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Relatório de Valuation Fev de 2021

Upside a capturar?

Destaques da Tese:
• Segmento rentável e resiliente com potencial de
crescimento ainda a ser explorado.
• Bom posicionamento do banco em termos de market
share, garantindo ganhos de escala.
• Renda de tarifas ainda crescente (principal fonte de ROE).
• Boa pagadora de dividendos.
• Excelente upside em cenário de privatização.

Principais Riscos e Mitigantes


• Maior exposição na carteira de crédito no agronegócio
traz maior exposição ao preço de commodities. Mitigantes:
funding barato e maior exposição em produtores de
grande porte.
• Maior concentração da carteira de crédito no Brasil do que
demais grandes bancos. Mitigante: bom potencial de
crescimento nacional.
• Carteira de crédito menos provisionada que peers.
Mitigante: apoio do governo em cenário de stress.
• Risco de empresa ser utilizada para fins políticos. Mitigante:
governo atual e a gestão atual não parecem estar
dispostas a intervir no BB.
• Cenário de juros baixos pressiona margens do setor.
Mitigante: Renda de tarifas crescente.
• Concorrência crescente, novas tecnologias. Mitigante: Bom
posicionamento competitivo.
Relatório de Valuation elaborado por Ricardo Peruffo, CFA – Não é uma recomendação de investimento

Sumário

O Setor Bancário no Brasil .................................................................................. 3

Rentabilidade ............................................................ 4

Capital Regulatório ................................................... 7

A Companhia .................................................................................................... 8

Modelo de Negócios .............................................. 10

Pontos de Risco .......................................................... 16

Análise dos Demonstrativos Financeiros ........................................................... 17

Expectativas de Mercado .......................................... 19

Modelo Relativo ......................................................... 24

Modelo de Dividendos Descontados ......................... 24

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O Setor Bancário no Brasil


O Brasil ainda possui algumas oportunidades importantes no mercado bancário.

O primeiro ponto é que muitos brasileiros ainda não tem acesso a bancos.

Este fato sustenta um potencial de crescimento orgânico para a indústria como


um todo a partir do momento que essas pessoas se bancarizem.

Figura 1: Percentual da população com mais de 15 anos de idade que possuem


uma conta bancária em 2017

Fonte: https://globalfindex.worldbank.org/

Outro fator que suporta o potencial de crescimento é a proporção de


empréstimos com relação ao PIB.

A figura abaixo sugere que ainda há espaço para o Brasil crescer em termos de
expansão do seu crédito conforme sua economia se tornar mais desenvolvida.

Figura 2: Proporção de crédito para o setor não-financeiro sobre o PIB em


setembro de 2019

Fonte: http://stats.bis.org:8089/statx/srs/table/j?m=A&f=xlsx
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O processo de digitalização da economia também está mudando a forma que


as pessoas estão utilizando os bancos.

Isso vem gerando um incentivo para os bancos reduzirem o número de agências


físicas que eles possuem.

Figura 3: Número de agências (em mil unidades)

Fonte: Release das empresas

É plausível estimar que ainda há ganhos de eficiência a serem capturados neste


movimento de redução.

Rentabilidade

O mercado bancário brasileiro é muito concentrado em poucos players.

Quando somamos as quatro principais bandeiras de bancos brasileiros, eles


totalizam mais de 50% do total de ativos do mercado.

Essa concentração sustenta um importante poder de precificação para estes


bancos, o que se traduz em rentabilidades elevadas.

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Figura 4: Market Share (total de ativos) histórico de grandes bancos

Fonte: Bacen (obs: Bradesco e HSBC foram somados)

É possível verificar que o ROE (Return on Equity) dos grandes bancos são similares
e giram em torno de 15% a 20%.

Figura 5: ROE (média do ano) de grandes bancos

Fonte: Economática

Apesar de ser um segmento rentável, é preciso monitorar alguns pontos de risco


importantes com relação a carteira de crédito dos bancos.

Os principais são:
• nível de inadimplência;
• provisão para perdas;
• qualidade da carteira.

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Capital Regulatório

O segmento bancário é altamente regulamentado devido sua importância


sistêmica em uma economia.

Os bancos precisam respeitar regras de capitalização (tanto nacionais quanto


internacionais) mínima para poderem operar.

Em regra, os grandes bancos brasileiros estão bem-posicionados em termos de


capitalização, conforme podemos verificar na figura abaixo, que mostra o
Índice de Basileia de cada banco.

Figura 6: Índice de Basileia de dezembro de 2020

Fonte: Bacen

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A Companhia
O Banco do Brasil é uma empresa estatal, com aproximadamente 51% das
ações na mão do Governo Brasileiro e 49% na mão do mercado (free float).

Figura 7: Estrutura acionária

Fonte: Banco do Brasil

A empresa é listada no Novo Mercado na B3 (o que sugere boas práticas de


governança corporativa) sob o código BBAS3 e possui negociação no mercado
de balcão dos EUA (via programa de ADR Patrocinado Nível I) sob o código
BDORY.

É o único banco listado no Novo Mercado.

O Banco do Brasil também está em compliance com o Programa de Destaque


em Governança de Estatais, programa da B3 para incentivar a melhora da
governança corporativa de empresas estatais.

Abaixo alguns destaques corporativos do Banco do Brasil.

Figura 8: Destaques Corporativos do Banco do Brasil

Fonte: Banco do Brasil

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Gestão

O conselho de administração é composto por 4 membros indicados pelo


Ministério da Economia, um membro eleito pelos empregados e 2 membros
eleitos pelos acionistas minoritários.

Abaixo podemos verificar os principais executivos do Banco do Brasil.

Figura 9: Executivos

Fonte: S&P Global Market Intelligence

Figura 10: André Brandão

Fonte: Banco do Brasil

André tem 34 anos de experiência no mercado financeiro. Trabalhou no HSBC


por mais de 20 anos em diferentes funções, inclusive como chefe global do
banco para as Américas e para a Europa.

Também, nesse período, exerceu os cargos de presidente da corretora do HSBC


nos EUA e de presidente do HSBC Brasil.
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Anteriormente, trabalhou no Citibank como chefe da área de estruturação de


produtos.

É graduado em Ciência da Computação pela Universidade Mackenzie (SP)

Figura 11: Hélio Lima Magalhães

Fonte: Banco do Brasil

Presidente do Conselho de Administração, indicado pelo Ministério da Economia


desde junho de 2019.

Atua como conselheiro independente na Eletropaulo e na Companhia


Melhoramentos de São Paulo.

Atuou como presidente do Citi Brasil entre 2012 e 2017. É bacharel em


engenharia Elétrica pela George Washington University.

Modelo de Negócios

O Banco do Brasil é um banco de carteira múltipla que atua em diversos


segmentos.

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Figura 12: Segmentos de Atuação

Fonte: Banco do Brasil

Dentro do Banco do Brasil, podemos dividir a operação entre duas estruturas


internas.

Banco de Varejo. Estrutura que atende pessoa física e empresas de menor porte,
além de prestar serviços para não-correntistas.

Banco de Atacado. Estrutura que atende pessoa física de alta renda (private
banking), médias e grandes empresas e das operações de Banco de
Investimento.

Figura 13: Segmentação de Clientes

Fonte: Banco do Brasil

Carteira de Crédito

A carteira de crédito do Banco do Brasil tem uma concentração importante no


agronegócio, maior que seus pares.
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Figura 14: Mix Carteira de Crédito (%)

Fonte: Banco do Brasil

Normalmente, clientes Pessoa Física (PF) tendem a ser um cliente mais arriscado,
mas mais rentável para o banco.

Essa rentabilidade maior fica evidenciada quando verificamos a distribuição da


receita de operações de crédito do Banco do Brasil, conforme a figura abaixo.

Figura 15: Receita de Operações de Crédito por tipo de cliente (%)

Fonte: Banco do Brasil

O cliente PJ (principalmente de grande porte) tende a ser mais resiliente e


menos rentável para o banco.

Em termos de sensibilidade com relação às taxas de juros de mercado, um


banco com mais exposição em PF tende a sofrer menos com a queda nas taxas
de juros do que um banco com mais exposição em PJ.
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Isso acontece pelo fato de que o cliente PF normalmente é menos sofisticado e


permite uma demora no repasse da queda dos juros para o preço final.

Por outro lado, o prazo médio mais curto dos empréstimos para pessoa física
abre mais oportunidade para re-precificação (maior frequência de
negociações que envolvem preço).

No caso de Banco do Brasil, podemos ver que o houve uma queda relativa
importante no spread gerencial de operações com pessoa física

Figura 16: Spread Gerencial por tipo de cliente (%)

Fonte: Banco do Brasil

No que tange os indicadores de cobertura e inadimplência da carteira, o Banco


do Brasil performa em linha com o SFN (Sistema Financeiro Nacional).

Figura 17: Índice de Cobertura de vencidos acima de 90 dias

Fonte: Banco do Brasil

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Figura 18: Percentual da Carteira de Crédito com Atraso acima de 90 dias

Fonte: Banco do Brasil

Com relação a originação de operações da carteira, 65% da carteira foi


originada antes de 2017. Deste número, 20% originada antes de 2014.

Figura 19: Maiores devedores como uma proporção da carteira de crédito em


março de 2020

Fonte: Banco do Brasil

O maior cliente da carteira de crédito do Banco do Brasil representa próximo de


2%, e os 100 maiores próximo de 20%, o que entendemos ser uma concentração
saudável.

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Figura 20: Concentração de Clientes

Fonte: Banco do Brasil

Em termos de exposição por rating, é possível verificar uma leve piora de rating
nos últimos trimestres, mas nada muito relevante.

Figura 21: Exposição da carteira de crédito por rating (%)

Fonte: Banco do Brasil

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Pontos de Risco

Business muito dependente de tecnologia. incidentes de segurança cibernética,


baseados em Tecnologia da Informação (TI), como malware, phishing e outros
eventos, que podem incluir métodos sofisticados de ataques, com o objetivo de
acesso não autorizado às infraestruturas e sistemas de TI, para a divulgação não
autorizada de dados confidenciais, a manipulação ou destruição de dados e
interrupção dos serviços.

Regulação. Setor bancário é altamente regulado dado sua importância


sistêmica para a economia. Medidas sociais podem ser tomadas prejudicando o
resultado dos bancos.

Risco do controlador. Dado controle governamental, o Banco do Brasil poderia


ser utilizado para cumprir funções sociais e consequentemente destruir valor
para os acionistas da empresa.

Negócio sensível a juros. Juros baixos tendem a pressionar as margens do setor


bancário.

Negócio sensível a rating soberano. Eventual rebaixamento no grau de


investimento do Brasil poderia aumentar bastante os custos de captação no
exterior para a empresa.

Carteira de crédito menos provisionada. Carteira de crédito menos provisionada


que pares privados (mas acima do exigido por lei). Em cenário de stress, exigiria
um esforço maior para cobrir perdas não-esperadas.

Concentração no Brasil. Carteira de crédito possui grande concentração no


Brasil, fazendo com que a performance seja sensível ao desempenho do país.

Aumento na concorrência. A entrada de novos participantes no mercado


financeiro (fintechs) pode resultar em ambiente competitivo acirrado, exigindo
que o BB se adapte rapidamente a esse novo ambiente para se manter entre os
principais provedores de serviços financeiros.

Exposição Agro. Maior exposição na carteira de crédito no agronegócio traz


maior exposição ao preço de commodities.

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Análise dos Demonstrativos Financeiros

A pandemia global obrigou o setor bancário a dar fôlego para seus clientes.

Isso se traduz em renegociar condições de empréstimos.

O Banco do Brasil renegociou em torno de R$ 130 bilhões, algo próximo de 20%


da carteira conforme a figura abaixo.

Figura 22: Renegociações Pandemia

Fonte: Banco do Brasil

As renegociações tiveram impacto direto no lucro, tanto devido a perdas


efetivas, mas principalmente devido a provisionamento maior da carteira de
crédito para perdas futuras.

Um lucro menor se traduz em um ROE menor (queda de 17% em 2019 para 12%
em 2020, apesar de no trimestre ter apresentado leve recuperação)

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Figura 23: Lucro Líquido e ROE (%)

Fonte: Banco do Brasil

Um ponto de atenção que sempre destacamos na Escola do Investidor é


quando se trata de bancos, importante verificar quanto do lucro vem de
operações de crédito e quanto vem de outras comissões como tarifas de conta
corrente e operações do banco de investimento.

A rentabilidade não-crédito normalmente é muito maior que a rentabilidade das


operações de crédito pois não há custo de funding nem inadimplência.

Uma estratégia comum dos grandes bancos é utilizar as operações de crédito


como porta de entrada para os clientes e depois buscar fazer cross sell de
operações não-crédito (folha de pagamentos, adquirência do cartão,
operações de investment banking).

Entretanto, a rentabilidade não-crédito tende a ser mais volátil e algumas das


suas fontes correm risco de redução dado maior competição no mercado.

Por exemplo, no caso do Banco do Brasil, a receita de serviços foi próximo de R$


29 bilhões em 2020.

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Figura 24: Abertura das receitas de serviços (R$ bilhões)

Fonte: Banco do Brasil

Em 2020, os segmentos de administração de fundos, seguros e previdência


apresentaram um bom desempenho.

Parte da queda da linha “Rendas do Mercado de Capitais” é explicado pela


realocação para a linha “Administração de Fundos”

Para mitigar a queda da linha “Conta Corrente”, o BB iniciou um clube de


benefícios onde o cliente paga uma mensalidade e tem acesso a serviços
alinhados com seu perfil de consumo.

Expectativas de Mercado

Recentemente o Banco do Brasil soltou seu guidance para o ano de 2021.

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Figura 25: Guidance Banco do Brasil

Fonte: Banco do Brasil

Na faixa central do Guidance vemos um lucro líquido esperado de R$ 17,5


bilhões para 2021.

Enquanto isso, a expectativa do mercado é de uma retomada de lucro para


2021, principalmente pela menor necessidade provisões adicionais, como
aconteceu em 2020, relacionadas a pandemia do COVID19.

A recuperação de lucro líquido para níveis acima de 2019 deve acontecer


somente em 2022.

O nível de ROE esperado para 2021 ainda é baixo para padrões do setor,
próximo de 13%.

Este é um ponto importante a ser monitorado.

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Figura 26: Estimativas do Mercado de Resultados Operacionais (R$ milhões)

Fonte: S&P Global Market Intelligence. Data base das estimativas do mercado:
18/02/2021

Com relação a múltiplos de valuation, no patamar de preço atual,


considerando as expectativas do mercado, Banco do Brasil negocia a cerca de
0,65x P/VPA de 2021 e 4,95x P/L de 2021.

Relembrando que não faz sentido utilizar EV para analisar bancos dado que
dívida faz parte do negócio da empresa.

Figura 27: Múltiplos de Valuation

Fonte: S&P Global Market Intelligence. Data base das estimativas do mercado:
18/02/2021

Quando verificamos a média dos últimos 5 anos do múltiplo P/L forward para
BBAS3, verificamos que a empresa negociou a 7,75x na média, sugerindo que o
patamar de preço atual está descontado.

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Figura 28: P/L Forward Histórico

Fonte: S&P Global Market Intelligence

Ao comparar Banco do Brasil com os outros Bancos, é possível ver que negocia
a um desconto relevante com relação a outros players do mercado.

Figura 29: Múltiplos Esperados do Segmento

Fonte: S&P Global Market Intelligence. Data base das estimativas do mercado:
18/02/2021

Quando analisamos balanços de instituições financeiras, o patrimônio líquido é


uma boa proxy de valor de mercado justo dado que a maior parte dos ativos
(empréstimos) tem seu valor de mercado atualizado constantemente.

Por este motivo, faz sentido utilizar o indicador P/VPA para estimar o quanto de
prêmio o mercado está pagando pelo patrimônio líquido da empresa.

Historicamente, Banco do Brasil sempre negociou a um desconto dos seus pares


privados por ter uma influência do governo.
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Entretanto, quando verificamos o tamanho do desconto, é possível ver que a


preços atuais, o desconto está em níveis muito elevados: 61%.

Figura 30: Desconto P/VPA de BBAS3 vs Pares Privados

Fonte: S&P Global Market Intelligence

Em um cenário, apesar de remoto na nossa visão, de privatização de Banco do


Brasil, entendemos que faria sentido Banco do Brasil passar a ser negociado a
múltiplos similares aos seus pares privados.

Hoje, BBAS3 negocia a um múltiplo P/VPA de 0,7x.

Hoje, os pares privados (Itaú, Santander e Bradesco) negociam a um múltiplo


P/VPA médio de 1,78x

Utilizando dados do exercício de 2020, o Valor Patrimonial por Ação do Banco


do Brasil é de R$ 43,66.

Logo, sob essa ótica, o valor justo de um Banco do Brasil privatizado seria algo
próximo de R$ 77,71 por ação.

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Modelo Relativo

Também fizemos um modelo para calcular qual seria o P/VPA (ou P/BV) justo
com base em premissas de crescimento, ROE e custo de capital próprio.

A fórmula para obter o P/VPA justo é:

𝑃 𝑅𝑂𝐸 − 𝑔
𝐽𝑢𝑠𝑡𝑜 =
𝑉𝑃𝐴 𝐾𝑒 − 𝑔

Utilizamos o mesmo custo de capital do nosso modelo de dividendos


descontados e conservadoramente utilizamos um crescimento projetado de 0%.

Com essas premissas chegamos a um valor justo nesse cenário de R$ 47,15.

Figura 31: Cálculo P/BV Justo

Fonte: Escola do Investidor

Modelo de Dividendos Descontados

Dado que o Banco do Brasil sempre pagou e espera que siga pagando
dividendos, podemos utilizar um modelo DDM para estimar seu valor justo.

As premissas por trás do nosso modelo foram as seguintes:

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Premissas

Com relação aos dividendos projetados, estimamos uma recuperação para


níveis próximos de 2019 em 2021, seguido de crescimento de 10% a.a. até a
perpetuidade (que começa em 2031).

Estressando as variáveis mais sensíveis do modelo (g e Ke), temos um range de


valores estimados conforme a figura abaixo.

Figura 32: Análise de Sensibilidade

Fonte: Escola do Investidor

Nosso modelo de DDM (Discounted Dividend Model) nos resultou em um valor


justo por ação de R$ 38,00.

Conclusão

Na nossa visão, há uma justificativa operacional atualmente para Banco do


Brasil negociar a um desconto comparado com pares privados, mas tudo tem
um preço.

Através da nossa abordagem absoluta e relativa, este desconto parece ser


exagerado.

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O setor de bancos historicamente, sobretudo no Brasil, se mostrou muito sólido e


rentável em todos os cenários econômicos no passado.

Lembrando que este relatório não é uma recomendação de investimento, mas


sim um exercício prático dos principais pontos a serem abordados para fazer
uma análise profissional.

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