro. CPAD (2005) pp.13-20.

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É possível que seu aluno se encaixe em um ou mais entre os tipos de aprendizes. O propósito não é ser
conclusivo, mas direcionar o professor à compreensão da maneira que seus alunos aprendem. Quando estudamos e
compreendemos melhor nossos alunos, criamos fundamentos sólidos para apresentação do assunto de aula. Assim,
podemos construir boa metodologia, bom ambiente, bom planejamento, bom estudo e boa didática.

2. INFORMAÇÃO

Desejo de saber melhor a respeito da Bíblia

2.1 A BÍBLIA COMO AUTORIDADE MÁXIMA NO ENSINO


Num contexto aproximado de 1.600 anos, envolvendo mais de 40 autores, dos mais diversos lugares, a Bí-
blia, progressivamente, foi sendo revelada. No entanto, na compilação do Gênesis ao Apocalipse, não há discrepân-
cias nem contradições. Pelo contrário, todos os 66 livros se completam, formando um livro coeso, “uma mensagem
dinâmica dos tratos de Deus com a humanidade”, afirma McDowell. Um livro inerrante, imbuído de autoridade e
verdade. A Bíblia é a palavra de Deus; o que a Bíblia diz é palavra dada por Deus.
Diante de fatos tão claros a respeito da Bíblia, que se revela um livro com autoridade divina para o pensa-
mento e para a vida do crente, precisamos resgatar os valores da exposição bíblica no ensino cristão. Devemos res-
gatar o princípio fundamental da fé dos profetas e dos apóstolos que, infelizmente, pela falta de piedade de parte da
liderança eclesiástica pós-moderna, vem se perdendo no tempo.
É necessário olhar para as Escrituras com olhos mais atentos, com piedade, com excelência, com empenho,
em busca de conhecimento mais profundo e real da Palavra para que, em virtude dessa dedicação, os alunos do re-
banho do Senhor Jesus (Sl 23; Jo 10) sejam alimentados com alimento sólido (Hb 5.12-14).

A BÍBLIA É FONTE DE...

ENSINO ENCORAJAMENTO EXORTAÇÃO ESPERANÇA

2.2 MÉTODOS DE ESTUDO BÍBLICO


Vamos examinar formas práticas de estudar a Bíblia. Para facilitar o seu entendimento, o conteúdo será co-
locado em tabelas.

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2.2.1 DUAS FORMAS DE OBSERVAR A BÍBLIA

A BÍBLIA É UM LIVRO NATURAL A BÍBLIA É UM LIVRO ESPIRITUAL

O conteúdo deve ser lido e estudado como realmente é:


a palavra única de Deus.

O conteúdo deve ser lido como


literatura. Gramática, estrutura e TRÊS TERMOS REVELAÇÃO (Dt 29.29; Is 55.8-11)
formas literárias são importantes IMPORTANTES - O que de Deus foi feito conhecido ao homem
na preparação do estudo bíblico. INSPIRAÇÃO (2Tm 3.16; 2Pe 1.21)
- Como Deus se fez conhecido ao homem
ILUMINAÇÃO ( Jo 16.12-15)
- Como Deus se faz conhecido para a mente humana

2.2.2 TRÊS FORMAS DE ESTUDAR A BÍBLIA

MÉTODO SINTÉTICO MÉTODO ANALÍTICO MÉTODO TÓPICO

Estudar o livro como um todo, pro- Estudar e entender os detalhes e im-


Estudar e entender o que a Bíblia diz
curando entender sua mensagem plicações de uma determinada pas-
sobre certo tópico (tema) e assunto.
principal (síntese). sagem bíblica.

2.2.3 TRÊS SEGMENTOS PARA ESTUDAR A BÍBLIA

OBSERVAÇÃO INTERPRETAÇÃO APLICAÇÃO


O que eu vejo? O que significa? O que devo fazer?

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2.2.4 NOVE PERGUNTAS PARA ESTUDAR A BÍBLIA


Baseado no livro Vivendo na Palavra, de Howard e William Hendriksen, algumas perguntas também podem
ser feitas ao texto bíblico. Certamente elas o ajudarão a extrair conteúdo para melhor ensino.
1. Há um exemplo a seguir?
2. Há um pecado a evitar?
3. Há uma promessa a reivindicar?
4. Há uma oração a repetir?
5. Há um mandamento a obedecer?
6. Há uma condição a atender?
7. Há um versículo a memorizar?
8. Há um erro a notar?
9. Há um desafio a enfrentar?

3. INTERAÇÃO

Desejo de saber melhor o que a Bíblia ensina para ser um crente melhor.
Adquirir apenas conhecimento intelectual não é suficiente. O saber cego ensoberbece. É hora de colocar em
prática a palavra de Deus.
A maior parte do tempo de aula é dedicada à informação. Não há erro nisso! Mas se não houver direciona-
mento à prática do assunto aprendido, então houve falha. Duas frases de Perry Downs nos fazem refletir sobre o
assunto.

“Se fosse verdade que saber é fazer,


tudo que precisaríamos fazer
seria ensinar às pessoas a verdade,
e elas então a praticariam.”

“Ouvir não é o mesmo que aprender.


É bem possível ouvir uma instrução
e deixar de aprendê-la.”

A ilustração a seguir exemplifica a ideia de busca de conhecimento bíblico aliada à prática da fé cristã.

“TodaaEscrituraéinspiradaporDeuseútilparaoensino,paraarepreensão,paraacorreção,paraaeducaçãona
justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17)

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RECURSO RAZÃO RESULTADO


“Toda a escritura” “...útil para...” “... a fim de que...”

HOMEM DE DEUS

CARÁTER
De Gênesis a Apocalipse • Ensino (quem ele é):

• Doutrinas • Repreensão PERFEITO EM CRISTO


• Princípios • Correção
• Mandamentos • Educação
CONDUTA
(que ele faz):

HABILITADO PARA
TODA BOA OBRA

“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1.22).

4. INSTRUÇÃO

Desejo de conhecer melhor o conteúdo da Bíblia para ser um crente preparado para toda boa obra.

4.1 ENSINANDO COM OBJETIVIDADE


“Não podemos transferir conhecimentos de nossa mente
para a mente de outrem como se eles fossem constituídos de matéria sólida,
pois os pensamentos não são objetos que podem ser tocados, manuseados [...]
As ideias têm que ser pensadas na outra mente;
as experiências, revividas pela outra pessoa”
John Milton Gregory

Hendriksen, escrevendo sobre a lei do ensino no livro Ensinando para Transformar Vidas, páginas 43-44, conside-
rou muito bem a ideia de ser objetivo dentro âmbito do ensino. Ele narrou que certa vez foi pregar em uma igreja e, quando
subiu no púlpito, viu uma placa à sua frente com os dizeres: “afinal, aonde você quer chegar?” Hendriksen mencionou que
aquela placa quase destruiu sua pregação. Após o culto, ainda angustiado, ele foi direto para o pastor da igreja e perguntou
qual a razão daquela placa. O pastor local explicou que já fazia doze anos que ele pregava sem saber qual o seu real objetivo.
Até que certo dia ele se deu conta de que, se não sabia onde queria chegar, provavelmente os membros locais não saberiam
o que deveriam fazer. Daquele ponto em diante, ele passou a elaborar objetivos bem definidos para as suas pregações.

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Diante desse fato, duas perguntas precisam ser feitas aos professores:
Você tem objetivos bem definidos quando ensina?
Você sabe ensinar seus alunos, direcionando-os a um objetivo específico?

4.2 ENSINANDO COM A PRÁTICA


A ideia básica é de ação ou reação em relação ao ensino da palavra de Deus. Talvez essa seja a parte mais
difícil. Procure apresentar questões voltadas à prática do que está sendo ensinado. Se o tema é oração, faça seus alu-
nos orarem; se o tema é evangelização, estimule-os a evangelizarem; se o tema é cuidado interpessoal, conduza seus
alunos a fazerem algo por alguém. Enfim, a ideia é levar ações práticas dentro do contexto de sala de aula. Uma boa
forma de fazer isso é estabelecer desafios que sejam cumpridos ao longo da semana.

4.3 ENSINANDO COM MATERIAL DE QUALIDADE


Há muitos recursos que podem ser usados como apoio para o ensino bíblico. Alguns deles estão
listados na bibliografia desta apostila.
No contexto de escola bíblia, o material da Editora Cristã Evangélica pode favorecer intensamente o ensino
bíblico. A grande ênfase no currículo apresentado pela editora é o estudo de livros da Bíblia, sendo atualmente: 13
revistas com estudos nos livros do AT e 14 do NT; 9 a respeito de doutrinas bíblicas; 10 de vida e serviço cristãos;
3 biografias bíblicas.
Nas séries para adultos, a editora publica a revista de aluno, o Guia do Professor, além de slides em Power-
Point com recursos práticos e didáticos para a ministração da aula.

GUIA PARA OS RECURSOS DO PROFESSOR

Slides em PowerPoints e outros recursos


Além do Guia do Professor, a ECE disponibiliza gratuitamente os slides no site da Editora.

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Não se esqueça de que o único material com absoluta e perfeita qualidade é a Bíblia. Ela não pode ser des-
prezada de forma alguma. Use os recursos necessários para instruir sobre o conteúdo da Bíblia, mas jamais abandone
a própria Bíblia.

5. INTEGRAÇÃO

Desejo de saber melhor o que a Bíblia oferece a fim de estar preparado para toda boa obra em harmonia com
outros ministérios.
Do latim communis, o termo “comunicação” significa em comum. Para que haja comunicação entre pessoas
e ministérios, é preciso estabelecer pontos comuns. Segundo Sherron K. George, o ministério de ensino não se res-
tringe a alguns membros, mas deve envolver a igreja toda.
Paulo, escrevendo à igreja em Éfeso, no capítulo 4.15 e 16, afirma: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresça-
mos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta,
segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor”.
A ideia expressa no texto é de crescimento corpóreo. Nesse sentido, a edificação de todo o corpo se dá pela
cooperação de cada membro. O ensino bíblico deve envolver todos os ministérios ou departamentos da igreja local,
alcançando a igreja toda.

UMA PARCERIA NECESSÁRIA

MINISTÉRIOS PROGRAMA
DA IGREJA LOCAL DE ENSINO
ESCOLA Bebês Objetivos
DESAFIOS ALVO
BÍBLICA Crianças Currículo
Dificuldades Edificação
Departamento Adolescentes Recursos didáticos
Necessidades Unidade
de ensino Jovens Recursos humanos
Adultos Estratégias
Idosos Avaliação

PARA REFLEXÃO:
• Que tipos de “pontes” podem ser criadas a fim de produzir algo comum entre a escola bíblica e outros minis-
térios/departamentos?
• Quais as melhores formas de interação entre a escola bíblica e outros ministérios/departamentos?

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CONCLUSÃO

Segundo o pr. João Arantes Costa (pastor emérito da Igreja Cristã Evangélica de São José dos Campos), para
que uma lição tenha vida, ela precisa estar voltada para os três objetivos de uma escola bíblica:
(1) ensino da Bíblia para a salvação (Rm 10.14) – DOUTRINA;(2) ensino da Bíblia para a conduta (Sl 119.9) –
ÉTICA;(3) ensino da Bíblia para o serviço (Ef 4.11-16) – MISSÃO.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SUGESTÕES DE LEITURA

Andragogia em ação. Zezina Soares Bellan. 2ª. Edição. Santa Bárbara d’Oeste: SOCEP, 2008.
Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem. Tasso Eira DeAquino. São Paulo: Pearson-Pren-
tice Hall, 2007.
Estilos de aprendizagem. Marlene LeFever. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
Educação cristã – Curso Básico de Teologia. Madalena de Oliveira Molochenco. São Paulo: Vida Nova, 2007.
Aprendizagem do adulto professor. Vera Maria Nigro de Souza Placco (org.). São Paulo: Loyola, 2003.
As 7 leis do aprendizado. Bruce Wilkinson. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1998.
Ferramentas do professor de EBD
Bíblias de Estudo (Shedd, Anotada Expandida, Almeida, etc.)
Dicionário da língua portuguesa (em papel ou eletrônico - Houaiss, Aurélio, etc.)
O Novo Dicionário da Bíblia (Edições Vida Nova)
Manual Bíblico Vida Nova ou Manual Bíblico Unger (Edições Vida Nova)
Concordância ou chave bíblica (Sociedade Bíblica do Brasil)
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia (Editora Hagnos)
Comentários bíblicos (Séries Cultura Bíblica, Comentário Esperança, Cultura Cristã, A Bíblia Fala Hoje-ABU)
Livros sobre assuntos específicos (família, liderança, aconselhamento, adoração, missões, etc.)
Bíblia Online e/ou Biblioteca Digital da Bíblia (Sociedade Bíblica do Brasil)
101 ideias criativas para professores, David Merkh e Paulo França. Editora Hagnos
Ensinando para transformar vidas, Howard Hendricks. Belo Horizonte: Editora Betânia, Internet - www.moner-
gismo.com/links.htm - www.bibliaonline.net - e sites de busca
Teologia Sistemática, Wayne Grudem. (Edições Vida Nova)
Teologia Básica, Charles C. Ryrie (Editora Mundo Cristão)
Manual de Doutrinas Cristãs, Wayne Grudem (Editora Vida)
Teologia Sistemática, Wayne Grudem (Edições Vida Nova)
Teologia Básica, Charles C. Ryrie (Editora Mundo Cristão)
Manual de Doutrinas Cristãs, Wayne Grudem (Editora Vida)

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COMBO 6 (Adultos) / WORKSHOP

COMO ENVOLVER O ALUNO NO ENSINO BÍBLICO


Envolvidos em toda boa obra

INTRODUÇÃO

Uma questão a ser considerada ao se ministrar a aula bíblica é a contextualização do ensino. Contextualizar
significa aproximar um assunto das necessidades do aluno e de sua vida cotidiana, o que vai além dos espaços for-
mais de aprendizado.
Para que o processo de ensino-aprendizagem continue durante a semana, algumas ações são necessárias. A
primeira é percorrer um caminho que vai da prática à aula. Isso se dá quando o professor ou o aluno trazem, do dia a
dia, questões para serem tratadas à luz dos estudos bíblicos. A segunda via é o caminho inverso. A teoria é levada para
a prática e aplicada no dia a dia. A terceira via apresentada é a via completa, ou seja, melhor ainda do que as outras é
trazer o cotidiano do aluno para ser julgado e estudado à luz da Palavra e, posteriormente, levar de volta para a prática
o que ele aprendeu, criando um ciclo positivo de aprendizado. Isso se dá não somente durante a aula, mas em todos
os dias da semana.
As três ações, brevemente estudadas, serão ilustradas a seguir no que chamaremos da teoria do 100 SEM,
ou, a matemática do 100 SEM, SEM 100 ou 100 100!

O que escuto esqueço. O que vejo lembro. O que faço entendo.


Provérbio Chinês

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1. 100 teoria SEM prática

Como alguma coisa pode ter 100% de algo bom e ainda não ser totalmente boa? Parece contraditório? Na
verdade, não é!
Ninguém duvida de que precisa estudar muito a Bíblia se quiser crescer espiritualmente. A própria Palavra
traz sua defesa quando ensina que as pessoas erram por não conhecerem as Escrituras (Mt 22.5), e que lâmpada para
os pés é a Palavra (Sl 119.105). O próprio Mestre afirmou que Suas palavras jamais passarão (Mt 24.35).
Isso tudo quer dizer que é essencial para o crente ser estudioso da Bíblia.
A grande questão é que apenas estudar a Bíblia, algo 100% bom, não é suficiente. A própria Palavra ensina:
estudar sem praticar não produz os efeitos esperados por Deus para quem lê Suas palavras.
Quando se fala que estudar e não praticar é insuficiente, não diminui a importância do crescer na Palavra.
Apenas alerta para a necessidade de um segundo passo.
Para o fortalecimento do que se estudou durante os encontros formais na igreja, há medidas importantes
que devem ser seguidas pelo crente, no decorrer da semana.

a. Vida devocional
É o momento do dia que o crente separa para leituras bíblicas, com o intuito de ouvir o que Deus quer falar.
É um momento de encontro individual com Deus, usando Sua Palavra.

b. Culto doméstico
É momento semelhante à devocional, mas com outras pessoas. É o momento em que a família aprende so-
bre a verdade propagada pela Palavra.

c. Estudo bíblico aprofundado


É uma ação que necessita de um pouco mais de tempo; requer material específico, como Bíblias comen-
tadas, enciclopédias e comentários bíblicos. Para os iniciantes, a Internet pode ser uma grande ajuda, entretanto, é
preciso verificar a confiabilidade dos sites escolhidos para pesquisa.

d. Versículos decorados
Decorar versículos é uma boa forma de estudo, mas pouco praticada em nossos dias. Jesus usou trechos
decorados da Bíblia para Se defender dos ataques do inimigo, demonstrando ser importante essa ação.

DESAFIANDO GIGANTES (DESAFIO PARA A SEMANA)


Prepare pequenos cartões de papel. A cada semana, escolha um versículo e escreva-o num cartão, coloque-o
em lugar acessível e próximo.
Nos momentos de espera, na fila, no ônibus ou no engarrafamento, utilize o cartão para decorar o versículo.
Pense: em um ano, você terá decorado mais de 50 textos.
Dê um passo a mais. Semanalmente, envie esse versículo decorado a um amigo pelo Facebook , WhatsApp
© ©

ou e-mail.

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DINÂMICA PARA A AULA


Apresente o relato, a seguir, aos alunos para que façam observações e intervenções.

Roberto é muito inteligente, ocupa um cargo importante diante da sociedade e se declara ateu. Re-
centemente, fui à sua casa para um churrasco e ele proferiu várias gracinhas sobre a Bíblia, afinal,
algumas de suas características marcantes são ser extremamente zombador e sarcástico. Fiquei es-
pantado: como um ateu poderia conhecer tão bem essas histórias?! Depois de alguns dias, alguém
me disse que a Bíblia é o livro de cabeceira dele e que ele a usa para leituras diárias. Esse é o motivo
de ter conhecimento tão grande das histórias e doutrinas bíblicas.
Aonde podem chegar as consequências de um 100 SEM, ou seja,
uma pessoa 100% teoria, SEM prática do que estuda?

2. SEM teoria 100 prática

Para que uma prática seja boa, deve estar edificada numa boa teoria! A questão é que nem toda boa prática
tem como base boas teorias. Como assim? Há grandes exemplos disso. Um homem pode distribuir cestas básicas,
ser mantenedor de orfanato, ser marido fiel e bom pai, no entanto, fazer tudo isso baseado na teoria de que tais prá-
ticas o levarão a alcançar a salvação. Isso é um exemplo de 100% prática SEM teoria, ou seja, ótima prática, péssima
teoria.
Tiago, em sua carta, diz que o crente deve ser praticante da Palavra (Tg 1.22) e não apenas ouvinte. Edifica-
do sobre este e sobre outros textos bíblicos, a conclusão é que a prática é extremamente importante, mas deve estar
baseada em boa compreensão bíblica, adquirida pelo estudo bíblico, em qualquer dia da semana.
O grande desafio do professor é fazer com que o seu ensino não seja mera teoria. No ministério de Jesus,
vemos que chamou pessoas para que fizessem o que Ele ensinava e fazia. Quando chamou Pedro, Tiago e João, Jesus
disse: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4.19). Jesus chamou aqueles homens para aprende-
rem com Ele a “pescar” pessoas.
Em momento algum, Jesus chamou pessoas para que fizessem o que Ele não estava disposto a fazer. Diante
disso, o professor deve ser ensinado a nunca chamar os alunos a fazerem o que ele não está disposto a fazer.

DINÂMICA PARA A AULA


Com imagens, gravuras e/ou vídeos, apresente a diferença que existe entre o mar Morto e o mar da Galileia
(que, na verdade é um lago). Ambos são alimentados pelo rio Jordão, mas são diferentes, entre outros aspectos, por
ser o mar Morto apenas receptor de águas, e o mar da Galileia, receptor e doador do que recebe. Essa é uma boa
ilustração para mostrar que quem pratica e compartilha o que recebe, vive. Quem apenas recebe e não compartilha,
morre!

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3. 100 teoria 100 prática

Agora sim, chegamos aos 100% teoria e 100% prática. Esse é o objetivo do crente.
É óbvio que quem apenas lida com o nível da teoria nos seus estudos bíblicos não deve ser impedido de ler e
estudar a Palavra. Por outro lado, a pessoa que está apenas no nível da boa prática sem conhecer a boa teoria também
não deve ser repreendida por suas boas ações. A questão é que somente a teoria é insuficiente, e somente a prática
também não é completa. As duas, teoria e prática, devem andar juntas para se complementarem.
Nesse caminho, cada cristão precisa ser zeloso na vida devocional, participante assíduo dos estudos bíblicos
e escolas bíblicas, e alguém que valoriza todas as oportunidades de crescimento pela Palavra. Deve investir na vida
devocional, no culto em família, em estudos aprofundados, versículos decorados...
Por outro lado, o conhecimento não deve surtir efeito sobre sua vida como se vivesse na clausura. O cristão
precisa refletir o que aprendeu na vida cotidiana, nas boas ações que produzam amor ao próximo, bem ao meio am-
biente, cuidado com a família e ações gerais e específicas que glorifiquem a Deus.

DINÂMICA PARA A AULA


Veicule um vídeo sobre pessoas que se mantêm na clausura e no profundo isolamento, como forma de exer-
cício de sua religião. Apresente o material em poucos minutos e, sem se alongar, comente sobre o que é clausura.

No processo de ajudar os crentes rumo à teoria e à prática conjugadas para o bem daqueles que participam
do processo ensino-aprendizagem, quatro princípios importantes precisam ser destacados, e todos devem saber
prontamente as respostas quando uma aula é ministrada.

a. O que eu sei?
É o aprendizado em si. A resposta passa pelo que o aluno estuda e pelo que ele aprende. Ainda em nível
teórico. Aqui, o aluno e o professor devem ter na ponta da língua uma síntese do assunto estudado.

b. O que fazer?
É o início do nível prático. É o que fazer com o que aprendeu. Uma lição sobre oração deve levar o aluno a quê? A
orar! Uma lição sobre missões dever levar o aluno a fazer o quê? Orar pelos missionários, contribuir financeiramente
ou ir ao campo.

c. Como fazer?
Muitos estudos param nos dois passos iniciais. O professor e o aluno entendem o assunto, são despertados
à prática, mas não sabem como fazer. Nesse ponto, o professor desempenha papel imprescindível. Se o aluno apren-
deu sobre missões e sabe que precisa fazer missões com seu dinheiro, a questão passa a ser: como posso investir
financeiramente sem desperdício? Quem é o missionário?

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Numa lição sobre missões, o professor deve apresentar agências missionárias e missionários que precisam
de sustento, de quanto precisam, os números de telefones, sites, e-mails, contatos. Assim, o aluno saberá como fazer.

d. Por que fazer?


Motivação é a razão pela qual se faz algo. Salomão, no seu encontro com Deus, foi questionado sobre seu
grande desejo. Deus lhe atenderia um único pedido. É uma história muito famosa, e todos sabem que Salomão não
escolheu bens, riqueza ou morte dos inimigos, mas sabedoria para reger seu povo. Deus reconheceu os motivos de
Salomão, elogiou-o, deu o que ele pediu e tudo o que ele não pediu como recompensa pela boa motivação.
Além de saber e de aprender a fazer, é importante ao aluno reconhecer por que fazer. Saber que as ações do
crente são motivadas pelo amor que Deus derrama no crente – chamado de graça – é descobrir o motivo.

Para Pensar
Defina o porquê e isso determinará por quanto tempo.

e. O que ganho fazendo?


Com o bem que se faz, todos ganham.
É importante perceber que todas as ações propostas pela Palavra contagiam positivamente a todos e ajudam
a transformar o mundo para o bem. Com a prática da Palavra, o bem volta ao que o pratica, que se motiva novamente
a fazer mais o bem. Isso é um ciclo positivo que ajuda a todos.

Para Pensar
As pessoas se esquecem do que você fala, mas não se esquecem do que você faz.

DINÂMICA PARA A AULA


Ao iniciar o estudo bíblico, dirija duas perguntas relacionadas à lição anterior.
1) Ao aluno: O que você aprendeu, o que fez, como fez, por que fez e o que ganhou fazendo?
2) A você mesmo: O que aprendi, o que fiz, como fiz, por que fiz e o que ganhei fazendo?

Conduza esse período com certo cuidado, especialmente no que diz respeito ao tempo. Use, no máximo,
dez minutos da aula para essa prática.

Um passo final na inter-relação entre teoria e prática é dado quando o aluno passa a ensinar o que aprendeu,
especialmente em ambientes informais, no decorrer da semana.
Em 1Crônicas 29, podemos ver como “os alunos seguem o professor”. O texto nos diz que Davi deu uma
oferta especial para a construção do templo: cerca de 100 toneladas de ouro, 240 toneladas de prata, além de bronze,
ferro, madeira, joias e mármore. Quando o povo viu o que ele tinha feito, também ficou com desejo de contribuir. As
pessoas deram 170 toneladas de ouro, 340 toneladas de prata, 615 toneladas de bronze, 3 toneladas de ferro e joias

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

para o templo. “Os alunos viram o professor fazendo e ficaram com muita vontade de praticar também.” Querido
professor, os nossos alunos vão se esquecer de muita coisa que a gente ensina, mas nunca vão se esquecer de quem
nós somos.

Para Pensar
Uma pessoa retém cerca de 20% daquilo que ouve, 30% daquilo que ouve e vê, e 50% do que ouve, vê e
pratica.

DESAFIANDO GIGANTES
Desafie os alunos depois da lição estudada! A seguir, um modelo de dinâmica para ser desenvolvida ao final da aula,
usando a revista da Editora Cristã Evangélica. Essa dinâmica foi denominada: O Escolhido.

1. Encerrando a lição, sorteie um aluno (o escolhido) que assistiu à aula.


2. Pergunte-lhe: O que chamou sua atenção ou o que você não entendeu?
3. Proponha uma tarefa 100% teórica e 100% prática para a próxima aula, seguindo os passos:
• a respeito de um dos temas estudados na lição, o escolhido aprofundará o conhecimento, por intermédio
de pesquisa, reflexão e novas leituras durante a semana;
• o escolhido elegerá um dos temas estudados para praticar intencionalmente; por exemplo: se o estudo
versou sobre missões, ele poderá enviar diariamente um e-mail aos missionários a fim de conhecer as ne-
cessidades deles e interceder por eles;
• na aula seguinte, o escolhido terá 5 minutos para apresentar sua pesquisa, a expansão do conhecimento e
o relatório de como realizou sua ação intencional.

DESAFIANDO GIGANTES
Um desdobramento da dinâmica anterior chamada O Escolhido é a dinâmica Os Escolhidos. Enquanto a pri-
meira pode ser feita semanalmente, a segunda deve ser feita de forma mais esporádica, pois depende de mais tempo.

1. O professor propõe aos alunos (os escolhidos) um dia de prática. Imagine que a lição seja sobre evangelismo,
com o tema: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”.
2. O professor desafia os escolhidos para saírem com ele em algum dia da semana e orarem pela comunidade.
3. O professor desafia os escolhidos a que façam com ele um evangelismo de impacto.
4. O professor os desafia a distribuírem folhetos e CDs com mensagens evangelísticas.
5. O professor os desafia a pensarem juntos como cumprir o “ide”, no contexto em que vivem.

Nessa dinâmica, o professor ensina com o exemplo, e todos aprendem fazendo.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Conclusão

O cristão deve ter em mente, no decorrer do processo ensino-aprendizagem, que o estudo da Palavra é im-
prescindível, mas não é suficiente, pois ele deve ser mais do que ouvinte, deve ser praticante.
Assim, é importante praticar, pois quem pratica a Palavra é feliz no que faz (Tg 1.25).
Se estudar é ótimo para o crente, e praticar o que estudou redunda em felicidade, a tarefa destinada a todos
é de estudar a Bíblia, não apenas no domingo ou num dia específico da semana, mas diariamente. Juntamente com
o estudo, deve colocar em prática o que aprendeu, para o seu próprio bem, além do bem dos que estão ao redor,
servindo de bom exemplo. Isso deve acontecer todos os dias da semana, de forma intencional e consciente, até que
se torne hábito.

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COMBO 7 (Líderes) / WORKSHOP

O PLANEJAMENTO DO ENSINO NA IGREJA


Crescimento equilibrado

INTRODUÇÃO

Uma boa estratégia ou programa organizacional é muito importante para a igreja; ao negligenciar a organi-
zação, perde-se muito do trabalho na área de ensino, evangelismo, missões, etc.

1. ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL

“Planejar é projetar o curso de ação”


“ninguém planeja para fracassar, Mas poderá fracassar por não planejar”

O termo “organizar”, muitas vezes não é agradável às pessoas. A maior parte dos especialistas em cresci-
mento da igreja cuida da administração por necessidade e não por vontade própria.

Exemplos bíblicos que mostram a importância da organização e do planejamento:


• Moisés (Êx 18.14)
• Jesus ensina (Lc 14.28-29)
• Discípulos na multiplicação dos pães e peixes (Mc 6.37,39,40)
• Igreja primitiva (At 6.3-4)
• E outros exemplos...

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

O resultado de uma boa estratégia assegura um crescimento efetivo e equilibrado.


“Crescia a palavra de Deus e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssi-
mos sacerdotes obedeciam à fé.” (At 6.7)

2. Programa educacional / Boa estratégia para ensinar

Algumas questões que devem ser consideradas no programa educacional, como: objetivos, efeitos e carac-
terísticas.

2.1 OBJETIVOS
Os objetivos do programa devem ser bem definidos, contendo objetivos gerais e outros específicos
conforme a área ou atividade que o projeto pretende abranger.

Os objetivos gerais da escola bíblica estão claramente definidos na Grande Comissão:


“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espí-
rito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei.” Mateus 28.19-20 – NVI

“façam discípulos – (ensinar) todas as nações” atingir e educar


“batizando-os” atingir e evangelizar
“ensinando-os a obedecer” educação e aplicação

Os objetivos específicos da escola bíblica (ou de seu programa educacional) devem ser derivados do tema
a ser trabalhado na igreja. Exemplos de alguns objetivos específicos do ensino.
• Formar cristãos com caracteres maduros (discipulado)
• Preparar os crentes para o serviço cristão (serviço)
• Evangelizar aqueles que não são convertidos (evangelismo)
• Ajudar na solução de problemas (ação social)
• Solidificar o ensino da Escrituras (doutrina)
• Preparar os cristãos para se relacionar entre si (comunhão)

2.2 EFEITOS
Os efeitos de uma boa estratégia para ensinar:

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• A igreja será capacitada a cumprir fielmente a Grande Comissão. Nossa preocupação não é fazer crescer a igreja, mas obede-
cer à Grande Comissão (Mt 28.19,20), o crescimento será a consequência. É Deus quem quer que a Sua igreja
cresça. Nosso papel é colocar todos os nossos recursos à Sua disposição da maneira mais eficiente possível.

• Será como plano mestre e ajudará a evitar erros custosos. Uma boa estratégia organizacional deve funcionar
como um plano-mestre em distribuir as pessoas e os recursos para cumprir a Grande Comissão.

• Capacitará a igreja a gerenciar seus recursos. Os recursos principais de que dispomos na igreja são: pessoas,
dinheiro, terreno e espaço para a construção. Deus provê os recursos necessários em todas essas áreas, mas Ele
requer que sejamos bons despenseiros.

• Criará espírito de equipe. O foco principal é a missão, pensando no bem de todos, criando assim um espírito de
equipe.

• Ajudará a criar novas unidades. A estrutura organizacional sendo dividida em grupos de interesse (assunto, faixa
etária, etc), tende a um crescimento maior. As novas unidades alargam a base da pirâmide, capacitando-a a
sustentar maior altura.

• Promoverá melhor comunicação. À medida que a igreja cresce a comunicação se torna difícil e deficiente. Ao
organizar a escola bíblica em grupos pequenos a comunicação melhora, tornando-se mais pessoal.

• Enfatizará o ministério total da igreja. Na abrangência de um programa educacional as pequenas partes são vistas
no contexto do todo e asseguram um ministério equilibrado e integrado para a igreja.

2.3 CARACTERÍSTICAS
As características do programa educacional:
Organização abrangente. Responsável por atingir todos os prováveis alunos da igreja, engajar os membros
para a edificação na palavra de Deus.
A escola bíblica deve incluir o corpo inteiro da igreja, incluindo membros, não membros, crianças e adultos
administrativamente organizados com responsabilidades definidas de ensinar, atingir, ministrar e obter comunhão.
Portanto a escola bíblica representa a igreja organizada para executar a Grande Comissão, objetivo geral do Progra-
ma Educacional.

Estudo bíblico relevante e significativo. A escola bíblica deve equipar a igreja e ministérios com recursos e
liderança para o desenvolvimento de sua vida espiritual e serviço cristão efetivo.
Ela deve estar organizada para atender às necessidades de todos os grupos etários, de bebês a idosos, em
ambientes adequados e usando métodos de aprendizado para cada nível de desenvolvimento.

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Formato dinâmico com eficácia. O programa organizacional eficaz coloca os recursos da igreja à completa
disposição do Senhor, para que possam ser usados da maneira mais eficiente possível no cumprimento da Grande
Comissão.
O programa pode incluir, além da escola bíblica, outras agências e atividades educacionais, conforme as
necessidades da igreja local e todas devem estar relacionadas e integradas.

3. Equipe de trabalho para o programa educacional

3.1 FORMAÇÃO DA EQUIPE E ESTRATÉGIAS


O trabalho feito em equipe se torna mais eficaz se for composto de pessoas com alto compromisso com
Deus e com a Sua Palavra, com a igreja e a comunidade. A liderança deve ter identificação de alto nível com seus
alunos, sem preconceitos discriminativos.

Sugestões de áreas que podem ser desenvolvidas na escola bíblica:


- Comissão de Educação Cristã (CEC) - Algumas igrejas locais contam com uma comissão ou coordenação própria
de educação cristã, que assessora e/ou planeja o ministério educacional. A comissão tem as seguintes funções: es-
tudar as necessidades educacionais da igreja local, estabelecer objetivos, desenvolver programas, propor currículo,
levantar recursos materiais e humanos, desenvolver um interesse educacional entre os membros da igreja, estimular
a cooperação entre o lar e a igreja, avaliar os resultados, etc. Ela atua na administração do Programa Educacional.
• Diretor (ou superintendente) e vice-diretor;
• Secretários;
• Professores;
• Assistente pedagógico;
• Assistente de eventos;
• Líder da área de música;
• Equipe de marketing.

As estratégias são atividades especiais, de acordo com as datas importantes eclesiásticas (da sua denomi-
nação) e datas seculares. As estratégias devem conter:
• Calendário de atividades;
• Concursos;
• Treinamento;
• Equipe de louvor;
• Biblioteca;
• Relações públicas;
• Área de saúde;

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• Assistência social (se a igreja não tiver);


• Área de missões;
• Grupo de intercessão;
• Centros de interesse (SOS); etc.

3.2 PASSOS FUNDAMENTAIS PARA TRABALHAR EM EQUIPE


MOTIVAÇÃO: o primeiro passo para a ação

Motivação é uma das forças mais poderosas que movem o ser humano. Ela é o click que faz com que o ser
humano se esforce para alcançar seus objetivos. No entanto, motivação por si só não produz os resultados esperados.

Eficácia é o resultado efetivo e competente de um indivíduo que combina vários fatores entre si, que traz
uma definição equilibrada de motivação, capacitação e eficácia.

Gráficos do livro: Organização e Liderança na Igreja Local, de Keneth K. Killinski e Jerry C. Wofford:

EFICÁCIA NO Situação do trabalho: Pessoa, Capacidade,


= +
DESEMPENHO Tarefas, Ambiente, Alvos Espiritualidade, Motivação

A motivação está ligada a aspectos interiores da pessoa:

NECESSIDADE IMPULSO ALVO

SATISFAÇÃO

Além dos aspectos interiores, também tem os aspectos exteriores que podem ajudar na motivação do indi-
víduo.

Vamos começar pela tarefa. É muito importante que a tarefa de cada indivíduo seja bem definida, que ele
saiba claramente o que se espera dele.

O segundo aspecto fundamental é o ambiente. As condições de trabalho são mais importantes ainda na
igreja e no trabalho, é o clima dos relacionamentos entre os membros da equipe.

Os alvos representam o terceiro aspecto. Eles devem ser definidos em três dimensões: curto, médio e longo
prazo. Além de alvos individuais, alvos corporativos devem ser desenvolvidos.

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CAPACITAÇÃO: o passo que dirige a ação

Num segundo momento, a capacitação é um dos ingredientes que mantêm a motivação em alta. Falta de
preparo pessoal, de saber lidar com o material didático, de conseguir atingir os alvos com os alunos são fatores que
podem desmotivar os membros da equipe.

Por isso, capacitação é uma prática essencial. Devemos lembrar que todo crente é capacitado com dons es-
pirituais que o próprio Espírito lhe concede e que, por isso, estão envolvidos no ministério do Senhor. No entanto,
o treinamento é muito importante pelas seguintes razões: torna os membros mais conscientes de seus dons espiri-
tuais e de como são mordomos desses dons; mostra quais as tarefas práticas que são naturais a seus dons; possibilita
lidar com a experiência de outros; relaciona experiências de outros campos da vida do membro com o seu trabalho;
dá oportunidade de reflexão; melhora o seu estudo da Bíblia.

O planejamento da capacitação é baseado no conhecimento concreto das necessidades da igreja, da comu-


nidade e da equipe que trabalha conosco. O conhecimento das necessidades não só define o conteúdo do treina-
mento, mas também: método, participantes, treinadores, duração, execução e avaliação.

Os professores devem ser convidados a lecionar sabendo que a capacitação faz parte integrante da tarefa
deles. O treinamento pode ser feito de quatro maneiras:

• Orientação inicial. Antes de começar o programa, o ministro de educação, a comissão de educação, juntamente
com o pastor deverão se reunir com todo o pessoal envolvido no programa educacional, com a finalidade de es-
timular, inspirar, planejar, esclarecer responsabilidades, orientar quanto ao uso da literatura, apresentar progra-
mas, horários e abordar qualquer outro assunto que ajude a se obter um bom começo do programa educacional
daquele ano.

• Oportunidades especiais de aprendizagem. Durante o ano, a igreja deve oferecer a seus professores e líderes
envolvidos no programa educacional oportunidades especiais de aprendizagem pedagógica. Pode ser através
de seminários práticos, seminários com pessoas especializadas na área da educação, ou até com uma equipe de
treinamento.

• Treinamento contínuo. Além destas oportunidades, que talvez envolvam também os de fora da igreja local, é
aconselhável a realização de reuniões periódicas dos professores e líderes envolvidos no programa de educação.
As reuniões podem ser trimestrais, bimestrais ou mensais, para avaliação do período anterior. Todavia, se a
igreja reunir o seu corpo educacional semanalmente, ou duas vezes por mês, colherá mais benefícios. Quanto
mais frequentes forem as reuniões mais coeso será o programa.

Existem quatro ingredientes fundamentais para a reunião periódica: estudo bíblico relacionado com a vida
dos professores; estudo bíblico para o aprofundamento do assunto que será estudado; atividades que visem melho-
rar as habilidades pedagógicas; estudo antecipado da unidade ou da lição.

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• Relações interpessoais com o ministro de educação religiosa, comissão e/ou pastor. Muito do que um professor
ou outro líder educacional da igreja precisa aprender para o seu desenvolvimento, obterá informalmente em
seu relacionamento pessoal com os dirigentes do programa. É importante cultivar amizade fraterna para que
possam aprender uns com os outros e obterem uma visão uniforme do que o programa pode significar para o
crescimento da igreja.

Sugestões de assuntos para o treinamento:


• Livro: Primeiros passos para professores. Autor: William Martin. Editora Vida.
• A importância da educação cristã (apostila 1ª aula);
• Bases da educação cristã (anexo na apostila da 1ª aula);
• Métodos e técnicas de ensino (apostila 2ª aula);
• Recursos audiovisuais (apostila 2ª aula);
• Dinâmicas de grupo (apostila 2ª aula);
• Dicas práticas para a sua Escola Dominical (vide apostila da 3ª aula no anexo 2);
• Livro: As sete leis do ensino. Autor: John Milton Gregory. Editora JUERP;
• Livro: Ensinando para transformar vidas. Autor: Howard Hendricks. Editora Betânia.

PASTOREAMENTO: o passo da manutenção

O pastoreamento de sua equipe é essencial porque cria um suporte para aqueles que estão ocupados com o
funcionamento das classes na EB ou grupos nos lares. Esse pastoreamento deve ser individualizado e em equipe. Os
elementos essenciais dessa atividade são:
• valorizar o trabalho da equipe que está conosco abrindo espaço para a tomada de decisões;
• avaliar constantemente e revisar os alvos anteriormente estabelecidos e as propostas para corrigi-los;
• valorizar o pessoal ao cuidar das necessidades de cada membro da equipe;
• equipar adequadamente o ambiente de trabalho. Ter material e recursos sempre à mão.

4. Ciclo do planejamento curricular

Etapas para um programa educacional (que pode ser anual, bienal, etc.)

1ª ETAPA – LEVANTAMENTO PRELIMINAR


• Pesquisa com os alunos - obter críticas e sugestões para planejar os assuntos e atividades educacionais.
• Entrevista com membros da igreja que não frequentam a EB ou grupos nos lares - conhecer os motivos pelos
quais não frequentam.

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• Entrevista com o pastor e/ou líderes - receber indicações de assuntos que precisam ser estudados e que estejam
em concordância com o tema geral da igreja.
• Levantamento dos recursos humanos - quantificar professores que poderão atuar no ensino e possível amplia-
ção do quadro docente.
• Levantamento dos recursos materiais - tomar conhecimento dos recursos materiais existentes nas classes, para
melhor equipá-las, pois assim os professores apresentarão as aulas com recursos didáticos, e a aprendizagem
será maior.

2ª ETAPA – PLANEJAMENTO
• Coletar os dados e tabular - ter uma visão geral dos alunos, membros que não frequentam os grupos de estudos,
pastor e/ou líderes.
• Reunião com liderança do ministério de educação para fazer o programa - planejar juntos para uma mesma
visão e direcionamento.
• Reunião com pastor e/ou líderes – aprovar o programa, currículo e ter o apoio da liderança da igreja.

Questões a serem consideradas quanto ao Currículo

Currículo: “É um grupo de assuntos constituindo um curso de estudos, planejado e adaptado às idades e


necessidades dos alunos. Noutras palavras: é um meio educacional para atingir os objetivos do ensino” (Antonio
Gilberto).

O currículo deve estar centralizado na Bíblia, sem exceção, fornecendo informação e dados cognitivos, mas
práticos e aplicáveis à vida diária.

a. Divisão das classes

Ao pensar no currículo, precisamos primeiramente saber qual a melhor opção para a divisão das classes ou
grupos. Qual o espaço, características comuns, necessidades para a divisão ou não das classes ou grupos.

b. Assuntos para o estudo

O mais comum é o currículo adotado por meio de uma editora evangélica, que produz revistas para a escola
bíblica ou grupos pequenos.
• O currículo pode ser preparado de forma que todas as classes da escola bíblica ou grupos nos lares estudem o
mesmo tema.
• Outros preveem para estudo na escola bíblica o mesmo texto bíblico, mas com diferente enfoque ou tema para
cada grupo.
• Existem os currículos abertos que apresentam vários temas, e o aluno, seja qual for a sua idade, pode escolher o
assunto que deseja estudar.

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• O currículo pode ser baseado em assuntos diferentes, conforme a necessidade da classe por faixa etária. Podem
ser adotados livros ou a igreja pode preparar o próprio material didático, se houver pessoas capacitadas.
• Currículo misto, variando conforme os itens anteriores. Deve ser bem planejado e controlado para não extrapo-
lar o cronograma anual de aulas.
• Planejamento de estratégias.

As escolas bíblicas, ou grupos nos lares, devem ser dinâmicos, ter criatividade e bom funcionamento nas
áreas propostas em seu planejamento. As estratégias são atividades especiais, de acordo com as datas importantes
eclesiásticas (da sua denominação) e datas seculares.

As estratégias devem conter e ser adaptadas às necessidades e realidades da igreja local. Exemplos de estra-
tégias: calendário de atividades; concursos; treinamentos; equipes de louvor; biblioteca; relações públicas; área de
saúde; ação social (se a igreja não tiver); área de missões; grupos de intercessão; centros de interesse (SOS); etc.

Observação importante: As mudanças são importantes, mas devem ser feitas na hora certa, após
consultar as pessoas e orientá-las para que compreendam as razões; e seguir um planejamento.

3ª ETAPA – PREPARAÇÃO
Curso de treinamento para professores e líderes envolvidos no programa.
A capacitação é um importante aspecto na preparação da equipe, conforme descrito anteriormente.

4ª ETAPA – EXECUÇÃO
Executar o programa com oração e na dependência do Espírito Santo.

5ª ETAPA – AVALIAÇÃO E CONTROLE


Algumas atividades devem ser planejadas com os professores, para verificar se o programa está atingindo os objeti-
vos. Exemplos:
• Participação dos alunos para expor o assunto estudado.
• Concurso com perguntas sobre o assunto estudado.
• Pesquisa e apresentação.
• Acampamento e passeio com atividades para a verificação, na prática, do que foi aprendido.
• Relatório feito pelos professores sobre a classe, no final de cada período.
• Avaliação do assunto estudado, feita pelos alunos, no final de cada período.
• Culto de encerramento com formatura pode ser planejado para o final do ano, quando serão entregues diplo-
mas aos alunos que tiverem certa frequência em cada período (incentivo para maior assiduidade)

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

6ª ETAPA – READEQUAÇÃO
É necessário ajustar o programa às necessidades e alcançar os objetivos, atingindo de fato a vida dos alunos,
para haver transformação (2Co 3.18).

Conclusão

O ministério de educação tem papel fundamental para a saúde espiritual e doutrinária da igreja.

Planejamento e contextualização são palavras-chave para fazer do ministério de educação uma ferra-
menta poderosa de crescimento (espiritual, numérico, na comunhão, etc.) do corpo de Cristo.

Bibliografia

ARMSTRONG, Hayward. Bases da Educação Cristã. Rio de Janeiro: JUERP, 1992.


HEMPHILL, Ken. Redescobrindo a alegria das manhãs de Domingo. São Paulo: Eclesia, 1997.
GEORGE, Sherron. Igreja Ensinadora. Campinas: LPC, 1993.
Apostila do Congresso em Serra Negra da Editora Cristã Evangélica / 99. Uma Escola Dominical Dinâmica. Profa.
Eny Borges.
Apostila: O processo Ensino aprendizagem. Rev. Gildásio Jesus Barbosa dos Reis. Internet.
Apostila: Escola Bíblica Dominical. Beatriz Gama Resende. Internet.

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COMBO 8 (Líderes) / WORKSHOP

A EDUCAÇÃO SEGUNDO A BÍBLIA


Crescimento equilibrado

INTRODUÇÃO

Você já investiu tempo em pesquisar o que a Bíblia diz sobre quem é o aluno, ou o que ela diz sobre o pro-
cesso para ensinar? Se ainda não teve oportunidade de pesquisar esse assunto, aproveite este seminário para refletir
a respeito de alguns princípios fundamentais da Educação Cristã, segundo as Escrituras.
Para isso, vamos procurar na Bíblia respostas a seis perguntas fundamentais.
1. Quem é o aluno?
2. Quem é o professor?
3. O que ensinar?
4. Por que ensinar?
5. Qual o processo para ensinar?
6. Onde ensinar?

1. QUEM É O ALUNO?

Do ponto de vista de Deus, todos somos aprendizes. Nenhum de nós para de aprender. Começamos a
aprender no ventre materno e só pararemos com a morte. Sendo assim, todas as pessoas, pela graça de Deus, são
capazes de aprender e ser transformadas pelo que aprendem.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

a. Como todo ser humano, o aluno é pecador (Sl 51; Rm 3.32). Ele nasce impuro e sua natureza está contaminada com o
mal. Não se impressione ao perceber que os alunos aprendem a fazer o que é errado mais facilmente do que
aprendem a fazer o certo.

b. O aluno é amado por Deus, e por ele Jesus morreu (Jo 3.16). Mesmo sendo pecador, Deus o amou e entregou Seu único
Filho para morrer, a fim de reconciliar-se com ele (Ef 2.11-21). Deus não desistiu do homem por ser ele peca-
dor. Nós também não podemos desistir de nossos alunos porque eles pecam.

c. O aluno necessita de salvação e transformação. Somente pela atuação do Espírito Santo, ele se torna capaz de apren-
der a vontade de Deus e de ser transformado por ela ( Jo 14.26; 16.7-14). Mesmo assim, não se esqueça de que
sempre haverá dentro dele uma batalha entre a velha e a nova natureza (Ef 4.17-24).

d. Como todo ser humano, o aluno foi criado por Deus à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26). É exatamente a imagem de Deus
que confere ao homem as capacidades de criação, inteligência e escolha. Diferentemente dos outros animais,
o ser humano não aprende apenas por processos mecânicos, instintos ou ações repetidas. Ele pensa, reflete,
questiona, transforma, cria, analisa, pondera, escolhe. Devemos estimular os nossos alunos a usarem essas
capacidades a fim de governarem bem o mundo, para a glória de Deus (Ef 1.3-14; 2.10).

e. O aluno é responsável diante de Deus por seus atos (Rm 14.12). Todas as pessoas são. Prestaremos contas a Deus por
nossas escolhas e por nossas ações. E haverá consequências eternas. Advirta seus alunos a respeito e ensine-os
a fazerem escolhas responsáveis, e a agirem com prudência e sabedoria (Pv 1.1-7).

Reflexão e prática

Qual desses tópicos mais chama a sua atenção? ________________________________________

Que atitude percebeu que precisa mudar para tornar-se um professor melhor?

2. Quem é o professor?

Em primeiro lugar, como ser humano, o professor também é pecador, necessita de salvação e transformação,
foi criado à semelhança de Deus e é responsável por seus atos. Além disso, do ponto de vista de Deus, o professor
também é um aluno, pois sempre terá o que aprender, desenvolver e aperfeiçoar.

2
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Nas cartas de Paulo a Timóteo, podemos encontrar uma visão bíblica de quem é o professor preparado para
ensinar a palavra de Deus. Há um versículo em especial que descreve as características do professor cristão que de-
seja agradar ao Senhor.

“Procura apresentar-se a Deus, aprovado, como obreiro que não


tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
2Timóteo 2.15

a. “Procura apresentar-te a Deus” – O professor cristão se preocupa com o Senhor e se apresenta diante Dele. A
palavra “procura” traz a ideia de persistência a fim de dar o melhor de si para apresentar a Deus. Ele tem em
mente que tudo que faz é para honrar o Mestre dos mestres, e essa é sua maior motivação. Você tem dado o
seu melhor para apresentar-se ao Senhor? Ao preparar e ministrar suas aulas, sua maior motivação é honrar o
Mestre dos mestres?

b. “aprovado” – A pergunta que fica em nossa mente é: aprovado como? Qual a qualificação que deve ser exami-
nada? O texto diz “aprovado”, isto é, alguém que foi submetido a um teste e passou. Nosso teste é viver a vida
cristã de forma digna e obediente à palavra de Deus. A figura que ilustra essa ideia é a de um metal que foi
purificado pelo fogo e, no final, foi atestado como genuíno (1Pe 1.6-7). Você tem vivido de forma que agrada
a Deus, seguindo os mandamentos e a Palavra Dele? Acha que Deus, observando o seu viver diário, o consi-
deraria “aprovado”?

c. “como obreiro” – O sentido literal da palavra “obreiro” é trabalhador braçal. Metaforicamente, essa palavra é
usada para alguém que se engaja num trabalho espiritual e precisa se esforçar para fazê-lo. Quanto você tem se
disposto a se esforçar e trabalhar duramente no ministério do ensino?

d. “que não tem de que se envergonhar” – No contexto de Timóteo, não ter de que se envergonhar tem a ver com en-
sinar a Palavra sem contaminação com ensinos falsos. Ser fiel ao que à palavra do Senhor diz é essencial para
um professor ser digno diante de Deus, e também dos demais cristãos. Você investe em estudo e pesquisa do
texto bíblico que vai ensinar, a fim de garantir a fidelidade da verdade que ele ensina?

e. “que maneja bem a palavra da verdade” – A palavra “manejar” no texto significa “aplainar o caminho” e “fazer um cor-
te correto”. Aplicada ao ensino, significa ensinar a Palavra com precisão e de modo que os alunos aprendam.
O professor deve zelar tanto por ensinar o conteúdo com precisão quanto por conduzir o aluno na correta
aprendizagem dele. Para isso, primeiro precisa conhecer o conteúdo com profundidade e experimentá-lo na
própria vida. Depois, precisa elaborar maneiras para ensiná-lo de forma eficaz, ajudando o aluno a aprender e
caminhando com ele até que aprenda. Você procura vivenciar o que a palavra de Deus diz antes de ensiná-la?
Quanto se dedica para ensinar com precisão até que seu aluno aprenda?

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Reflexão e prática

A partir da visão bíblica de professor, como você se avaliaria (que nota se daria)? _________________.

Observando os tópicos, que precisa fazer para se aproximar mais da descrição bíblica do professor cristão?
_______________________________________________________________________

3. O que ensinar?

O professor cristão deve ensinar sempre a Bíblia. A palavra de Deus é aplicável a todas as pessoas, de todas as
épocas e de todas as culturas. Na Bíblia, Deus apresenta os princípios que devem guiar e orientar todos os aspectos
da vida do cristão.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito
e perfeitamente habilitado para toda boa obra”
(2Tm 3.16-17).

A palavra de Deus é a base para todos os processos educacionais. Toda a verdade e a sabedoria vêm de Deus,
“em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2.3). Ela é suficiente para educar
o cristão à semelhança de Cristo.
O professor cristão deve ser extremamente zeloso com o conteúdo. É a palavra de Deus que ele está ensinan-
do! Os apóstolos tinham consciência da sua responsabilidade, zelo pelo conteúdo e temor por serem mensageiros
do Deus Vivo. Nos seguintes textos bíblicos podemos perceber como os apóstolos se preocupavam com o conteúdo
do seu ensino.

a. 2Coríntios 4.1-2 – Paulo não adulterava a palavra de Deus; não a distorcia para obter interesses pessoais; ensinava
a verdade aos homens, diante de Deus.

b. 1Pedro 2.2 – Pedro afirma que a Palavra deve alimentar, promover crescimento, e os alunos devem desejá-la
ardentemente.

c. Romanos 15.4 – A Bíblia foi escrita para nosso ensino. Seu propósito é promover o crescimento e a maturidade
do cristão, por meio de tudo que nela foi registrado.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Reflexão e prática
Ao preparar uma aula, você parte do texto bíblico ou se baseia no que diz o autor da lição? ___________.
_______________________________________________________________________

O que costuma fazer para se aprofundar na verdade bíblica e testar se o que o autor da lição disse é coerente
com o que diz as Escrituras? _____________________________________________________

Submeta todo material didático ao que dizem as Escrituras. Estude, confira, compare, questione, coloque
à prova. Faça como os crentes de Bereia, que examinavam “as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de
fato, assim” (At 17.11).
Mesmo no meio escolar, todo o ensino pode ser submetido à luz das Escrituras. Solano Portela nos ajuda a
entender como esse processo é possível em seu livro O que estão ensinando aos nossos filhos?

Área do
Cosmovisão bíblica Finalidade
conhecimento
A criação é governada por leis matemáticas, por
O aluno deve aprender a matemática para conhe-
sequências lógicas (Sl 19.1-2). A matemática é
Matemática cer mais sobre o Criador e dominar sobre a cria-
uma ferramenta para o estudo da obra criativa de
ção com sabedoria (Gn 1.28).
Deus e para o exercício do domínio sobre ela.
É o estudo da criação de Deus. Pela Sua palavra O aluno deve aprender ciências a fim de desco-
tudo foi criado (Hb 11.3). O estudo das ciências brir a glória de Deus (Sl 19.1). Também para ad-
Ciências
revela a glória de Deus, Seu poder, beleza e bon- quirir o conhecimento necessário a fim de gover-
dade. nar sabiamente sobre a criação (Gn 1.28)
Nosso corpo deve ser cuidado porque é o templo O aluno deve aprender a cuidar do seu corpo
Saúde do Espírito Santo de Deus (1Co 6.19). Por meio para a glória de Deus e a glorificar a Deus por
dele, servimos ao Senhor neste mundo. meio do seu corpo (1Co 6.20).
Deus é o regente da natureza, do planeta e das O aluno deve conhecer bem o planeta, a ação da
nações. O estudo da geografia permite observar natureza e as características das nações para que
Geografia
a Deus operando o Seu plano soberano na Terra reconheça o agir soberano de Deus sobre o uni-
(Sl 93.1-2). verso e a humanidade.
Deus é Senhor da história e Ele governa sobre O aluno deve compreender a regência soberana
História pessoas, povos e nações por intermédio de Sua de Deus tanto sobre a história individual como
providência (Sl 22.28). nacional e mundial.
Deus criou o homem como criatura social
O aluno deve propagar o evangelho a todas as
(Gn 1.26; 2.18). Deus ouve e fala para relacionar-
pessoas e culturas (Mt 28.19-20) e testemunhar
Estudos -se com o homem (Is 59.1). A Bíblia apresenta a
na sociedade (Mt 5.13-14). Deve aprender como
sociais ordem social proveniente de Deus e como Ele
ser “sal da terra” e “luz do mundo” numa socieda-
lida com a corrupção moral e social em diversas
de corrompida pelo pecado.
ocasiões.
Tabela com base no livro “O que estão ensinando aos nossos filhos?” (Solano Portela, Editora Fiel, 2012)

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Reflexão e prática

Em suas aulas, você procura usar elementos das ciências e da cultura para fazer conexões entre a vida dos alu-
nos e o conteúdo bíblico? ______________________________________________________.

Em suas últimas aulas, quais elementos de diferentes áreas do conhecimento você incorporou ao ensino bíbli-
co, a fim de evidenciar a ação de Deus na vida de seus alunos? _______________________________.

4. Por que ensinar?

A Bíblia deixa bem claras algumas razões por que o ensino é necessário e fundamental ao crescimento e ao
amadurecimento dos cristãos. É por meio da aprendizagem correta da Palavra que nos tornamos aptos a cumprir os
mandamentos do nosso Deus.

a. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento”
(Lc 10.27) – O professor cristão tem como alvo conduzir o aluno a amar a Deus com tudo o que é (sua es-
sência) e com todas as capacidades que possui (sua integralidade: pensamentos, sentimentos, atitudes, com-
portamentos).

b. “sede santos” (Lv 20.7; 1Pe 1.16) – O professor cristão ensina com o propósito de conduzir o aluno à santida-
de, a desenvolver a nova vida em Cristo, a tornar-se cada vez mais parecido com o Senhor Jesus.

c. “fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31) – A finalidade da nossa existência é a glória de Deus, e o professor
cristão ensina a fim de ajudar o aluno a aprender a fazer todas as coisas – e cada coisa – para o Senhor.

d. “ide”, “fazei discípulos”, “ensinando-os” (Mt 28.19-20) – O ensino do professor cristão capacita o aluno a “ir”,
a “fazer discípulos” e a “ensinar” a outros princípios e verdades de Deus.

O propósito central de toda a educação cristã deve ser a glória de Deus.

Reflexão e prática

Dentre os propósitos citados, qual deles você mais enfatiza ao ensinar? ________________________

E qual tem sido menos enfatizado? ________________________________________________

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

O que pretende fazer para que todos esses propósitos sejam devidamente enfatizados no seu ensino?
_______________________________________________________________________

5. Qual é o processo para ensinar?

A Bíblia nos orienta a respeito de princípios básicos do processo ensino-aprendizagem, bem como nos dá exemplos
variados de ações didáticas que colaboram com esse processo.

a. Provérbios 4.23 nos exorta a ensinar de forma que o aluno aprenda a proteger o coração (pensamentos, vontade,
emoções). Portanto, é imprescindível usar técnicas e métodos que ensinem o aluno a raciocinar, a refletir a
partir de pressupostos bíblicos, a ponderar e criticar sua própria vontade, a identificar e avaliar suas emoções.

b. Filipenses 4.6-9 demonstra a atenção especial que devemos dar ao pensamento. A mente do ser humano está
constantemente ocupada com todo tipo de pensamentos. Como pecadores num mundo corrompido pelo pe-
cado, nossa mente também está contaminada por pensamentos maus e impuros. Esses pensamentos precisam
ser corrigidos, purificados, substituídos por aquilo que é verdadeiro, respeitável, puro, justo, amável, repleto
de virtude e louvor.

Implicações práticas

1a) O professor cristão deve levar em conta que precisa atingir tanto o intelecto como a vontade e as emoções do
aluno.
2a) O professor cristão deve preocupar-se em ensinar o conteúdo bíblico de forma a instigar o desenvolvimento
das capacidades de reflexão, análise, crítica e domínio próprio no aluno.

c. Gálatas 5.16-25 nos adverte a respeito da necessidade de ensinar de maneira que haja transformação das atitu-
des. Quando éramos dominados pelos desejos da carne, nossas atitudes eram conduzidas pela imoralidade,
idolatria, inimizade, ciúmes, ira, inveja, discórdia, bebedice... (v.19-21). Mas os que são guiados pelo Espírito
devem andar no Espírito, abandonando as obras da carne e revestindo-se do fruto do Espírito: amor, alegria,
paz, longanimidade, benignidade, mansidão, domínio próprio (v.22,25).

d. Efésios 4.22-24 apresenta o processo de despojar-se e revestir-se. É preciso ensinar de maneira que ajude o aluno
ase“despojar do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano”, bem como conduzi-lo a se
revestir “do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. Ou seja, o professor

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

deve ensinar de maneira a guiar o aluno na troca de paradigmas: abandonar o erro (a mentira, a ira, o orgulho,
por exemplo) e abraçar o que é certo (a verdade, a mansidão, a humildade).

e. Romanos 12.1-2 mostra a necessidade de confrontar o que se pensa com a vontade de Deus. Os padrões com
os quais estamos acostumados precisam ser confrontados com os padrões divinos. Em seguida, é necessário
que haja transformação na mente, mudança de paradigma, troca do padrão do mundo pelo padrão de Deus;
renovação da mente enxergando a vida sob o ponto de vista de Deus. A consequência disso é experimentar
“a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.

Implicações práticas

1a) O professor precisa traçar alvos práticos de transformação de vida para suas aulas, a fim de ajudar os alunos
a abandonarem os desejos e atitudes pecaminosas da carne, bem como guiá-los na prática de atitudes que os
conduzam à santidade e à semelhança de Cristo.

2a) É necessário cuidar para fazer aplicações adequadas à realidade que os alunos enfrentam. Perguntar ao conte-
údo: “O que Deus quer que seja feito?”; “O que é preciso mudar?”; “Que pensamento, sentimento ou atitude
pecaminosa precisam ser abandonados?”; “Que pensamento, sentimento ou atitude virtuosa precisam ser
desenvolvidos?”.

6. Onde ensinar?

A Bíblia relata inúmeras situações instrucionais que ocorrem nos mais diversos locais, tanto no Antigo como
no Novo Testamento. A seguir destacamos algumas delas.

Professor Local Referência bíblica

Deus No jardim do Éden Gênesis 2.16-17; 3.8

Pais No lar Deuteronômio 6.6-7


Antigo Testamento

Samuel Numa casa de profetas 1Samuel 19.18-20

Elias Num monte 1Reis 18.17-46

Esdras e escribas Numa praça Neemias 8.1-8

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Professor Local Referência bíblica

Jesus Num monte Mateus 5.1-12

Jesus Na beira de um poço João 4.1-30


Novo Testamento

Pedro No templo Atos 3.11-26

Filipe Numa estrada Atos 8.26-39

Paulo Em sinagogas Atos 9.20-22

A Bíblia nos dá exemplos de que o ensino da Palavra pode ocorrer tanto em locais formais como informais.
A palavra de Deus pode ser ensinada nos lares, em praças, nos montes, nas estradas e até na beira de um poço; tam-
bém em escolas de profetas, no templo e nas sinagogas, de maneira mais sistematizada, por mestres capacitados no
conhecimento das Escrituras.

Reflexão e prática

Já parou para pensar que o ensino da palavra de Deus pode ocorrer em qualquer lugar, e não apenas numa
sala de EBD? ___________________________________________________________________.

Que tal criar oportunidades para ensinar a Bíblia a seus alunos em um lugar diferente, onde possam sentir-se
mais envolvidos ou desafiados em relação a determinado ensino? Onde seria e qual o ensinamento? __________
_______________________________________________________________________

Conclusão

Pensar sobre esses conceitos do ponto de vista bíblico precisa mudar nossa forma de ensinar. Somos imper-
feitos, falhos e limitados, mas ainda assim o Senhor nos escolheu para a nobre tarefa de ensinar a Sua Palavra a nos-
sos irmãos. Cientes de nossas limitações, precisamos buscar nos aperfeiçoar sempre, para servi-Lo cada vez melhor.
Que principal atitude você está disposto a mudar diante do que aprendeu hoje, refletindo sobre o que dizem
as Escrituras a respeito do ministério do ensino?

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me, e conhece os meus


pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.”
(Sl 139.23-24)

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COMBO 8 (Abordagem Educacional por Princípios) | WORKSHOP

ABORDAGEM EDUCACIONAL POR PRINCÍPIOS NA FAMÍLIA, NA ESCOLA E NA IGREJA


Alicerces para mudança de mente

INTRODUÇÃO
“... um jovem amistoso se apresentou a mim em um voo internacional. Ele me disse o quanto os
meus livros significaram para ele em seu crescimento espiritual, e então explicou que estava estudando bio-
logia molecular; entretanto, assim que concluísse o curso, ele planejava ir para as missões na América do Sul.
‘Nesse caso, eu vejo que os meus livros falharam na orientação do seu crescimento espiritual’, eu respondi.
O jovem pareceu surpreso. ‘Por que você acha que tem que ir para a América do Sul para servir a Deus?’,
perguntei. ‘Quantos biólogos moleculares cristãos você acha que existem?’ ‘Não muitos’, admitiu ele. Antes
que o avião aterrissasse, ele veio até a minha poltrona mais uma vez. ‘Eu estava pensando’, disse ele, ‘e creio
que posso ser um missionário sendo um biólogo molecular”.
(COLSON & PEARCEY, 2006, p. 243).

Esse pequeno trecho relatado por Nancy Pearcy em seu livro Verdade Absoluta, nos faz pensar sobre
o nosso entendimento de mundo, nós cristãos que conhecemos a palavra de Deus. Nota-se o desejo genuíno
de servir a Deus no jovem, desejo aparentemente sincero mas também podemos notar que seus pressupos-
tos “podem estar” errados a respeito de como servimos ou devemos servir a Deus: “Portanto, quando vocês
comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1Co 10.31 NTLH)

Para o cristão existe um só Deus que é digno de toda a honra e glória. Há apenas uma maneira de
viver. Tudo o que fazemos é para Ele e sem Ele nada podemos fazer. O Evangelho de Marcos diz: “Amarás,
pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua
força” (Mc 12.30 NTLH). Para compreendermos melhor como são formados nossos pensamentos, no que
cremos e a que estamos expostos, é preciso refletir sobre cosmovisão.

1
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

A RENOVAÇÃO DA MENTE

Renovação da mente requer cosmovisão cristã. Cosmovisão significa “visão de mundo”– é o conjun-
to de pressupostos que um indivíduo ou grupo tem, ou seja, é a estrutura de crenças e ideias que sustentam
as ações, a vida de maneira geral. São as respostas às perguntas: O que é a vida? De onde ela veio? Quem sou
eu? O que é família? O que tem valor? O que devo acolher ou rejeitar para minha vida? E assim por diante.

Nosso comportamento, nossas atitudes são reflexo de nossa cosmovisão. A Bíblia nos orienta: “Não
vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mu-
dança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradá-
vel a ele” (Rm 12.2 NTLH). Para que vivamos conforme a vontade de Deus, é preciso que haja a renovação
da mente. Mudar atitudes em si não garante que houve uma renovação da mente mas, atitudes são diferen-
tes para os que adotam a cosmovisão cristã. Provérbios 27.19 (NTLH) afirma: “Assim como a água reflete o
rosto da gente, o coração mostra o que a pessoa é.” Portanto, a cosmovisão é a sua religião (Mt 7.21-27).

QUAIS IDEIAS NOS TROUXERAM ATÉ AQUI?

Francis Schaeffer em sua obra Como Viveremos declara:


“Para entendermos onde estamos no mundo de hoje – em nossas ideias intelectuais
e em nossa vida cultural e política – é preciso seguir três linhas distintas na História,
que são a filosofia, a ciência e a religião. A filosofia busca respostas intelectuais para
questões básicas. A ciência divide-se em duas partes: a primeira trata das manifesta-
ções do mundo físico. A segunda dá posterior aplicação prática das suas descobertas
no campo tecnológico. A direção tomada pela ciência é determinada pela cosmovi-

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

são filosófica dos cientistas. As cosmovisões religiosas das pessoas também determi-
nam os rumos de suas vidas individuais e da sua sociedade.” (p.12)

Percorrer a “origem” das ideias que formam o pensamento ocidental considerando a filosofia, a ciên-
cia e a religião nos ajudará a entendermos como pensamos, de maneira geral. Note a importância da Linha
do Tempo no que diz respeito a obter informações históricas como parte essencial para compreender e
mudar o que for necessário, a fim de alcançar uma cosmovisão cristã.
Nesta exposição, devido ao tempo, vamos nos ater a apenas uma linha do tempo resumida que tem
origem no Antigo Testamento, com a criação, até os nossos dias no Brasil com ênfase em fatos marcantes
para a formação de pressupostos que, por certo, influenciaram a cosmovisão cristã da igreja brasileira. Lem-
brando que, ao estudar “como chegamos até aqui”, teremos clareza para saber o que devemos acolher ou
não, à luz da palavra de Deus. Somente por meio do crivo da palavra de Deus podemos construir alicerces
firmes para tranformar a mente.

ENSINO
PRÉ-HISTÓRIA JARDIM DO ÉDEN
10.000- 6.000 a 4000 a.C. (Aprox.) Gn 2.16-17 - Deus ensina | Gn 3.8 - Momento do ensino
IDADE ANTIGA ERA MOSAICA
4000 a.C. até 476 d.C. (Aprox.) Educação oral - família - Dt 6.6-7 | Ritos e festas - Js 4.21 | Valorização do diálogo - Êx 12.26-27
PROFETAS
Crise espiritual - época dos juízes - Jz 21.25 | Aspecto era corretivo
JESUS
Mestre - Jo 13.13
APÓSTOLOS
Próximo/diário/receptivo/intrépido - At 28.30-31
PATRÍSTICA
Profundidade/ registros /credos/sistêmico
CONSTANTINO
Aumento nominal/educação negligenciada/sincretismo religioso
IDADE MÉDIA 1328 - 1384 - Wycliffe
476 até 1453 (Aprox.) 373 - 1415 - Huss
IDADE MODERNA 1483 - 1546 - Lutero
1453 até 1789 (Aprox.) 1500 - Brasil - 1º período “CRISTIANIZARAM (missões católicas)”1
1509 - 1564 - Calvino
1592 - 1670 - Comenius
IDADE CONTEMPORÂNEA Brasil - Séc. XIX - 2º período “EVANGELIZARAM - (missões protestantes)”
1789 até nossos dias Brasil - Séc. XX - 3º período “PENTECOSTALIZARAM - (auxílio dos carismáticos católicos)

1 Segundo Reverendo Élben M. L. César, o Brasil passou por três períodos de missões. O primeiro período é esse: CRIS-
TIANIZARAM – séc. XVI, XVII, XVIII.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

IDADE CONTEMPORÂNEA
Todo o ocidente foi influenciado pelo império romano que, por sua vez, foi influenciado pelos gre-
gos. Podemos capturar nesse período o “tripé” de influência do século:

TRIPÉ SÉC. XX
INFLUÊNCIAS DE HEGEL (1770-1831)?

DARWIN MARX FREUD


(1809-1882) (1818-1883) (1856-1939)
BIOLOGIA SOCIOLOGIA/POLÍTICA/ECONOMIA PSICOLOGIA
A partir de então, o Ocidente recebeu a influência desses três cientístas. Tais ideais se propagaram
e estão presentes em nosso dia a dia, inclusive nas igrejas. Darrow Muller resume bem a influência dos inte-
lectuais usando o gráfico abaixo:
Os Intelectuais
(religião, filosofia)

Os Artistas
(música popular, as artes)

Os Profissionais
(a lei, política, economia)

O Comum

Os cristãos, por vezes, ficaram “ao lado”, considerando que existem “coisas do mundo” e “coisas de
Deus”. Notem o exemplo do começo da palestra quando o rapaz não entendia que, ao exercer sua profissão
como biólogo molecular, estaria honrando a Deus com suas descobertas e influências.
Mas, o que leva um cristão realmente fiel a Deus secularizar por exemplo sua profissão? Por que mui-
tos vivem em conflitos por não entender que ao “viver” os outros dias da semana estão cultuando a Deus da
mesma forma que fazem quando reunidos com os irmãos?
A resposta não é simples, mas uma excelente ferramenta para que esse quadro seja mudado, é utilizar
uma abordagem educacional que nos faça pensar, que nos dê o alicerce bíblico que precimos ter em todas as
áreas da nossa vida e de forma que seja possível praticá-lo em casa, na escola, na igreja.

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A ABORDAGEM EDUCACIONAL POR PRINCÍPIOS (ESCOLA)

A AEP (Abordagem Educacional por Princípios) é uma abordagem de ensino e aprendizagem que
parte do raciocínio sobre verdades bíblicas e identifica os fundamentos do conhecimento, conduzindo à
reflexão da causa para o efeito, visando produzir competência realizadora e caráter cristão. Sua aplicação
consistente contribui para formar erudição baseada numa cosmovisão cristã e líderes servidores, aptos a
cumprir o propósito de Deus com suas vocações.
Entendemos educação em seu sentido amplo como o processo de transmitir à próxima geração co-
nhecimento e valores que a capacitem a participar construtivamente na sociedade. Educar uma criança é
trabalhar em um projeto de vida, o que compete primordialmente aos pais, como responsáveis diretos pelos
resultados.
Conforme apresentada por Rosalie J. Slater (The Principle Approach - F.A.C.E. - Fundation for
American Christian Education, EUA), que definiu e estruturou essa abordagem, Educação por Princípios é
“um método cristão histórico de raciocínio bíblico, que faz das verdades da palavra de Deus a base de cada
assunto no currículo escolar”.

COMPONENTES IMPORTANTES NA EDUCAÇÃO

CURRÍCULO FILOSOFIA MÉTODO


(O QUE) (POR QUE) (COMO)

Currículo: Aquilo que vamos transmitir, o conteúdo, o programa curricular (O que eu ensino). Define o cami-
nho a ser percorrido.
Filosofia: Implica base filosófica (Por que eu ensino?): identidade, responsabilidade, missão, cosmovisão. De-
fine o destino, o produto esperado para a educação.
Método: Implica o processo de ensino e aprendizagem (Como eu ensino). Define como trilhar o caminho do
ensino com efetividade.

O QUE SÃO PRINCÍPIOS?


Princípios são sementes.
Semente: Aquilo do qual alguma coisa brota; um princípio, uma origem; contém o todo em uma forma embrio-
nária (Webster 1828).

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Princípios bíblicos são verdades fundamentais que permeiam a palavra de Deus e expressam Seu caráter e Sua
natureza, sendo aplicáveis em qualquer situação e época.

TIPOS DE PRINCÍPIOS TRATADOS NA AEP

a. Princípios bíblicos: São verdades que expressam o caráter e a natureza de Deus, como preceitos para uma vida
coerente. Exemplos: abundância (dar e receber); liderança (servir para influir); trabalho (diligência que
enaltece e enriquece); transparência (verdade atrai verdade).

b. Princípios bíblicos de governança: (os sete recorrentes na AEP): São pilares abrangentes, para realizações consis-
tentes. Exemplo: mordomia (consciência e propriedade); governo (autogoverno); crescimento (semeadu-
ra e colheita).

c. Princípios de conhecimento: São leis fundamentais que governam o domínio de cada disciplina. Exemplo: mate-
mática (contagem, ordem, representação), economia (produção, mercado, lucro), música (escala, tom e
ritmo).

POR QUE EDUCAR POR PRINCÍPIOS?

• Princípios estabelecem padrões de pensamento, que sustentam posicionamentos e comportamentos


(atitudes).
• A Abordagem Educacional por Princípios trabalha o caráter dos alunos.
• Os princípios estabelecem as “margens” por ondem fluem os rios do pensamento.
• É uma educação que estimula o raciocínio, o amor aos estudos, à pesquisa. Ela ensina o aluno a es-
tudar e a pensar biblicamente.
• A Abordagem Educacional por Princípios ensina a refletir do interno para o externo, da causa para o
efeito, do fundamento para estrutura.
• Por meio da AEP, há uma renovação de mente, baseada na Palavra e não em conformidade com o
mundo.
• A AEP promove oportunidade de evangelismo, santificação, serviço e transformação da sociedade.
• A cosmovisão bíblica trabalhada na AEP gera a produção de uma cultura do reino de Deus, em que
se manifesta a glória de Deus e abençoa as nações.

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DIFERENCIAIS DA EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS

• A Bíblia e seus princípios são o fundamento central e supremo para basear todo o processo educa-
cional.
• Visão geracional – pais comissionados por Deus para educação dos filhos.
• Nossa responsabilidade com a próxima geração.
• Liderança servidora, que é o modelo de liderança cristã.
• Visão providencial da história, enfatizando a corrente do cristianismo.
• As disciplinas revelam e refletem a natureza e o caráter de Deus.
• Metodologia: Pesquisa dos quatro Rs, uma metodologia que desperta o desejo de aprender, aguça a
curiosidade do aluno, levando-o a aprender e a pensar por meio da elaboração do conhecimento.
• Princípios norteiam o processo de ensino e aprendizagem, ensinando a pensar biblicamente.
• Cosmovisão cristã: a cosmovisão de um povo estabelece os princípios fundamentais da sua cultura.
• O ensino parte da verdade da Palavra para o conteúdo que deve ser ensinado.
• A palavra de Deus é o centro de todo o conhecimento ensinado.

FERRAMENTAS DA EDUCAÇÃO POR PRINCÍPIOS

• Caderno de anotações (fichário)


• Constituição da classe
• Linha do tempo
• Estudo de palavras
• Produção de textos/ ensaios
• Programa de literatura e estudo de clássicos
• Estudo de biografias
• Projetos como oportunidade de serviço
• Celebrações de aprendizagem
• Programa de belas artes
• Memoriais
• Avaliações sistêmicas

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ABORDAGEM EDUCACIONAL POR PRINCÍPIOS (CASA)

Alguns pressupostos que precisamos afirmar antes de continuar


a. Existe a verdade absoluta em Deus e em Sua Palavra.
b. O homem responde à verdade ou não e, a partir de sua resposta, cria a cultura, que é a soma total de
estilos de vida pregados por um grupo de seres humanos e transmitidos de uma geração à outra.
c. Nossa cosmovisão estabelece nossas crenças, nossos valores e comportamentos.
d. A cosmovisão de uma sociedade conforma sua cultura.
e. O secularismo é um mal que destrói nossa maneira bíblica de pensar.
f. Todo princípio apresenta causa e efeito.

DESENVOLVIMENTO

POLÍTICA ECONOMIA

EDUCAÇÃO COSMOVISÃO DIREITO


PRINCÍPIOS

VIDA MEIO
FAMILIAR AMBIENTE

ARTES

1. PRINCÍPIO DE SOBERANIA

A família é IDEIA DE DEUS. Ele soberanamente decidiu organizar a sociedade em família. O ver-
sículo fundamental que nos transmite essa ideia é: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher,
tornando-se os dois uma só carne.” (Gn 2.24)
Para a família, Deus deu responsabilidades, instituindo PAIS como autoridades, e tarefas que devem
ser executadas como respostas às responsabilidades que receberam dentro dessa esfera de soberania.

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

Vamos definir autoridade? Poder legal ou direito de comandar ou atuar; por exemplo, a autoridade
de um governante para decidir assuntos; ou a autoridade de pais sobre filhos. Poder, governo, influência.
Ser autoridade não é OPÇÃO, mas a vontade de Deus para os pais. Como AUTORIDADES, devem
expressar a maneira como Deus governa. São para os filhos expressão do caráter amoroso e sábio de Deus.
Autoridade também existe para criar ordem, governo, pastoreio, proteção e provisão. A posição de
autoridade dos pais também faz com que criem modelos de obediência que são testados e exemplificados na
convivência familiar.

TESTE DA AUTORIDADE
• Você se sente mal em dar ordens?
• Você sente raiva quando uma ordem não é obedecida?
• Para você, uma desobediência sempre é culpa do desobediente? Você já considerou ignorância como
opção?
• Quais figuras notáveis de líderes vêm à sua mente?
• Quais figuras de líderes à sua volta vêm à sua mente?

Na escola, os professores recebem a delegação de autoridade dos pais, para naquele tempo, educar e
ensinar os filhos. A responsabilidade é da família, mas a família delega e comissiona a escola.

Princípios acadêmicos do princípio de soberania

APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS PARA A ESCOLA


• Ter uma multidão de conselheiros é a melhor expressão da soberania de Deus.
• Deus deve ser o senhor tanto do professor quanto do aluno; o restante deve permanecer em um segundo lugar.
• Os alunos devem ser apresentados a Jesus como Salvador pessoal.
• Os líderes da escola devem demonstrar amor ao exercer sua liderança e ao laborar as normas da escola.
• Devemos aplicar planejamento, avaliação e execução para ter equilíbrio ao liderar a equipe e os alunos
na sala de aula.
• A forma do homem expressar a soberania do Senhor é arrazoar e atuar debaixo desse raciocinar como
representante do poder de Deus.

PRINCÍPIOS ACADÊMICOS
• Como esta disciplina revela a soberania de Deus como supremo governador da Terra?
• Como a soberania de Deus está representada na disciplina e com quais ingredientes planejo e avalio para
ensinar esta disciplina?
• De que forma o uso soberano que o homem faz desta matéria cumpre o propósito de Deus?

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2. PRINCÍPIO DE INDIVIDUALIDADE

Note que o versículo que estamos estudando cita homem que se une à mulher. O Senhor destaca os
indivíduos com suas peculiaridades. Vamos definir individualidade?
Separação ou existência distinta. Singularidade.
Na Bíblia, notamos a individualidade em variadas formas: nome, atividades, tipos físicos, caracterís-
ticas de temperamento. Vamos verificar alguns textos bíblicos e levantar marcas de individualidade? Gn 4;
Gn 27; os filhos de Jacó; a família de Davi; a família de Jesus.
A individualidade cultivada biblicamente, colocada a serviço de Deus na família, faz com que tal ação
se reflita na igreja e na sociedade.

2.1 COMO CULTIVAR UM CONCEITO DE INDIVIDUALIDADE SADIA?


a. Tudo o que sou vem de Deus (Tg 1.17).
b. O que sou capaz de fazer é para a glória de Deus (1Co 15.57-58).
c. Ser diferente é privilégio e não castigo.

2.2 TESTE DA INDIVIDUALIDADE


a. Trato todo mundo igual?
b. Sei nomear as diferenças entre os filhos? Como isso influencia meu agir?
c. Percebo as diferenças em relação a mim? Sei listar minhas reações e por que as tenho?

APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS PARA A ESCOLA


• Os professores não ensinam uma turma, mas, sim, indivíduos.
• A produção massiva não funciona com pessoas. A educação deve ser de caráter tutorial.
• Devemos rejeitar a ideia de igualdade de resultados na educação.
• Devemos rejeitar a ideia de currículo padronizado.
• Na literatura, estudar os autores individualmente e suas obras de maneira completa.
• Lista de indivíduos que Deus usou para avançar o evangelho no mundo.
• Caligrafia, organização do material, maneira de colorir são demonstrações de individualidade dos alunos.
• As disciplinas são individualmente importantes para o currículo.

PRINCÍPIOS ACADÊMICOS
• Quais elementos unificam a disciplina e lhe proporcionam unidade?

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

• Quais aspectos específicos dessa disciplina lhe dão uma expressão de diversidade que a diferem das ou-
tras e, também, alimentam variedade dentro de si mesma?
• Como esta disciplina pode refletir a diversidade e a unidade do próprio Deus e, também, seu propósito
a fim de que o conteúdo produza a liberdade do indivíduo?

3. PRINCÍPIO DE ALIANÇA

Definir “aliança” é muito importante: convênio, acordo entre duas partes que as obriga a cumprir com-
promissos mútuos em favor do outro; iniciativa de Deus por graça para benefício e bênção da humanidade.
Voltando ao texto de Gênesis 2.24, temos a palavra UNE. Temos de manter tal propósito de Deus
para a família.
Trabalhamos em prol de toda a família e não individualmente. Aliança pressupõe acordo, conversa,
base comum, piedade e submissão a Deus e à Sua Palavra, esse deve ser requisito básico para a aliança no lar.
Aplicado ao papel de pais – aliança significa dedicar-se ao Senhor na tarefa de criar filhos conforme
a vontade de Deus. É por cumprimento à nossa aliança com Deus, que nos fez pais, e nossa aliança com os
filhos, que trabalhamos para a educação cristã de cada filho, nos lares de nossas igrejas e escolas.

3.1 TESTE DA ALIANÇA


a. Como vocês evidenciam a aliança que têm como casal? Se os filhos resumissem a família em uma frase,
qual seria?
b. Pensando em suas últimas cinco decisões, qual o grau de aliança que elas refletem? Quem foi beneficiado
por elas?
c. Você já desistiu de algo em favor de seu filho?
d. O que você sente quando considera essas perguntas?

APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS PARA A ESCOLA


• Qual a relação da escola com as universidades?
• Políticas de admissão na escola cristã.
• Unidade na escola e nas turmas.
• Princípios repetidos em cada ano e disciplina. Os princípios foram um caminho em direção a Cristo.
• As normas e a constituição como instrumento de união e unidade.

PRINCÍPIOS ACADÊMICOS
• O que mantém essa disciplina unida e sustenta as relações de suas partes entre si?

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

• Quais são as diferentes leis usadas para unir e separar os vários conceitos desta disciplina acadêmica?
• Como você pode discernir a unidade interna dos conceitos antes de poder usar a matéria completamente
como um todo?

4. PRINCÍPIO DE CARÁTER

Caráter são as MARCAS que nos definem. Um cristão é exortado a ter o caráter de Cristo. Esse prin-
cípio nos leva a pensar em DISCIPLINA, TRABALHO, ENSINO.
O texto de Deuteronômio 6.7 usa a palavra INCULCAR. No hebraico, a palavra tem o sentido de
repetir, falar de novo, ensinar mais uma vez. A implicação é clara: pais e filhos, tanto um quanto outro, terão
bastante trabalho para desenvolver caráter, principalmente caráter de acordo com a Palavra.
Vamos recordar um pouco a visão bíblica do homem, assim teremos base a fim de desenvolvermos
alguns pensamentos fundamentais a respeito de caráter.

a. O homem nasce pecador. Somos todos herdeiros de Adão ( Jr 17.9; Rm 5.12; 7.7-18).
b. Os filhos, grandes ou pequenos, nascem com a natureza pecaminosa, ainda que sejam bem novos (Sl
51.5; 58.3).
c. O filho precisa de direção (Pv 29.15). Ao contrário do que nossa sociedade prega, a criança ou o jovem
deixados por si só não vão encontrar o caminho. Eles precisam ser ensinados a pensar (Pv 1.1-7).

O instrumento para forjar o caráter de Cristo pode ser comparado a uma moeda.

POSITIVO PREVENTIVO ENSINO


NEGATIVO CORRETIVO DISCIPLINA

Como somos representantes de Deus, devemos seguir Seu modelo de Pai que ensina, que provê
instruções para uma vida reta. Os instrumentos são conhecimento, exemplo e dedicação.

4.1 Teste de caráter

a. Se seu filho pudesse definir você em uma palavra, qual seria? Já fez essa pergunta a ele?
b. Quanto do caráter de Cristo você intencionalmente tenta transmitir aos seus filhos?
c. Você é capaz de enumerar pontos fracos e fortes de seu caráter?
d. Você usa a disciplina como formadora de caráter? Você entende o papel protetor da disciplina?

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APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS PARA A ESCOLA


• Um bom governo geralmente começa na família e se o caráter moral do cidadão se degenera o seu caráter
político também se corromperá.
• “O objetivo do lar cristão numa república é formar o caráter cristão.” - Rosalie Slater

PRINCÍPIOS ACADÊMICOS
• A base do progresso em atender aos detalhes no trabalho acadêmico e a obediência à instrução do pro-
fessor e não somente a notas.
• A inspiração e a fé de que todas as coisas podem ser feitas em Cristo, vão ajudar na melhoria do rendi-
mento escolar e provocar um amor pela aprendizagem e desejo de atender as normas.
• As normas de qualidade são mantidas nos trabalhos com vista ao raciocinar independente, requerendo
expressão completa por parte dos alunos.

5. PRINCÍPIO DE MORDOMIA

Mordomia é a função de mordomo, que, por sua vez, é o administrador responsável. O princípio de
mordomia na família pode ser aplicado na maneira que os pais têm gerenciado seu tempo. Quanto tempo é
investido pelos pais na vida dos filhos.

Uma revisão da agenda familiar e dos pais aqui é essencial.

Outro ponto muito importante é a administração dos recursos disponíveis à família: a maneira como
nutrimos conversar, nossos costumes alimentares, hábitos de leitura e de estudo, como administramos nos-
so dinheiro. Mordomia implica reconhecer que não somos donos e que o dono é Deus. A história de José
e o temor que tinha por Potifar ilustra isso. Se alguém é assim com um ser humano, imagina em relação ao
Senhor?!

5.1 TESTE DA MORDOMIA


a. Cuido de meus pensamentos e minhas ideias, aplicando a eles o que Paulo ensina em Filipenses 4.8-9?
b. Tenho controlado meu dinheiro pensando no bem da família?
c. Meu tempo tem sido repartido e sei escrever aqui e agora minhas cinco prioridades?
d. Como nossa família abençoa outras pessoas repartindo o que tem?

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APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS PARA A ESCOLA


• A consciência é interna (invisível), propriedade dada por Deus para, de maneira clara, dizermos instan-
taneamente que pensamos ou agimos de acordo com os princípios pelos quais Ele governa Seu reino e
Seus cidadãos.
• A consciência sempre julgará de forma correta quando informada retamente e falará a verdade se a en-
tender. Todo homem deve prestar contas de si mesmo a Deus e, portanto, cada um deve ter a liberdade
de servir a Deus da maneira que melhor lhe aprouver. Rev. John Leland (1754 – 1841)
• O trabalho acadêmico deve refletir uma vida com ordem, nitidez e produtividade. Isso pode ser verifica-
do pelas anotações, correções e preparação para as aulas.
• A maneira como o aluno ou professor conservam seu material é marca de mordomia e de consciência do
que consideram propriedade dada por Deus.
• Cuidar da mente é uma atitude essencial para o cristão. Como pais e professores, devemos cuidar que as
crianças aprendam a cuidar de sua consciência desde cedo.

PRINCÍPIOS ACADÊMICOS
• Quais são os aspectos-chave da disciplina sobre os quais os alunos devem exercer mordomia de forma
que dominem o conteúdo?
• Quais aspectos internos e externos desta matéria refletem a necessidade de fazer certo trabalho em cada
esfera para poder utilizar o que aprendeu a serviço de Deus.

6. PRINCÍPIO DE AUTOGOVERNO

Paulo, aos Gálatas, descreve o fruto do Espírito. A última parte do fruto é o domínio próprio ou o au-
togoverno. Esse princípio envolve decisões que tomamos. O desafio aqui é consagrar todo o nosso coração e
a nossa família ao Senhor, submetendo a Ele cada decisão que deve ser tomada por pais e filhos, em aliança.
Alguns personagens bíblicos nos dão exemplos firmes de autogoverno:

• Noé escolheu ser íntegro numa geração impura, foi destacado por isso. Sua integridade é resultado do
exercício do autogoverno, fundamentado em seu andar com Deus.
• Davi lutou decidido contra Golias, não hesitou em nenhum momento. As convicções bíblicas alimentam
nossas escolhas, que são reflexo de nosso autogoverno.
• Elias, diante dos profetas de Baal, escolheu servir ao Senhor. Autogoverno é resultado de postura firme
e não de mente dividida.
• Pedro e João disseram às autoridades que não deixariam de testemunhar do Senhor. Autogoverno é re-
sultado de experiência profunda com o Senhor; é resultado de plenitude do Espírito.

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A aplicação desse princípio é constante; sempre teremos de corrigir rotas de falta de autogoverno
nos relacionamentos.

6.1 TESTE DE AUTOGOVERNO


a. Em quais áreas da vida tenho problema com controle?
b. Por que não consigo controlar determinados impulsos e reações? O que falta ainda submeter ao Espíri-
to?
c. Quais são minhas reações quando machuco pessoas por falta de domínio próprio?

APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS PARA A ESCOLA


• Uso da constituição na classe. Todos os estudantes submissos às mesmas regras. Cada estudante cons-
ciente do governo de Deus e responsável por seus pensamentos, suas palavras e ações.
• Aplicar também a lei de Deus na família, tanto nas relações pais e filhos como entre irmãos.

PRINCÍPIOS ACADÊMICOS
• Quais aspectos da disciplina dirigem outros conceitos acadêmicos?
• De que maneira esta disciplina é um reflexo de autogoverno interno?
• De que forma os indivíduos têm liberdade de expressar o autogoverno, avançar na disciplina para o be-
nefício de sua comunidade?

7. PRINCÍPIO DE SEMEADURA E COLHEITA

É talvez um dos princípios mais “naturais” da vida. Ele é concretizado na criação, quando observa-
mos a produção de alimentos. Ao pensar em semeadura, naturalmente vamos refletir sobre causas, ações,
origem; e, na colheita, em consequências e resultados. Aqui cabem dois exercícios: olhar as consequências
e tentar examinar as causas; ou refletir o que certas atitudes podem causar, se forem tomadas.
Ideias têm consequências. No time das ideias, entram as posturas, convicções, valores, decisões que
desenvolvemos ao longo da vida.
Graça e misericórdia têm de fazer parte da reflexão desse princípio. Especialmente quando quere-
mos avaliar posturas de outros quanto a nós.
Cuidado para não distorcer esse princípio, lidar com colheita não implica vingança, prazer na dor do
outro, indiferença na colheita negativa do próximo ou do outro membro da família.

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TESTE DE SEMEADURA E COLHEITA


a. Reconheço algumas colheitas em minha vida e posso dizer que aprendi com elas?
b. Sou humilde para reconhecer erros e ensinar meus filhos a partir disso?
c. Penso antes de agir de forma a abençoar outros com minhas colheitas?
d. Reconheço o Senhor quando colho bom fruto e honro a Ele com serviço ao próximo?

APLICAÇÕES DOS PRINCÍPIOS PARA A ESCOLA


• O indivíduo autogovernado é a semente para uma sociedade autogovernada.
• O professor deve ser alguém que leve fruto (erudição), e esse fruto também se torna semente para a
aprendizagem dos alunos.
• A aprendizagem reflexiva, respostas criativas, boas estratégias são sementes para colher pensamentos e
produções dos alunos.
• Colher implica podar, corrigir, discernir, cultivar e aplicar adequadamente o conhecimento.
• Escutar a Palavra com fé e obedecer-lhe, demonstrando ações piedosas.

PRINCÍPIOS ACADÊMICOS
• Quais os princípios-chave em forma de semente, desta disciplina? Quais devem ser dominados antes de
aprofundar?
• Como esses princípios podem ser semeados para que o autogoverno nasça no aluno e que ele domine a
disciplina com erudição?
• Qual é a raiz, o caule e o fruto de cada disciplina, historicamente e na matéria em si, para que o aluno
possa discernir os resultados de ter estudado a disciplina?

ABORDAGEM EDUCACIONAL POR PRINCÍPIOS (IGREJA)

Esse método é possível e deve ser usado para o estudo da Bíblia.


“Porque Esdras pôs no coração o propósito de buscar a Lei do SENHOR, cumpri-la e ensinar em Israel
os seus estatutos e os seus juízos.” (Ed 7.10)
“Daniel resolveu não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; por isso,
pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar.” (Dn 1.8)
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (At 2.42)

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Esdras 7.10:
1º Decisão: ___________________________________________________________________
2º Busca: ____________________________________________________________________
3º Cumprimento: ______________________________________________________________
4º Ensino: ____________________________________________________________________

Resumo dos passos para a realização de um P.R.R.R. de um texto bíblico


1º passo:
• Escolha o texto
• Faça leitura minuciosa
• Leia em várias versões

2º passo:
• Encontre a grande ideia do texto lido e condense-a em uma frase
• Atente para causa e efeito, interno para externo

3º passo:
• Ache na ideia-guia as palavras a serem estudadas
• Faça um “mapa de palavras”
• Use o dicionário
• Liste verbos, substantivos, etc

4º passo:
• Ache o princípio (raciocinar)
• Teste se o princípio é realmente dado pelo texto

5º passo:
• (Relacionar) Descubra como o princípio é aplicável a sua vida
• Posso trocar o pensamento anterior por esse pensamento de fé

6º passo:
• Registrar essa nova verdade específica para mim
• É necessário compartilhar o que se aprendeu.
Ideias para iniciar e avançar com a AEP na igreja

1º ENTENDA COMO SEUS MEMBROS PENSAM (COSMOVISÃO)


O ministério de ensino da igreja deve conhecer bem seu público. Para isso é necessário que promova
atividades para obter essas informações:

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• Quantas famílias? Quantos adultos? Quantas crianças?


• Como eles pensam? Quais os seus sonhos?
• Qual o seu dom e que ministério desenvolve na igreja?
• Há pensamento dicotômico: sagrado x secular?
• Como lidam com os outros 6 dias?

Quais ferramentas a socializar o ministério de ensino


• Teatro de hino
• Jogral de versículo
• Corrida bíblica
• Tribunal
• Meu vizinho para Jesus
• Bíblias, visitantes, presença
• Clube do livro
• Encontro de gerações
• Estudo de biografias (Ex: William Wilberforce)
Dinâmica: Converse em grupo sobre qual a perspectiva da cosmovisão cristã que sua profissão pode trazer.

2º PREPARE SEUS PROFESSORES E PAIS (TORNE-OS PESQUISADORES)


• Apresente o método (use o fichário)
• Faça os PRRRs com eles antes de eles fazerem com os alunos
• Ambientalize as salas de aula (mapas, linha do tempo)
• Conheça as matérias que os alunos aprendem na escola e traga para a igreja
• Faça um biblioteca infantil e de adultos na igreja
• Promova cerimonais com a presença dos pais
• Dê cursos aos pais em AEP

3º INFLUENCIE A CULTURA AO SEU REDOR (CONTRATURNO)


• Conheça “Viagem à Linha do Tempo”
• Prepare voluntários na metodologia
• Abra a igreja durante a semana e ofereça cursos para o público
• Visite as escolas próximas e ofereça apoio aos alunos com dificuldades

4º PREPARE UM BOM CURRICULO


• Conheça a Série “Aprender a Palavra”

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IDADE RESUMO DOS ASSUNTOS


3 anos A extraordinária criação de Deus
4 anos Minha família e eu (famílias da Bíblia inspiram)
5 anos Os verdadeiros super-heróis (estudo de biografia bíblica)
6 anos A salvação, o que é ser filho de Deus, como viver de modo digno de um filho de Deus
7 anos A Bíblia como regra infalível de fé e prática
8 anos Os sete princípios de governo aplicados ao dia a dia
9 anos A ação do Espírito Santo na história e na vida da criança, hoje
O pensamento religioso do povo brasileiro, a história do evangelho no Brasil e os primeiros
10 anos
mártires
11 anos A origem do homem, religião e religiosidade, e as implicações para a construção da identidade
12 anos O pensamento grego, o cristianismo e as principais religiões
13 anos Plano redentor, reforma, pensamento cristão, cristianismo e sociedade
14 anos Ateísmo, materialismo, relativismo e cosmovisão bíblica
15 anos O padrão de normalidade e os absolutos de Deus
16 anos O relacionamento entre razão e fé
17 anos O problema do mal

• Conheça a “Linha do Tempo” (Contraturno escolar)

ANTIGO TESTAMENTO
Título Personagens
Minha história
Criação e queda Adão e Eva

Dilúvio Noé

Todas as nações Torre de Babel

Aliança com Israel Abraão, Isaque e Jacó

Libertação do Egito e Leis Moisés

Conquista da terra prometida Josué e Calebe

Cada um fazia o que queria Juízes

Reino unido Saul, Davi e Salomão

Reino dividido Israel e Judá

Escravidão e restauração Esdras, Neemias e Ester

Até a próxima

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NOVO TESTAMENTO
Título Personagens
Uma viagem inesquecível
Nosso Salvador chegou! Jesus

Novidades no deserto João Batista

Jesus é o campeão! Jesus, Morte e Ressurreição

O vento poderoso Espírito Santo

Pedras e perdas Estêvão

Um novo começo Paulo

Pé na estrada Paulo e Barnabé

Sinais secretos Romanos

O livro Escritores

Fim da viagem! Apóstolo João

Recordando a viagem!

HISTÓRIA CRISTÃ
Título Personagens
A mão de Deus na história
A vinda do salvador Jesus

Cristianismo em expansão Constantino

Bíblia para todos John Wycliffe

Colombo e as grandes navegações Colombo

Lutero: aberto para reforma Lutero

João e a tradução da Bíblia João Ferreira de Almeida

Missionários que vieram Missionários europeus

Missionários que foram Missionários brasileiros

Você e sua família Hoje

Ele vai voltar A volta de Jesus

Recordando a viagem!

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EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CESAR, Élben M. História da Evangelização do Brasil – dos jesuítas aos neopentecostais. Viçosa: Ultimato, 2018.
JEHLE, Paul. Go Ye Therefore and Teach all Nations. Ebook - Playmouth Foundation, 1982.
PEARCEY, Nancy R. A alma da Ciência. São Paulo: Cultura Cristã, 2005.
SCHAEFFER, Francis A. Como Viveremos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
WEBSTER, Noah. Dicionário da Língua Inglesa. 1828. Foundation for Americam Christian Education.

21
COMBO 9 (Assuntos Contemporâneos) / WORKSHOP

PROTEÇÃO À CRIANÇA DO ABUSO SEXUAL


Desafios para a igreja

INTRODUÇÃO

“E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão.” Zacarias 8.5

Crianças e adolescentes são seres espirituais que estão em desenvolvimento cognitivo, emocional, físico,
social e espiritual e podem desenvolver esse potencial em cada fase de sua vida. Lamentamos viver num mundo no
qual há perigos e sofrimento, onde crianças e adolescentes sofrem maus tratos, violências e são vítimas de abusos
que de alguma maneira atrapalham ou impedem seu desenvolvimento.

Nossas crianças não estão livres de sofrer abuso e isso pode ocorrer até mesmo no ambiente da igreja e de
casa. Por isso os objetivos deste workshop em “Proteção à Criança e ao Adolescente” são:
• Esclarecer o que é a Proteção da Criança e do Adolescente e oferecer ferramentas protetoras para organizações
e igrejas;
• Propor que colaboradores e voluntários, ou pais e cuidadores, tenham relacionamentos saudáveis com as crianças;
• Contribuir para que as crianças aprendam a se proteger do abuso e construam resiliência.

A Bíblia nos impacta, inspira e desafia com os versículos:

“E quem receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe. Qualquer, porém, que fizer
tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande
pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.” - Mateus 18.5-6

1
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

“Abre a boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados.” - Provérbios 31.8

E uma profecia gloriosa que nos enche de esperança: “E as ruas da cidade se encherão de meninos e meni-
nas, que nelas brincarão [livres, sem que corram perigo – nota da autora da apostila].” - Zacarias 8.5

Seguimos as leis brasileiras e internacionais de proteção à criança, principalmente o ECA – Estatuto da


Criança e do Adolescente; a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos da Criança. Nossa cosmo-
visão cristã sobre o tema é definida pela Bíblia Sagrada que, consoante às leis, tem como prioridade a proteção das
crianças.

I - DEFINIÇÃO

1. MAUS TRATOS
O Manual do Programa Claves “Mãos à Oficina” define maus tratos contra crianças e adolescentes como:
ações, omissões ou tratamento negligente, não acidental, que privem uma pessoa menor de 18 anos de seus direitos e
bem-estar, que coloquem em perigo ou interfiram em seu adequado desenvolvimento físico, psíquico, moral ou social,
e cujos autores podem ser pessoas, instituições ou a própria sociedade, em relações de responsabilidade, confiança e
poder.

2. TIPOS DE VIOLÊNCIA/ABUSO
2.1 ABUSO EMOCIONAL E NEGLIGÊNCIA:
no Guia de Capacitação de Proteção da Criança da Aliança Internacional
“Um Lugar Seguro Para as Crianças” lemos que:

• Abuso emocional inclui a falha em prover um ambiente de apoio apropriado de desenvolvimento, incluindo a dis-
ponibilidade de uma figura primária, para que a criança possa alcançar seu potencial máximo no contexto da socie-
dade onde ela vive.

Também existem atos para com a criança que causam ou têm grande possibilidade de causar danos à sua
saúde ou desenvolvimento. Os atos incluem restrição de movimento, degradação, humilhação, utilização como
“bode expiatório”, ameaças, intimidação, discriminação, ridicularização, ou outras formas não físicas de hostilidade
ou rejeição (OMS, 1999).

• Negligência e tratamento negligente é a desatenção ou omissão, por parte da pessoa que cuida, ao conduzir o desen-
volvimento da criança: saúde, educação, desenvolvimento emocional, nutrição, abrigo e condições seguras de vida

2
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

no contexto dos recursos razoavelmente disponíveis para a família ou responsáveis, e que causa ou tem possibilida-
de de causar dano à saúde da criança ou ao seu desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral e social. Isso inclui
a falha em supervisionar.

2.2 ABUSO FÍSICO E ABUSO SEXUAL: o manual de orientação para educadores “Refazendo laços de proteção”
denomina:

• Abuso físico - qualquer ação, única ou repetida, não acidental, cometida por um agente agressor adulto ou mais
velho, que provoque dano físico à criança ou adolescente. O dano causado pelo ato abusivo pode variar de lesão
leve (por vezes de difícil percepção) a consequências extremas como a morte.

• Abuso sexual é uma situação em que uma criança ou adolescente é invadido em sua sexualidade e usado para grati-
ficação sexual de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho. Ocorre com ou sem o uso da força, que na
maioria das vezes não está presente. É baseado numa relação de poder do adulto (ou mais velho) sobre a criança
ou adolescente.

II - APROFUNDANDO SOBRE O ABUSO SEXUAL

1. TIPOS
• Sem contato físico: Assédio sexual; abuso sexual verbal; exibicionismo; voyeurismo (faz parte de jogos sexuais de
muitos adultos). Inclui ainda tirar fotografias de crianças ou adolescentes para propósitos pornográficos11.
• Abuso sexual com contato físico: São os atos físicos que incluem carícias nos órgãos genitais, tentativas de relações
sexuais, masturbação, sexo oral, penetração vaginal e anal.
• Exploração sexual comercial: A exploração sexual comercial de crianças e adolescentes caracterizada pela relação
sexual de uma criança ou adolescente com adultos, mediada por dinheiro ou por troca de favores.
• Abuso na internet e imagens abusivas de crianças: São definidas como qualquer representação, por quaisquer meios,
de uma criança envolvida em atividades sexuais, reais ou explicitamente simuladas, ou qualquer representação das
partes sexuais de uma criança para qualquer propósito.

2. PERFIL DA PESSOA AUTORA DE VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL:


• Raramente é um estranho. Geralmente é alguém que conhece a criança (pais, babá, uma pessoa de autoridade);
• Não parecem ser diferentes e são muito convincentes;
• Vão deliberadamente onde têm acesso e onde as crianças estão, especialmente onde têm uma posição de confiança;
• Podem usar muito tempo planejando uma situação onde o abuso pode acontecer;

1 Sanderson, Christiane. Abuso Sexual em Crianças: São Paulo, M.Books do Brasil, 2005, p. 14.

3
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• São muitas vezes pessoas de posição na comunidade;


• São compulsivos e o abuso não é algo que acontece somente uma vez;
• Pessoa de aparência normal, geralmente amável;
• Mulheres também são abusadoras, em menor número que homens;
• Gostam de ficar com a criança longe da vigilância de outros.

3. COMO FAZER A ACOLHIDA DA REVELAÇÃO ESPONTÂNEA DE UMA CRIANÇA QUE SOFRE ABUSO SEXUAL:
• Fique calmo e mantenha contato pelos olhos;
• Escute e permita que a criança ou adolescente lembre espontaneamente;
• Não faça perguntas à criança ou adolescente e nem peça detalhes, apenas pergunte se ela está machucada em al-
gum lugar e se ela/ele está bem;
• Tranquilize-a dizendo-lhe que ela/ele fez certo em falar com você, faça-lhe elogios.
• Explique a ela que não deve sentir-se culpada;
• Explique que você vai precisar falar com uma pessoa que poderá ajudar: seu líder ou outra pessoa numa função
de líder; não procure diretamente a família da criança (pode procurar um diretor da escola, um pastor ou líder do
ministério infantil ou outro líder);
• Não faça nenhum julgamento sobre a pessoa que fez o abuso, porque talvez a criança ame essa pessoa;
• Mostre que você acredita nela, mesmo que pareça impossível; é raro crianças mentirem sobre isso (todas as acusa-
ções devem ser levadas a sério);
• Explique que você está sempre disponível para escutar se ela quiser falar;
• Nunca coloque a criança frente a frente com o possível abusador (suspeito) para confrontação da fala da criança.

4. ONDE DENUNCIAR MAUS TRATOS


• Conselho Tutelar da Cidade;
• Disque 100 – discagem gratuita e anônima em todo território nacional;
• Delegacia e Polícia Militar (190) em caso de flagrante;
• Aplicativo Proteja Brasil.

III - DIMINUINDO RISCOS DE MAUS TRATOS

1. VANTAGENS E IMPLEMENTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS


As vantagens de estabelecer e implementar boas práticas para proteger as crianças e adolescentes nas orga-
nizações:
• As crianças e adolescentes são protegidos.
• Os colaboradores da organização são protegidos.
• A organização é protegida.

4
EDITORA CRISTÃ EVANGÉLICA PREPARE-SE PARA TODA BOA OBRA

2. ORIENTAÇÕES DE BOAS PRÁTICAS


Orientações importantes de boas práticas no Comportamento dos Adultos para Proteger Crianças e Ado-
lescentes nas organizações:
• Tratar as crianças e os adolescentes da maneira que gostaríamos de ser tratados, de maneira que eles compreen-
dam a valorização de Deus por eles.
• Todos têm a responsabilidade de colaborar com o cuidado e a proteção das crianças e adolescentes.
• Não dissemine fotos, imagens, vídeos, áudio, material impresso ou na mídia que seja obsceno ou represente qual-
quer tipo de maus tratos e especialmente abuso sexual com crianças.
• Não mostre favoritismo por nenhuma criança ou adolescente em particular;
• Nunca use punição física. Nunca agrida verbal ou fisicamente uma criança ou adolescente. É inaceitável ofensa ou
discriminação de uma criança ou adolescente.
• Estabeleça contato físico de maneira respeitosa, nunca em ambiente privado. É importante também que os líderes
adultos respeitem a privacidade em situações como troca de roupas e banho, fazendo-se presentes somente em
situações de falta de segurança ou problemas de saúde. Tome cuidado para se proteger de qualquer possibilidade
de suspeita de abuso que possa ser levantada.
• Se você suspeita de maus tratos, leve a sério e atue imediatamente. Fale dos assuntos ou qualquer problema a res-
peito da proteção da criança com as pessoas apropriadas, como os responsáveis e líderes. Tome nota de qualquer
suspeita o mais breve possível.
• “Regra dos dois adultos”: Essa regra afirma que um adulto não deve estar sozinho com uma criança ou adolescente
e evitar estar sozinho com um grupo de crianças ou adolescentes. Sempre que um adulto tiver uma conversa indi-
vidual com uma criança ou adolescente, outro adulto tem que manter contato visual. Isso protege tanto o adulto de
falsas acusações como a criança ou adolescente de abuso. Nos casos onde o apropriado é o aconselhamento indi-
vidual, o conselheiro precisa informar antecipadamente o responsável da criança, outro adulto líder ou supervisor
que isso ocorrerá, e onde22.
• Contato físico com as crianças: no contexto dos jogos, de ajuda, em público, de preferência tocar uma criança
apenas na cabeça e nos ombros. O toque saudável e cuidadoso é valioso para as crianças e adolescentes, mas toque
insalubre é abusivo: quando não faz parte de uma atividade do grupo, isolados com uma criança ou sozinho com
um grupo de crianças ou adolescentes; carinhos que a criança não pediu, não quer, não precisa, não são permitidos.
• Confidencialidade: as suspeitas, os registros, os casos confirmados, os encaminhamentos, os relatos feitos por
crianças, adolescentes, cuidadores, responsáveis, colegas, ou outros, devem ser tratados com respeito, discrição,
sigilo, diretamente para a liderança e para o Departamento de Proteção. Não deve em hipótese alguma ser levado
a outros colegas e pessoas que não estejam na situação.

Dos cuidados com visitantes: Os visitantes devem ser acompanhados por alguém da equipe. Preste
atenção se um visitante se concentrar em uma criança em específico. Inclua o visitante nas atividades do
grupo.

2 Miles, Glenn and Wright, Josephine-Joy (editors). Celebrating Children. Carlisle: Paternoster Press, 2003, pág. 248.

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IV - COMO ENSINAR PREVENÇÃO DE ABUSO, AUTOPROTEÇÃO E AUMENTAR RESILIÊNCIA

Conceitos-chaves para ensinar prevenção de abuso, autoproteção do corpo e aumentar a resiliência em


crianças e adolescentes
• Minha identidade - Meu corpo - Minha vida
• Minha comunidade
• Meu valor e o valor das outras pessoas - o respeito

Tópicos a serem abordados:


• Meu nome - quem sou eu
Elogios - habilidades
A minha digital é única
• Conhecimento do nosso corpo - nomes das partes do corpo
As partes íntimas
• Cuidar do corpo - atividades diárias de higiene pessoal
Quem nos ajuda na higiene pessoal, em que idade, quem toca nas nossas partes íntimas e quando, por quê.
• Emoções e a rede do bem - Meu corpo e minha vida são meus presentes e há outras pessoas que são presentes para
me ajudar
Pessoa de confiança para contar sobre nossos momentos felizes e nossos momentos tristes.
• Valorizar; Respeitar e Proteger - Cada pessoa respeita seu próprio corpo e o de outros
Toque bom x toque ruim; respeito no toque. Partes íntimas guardadas.
Toque saudável entre colegas e adultos.
Carinho bom é carinho feito em público. Quando uma pessoa não quer ser tocada, ou não quer receber carinho, é
o direito dela - consentimento.

CONCLUSÃO

A seguir temos indicações para a consulta e aperfeiçoamento do tema:

Sites e dicas de materiais e recursos:


Campanha Defenda-se: www.defenda-se.com
Escoteiros do Brasil: www.escoteiros.org.br/ead/programa_protecao_infantojuvenil/
Espaço de Proteção: www.facebook.com/Espacodeprotecao
Pipo e Fifi: www.pipoefifi.com.br
Projeto Tartanina: www.tartanina.org.br

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Rede Mãos Dadas: www.redemaosdadas.org


Quebrando o silêncio: quebrandoosilencio.org.br

Principal referência bibliográfica para o trabalho com as crianças:


HOLCOMB, Justin S; HOLCOMB Lindsey A. Deus Fez Tudo em Mim – um livro para ajudar as crianças a prote-
gerem seu corpo. São José dos Campos: Editora Fiel, 2019.

Outras referências bibliográficas:


BREWSTER, Dan. A criança, a Igreja e a Missão. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2015.
KIT Um Lugar Seguro para as Crianças Aliança Internacional (Keeping Children Safe Coalition). Edição em
Português: Rede Mãos Dadas, 2012.
REJU, Deepack. Sempre Alerta: Como Prevenir e Responder ao Abuso Infantil na Igreja. Eusébio, CE: Pere-
grino, 2018.
SANDERSON, Christiane. Abuso Sexual em Crianças: fortalecendo pais e professores para proteger crianças con-
tra abusos sexuais e pedofilia. São Paulo, M.Books do Brasil, 2005.
SANTO, Andrea N E. Textos, jogos e anotações de capacitações e oficinas ministradas e atendidas no Brasil e fora
do Brasil.

Demais bibliografias do tema:


CUNHA, Maria Leolina Couto. Cartilha Campanha Bola na Rede – Enfrentamento da Violência Sexual contra
Crianças e Adolescentes. Renas, 2015, 2ª edição.
CURSO EAD de Proteção Infantojuvenil dos Escoteiros do Brasil: http://escoteiros.org.br/ead/programa_prote-
cao_infantojuvenil/pg41_curso_ead_protecao_infantojuvenil.php (acesso em Fevereiro, 2020).
CONSTRUINDO Espaços Seguros. Guia de Implantação da Política de Proteção da Criança e do Adolescente
em Espaços Institucionais. FEASA. São Paulo: Paulus 2014.
FERRANDO, Alberto Vazquez; GORGAL, Alicia Casas; TATO, Nair Ramos. Mãos ao bom trato. São Leopoldo:
Ed Sinodal, 2009.
FERRARI, Dalka C. de Almeida; MIYAHARA, Rosemary Peres; SANCHES, Christiane. A Violação de Direitos de
Crianças e Adolescentes. São Paulo: Summus, 2014.
GEISEN, Cynthia. Meu corpo é especial. Um guia para que a família converse sobre abuso sexual. São Paulo:
Paulus, 2007.
GORGAL, Alicia Casas; GOYRET, Maria Eugenia. Vamos aprender bons tratos – Ferramentas lúdicas para a
promoção de bons tratos em família. Curitiba: Editora Esperança, 2015.
GORGAL, Alicia Casas; GOYRET, Maria Eugenia. Brincando nos fortalecemos: oficinas para enfrentar situações
difíceis. 4 ed. Curitiba: Editora Esperança, 2016.
JACKSON, J. S. Divirta-se com Segurança. São Paulo: Paulus, 2009.
PROTEÇÃO à criança: Manual de Orientações Práticas Para a Proteção de Crianças nas Igrejas – Pepe Network

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COMBO 9 (Assuntos Contemporâneos / WORKSHOP

ENSINO BÍBLICO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA


Desafios para a igreja

O QUE É INCLUSÃO?

Uma boa definição de inclusão foi apresentada pela escritora Maria Teresa Eglér Mantoan, que diz: “Inclu-
são é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com
pessoas diferentes de nós.”

UM POUCO DE HISTÓRIA

Na história da humanidade, nas civilizações mais antigas, registros indicam que o acolhimento ou não dos
“diferentes” sempre foi um assunto ditado pelas normas e leis de cada civilização. Podemos sintetizar a história da
inclusão, nas diferentes épocas, da seguinte forma:

No Egito: Os egípcios incluíam na sociedade pessoas com deficiência, já que as anomalias eram bastante
comuns nessa sociedade, devido às uniões consanguíneas.

Na Grécia: O povo grego sempre cultuou o corpo e a perfeição, assim excluíam e eliminavam as crianças
que nasciam com algum tipo de deficiência.

Em Roma: Os romanos cultuavam a força física dos guerreiros, por isso, as crianças que nasciam com
algum tipo de deficiência eram jogadas no Rio Tibre, pois as anomalias eram consideradas uma ameaça para a con-
tinuidade da espécie.

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Na Idade Média: Pessoas com deficiência eram associadas à imagem do diabo, da feitiçaria, da bruxaria e
do pecado, sendo isoladas e exterminadas.

Com a difusão do Cristianismo essa visão foi sendo modificada gerando o pressuposto de que a pessoa
com deficiência era um indivíduo dotado de alma, e que, portanto, necessitava ser socorrido.

FASES DA DEFICIÊNCIA NO CONTEXTO HISTÓRICO

No campo educacional, a história entendeu que o conceito da deficiência passou pelas seguintes fases:
exclusão – fase mais duradoura, segregação ou separação – fase em que se criaram as instituições (escolas, asilos),
integração – fase de convivência de pessoas com deficiência no mesmo espaço, mas não no mesmo ambiente e inclu-
são – fase atual com proposta de todos convivendo no mesmo espaço e mesmo ambiente, participando das mesmas
atividades e aprendendo o mesmo conteúdo.

UM POVO NÃO ALCANÇADO

No Brasil, segundo o IBEGE, o Censo de 2010 apresentou os números sobre a deficiência em nosso país.
São eles: 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Esse número representa 23,9% da população.

Pessoas com deficiência no Brasil 23,9%

45,6 milhões
de pessoas com
deficiência

200,4 milhões de
habitantes

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Tipos de deficiência
8%

17% Visual

48% Física

Auditiva
27%
Mental

O missionário Ronaldo Lidório, em abril de 2014, afirmou que no Brasil há 9 milhões de surdos, onde apenas 0,1%
se declara evangélico/cristão. Verdadeiramente os campos já estão brancos para a ceifa ( Jo. 4.35).

NOSSO PAPEL COMO IGREJA FRENTE AO DESAFIO DA INCLUSÃO

Apesar da constatação do expressivo número de pessoas com deficiência vivendo no mundo atualmente,
infelizmente, encontramos, em muitas igrejas, uma atitude negativa com relação a elas. Isso ocorre pela desinforma-
ção, pela falta de proximidade e pelo temor ao desconhecido, gerando como resultado o preconceito, a indiferença
e a exclusão.

Crer que pessoas com deficiência serão salvas apenas em virtude de sua especificidade, é um grande e pe-
rigoso equívoco. Mesmo aquelas pessoas que, em decorrência de sua deficiência, apresentam graves comprometi-
mentos de ordem física, sensorial ou intelectual, não é razão para nos eximirmos de nossa responsabilidade como
cristãos. Devemos proclamar a mensagem do reino de Deus, a salvação que Cristo conquistou na cruz e que está
disponível a todos os que nele crerem.

BASE BÍBLICA PARA O TRABALHO COM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

A carta aos Romanos 10.14 nos adverte: “[...] E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvi-
rão se não há quem pregue?” Como cristãos, é nosso dever levar a mensagem da salvação a todas as pessoas, sejam
elas com ou sem deficiência.
A Bíblia apresenta muitos textos se referindo às pessoas com deficiência. A profecia de Isaías 35.5-6 traz a
maravilhosa promessa: “Olhos cegos serão abertos, os aleijados saltarão como a gazela, os mudos começarão a
cantar.” Nossa tarefa é levar esta boa nova àqueles que necessitam. Há esperança para as pessoas com deficiência.

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Elas precisam saber que podem ser salvas e livres na deficiência hoje, sendo amadas, respeitadas e incluídas, e da
deficiência no futuro, quando, na eternidade, elas receberem um corpo glorificado por Cristo. Paulo, em sua carta
aos Filipenses, diz: “[...] Jesus Cristo, que transformará nosso corpo terrestre em corpo glorioso, como o dele, ele
nos fará belos e perfeitos [...]” (3.21).

Nosso papel não é explicar as causas da deficiência, pois “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso
Deus [...]” (Deuteronômio 29.29), mas acolher, respeitar, incluir, evangelizar, acompanhar e cuidar para que as
pessoas com deficiência e seus familiares, sejam tratados com dignidade, justiça e amor.

Podemos confiar que Aquele que nos chamou é fiel para fazer a obra no coração da pessoa com deficiência.
No texto de Mateus 11.25, Jesus diz em sua oração: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste
estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.”

ESCOLHENDO ENVOLVER-SE

A vida é feita de escolhas. A inclusão é um desafio que só ocorrerá quando nos envolvermos. Não basta co-
nhecer as leis e admirar os trabalhos que são realizados em prol das pessoas com deficiência, é preciso envolvimen-
to. O maior exemplo que temos de envolvimento é o do próprio Deus que deixou Sua glória e, na Pessoa de Cristo,
habitou entre os homens. “Ele se esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos
homens.” (Filipenses 2.7).

COMO AS IGREJAS PODEM PROMOVER A INCLUSÃO DE PESSOAS, CUJAS DEFICIÊNCIAS, EM MUITAS DELAS,
LHES CAUSAM GRANDES COMPROMETIMENTOS?
Não devemos subestimar os efeitos que uma deficiência pode gerar na vida de uma pessoa, principalmente,
se estes lhe causam comprometimentos importantes em vários aspectos. Mas jamais devemos perder a esperança
de superação. Precisamos investir esforços para proporcionar às pessoas que têm algum tipo de deficiência as con-
dições necessárias para que venham a superar os obstáculos, pois todos têm a capacidade de se desenvolver e de
melhorar suas condições.

• O primeiro passo é crer que a pessoa com deficiência pode superar seus limites quando lhe são oferecidas as con-
dições necessárias para o seu desenvolvimento e, apesar da sua especificidade, pode aprender a Palavra de Deus.

• O segundo passo é obedecer à palavra de Deus evangelizando e pastoreando a pessoa com deficiência e seus
familiares, pois “O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que
façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao
nosso Deus.” (Miquéias 6.8).

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• O terceiro passo é conhecer, por meio da convivência, a pessoa com deficiência: suas necessidades, potencia-
lidades e limitações e a partir deste conhecimento, possibilitar todas as formas de acesso que ela tem direito,
inclusive o ensino da Palavra de Deus.

• O quarto passo ensinar os valores da Palavra de Deus usando recursos que facilitem a compreensão da pessoa
com deficiência.

• O quinto passo é esclarecer os membros da comunidade sobre a importância da inclusão, e cabe a todos pro-
movê-la por meio do envolvimento e serviço cristão.

UM MINISTÉRIO BEM SUCEDIDO

Para o sucesso do ministério, é muito importante que a igreja tenha uma equipe bem treinada. Se a igreja
tiver no seu rol de membros profissionais como, médicos, terapeutas, assistentes sociais, psicólogos, professores e
outros técnicos, eles poderão ser muito úteis. Todavia, se a igreja não os tiver, ela poderá incluir na equipe, pessoas
leigas que serão treinadas para o exercício desse trabalho. O importante é que haja um líder que irá responder pelo
ministério diante da igreja. Esse líder deverá ser uma pessoa que ama a Deus e ao próximo, além de ter convicção
de ser vocacionado para realizar este trabalho. Precisa ser alguém que busque informações sobre o assunto em
materiais impressos, em cursos, em congressos, em seminários e conferências e, acima de tudo, seja alguém que
desenvolva um relacionamento de carinho e de respeito para com as pessoas com deficiência e para com os seus
familiares. A equipe deverá conhecer documentos legais que tratam do tema da inclusão e conhecer as especifici-
dades das deficiências que os membros em questão apresentam para, conjuntamente, decidirem a melhor forma de
trabalhar com cada pessoa. Para tanto, é necessário conhecer a história de vida de cada um.

POR ONDE COMEÇAR?

Antes de tudo, é primordial uma entrevista com o familiar responsável. Ele é a pessoa capacitada para dar as
informações necessárias: o tipo de deficiência (diagnóstico), como agir com a pessoa deficiente, que cuidados são
necessários, em que a igreja pode auxiliar a família, e outras informações.

UM AMBIENTE ACESSÍVEL

A igreja deve se perguntar:

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1. Nossa igreja promove o acesso das pessoas com e sem deficiência em todos os ambientes?
2. O que já fizemos para diminuir as barreiras?
3. Que adaptações ainda precisam ser realizadas para que todos possam ter acesso a todos os espaços?
4. Há em nosso meio casos de pessoas com deficiência?
5. Que tipo de deficiência podemos perceber em nosso contexto?
6. Como essas pessoas têm sido incluídas em nossas programações?
7. Todos os membros de nossa comunidade são esclarecidos sobre a importância da inclusão de pessoas com
deficiência? Estes são incentivados a tratarem dessa questão sob uma perspectiva bíblica?

Responder a essas questões nos ajudam a orientar nossas ações. Não há receitas prontas. Cada igreja
deverá encontrar seu próprio caminho, pois realidades diferentes requerem ações específicas.

CONCLUSÃO

Nosso papel como Igreja, Corpo de Cristo na Terra, é sinalizar o Reino de Deus, é sermos uma “amostra
grátis” do novo céu e da nova terra. A razão da nossa existência é praticar os valores da palavra de Deus e anunciar
que o Reino de Deus está entre nós, e, por Ele ter nos incluído nos seus planos, também devemos fazer o mesmo:
incluir, evangelizar e pastorear todas as pessoas com deficiência que o Senhor nos enviar. Cabe a nós fazer a escolha
de obedecer Àquele que nos chamou, incluindo, respeitando, evangelizando, acompanhando e cuidando para que
essas pessoas e seus familiares sejam tratados em nossa igreja de maneira digna, justa e amorosa.

BIBLIOGRAFIA

A MENSAGEM: Bíblia em Linguagem Contemporânea. Eugene H. Peterson; Supervisão exegética e teológica


Luiz Sayão, São Paulo: Editora Vida, 2011.
BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
BÍBLIA. Bíblia Sagrada – Antigo e Novo Testamento. Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida.
Edição revista e atualizada no Brasil. 2ª Edição. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1994.
BREEDING, Malesa. HOOD, Dana. WHITEWORTH, Jerry. Deixe vir a mim todas as crianças, Um guia prático
para a inclusão de crianças com necessidades especiais no ministério de sua igreja. Traduzido por Lena Aranha. 2ª
edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
COSTA-RENDERS, Elizabete Cristina. Educação e Espiritualidade: Pessoas com deficiência, sua invisibilidade e
emergência. São Paulo: Paulus, 2009.
DARKE, Brenda. Deficiente: O desafio da inclusão na igreja; traduzido por José Carlos Siqueira. São Paulo: Hagnos, 2015.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. Ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997.

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