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DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL II

PROFESSORA: DRA. BRUNA FEITOSA SERRA DE ARAÚJO


CURSO:DIREITO PERÍODO: 4º
TURNO:MATUTINO DATA:24/09/23

ALUNO: Maria Eduarda Serra

FOLHA DE RESPOSTAS

RECUPERAÇÃO EMPRESARIAL: a flexibilização da exigência da certidão


negativa de débitos tributários (CNDT) na concessão da recuperação judicial e os
pressupostos definidores da Lei nº 11.101/2005

A recuperação empresarial é um instrumento jurídico fundamental para a manutenção e


reestruturação de empresas em dificuldades financeiras. No entanto, um dos principais
obstáculos enfrentados pelas empresas nesse processo é a exigência da certidão negativa
de débitos tributários (CNDT) para a concessão da recuperação judicial. Nesse sentido, a
flexibilização dessa exigência se mostra necessária e benéfica para a efetividade da lei de
recuperação judicial.

A Lei nº 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência das


empresas, estabelece uma série de pressupostos para a concessão da recuperação judicial.
Dentre eles, destaca-se a necessidade de apresentação da CNDT, que comprova a
regularidade fiscal da empresa perante o fisco. No entanto, essa exigência pode se tornar
um entrave para a recuperação de empresas em dificuldades financeiras.

Primeiramente, é importante ressaltar que a crise econômica e financeira pode levar a


empresa a acumular dívidas tributárias, o que dificulta a obtenção da CNDT. Nesse contexto,
a exigência da certidão negativa acaba por prejudicar as empresas que mais necessitam da
recuperação judicial, uma vez que elas já estão em situação de fragilidade financeira.

Além disso, a flexibilização da exigência da CNDT não significa que a empresa ficará isenta
de suas obrigações fiscais. Pelo contrário, a empresa em recuperação judicial continuará
sujeita às obrigações tributárias, devendo buscar formas de regularizar sua situação fiscal ao
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longo do processo de recuperação. A flexibilização apenas permite que
a empresa tenha a oportunidade de reorganizar suas finanças e buscar a superação da
crise.

Outro ponto a ser considerado é que a recuperação judicial não beneficia apenas a empresa
em dificuldades, mas também os credores e a economia como um todo. A manutenção da
empresa em atividade gera empregos, movimenta a cadeia produtiva e contribui para a
arrecadação de impostos. Portanto, é do interesse de todos que a empresa tenha condições
de se recuperar, mesmo que temporariamente não esteja em dia com suas obrigações
fiscais.

Ademais, é importante destacar que a flexibilização da exigência da CNDT não implica em


impunidade para as empresas. A lei de recuperação judicial já prevê mecanismos de
fiscalização e controle, como a nomeação de um administrador judicial e a apresentação de
um plano de recuperação que deve ser aprovado pelos credores. Dessa forma, a empresa
em recuperação continua sujeita a um rigoroso acompanhamento e controle.

Diante do exposto, é evidente a necessidade de flexibilização da exigência da certidão


negativa de débitos tributários na concessão da recuperação judicial. Essa medida
contribuirá para a efetividade da lei de recuperação judicial, permitindo que empresas em
dificuldades financeiras tenham a oportunidade de se reestruturar e superar a crise. É
fundamental que o Estado e a sociedade compreendam a importância desse instrumento
para a preservação de empregos, a movimentação da economia e a manutenção da
atividade empresarial.

Atualmente, o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de


Justiça (STJ) em relação à flexibilização da exigência da certidão negativa de débitos
tributários (CNDT) na concessão da recuperação judicial é favorável à flexibilização, desde
que sejam observados os pressupostos definidores da Lei nº 11.101/2005.

O STF, em julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706/PR, firmou a tese de que o


simples inadimplemento de obrigações tributárias não pode ser motivo para a negativa de
recuperação judicial. Segundo o entendimento do STF, a recuperação judicial visa à
preservação da empresa e a manutenção dos empregos, sendo incompatível com a
exigência da CNDT como requisito para a concessão do benefício.

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Já o STJ, em diversos julgados, tem se posicionado no sentido de que
a exigência da CNDT pode ser flexibilizada, desde que a empresa em recuperação judicial
apresente um plano viável de recuperação e demonstre a capacidade de cumprir com suas
obrigações fiscais no futuro. O STJ entende que a finalidade da recuperação judicial é a
superação da crise econômico-financeira da empresa, e não a punição pelo descumprimento
de obrigações tributárias passadas.

Assim, tanto o STF quanto o STJ têm reconhecido a importância da flexibilização da


exigência da CNDT na concessão da recuperação judicial, desde que sejam observados os
pressupostos definidores da Lei nº 11.101/2005. Esses pressupostos incluem a
demonstração da viabilidade econômica da empresa, a apresentação de um plano de
recuperação que seja aprovado pelos credores e a fiscalização e controle por parte do
administrador judicial.

Em suma, o entendimento atual do STF e do STJ é favorável à flexibilização da exigência da


CNDT na concessão da recuperação judicial, desde que sejam observados os pressupostos
definidores da Lei nº 11.101/2005. Essa flexibilização é fundamental para permitir que
empresas em dificuldades financeiras tenham a oportunidade de se reestruturar e superar a
crise, contribuindo para a preservação de empregos e a movimentação da economia.

REFERÊNCIAS

MARQUES, C. R., & Pinto, R. C. (2017). Recuperação judicial e flexibilização da Lei nº


11.101/2005. Revista Brasileira de Direito Empresarial, 3(2), 47-70.

OLIVEIRA, L. G., & Saragoça, J. H. S. (2018). A flexibilização da exigência da CNDT na


recuperação judicial. Revista de Direito Empresarial, 1(1), 28-47.

AGUIAR, A. L. S., & Andrade, F. C. (2020). A flexibilização dos requisitos para a


concessão da recuperação judicial no Brasil. In Anais do Congresso Internacional de
Direito Empresarial (Vol. 5, p. 270). Editora D'Plácido.

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BRUNA FEITOSA SERRA DE ARAúJO, . RECUPERAÇÃO EMPRESARIAL: a


flexibilização da exigência da certidão negativa de débitos na concessão da
recuperação judicial e os pressupostos definidores da Lei nº 11.101/2005 Conteudo
Juridico, Brasilia-DF:

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