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Lopes et al Praxis Jurídic@ – V.5 N.

1 - (2021)

ANÁLISE DA INIMPUTABILIDADE E SEMI-IMPUTABILIDADE DO


MENOR: OS REFLEXOS DA PSICOPATIA

ANALYSIS OF THE INIMPUTABILITY AND SEMI-IMPUTABILITY OF THE


MINOR: THE REFLECTIONS OF PSYCHOPATHY

Amanda Mendes Abreu Lopes 1, Cristiane Ingrid de Souza Bonfim2, Maisa Dorneles Bianquine3,
Leonardo Elias de Paiva4

¹Discente do curso de Direito na Faculdade Evangélica de Goianésia-


2 Docente na Faculdade Evangélica de Goianésia, Mestre em Ciências Ambientais pela Univenagélica- cristiane481@hotmail.com
3 Docente na Faculdade Evangélica de Goianésia, Especialista em Gestão Pública Municipal- Universidade Estadual de Goiás- UEG.
4 Docente na Faculdade Evangélica de Goianésia, Mestre em Ciências Ambientais pela Unievangélica-

Resumo
Info A presente pesquisa ora intitulada “Análise da inimputabilidade e
Recebido: 06/2021 semi-imputabilidade do menor: os reflexos da psicopatia”, faz uma
Publicado: 20/07/2021 apreciação acerca da inimputabilidade e semi-imputabilidade do
ISSN: 2596-2108 menor, e busca demonstrar a relevância e a compreensão do real
PALAVRAS-CHAVE: tratamento legal assegurado aos indivíduos considerados
inimputáveis e semi-imputáveis. Nesse contexto é que surgem as
Inimputabilidade. Semi-Imputabilidade.
problemáticas, tais como: a eficácia de uma possível redução da
Psicopatia.
maioridade penal brasileira; a educação como resposta mais
keywords: Imputability. Semi-
adequada à violência praticada por menores; e, ainda, se as lacunas
imputability. Psychopathy.
existentes no ordenamento jurídico seriam as causas de insegurança
jurídica à sociedade. O percurso metodológico utilizado foi a
pesquisa bibliográfica, uma vez que foi construída com base em
livros, revistas, teses, doutrinas e legislações. O objetivo está em compreender os fatores que conduzem os menores
à prática de atos infracionais e analisar a proteção legal do indivíduo inimputável e semi-imputável dentro do
ordenamento jurídico brasileiro. Na busca de responder os questionamentos dessa pesquisa, utilizou-se como
fontes principais as obras de Nucci (2019), Capez (2020), Oliveira (2016), Cardoso (2016), Magalhães (2019),
Macedo (2018), dentre outros. Ao final, verificou-se que uma educação de qualidade atuaria de forma positiva no
comportamento dos menores infratores, além de observar a necessidade de adequação das normas que atualmente
amparam aqueles com transtornos de personalidade, levando em consideração a opinião de especialistas psiquiatras
para a última categoria.

Abstract
The present research, now entitled "Analysis of the unimputability and semi-imputability of minors: the reflexes
of psychopathy", makes an assessment of the unimputability and semi-imputability of the minor, and seeks to
demonstrate the relevance and understanding of the real legal treatment provided to individuals considered
unimputable and semi-imputable. It is in this context that problems arise, such as: the effectiveness of a possible
reduction in the Brazilian penal age; education as a more adequate response to violence committed by minors; and,
also, if the existing gaps in the legal system would be the causes of legal uncertainty for society. The methodological
approach used was bibliographic research, as it was built on the basis of books, magazines, theses, doctrines and
legislation. The objective is to understand the factors that lead minors to commit infractions and analyze the legal
protection of the unimputable and semi-imputable individual within the Brazilian legal system. In an attempt to
answer the questions of this research, the main sources used were the works of Nucci (2019), Capez (2020), Oliveira
(2016), Cardoso (2016), Magalhães (2019), Macedo (2018), among others. . In the end, it was found that quality
education would act positively on the behavior of minor offenders, in addition to observing the need to adapt the
norms that currently support those with personality disorders, taking into account the opinion of psychiatrists for
the latter category

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Introdução O percurso metodológico utilizado


A imputabilidade penal no cenário neste trabalho se embasou na pesquisa
brasileiro é um tema relevante quando se observa bibliográfica através de consultas a livros,
os questionamentos dentro do ordenamento periódicos, teses, doutrinas e legislações, buscando
jurídico por diversos especialistas na matéria. O fundamento em diversos autores, tais como: Nucci
assunto envolve grande polêmica entre os juristas (2019), Capez (2020), Oliveira (2016), Cardoso
que escrevem e debatem o tema, principalmente, (2016), Magalhães (2019), Macedo (2018), entre
quando ocorre um acontecimento de repercussão outros.
midiática, como o caso Champinha, o qual gerou A presente pesquisa estruturou-se em
insatisfações em relação à medida jurídica adotada três tópicos, a saber: no primeiro foi elaborado um
ao mesmo. Logo, é nesse contexto que será recorte teórico sobre o conceito de adolescência,
explanado a situação legal dos indivíduos inimputabilidade, semi- imputabilidade e
portadores de transtorno de personalidade imputabilidade, além de explicitar o quadro legal de
antissocial. cada uma dessas categorias ao longo do tempo; no
Para isso, pergunta-se: Seria uma segundo, foram realizados apontamentos acerca da
atitude válida promover a redução da maioridade maioridade penal, ressaltados o debate envolvendo
penal no ordenamento jurídico brasileiro? Os a redução da maioridade penal, teoria do crime e
cidadãos menores de idade deixariam de praticar elementos da imputabilidade à luz do art. 26 do
atos infracionais caso estes começassem a ser Código Penal; e, por fim, no terceiro tópico foi
punidos como crimes? Uma educação de qualidade feito um estudo acerca da punibilidade do
promoveria êxito na diminuição da violência adolescente psicopata na legislação brasileira,
cometida por menores? Qual a opinião de atentando-se ao conceito de psicopata e à análise
especialistas psiquiatras acerca da semi- de caso concreto.
imputabilidade aplicada a pessoas com problemas 1 RECORTE TEÓRICO:
de saúde mental? Assim, para responder aos CONCEITO DE ADOLESCÊNCIA E
questionamentos, faz-se necessário delinear os PANORAMA LEGAL DE PROTEÇÃO
objetivos gerais e específicos.
Inicialmente, cumpre mencionar que o
Do ponto de vista geral, o propósito é vocábulo adolescente, deriva do latim adolescere,
compreender quais os fatores que conduzem os cujo significado é crescer/desenvolver
menores à prática de atos infracionais e, também, (VALENTE, 2012). A adolescência pode ser
analisar a proteção legal do indivíduo inimputável caracterizada como sendo uma etapa intermediária
e semi-imputável dentro da esfera judiciária entre a infância e a vida adulta, na qual o indivíduo
brasileira. está sujeito a inúmeras transformações, sejam elas
Em complemento, os objetivos físicas, psíquicas ou sociais (ALVES, 2008).
específicos será: realizar levantamento de caso De acordo com a Organização
concreto e verificar como se dá a atuação dos Mundial da Saúde a faixa etária da adolescência se
menores na prática dos atos infracionais; identificar dá entre os 10 e 19 anos; para Freud é entre os 13
a diferença de inimputabilidade e semi- e os 18 anos; a Organização das Nações Unidas
imputabilidade penal; buscar opiniões de alude que é entre os 15 e 24 anos; e, por último, o
especialistas com o intuito de entender qual seria a art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente
solução jurídica mais aplicável para punir as (ECA), preceito normativo brasileiro, estabelece
pessoas que praticam infrações e possuem que compreende a faixa etária dos 12 aos 18 anos
transtorno de personalidade; e, finalmente, incompletos, mas permite exceção aos casos
demonstrar a importância de legislação especial previstos em lei e, com isso, aplica o mesmo
que verse exclusivamente sobre os seres humanos estatuto a quem tem entre 18 e 21 anos. À título de
considerados psicopatas. esclarecimento, referido dispositivo destaca que

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criança é a pessoa que tem até 12 anos de idade e Lima (2017), o progresso dos direitos em
incompletos. (VALENTE, 2012). questão, numa perspectiva mundial, ocorreu em
três fases.
Diante disso, enfatiza-se que todas
essas alterações da idade em que o menor é
considerado criança ou adolescente, ocorrem em
A primeira fase se deu entre os séculos
razão de o adolescente vivenciar uma incessante
XVI ao XIX, nesta as crianças e adolescentes
busca pela descoberta de sua identidade. Vale
tinham baixa expectativa de vida, motivo pelo qual
ressaltar, nas palavras de Lacerda e Lacerda (1998
eram vistos como seres insignificantes e destituídos
apud ALVES, 2008, p. 20) que “o adolescente
de personalidade, cujo único valor era servir como
quer, e tem emergência nesta fase de definir e saber
objeto sexual e mão de obra, a depender da
a que veio ao mundo, quer entender o „para que da
condição econômico-financeira (JOSÉ; POLI;
vida‟ e mais, quem ele mesmo é, qual o seu
LIMA, 2017). Assim, nas palavras de Alberton
potencial e papel, dentro da sociedade”.
(2005 apud ROBERTI JUNIOR, 2012, p.4):
Assim, é em meio ao caos desses
Os primeiros vestígios a
acontecimentos, ou seja, diante das crises de respeito do sentimento da
identidade, que o adolescente começa a adquirir infância ocorreram no final
maturidade. Nesse momento ele irá sair da zona de do século XVI e, sobretudo
comodidade, onde somente reproduzia atitudes e no século XVII, mas de uma
pensamentos, para acumular experiências forma tênue e desastrosa. A
particulares, necessitando ter ciência de suas criança pequena era tratada
incumbências e das consequências que um ato como o centro de todas as
insensato pode provocar em sua vida. Entretanto, atenções e tudo lhe era
para um resultado satisfatório, é necessária a permitido. Contudo, já por
volta dos sete anos de idade,
existência de referências (família, por exemplo) que
ela passava a ser cobrada por
mostrem a ele caminhos edificativos, capazes de
meio de uma postura
conduzi-lo a lugares promissores, pois, do diferenciada, com as
contrário, irá formar um indivíduo com uma responsabilidades e deveres
identidade “negativa”, propenso a desenvolver de uma pessoa adulta.
comportamentos desviantes (ALVES, 2008).
Em síntese, a adolescência é marcada
pelo encerramento da fase infante, momento em Na primeira metade do século XX,
que deverá ser maduro e responsável em suas após manifestações do filósofo Jean Jacques
ações, mesmo diante das constantes modificações Rousseau, tal situação passou a ser contestada,
e posteriores crises de identidade. Desse modo, é tendo por base os princípios universais de
considerável encerrar em concordância com liberdade, igualdade e fraternidade, mas, ainda
Matheus (2004, p.2), o qual aduz que “a crise, no assim, eram taxados como seres “imperfeitos” e
entanto, não configura uma patologia, mas a viviam sob a égide paternal ou estatal, continuando
síndrome normal da adolescência. Trata-se, reféns e sem qualquer autonomia particular (JOSÉ;
portanto, de uma crise esperada, que cada um deve POLI; LIMA, 2017).
experimentar”. No entanto, foram surgindo alguns
Avançando na temática, é coerente regramentos, tais como: Código Beviláqua em
buscar informações acerca da evolução da proteção 1917, o qual preceituava que os menores
dos direitos das crianças e dos adolescentes, dado detentores de condição irregular (indivíduos
ter havido uma sequência de mudanças anormais, abandonados ou delinquentes, cuja
considerativas para se chegar ao meio protetivo discriminação era evidente) ficariam sob a guarda
que prevalece atualmente, o Estatuto da Criança e de autoridade competente; e a Declaração
do Adolescente (ECA). De acordo com José, Poli Universal dos Direitos Humanos, a qual trazia em
seu bojo a proteção a direitos inerentes ao ser
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humano, quais sejam, dignidade, liberdade, indivíduo fosse passível de punição (FARIZEL,
igualdade, dentre outros (JOSÉ; POLI; LIMA, 2016).
2017).
Em complemento, é oportuno
Já na terceira fase, por volta da dilucidar o Decreto nº 17.943-A/1927, uma vez
segunda metade do século XX, o amparo era mais que dispunha o seguinte em seu art. 67: “as
abrangente, posto que a criança e o adolescente autoridades judiciárias e administrativas, ao usarem
passaram a ser sujeitos de direitos, ou seja, eram dos poderes que lhes são conferidos por este
detentores de direitos e garantias fundamentais. Código, deverão respeitar as convicções religiosas
Isso se dava através de regulamentos, sendo eles: e phiìnsophicas das famílias a que pertencerem os
Declaração Universal dos Direitos da Criança de menores.” (BRASIL, 1927, online).
20 de novembro de 1959; Pacto de San José da
Diante de recorrentes modificações
Costa Rica; Carta Magna de 1988 – especialmente
legislativas, o desembargador Vicente Piragibe
em seus artigos 204 e 227-, Convenção sobre os
publicou, com sucesso, o denominado “Código
Direitos da Criança; e o Estatuto da Criança e do
Penal Brasileiro”, razão pela qual o Chefe de
Adolescente (Lei nº 8.069/90) (JOSÉ; POLI;
Governo provisório da época, Getúlio Vargas, o
LIMA, 2017). Destarte, é imprescindível fazer um
tornou oficial e, após o assentimento do criador,
estudo mais especifico no que tange ao
passou a ser intitulado como “Consolidação das
desenvolvimento dessa proteção dentro de um
Leis Penais”. Todavia, apesar da aprovação
panorama brasileiro. Em 1º de janeiro de 1726,
pública, o então Decreto nº 22.213, de 14 de
numa sociedade marcada pela religiosidade, foi
dezembro de 1932, começou a viger de forma
criada, pela Irmandade da Santa Casa de
imponderada, uma vez que seguia a lógica dos
Misericórdia, uma espécie de abrigo regulamentado
códigos anteriores (MORAES FILHO, 2006).
por lei, a chamada “Roda dos
Expostos/Rejeitados” (PEDROSA, 2015). Assim, vale frisar alguns pontos dessa
criação que perdurou de 1932 a 1940, tais como:
Na data de 11 de outubro de 1890,
permanência da idade de inimputabilidade para os
criou-se o Código Criminal da República, o qual
menores de 14 anos, mas restabelecimento da
adotava a “Teoria do Discernimento”, valendo
maioridade penal aos 14 anos; disposição de que os
dizer que era feita uma análise psicológica com
nascidos surdos- mudos, sem educação, ao menos
crianças que tinham entre 09 e 14 anos e, a
que provassem discernimento, não poderiam ser
depender da conclusão, poderiam ser imputáveis.
considerados criminosos; e, ainda, explanação de
Em 05 de Janeiro de 1921, houve mudança, e com
que os doentes mentais seriam impuníveis, os
o advento da lei nº 4.242, os indivíduos somente
quais, dependendo de suas condições, seriam
poderiam ser punidos caso tivessem 14 anos ou
entregues aos familiares ou conduzidos a pavilhões
mais (PEDROSA, 2015).
especiais de asilos públicos até que os manicômios
Entretanto, em 1926, o menor de 12 criminais ficassem prontos (MORAES FILHO,
anos, Bernardino, foi preso por jogar tinta em um 2006).
senhor que saiu sem efetuar o pagamento pelo seu
Ademais, em 1941, ainda no Governo
serviço de engraxate, o que gerou sérias
de Getúlio Vargas, foi criado o Serviço de
consequências para o garoto, posto ter ido parar no
Assistência a Menores (SAM), primeiro órgão
hospital em razão de maus tratos pelos 20 adultos
federal a ser desenvolvido de modo que pudesse
que dividiam a cela com ele. Com isso, a opinião
atender tanto aos menores desamparados (levados
pública tomou força e o presidente Washington
para instituições oficiais) quanto aos menores
Luiz, decorrido 01 ano do acontecido, em 10 de
delinquentes (transportados para colônias
dezembro de 1927, assinou o Código de Menores,
correcionais e reformatórios) (PEDROSA, 2015).
protegendo, a partir de então, os menores de 14
anos abandonados, aplicando medidas Porém, segundo o pensamento de
socioeducativas para quem tinha entre 14 e 17 anos Veronese (1999, p.32 apud PAGANINI, 2011,
e, ainda, fixando a idade de 18 anos para que o online), “[...] o SAM não conseguiu cumprir suas

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finalidades, devido à sua estrutura emperrada, sem denominaram “Ciranda da Constituinte”. Tal fato
autonomia e sem flexibilidade e a métodos deu origem aos artigos 227 e 228 da Constituição
inadequados de atendimento, que geraram revoltas Federal de 1988 (PEDROSA, 2015).
naqueles que deveriam ser amparados e
Em março de 1988, teve a criação do
orientados”.
Fórum Nacional de Entidades Não
Posteriormente, após o golpe de 1964, Governamentais de Defesa da Criança e do
houve a extinção do Serviço de Assistência a Adolescente (Fórum CDA), ponto de partida para
Menores (SAM) e, então, os militares criaram a que começasse a discutir acerca da preparação da
Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor Nova Constituição e do Estatuto da Criança e do
(FUNABEM), a qual, além de implementar a Adolescente (RIBEIRO, 2018).
Política Nacional do Bem-Estar do Menor
Não obstante, no último trimestre de
(PNBM), deu margem para a criação das
1988, o art. 227 da Constituição Federal se torna
Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor
base para a criação do Estatuto da Criança e do
(FEBEMs) (BOEIRA, 2014). Desse modo, nos
Adolescente (ECA) e, no ano de 1990, nasce o
dizeres de Custódio (2009, p.19 apud PAGANINI,
predito estatuto, contribuindo para a “ruptura” do
2011, online):
paradigma da situação retratada pelo Código de
[...] o estado se resumia por 1979 em uma época marcada pelo rigor autoritário
meio do assistencialismo, do regime militar (MARTINS, 2012).
em criar instituições
próximas de famílias para
“cuidar” das crianças, ou
Aprovado no Congresso
seja, estas eram retiradas de
Nacional, Estatuto da
suas famílias
Criança e do Adolescente
“desestruturadas” e
(ECA) é o marco legal que
colocadas a conviver com
reuniu reivindicações de
pessoas que não conheciam
movimentos sociais que
tudo pelo “bem da nação”.
trabalhavam em defesa da
ideia de que crianças e
adolescentes são também
No ano de 1975, a 1ª Comissão sujeitos de direitos e
Parlamentar de Inquérito (CPI) é criada com o fim merecem acesso à cidadania
de fiscalização e elaboração legislativa para resolver e proteção. O ECA foi
o problema dos menores desassistidos no Brasil, publicado sobre a lei federal
uma vez que os mesmos eram verdadeiras vítimas nº 8069 (PEDROSA, 2015,
do sistema social da época (BOEIRA, 2014). online).

Em 1979, um novo Código de Além dos destaques evidenciados


Menores era promulgado, mas com a velha nesse histórico sobre a proteção das crianças e dos
ideologia do menor em situação irregular, pois nas adolescentes, é relevante citar alguns outros
palavras colocadas por Zapater (2018, online) “o acontecimentos que envolveram menores, como
texto adotou a denominada doutrina da situação por exemplo: Celebração de assinatura da
irregular, que dispunha sobre a assistência, Convenção Internacional sobre os direitos da
proteção e vigilância a menores de até dezoito anos Criança (1990); Criação da Frente Parlamentar em
de idade, que se encontrassem em situação Defesa dos Direitos da criança e Adolescente
irregular”. (1993); Adoção do Disk 100 – Disque Direito
humanos, como responsabilidade do governo
Já no ano de 1985, no dia que iria ser federal (2003); Discussão sobre a redução da
votada a Emenda da Criança, aproximadamente 20 maioridade após o assassinato cometido por
mil meninos e meninas se reuniram em torno do Champinha e quatro adultos (2003); e o Reforço,
Congresso Nacional, formando, o que

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pela campanha contra exploração sexual (2003) consequências individuais e


(PEDROSA, 2015). coletivas dos seus atos e da
responsabilidade legal
Entre os marcos históricos ainda embutidas nas suas ações. A
podemos destacar: a entrega do primeiro relatório Constituição federal de 1988
brasileiro da Convenção da Organização das define em seu artigo 228,
Nações Unidas (ONU); a Lei nº 12.594, de 18 de que são penalmente
janeiro de 2012, que instituiu o Sistema Nacional inimputáveis os menores de
de Atendimento Socioeducativo (SINASE) e dezoito anos. No Brasil, esta
regulamentou a execução das medidas destinadas idade coincide com a
maioridade penal e menores
aos adolescentes que cometem ato infracional; a
de dezoito anos respondem
Lei nº 12.010/2009, denominada Lei da Adoção, por infrações de acordo com
principalmente por que foi um dos avanços na o Estatuto da Criança e do
seara infanto-juvenil; e a possibilidade do Adolescente. A maioridade
contraditório e ampla defesa a partir dos 12 anos penal, por sua vez, não
de idade (PEDROSA, 2015). coincide, necessariamente,
com a maioridade civil, nem
Mais tarde, houve a criação da Lei com as idades mínimas
“Menino Bernardo”, chamada pela imprensa de necessárias para votar, para
“Lei da Palmada”, a qual condena a violência moral trabalhar, para casar e
e física na educação (2014); Eleição nacional para emancipação. A menoridade
Conselho Tutelar (2015). E, ainda, a Câmara civil cessa em qualquer um
aprovou a emenda que reduziria a maioridade destes casos
penal para 16 anos aos indivíduos que cometessem (ÂMBITOJURÍDICO,
crimes graves (2015) (PEDROSA, 2015). Nesse 2017, online).
sentido, no ano de 2016 foi publicada a Lei nº
13.257/2016, que versa sobre as políticas públicas
para a Primeira Infância – idade dos 6 (seis) anos No mais, segundo Masson (2015 apud
completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da CLARA, 2018), para quem ainda não atingiu os 18
criança (PEDROSA, 2015). anos, há a adoção do critério etário ou cronológico,
cuja presunção é absoluta. Portanto, nos casos em
que a pessoa é considerada doente mental ou está
Para melhor evolução do tema em acometida de embriaguez, tal presunção é relativa.
estudo, é mister esclarecer as diferenças existentes Assim, é necessário fazer a análise de três critérios
entre alguns conceitos essenciais, sendo eles: para verificar a ausência de imputabilidade do
inimputabilidade, semi-imputabilidade e sujeito, sendo eles: o biológico, o psicológico e o
imputabilidade. biopsicológico.

A imputabilidade pode ser definida O critério biológico apresenta ligação


como sendo a atribuição de responsabilidade a com o estado físico da pessoa, como enfermidade
determinado indivíduo que é capaz de entender o ou grave deficiência mental. Porém, é avaliado
caráter ilícito do ato que cometeu e que, ainda, como um critério falho, pois pode acontecer dele
consegue ter noção da consequência de sua compreender a ilicitude de sua atitude mesmo que
conduta e agir nos moldes desse entendimento seja portador das características ora mencionadas.
(SAMPAIO, 2009). Assim, é pertinente dizer que a Assim, para constatar a anormalidade mental, é
partir do momento em que o jovem completa seus preciso a realização de um laudo pericial
18 anos de idade, ele já está suscetível a (MIRABETE; FABBRINI, 2007 apud PINHO,
imputabilidade penal. 2017).

O indivíduo é, pois, O critério psicológico, por sua vez,


reconhecido como adulto está condicionado a fatores psíquicos do agente, ou
consciente das seja, se o mesmo estava impedido de perceber a
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criminalidade do fato e agir em conformidade com e nem se orienta de acordo com tal entendimento
esta percepção, em outras palavras, lhe faltaram os (VALENTIM; GUGELMIN, 2017).
elementos intelectivo e volitivo (SIRIO, 2009).
Logo, para os indivíduos que se
E, finalmente, o critério enquadram nessa categoria, há uma aplicação de
biopsicológico se dá com a junção dos critérios pena reduzida, a qual está prevista no art. 26,
biológicos e psicológicos, no qual somente será parágrafo único, do Código Penal Brasileiro, nesses
excluida a responsabilidade do cidadão com termos:
doença mental se, no momento em que ele
A pena pode ser reduzida de
praticou a ação, não dispunha de entendimento um a dois terços, se o agente,
ético- jurídico e autodeterminação (SIRIO, 2009). em virtude de perturbação
de saúde mental ou por
A inimputabilidade é caracterizada na desenvolvimento mental
ocasião em que a pessoa não pode ser incompleto ou retardado
responsabilizada na esfera penal pela prática de não era inteiramente capaz
seus atos, justamente em decorrência da falta de de entender o caráter ilícito
elementos específicos que configurem sua do fato ou de determinar-se
de acordo com esse
imputabilidade (MIRABETE; FABBRINI, 2007
entendimento (BRASIL,
apud PINHO, 2017). Diante disso, há o 1940, online).
reconhecimento da chamada sentença de
absolvição imprópria, prevista no art. 386,
parágrafo único, inciso III do Código de Processo Em consonância com a legislação ora
Penal, a qual gera a possibilidade de aplicar a abordada, o art. 98 do Código Penal, traz em seu
medida de segurança (BRASIL, 1941). bojo que, a depender do caso, é possível que haja a
A lei considera que os inimputáveis substituição da pena disposta no art. 26, parágrafo
não possuem discernimento suficiente para único do Código Penal, pela internação ou
compreender de modo relativo ou absoluto a tratamento ambulatorial, nos casos em que o
extensão de seus feitos, tanto que o art. 26 do condenado necessitar de tratamento especial
Código Penal expõe acerca da isenção de pena para curativo, devendo observar o tempo mínimo de 01
pessoas, a qual pode ser conferida ao cidadão que (um) a 03 anos (BRASIL, 1940).
“[...] por doença mental ou desenvolvimento Em continuidade, acerca da sanção
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da aplicada ao menor infrator - crianças e adolescentes
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de -, Capez (2011 apud ÂMBITO JURÍDICO, 2017,
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- online) disserta que: “em um primeiro momento,
se de acordo com esse entendimento” (BRASIL, deve ser analisado o local de cumprimento de pena
1940, online). da criança e do adolescente. Eles não podem
Nesse cerrne, tanto o art. 27 do cumprir pena como um criminoso comum, nas
Código Penal (BRASIL, 1940) quanto o art. 228 da mesmas situações e celas”. Assim sendo, o art. 3º
Constituição Federal (BRASIL, 1988), expresssam do Estatuto da Criança e do Adolescente, preceitua
que os menores de 18 anos, são considerados acerca dos cuidados atinentes à criança e ao
inimputáveis para fins penais, os quais estão adolescente, assegurando a eles todos os direitos
sujeitos à legislação especial. fundamentais ligados à dignidade humana
(BRASIL, 1990).
A semi-imputabilidade, por sua vez, se
dá quando ocorre o que chamam de redução da É relevante elucidar, contudo, que o
imputabilidade, pois não há completa noção do menor de idade não comete crime, mas sim ato
que seja a ilicitude do fato, ou seja, é caracterizada infracional. Logo, EduQC (2018, online) enfatiza
quando a pessoa, em decorrência de perturbação que:
de saúde mental ou por desenvolvimento mental As crianças e os
incompleto/retardado não entende o caráter ilícito adolescentes são

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penalmente inimputáveis, o que resulta numa idealização de pontos negativos


por isso não praticam crimes e positivos de se repensar a redução da maioridade
ou contravenções penais. penal no ordenamento jurídico brasileiro.
Toda vez que uma criança
ou um adolescente pratica
um fato típico e antijurídico
Os debates estão ocorrendo
previsto na legislação penal
por meio dos instrumentos
como crime ou como
de comunicação e apontam
contravenção penal, por não
divergências que, em
ser culpável pela
resumo, são: 1) diminuição
inimputabilidade, este fato
da maioridade penal; 2)
será considerado ato
permanência da maioridade
infracional, conforme
penal segundo o Código
dispõe os arts. 103 e 104 do
Penal atual; 3) permanência
ECA.
da maioridade penal, porém
com oficialização clara e
descrita no ECA da
Esclarecido o sobredito, compreende- permanência prolongada
se que para cada um destes conceitos há uma que ultrapasse, de longe, os
previsão legal distinta dentro do ordenamento três anos nos casos de
jurídico brasileiro, pois a depender das condições crimes hediondos, ou seja, a
que caracterizam o ser humano, a legislação não retirada do artigo 121 do
pode atribuir tratamento igualitário a todos, como ECA; 4) Qualquer idade
previsto constitucionalmente. Assim, faz-se seria imputável. (AMARO,
2004, p. 2).
menção das palavras do ilustre filósofo grego,
Aristóteles, o qual ensinou que a igualdade está no
ato de tratar os iguais como iguais e os desiguais
como desiguais, na medida de sua necessidade, cuja Na visão de Lins, Figueiredo Filho e
finalidade é integrar a sociedade (AYRES, 2007). Silva (2016), há obstáculos que suprimem o
progresso legislativo e o bom funcionamento do
Destarte, essas idades discutidas sistema judicial, tais como: o defícit de políticas
podem sofrer modificações ao longo do tempo, públicas eficazes em razão da ausência de dados,
uma vez tratar-se de tema envolto de repercussão restando apenas elementos ideológicos e
geral e que, inclusive, houve Proposta de Emenda emocionais; dificuldade de realizar estudos
à Constituição para alterar a atual idade em que o comparados para que ocorra melhor disseminação
cidadão será considerado imputável. Logo, é de práticas institucionais eficientes; e a redução de
indispensável tecer discursos a respeito da transparência nas ações públicas em decorrência da
mudança da maioridade penal no Brasil. desinformação, o que gera violação ao princípio da
publicidade.
Partindo dessa premissa, é possível
2 APONTAMENTOS: MAIORIDADE
mencionar que muitos debates realizados acerca da
PENAL
maioridade penal no Brasil é embasado com
Como se tem conhecimento, há argumentos inconcretos, ou seja, encontra
tempos levanta-se indagações acerca da idade fundamentos em “achismos” (SOARES, 2007
mínima para que o indivíduo passe a responder apud LINS; FIGUEIREDO FILHO; SILVA,
pelos seus próprios atos quando violar qualquer lei 2016). Logo, cabe fazer uma análise de teses
penal, momento no qual se tornará isento de contrárias e favoráveis à redução da maioridade
tratamento diferenciado em razão de não mais ser penal no ordenamento jurídico brasileiro.
menor dentro dos ditames legais. Assim, é
No que tange aos ensinamentos
pertinente apontar que tal ilustração,
defensores da redução da maioridade penal, o ser
frequentemente, vira alvo de polêmicas e debates,
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Lopes et al Praxis Jurídic@ – V.5 N.1 - (2021)

humano, a partir do momento que consegue obter responsabilizado por seus atos e, em razão dessa
maturidade intectual e emocional, ele já pode arguir impunidade, acabam sendo usados por criminosos
com as responsabilidades de suas ações e omissões. de alta periculosidade para cometer ilícitos ainda
Desse modo, Jair Bolsonaro, na época deputado piores. No entanto, é importante atentar-se ao fato
federal, em alusão ao Caso Champinha, expôs a de que os maiores de 12 anos e menores de 18
opinião de que o indivíduo tem plena consciência anos, sofrem sim as consequências de suas atitudes.
dos seus feitos, vez que seria incoerente dizer que Nas palavras de Salum (2012, p. 163):
ele não sabia o que estava fazendo, já que abusou
O Estatuto da Criança e do
sexualmente da vítima Liana por várias vezes Adolescente (ECA),
(LINS; FIGUEIREDO FILHO; SILVA, 2016). ordenamento jurídico
Por outro lado, Marinho (2016) afirma proposto pelo direito
infanto-juvenil no Brasil, ao
que não se deve reduzir a maioridade pelo fato de
conceber a inimputabilidade
as crianças e adolescentes ainda estarem em um
penal para os adolescentes
processo de formação, cujo critério seja puramente que cometeram ato
biológico, no qual independe da idade, basta que a infracional não preconiza
pessoa seja menor de 18 anos. que eles não sofram uma
sanção jurídica, como
Ainda, assim como Saraiva (2002 apud
muitos que são contrários ao
LINS; FIGUEIREDO FILHO; SILVA, 2016), há ECA tentam argumentar.
quem sustente a argumentação de que é Ao contrário, as medidas
incontroverso o menor possuir responsabilidade socioeducativas devem ser
para votar, mas ser incapaz de responder vistas como a possibilidade
criminalmente pelos seus atos, ou seja, evidencia- de que um adolescente seja
se a ausência de um tratamento igualitário entre responsabilizado pelos seus
maioridade para exercer regramentos políticos e atos.
penais. Todavia, os pensadores contrários à
redução elucidam que o voto possui caráter
facultativo, ao passo em que a imputabilidade é Nesse diapasão, ressalta-se seis
compulsória, vale dizer, aplicada a todos medidas educacionais prevista no art. 112 do
(MACIEL, 2013 apud SCHMEISKE, 2014). Estatuto da Criança e do Adolescente, a saber:
advertência, obrigação de reparar o dano, prestação
Ademais, do ponto de vista histórico-
de serviços à comunidade, liberdade assistida,
cultural, defendem a diminuição da idade em razão inserção em regime de semi- liberdade e internação
de o Brasil possuir uma realidade contrária à época
em estabelecimento educacional (BRASIL, 1990).
em que a maioridade foi designada, valendo-se do
argumento da existência de uma limitação ao Além disso, o mesmo artigo, traz
acesso de informações e desempenho de atividades outras hipóteses dispostas no art. 101, incisos I a
diversas, justificativa para o amadurecimento VI do Estatuto da Criança e do Adolescente, quais
gradativo dos adolescentes. Em contrapartida a sejam, encaminhamento aos pais ou responsável,
essa alegação, os adeptos ao sistema atual, mediante termo de responsabilidade; orientação,
preconiza que o desenvolvimento do menor pode apoio e acompanhamento temporários; matrícula e
ser comprometido com a crescente circulação de frequência obrigatórias em estabelecimento oficial
notícias heterôgeneas, pois tantas mensagens não de ensino fundamental; inclusão em serviços e
serão capazes de contribuir para o aprendizado do programas oficiais ou comunitários de proteção,
menor, mas tão somente servirá de ponte para que apoio e promoção da família, da criança e do
colha ensinamento de valores contraditórios adolescente (BRASIL, 1990).
(LINS; FIGUEIREDO FILHO; SILVA, 2016).
Nesse sentido, ainda pode ser
Outro argumento marcante é aquele necessário a requisição de tratamento médico,
precursor de que o menor de idade não é psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar

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ou ambulatorial; inclusão em programa oficial ou quais possuidores de penas


comunitário de auxílio, orientação e tratamento a muito elevadas. A contar
alcoólatras e toxicômanos. Dito isso, enfatiza-se com o descaso havido há
que deve ser levado em consideração a capacidade anos em relação aos
estabelecimentos penais no
de cumprimento do agente, as circunstâncias e
Brasil, tal solução está
gravidade do ato, tratamento diferenciado aos que
distante de se realizar.
tiverem alguma doença ou deficiência mental,
sendo inadmitido trabalho forçado (BRASIL,
1990).
A partir do momento em que existir o
Reale Júnior (2003 apud, BARBOSA; encarceramento precoce dos adolescentes
AGUSTINI, 2003), opina pela não redução da considerados infratores, começará uma degradação
maioridade e diz não acreditar na escassez de humana e contágio violento, posto que isso tem
infrações pelo simples fato de diminuir a idade que sido revertido pelo fato de existir medidas
os menores serão punidos na mesma proporção socioeducativas atuantes (Brancher, 2007 apud
dos maiores. De acordo com o entendimento do ÂMBITO JURÍDICO, 2017).
autor, para que o quadro de violência diminua, seria
Nessa linhagem, corroborando com o
necessário um empenho geral do país em acolher
pensamento de Nucci (2015 apud ÂMBITO
os jovens carentes à sociedade, enfatizando, ainda,
JURÍDICO, 2017, online), delineia-se que o
que a repressão não seria o melhor caminho nesse
sistema penitenciário brasileiro está superlotado e
caso.
possui pessoas que realmente cometeram crimes,
Por esse ângulo, reforça-se que sejam eles menos ou mais gravosos, o que concorre
diminuir a idade para o cidadão começar a para a inserção de mais indivíduos no local,
responder pelos seus atos em nada contribuiria podendo promover um caos ao invés de solução,
para a inexistência de crime, porque o problema vai já que os menores estariam numa “escola do
muito além, como por exemplo, atuar em crime” em decorrência da convivência com presos
demandas de cunho social em prol dessas crianças detentores de uma vasta experiência criminosa.
e adolescentes para que sigam caminhos
Dentre os fatores já expostos, para
edificativos. Deste modo, Piovesan (2013 apud
reduzir a maioridade penal seria necessário a
ÂMBITO JURÍDICO, 2017, online) preconiza
instauração de uma PEC (Proposta de Emenda à
que “as medidas socioeducativas são de grande
Constituição), como a PEC 171/93, arguida sob o
valor, pois não tem apenas o objetivo de punir o
assunto ora pontuado. Por essa razão, Chamone
infrator, mas sim de o reintegrar na sociedade”. No
(2006 apud ÂMBITO JURÍDICO, 2017, online),
que tange ao caos que predita redução ocasionaria
suscita que “nunca é demais ressaltar que o projeto
no sistema prisional, Nucci (2015 apud ÂMBITO
de emenda só pode converter-se em norma
JURÍDICO, 2017, online) destaca com primazia a
constitucional se obediente a processo legislativo
seguinte crítica:
especialmente previsto e abrigando conteúdo não
Sob o ângulo da política destoante do texto constitucional”. Assim, se a
criminal, não tem emenda for inserida na Constituição, poderá ser
cabimento. Tendo em vista declarada a sua inconstitucionalidade por violar
que os presídios se cláusula pétrea prevista no art. 60, §4º, inciso IV da
encontram superlotados Constituição Federal (1988).
para os maiores de 18 anos,
a redução da idade penal Em resumo, a redução da maioridade
implicaria, em particular ao é algo a ser analisado de forma criteriosa,
Poder Executivo, maiores principalmente, no que tange ao ponto de
gastos com a ampliação do desmistificar a idealização da sociedade sobre sua
número de vagas,
falsa sensação de imputabilidade aos menores,
misturando-se adolescentes
pois, como já explanado, os mesmos possuem sim
com adultos, muitos dos

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uma resposta do Estado frente aos seus atos, mas


respeitados os seus direitos e garantias. Contudo,
A partir disso, levando em
como disposto, mudanças no sistema educacional
consideração o aspecto analítico ainda se faz
seria mais eficiente do que colocar menores em
necessário compreender os seus elementos
penitenciárias para ter o risco de se juntarem a
estruturais: fato típico, antijuridicidade e
criminosos violentos e perigosos, os quais não
culpabilidade.
corroborariam de modo positivo para uma possível
reeducação do menor. O fato típico, em síntese, se subdivide
em conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. A
2.1 Teoria do crime e os
conduta é o comportamento do ser humano,
elementos da imputabilidade penal à luz do
consciente e voluntário, o qual visa uma finalidade
artigo 26 do Código Penal
e pode ser comissivo ou omissivo. O resultado
Ante a imprescindibilidade de abordar naturalístico, exigido apenas nos crimes materiais,
o artigo 26 do Código Penal (1940), é importante é a exteriorização da conduta, ou seja, as
clarificar a teoria do crime em termos gerais, bem consequências provocadas pela conduta do
como destacar quais são os elementos da indivíduo. O nexo causal, aplicado aos crimes
imputabilidade. materiais, é o elo entre a conduta e o resultado. Já
a tipicidade, pode ser formal - conduta do sujeito
O crime pode ser conceituado sob três
adequada ao tipo penal; e material - lesão ou perigo
aspectos, quais sejam: material, formal e analítico.
ao bem jurídico tutelado (NUCCI, 2019).
O material é vislumbrado conforme o grau de
relevância da conduta praticada pelo cidadão aos A antijuridicidade, também conhecida
olhos da sociedade, ou seja, será o fato humano que como ilicitude, é quando o fato apresenta
lese e exponha a perigo bens jurídicos penalmente contrariedade ao ordenamento jurídico brasileiro.
tutelados. O formal ou legal significa que o crime é Já a culpabilidade está relacionada à
a conduta prevista em lei e passível de sanção reprovabilidade da conduta e possui os seguintes
penal. E, por fim, o analítico é formado através de elementos: imputabilidade, potencial consciência
elementos estruturais e conceituado como um fato da ilicitude e exigibilidade de outra conduta. Assim,
típico, antijurídico e culpável pela teoria tripartida, é indispensável a existência desses três requisitos
mas classificado pela teoria bipartida como sendo para atribuir culpa ao indivíduo pela prática de fato
apenas um fato típico e antijurídico (CAPEZ, típico (NUCCI, 2019).
2020).
Dessa forma,
O conceito analítico de imputabilidade consiste em
crime é dividido em duas um elemento da
vertentes: a teoria bipartida e culpabilidade que exige do
a teoria tripartida. Para a sujeito capacidade psíquica
primeira teoria, se considera suficiente para, no momento
crime ato ilícito e da ação ou omissão,
antijurídico, e o ato culpável entender o caráter ilícito do
servirá meramente para fato e determinar-se de
dosar a pena, portanto, não acordo com esse
é um fator que compõe a entendimento. Em suma, é
culpabilidade. Já a segunda considerado culpável quem
teoria, considera crime ato possui capacidade de
ilícito, antijurídico e entender e de querer
culpável, enquadrando o ato (ABREU, 2013, p. 85 apud
culpável como elemento da PIMENTEL, 2015, online).
culpabilidade (CHAVES,
2014 apud, MAGALHÃES,
2019, p. 8). Demonstrado o sobredito, os
elementos caracterizadores da imputabilidade são:
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a) o intelectual, ligado à compreensão do agente em (BARBOSA; FREITAS,


entender o caráter ilícito do fato e os efeitos que 2019, p. 2).
seu ato vai provocar, e b) o volitivo, aquele que
possibilita uma adequação da conduta praticada ao
que seja crime (ÂMBITO JURÍDICO, 2018). A Vale abordar, ainda, a teoria
partir disso, cumpre ainda esclarecer o que é teoria quadripartite, a qual não é debatida com muita
bipartida e tripartite. frequência, mas é detentora de ilustres precursores,
Francisco Muñoz Conde e Winfried Hassemer,
A teoria bipartida foi adotada por defensores da existência de quatro elementos para
doutrinadores como Damásio e Professor René que seja caracterizado o crime, sendo eles:
Ariel Dotti, tem como principal argumento o art. tipicidade, antijuricidade, culpabilidade e
23 do Código Penal (1940), o qual diz que não punibilidade (ASSUNÇÃO, 2020).
existe crime quando o agente pratica o fato em
estado de necessidade, legítima defesa, estrito De acordo com o doutrinador Greco
cumprimento do dever legal ou no exercício (2007, p. 448 apud BATISTA, 2017, online) “para
regular do direito. Ou seja, a partir do momento que o agente possa ser responsabilizado pelo fato
que a conduta tiver sua ilicitude desconsiderada, típico e ilícito por ele cometido é preciso que seja
não há que se falar em constituição de crime imputável. A imputabilidade é a possibilidade de se
(OLIVEIRA, 2016). atribuir, imputar o fato típico e ilícito ao agente.”.
Entretanto, quando o assunto é a O art. 26 do Código Penal Brasileiro,
exclusão da culpabilidade, preconiza acerca da expõe que o portador de doença mental não é
isenção da pena, encontrada, por exemplo, nos penalmente imputável por seu ato, bem como
artigos 26 e 28 do Código Penal (1940), sendo, o aclara que o semi-imputável tem direito a
primeiro dispositivo ora mencionado, objeto de diminuição de pena (BRASIL, 1940). Isto
estudo do presente artigo. Em outras palavras, a manifesto, a semi-imputabilidade tem sido aplicada
falta do elemento da culpabilidade apenas isenta o aos psicopatas, os quais poderão cumprir medida
sujeito da pena, o crime continuará existindo de internação ou tratamento ambulatorial
(OLIVEIRA, 2016). (BATISTA, 2017).
Já a teoria tripartite, é defendida por Em consonância ao aludido, ficou
autores como Nelson Hungria, Juan Tavares e evidente que a incerteza sobre a capacidade de
Cezar Roberto Bittencourt, e explana que para um entender o caráter ilícito, faz com que inexista
ato ser considerado crime, é necessário a existência consenso acerca da culpabilidade do psicopata.
de um fato típico, ilícito e culpável. Logo, a Logo, há uma certa insegurança jurídica no que
culpabilidade é considerada indispensável para tange ao julgamento dos psicopatas, pois ora são
definir o crime (ASSUNÇÃO, 2020). imputáveis ora semi-imputáveis.
O direito penal, tendo 3 A PUNIBILIDADE DO ADOLESCENTE
adotado a teoria tripartite de PSICOPATA NA LEGISLAÇÃO
crime, aceita um conceito BRASILEIRA: ESTUDO DE CASO
estratificado, ou também
chamado de analítico, que A palavra psicopatia,
verifica a existência de três etimologicamente, deriva do grego psyché – alma,
elementos suficientemente e páthos – enfermidade, porém, pode ser
necessários para que recaia conceituada como um transtorno específico de
sobre o agente a personalidade, o qual corrobora para que o
responsabilização penal. indivíduo portador tenha comportamentos
Diante disso, somente antissociais e ausentes de afetividade (DUARTE,
restará configurado o delito
2018).
quando se estiver diante de
uma conduta típica, Para o senso comum, a
antijurídica e culpável psicopatia se define pela
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Lopes et al Praxis Jurídic@ – V.5 N.1 - (2021)

ausência de sentimentos. No Manual chamado DSM-


Manuel Cancio Meliá a TR (Manual Diagnóstico e
nomeia de “daltonismo Estatístico de Transtornos
moral”, afirmando que esses Mentais), este tem a função
indivíduos não apresentam de listar e caracterizar os
freios inibitórios quanto à transtornos mentais, neste a
realização de psicopatia ou transtorno de
comportamentos personalidade antissocial é
desvalorizados socialmente. caracterizado como um
Assim, não se trata de transtorno de personalidade
sujeitos incapazes de que é caracterizado pelo
compreender o certo ou desrespeito a moral e a
errado, ou que não possam princípios alheios, além de
controlar suas ações, mas ser totalmente marcado pela
sim, indiferentes agressividade e falta de
emocionais. A figuração do remorso (BATISTA, 2017,
chamado “daltonismo online).
moral” também é trazida na
obra de Robert D. Hare ao
afirmar que assim como as No entanto, nem sempre existiu uma
pessoas que não enxergam
especificidade conceitual do que seja psicopatia. O
as cores, falta ao psicopata
renomado médico, Pinel, conceituou psicopatia
um elemento importante da
experiência, qual seja, o como sendo “mania sem delírio”. Prichard,
aspecto emocional. Dessa psiquiatra inglês, disse que era uma insanidade
forma, a título de moral, a qual foi questionada em razão de abranger
comparação, do mesmo outras anomalias. O psiquiatra Koch, definiu como
modo que o indivíduo que “inferioridade psicopática”. Finalmente, Hervey
sofre de daltonismo aprende Milton Cleckley, apresentou importante obra que
a respeitar a sinalização de caracterizou a psicopatia como insuficiência na
trânsito dos semáforos, sem compreensão dos sentimentos humanos ainda que,
enxergar de fato as cores, o aparentemente, tivessem entendido
psicopata aprende a usar
(MAGALHÃES, 2019). Nesse sentido, ainda em
palavras, reproduzir gestos,
consonância com os estudos de Hervey Cleckley:
expressões faciais e
movimentos dos
sentimentos, sem, contudo,
experimentar o sentimento O conceito de psicopatia e o
real (MELIÁ, 2013, p. 533 próprio uso da
apud PIMENTEL, 2015, nomenclatura só se
online). estabeleceram de fato a
partir do trabalho de 1941
de Hervey Cleckley,
chamado The Mask of
A psicopatia é a nomeclatura do termo
Sanity (A Máscara da
técnico “Transtorno de Personalidade Antissocial” Sanidade). A literatura
– TPA, tanto no DSM-V, quanto na CID-10, “ [...] aponta essa obra como
porém tem sido usada em larga escala para decisiva na definição do
caracterizar a personalidade que apresenta uma conceito (Vaugh & Howard,
importante tendência à prática criminal [...]” 2005; Vien & Beech, 2006).
(SERAFIM et al., 2014 apud HIDALGO; Cleckley forneceu um
SERAFIM, 2016, p. 2). retrato clínico sistemático
do quadro da psicopatia,
apresentando uma lista

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célebre de 16 características antissocial, registra-se: a impulsividade; o


para caracterizar um autocontrole deficiente; necessidade e excitação;
indivíduo psicopata (Vaugh falta de responsabilidade; problemas
& Howard, 2005). Cabe comportamentais precoces; e comportamento
ressaltar, entretanto, que o
transgressor no adulto (MACEDO, 2018).
autor não estabeleceu como
necessária a presença de A partir dessas características
todas as características apresentadas, vale lembrar que, comumente, a
descritas para a psicopatia está ligada a fatos midiáticos reveladores
caracterização de um de extrema crueldade, as quais são, à título de
psicopata. 28 De qualquer
exemplo, realizadas por Serial Killers e
forma, o grau de
objetividade e clareza
estupradores. Em razão disso, há uma
alcançado com essa obra é generalização do conceito de psicopata,
de fundamental caracterizando o mesmo como um ser violento e
importância, uma vez que cruel, contudo, tal idealização apresenta um
estabeleceu alguns critérios équivoco, pois existem indivíduos com esse
que possibilitaram tornar o transtorno que são, aparentemente, “normais”,
construto mais operacional. ainda que apresentem uma certa dificuldade de
Outro aspecto importante adaptação social (MACEDO, 2018).
da obra de Cleckley sobre a
psicopatia foi conceber o Nessa conjuntura, o diagnóstico da
quadro em termos de traços psicopatia ocorre por meio de uma escala
de personalidade, desenvolvida pelo Dr. Robert Hare, denomidada
enfatizando os aspectos Psychopathy Checklist Revised (PCL-R). Tal
interpessoais e afetivos. criação, é um objeto que identifica em qual estágio
Embora as descrições típicas a pessoa manifesta as 20 características essenciais
de psicopatia tenham sido
de um psicopata. Assim, “para que um sujeito
feitas principalmente a partir
possa ser considerado psicopata, de acordo com os
de estudos de caso com
criminosos, o trabalho de critérios da Escala Hare, é necessário fazer trinta
Cleckley buscou desvincular ou mais pontos, de um total de quarenta dispostos
o conceito de psicopatia do entre as características de personalidade e o estilo
crime em si, destacando as de vida” (HARE, 2013, p.48 apud MACEDO,
características de 2018, p. 34).
personalidade e os
comportamentos atípicos No mais, levando em consideração o
dos indivíduos tidos como desenvolvimento da psicopatia, é mister clarificar
psicopatas (WILKOWSKI; que o seu nível de incidência é maior em criança,
ROBINSON, 2008 apud posto que está relacionado ao processo de
DIAS; TEIXEIRA; formação de sua personalçidade, bem como a
HAUCK FILHO, 2009, p. experiências impactantes, tais como, abuso sexual
338). e agressões. Ainda, o bullying é uma prática
comum e siginificativa do psicopata, o qual pode
ser verbal, físico ou até mesmo virtual, e que acaba
No que tange aos aspectos intimidando e ferindo a integridade da vítima
relacionados aos sentimentos e relacionamentos, (MAGALHÃES, 2019).
destaca-se: a superficialidade e eloquência,
egocentrismo e megalomania; ausência de Anota-se, também, que o dano no
sentimento de culpa; ausência de empatia; córtex pré-frontal é tido como uma característica
mentiras, trapaças e manipulação; e, ainda, pobreza dos psicopatas. Dessa forma, segundo Batista
de emoções. Ademais, quanto aos pontos (2017, online):
condizentes ao modo de vida e comportamento

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Foi comprovado por meio fator que o leva a cometer atos cruéis, de forma fria
de testes realizados por e calculista.
neurologistas brasileiros
Jorge Moll e Ricardo Feito essa primeira abordagem, é
Oliveira, em entrevista necessário frisar que o termo “psicopata”,
divulgada pela revista etimologicamente explicando, significa “mente
ISTOÉ, que os psicopatas doente”. Todavia, não é coerente dizer que pessoas
têm um distúrbio no sistema assim diagnosticadas são dementes, pois, ainda que
límbico, que é a parte do não seja totalmente descartada a possibilidade deles
cérebro responsável pelas desenvolverem problemas mentais, podem,
emoções. Este teste é
perfeitamente, ter discernimento e controle das
realizado através de
ressonância magnética e foi
suas atitudes (ÂMBITO JURÍDICO, 2018).
nomeado por Bateria de À luz desse cenário, insta focalizar que,
Emoções Morais (BEM) o no Brasil, quando uma pessoa comete algum ato
cérebro entre outros, é
que contraria o regramento jurídico brasileiro, o
composto pelo lobo pré
Estado exerce seu direito de punir, ou seja,
frontal, onde uma parte é
responsável pela razão e configura-se o chamado jus puniendi (FERRARI,
outra parte responsável pela 2001 apud MAGALHÃES, 2019).
emoção, esta recebe Atualmente, houve a substituição do
influência do sistema
critério duplo binário pelo vicariante ou unitário,
límbico, a ligação entre essas
duas partes que nos sendo este, a aplicação de pena privativa de
direciona à um liberdade ou de medida de segurança, uma vez que
comportamento adequado não poderão ser aplicadas juntas. Logo, aos
socialmente, no cérebro do psicopatas caberá a penalidade reduzida de 1/3 a
psicopata não há essa 2/3 ou a medida de segurança, a depender da
relação, a consequência situação (MAGALHÃES, 2019).
disso é que eles pensam mais
e sentem menos, pois o É sabido que a pena tem função de
racional sempre sobrepõe ao prevenir o crime e retribuir a culpabilidade do
emocional. Exames feitos cidadão, além de promover a sua ressocialização de
através de ressonância acordo com a progressão do regime para que
magnética entre psicopatas e voltem a serem inseridos na sociedade (GANEM,
pessoas normais mostram 2017). Entretanto, tal iniciativa não apresentaria
que nas pessoas normais há êxito com os seres psicopatas, pois eles não
alterações no sistema conseguiriam extrair qualquer aprendizado da
límbico quando vêem
punição que sofreu, dado o fato de que são frios,
imagens de terrorismo e de
calculistas e incapazes de sentirem remorso pelas
uma flor, mas no cérebro do
psicopata não há esta crueldades propagadas através deles
alteração, o que demonstra (MAGALHÃES, 2019).
sua indiferença para Os psicopatas em geral são
emoções. indivíduos frios, calculistas,
inescrupulosos,
dissimulados, mentirosos,
Em face ao predito, enfatiza-se que, sedutores e que visam
após diversos estudos, em especial o de Hervey, a apenas o próprio benefício.
psicopatia é um transtorno de personalidade São incapazes de estabelecer
antissocial, vez que o indivíduo apresenta uma vínculos afetivos ou de se
dificuldade de estar inserido em sociedade e possui colocar no lugar do outro.
São desprovidos de culpa ou
problemas relacionados à ausência de sentimentos,
remorso e, muitas vezes,

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revelam-se agressivos e aprender, se esforçar para


violentos. Em maior ou ser ressocializado
menor nível de gravidade e (ÂMBITO JURÍDICO,
com formas diferentes de 2018, online).
manifestarem os seus atos
transgressores, os psicopatas
são verdadeiros "predadores Em caso de dúvida quanto à
sociais", em cujas veias e
integridade mental do agente, o art. 149 do Código
artérias correm um sangue
de Processo Penal, aduz que o juíz irá ordenar, de
gélido. (SILVA, 2015, p. 39
apud BATISTA, 2017, ofício ou a requerimento do Ministério Público, do
online). defensor, do curador, do ascendente, descendente,
irmão ou cônjuge do acusado, que seja realizado
um exame médico – legal, o qual poderá ser
O ser humano acometido por referido determinado, mediante representação da
transtorno, não detém pânico em sofrer punição, autoridade policial, em fase de inquérito. Ainda
motivo que explica o fato de a reincidência criminal será nomeado curador, após determinar o exame,
dos psicopatas serem maiores se comparadas a de estando suspenso o processo, quando já iniciada a
criminosos comuns (BATISTA, 2017). Sendo ação penal, exceto quanto às diligências que
assim, além do cárcere não apresentar resultado possam ser prejudicadas pelo adiamento (BRASIL,
positivo no comportamento das pessoas que 1941).
possuem esse transtorno, há uma enorme Dito isso, o ser humano dotado de
probabilidade dos presos normais e agentes psicopatia que, por ventura, praticar alguma
carcerários serem persuadidos e corrompidos pelos ilegalidade e o grau de periculosidade constatado
psicopatas (ÂMBITO JURÍDICO, 2018). no laudo médico for alto, o mesmo será conduzido
Então a resposta do Estado a uma penitenciária, nos casos que não exista vaga
aos crimes cometidos por em hospital psiquiátrico, até que surja vaga no
psicopatas, além das penas estabelecimento adequado, numa visão de que uma
privativas de liberdade, a possível liberdade colocaria a sociedade em risco
medida de segurança, a (JUSBRASIL, 2004 apud MAGALHÃES, 2019).
castração química e a
interdição. Como é A Lei nº. 7.210, conhecida como Lei
comprovado por estudos, o de Execução Penal, por sua vez, em seu art. 9º,
cárcere pode se tornar uma dispõe que a comissão irá observar a ética
escola para o psicopata, profissional e buscará ter presentes peças ou
visto que o objetivo do informações processuais no exame que arguirá
cárcere é retribuir com a aspectos indicadores da personalidade, além de ter
privação da liberdade, o mal o direito de entrevistar pessoas, ter acesso aos
que o indivíduo causou a dados e informações pertinentes ao condenado
sociedade, bem como
atráves de requisição a repartições ou
reeducá-lo e ressocializa-lo,
para que seja novamente
estabelecimentos privados e, ainda, promover
inserido na sociedade, demais diligências e exames essenciais (BRASIL,
porém não é eficiente. Visto 1984).
que essa medida tem surtido
Em decorrência ao que fora aludido, é
pouco ou nenhum efeito
perfeitamente plausível enunciar que a psicopatia é
sobre apenado. O que leva a
um efeito muito pior sobre o incurável, haja vista a ausência de arrependimento
psicopata, por ser uma e sofrimento por parte desses indivíduos em
convivência maléfica para a relação aos atos que cometeram, sem quaisquer
ressocialização dele, pois o preocupações se estão ou não violando regras
apenso precisa querer jurídicas (MAGALHÃES, 2019).

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Lopes et al Praxis Jurídic@ – V.5 N.1 - (2021)

Levando em consideração tudo o que Ademais, a jovem, percebendo a


foi abordado, é notório que o ordenamento situação estranha, disse aos sujeitos que a
jurídico brasileiro ainda não têm recursos mantinham refém que sua família possuía recursos
suficientes para a proteção ao psicopata, motivo financeiros, com o intuito de fazê-los solicitarem
pelo qual há uma urgente necessidade de se obter resgate. Porém, ao conversarem com Felipe, ele
uma resposta estatal que atenda melhor essas alegou o contrário, dizendo que não tinha condição
pessoas e evite problemas futuros. financeira (CARDOSO, 2016).
3.1 Estudo de caso concreto – Em continuidade, Champinha e
“Champinha” Pernambuco conduziram o casal até um local ermo
e, em determinado instante Champinha parou com
É imprescindível, após toda a
Liana, e o comparsa seguiu com Felipe mais alguns
explanação teórica do assunto, a exploração de
metros adiante. Liana escutou o disparo de arma e
acontecimentos práticos envolvendo menores para
indagou a Champinha o que estava acontecendo, o
auferir melhor conhecimento referente ao modo
qual relatou que Felipe havia sido solto. Porém, a
como é aplicado o direito ao caso concreto, citando
verdade era que o jovem havia sido executado com
o ato emblemático cometido pelo famoso
um tiro na nuca. Logo, após o acontecido,
“Champinha”, em novembro de 2003.
Pernambuco foi para São Paulo e, neste momento,
Referido caso é um exemplo perfeito Liana, entendendo a gravidade da situação, entrou
por trazer à tona um fato ligado à inimputabilidade, em estado de choque, sendo novamente conduzida
semi-imputabilidade e imputabilidade, haja vista a casa de Antônio Caetano, onde continuaram os
que Champinha tinha 16 anos e possuía transtorno abusos por todos os participantes do grupo
de personalidade, além de haver pessoas maiores (CARDOSO, 2016).
de idade envolvidas (MARINHO; PEREIRA,
Com o desenrolar dos fatos, o pai de
2018).
Liana já estava a sua procura, o qual chegou a
O caso Champinha, assim intitulado acionar uma equipe de busca (Comando de
em razão de ser o apelido de Roberto Aparecido Operações Especiais), que por sua vez,
Alves Cardoso, o protagonista do crime, foi um encontraram alguns vestígios do casal. Isto posto,
dos acontecimentos mais assoladores e hediondos numa tarde, Champinha resolveu ir pescar com
que o país já vivenciou, cujo resultado foi a morte Liana e, nesta ocasião, o irmão do menor
de um jovem casal de namorados, Liana perguntou quem era a moça, a qual foi apresentada
Friedenbach (16) e Felipe Silva Caffé (19), que como sua namorada (BARANYI, 2017).
tinham ido acampar na região de Embu-Guaçu
Na madrugada do dia 05 de novembro
(MARINHO; PEREIRA, 2018).
de 2003, o rapaz disse que a libertaria e levaria até
De acordo com o Delegado Sílvio um ponto de ônibus próximo. Ocorre que, munido
Balangio Júnior, o início deste crime banal foi de uma peixeira, a levou para o meio da mata e,
quando Champinha e seu companheiro, Paulo próximo a um córrego, desferiu golpes de faca no
César da Silva Marques - “Pernambuco”, viram o pescoço de Liana e, após ela ter caído, não
casal e resolveram assaltá-los. Entretanto, achando satisfeito, ainda a golpeou em outras regiões e
que se tratava de jovens ricos, decidiram sequestrá- ocasionou nela um traumatismo craniano,
los, levando-os, vedados, para a residência de um abandonando o corpo em uma localidade de difícil
outro comparsa, Antônio Caetano da Silva, onde acessibilidade.
foi o cativeiro do crime e local de atos cruéis e
Praticada essas barbaridades, com o
desumanos. Na casa, colocaram os jovens em
intuito de não ser notado, Champinha foi para sua
cômodos distintos, onde iniciaram os abusos em
casa e ocultou os vestígios que pudessem
relação a Liana, sem que o namorado pudesse ter
demonstrar a sua ligação com o crime
qualquer atitude (CARDOSO, 2016).
(CARDOSO, 2016). Diante o exposto, é notório a
tamanha crueldade dos assassinos do jovem casal,

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Lopes et al Praxis Jurídic@ – V.5 N.1 - (2021)

pois a frieza foi empregada de forma exagerada, até que se ateste a existência
tendo em vista a tortura que se perdurou durante de condições de retorno ao
todo o desenrolar do crime. Assim, esses assassinos convício social. O Tribunal
teriam sido punidos de modo que a justiça fosse de Justiça do Estado de São
Paulo manteve decisão de 1º
feita?!
grau que decretou a
Os comparsas Aguinaldo Pires, internação do recorrente,
Antônio Caetano da Silva, Antonio Matias e Paulo aos fundamentos de que (a)
César da Silva Marques, receberam penas há vários diagnósticos de
condizentes a pessoas imputáveis. Contudo, a mal psicológico que o torna
perigoso; (b) a internação é
punição de Champinha, menor de idade na época
necessária para contenção
dos fatos, foi de 03 anos de internação na de sua tendência violenta; (c)
Fundação Casa (BARANYI, 2017), pois, de acordo a medida terapêutica é
com o art. 122 do ECA, essa providência deve ser necessária na tentativa de
adotada quando tratar-se de ato infracional recuperação (fls. 1.417-
cometido mediante grave ameaça ou violência à 1.432). [...] 7. Ante o
pessoa. Entretanto, ao final do cumprimento dessa exposto, nego seguimento
medida, o mesmo não voltou para o meio social ao recurso extraordinário.
(BRASIL, 1990). Publique-se. Intime-se.
Brasília, 5 de março de 2015.
De acordo com o psiquiatra forense, o Ministro Teori Zavascki
Dr, Guido Palomba, isso ocorreu diante da Relator Documento
existência de uma “gambiarra jurídica”, pois ao assinado digitalmente (STF -
invés de uma punição criminal, aplicaram uma RE: 667307 SP - SÃO
legislação civil ao caso, qual seja, a intervenção do PAULO, Relator: Min.
Ministério Público requerendo a interdição civil do TEORI ZAVASCKI, Data
de Julgamento:
jovem com base na Lei da Reforma Psiquiátrica –
05/03/2015)
Lei 10.216/2001 (FRASSETO, 2011). Desse
modo, referida lei “dispõe sobre a proteção e os
direitos das pessoas portadoras de transtornos
Além disso, recentemente, a justiça de
mentais e redireciona o modelo assistencial em
São Paulo consentiu com o pedido realizado pela
saúde mental” (BRASIL, 2001, online).
Defensoria Pública do Estado, uma vez que
Nesse cerne, vale mencionar que o requeria pelo impedimento de internação de
Supremo Tribunal Federal (2015), já negou indivíduos diagnosticados com deficiência
provimento a recurso impetrado ao caso intelectual em Unidade Experimental de Saúde. O
Champinha, o que ainda é motivo de indignações principal argumento utilizado foi a respeito da
e indagações, principalmente, pelo Advogado do manobra jurídica efetuada para manter jovens que
infrator, o qual defende a tentativa de uma já cumpriram as medidas socioeducativas aplicada
reinserção inicial, ainda que, inicialmente, somente pelo ECA. Desse modo, referida decisão pode ser
em seu convívio familiar (CARDOSO, 2016). Em benéfica a Champinha e aos outros internos que se
decorrência disso, destaca-se a seguinte decisão: encontram no referido local (SALGUEIRO,
2021).

Decisão: 1. Trata-se de Nesse sentido, os autores Coelho,


recurso extraordinário Marques e Pereira (2017, online) enfatizam que “o
interposto em ação de ordenamento jurídico-penal brasileiro é totalmente
interdição cumulada com silente quanto à responsabilidade penal do
pedido de internação criminoso que é diagnosticado como psicopata. E
compulsória do recorrente esse silêncio do legislador tem levado os juízes a
em hospital psiquiátrico,
com reavaliações periódicas,

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enquadrarem os psicopatas, ora como imputáveis, de acordo com a norma que fora violada
ora como semi-imputáveis.”. (CARDOSO, 2016).
Entretanto, por mais que a semi- Logo, não necessariamente precisaria
imputabilidade seja reconhecida aos psicopatas, o levar o menor que cometeu infração grave à
ideal seria a existência de um tratamento legal reclusão em regime de pena, mas em virtude de sua
específico para esses indivíduos, pois conforme conduta, não dar a ele o conforto de ser liberto
pesquisado e narrado por Silva (2014, p.152 e 153 após pequeno prazo de cumprimento de medida
apud CARDOSO, 2016, p.35): socioeducativa e, fazer, contudo, locais que
ofereçam tratamento adequado para esses
Nos países em que houve a
aplicação da escala Hare
adolescentes acometidos com transtorno de
(PCL) com referida personalidade, visando, com isso, a justiça e uma
finalidade, notou-se uma consequente paz social.
redução de dois terços das
taxas de reincidência nos
crimes mais graves e CONSIDERAÇÕES FINAIS
violentos. Infelizmente, a
psiquiatra forense Hilda Em alusão ao que foi abordado, por
Morana responsável pela meio de um estudo criterioso, conclui-se que é
tradução, adaptação e pertinente enfatizar a oscilação social sofrida por
validação da escala Hare no crianças e adolescentes com o passar das décadas,
Brasil, não obteve êxito no uma vez que tais mudanças influenciaram na
projeto de lei elaborado para maneira em que eram tratados juridicamente.
a criação de prisões especiais Contudo, prevalece no regramento brasileiro atual
para os psicopatas.
a adoção da idade mínima de 18 anos para que a
pessoa responda criminalmente por seus atos.

Visto isso, seria uma atitude Ademais, a melhor maneira para banir
inconsequente permitir que Champinha seja a prática de atos infracionais é o investimento na
reinserido na sociedade, haja vista que as educação, pois ela é um passo essencial para
estatísticas médicas revelam que ele possui construir uma sociedade melhor, eliminando as
deformidades orgânicas incuráveis, sem possível barreiras que impede o conhecimento e atuando
reversão e, ainda, não porta valores éticos, morais para tornar a mente do menor mais propícia a
e altruísticos. Todavia, o mesmo é capaz de absorver coisas que acrescentam positivamente em
entender o caráter ilícito do fato, mas não é dotado sua vida, ou seja, colaboraria para uma
de condições para determinar o entendimento de reestruturação do cidadão ou até mesmo de sua
seus atos, podendo a qualquer momento contrariar família. Logo, a redução da maioridade não seria
os princípios constitucionais e ferir, dentro do uma solução eficaz, tendo em vista anos de
contexto, o direito à integridade física, psíquica e averiguação e apontamentos fundamentados de
moral de outros cidadãos de bem (CARDOSO, que essa ideia é irrelevante à diminuição da
2016). criminalidade por menores.

Em suma, em relação ao que foi Assim, no que tange aos indivíduos


abordado anteriormente, é muito importante com transtorno de personalidade social, sendo
resguardar a liberdade de ir e vir do menor, porém estes diferentes dos doentes mentais, há
faz-se mister observar além das barreiras da idade. controvérsias acerca da medida penal a ser adotada
Se o indivíduo consegue inteiramente saber a quando os mesmos praticarem conduta ilícita,
consequência de suas atitudes, nada mais justo que principalmente, quando se trata de menores com
o mesmo arguir com elas, então, seria psicopatia, os quais, em razão da idade, não podem
compreensível dosar as medidas a serem aplicadas ser imputáveis, mas também não seria coerente

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considerá-los inimputáveis para sairem ilesos ,ECA%20completa%2025%20anos%3A%20mas


mesmo após cometerem ações cruéis. %20a%C3%A7%C3%B5es%20de%20pro
te
Nessa esteira, referida exposição sobre
os psicopatas, guarda nexo com a semi- _12.pdf. Acesso em: 22 nov. 2020.
imputabilidade prevista no art. 26, § único do
Código Penal, haja vista que há igual 118-139, abr. 2016. Disponível em:
reconhecimento por parte dos psiquiatras e, https://www.scielo.br/j/op/a/bhwWJbh
também, por algumas correntes doutrinárias e zNBSrHN8ssQVdWmm/?lang=pt.
jurisprudências, conforme demonstrado no Caso Acesso em: 20 maio 2021.
Champinha.
2021
Por fim, a omissão do Código Penal é
um dos empecilhos para que haja pacificação ALVES, G. M. A construção da identidade do
quanto ao tratamento das pessoas adolescente e a influência dos rótulos na
supramencionadas, posto que as medidas mesma. 2008. 50 f. TCC (Graduação) -
atualmente aplicadas não apresentam resultados Curso de Psicologia, Universidade do
que de fato atendam aos anseios da população, Extremo Sul Catarinense - Unesc,
gerando, assim, insegurança às vítimas e uma Criciúma, 2008. Disponível em:
insatisfação jurídica em razão de o Estado não http://newpsi.bvs-
psi.org.br/tcc/GabrielaMacileAlves.pdf.
conseguir normas eficazes para punir tais cidadãos
Acesso em: 31 mar. 2021.
de forma justa. Afinal, os psicopatas não possuem
culpa de terem adquirido esse transtorno e sabe-se AMARO, J.W.F. O debate sobre a maioridade
que é possível arguir sanções com outros meios penal. Rev. Psiq. Clín, São Paulo, v.31, n.3,
que os preservem, livrando-os de um tratamento p. 1-3, 2004. Disponível em:
comum feito ao imputável e, ao mesmo tempo, https://www.scielo.br/scielo.php?script=
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