Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As Pessoas Jurídicas
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
As Pessoas Jurídicas....................................................................................................................... 4
A Pessoa Jurídica. . ............................................................................................................................ 4
Conceito............................................................................................................................................. 5
Natureza Jurídica - Teorias Explicativas . . .................................................................................. 5
Classificação..................................................................................................................................... 6
O Surgimento da Pessoa Jurídica................................................................................................. 9
Registro - Requisitos Gerais. . ...................................................................................................... 10
Presentação.................................................................................................................................... 10
Desconsideração da Personalidade Jurídica. . ...........................................................................12
As Pessoas Jurídicas de Direito Privado Tratadas pelo Direito Civil. . .................................. 17
Associação....................................................................................................................................... 18
Fundações........................................................................................................................................ 20
Domicílio.......................................................................................................................................... 22
Domicílio da Pessoa Natural....................................................................................................... 22
Domicílio da Pessoa Jurídica....................................................................................................... 24
Questões de Concurso.................................................................................................................. 26
Gabarito............................................................................................................................................ 36
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 2 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Apresentação
Caro(a) aluno(a)!
Estamos iniciando nossa terceira aula, na qual trataremos das pessoas jurídicas e do
domicílio.
Na primeira parte da aula você terá contato com as disposições do Código Civil contidas
nos arts. 40 a 69, que tratam das disposições gerais referentes às Pessoas jurídicas, bem
como o regramento das Associações e Fundações.
Trata-se de um ponto muito importante, sobretudo porque guarda íntima relação com ou-
tras disciplinas, como o Direito Administrativo e o Direito Empresarial (talvez seja essa a razão
para ser tão cobrado em provas de concursos).
A segunda parte da aula será dedicada ao estudo do domicílio, regido pelos arts. 70 a 78,
do Código Civil. Esse é um ponto mais light, pois as questões de provas costumam cobrar a
literalidade da lei.
Então, acomode-se e aproveite ao máximo a aula para, ao final, testar os conhecimentos
adquiridos por meio da resolução de questões extraídas de concursos anteriores.
Boa aula!
Lisiane
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
AS PESSOAS JURÍDICAS
A Pessoa Jurídica
Na aula anterior estudamos a personalidade e, na ocasião, vimos que se trata da aptidão
para ser titular de direitos e contrair deveres. Vimos também que são dotados dessa capacida-
de abstrata não só as pessoas naturais, pois o ordenamento jurídico reconhece a personalidade
de entes não corpóreos - as pessoas jurídicas- das quais passaremos a tratar a partir de agora.
A pessoa jurídica é, portanto, proveniente desse fenômeno (histórico e social). Consiste num con-
junto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei,
para a consecução de fins comuns. Pode-se afirmar, pois, que pessoas jurídicas são entidades a que
a lei confere personalidade, capacitando-as para serem sujeitos de direitos e obrigações”. (grifei)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 4 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Daí se extrai que a pessoa jurídica é uma espécie de sujeito de direito e, portanto, tem ap-
tidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres.
São várias as expressões empregadas pelos autores, para identificar a pessoa jurídica,
dentre as quais merecem destaque (devido à incidência em provas) as seguintes: pessoas
Civis; pessoas morais; pessoas abstratas; pessoas místicas; pessoas fictícias ou, de acordo com
Teixeira de Freitas, ente de existência ideal”. Vá se familiarizando com elas, desde logo.
É importante ter em mente que, diferentemente da pessoa natural, a qual se pode ver, tocar,
sentir, a pessoa jurídica não tem existência no plano físico, corpóreo (não confunda o estabe-
lecimento com a pessoa jurídica ao qual ele pertence).
A partir dessas considerações preliminares, podemos extrair uma definição de pes-
soa jurídica.
Conceito
Obs.: pessoa jurídica é a entidade à qual a lei reconhece personalidade jurídica própria, dis-
tinta dos instituidores, capacitando-a a ser sujeito de direitos e deveres.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
sim, mas também é um ente social. Logo, a personalidade jurídica não é uma ficção, mas um
atributo que a lei defere a certos entes.
* Realidade: porque a existência continua distinta de seus membros e depende de forma-
lização em registro público.
* Técnica: porque admite ser desconsiderada, em determinadas hipóteses (que veremos
mais adiante).
* O Código Civil adota, no art. 45, a teoria da realidade técnica.
Classificação
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Como você pode perceber, a Lei inicialmente classifica as pessoas jurídicas em dois gran-
des grupos: Pessoas Jurídicas de Direito Público e Pessoas Jurídicas de direito Privado.
A partir dessa primeira divisão, as pessoas jurídicas de direito público são subdivididas:
pessoas jurídicas de direito público interno (art. 41) e pessoas jurídicas de direito público ex-
terno (art. 42).
Chegamos ao art. 41, que apenas elenca as pessoas jurídicas de direito público interno:
Cabe aqui um esclarecimento acerca do parágrafo único do art. 41. Ao mencionar “pesso-
as jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado”, o legislador
se refere às entidades da Administração Pública indireta, sujeitas ao regime jurídico de direito
privado. Trata-se apenas de uma divergência de terminologia entre o Direito Civil, mais antigo,
e o direito Administrativo, mais novo, que adota uma terminologia mais moderna.
O art. 43, ao tratar da responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público interno,
praticamente reproduz o texto do art. 37, §6º, da Constituição da República.
Vamos conferir?
CC, Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos
seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra
os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
CF/88, Art. 37, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de ser-
viços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pesso-
as que forem regidas pelo direito internacional público.
E o art. 44 traz o rol das pessoas jurídicas de direito privado (o inciso VI, inserido pela Lei
n. 12.441/2011, incluiu a EIRELI):
Obs.: o rol apresentado no art. 44 é exemplificativo, não constando dele os sindicatos, que
têm natureza jurídica de associações. Explico: As organizações religiosas, os partidos
políticos e os sindicatos são espécies de associações. O fato de o legislador ter omiti-
do o sindicato no rol do art. 44 não significa, de forma alguma, que ele não seja pessoa
jurídicas de direito privado.
Seguindo em frente, é bom lembrar que das seis pessoas jurídicas de direito privado elen-
cadas no art. 44, duas podem ter fins lucrativos: Sociedades e Empresas Individuais de Res-
ponsabilidade Limitada (EIRELI), ambas estudadas no âmbito do Direito de Empresa.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Por outro lado, as associações, fundações, partidos políticos e organizações religiosas não
podem ter finalidade lucrativa, o que não significa não poder auferir lucro. Como você sabe, a
proibição de ter fins lucrativos impõe que se houver lucro, esse deverá reverter para a própria
atividade.
Aliás, é aí que reside a principal diferença entre associação e sociedade: A associação,
regida pelo Direito Civil, é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos. enquanto
a sociedade, estudada pelo Direito Empresarial, é uma pessoa jurídica de direito privado que
pode ter finalidade lucrativa.
Veja o que diz o Enunciado 534, da JDC:
Enunciado n. 534
As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade
lucrativa.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Formas de Instituição
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
www.grancursosonline.com.br 9 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Na hipótese de ser constatado defeito no ato constitutivo da pessoa jurídica, esse poderá
ser anulado, mas a lei estabelece o prazo decadencial de três anos, contados a partir da publi-
cação de sua inscrição no registro, como exposto (art. 45, p.u.).
Art. 45. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.
Presentação
Após sua criação, a pessoa jurídica passa a atuar. Ela pode (e deve) abrir uma conta ban-
cária, celebrar contratos, praticar atos jurídicos, enfim, ter sua atuação no mundo jurídico.
Mas ela não é corpórea e, por isso, é necessário que exista uma pessoa natural que atue
por ela. A isso se denomina, tecnicamente, presentação, termo criado por Pontes de Miranda.
Por não poder atuar por si própria, a pessoa jurídica, como ente da criação da lei, deve
ser presentada por uma pessoa natural, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou
extrajudiciais.
Cabe aqui um esclarecimento.
Quando estudamos a pessoa natural, vimos que os incapazes são representados por
seus genitores, tutores ou curadores. Pois bem, a pessoa jurídica não é incapaz, logo ela não
necessita representação. Ela é presentada pelo sócio, administrador, gerente etc. (CC, art.
47). Em regra, o próprio ato constitutivo indica essa pessoa, mas, em caso de omissão, a pre-
sentação será exercida pelos diretores. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as
decisões serão tomadas por maioria de votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo
diverso (CC, art. 48).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Assim, enquanto a pessoa humana capaz expressa sua vontade de forma natural, a pes-
soa jurídica o faz através de órgãos que, ao contrário de representá-la, a fazem presente na
relação jurídica. Sua existência legal presume a existência desses órgãos de presentação,
que exprimem a vontade, que dirigem, e que resolvem conflitos de qualquer espécie.
DICA!
Para efeitos de prova objetiva, se a questão falar em repre-
sentação, marque correto, mas se mencionar presentação,
você saberá que esse é o termo mais técnico.
Pois bem, agora imagine que alguém vai ao Banco do Brasil e pede um empréstimo, em
nome da pessoa jurídica da qual é sócio.
Depende. Por se tratar de ato ultra vires societatis, a responsabilização da pessoa jurídica
só ocorrerá se o contrato social ou estatuto trouxer autorização para que o presentante praticar
tal ato. Se o presentante extrapolar esses poderes, responderá pessoalmente pelo excesso.
Vamos conferir o art. 47, do Código Civil:
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus pode-
res definidos no ato constitutivo.
Para responder a esse questionamento é preciso recordar o que foi estudado sobre os
direitos da personalidade, trabalhados pelo Código Civil nos arts. 11 a 21. Esses direitos, di-
retamente vinculados à dignidade da pessoa humana, são titularizados pela pessoa natural.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Enunciado n. 286
Art. 52. Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana,
decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Súmula n. 227
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Conclusão: a pessoa jurídica não é titular dos direitos da personalidade, que só podem ser
titularizados por pessoas naturais. No entanto, a lei confere às pessoas jurídicas uma proteção
análoga (elasticidade) e, diante disso, o entendimento é no sentido de que pessoas jurídicas
podem sofrer danos morais.
Como você sabe, as pessoas jurídicas de direito público são os entes federativos, as au-
tarquias e as fundações autárquicas. Em relação a essas pessoas, o STJ já se manifestou, no
Resp. 1.258.389/PB, no sentido de que a pessoa jurídica de direito público não tem direito à
indenização por danos morais relacionados à violação da honra ou imagem.
Muito bem, meu querido/querida, agora que você já domina esse tema, podemos avançar
mais um pouco na nossa aula.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
No entanto, não pode ser admitida a utilização da pessoa jurídica como escudo, para es-
conder o patrimônio pessoal de empresários que atuam de forma inescrupulosa, enganando
seus credores. É nesse cenário que a personalidade jurídica deve ser desconsiderada, a fim de
se atingir o patrimônio pessoal dos sócios.
A primeira vez que um juiz aplicou a desconsideração da personalidade jurídica foi em
1897, na Inglaterra, no julgamento do célebre “Caso Salomon X Salomon & Co”, cuja funda-
mentação orientou as decisões judiciais proferidas no Reino Unido durante todo o século XX e
ainda hoje repercute, em citações e discussões judiciais e doutrinárias.
A história desse julgado é a seguinte: Aron Salomon era dono de uma pequena empresa,
que produzia botas de couro. Como a legislação inglesa vigente na época exigia, para a consti-
tuição de sociedade de responsabilidade limitada, a participação de, no mínimo, sete pessoas
naturais, Salomon fez o seguinte, criou a empresa “Aron Salomon & Co”, da qual eram sócios
ele, seus cinco filhos e sua esposa.
Salomon então emprestou para empresa £20.000 (vinte mil libras), que formariam o capital
social, a ser dividido em vinte mil ações, cada qual no valor de £1 (1 libra). Em contrapartida, a
sociedade entregou a Salomon uma promessa de pagamento preferencial , ficando ele como
credor primário, no caso de insolvência.
Pois bem, a empresa estava em plena atividade, tendo como principal comprador das bo-
tas fabricadas o Governo Britânico. Só que passados alguns anos surgiu um fato que impactou
muito os resultados da fábrica: O governo resolveu distribuir os pedidos entre vários forne-
cedores. A diminuição drástica das vendas levou negócio a acumular prejuízos, até se tornar
insolvente.
Abriu-se um processo judicial e foi designado um administrador judicial, cuja função era
realizar a liquidação dos bens da empresa e o pagamento dos credores. Mas, para surpresa
geral, ficou constatado que nenhum deles iria receber seus créditos, já que os bens da empresa
não eram suficientes para solver todas as dívidas, já que havia um credor preferencial: o pró-
prio Salomon.
O processo foi encaminhado à Corte Britânica que, ao analisar o caso, deixou claro que o
Companies Act, de 1862 (a legislação vigente) tinha sido usado como instrumento para fraudar
os credores. Assim, os juízes da Corte de Apelação decidiram autorizar a desconsideração da
pessoa jurídica e buscar os bens pessoais do Sr. Salomon para saldar as dívidas com credores,
sob o fundamento de abuso da lei.
Salomon interpôs recurso contra a decisão, dirigido à House of Lordes que, em 1897, refor-
mou o julgamento da 1ª instância, considerando que a pessoa jurídica “Salomon & Cia” não se
confundia com a pessoa natural.
Embora Salomon tenha saído vitorioso desse julgamento, o caso inspirou várias discus-
sões entre os juristas, acerca da possibilidade de desconsideração da pessoa jurídica.
A relevância desse caso é tão grande, que ainda hoje ele é usado como precedente, servin-
do de base para a desconsideração da personalidade jurídica.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
No Brasil, o tema foi introduzido por Rubens Requião, em 1964. Inspirado pela teoria da
disregard of legal entity, criada pela doutrina americana, Requião desenvolveu sua Teoria da
Desconsideração da Personalidade Jurídica, cuja ideia central é evitar que o princípio da se-
paração patrimonial da pessoa jurídica seja usado como escudo, para ocultar sócios, abrigar
fraudes ou permitir que os membros de uma sociedade se eximam de responsabilidades, pre-
judicando os terceiros de boa-fé. Ao constatar essas irregularidades, o juiz poderá determinar
que se busque no patrimônio dos sócios “a satisfação da obrigação que não pode ser atendida
pelo patrimônio da empresa”.
O autor chamava a atenção para o fato de que, embora as sociedades sejam constituídas
para exercer uma atividade econômica específica, algumas vezes o objeto social não é cum-
prido pelos sócios ou administradores, que se comportam de forma fraudulenta e ilícita, preju-
dicando a autonomia patrimonial determinada pela personalidade jurídica. Segundo Requião,
quando isso acontece o juiz pode e deve desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade.
Mas, tenha sempre em mente que a desconsideração da personalidade jurídica é uma situ-
ação excepcional e eventual de afastamento do princípio da separação patrimonial da socie-
dade e seus sócios, pois trata-se de medida que permite ao prejudicado dirigir sua pretensão
diretamente contra o patrimônio dos sócios, que responderão com seus bens pessoais pelos
seus atos abusivos praticados em nome da pessoa jurídica.
A primeira lei brasileira a tratar do tema foi o Código de Defesa do Consumidor, cujo art. 28
estabelece que “o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em
detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efe-
tivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa
jurídica, provocados por má administração.
Em relação ao momento processual adequado à decretação da desconsideração da perso-
nalidade jurídica, a princípio seria a fase de execução, de forma incidental.
Para reforçar esse entendimento, o CPC determina que a desconsideração da personali-
dade jurídica se dará por meio de incidente, cabível em todas as fases do processo de conhe-
cimento, bem como no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo
extrajudicial (art. 134, caput).
Essa tese se fundamenta no art. 790, II, do CPC, que estabelece que os bens do sócio ficam
sujeitos à execução, nos termos da lei. E o art. 795, caput, determina que os bens dos sócios
não respondem pelas dívidas da sociedade, salvo nos casos autorizados pela legislação.
O Código Civil trata da desconsideração da personalidade jurídica no art. 50, nos seguin-
tes termos:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com
o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela
Lei n. 13.874, de 2019)
Ainda sobre o desvio de finalidade, o §5º do art. 50 informa que esse não se configura
pela mera expansão ou alteração da finalidade original da atividade econômica específica da
pessoa jurídica.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput
deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei
n. 13.874, de 2019)
O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por
qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses
previstas nesta lei (grifo nosso).
www.grancursosonline.com.br 16 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
284- As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômi-
cos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Associação
De acordo com o art. 53, do Código Civil, “constituem-se as associações pela união de pes-
soas que se organizem para fins não econômicos”.
Como já foi dito, nessa aula, a expressão “fins não econômicos” deve ser lida no sentido
de “fins não lucrativos”, pois o termo econômico é genérico, possuindo diferentes significados
(pode indicar uma atividade produtiva ou uma atividade lucrativa). Mandou mal o legislador,
mas essa impropriedade já foi corrigida ou, pelo menos, esclarecida pela doutrina e jurispru-
dência. Lembre-se do Enunciado 534, da VI JDC, já mencionado em momento anterior.
Por serem formadas por pessoas, assim como as sociedades, as associações são en-
tendidas como uma espécie de corporação. No entanto, não há, entre associados, direitos e
obrigações recíprocos, já que não há intuito de lucro (art. 53, parágrafo único, do CC). Mas há
como confundir as associações com as sociedades, já que quando não há fim lucrativo tem-se
a associação, enquanto as sociedades visam sempre a um fim econômico ou lucrativo, a deve
ser repartido entre os sócios.
Também não se pode confundir as associações com as fundações, pois essas são um con-
junto de bens, enquanto as aquelas são formadas por um conjunto de pessoas (corporações).
A associação precisa ser registrada, pois é esse ato que confere a ela aptidão para ser
sujeito de direitos e deveres na ordem civil. A partir do registro a associação passa a ter iden-
tidade própria, distinta dos seus membros (teoria da realidade orgânica, adotada pelo Código
Civil de 1916, no art. 20).
O art. 54 do Código Civil apresenta um rol de requisitos obrigatórios na elaboração do
estatuto da associação, cuja falta poderá acarretar sua anulação. Assim, deverá constar
do estatuto:
• a) a denominação, os fins e a sede da associação;
• b) os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
• c) os direitos e deveres dos associados;
• d) as fontes de recursos para sua manutenção;
• e) o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
• f) as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução;
• g) a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
O art. 55 determina que os associados deverão ter iguais direitos, mas abre a possibilidade
de o estatuto criar, eventualmente, categorias especiais. Um exemplo seria um clube recreativo
criar, por deliberação estatutária, as categorias de associado contribuinte (sem direito a deci-
são ou voto) e associado proprietário (com poderes diretivos e direito ao voto).
O caput do art. 56 estabelece que a qualidade de associado é intransmissível, pelo fato
de a admissão na associação ser um ato personalíssimo. No entanto, o estatuto poderá trazer
disposição em sentido contrário, o que significa que o referido dispositivo legal é uma norma
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 18 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
www.grancursosonline.com.br 19 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
sede, instituição nas condições indicadas, o que remanescer do patrimônio se devolverá à Fa-
zenda do Estado, do Distrito Federal ou da União (art. 61, §§ 1º e 2º).
Caso uma associação seja dissolvida, o seu patrimônio líquido poderá ser destinado a ou-
tras entidades de fins não econômicos, designadas no estatuto, ou sendo omisso o estatuto
os bens podem ser arrecadados pela Fazenda Pública.
Na V Jornada de Direito Civil foi aprovado o Enunciado 407, prevendo a prevalência da von-
tade dos associados:
Fundações
Segundo Maria Helena Diniz, termo fundação tem origem no latim fundatio, que indica a
ação de fundar, criar ou fazer surgir.
A fundação é um conjunto de bens, separados pelo dono do patrimônio – o instituidor- e
destinados a um fim específico. Esse conjunto de bens adquire personalidade jurídica median-
te o registro de seu ato constitutivo, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Ao direito civil interessam apenas as fundações particulares, pois as fundações públicas
possuem natureza autárquica e são objeto de estudo do direito administrativo.
O art. 62, do CC, determina que a criação da fundação se faça por meio de escritura públi-
ca ou testamento do instituidor. Para sua instituição é necessária a presença dos seguintes
elementos:
• a) afetação de bens livres;
• b) especificação dos fins;
• c) previsão do modo de administrá-las;
• d) elaboração de estatutos com base em seus objetivos e submetidos à apreciação do
Ministério Público, que os fiscalizará.
Se os bens destinados à fundação forem insuficientes para sua constituição, serão eles
incorporados por outra fundação, que desempenhe atividade semelhante, salvo em caso de
previsão em contrário, pelo instituidor (CC, art. 63).
Pelo que determina o parágrafo único do art. 62, a fundação somente poderá constituir-se
para os seguintes fins:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 20 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento susten-
tável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas
de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas.
O art. 64 estabelece que “constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o insti-
tuidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e,
se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial”. Compete ao Ministério
Público, que tem a incumbência de zelar pelas fundações, requerer esse mandado judicial.
E, por falar nisso, é importante destacar que, devido ao interesse social que as fundações
guardam, essas serão fiscalizadas e supervisionadas pelo Ministério Público, por meio da sua
curadoria de fundações, órgão supervisor, que tem a incumbência de fiscalizar e zelar pela
constituição e funcionamento dessas entidades. Assim, os administradores têm o dever de
prestar contas de seus atos ao MP. A atuação cabe, em regra, ao Ministério Público Estadual,
salvo em duas hipóteses: no caso de fundações que funcionem no DF, a incumbência fiscaliza-
tória é do MP do Distrito Federal e na hipótese de a fundação ter funcionamento em diferentes
unidades da federação ao mesmo tempo, ou estender suas atividades por mais de um estado
ou território, caberá a intervenção conjunta do MP de todas as entidades envolvidas (CC, art.
66, “caput” e §§ 1º e 2º).
Para a alteração das normas estatutárias da fundação é necessária a deliberação de dois
terços das pessoas responsáveis pela sua gerência, desde que tal alteração não contrarie ou
desvirtue a sua finalidade e que seja aprovada pelo Ministério Público (CC, art. 67, I a III,). Even-
tualmente, na hipótese de não haver aprovação unânime, os vencedores quanto à alteração
deverão requerer ao Ministério Público que promova a cientificação da minoria para, querendo,
oferece impugnações, que deverão ser apresentadas no prazo de 10 dias, sob pena de deca-
dência (CC, art. 68).
É importante ressaltar que não cabe ao Ministério Público qualquer decisão, devendo as
nulidades ser comunicadas ao Poder Judiciário, que decidirá, no caso concreto.
E, para finalizar o estudo das fundações, devemos saber que se a finalidade se tornar ilícita,
impossível ou imoral, ou se a fundação não atender às finalidades sociais a que se destina,
ou ainda se o prazo de sua existência expirar, poderá ocorrer a sua dissolução administrativa,
a ser efetivada por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. Nesses casos, os bens
serão destinados a outra fundação que desempenhe atividade semelhante, salvo previsão de
regra em contrário quanto ao destino dos bens, no seu estatuto social (CC, art. 69).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Com isso, concluímos o estudo das pessoas jurídicas e podemos avançar para o próximo
tema da nossa aula:
Domicílio
O Código Civil, nos arts. 70 a 78, estabelece regras sobre o domicílio da pessoa natural e da
pessoa jurídica. Em sentido amplo, o domicílio pode ser definido como o local em que a pessoa
pode ser objeto de direitos e deveres.
Trata-se de um tema de muita relevância, pois o espaço físico onde a pessoa habita, com
ânimo definitivo, é a sua sede jurídica, onde ela se presume presente, para efeitos de direito e
onde normalmente pratica seus atos e negócios jurídicos.
Perceba que a concepção de domicílio está relacionada com a noção de moradia, residên-
cia. Trata-se do local onde a pessoa se situa, permanecendo a maior parte do tempo, com o
ânimo de definitividade.
Mas o nosso ordenamento jurídico admite a pluralidade de domicílios. É que eventualmen-
te, a pessoa natural pode possuir dois ou mais locais de residência, onde vive, alternadamente
e, nesse caso, qualquer um desses locais será considerado seu domicílio. Vamos tomar o
exemplo de um Senador de São Paulo. Essa pessoa passa a metade do tempo em Brasília,
sede do Senado, e a outra metade em São Paulo, onde mantém residência e, sendo assim,
possui dois domicílios: São Paulo e Brasília.
Aproveitando a “deixa”, vale ressaltar que uma pessoa pode ter domicílio político diferente
do domicílio civil. O primeiro, exclusivo das pessoas naturais, é o lugar onde o cidadão exercita
seus direitos políticos, especialmente o de votar e ser votado, enquanto o segundo, comum às
duas categorias de pessoas, corresponde ao local onde se praticam direitos e obrigações, na
ordem privada.
Vamos, agora, conferir o art. 71, do Código Civil, que traz a previsão da pluralidade de
domicílios:
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, conside-
rar-se-á domicílio seu qualquer delas.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Mas o direito brasileiro também admite a o domicílio ocasional, que fica caracterizada
quando a pessoa não tem residência habitual, como ocorre com os ciganos, circenses etc.
Para essas pessoas, que permanentemente trocam de lugar, a lei considera por domicílio o
lugar onde forem encontradas, conforme estabelece o art. 73:
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
A pluralidade de domicílio também foi reconhecida no parágrafo único do art. 72, que prevê
o domicílio profissional. Assim, se a pessoa exercer profissão em lugares diversos, cada um
deles constituirá domicílio, para as relações que lhe corresponderem.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o
lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
O domicílio é mutável, na medida em que a pessoa pode trocar de residência, com ânimo
de se transferir para outra localidade, em caráter definitivo. Mas o ordenamento jurídico não
se limitou a condicionar a troca de residência à presença do elemento subjetivo – intenção de
mudar – indo além, ao indicar, como elemento probatório, as comunicações às municipalida-
des de ambos os lugares, quanto à mudança. Essas seriam as comunicações às empresas for-
necedoras de água, luz, gás, linha telefônica, aos órgãos de classe, à Secretaria das Fazendas
Públicas do Município, Estado e União. Sabemos que, na prática, ninguém sai comunicando
aos órgãos públicos a mudança e a prova pode ser feita por meio de uma conta de luz, contrato
com concessionária de telefonia, internet, mudança de domicílio eleitoral etc.
As regras sobre a mudança de domicílio estão no art. 74:
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.
Domicílio Necessário
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
www.grancursosonline.com.br 24 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Lisiane
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
QUESTÕES DE CONCURSO
001. (INÉDITA/2021) No que se refere às pessoas jurídicas, julgue o item que se segue:
A qualidade de associado é intransferível, se o estatuto não dispuser em contrário.
002. (INÉDITA/2021) No que se refere às pessoas jurídicas, julgue o item que se segue:
Constitui desvio de finalidade a alteração original da atividade econômica da Associação
Com fulcro no Código Civil, art. 50, §5º, do incluído pela Lei n. 13.874, de 2019:
Art. 50, § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original
da atividade econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei n. 13.874, de 2019)
Errado.
003. (INÉDITA/2021) No que se refere às pessoas jurídicas, julgue o item que se segue:
Nas associações, é vedada a instituição de categorias com vantagens especais.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.
Errado.
004. (INÉDITA/2021) No que se refere às pessoas jurídicas, julgue o item que se segue:
Compete privativamente à assembleia geral deliberar sobre a exclusão de associado.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em pro-
cedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
Errado.
005. (INÉDITA/2021) No que se refere às pessoas jurídicas, julgue o item que se segue:
É dever do associado cumprir fielmente todos os direitos e obrigações recíprocos previstos no
contrato social.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Art. 53, Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Errado.
006. (INÉDITA/2021) Acerca do domicílio, julgue o item que se segue, à luz do Código Ci-
vil de 2002:
Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. A prova
da intenção depende do que a pessoa declarar às municipalidades do lugar que deixa e do lo-
cal para onde vai ou, se não fizer tais declarações, da própria mudança, com as circunstâncias
que a acompanharem.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.
Certo.
007. (INÉDITA/2021) Acerca do domicílio, julgue o item que se segue, à luz do Código Ci-
vil de 2002:
O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem de-
signar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no
último ponto do território brasileiro onde foi domiciliado.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem
designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último
ponto do território brasileiro onde o teve.
Certo.
008. (INÉDITA/2021) Acerca do domicílio, julgue o item que se segue, à luz do Código Ci-
vil de 2002:
O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo defi-
nitivo. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, con-
siderar-se-á domicílio seu qualquer delas.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, conside-
rar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Certo.
009. (INÉDITA/2021) Acerca do domicílio, julgue o item que se segue, à luz do Código Ci-
vil de 2002:
A regra é a liberdade de escolha do próprio domicílio e, portanto, as hipóteses de domicílio
necessário se restringem ao incapaz, ao servidor público e ao militar.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Errado.
010. (INÉDITA/2021) Acerca do domicílio, julgue o item que se segue, à luz do Código Ci-
vil de 2002:
Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
Certo.
www.grancursosonline.com.br 28 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Trata-se de uma questão bem fácil, que pega apenas pela atenção.
Letra c.
a) Errada. As sociedades passam a existir com a inscrição do ato constitutivo no registro com-
petente.
b) Errada. As fundações de direito privado são instituídas por meio de escritura pública ou
testamento.
c) Errada. Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado.
e) Errada. As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado.
Letra d.
Com fulcro no art. 50 do Código Civil (fique atento à nova redação, dada pela Lei n. 13.874/2019).
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe cou-
ber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 29 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa ju-
rídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei n. 13.874, de 2019).
Certo.
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro
modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
Certo.
A lei prevê um prazo decadencial de três anos para a anulação. Confira o art. 45, p.u., do Có-
digo Civil:
Art. 45, Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.
Errado.
016. (CESPE/2020/TJ-PA/AUXILIAR JUDICIÁRIO) Paulo é médico e vive com sua esposa e seu fi-
lho, menor de idade, em Juiz de Fora – MG. Duas vezes por semana, ele atende em um hospital loca-
lizado na capital do Rio de Janeiro e fica instalado em um pequeno apartamento que mantém aluga-
do para os dias em que trabalha naquela localidade. Todos os anos, a família passa férias em uma
casa de propriedade de Paulo localizada em Petrópolis – RJ. Certo dia, o casal sofreu um acidente
de carro e ambos ficaram em coma em decorrência do acidente. Em razão disso, os avós maternos
do filho do casal, que moram em Angra dos Reis – RJ, foram nomeados como tutores do menor.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta, a respeito de domicílio.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
a) Antes da ocorrência do acidente, apenas a cidade de Juiz de Fora – MG poderia ser consi-
derada domicílio de Paulo.
b) Após a nomeação dos avós como tutores do filho de Paulo, o domicílio do menor passou a
ser Angra dos Reis – RJ.
c) Antes da ocorrência do acidente, as cidades de Juiz de Fora – MG e Petrópolis – RJ pode-
riam ser consideradas domicílio da esposa de Paulo.
d) Antes da ocorrência do acidente, a propriedade localizada em Petrópolis – RJ poderia ser
considerada domicílio do casal.
e) A cidade do Rio de Janeiro não poderia ser considerada domicílio de Paulo antes do acidente.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Com fulcro no art. 50 do Código Civil (fique atento à nova redação, dada pela Lei n.
13.874, de 2019):
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios
da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei n.
13.874, de 2019).
Certo.
Na associação não há que se falar em obrigações recíprocas dos associados (CC, art. 53, p.u.).
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I – seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II – não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias,
findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
interessado. (Redação dada pela Lei n. 13.151, de 2015)
Errado.
Nos termos do art. 57, p.u., do Código Civil. Associados não possuem direitos e obrigações
recíprocas.
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 33 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
O espólio e a massa falida são exemplos de bens coletivos classificados como universalida-
de de fato.
O espólio e a massa falida são considerados universalidades de direito, nos termos do art. 91
do Código Civil.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dota-
das de valor econômico.
Errado.
Com fulcro nos arts. 37, § 6º, da CF/88 e 43, do Código Civil.
a) Errada. Com fulcro no art. 47, do Código Civil.
b) Errada. Com fulcro no art. 45, do Código Civil.
d) Errada. Com fulcro no art. 48, do Código Civil.
e) Erada. Com fulcro no art. 51, do Código Civil.
Letra c.
www.grancursosonline.com.br 34 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
III – Na teoria da desconsideração inversa da personalidade jurídica, pessoa jurídica pode res-
ponder por obrigação de sócio que lhe tenha transferido seu patrimônio com o intuito de frau-
dar credores.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Está correto o que se afirma nos itens II e III. Logo, a alternativa correta é a letra D.
O item I está errado, pois o Código Civil, O código civil, diferentemente da legislação consu-
merista e ambiental, adotou a Teoria Maior (“Maior- mais requisitos”) para a desconsideração,
exigindo apenas o abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, conforme a assertiva Logo, não basta a mera insolvência/falência
e/ou ausência de bens.
Letra d.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 37
DIREITO CIVIL
As Pessoas Jurídicas
Lisiane Brito
GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. E
5. E
6. C
7. C
8. C
9. E
10. C
11. c
12. d
13. C
14. C
15. E
16. b
17. b
18. C
19. E
20. C
21. E
22. E
23. E
24. c
25. d
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 37
Lisiane Brito
Professora de Direito Administrativo, especialista em preparação para concursos públicos. Pós-graduada
em Políticas Públicas e Gestão Governamental pela UNIP. Advogada inscrita na OAB/MG desde 1997.
Graduada em direito pela Faculdade de Direito da PUC/MG. Larga experiência como docente, tendo
ministrado aulas de Direito Administrativo nos principais cursos preparatórios do país. Já participou
de bancas examinadoras e elaboração de questões para processos seletivos. Atua como advogada e
consultora de empresas na área de Licitações e Contratos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ELIZABETH SANTOS SILVA - 07297126560, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.