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Uma Coleção de Sermões do Reverendo Richard Newton,

Doutor em Divindade

“Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu.” Hebreus 2.13

Amostra grátis. Proibida a venda.


Todos os direitos são reservados à Editora Shemá.
Animais da Bíblia

Uma Coleção de Sermões do Reverendo Richard Newton,


Doutor em Divindade

Tradução:
Karis Beatriz Gueiros Anglada Davis
Lucas Fernando Pianowski Bernardes

Richard Newton
Animais da Bíblia e as lições que eles ensinam para crianças
de Richard Newton
© Shema Publicações.
Título Original em inglês: Bible Animals And the Lessons Taught
by Them for Children
Todos os direitos reservados.

1ª edição em Português: 2021

Tradução:
Lucas Fernando Pianowski Bernardes

Tradução de poemas e canções


Karis Beatriz Gueiros Anglada Davis

Revisão:
Karis Beatriz Gueiros Anglada Davis

Diagramação:
Daniel de Queiroz dos Santos Abreu Figueiredo
Marina Camargo Guimarães

Capa:
Pedro de Sousa Luz dos Anjos

ISBN:
978-65-991662-1-1

Todos os direitos destra tradução reservados pela:


Shema Publicações
Rua Santa Catarina, 181 - Belo Horizonte
CEP: 68.503-340 / Marabá - PA
contato@shemapublicacoes.com
www.shemapublicacoes.com
Sumário

Prefácio à edição americana........................... 9


Prefácio à nova edição americana................. 11
Prefácio à edição brasileira............................ 13
Notas de usos e costumes............................. 17

Capítulo Um - O Leão................................. 19
Capítulo Dois - A Ovelha............................ 39
Capítulo Três - O Camelo............................ 59
Capítulo Quatro - O Cavalo........................ 77
Capítulo Cinco - A Corça........................... 103
Capítulo Seis - A Abelha............................ 123
Capítulo Sete - A Águia.............................. 139
Capítulo Oito - A Formiga......................... 159
Capítulo Nove - O Urso.............................. 177
Capítulo Dez - A Cegonha......................... 195
Capítulo Onze - O Jumento........................ 207
Capítulo Doze - O Elefante........................ 225
Capítulo Treze - O Escorpião..................... 249
Capítulo Catorze - A Pomba...................... 263
Capítulo Quinze - O Macaco..................... 281
Capítulo Dezesseis - O Cão........................ 299
Prefácio à edição americana

O presente volume contém os sermões do último curso do Dr.


Newton sobre Os Animais da Bíblia, que foram encontrados na
sua sala de estudos em Chestnut Hill, na Filadélfia, depois da sua
morte, e que estão sendo publicados neste livro por conta de um
pedido do próprio autor antes de falecer.
Esta é a sua última obra para os jovens. Por meio dela, ele ainda
fala para os seus pequenos amigos. Verdadeiramente, as suas obras
o seguem.

9
Prefácio à nova
edição americana

Na biografia de Richard Newton, escrita por seu amado filho, está


registrado o seguinte sobre o último sermão desse livro chamado
Animais da Bíblia:
“Uma semana antes de morrer — na tarde do domingo da
Ascensão — quando estava se sentindo especialmente fraco, ele
se levantou do sofá onde ficava deitado e pediu uma folha de papel
e cola. Ele queria acrescentar alguma coisa em seu último sermão,
sobre o cachorro. Ele foi até sua mesa, escreveu uma correção,
colou-a cuidadosamente na folha novinha e então voltou para a
cama — ocupando, assim, pela última vez, sua diligente caneta em
seus queridos sermões.”
Assim concluiu-se o ministério marcante do homem a quem
Spurgeon apelidou de “o príncipe dos pregadores para crianças”.
Tem sido um privilégio indizível para a Solid Ground Christian
Books publicar os livros desse servo talentoso pela primeira vez
depois de mais de um século. É nosso desejo e objetivo imprimir
todos os títulos para crianças que foram levados para centenas de
milhares de crianças e adultos em quase 20 línguas. Que o Deus de
toda a graça abençoe esses esforços para a salvação de multidões
ao redor de todo o mundo.

Fevereiro, 2007

11
Prefácio à edição brasileira

Querido leitor,

Este livro que você tem em mãos é mais um tesouro antigo desen-
terrado, lavado e lustrado, que está sendo oferecido aos leitores
atuais neste belo formato pela Shema Publicações. Trata-se de
uma verdadeira joia, que podemos comparar a uma coroa de
dezesseis pontas, cada ponta com uma pedra preciosa moldada
no formato de um animal bíblico. Cada animal está cercado
de brilhantes, que são preciosas lições e ilustrações morais e
espirituais, cintilantes e atraentes, as quais, se abençoadas por
Deus, irão adornar não só as cabeças, mas o caráter e o coração
de nossas crianças.
Quando falamos em oferecer uma educação cristã para os
filhos da aliança, sabemos que não é uma questão de adotarmos
este ou aquele método, currículo ou material didático, e sim de
apresentarmos cada assunto “na perspectiva cristã”, ou seja, à luz
dos ensinos da Palavra de Deus, buscando o seu sentido principal
na revelação divina. Como entender, por exemplo, o significa-
do maior de um evento, como o Dilúvio? Podemos estudá-lo
do ponto de vista geológico, social ou histórico, mas é a Bíblia
que vai nos ajudar a descobrir o seu sentido principal; e a Bíblia
o interpreta não apenas como uma catástrofe natural com esta
ou aquela consequência, mas como julgamento de Deus sobre a
humanidade que estava totalmente corrompida pelo pecado. Ou

13
ANIMAIS DA BÍBLIA

qual o significado principal do ser humano? Ele não é um mero


ser racional, mas a Bíblia o aponta como o ápice da criação, um
ser criado à imagem de Deus, para viver em comunhão com ele e
ser o representante de Deus na terra. Assim, nós entendemos que
podemos estudar a criação e os fatos sob diversos ângulos, apren-
dendo suas leis físicas, biológicas e sociais, entre outras. Mas, por
serem criaturas e fatos que revelam a Deus e seu plano, cada ser e
detalhe da criação de Deus podem nos ensinar, de alguma forma,
lições sobre Deus e sobre a Sua vontade.
Como, todavia, desvelar esse significado mais profundo da cria-
ção? Como descobrir as lições que Deus deseja nos ensinar, por
meio das coisas criadas, sobre si mesmo, sobre nós, e sobre a sua
vontade para nossas vidas? Essa pode ser uma tarefa misteriosa e
estonteante até para os maiores educadores e filósofos, mas que-
remos sugerir que mesmo os mais simples dentre nós podemos
nos tornar mais sábios que os entendidos se buscarmos a chave
para essa interpretação na própria Palavra de Deus. Existem gran-
des cientistas estudando os insetos de diversas maneiras, e ainda
assim eles podem ignorar a lição mais importante que Deus quer
que aprendamos com eles. Contudo, mesmo uma criança que vai
até Provérbios 6.6-9 pode aprender pérolas da sabedoria de Deus
e tirar preciosas lições sobre trabalho, previdência e responsabili-
dade de uma professora tão pequena quanto a formiga. Assim, o
que a Bíblia nos revela sobre qualquer ser, evento, ou animal nos
apontará diretamente para as lições principais que Deus quer que
aprendamos deles.
Nesta obra-prima, a última escrita pelo querido Pr. Richard
Newton, chamado pelo próprio Spurgeon de "o príncipe dos prega-
dores para as crianças", o autor nos mostra como fazer exatamente

14
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA

isso, a partir do estudo de dezesseis animais da Bíblia. Ele parte de


um ou mais textos em que a Bíblia menciona determinado animal,
estuda brevemente as suas características, hábitos e instintos (ou
as leis com que Deus os rege) e, de maneira magistral, tira, desses
animais, lições de vida e de caráter importantes para nós e para
nossas crianças.
Além de nos proporcionar essas preciosas lições, o Dr. Newton
era ainda um mestre em contar histórias. Com um repertório in-
crível, ele ilustra cada lição com várias histórias verídicas que tor-
narão as mensagens claras, atraentes e inesquecíveis na mente e no
coração de crianças de todas as idades.
Com tais características, esse é um recurso educativo tão rico
quanto aquela coroa de joias que mencionamos. Ele pode ser usado
por pais e professores no lar e na escola dominical como um inte-
ressantíssimo “sermão” devocional para crianças, extraído de textos
bíblicos e da vida de animais como o urso, o leão, o cordeiro e o
escorpião. Pode ser utilizado como parte do currículo de Ciências,
ou como unidades temáticas multidisciplinares, e ser complemen-
tado por pesquisas sobre a fisiologia, a classificação e os hábitos
dos animais estudados. E pode ainda ser enfocado como auxílio ao
ensino moral de inúmeras virtudes bíblicas como a obediência, a
docilidade, a coragem, a utilidade, a gratidão, e até sobre o veneno
do pecado, ilustrados pelos animais examinados.
Seja qual for a abordagem utilizada, o conteúdo de cada capítulo
é tão rico e cheio de possibilidades de aprendizado que vale a pena
estudar um animal de cada vez e gastar pelo menos uma semana
no estudo dele e das tantas lições de vida que nos ensina. Quanto
mais cedo e firmemente essas lições forem aprendidas por nós, mais
sábios e úteis seremos para o reino de Deus neste mundo. E, no

15
ANIMAIS DA BÍBLIA

decorrer desses estudos, não nos esqueçamos de louvar e agradecer


a nosso maravilhoso Deus por essas incríveis criaturas e pelas lições
que ele nos revelou por meio delas.

Karis Anglada Davis


Projeto Educacional Maçãs de Ouro na Árvore da Vida
Dom Eliseu, 24 de março de 2021

16
Notas de usos e costumes

Para melhor aproveitamento do presente material, apresentam-se


algumas propostas de utilização. Devido à sua linguagem acessível
e diversas ilustrações o livro tem grande potencial para ser estudado
por crianças a partir dos 8 anos de idade em diversos contextos, tais
como: em casa, material devocional, culto doméstico ou clube do
livro; na escola, em aulas de ciências; e na igreja, para estudo dirigido
das virtudes e lições na Escola Dominical ou para uso das histórias
ilustrativas em Escolas Bíblicas de Férias.
O pastor Richard Newton pregou esses sermões numa época e
cultura diferentes da nossa, porém os princípios bíblicos são aplicáveis
a todos nós e a todos os tempos, pois a verdade de Deus não passa.
Além disso, passados cerca de dois séculos desde a escrita dos sermões,
o conhecimento científico sobre as espécies citadas pode ter somado
novas informações às citadas. Aproveite essa oportunidade para perce-
ber o quanto o conhecimento científico da época do autor se aproxima
ou se afasta do que temos hoje.
Tendo isso em mente, aproveite o máximo que puder desse livro,
estude-o e ore a Deus para que aplique essas verdades ao seu coração.
Preste atenção à variedade das obras da criação de Deus, à seriedade
do pecado, às lições ensinadas e, principalmente, olhe para o Salvador
Jesus Cristo. Ele é o Criador, o Redentor e o Rei de todo o universo!

A editora

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CAPÍTULO UM

O Leão
“O leão, o mais forte entre os animais” — Provérbios 30.30

Entramos agora numa nova série de sermões para os jovens e


crianças. O assunto destes sermões será “Ciências da Bíblia”.
Tomaremos alguns animais ou pássaros mencionados na Bíblia
e nos seus hábitos e caráteres tentaremos encontrar ilustrações de
algumas das verdades que nos são ensinadas na Bíblia e dos deveres
que fluem dessas verdades.
O primeiro dos animais mencionados na Bíblia que tomaremos
para o nosso estudo é o leão. Salomão nos diz no nosso texto que “o
leão” é “o mais forte dentre os animais”. E isso é verdade. Não con-
seguimos olhar para a figura de um leão sem pensar que ele deve ser
muito forte. Com apenas um golpe da sua pata, o leão pode matar
um cachorro, uma ovelha, ou um lobo. E, quando mata um cavalo
ou um boi, pode carregá-lo para a sua toca com muita facilidade.
O comprimento de um leão crescido, da ponta do seu focinho
até o fim da sua cauda, é de dois metros a dois metros e meio. A sua
altura nos seus ombros é de aproximadamente um metro. O leão
macho tem uma massa pesada de cabelo em volta do seu pescoço,
que é chamada de juba.
Quando o leão se põe de pé diante de nós, com os seus olhos

19
ANIMAIS DA BÍBLIA

brilhantes, a sua juba ouriçada e o seu rabo oscilando, ele parece


ser, como realmente é, um dos animais mais belos que Deus fez.
O rugido do leão é terrível. O profeta Amós compara o seu
rugido com a voz de Deus, quando diz: “Rugiu o leão, quem não
temerá? Falou o SENHOR Deus, quem não profetizará?” (Amós
3.8). Não é de surpreender que ouvimos o leão sendo chamado de
“o rei dos animais” ou “o monarca da floresta”. Na época do Antigo
Testamento havia muitos leões na terra da Palestina, e quase todos
os profetas falaram sobre eles; mas hoje não há mais nenhum ali.
Não há mais leões no nosso país, nem no restante do continente
americano, exceto os que são encontrados nos zoológicos e exposi-
ções de animais. A Ásia e a África são os únicos continentes onde
os leões atualmente vivem e se reproduzem.
O nosso sermão será sobre o leão e as suas lições. Ao consi-
derarmos os hábitos e as qualidades dos leões, encontramos neles
boas ilustrações de quatro lições importantes que, se aprendermos
a praticá-las, farão bem para todos nós.
A primeira é:

A LIÇÃO DA MODERAÇÃO
Apesar da grande força do leão, quando tem o suficiente para
comer, este fica satisfeito, e não continua matando nem homens
nem animais por mero amor de matar. Mas isso é bem diferente
com alguns outros animais. O lobo e o tigre, por exemplo, não são
como o leão neste ponto. Não têm moderação. Mesmo quando têm
o quanto querem para comer, não ficam satisfeitos, mas continuam
matando simplesmente porque amam matar. O leão está satisfeito
quando tem o suficiente para comer, e aqui temos uma ilustração
da sua moderação.
No livro “História Natural”, de John George Wood, encontra-

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CAPÍTULO UM - O LEÃO

mos uma história sobre um leão que nos mostra como este ponto
que estamos analisando é verdadeiro.
Ele nos conta sobre um soldado pertencente a um regimento in-
glês que estava estacionado no Cabo da Boa Esperança, na parte sul
da África. Fora dito a esse soldado que, entre os bôeres holandeses,
que viviam no interior da África do Sul, havia boas oportunidades de
ganhar dinheiro e ficar rico. Ele queria muito isso. Então determinou
no seu coração que desertaria do seu regimento, iria viver entre os
bôeres holandeses e tentaria fazer a sua fortuna ali. Procurou uma
oportunidade favorável, e então desertou e foi.
Antes de ir, no entanto, cuidou de conseguir uma grande bolsa
cheia de pão e carne, para servir de comida para a sua jornada, que
duraria vários dias. Naquela parte de África havia muitos leões. À
noite, quando esse soldado se deitou para dormir no chão, colocou
a bolsa que continha as suas provisões debaixo da sua cabeça como
um travesseiro. Na segunda noite da sua jornada ele se deitou no-
vamente para dormir com a sua cabeça sobre a bolsa de provisões.
Durante aquela noite, enquanto estava num sono profundo, veio
um grande leão rondando à sua volta. Quando o leão se aproximou
dele e sentiu o cheiro das comidas na bolsa, estendeu sua pata enor-
me e, puxando a bolsa de debaixo da cabeça do soldado, a carregou,
e fez para si uma boa ceia com o conteúdo da bolsa. E, tendo feito
isto, ficou satisfeito. Poderia ter voltado e saltado sobre o soldado
sonolento, e despedaçado o seu corpo; mas já conseguira algo para
comer, e isso era o suficiente para ele. Agindo como fez, esse leão
estava dando uma boa ilustração da lição de moderação.
A regra bíblica sobre moderação nos é dada pelo apóstolo Paulo
na sua carta a Timóteo, quando diz: “Tendo sustento e com que
nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6.8).
Porém, frequentemente achamos difícil aprender essa lição; apesar

21
ANIMAIS DA BÍBLIA

disso, nunca poderemos ser felizes até que a tenhamos aprendido.


Aqui está uma boa ilustração disso. Podemos chamá-la de:

O CAFÉ-DA-MANHÃ DE ANNA

Anna era uma pequena menina de mais ou menos dez anos de


idade, que não havia aprendido a lição da qual estamos falando.
Certa manhã, ao sentar-se para o café-da-manhã, disse:
— Mamãe, a senhora poderia pedir para a Jane me trazer
um pouco de mel?
— Não tem mel, minha querida — disse a sua mãe. —
Mandei o último que tínhamos para uma pobre menina que
está doente. Mas há um pouco de uma calda deliciosa.
— Não gosto de calda; — disse Anna — e se não puder ter
o mel não comerei o meu café-da-manhã. Odeio bolo de trigo
sem mel.
A senhora Grey olhou com tristeza para a sua pequena me-
nina, e estava prestes a falar com ela quando a porta se abriu e
Jane, a cozinheira, entrou, dizendo:
— Por favor, senhora, aqui está uma menininha pobre que
quer algo para comer.
— Traga-a para dentro e deixe-me vê-la — disse a senhora
Grey.
Jane voltou imediatamente, trazendo a pequena garota que
tinha por volta de dez anos de idade. Ela estava muito pálida e
magra, e com roupas simples.
A senhora Grey levou bondosamente a menina para perto do
fogo e então lhe deu um pouco do café-da-manhã. Respondendo
às perguntas da senhora Grey, disse que o seu nome era Mary
Willis e que o seu pai fora para a Califórnia havia um ano.
Ficaram tão pobres que foram obrigados a viver num sótão;

22
CAPÍTULO UM - O LEÃO

Nelly, a irmã bebê de Mary, estava chorando pedindo algo para


comer e não havia nada para dar a ela.
— Então, — contou Mary — pedi à mamãe para me deixar
sair e mendigar nesta manhã. É a primeira vez que mendigo;
mas não conseguia aguentar ver a querida bebê chorando por
algo para comer.
A senhora Grey deixou a sala e Anna, que até então não
falara uma só palavra, ajudou a pequena garota a fazer algo
que achou que deixaria a menina confortável. A senhora Grey
logo retornou com algumas roupas quentes, com as quais vestiu
Mary. Então pegou um cesto e colocou nele um pouco de carne
resfriada e pão, uma lata de leite bem tampada, um pouco de
chá e açúcar, e lhe disse que iria com ela ver a sua mãe. Anna,
que sentia que fizera algo errado, e ainda não falara uma palavra
sequer, perguntou se poderia ir. A sua mãe disse sim. Então a
menina correu para pegar o seu casaco e o seu capuz.
Mary pegou o cesto, sentindo-se muito feliz em pensar que
estava carregando algo para a sua mãe e para a querida bebê.
A senhora Grey e Anna a seguiram. Encontraram a senho-
ra Willis, como Mary dissera, morando num sótão; mas este
estava o mais arrumado e limpo possível. A senhora Willis
estava costurando camisas de marinheiros, pelas quais recebia o
equivalente a cinco reais por peça. Ela podia fazer apenas duas
por dia, o que lhe rendia cerca de dez reais. Tudo o que isso lhe
daria por semana seria uma média de sessenta reais. Ela tinha
que pagar por volta de vinte reais por semana pelo seu aluguel,
e assim sobrava somente o equivalente a quarenta reais por
semana para viverem.
Enquanto ouvia tudo isso, a senhora Grey havia dado a Nelly, a
bebê, um pouco de pão e leite para café-da-manhã, o que a deixou

23
ANIMAIS DA BÍBLIA

muito feliz. Então ela combinou com a senhora Willis para que
Willie, o irmão de Mary, viesse à sua casa toda manhã e fizesse
pequenos trabalhos para ela, e pelos quais ela lhe daria cerca de
vinte reais por semana. Isso pagaria o aluguel deles. E ela iria tentar
conseguir um trabalho mais rentável para a senhora Willis fazer.
Depois do jantar naquela noite, Anna ficou sozinha com a
sua mãe. Ela veio, ajoelhou-se ao lado dela e, escondendo o seu
rosto no colo da mãe, disse: “Oh, mãe, vejo que fui muito de-
sobediente esta manhã; por favor, a senhora me perdoa?” A sua
mãe se reclinou sobre ela e a beijou; então se ajoelhou com ela
e pediu a Deus para perdoá-la, e a ensinou a, daqui para frente,
ser contente com aquilo que tinha.
Anna foi para cama naquela noite repetindo para si um hino
que sua mãe lhe ensinara. Estas são as duas primeiras estrofes:

Pelas ruas caminhando,


Quantos pobres eu percebo!
E ao Senhor o que rendo?
Pelas bênçãos que recebo?

Não mereço mais que os outros,


Mas Deus muito me tem dado;
Estou farto enquanto muitos
Têm com fome mendigado.

Anna nunca se esqueceu da lição que aprendera naquele dia.


Foi uma lição de contentamento, ou seja, de ser grata por aquilo
que tinha.

E é sobre isso que estamos falando agora em conexão com o

24
ANIMAIS DA BÍBLIA

leão. A primeira lição que podemos aprender com o leão é a lição


da moderação.
A segunda lição que o leão nos ensina é:

A LIÇÃO DA BONDADE
Normalmente não ligamos a ideia de bondade com o leão. Quando
pensamos sobre o tamanho do leão, a sua grande força, a sua enor-
me juba ouriçada, os seus olhos brilhantes e o seu terrível rugido,
pensamos quão fácil seria para ele assustar ou matar os animais e os
homens; mas encontrar bondade para com as outras criaturas da par-
te de um animal como o leão é algo que dificilmente esperaríamos.
Mesmo assim, algumas vezes encontramos, sim, atos de bonda-
de muito impressionantes. Aqui está uma ilustração do que quero
dizer. A história a qual me refiro pode ser chamada de:

O ANIMAL DE ESTIMAÇÃO DO LEÃO

Há alguns anos, um circo itinerante, que envolvia uma expo-


sição de animais, foi à cidade de Manchester, na Inglaterra, e
permaneceu lá por algum tempo.
Grandes multidões se reuniam diariamente para ver as apre-
sentações impressionantes que eram mostradas ali. Dentre elas,
certo dia estava um homem com um pequeno cachorro. Esse
cachorro acabara de apanhar de um outro cachorro com o qual
estava lutando. O outro cachorro era maior e não foi de se ad-
mirar que o menor tivesse apanhado. Mas o dono do cachorro
ficou irado com o seu cão por este ter apanhado. Pegou a pobre
criatura e, embora esta estivesse sangrando e sofrendo com as
sequelas da luta, ele o sacudiu e bateu nele com muita crueldade.
Então se apressou para dentro da tenda do circo e, indo para a
frente da jaula do leão, jogou o cachorro para dentro das grades

26
CAPÍTULO UM - O LEÃO

de ferro, esperando ver o leão pular em cima dele e devorá-lo


num instante. O animal, porém, não fez isso.
O cachorro parecia entender o perigo que estava correndo,
pois se agachou no chão e rastejou até um canto da jaula, o
mais longe possível do leão. O leão olhou para ele, mas não
ficou atiçado. Por fim, o cachorro pareceu reunir esperança e,
arrastando-se lentamente em direção ao “monarca da floresta”,
olhou com súplica para a face dele, como se quisesse dizer:
“Por favor, você não seria bondoso com um pobre cachorro?”
Para a surpresa de todos os que estavam observando a cena, o
rei das feras, que poderia ter triturado mortalmente o cachorro
com um golpe da sua enorme pata, trouxe a criatura desamparada
para o seu lado com gentileza, e então colocou a sua nobre cabeça e
o seu pescoço sobre ele, como se quisesse dizer: “Não tenha medo,
cachorrinho; sou o seu protetor agora; ninguém lhe machucará.”
A esta altura, o dono do cachorro havia superado a sua raiva
tola contra o cachorro, e desejou tê-lo de volta. Então foi ao
tratador que estava tomando conta da tenda e lhe pediu para
que entregasse o seu cachorro. “Você mesmo o colocou na jaula”,
disse o tratador, “e você pode ir pegá-lo de volta.”
O homem foi até a jaula e chamou o seu cachorro; mas o
cachorro nem prestou atenção nele. Era exatamente como se
dissesse: “Não, não quero ir. Consegui um dono melhor do que
você, e prefiro ficar com ele.”
Então o antigo dono chamou várias vezes. Assobiou, e tentou
convencê-lo, mas o cachorro não lhe deu atenção. Por fim, ficou
o homem ficou com raiva e começou a praguejar e ameaçar.
Então o leão olhou para o homem com os seus olhos em chamas
e deu um dos seus terríveis rugidos. Esse homem, apavorado,
virou-se e saiu correndo, enquanto todas as pessoas na tenda

27
ANIMAIS DA BÍBLIA

riam dele. O leão nunca deixava o cachorro ser tirado dele e


continuaram juntos e amigos enquanto o cachorro viveu.
Assim, esse leão certamente ensinou a lição da bondade. E
devemos aprender e praticar essa lição.

Aqui está uma boa ilustração do poder da bondade. Essa história


pode ser chamada:

A BONDADE RETRIBUÍDA

Há alguns anos um oficial do governo inglês fora destacado para


servir na parte alta da Escócia. Ao cumprir os deveres do seu ofício,
todos os dias tinha que caminhar alguns quilômetros pelo país. Um
dia, no percurso da sua caminhada, sem saber exatamente o porquê,
ficou com vontade de olhar dentro de um galpão de gado, que
ficava à beira da estrada, num lugar solitário, distante de qualquer
habitação. Ao entrar nele, encontrou, para a sua surpresa, um pobre
trabalhador irlandês deitado ali. Esse homem se envolvera, durante
o verão, com o trabalho de campo naquela parte do país. No seu
caminho de volta para a sua terra natal na Irlanda repentinamente
ficou doente e foi parar no galpão de gado. Ficou ali uma noite e
parte de um dia e, quando o oficial descobriu o quanto estava pas-
sando fome, retornou para o seu alojamento, e trouxe para o pobre
irlandês a comida que precisava. Então o deixou o mais confortável
que pôde, e prometeu entrar em contato novamente no dia seguin-
te. Continuou a fazer isso por alguns dias, até que o pobre homem
ficou bem o suficiente para continuar a sua viagem para a Irlanda.
Um ano depois, o oficial foi transferido para a Irlanda. Pouco
tempo depois disso encontrou, andando na rua, o mesmo irlan-
dês a quem demonstrara tanta bondade na Escócia. O pobre
homem quase enlouqueceu de alegria ao ver o oficial e gritou,

28
CAPÍTULO UM - O LEÃO

com toda a sua voz: “Aqui está o homem que salvou a minha
vida!” Em pouco tempo todas as pessoas naquela parte do país
conheceram esse oficial e o que fizera ao conterrâneo delas. A
bondade do oficial para esse homem foi o meio pelo qual a sua
própria vida foi salva várias vezes, pois durante o primeiro ano
que estava na Irlanda, uma grande fome prevaleceu lá. Isso gerou
um grande sofrimento, e causou muitas mortes. Em mais de
uma ocasião esse oficial se encontrou cercado por homens com
armas nas mãos, que estavam prestes a matá-lo; mas logo que
viam quem ele era, clamavam: “Tudo bem. Você é o homem que
salvou a vida de Pat Moony; não machucaremos você.”
Durante todo o tempo que permaneceu naquele distrito ele
foi conhecido e citado pelas pessoas como o homem que fora
bondoso para com o pobre irlandês doente, quando este estava
longe do seu lar. Verdadeiramente isso foi uma bondade retri-
buída. Assim vemos que a segunda lição que nos é ensinada
pelo leão é a lição da bondade.

A terceira lição que podemos aprender do leão é:

A LIÇÃO DA OBEDIÊNCIA
Aquele que deve ser obedecido, acima de todos os outros, é
Deus. Ele nos diz na Bíblia o que quer que façamos. No Antigo
Testamento temos os seus Dez Mandamentos, e Deus espera
que mostremos a nossa obediência a ele ao guardarmos esses
mandamentos. No Novo Testamento nos é dito: “Ora, o seu
mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho.” E
quando aprendemos a amar e servir a Jesus, estamos obedecendo a
Deus da forma que ele quer que o obedeçamos. Mas não há Bíblia
para os leões, que possa lhes dizer o que Deus quer que façam.

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AS OPINIÕES DA IMPRENSA BRITÂNICA SOBRE OS
LIVROS DO DR. NEWTON

“Os sermões brilhantes, decorados com anedotas, ganharão uma


audiência amorosa dos pequeninos.”
— British Messenger

“Um príncipe dos pregadores para crianças, pois os seus sermões


são cheios de ilustrações, e o seu estilo é simples e claro.”
— Sunday School Chronicle

“Ministros, professores de escolas dominicais, e aqueles que traba-


lham com cultos infantis encontrarão muito material para ajudá-
-los na árdua tarefa de apresentar verdades religiosas numa forma
atrativa aos mais jovens.”
— United Presbyterian Record

“Aqueles que têm a oportunidade de se dirigir aos jovens desco-


brirão que vale a pena ter os livros.”
— Presbyterian Messenger

“O Dr. Newton é muito conhecido por ter um poder particular de


falar com as crianças que, uma vez adquirido, parece que nunca
se perde.”
— Scottish Sabbath-School Teacher

“Continue escrevendo, bom Dr. Newton, pois as nossas crianças


nunca se cansarão das suas ilustrações e histórias. Cada professor
deveria ler este livro e então repeti-lo em sala. Qualquer coisa
escrita pelo Dr. Richard Newton para os jovens deveria estar ao
alcance de todo professor e docente de escola dominical.”
— Sword and Trowel

“Abundante de boas ilustrações. Os jovens para quem são escritos


se deleitarão em lê-los; e aqueles que procuram por livros para ler
para crianças fariam bem em tê-los.”
— Footsteps of Truth

“Uma série prazerosa de livros para crianças por alguém que é


praticamente imbatível na arte de entretê-las e instrui-las.”
—Sheffield Independent

“Pela clareza, simplicidade e vigor de estilo, junto com uma riqueza


de ilustrações inteligentes, não há livros para os jovens que ‘mantêm
a posição’ com uma tenacidade maior do que os do Rev. Richard
Newton, D.D. São cheios de entretenimento, sempre mescla-
dos com instrução espiritual da melhor qualidade; e o interesse é
mantido pela amplidão do escopo do qual o autor coleta as suas
anedotas.”
— Christian Leader

“Todos os seus livros são caracterizados por um espírito verdadei-


ramente religioso, um elevado objetivo moral, um entendimento
completo da natureza das crianças, e uma destreza feliz de comu-
nicar verdades religiosas para mentes infantis.”
— Glasgow Herald
“Dificilmente pode falhar em prender a atenção e alcançar o en-
tendimento das crianças.”
— Scottish Leader

“As obras do Dr. Richard Newton são muito conhecidas como


distintas pelo seu poder de ilustração e um uso muito feliz de um
grande estoque de anedotas.”
— United Presbyterian Magazine

“Para professores de escola dominical à procura de lições ilustradas,


estes volumes serão de grande uso.”
— Arbroath Herald

“Essas são obras perenes da literatura religiosa, e ainda mantêm a


sua posição como os melhores sermões para crianças dentre todo
o material produzido para instrução dos jovens.”
— Literary World

“Rico em lições impressionantes, ilustrações interessantes, e súpli-


cas sinceras.”
— Freeman

“Exatamente aquilo que deve ser colocado nas mãos dos nossos
jovens companheiros. O Dr. Newton é um príncipe entre os autores
para crianças.”
— British Weekly

“Cheios de proveito, instrução e estímulo.”


— Christian News
“O nome de Richard Newton é familiar para nós como um dos
autores infantis mais famosos... Cheio de anedotas e ilustrações
caseiras, e será muito útil para professores de escola dominical, quer
na classe, quer na escrivaninha.”
— Primitive Methodist World

“Excelentemente adequado para os jovens.”


— Northern Ensign

“Estes volumes estão cheios de instruções religiosas adequadas para


os jovens e crianças, e são apresentadas numa forma excelentemen-
te calculada para prender a atenção.”
— The Bookseller

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