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Banco do Brasil - Atualidades do
Mercado Financeiro 2022 (Pré-Edital) -
Profs. Amanda e Vicente

Autor:
Amanda Aires, Vicente Camillo

06 de Dezembro de 2021

40181815826 - Flávio Ricardo Cirino


Amanda Aires, Vicente Camillo
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Regulamentação de Resolução Bancária ............................................................. 2


Padrões Internacionais de Resolução Bancária .................................................... 5
Atributos-Chave de Resolução Bancária ............................................................... 9
Medidas Prudenciais Preventivas ........................................................................... 26
Considerações Finais ............................................................................................... 31

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REGULAMENTAÇÃO DE RESOLUÇÃO BANCÁRIA

Medidas de Resolução Bancária são aquelas tomadas pelo Bacen junto às


instituições financeiras que se encontrem em sérias dificuldades, tendo como
objetivo, por exemplo, (i) assegurar a continuidade da prestação dos serviços
financeiros essenciais; (ii) mitigar o risco sistémico; (iii) salvaguardar os interesses dos
contribuintes e proteger o erário público; e (iv) salvaguardar a confiança dos
depositantes.

Desta forma, o objetivo de um regime eficaz de resolução é viabilizar a resolução


de instituições financeiras sem interrupção sistêmica grave e sem expor os
contribuintes à perda, ao mesmo tempo em que protege as funções econômicas
vitais por meio de mecanismos que torna possível a acionistas e credores sem
garantia e sem seguro absorver prejuízos de uma forma que respeite a hierarquia
das reivindicações em liquidação.

Sobre o tema, é importante citar alguns trechos do discurso do então Presidente


do Banco Central, Alexandre Tombini, na abertura do Seminário Internacional sobre
Regimes de Resolução no Sistema Financeiro Brasileiro, realizado em 2013:

“Manter a estabilidade do Sistema Financeiro Nacional é missão do Banco


Central. E posso afirmar que atualmente o sistema financeiro brasileiro tem
como principal característica a sua solidez nas várias dimensões essenciais.

O Sistema Financeiro Nacional apresenta elevado nível de capital, com


índice de Basileia superior a 16%. Apresenta também elevados níveis de
liquidez e de cobertura de inadimplência por provisões.

É resistente a choques. Os testes de estresse realizados mostram que ele é


capaz de resistir a choques extremos, mantendo os níveis de capital e liquidez
acima dos mínimos exigidos.

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Sua exposição a riscos externos é pequena, em grande medida, devido à


nossa rigorosa regulação prudencial. Em especial, ao regime de subsidiária
para bancos de capital estrangeiro que atuam no Brasil, os quais estão sujeitos
às mesmas regras, exigências e supervisão dos bancos de capital nacional.

Ainda no campo regulatório, não poderia deixar de destacar a adoção, no


Brasil, do Acordo de Basileia III, que representa um importante avanço na
regulação prudencial internacional e tem por objetivo principal fornecer uma
base de capital mais robusta para a expansão sustentável do crédito.

As novas exigências entrarão em vigor de forma gradual, respeitando o


cronograma definido internacionalmente. E a efetiva adequação dos nossos
bancos às regras de Basileia III será tranquila, dentro das possibilidades do
sistema, o que corrobora a sua solidez. De qualquer forma, a sua adoção no
Brasil, no prazo e na forma definidos internacionalmente, contribui para
reforçar ainda mais a confiança no nosso sistema financeiro.

Essa confiança, inclusive no modelo de regulação e nas práticas de


supervisão, contribui para aumentar o interesse de bancos de outros países
em entrar no sistema financeiro brasileiro para aproveitar as oportunidades de
negócio no nosso País.

(...)

Há também grande interesse de bancos de outros países em ingressar no


sistema financeiro brasileiro. Atualmente, estão em análise, no Banco Central,
dezoito pleitos de instituições estrangeiras de quatorze diferentes países,
interessadas em constituir subsidiária no Brasil.

O ingresso de novas instituições é um processo natural. E o grande interesse


que observamos atualmente é reflexo, como mencionei, da solidez do nosso
sistema financeiro, do reconhecimento da qualidade da

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Regulação e das práticas de supervisão adotadas pelo Banco Central, bem


como das boas perspectivas da economia brasileira.”

Assim como o ingresso de novas instituições é um processo natural, também é


natural que bancos saiam do sistema financeiro. E isso pode ocorrer, basicamente,
de três formas:

• Primeiro, pelo interesse do próprio controlador em simplesmente encerrar as


atividades.

• Segundo, em processos de fusão ou alienação a outro banco. Em situações


como essa, o sistema perde um banco participante, mas em geral não há
perda de valor.

• Terceiro, como resultado natural de uma ação saneadora exercida pelo


órgão supervisor, quando não é possível encontrar uma solução de mercado.

O fundamental, em qualquer situação, mas principalmente quando se trata de


uma ação saneadora, é que o processo ocorra sem colocar em risco o bom
funcionamento do sistema financeiro e o da própria economia. E dentro do
possível, que preserve ao máximo o valor dos ativos – tangíveis e intangíveis –
mitigando assim eventuais prejuízos aos depositantes e credores, e preservando
empregos.

É nesse contexto que se insere uma boa lei de resolução bancária.

No Brasil, o arcabouço legal que rege os processos de resolução bancária tem


como base a Lei 6.024, de 1974. Estes processos serão vistos na próxima aula.

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PADRÕES INTERNACIONAIS DE RESOLUÇÃO BANCÁRIA

Quando falamos em “Padrões internacionais de Resolução Bancária”, estamos


falando do documento que o Presidente Tombini citou em seu discurso de abertura
do seminário: (FSB - Key Attributes of Effective Resolution Regimes for Financial
Institutions)1

Os Key Attributes (KA) ou Atributos Chave são os atributos estabelecidos pelo FSB
como o estado da arte em Resolução Bancária. Ou seja, quando falamos em
padrões internacionais de Resolução Bancária, estamos falando dos KA!

O documento está em inglês e não achei no site do BACEN uma tradução oficial.
Para facilitar, tomei a liberdade de efetuar uma Tradução Livre do documento para
apresentar os pontos mais relevantes nesta aula.

Vamos aos KA?

Atributos Chave (Key Attributes – “KA”) dos Regimes de Resolução Efetiva para
Instituições Financeiras

Os atributos chave dos regimes de resolução efetiva para instituições financeiras


(Key Attributes – “KA”) definem os elementos fundamentais para um regime de
resolução eficaz. A sua aplicação deve permitir que as autoridades resolvam
instituições financeiras de uma forma ordenada, sem exposição dos contribuintes
às perdas de apoio à solvência, enquanto mantêm a continuidade de suas funções
econômicas vitais. Foram estabelecidas doze características essenciais que devem
fazer parte dos regimes de resolução de todas as jurisdições. São elas:

1. Escopo

2. Autoridade de Resolução

1
http://www.financialstabilityboard.org/publications/r_111104cc.pdf).

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3. Poderes de Resolução

4. Débito Automático (set off), compensação, garantias e segregação de


ativos de clientes

5. Salvaguardas

6. Financiamento de Empresas em Resolução

7. Arcabouço Legal para a Cooperação Transnacional

8. Grupos de Gestão de Crises (GGCs)

9. Acordos de Cooperação Transnacional Específicos

10. Viabilidade da Resolução

11. Planejamento da Recuperação e da Resolução

12. O Acesso à Informação e Compartilhamento de Informações.

Importante destacar que nem todos os poderes estabelecidos pelos KA são


adequados para todos os setores e todas as circunstâncias. Para promover a
aplicação efetiva e coerente em todas as jurisdições, o FSB vai continuar a
trabalhar com os seus membros para desenvolver ainda mais a orientação, tendo
em conta a necessidade de implementação para acomodar diferentes sistemas
jurídicos nacionais e ambientes de mercado e considerações específicas do setor
(por exemplo: seguros e infraestruturas do mercado financeiro).

Um regime de resolução efetiva deve:

▪ Garantir a continuidade dos serviços financeiros sistemicamente importantes


e das funções de pagamento, compensação e liquidação;

▪ Proteger, quando aplicável e em coordenação com os regimes e arranjos


relevantes de seguro, os depositantes, detentores de apólices de seguro e
investidores cobertos por esses regimes e arranjos, e garantir rápido retorno
dos ativos segregados de clientes;

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▪ Alocar perdas para os proprietários de empresa (acionistas) e credores sem


garantia e sem seguro de uma forma que respeite a hierarquia dos créditos;

▪ Não contar com o apoio público de resolução de solvência e não criar uma
expectativa de que tal suporte estará disponível;

▪ Evitar a destruição desnecessária de valor e, portanto, buscar minimizar os


custos gerais de resolução em todas as jurisdições e, se for consistente com os
outros objetivos, as perdas dos credores;

▪ Proporcionar velocidade e transparência e tanta previsibilidade quanto


possível através de clareza jurídica e processual e planejamento avançado
para resolução ordenada;

▪ Prover uma obrigação legal de cooperação, troca de informações e


coordenação nacional e com as autoridades estrangeiras de resolução
competentes antes e durante a resolução;

▪ Assegurar que as empresas não viáveis possam sair do mercado de forma


ordenada; e

▪ Ser confiável, e, assim, melhorar a disciplina do mercado e fornecer incentivos


para soluções baseadas no mercado.

As jurisdições devem dispor de um regime de resolução que fornece à autoridade


de resolução uma ampla gama de poderes e opções para resolver uma empresa
que não é mais viável e não tem perspectiva razoável de se tornar assim.

O regime de resolução deve incluir:

▪ Opções de estabilização que alcancem a continuidade das funções


sistemicamente importantes por meio de uma venda ou transferência das
ações da firma ou da totalidade ou de parte de negócios da empresa a
terceiros, diretamente ou através de uma instituição ponte, e/ou uma
recapitalização da entidade, oficialmente determinada e financiada pelos
credores, a qual continua proporcionando as funções críticas;

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▪ e

▪ Opções de liquidação que permitam o encerramento ordenado de todo ou


partes do negócio da empresa de uma forma que proteja os depositantes
segurados, detentores de apólices de seguros e outros clientes de varejo.

Vamos aos 12 atributos-chave?

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ATRIBUTOS-CHAVE DE RESOLUÇÃO BANCÁRIA

Escopo

Qualquer instituição financeira cuja quebra possa ser sistemicamente importante


ou crítica, deve ser sujeita a um regime de resolução que tem por base os atributos-
chave. O regime deve ser claro e transparente quanto às instituições financeiras
dentro de seu escopo.

Deve estender-se às holdings da empresa, às entidades operacionais não


regulamentadas dentro do grupo ou conglomerado financeiro que são
significativas para os negócios do grupo ou conglomerado; e às sucursais de
empresas estrangeiras.

As infraestruturas de mercado financeiro devem ser sujeitas a regimes de resolução


que aplicam os objetivos e disposições dos atributos-chave de uma forma
apropriada a elas tendo em conta seu papel crítico nos mercados financeiros. A
escolha dos poderes de resolução deve ser guiada pela necessidade de manter a
continuidade das funções críticas de infraestruturas de mercado financeiro.

Autoridade de Resolução

Cada jurisdição deve ter uma autoridade administrativa designada responsável


pelo exercício das competências de resolução sobre as empresas no âmbito do
regime de resolução ("autoridade de resolução").

Onde existirem várias autoridades de resolução dentro de uma jurisdição, os seus


respectivos mandatos, papéis e responsabilidades devem ser claramente definidos
e coordenados.

Como parte de seus objetivos e funções legais, e eventualmente em coordenação


com outras autoridades, a autoridade de resolução deve:

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▪ Perseguir a estabilidade financeira e assegurar a continuidade dos serviços


financeiros sistemicamente importantes, e funções de pagamento,
compensação e liquidação;

▪ Proteger, quando aplicável e em coordenação com os regimes e arranjos


relevantes de seguro, depositantes, detentores de apólices de seguro e
investidores cobertos por esses regimes e arranjos;

▪ Evitar a destruição desnecessária de valor e, portanto, buscar minimizar os


custos gerais de resolução em todas as jurisdições e, se for consistente com os
outros objetivos, as perdas dos credores, sempre de acordo com os objetivos
estatutários; e

▪ Ter devidamente em conta o impacto potencial de suas ações de resolução


sobre a estabilidade financeira em outras jurisdições.

A autoridade de resolução deve ter a autoridade para celebrar acordos com


autoridades de resolução de outras jurisdições.

A autoridade de resolução deve ter independência operacional consistente com


suas responsabilidades estatutárias, processos transparentes, boa governança e
recursos adequados e ser sujeita a rigorosos mecanismos de avaliação e
responsabilização para avaliar a eficácia das medidas de resolução. Ela deve ter
a perícia, recursos e capacidade operacional para implementar medidas de
resolução em relação a empresas grandes e complexas.

A autoridade de resolução e o seu staff devem ser protegidos contra a


responsabilidade por ações e omissões de boa fé no exercício dos poderes de
resolução, incluindo ações de apoio a processos de resolução estrangeiros.

A autoridade de resolução deve ter livre acesso a empresas onde o acesso for
indispensável para fins de planejamento de resolução e preparação e
implementação de medidas de resolução.

Poderes de Resolução

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Entrada em resolução

A resolução deve ser iniciada quando a instituição não é mais viável ou quando
não há mais perspectivas de viabilidade. O regime de resolução deve permitir a
entrada em resolução oportuna e tempestiva de uma empresa insolvente antes do
patrimônio ser totalmente dilapidado. Deve haver padrões claros ou indicadores
adequados de inviabilidade para ajudar a orientar as decisões se as empresas
cumprem ou não as condições para a entrada em resolução.

Poderes gerais de resolução

As autoridades de resolução devem ter à sua disposição uma ampla gama de


poderes de resolução, que devem incluir poderes para fazer o seguinte:

▪ Remover e substituir a alta administração e os diretores e recuperar o dinheiro


de pessoas responsáveis;

▪ Nomear um administrador para controlar e gerenciar a empresa afetada


com o objetivo de restaurar a firma, ou partes de seu negócio;

▪ Operar e resolver a empresa, incluindo poderes para rescindir os contratos,


continuar ou atribuir contratos, comprar ou vender ativos, escriturar débitos e
tomar qualquer outra medida necessária para reestruturar ou encerrar as
operações da empresa;

▪ garantir a continuidade dos serviços e funções essenciais, exigindo que outras


empresas do mesmo grupo continuem a prestar serviços essenciais para a
entidade em resolução, qualquer sucessor ou uma entidade adquirente;
garantindo que a entidade residual na resolução possa proporcionar
temporariamente tais serviços para um sucessor ou uma

▪ entidade adquirente; ou adquirindo serviços necessários de terceiros não


afiliados;

▪ Ir além dos direitos dos acionistas da empresa em resolução, incluindo


requisitos para aprovação pelos acionistas de transações particulares, a fim

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de permitir uma fusão, aquisição, venda das operações comerciais


substanciais, recapitalização ou outras medidas para reestruturar e dispor do
negócio da empresa ou de seus ativos e passivos;

▪ transferir ou vender ativos e passivos, direitos e obrigações legais, inclusive


responsabilidades por depósitos e de propriedade em ações, a um terceiro
solvente, não obstante os requisitos para consentimento ou novação que
seriam aplicáveis;

▪ Estabelecer uma instituição ponte provisória para assumir e continuar


operando certas funções críticas e operações viáveis de uma empresa
quebrada;

▪ Estabelecer um mecanismo separado de gerenciamento de ativos e transferir


a este a gestão dos empréstimos inadimplentes ou ativos de difícil avaliação;

▪ Realizar bail-in dentro da resolução como um meio de alcançar ou ajudar a


alcançar continuidade de funções essenciais tanto (i) pela recapitalização
da entidade (ii) pela capitalização de uma entidade ou instituição ponte
recém criada para onde seriam transferidas as funções após o fechamento
da empresa não viável;

▪ Suspender temporariamente o exercício do direito de rescisão antecipada


que pode ser desencadeado a partir da entrada de uma empresa em
resolução ou em conexão com a utilização de poderes de resolução;

▪ Impor moratória com uma suspensão de pagamentos aos credores


quirografários e clientes e suspensão em ações de execução levadas a cabo
por credores.

▪ Levar a efeito o encerramento e a liquidação ordenada da totalidade ou


parte de uma empresa insolvente.

As autoridades de resolução devem ter o poder de transferir ativos e passivos


selecionados a uma terceira instituição ou a uma instituição ponte estabelecida.

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Qualquer transferência de ativos ou passivos não deve:

▪ Requerer o consentimento de qualquer interessado ou credor para ser válida;


e

▪ Constituir uma inadimplência ou rescisão em relação a qualquer obrigação


relativa à tais ativos ou passivos ou a um contrato em que a empresa é parte.

Instituição Ponte

As autoridades de resolução devem ter o poder de estabelecer uma ou mais


instituições ponte para assumir e continuar a operar certas funções críticas e
operações viáveis de uma empresa quebrada, incluindo:

▪ O poder de entrar em acordos juridicamente vinculativos pelos quais a


autoridade transfere e a instituição ponte recebe os ativos e passivos da
empresa quebrada da maneira selecionada pela autoridade;

▪ o poder de estabelecer os termos e condições sob as quais a instituição ponte


tem a capacidade de operar, incluindo a forma pela qual a instituição ponte
obtém financiamento de capital ou operacional e outros suportes de liquidez;
as outras exigências regulamentares e prudenciais que se aplicam às
operações da instituição ponte; a seleção de gestão e a maneira pela qual
a governança corporativa da instituição ponte deve ser conduzida; e o
desempenho da instituição ponte em quaisquer outras funções temporárias
que a autoridade pode, de tempos em tempos, prescrever.

▪ o poder de reverter, se necessário, transferências de ativos e passivos para


uma instituição ponte sujeita a salvaguardas adequadas, tais como restrições
de tempo; e

▪ o poder de organizar a venda ou fechamento da instituição ponte, ou a


venda de alguns ou todos os seus ativos e passivos a uma outra instituição, de
modo a melhor realizar os objetivos da autoridade de resolução.

Bail-in dentro da resolução

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O bail-in é um instituto de absorção de perdas e capitalização compulsória da


instituição financeira insolvente pelo seu próprio capital social e por credores
subordinados e não protegidos. Este instituto é uma das principais inovações
trazidas pela crise financeira internacional de 2008.

O regime de resolução deve tornar possível aplicar bail-in dentro da resolução em


conjunto com outros poderes de resolução (por exemplo, a remoção de ativos
problemáticos, substituição da alta gestão e adoção de um novo plano de
negócios) para garantir a viabilidade da empresa ou entidade recém-criada na
sequência da implementação de bail-in.

Os poderes para realizar bail-in dentro de resolução devem permitir às autoridades


de resolução conduzir o seguinte processo2:

1. Instituição saudável: Repare o equilíbrio entre Ativos e Passivos. A instituição não


possui perdas. Os créditos protegidos são aqueles albergados pelo FGC e os não
protegidos são aqueles que ultrapassam o valor protegido pelo FGC (R$ 70.000,00).
Os IDS (instrumentos de dívida subordinada) são aqueles não cobertos por garantias
reais ou flutuantes. Capital e Reservas é o Patrimônio Líquido da entidade.

2
Com base em
http://www.bcb.gov.br/secre/apres/Mauricio_Costa_de_MouraApresentacao_Seminario_%20V3.pdf

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2. Instituição insolvente: Repare que agora a IF está passando por uma situação
catastrófica. As perdas são maiores que o capital da entidade. Esta situação requer
uma atuação do poder público para evitar que a continuidade da deterioração
patrimonial da empresa venha trazer riscos maiores para o sistema financeiro.
considerando que tal IF é sistemicamente importante, aplica-se o bail-in:

3. Absorção de perdas pelos acionistas: nesta situação, o capital da IF é usado para


absorver as perdas e levado a um valor simbólico, digamos R$ 1,00 (porque não
pode ser igual a zero). Mas reparem que o capital não foi suficiente para absorver
100% das perdas.

4. Conversão de dívida em capital: como o capital não foi suficiente, parte da


dívida subordinada é convertida em capital para absorção das perdas. Ou seja, os
credores, detentores dos instrumentos de dívidas subordinadas, passam a ser

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acionistas da empresa (mas não por muito tempo... rsrsrs). E, nessas condições, virar
acionista não é uma grande vantagem rsrsrs

5. Absorção de perdas pelos novos acionistas: o “novo” capital é utilizado para


absorver o que restava de perdas. Novamente, e simbolicamente, o capital é
levado a, digamos, R$ 1,00.

6. Nova capitalização da instituição: ocorre então a conversão de dívidas e créditos


não protegidos para a capitalização da instituição. A empresa agora pode voltar a
funcionar. Os acionistas anteriores, que deram causa à insolvência, deixaram de
controlar a IF. Eles até detêm o papel, mas vale R$ 1,00. Quem controla agora são
os detentores de créditos não protegidos. Foram emitidas novas ações em uma
quantidade grande e foram colocadas nas mãos daqueles que tiveram seu passivo
convertido em capital

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Exercício dos poderes de resolução

As autoridades de resolução devem ter a capacidade legal e operacional para:

▪ aplicar um ou uma combinação dos poderes de resolução, com as ações de


resolução sendo empregadas em conjunto ou sequencialmente;

▪ aplicar diferentes tipos de poderes de resolução em diferentes partes do


negócio da empresa (por exemplo, banco de varejo e comercial, operações
comerciais, seguro);

▪ encerrar aquelas operações que, nas circunstâncias específicas, são julgados


pelas autoridades como não críticas para o sistema financeiro ou a
economia.

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Ao aplicar poderes de resolução em componentes individuais de um grupo


financeiro localizado em sua jurisdição, a autoridade de resolução deve levar em
conta o impacto sobre o grupo como um todo e sobre a estabilidade financeira
em outras jurisdições afetadas, e empreender todos os esforços para evitar tomar
ações que possam provocar instabilidades em outras partes do grupo ou no sistema
financeiro.

Débito Automático (set off), compensação, garantias e segregação de ativos de


clientes

O quadro jurídico que rege direitos de débito automático, compensação


contratual, acordos de garantia e segregação de ativos de clientes deve ser claro,
transparente e exequível durante uma crise ou a resolução de empresas, e não
deve dificultar a implementação efetiva das medidas de resolução.

Obs.: Débito Automático foi a melhor tradução que achei para set off, que nada
mais é do que o direito que o banco tem de retirar um dinheiro de sua conta para
garantir o pagamento de uma operação de crédito que você tenha contratado
com ele (um cartão de crédito ou um empréstimo, por exemplo).

Mediante salvaguardas adequadas, a entrada em resolução e o exercício de


qualquer poder de resolução não deve disparar direitos de débito automático
legais ou contratuais, ou constituir evento que dá o direito de qualquer contraparte
da empresa em resolução de exercer aceleração contratual ou direitos de rescisão
antecipada, desde que as obrigações decorrentes do contrato continuem a ser
realizadas

Caso, por algum motivo, a aceleração contratual ou os direitos de rescisão


antecipada sejam exercíveis, a autoridade de resolução deve ter o poder de
suspendê-los temporariamente em razão apenas da entrada em resolução ou em
conexão com o exercício de poderes de resolução. A suspensão deve:

▪ Ser estritamente limitada no tempo;

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▪ Ser sujeita a salvaguardas adequadas que protejam a integridade financeira


dos contratos e proporcionem segurança às contrapartes; e

▪ Não prejudicar o exercício dos direitos de rescisão antecipada de uma


contraparte contra a empresa que está sendo resolvida no caso de qualquer
evento de default não relacionado à entrada em resolução ou ao exercício
dos poderes de resolução relevantes ocorridos antes, durante ou após o
período de suspensão.

A suspensão pode ser discricionária (imposta pela autoridade de resolução) ou


automática. Em ambos os casos, as jurisdições devem garantir que há clareza
quanto ao início e fim da suspensão.

Salvaguardas

Respeito à hierarquia do credor e ao princípio do "não há credor pior"

Os poderes de resolução devem ser exercidos de uma forma que respeite a


hierarquia das reivindicações.

Os credores devem ter direito a uma compensação caso não recebam o mínimo
que eles teriam recebido em caso de liquidação da empresa sob o regime de
insolvência aplicável. É a salvaguarda do "não há credor pior do que em uma
liquidação". Esta salvaguarda considera que a pior situação para um credor é a
liquidação e que, portanto, em qualquer regime de resolução, o credor não pode
receber menos do que receberia caso a instituição estivesse em liquidação.

Recursos legais e ação judicial

A autoridade de resolução deve ter a capacidade de exercer os poderes de


resolução com a necessária velocidade e flexibilidade, sujeita a remédios legais
protegidos constitucionalmente e ao devido processo legal. Nas jurisdições em que
uma ordem judicial ainda é necessária para aplicar medidas de resolução, as
autoridades de resolução devem levar isso em conta no processo de planejamento

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de resolução, de modo a assegurar que o tempo necessário para os procedimentos


judiciais não irá comprometer a implementação efetiva das medidas de resolução.

A legislação que estabelece os regimes de resolução não deve prever ações


judiciais que possam constranger a implementação, ou resultar em uma reversão,
das medidas tomadas por autoridades de resolução no âmbito das suas
competências legais e de boa fé.

A fim de preservar a confiança do mercado, as jurisdições devem proporcionar


flexibilidade para permitir isenções temporárias de requisitos de divulgação, ou um
adiamento de divulgações requeridas pela empresa, onde a divulgação, pode
afetar a implementação bem sucedida das medidas de resolução.

Financiamento de empresas em resolução

As jurisdições devem ter políticas para que as autoridades não sejam obrigadas a
depender de financiamento público como um meio de resolver empresas.

Onde forem necessárias fontes temporárias de financiamento para manter as


funções essenciais à resolução ordenada, a autoridade de resolução deve manter
provisão para recuperar eventuais perdas incorridas por:

▪ acionistas e credores quirografários; ou

▪ se necessário, pelo sistema financeiro como um todo.

As jurisdições devem possuir seguros de depósito ou fundos de resolução


financiados com recursos privados, ou um mecanismo de financiamento, para a
recuperação posterior do financiamento temporário para facilitar a resolução da
empresa.

Como último recurso, e tendo como fim primordial a manutenção da estabilidade


financeira, alguns países podem optar por ter um poder de colocar a empresa sob
propriedade e controle públicos temporários, a fim de continuar as operações
críticas, buscando arranjar uma solução permanente, como uma venda ou fusão
com uma empresa privada comercial. No caso de países que se equipam com tais

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poderes, eles devem prever a recuperação de eventuais perdas incorridas pelo


Estado.

Arcabouço legal para a cooperação transnacional

O mandato legal de uma autoridade de resolução deve capacitar e incentivar a


autoridade, sempre que possível, a agir para alcançar uma solução cooperativa
com as autoridades de resolução estrangeiras.

A legislação e regulamentação nas jurisdições não devem conter disposições que


desencadeiem ação automática como resultado da intervenção oficial ou o início
de procedimentos de resolução ou insolvência em outra jurisdição, reservando a
direito de ação discricionária nacional, se necessário, para alcançar a estabilidade
interna na ausência de cooperação internacional eficaz e compartilhamento de
informações. Sempre que uma autoridade de resolução age no exercício de sua
discricionariedade deve considerar o impacto sobre a estabilidade financeira em
outras jurisdições.

A autoridade de resolução deve ter poderes de resolução sobre agências locais


de empresas estrangeiras e a capacidade de usar seus poderes tanto para apoiar
uma resolução feita por uma autoridade estrangeira, ou, em casos excepcionais,
de tomar medidas por sua própria iniciativa, onde a jurisdição do país de origem
não está agindo ou está agindo de forma insuficiente para preservar a estabilidade
financeira da jurisdição local. Sempre que uma autoridade de resolução, atuando
como autoridade de acolhimento, adota uma medida discricionária, deve notificar
previamente e consultar a autoridade estrangeira.

As jurisdições devem estabelecer processos transparentes para dar cumprimento


às medidas de resolução estrangeiras, seja por meio de um processo de
reconhecimento mútuo ou pela adoção de medidas sob o regime doméstico de
resolução que suportam e são consistentes com as medidas de resolução adotadas
pela autoridade de resolução estrangeira. Tais medidas de reconhecimento ou
apoio devem permitir que a autoridade de resolução estrangeira ganhe controle

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rápido sobre a empresa ou seus ativos que estão localizados na jurisdição de


acolhimento, conforme o caso, nos casos em que a empresa está sendo resolvida
sob a lei da jurisdição estrangeira.

A autoridade de resolução deve ter a capacidade de direito, sujeita a

adequados requisitos de confidencialidade e proteção a dados sensíveis, para


compartilhar informações, incluindo planos de recuperação e resolução, com
autoridades estrangeiras relevantes onde a partilha é necessária para uma
resolução coordenada.

As jurisdições devem estabelecer requisitos de confidencialidade e salvaguardas


legais para a proteção de informações recebidas de autoridades estrangeiras.

Grupos de Gestão de Crises (GGC)

Os GGG têm por objetivo melhorar a preparação e facilitar a gestão e resolução


de uma crise financeira transnacional que pode afetar a empresa. Os GGC devem
incluir as autoridades de supervisão, bancos centrais, autoridades de resolução,
ministérios das finanças e as autoridades públicas responsáveis e devem cooperar
estreitamente com as autoridades de outras jurisdições onde as empresas têm uma
presença sistêmica.

Acordos de cooperação transnacional específicos

Os acordos de cooperação específicos devem ser postos em prática entre a


autoridade estrangeira e as autoridades de acolhimento relevantes que precisam
ser envolvidas no planejamento e nos estágios de resolução de crise. Estes acordos
devem estabelecer os objetivos e processos de cooperação através dos GGCs e
definir os papéis e responsabilidades das autoridades pré-crise e durante uma crise.

Além disso, devem estabelecer o processo de compartilhamento de informações


antes e durante uma crise, incluindo compartilhamento com quaisquer autoridades
de acolhimento que não estejam representadas na GGC.

Viabilidade da Resolução

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As autoridades de resolução devem realizar regularmente avaliações de


Viabilidade da Resolução que avaliam a viabilidade de estratégias de resolução e
sua credibilidade tendo em conta o provável impacto do fracasso da empresa no
sistema financeiro e na economia em geral.

Na realização de avaliações de Viabilidade da Resolução, as autoridades de


resolução devem, em coordenação com outras autoridades competentes, avaliar,
em particular:

▪ A extensão em que os serviços financeiros críticos e as funções de


pagamento, compensação e liquidação podem continuar a ser executados;

▪ A natureza e a extensão das exposições intragrupo e seu impacto sobre a


resolução se eles precisarem ser desmembrados;

▪ A capacidade da empresa de entregar informação suficientemente


detalhada, precisa e oportuna para apoiar a resolução, e

▪ A robustez de cooperação transnacional e arranjos de compartilhamento de


informações.

Planejamento de Recuperação e Resolução

As jurisdições devem pôr em prática um processo contínuo de planejamento de


recuperação e resolução, abrangendo, no mínimo, as empresas domésticas que
podem ser sistemicamente importantes ou críticas se quebrarem.

O planejamento de recuperação e resolução deve ser alimentado por Avaliações


de Viabilidade da Resolução, ter em conta as circunstâncias específicas da
empresa e refletir sua natureza, complexidade, interconexão, nível de
substituibilidade e tamanho.

Plano de recuperação: As autoridades de supervisão e resolução devem assegurar


que as empresas mantenham um plano de recuperação que identifica opções
para restaurar força financeira e viabilidade quando a empresa está sob forte
estresse. Os planos de recuperação devem incluir:

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▪ Opções credíveis para lidar com uma variedade de cenários;

▪ Cenários que levem em conta insuficiências de capital e pressões de liquidez;


e

▪ Processos para assegurar a implementação oportuna das opções de


recuperação em uma gama de situações de estresse.

Plano de resolução: O plano de resolução se destina a facilitar o uso eficaz dos


poderes de resolução para proteger as funções sistemicamente importantes, com
o objetivo de tornar a resolução de qualquer empresa viável sem uma ruptura
grave e sem expor os contribuintes a perdas. Ele deve incluir uma estratégia de
==275324==

resolução substantiva acordado pelos altos funcionários e um plano operacional


para a sua implementação e identificar, em especial:

▪ funções econômicas e financeiras para as quais a continuidade é crítica;

▪ opções de resolução adequadas para preservar essas funções ou interrompê-


las de uma forma ordenada;

▪ os requisitos de dados sobre as operações de negócios da empresa,


estruturas e funções sistemicamente importantes;

▪ possíveis barreiras para a resolução e as ações para mitigar as essas barreiras;

▪ ações para proteger os depositantes segurados e detentores de apólices de


seguro e garantir o rápido retorno dos ativos dos clientes segregados; e

▪ opções claras ou princípios para a saída dos processos de resolução.

As autoridades de supervisão e resolução devem garantir que os planos sejam


atualizados regularmente, pelo menos anualmente ou quando houver mudanças
significativas nos negócios da empresa ou estrutura, e estejam sujeitos a revisões
regulares dentro GGC da empresa.

O acesso à informação e compartilhamento de informações

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As jurisdições devem garantir que nenhum impedimento legal, regulamentar ou


político dificulte o intercâmbio adequado de informações, incluindo informações
específicas da empresa, entre as autoridades de supervisão, bancos centrais,
autoridades de resolução, ministérios de finanças e as autoridades públicas
responsáveis por sistemas de garantia. Em particular:

▪ o compartilhamento de todas as informações relevantes para a


planejamento de recuperação e resolução deve ser possível em tempos
normais e durante uma crise, em nível nacional e transfronteiriço;

▪ os procedimentos para a troca de informações devem ser definidos em


acordos de cooperação específicos; e

▪ sempre que adequado e necessário para respeitar a natureza sensível da


informação, o compartilhamento de informações pode ser restrito, mas deve
ser possível entre o alto escalão das autoridades locais e de acolhimento.

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MEDIDAS PRUDENCIAIS PREVENTIVAS

As medidas prudenciais preventivas (MPP) foram instituídas pela Resolução nº


4.019/2011.

Com esta Resolução, quis o BACEN deixar claro às Instituições Financeiras sobre sua
disposição no sentido de prevenir problemas no SFN. Ou seja, a IF que não se
enquadrar em determinados critérios e regras estará sujeita à MPP.

Por dotar o sistema financeiro de medidas preventivas, o objetivo das MPP é evitar
que a IF chegue à situação extrema de resolução.

Importante deixar claro que o normativo não ampliou o poder regulador do BACEN.
Ele é apenas uma compilação de normas regulatórias que, até então, estavam
esparsas. Com esta medida, o BACEN deu ao mercado financeiro elementos mais
concretos de sua forma de atuação. Isto acarreta em uma melhor preparação das
IF e, consequentemente, em um fortalecimento do SFN.

Objetivo

A referida Resolução dispõe sobre medidas prudenciais preventivas

aplicáveis às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar


pelo Banco Central do Brasil, com o objetivo de assegurar a solidez, a estabilidade
e o regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional.

As medidas prudenciais preventivas serão adotadas por decisão fundamentada


do Banco Central do Brasil, sem prejuízo da aplicação de penalidades
eventualmente incidentes na espécie. Isto é importante destacar: as MPP não
elidem a aplicação de eventual penalidade!!!!!

Situações ensejadoras das MPP

O Banco Central do Brasil, em avaliação discricionária das circunstâncias de cada


caso, poderá determinar a adoção das medidas prudenciais preventivas ao
verificar a ocorrência de uma das seguintes situações, que comprometam ou

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possam comprometer o regular funcionamento do Sistema Financeiro Nacional


(SFN) ou das instituições:

▪ exposição a riscos não incluídos ou inadequadamente considerados na


apuração do Patrimônio de Referência Exigido (PRE);

▪ exposição a risco incompatível com as estruturas de gerenciamento e de


controles internos da instituição;

▪ deterioração ou perspectiva de deterioração da situação econômico-


financeira da instituição, independentemente de descumprimento dos
requerimentos mínimos de capital ou dos demais limites operacionais
estabelecidos na regulamentação;

▪ descumprimento de limites operacionais; Nas situações que configurarem


desenquadramento nos requerimentos mínimos de capital, admite-se a
manutenção de depósito em conta vinculada, em montante suficiente para
o reenquadramento da instituição.

▪ deficiência nos controles internos; Vejam como a Resolução amplia bastante


a discricionariedade do BACEN. Basta o BACEN achar que os controles
internos estão ruins para aplicar uma MPP.

▪ incompatibilidade entre a estrutura e as operações da instituição em relação


às metas e aos compromissos assumidos no plano de negócios exigido no
processo de qualificação para o acesso ao SFN;

▪ insuficiência de elementos para avaliação da situação econômico-


financeira ou dos riscos incorridos pela instituição, em função de deficiências
na prestação de informações indispensáveis ao Banco Central do Brasil;
Novamente: basta as informações não serem enviadas ao BACEN para
ensejar uma MPP.

▪ outras situações que, a critério do Banco Central do Brasil, possam acarretar


riscos à solidez da instituição, ao regular funcionamento ou à estabilidade do

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SFN. Aqui, aumenta-se de vez a discricionariedade do regulador para aplicar


MPP.

Indicadores

Na avaliação das situações ensejadoras das medidas prudenciais preventivas,


serão considerados pelo Banco Central do Brasil, em conjunto ou isoladamente, os
seguintes indicadores:

▪ Patrimônio de Referência (PR), apurado segundo a regulamentação vigente;

▪ alavancagem;

▪ liquidez;

▪ concentração das operações ativas;

▪ concentração das operações passivas;

▪ risco de contágio, inclusive por meio de operações com partes relacionadas;

▪ testes de estresse;

▪ processos internos de avaliação da necessidade de capital;

▪ estruturas de gerenciamento de risco;

▪ controles internos;

▪ mudanças no ambiente de operações;

▪ capacidade de geração de resultados;

▪ outros indicadores relevantes para a avaliação da situação econômico-


financeira ou dos riscos incorridos pela instituição.

Medidas Prudenciais Preventivas (MPP)

Presentes os pressupostos ensejadores, poderá o Banco Central do Brasil determinar


a adoção de uma ou mais das seguintes medidas prudenciais preventivas,
concomitante ou sucessivamente:

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▪ adoção de controles e procedimentos operacionais adicionais;

▪ redução do grau de risco das exposições;

▪ observância de valores adicionais ao PRE;

▪ observância de limites operacionais mais restritivos;

▪ recomposição de níveis de liquidez;

▪ adoção de administração em regime de cogestão, segundo o disposto no


art. 16 da Lei Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, no caso de
cooperativa de crédito que tenha celebrado o correspondente convênio;

▪ limitação ou suspensão de:

a) aumento da remuneração dos administradores;

b) pagamentos de parcelas de remuneração variável dos administradores;

c) distribuição de resultados ou, no caso de cooperativas de crédito, de


sobras, em montante superior aos limites mínimos legais; A instituição somente
poderá distribuir resultados,

▪ limitação ou suspensão de:

a) prática de modalidades operacionais ou de determinadas espécies de


operações ativas ou passivas;

b) exploração de novas linhas de negócios;

c) aquisição de participação, de forma direta ou indireta, no capital de outras


sociedades, financeiras ou não financeiras;

d) abertura de novas dependências;

▪ alienação de ativos.

Sem prejuízo da adoção das medidas prudenciais preventivas, o Banco Central do


Brasil, em vista de uma das situações ensejadoras das mesmas, poderá convocar
os representantes legais da instituição e seus controladores para (i) prestar

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esclarecimentos sobre as causas da situação que ensejou a adoção de medidas


prudenciais preventivas; (ii) apresentar plano para a solução da situação que
ensejou a adoção das medidas prudenciais preventivas, com a indicação de

metas quantitativas e qualitativas a serem atingidas, a anuência de todas as partes


envolvidas na consecução do plano e o estabelecimento de cronograma para sua
execução.

Procedimento aplicável às MPP

I - Comparecimento dos representantes: os representantes da IF serão convocados


pelo BACEN e deverão comparecer no prazo máximo de cinco dias contados da
data da convocação, que poderá ser formalizado em termo específico lavrado
pelo Banco Central do Brasil;

II – Plano de Recuperação: o plano deverá ser apresentado ao Banco Central do


Brasil no prazo por ele estabelecido, o qual não deverá ser superior a sessenta dias,
contado da data da convocação referida anteriormente;

III – Execução do Plano: o plano deverá ser executado no prazo aprovado pelo
Banco Central do Brasil, não podendo superar seis meses, prorrogáveis diante de
motivos relevantes, a critério do Banco Central do Brasil, por no máximo igual
período.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos aqui mais uma aula. Espero que tenham gostado e compreendido
nossa proposta de curso.

Saiba que ao optar pelos Estratégia Concursos estará fazendo a escolha certa. Isso
será perceptível no decorrer do curso, a medida em que formos desenvolvendo os
assuntos.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou


disponível no fórum no Curso, no Facebook e no Instagram.

https://www.facebook.com/profvicentecamillo/

https://www.instagram.com/profvicentecamillo/

Obrigado pela companhia.

Aguardo vocês na próxima aula.

Bons estudos e até lá!

Prof. Vicente Camillo

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