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INTERNOS NO
CONTEXTO
BANCÁRIO
PROF. DR.
NILTON
CANO
MARTIN
Dezembro de 2006
ÍNDICE GERAL
Capítulo 1 – INTRODUÇÃO_____________________________________ 1
BIBLIOGRAFIA_______________________________________________ 141
Capítulo 1 - INTRODUÇÃO
outras funções imprescindíveis que são desempenhadas pelos bancos, haveria pou-
cas chances para que uma economia conseguisse mobilizar os recursos necessários
para o seu desenvolvimento. Se a moeda e o crédito são, como se fala, o sangue
vital de uma economia, os bancos devem ser apropriadamente considerados como o
seu coração.
Supervisão Bancária
Como os bancos realizam funções que são indispensáveis para o sucesso de
qualquer economia de mercado, tais funções, pela sua própria natureza, introduzem
6
riscos que potencialmente podem restringir ou mesmo impedir tal sucesso. Esse fato
já era conhecido por Adam Smith, há mais de dois séculos, em sua obra “A Riqueza
das Nações”. É a partir dessa constatação fundamental que os governos reconhece-
ram, há muito tempo, que os bancos (e outras instituições financeiras) devem estar
sujeitos a uma regulamentação que determine as diretrizes básicas do seu funcio-
namento apropriado e a uma supervisão oficial direta, estreita e abrangente de suas
atividades.
Há razões históricas que justificam a supervisão oficial das atividades bancá-
rias e todas elas apontam para a necessidade de garantir a estabilidade do sistema
financeiro e a minimização do risco sistêmico que um colapso bancário generalizado
apresenta para todas as atividades econômicas. Com tal mandato, os supervisores
devem ter prerrogativas muito amplas para assegurar que os bancos e os mercados
financeiros de que participam operem de forma justa, transparente e eficiente e que
sejam aceitas e cumpridas as regras do jogo institucional
Na verdade, o papel dos supervisores oficiais é indispensável e não pode ser
substituído por qualquer outro mecanismo, porque só eles, exclusivamente, é que:
♦ Possuem uma visão geral dos riscos do sistema financeiro como um todo.
É claro que cada banco tem uma capacidade melhor e mais detalhada para identifi-
car e avaliar seus próprios riscos e exposições, mas nenhum deles tem qualquer
incentivo para assumir ou internalizar os custos que podem impor a outros bancos e
empresas, caso se encontre em dificuldades.
♦ Têm a neutralidade necessária para solicitar informações, acompanhar e
avaliar as exposições de risco de cada banco e verificar a qualidade de seus siste-
mas de informação e de seus controles internos. Essas informações não são divul-
gadas publicamente.
♦ Estão na posição de poder observar as grandes tendências apresentadas
pelas operações das organizações bancárias, no Brasil e no mundo. Com base nes-
tas observações, podem recomendar ou mesmo determinar normas para institucio-
nalizar as melhores práticas entre os bancos de um sistema. As recomendações de
Basiléia I e II sobre o capital mínimo dos bancos foram implantadas dessa forma em
cada país.
♦ Podem exigir compliance em relação às leis e regulamentos do setor. A
experiência demonstra que um cumprimento omisso ou falho dos regulamentos ban-
7
cários, além de ser errado e possivelmente ilegal, é também danoso, pois pode levar
a problemas operacionais graves, tais como deficiências de capital, crises de liqui-
dez e um risco crescente de perda de imagem ou reputação (que, como foi visto,
pode contaminar outros bancos e até mesmo a totalidade de um sistema financeiro).
♦ Podem, finalmente, exigir que sejam tomadas prontamente as ações cor-
retivas necessárias para sanar problemas financeiros ou de má gestão, particular-
mente quando esses problemas ainda não são conhecidos pelo mercado. O seu pa-
pel nesses casos é simplesmente fundamental para a estabilidade do sistema.
Como foi dito, não é possível dispensar o papel desempenhado pela supervi-
são bancária na manutenção da estabilidade de um sistema financeiro. Mas são os
próprios supervisores oficiais que dizem que o seu papel num sistema financeiro é
suplementar e subsidiário, já que “o papel principal é e sempre será desempenhado
pela administração de cada instituição bancária, pois só uma administração de alto
nível em cada banco garante efetivamente a solidez do sistema como um todo”1.
1
Declaração de Paul Volcker,, Presidente do Federal Reserve System, citado na obra “Secrets of the Temple”,
William Greider, Touchstone Book, 1997.
8
2
“Sound Banking Systems: A New Growth Imperative”, conferência de William J. McDonough perante the Sin-
gapore Monetary Authority, em 12/04/2005.
10
Capítulo 1 – QUESTÕES
1. A captação de recursos através de _______________ é exclusiva dos bancos
comerciais.
Qual é a alternativa que completa corretamente a frase acima:
1.A. depósitos a prazo
1.B. poupança
1.C. depósitos à vista
1.D. private banking
1.E. nenhuma das alternativas acima
2. Para que o sistema bancário de um país, seja confiável e seguro, é necessá-
rio que haja no país _____________________ oficial competente e abrangen-
te e, em cada banco, _______________.
Quais são as alternativas que completam mais corretamente a frase acima:
2.A. uma democracia; uma publicidade competente
2.B. uma supervisão bancária; uma administração competente, consciente e
efetiva
2.C. uma democracia; linhas de crédito facilitadas para a população
2.D. leis rigorosas contra a lavagem de dinheiro; uma administração compe-
tente, consciente e efetiva
2.E. nenhuma das alternativas acima
3. Se houver uma perda generalizada de confiança nos bancos,
_____________.
Qual é a alternativa que completa mais corretamente a frase acima:
3.A. haverá uma grande retração dos negócios, além queda da renda e do
emprego
3.B. os bancos vão ter que criar novos mecanismos de captar recursos
3.C. os bancos vão ter que recorrer aos bancos estrangeiros para obter re-
cursos para suas atividades
3.D. os bancos desaparecem do sistema financeiro, dando lugar a novas
instituições de captação e aplicação de recursos
3.E. nenhuma das alternativas acima
4. Qual das seguintes frases são verdadeiras?
A – A razão histórica pela qual há uma supervisão oficial dos bancos é evitar
que a concorrência dos bancos estrangeiros elimine os bancos nacionais
B – Os bancos podem se tornar causas de um aumento do risco sistêmico pa-
ra todas as atividades econômicas, se houver uma “corrida” bancária
C – Além de intermediadores financeiros, os bancos são criadores de moeda
D – A poupança de um país só chega às mãos dos investidores através dos
bancos
4.A. B e D
4.B. C e D
4.C. A e D
4.D. B e C
4.E. Nenhuma das alternativas acima
11
5. Quais dos seguintes elementos não fazem parte essencial de uma adminis-
tração bancária competente:
5.A. Bons contatos políticos
5.B. Sistema de controles internos adequado
5.C. Publicidade de bom nível
5.D. Governança atuante
5.E. Nenhuma das alternativas acima
6. Qual das seguintes atividades são exercidas pelo controle interno dos bancos:
6.A. Tecnologia da informação
6.B. Gestão interna de recursos
6.C. Análise interna de riscos
6.D. Auditoria interna
6.E. Nenhuma das alternativas acima
7. Quais das seguintes frases são verdadeiras:
A – A auditoria Interna é uma função de back-office, mas a função de conces-
são de empréstimo também o é.
B – A auditoria interna é uma função de front-office, mas a função de conces-
são de crédito é uma função de back-office
C – Só as funções de front-office geram diretamente lucros para os bancos. A
auditoria interna, como é uma função de back-office não gera qualquer lucro
direto para os bancos.
D – A auditoria interna é uma função de back-office, mas a concessão de cré-
dito é uma função de front-office
E – Como as funções de back-office não geram lucros para a organização, a
administração dos bancos fica sempre tentada a privilegiar as funções de
front-office quando faz a alocação interna de recursos.
7.A. A e E
7.B. B e C
7.C. C e D
7.D. B e E
7.E. D e E
8. Foi dito: “Á medida que as atividades dos bancos se tornam cada vez mais
competitivas, diversificadas e complexas, mais importantes se tornam os controles
internos para fazer com que os bancos se focalizem e alcancem seus objetivos atra-
vés de operações sólidas e rentáveis”3.
Explique brevemente (10 linhas, no máximo) o que essas palavras significam.
3
“Sound Banking Systems: A New Growth Imperative”, conferência de William J. McDonough perante the Sin-
gapore Monetary Authority, em 12/04/2005.
12
4
O planejamento, a organização e a execução são os outros processos de gestão.
14
OBJETIVOS
DOBANCO
5
Numa pesquisa conduzida por um mestrando da USP, o Sr. Gustavo Pedro de Oliveira, revelou-se que entre 20
grandes bancos examinados, apenas 3 davam total independência ao seus controles internos, em relação aos seus
executivos.
18
especializada e fragmentada que é própria dos gestores das áreas de negócios, dos
órgãos de suporte ou mesmo de cada banco de um conglomerado bancário. Há
consideráveis argumentos favoráveis a essa última orientação, principalmente nos
bancos nos quais existe uma governança corporativa atuante.
Tanto o tema da segregação, como o tema da unificação dos controles inter-
nos são extremamente controversos e cada banco acaba por seguir a sua própria
orientação e vocação, já que não há uma recomendação oficial sobre a melhor for-
ma de estruturar os controles internos.
Todavia, para o estudo de um caso prático, a Figura 2 apresenta as soluções
estruturais que estão sendo usadas atualmente por um conglomerado bancário bra-
sileiro que reúne dois bancos de grande porte. O estudo da organização desse con-
glomerado não pretende se constituir num guia ou numa referência a ser seguida. O
propósito de sua análise é simplesmente o de ilustrar toda a variedade e complexi-
dade organizacional que envolve a organização hierárquica, funcional e de relacio-
namento dos órgãos do controle interno de um grande banco.
6
Como a maior parte dos processos, transações e obrigações das unidades se encontram normatizadas, boa parte
do seu desempenho acaba por ser relativo ao compliance, na sua face interna.
23
7
O gestores de risco adotam as seguintes grandes alternativas para a sua gestão: evitar, transferir, neutralizar ou
reduzir ou mitigar.
25
trole interno dos riscos, bem como monitorar continuamente a eficácia, o atendimen-
to dos limites e os custos empregados em sua gestão. Ambas as áreas, a executiva
e a de controle, têm a responsabilidade de periodicamente comunicar ao Conselho
os resultados de suas atribuições. Com tais reports, um Conselho competente e com
pleno exercício da governança corporativa terá plenas condições de verificar se os
objetivos do banco estão sendo alcançados e se os riscos que envolvem suas ativi-
dades estão sendo adequadamente geridos.
nação;
- Estão a salvo de desvios de recursos, fraudes e de outros riscos que en-
volvem a sua mobilização e manipulação.
- Estão sendo geridos com uma consciência dos custos dos recursos em-
pregados e da relação custo/benefício;
E, a partir das constatações acima:
- Reportar aos executivos responsáveis, bem como ao Conselho, todas as
falhas, erros e omissões verificados em relação ao objetivo de custódia, assim
como constituir um follow-up da implantação das medidas corretivas que e-
ventualmente sejam necessárias.
Os controles de custódia abrangem principalmente os riscos operacionais,
mas também se encontram em sua órbita os riscos de crédito e de mercado.
♦ Controle interno de compliance. Como já foi dito anteriormente, os ban-
cos são as empresas brasileiras mais regulamentadas e fiscalizadas oficialmente.
Esse fato originou um risco relevante para as instituições bancárias: o risco de com-
pliance, que é o “risco de sanções legais ou regulatórias, de perda financeira ou per-
da de reputação, que um banco pode sofrer como resultados de falhas no cumpri-
mento da aplicação de leis, regulamentos e práticas bancárias recomendadas”8.
Para conter o risco de compliance, os controles procuram verificar:
- Todo o conjunto de leis, regulamentos, normas e outros dispositivos legais
que envolvem os bancos, especialmente os que emanam das autoridades
bancárias, tais como as Resoluções e Circulares do Banco Central;
- Qual é a forma mais adequada de entender e cumprir cada dispositivo le-
gal, o que é obtido junto ao departamento legal do banco;
- Quais são as áreas executivas do banco que têm sob sua responsabilida-
de direta o cumprimento de cada um dos dispositivos legais que alcançam o
banco;
- Se está havendo um adequado entendimento dos dispositivos legais nas
áreas encarregadas de cumpri-los;
- Se está havendo um adequado cumprimento dos dispositivos legais nas
áreas encarregadas de cumpri-los, especialmente as normas mais relevantes
8
BIS – Bank of International Settlements, Compliance and the Compliance Function in Banks, Basiléia,
abril/2005.
27
seus custos.
- Verificar se os responsáveis pela gestão de cada unidade estão enten-
dendo exatamente os seus objetivos e metas específicos.
- Verificar se foram criados sistemas de análise de desempenho válidos
que corretamente possam avaliar a performance competitiva do banco como
um todo e das suas diferentes unidades organizacionais, não só em termos
da realização de custos e lucros, mas também em termos dos riscos assumi-
dos para a obtenção dos resultados.
- Verificar se há um benchmarking apropriado para julgar o desempenho do
banco, não só em termos do seu padrão histórico, mas também de seus con-
correntes, já que o desempenho do banco deve ser competitivo para satisfa-
zer os seus acionistas, clientes e demais participantes relevantes.
- Verificar se o banco possui sistemas de apoio decisorial, tal como a análi-
se de cenários e a simulação de resultados segundo tais cenários
- Verificar se o banco possui um orçamento apropriado dos resultados es-
perados que fixe metas orçamentárias não só para o banco como um todo,
mas que seja abrangente e determine metas orçamentárias para todas as su-
as áreas ou linhas de negócio e para todas as suas unidades organizacionais.
- Verificar se a performance esperada em termos de eficácia e eficiência
das suas operações, das metas orçamentárias e dos limites de risco estão
sendo cumpridos em cada unidade organizacional e no banco com um todo.
E, a partir das constatações acima:
- Reportar aos executivos responsáveis, bem como ao Conselho, todas as
falhas, erros e omissões verificados no cumprimento dos objetivos de desem-
penho, assim como constituir um follow-up da implantação das medidas corre-
tivas que eventualmente sejam necessárias.
Os controles internos de desempenho são vitais para um banco, pois sem e-
les a governança corporativa e os executivos jamais poderiam saber se sua atuação
está levando o banco aos seus objetivos9, dentro de limites de risco aceitáveis. Só o
cumprimento dos objetivos, dentro de uma circunscrição aceitável de riscos, pode
assegurar a continuidade do banco “com um grau razoável” de garantia.
9
Principalmente o de eficácia e eficiência, do qual depende diretamente o retorno dos investimentos de seus
acionistas.
29
10
Para uso, por exemplo, pelas autoridades governamentais e pelos investidores.
11
A qualidade da informação externa é, em última instância, uma responsabilidade do Conselho de Administra-
ção e da Diretoria. Todavia, para apoiar a governança corporativa, cabe ao controle interno verificar e atestar a
sua autenticidade e validade.
12
Determinados bancos, que têm títulos (ações, bonds ou ADR) negociados no mercado americano, por exem-
plo, ficam sujeitos às normas específicas de confecção das demonstrações contábeis segundo a legislação ameri-
30
cana, inclusive à Lei Sarbanes-Oxley, de 2002, que impõe uma série de atestações e responsabilidades sobre a
veracidade, a representatividade e a integralidade das demonstrações.
31
13
Em sua estrutura organizacional, cada vez mais os bancos estão apresentando postos de direção com denomi-
nações tais como Diretor de Tecnologia (“Chief Technological Officer”) ou Diretor de Sistemas de Informação
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uma verdadeira rede de segurança para que seu impacto seja minimizado. Cada tipo
de controle se faz para cada um dos tipos de risco. Assim, por exemplo, o risco de
crédito pode ter controles de custódia, de eficiência e eficácia, de compliance e de
qualidade das informações.
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Capítulo 2 – QUESTÕES
1. Quais dentre as afirmações abaixo não dizem respeito aos controles internos:
1.A. Os controles internos constituem um processo.
1.B. Os controles internos aprovam projetos e fazem a gestão de sua im-
plantação até que possam se tornar operacionais.
1.C. Os controles internos de um banco, no Brasil, devem ficar circunscritos
à sua atuação no território nacional.
1.D. A Supervisão Bancária do Banco Central determina como os controles
internos deverão ser estabelecidos e como deverão funcionar para atender à
legislação bancária brasileira.
1.E. Os controles internos podem examinar as condições físicas dos ativos
de propriedade do banco.
Assinalar:_______________________________________
2. Embora desejável, os controles internos não proporcionam uma garantia ab-
soluta contra os riscos de um banco, porque:
2.A. Todos os controles internos são intrinsecamente falhos e omissos,
sendo impossível torná-los totalmente eficazes.
2.B. Todas as operações de um banco têm resultados no futuro e o futuro é
sempre incerto e cheio de riscos, por definição.
2.C. Quem faz os controles internos não faz a gestão dos riscos e só quem
faz tal gestão é que pode dar a garantia absoluta.
2.D. Sempre haverá a ocorrência de fatos não previstos, que tanto podem
ter origem externa como interna.
2.E. Só a governança corporativa pode dar aos Controles Internos (o órgão)
todos os recursos necessários para que eles possam dar tal garantia absolu-
ta.
Assinalar as afirmações corretas:____________________________________
3. Completar:
O _________________________________ é o órgão máximo da governança
corporativa e do poder de ________________ de um banco, porque o banco é
uma ____________________ e, nesse tipo de empresa, o
______________________________ age como representante legal dos
__________________________, que são os proprietários legais.
4. Completar:
Para que o banco, ou uma unidade do mesmo, possa ser controlada, ele de-
ve, antes, fixar _____________________. As __________________ são ex-
pressões quantitativas dos __________________ e servem para que possa
ser feito objetivamente o controle interno de ______________________
5. Completar:
Para que haja ________________________ é necessário que haja controles
internos. Aliás, sem _____________________ não pode haver governança
corporativa.
6. Num determinado banco, foi verificado que a Controladoria está subordinada
ao Diretor Financeiro da organização. Quais das seguintes afirmações são
falsas:
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que são, por exemplo, os riscos de mercado, os riscos de liquidez, os riscos de cré-
dito, os riscos operacionais, os riscos estratégicos, etc.
São os Diretores Executivos do banco e sua equipe de gestores que devem
fazer a gestão dos seus recursos e também dos riscos que cercam as suas ativida-
des. Entretanto, cabe ao controle interno acompanhar tal gestão de recursos e riscos
para comprovar a sua eficácia e eficiência (e outros objetivos). Os controles internos,
por sua vez, devem ser constantemente revisados e atualizados de modo a abranger
quaisquer riscos que não tenham sido anteriormente identificados ou corretamente
avaliados.
3. Atividades de controle. As atividades de controle devem ser considera-
das como uma parte integral das atividades do dia-a-dia dos bancos. Um sistema de
controles internos efetivo deve se apoiar numa estrutura organizacional adequada,
na qual as atividades de controle estão estabelecidas para cada processo de ges-
tão/operação do banco e para cada nível da hierarquia. O primeiro fundamento do
controle interno é a determinação pelo Conselho de Administração dos objetivos e
metas, das políticas gerais de controle e a fixação dos limites de risco para o banco
como um todo. O segundo fundamento, que é de responsabilidade da Diretoria Exe-
cutiva, é o desdobramento ou decomposição dos objetivos, metas e limites de risco
do banco como um todo, em objetivos, metas e limites de risco para cada unidade
da organização e para cada gestor de recursos, os quais serão aplicados no controle
da administração na área específica de suas atividades.
A partir da estruturação de objetivos e responsabilidades efetuados pela go-
vernança e pelos executivos do banco, cabe aos órgãos de controle: (a) verificar o
cumprimento dos objetivos da gestão e as respectivas atividades de controle para
cada processo, departamento ou divisão, bem como a aderência aos níveis de alça-
da para aplicação de recursos e ao sistema de aprovações ou autorizações estabe-
lecido; (b) realizar controles físicos sobre os ativos de propriedade do banco, bem
como a verificação do seu estado de conservação e liquidez (no caso dos títulos e
valores); (c) fazer o acompanhamento de compliance em relação às leis, regulamen-
tos e normas, internas e externas, bem como um follow-up dos casos de non-
compliance; (d) verificações e reconciliações em todo o sistema de pagamen-
tos/recebimentos, incluindo os recursos de terceiros administrados pelo banco.
Para o estabelecimento de um sistema formal de controles internos é impor-
39
14
As unidades operacionais de um banco tendem a ter uma localização física diferenciada. Assim, há a localiza-
ção das agências bancárias, das superintendências regionais, da administração central, etc. Determinadas transa-
ções, todavia, são feitas com o concurso de dessas diferentes unidades, em diferentes níveis, como pode suceder,
por exemplo, com a aprovação de um empréstimo de determinada magnitude. O controle direto desta transação,
por sua vez, pode ser feito ao nível da agência para determinadas finalidades e, para outras finalidades, ao mais
alto nível, na Diretoria Executiva ou no Conselho.
41
15
Se a agência não for corporate, por exemplo.
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dades do executivo de crédito, que também é quem deve gerir os riscos envolvidos
em seus negócios. É claro que esse gestor possuirá seus próprios controles e irá
aplicá-los para verificar, em primeira mão, a eficiência e a eficácia de seu trabalho.
Mas a organização não poderá se valer, sem maiores exames, desses controles o-
perados pelo próprio gestor, já que poderiam ser invalidados por omissões, incapa-
cidades ou por simples má-fé. Assim, uma pré-condição para controles internos váli-
dos é a sua independência em relação aos executivos. Se a organização vai utilizar
as informações produzidas pelos executivos ou gestores de recursos, ela deve ates-
tar antes a sua veracidade, sua integralidade e sua consistência. Uma boa parte dos
grandes escândalos financeiros que marcaram o mundo empresarial, no final do sé-
culo anterior, teve como pecado original a não-segregação de tarefas e a ausência
de testes de validade sobre as informações produzidas pelos administradores de
recursos sobre as transações que eles próprios conduziam.
46
Capítulo 3 – QUESTÕES
1. O Controller de um banco assim se manifestou: “É desanimador ver que neste
banco só se consideram importantes as pessoas que produzem resultados.
Nas reuniões da Direção, não há a presença de qualquer homem de controle
interno. Na melhor das hipóteses são discutidos alguns relatórios e memo-
randos internos de controle interno, os quais, é claro, são logo minimizados
em sua substância, quando apontam falhas ou omissões dos executivos. Isto
a começar pelo meu próprio superior, o Diretor Financeiro, quem, em minha
opinião, deveria dar maior importância aos controles” A situação descrita an-
teriormente seria reveladora de:
A – Processos de comunicação e informação inadequados na organização
B – Uma natureza avessa aos controles internos por parte da cúpula da orga-
nização
C – Inexistência de um ambiente de controle e de uma segregação de tarefas
adequados
D – Grandes riscos junto à supervisão bancária
E – Uma percepção errada de sua organização por parte do Controller
Assinalar a(s) alternativa(s) mais corre-
ta(s):____________________________
2. Uma vez que a governança corporativa da organização bancária já estabele-
ceu os seus objetivos, ela deve, logo a seguir:
A – Instalar os procedimentos de monitoramento.
B – Verificar se todos os colaboradores do banco, em todos os níveis, conhe-
cem tais objetivos.
C – Identificar e avaliar os riscos que poderiam impedir o banco de cumprir os
seus objetivos.
D – Estabelecer uma estrutura organizacional adequada para proceder aos
controles internos.
E – Em se preocupar exclusivamente com a seleção dos executivos que irão
gerir os recursos e fazer com que o banco atinja seus objetivos.
Assinalar a(s) alternativa(s) mais correta(s):___________________________
3. A informação é a matéria-prima da decisão e, como tal, é um ____________
importante de um banco, mas se não for _______________ de forma ade-
quada uma parte importante da sua utilização e produtividade pode ser des-
perdiçada.
4. Qua(is) das seguintes afirmações é falsa:
A – Uma vez que os riscos já foram identificados e avaliados em termos de
sua probabilidade e impacto, mecanismos de prevenção e detecção para tais
riscos devem ser criados e implantados.
B – Uma vez que os riscos avaliados de uma determinada área de negócios
já foram identificados e avaliados, é o momento de estabelecer os objetivos
específicos dessa área de negócios.
C – Os objetivos de uma dada área de negócios sempre são consistentes
com os objetivos do banco, por definição, já que os objetivos do banco como
um todo sempre constituem uma somatória ou combinação dos objetivos de
todas as suas áreas.
D – Mudanças, no ambiente econômico da organização bancária, devem ser
47
dos e avaliados.
Entretanto, como já foi dito, para que o Conselho de Administração de um
banco seja atuante como o órgão máximo da sua governança corporativa e influen-
ciar decisivamente o ambiente do controle interno, é imprescindível que:
♦ Seja independente em relação ao Presidente e aos demais Diretores E-
xecutivos. Alguns desses podem até participar das reuniões do Conselho e sua ex-
periência e conhecimento técnico sempre é bem-vinda, mas, como uma governança
corporativa ativa deve usar os controles internos para investigar e questionar o de-
sempenho da equipe de executivos, deve haver, no Conselho, uma maioria de
membros independentes para que essa tarefa possa ser feita com isenção.
♦ Tenha conhecimento dos negócios bancários e do mercado financeiro su-
ficiente para fixar os objetivos e metas da organização bancária e aprovar as estra-
tégias e os investimentos de recursos que elas demandam.
♦ Que saiba definir as diretrizes de controle interno que devem prevalecer
na organização e saiba supervisionar a sua implantação e operação. Como as res-
ponsabilidades do Conselho estão bem estabelecidas legalmente com relação ao
cumprimento de certos objetivos (o de compliance externo, por exemplo), a gover-
nança corporativa, que não administra diretamente os recursos da empresa, deve se
empenhar para estabelecer um sistema abrangente, eficaz e eficiente de controles
internos. Os controles internos são os “olhos” da governança acompanhando o dia-
a-dia da gestão dos recursos.
Capítulo 4 – QUESTÕES
1. Um administrador de um banco fez a seguinte afirmação privadamente: “Em
minha área, eu trabalho com meus próprios controles e não preciso de outros.
Eu não sei exatamente o que estas pessoas ditas de controle fazem no ban-
co, que tipo de trabalho, que tipo de contribuição fazem. Na minha área, pelo
menos, sei que eles não contribuem para nada, a não ser nos fazer perder
tempo preenchendo formulários totalmente sem sentido pelo computador.
Não foram poucas as vezes que pedi para que me livrassem de toda esta pa-
pelada, mas não fui ouvido. Os meus homens já não agüentam mais e estou
certo que vai chegar o dia em que eles simplesmente vão se recusar a preen-
cher os tais formulários.”
Esse administrador está demonstrando uma atitude em relação aos controles
que poderia ser designada como:
1.A. Neutra
1.B. Desfavorável
1.C. Favorável
1.D. Absolutamente desfavorável
1.E. Mais ou menos favorável
Assinale a(s) resposta(s) correta(s):__________________________________
2. Ainda em relação ao administrador citado anteriormente, o que, em sua opini-
ão, teria causado a sua atitude em relação aos controles:
2.A. Uma convicção total de que os controles atrapalham a gestão
2.B. Uma convicção de que os controles atrapalham a gestão de sua área
2.C. Uma convicção de que os controles internos para nada servem
2.D. Uma convicção de que os controles internos são muito onerosos
2.E. Uma convicção de que os controles são úteis
Assinale a(s) resposta(s) correta(s):__________________________________
3. Ainda em relação ao administrador citado anteriormente, o que poderia ser
feito para mudar a sua atitude em relação aos controles:
3.A. Ameaçá-lo de demissão?
3.B. Aceitar as suas convicções?
3.C. Explicar as razões dos controles internos num banco?
3.D. Explicar as razões dos controles internos em sua área de trabalho?
3.E. Manter uma total indiferença em relação às convicções de tal adminis-
trador, já que ele está confinado a uma única unidade do banco e “uma ando-
rinha não faz verão”
Assinale a resposta(s) mais correta(s):_______________________________
e faça um breve comentário (10 linhas) sobre os fundamentos de sua opção.
4. Um código de conduta é importante, porque:
4.A. Evita maiores discussões sobre qual deve ser a atitude correta a ser
tomada.
4.B. É uma norma empresarial que determina qual ser o comportamento
correto de um administrador. Caso o administrador se comporte diferente do
previsto na norma, ele o faz por sua conta e risco e a empresa não pode ser
responsabilizada legalmente por seus atos.
4.C. Evita fraudes e abusos dos administradores.
56
direta dos riscos inerentes às suas atividades e essa gestão de riscos percorre qua-
tro etapas: (1) identificação; (2) avaliação; (3) gestão propriamente dita, eliminando
ou reduzindo o impacto dos eventos de possíveis perdas inerentes às aplicações
dos recursos do banco e, finalmente, (4) acompanhamento e monitoramento.
Os responsáveis pelo controle interno, também, têm interesse direto no resul-
tado das etapas (1) e (2), mas, como não têm e não podem ter qualquer responsabi-
lidade na aplicação dos recursos do banco, também não têm qualquer ingerência na
gestão dos riscos inerentes aos negócios bancários. Suas atribuições são de natu-
reza bem diferente: eles devem verificar (e comunicar) se os responsáveis pela ges-
tão dos riscos estão fazendo um trabalho adequado, primeiramente, com a redução
efetiva das perdas potenciais e, em segundo lugar, com o cumprimento dos limites
de risco que foram determinados pela governança corporativa.
É essa diferença de atuação que está representada na Figura 7. Nessa se
nota que os gestores é que atuam diretamente com os recursos e com os riscos que
os envolvem. Já o papel do controle interno é de verificar e reavaliar continuamente
todo o processo de gestão dos recursos e dos riscos, especialmente o cumprimento
dos limites. Assim, as suas atribuições em relação ao acompanhamento e monito-
ramento, feitas na etapa (4), são também distintas das que fazem os gestores.
Figura 7: Riscos: Gestão e Controles
banco. Esse fato leva a duas trajetórias da administração geral dos riscos bancários:
a dos gestores e a dos controles internos, conforme é visto na Figura 8.
Figura 8: Etapas da Gestão e do Controle dos Riscos
Os riscos bancários
Os riscos principais16 aos quais um banco está exposto são os seguintes:
♦ Riscos de crédito: é a perda potencial que teria origem na falta de cum-
primento da obrigação de pagar por parte de um tomador de empréstimo ou uma
contraparte numa transação.
♦ Riscos de mercado: é a perda potencial que seria causada por um mo-
vimento negativo dos preços de mercado dos títulos/contratos possuídos por um
banco e poderia ter origem, por exemplo, em variações nas taxas de juros, nas taxas
de câmbio ou nas cotações de ações.
♦ Riscos operacionais: é a perda potencial não esperada, que poderia ad-
vir de sistemas de informação deficientes, problemas operacionais, falhas ou omis-
sões nos controles internos, fraudes e catástrofes ou outras causas não previstas.
♦ Riscos legais: é a perda potencial não esperada, que poderia ser causa-
da ou pela incapacidade jurídica de fazer com sejam cumpridos contratos e acordos
feitos, ou que teriam origem em processos ou julgamentos contrários aos interesses
do banco.
♦ Riscos de liquidez: é a perda potencial não-esperada que teria origem
na incapacidade de um banco de fazer frente às suas obrigações financeiras. Mui-
16
Essa categorização dos riscos é a utilizada pelo BIS em Basiléia e, desde 1998, vem se constituindo na classi-
ficação adotada universalmente pelos bancos.
60
tas podem ser as causas da iliquidez. O estudo de casos demonstra que uma delas
é a impossibilidade, temporária ou definitiva, de se suprir de fundos (esse risco é
chamado de incapacidade de financiamento ou risco de funding). Outra é a incapa-
cidade de vender títulos para cobrir suas obrigações, sem fazer cair de forma brutal
os preços, o que ocorre em momentos de crise ou pânico (esse é o risco de iliquidez
de mercado ou market liquiditiy risk). Outra causa ainda pode ser a excessiva con-
centração em determinados setores, que inesperadamente perdem sua capacidade
de pagamento (esse é o chamado risco de liquidez por excesso de concentração em
setores problemáticos ou adverse concentration risk).
♦ Riscos de reputação ou de imagem: é a perda potencial não esperada,
que poderia ter origem numa publicidade adversa ou numa exposição negativa junto
ao público, seja essa verdadeira ou não. As perdas poderiam advir, por exemplo, de
redução da base de clientes, reduções de receitas, aumento dos custos de comer-
cialização ou no incremento dos custos de litígios (contra o banco).
♦ Riscos estratégicos: é a perda potencial não esperada, que poderia ter
origem numa situação ou decisão estratégica, especialmente quando ela é irreversí-
vel e poderia ter um elevado potencial destrutivo sobre os resultados do banco. Tais
riscos poderiam ter origem, por exemplo, em aquisições problemáticas de outros
bancos, numa orientação de funding que poderia levar a descasamentos significati-
vos (tomar recursos em moeda forte e fazer o empréstimo desses fundos numa mo-
eda mais fraca, sem hedge) ou mesmo numa atuação em desacordo com as leis e
regulamentos do país.
Sobre a classificação dos riscos apresentada anteriormente devem ser feitas
duas observações. Primeira, ela não é totalmente exclusiva e independente. Assim,
determinados eventos de risco podem ser classificados simultaneamente como ris-
cos de crédito e riscos de mercado, por exemplo. Dessa forma, os produtos e tran-
sações bancárias tendem a demonstrar inúmeras combinações e concentrações
desses riscos, em função dos perfis de suas atividades. Segunda, como os bancos
se preocupam principalmente com a obrigação de manter um capital mínimo para
cobrir perdas inesperadas nas categorias de risco de mercado, risco de crédito e,
dentro em breve, risco operacional, todos os demais riscos são estudados e analisa-
dos a partir dessa classificação tripartite, ou seja, todos os riscos bancários, embora
possam ser reconhecidos e identificados em categorias próprias, são efetivamente
61
17
Essa é uma “distorção” claramente observada em alguns bancos: somente se preocupar com o que é exigido
legalmente. Desde Basiléia I, essa característica vem se observando numa série de bancos do Brasil e do mundo
e é preocupante porque constitui uma clara deficiência dos controles internos, que exigem uma abrangência
integral da análise e da gestão de riscos.
62
Riscos Externos
Fatores ou forças externas que podem levar a eventos de risco bancário, são
os seguintes:
♦ Fatores sistêmicos globais: podem ser, por exemplo, crises financeiras,
guerras, atentados, movimentos de preços desfavoráveis em commodities básicas,
problemas de confiança generalizados que podem afetar o funcionamento do mer-
cado financeiro global, etc.
♦ Fatores sistêmicos nacionais: podem afetar o funcionamento de todos
os negócios e a atividade bancária dentro do Brasil. Entre eles estão os:
- Fatores Políticos: são políticas e orientações da legislação e da atuação
governamental que podem afetar a economia do país como um todo, tais
como choques e planos econômicos de impacto (como o Plano Collor, por
exemplo) ou o funcionamento específico do setor bancário18 (a criação de
impostos e encargos específicos para a atividade bancária, etc.).
- Economia brasileira: são mudanças nas variáveis econômicas fundamen-
tais, que podem ser causados ou não pela política governamental, que
podem afetar de forma significativa o funcionamento do setor bancário (tal
como a taxa de crescimento do PIB, as flutuações da renda disponível e
do nível de emprego, a disponibilidade de energia, a atratividade do mer-
18
Dada a importância do setor bancário para a economia, qualquer fator que o alcançasse nunca seria específico
do setor, pois rapidamente se estenderia a outros setores da economia que dependem do setor bancário.
63
Perspectivas de risco
Um banco possui seus objetivos gerais, isto é, os objetivos que ele deve alcan-
çar como um todo. Por outro lado, como já foi dito, cada unidade organizacional de
um banco (diretoria, departamento, divisão, etc.), quer seja do front-office ou do
back-office, deve possuir uma clara definição de sua missão, dos seus objetivos e
metas integrados aos objetivos e metas do banco como um todo. Por outro lado,
numa linha de desagregação ou decomposição progressiva, cada unidade organiza-
cional deve também determinar missão, objetivos e metas para cada um dos seus
órgãos ou seções, conforme está esquematizado na Fig. 10.
Os eventos de risco apresentam, assim, diferentes perspectivas, dependendo
do nível da organização no qual se insere o colaborador. As perspectivas de risco de
19
Mais de 40% das invasões de hackers com fraudes foram auxiliadas por funcionários.
20
Por ocasião da última “maxi” cambial, verificou-se que diversos bancos brasileiros de menor porte, estavam
alavancando a rentabilidade de suas operações captando recursos em moeda estrangeira no mercado internacio-
nal e aplicando-os, sem hedge, em empréstimos em moeda nacional. Os prejuízos resultantes foram de tal monta,
que forçaram a sua venda posterior.
67
21
Caso Daiwa e Barings, nos quais indivíduos em escalões bem inferiores da hierarquia puderam causar prejuí-
zos tão consideráveis que, no caso do banco inglês, provocaram o seu colapso.
68
res e funcionários dos órgãos de suas unidades operacionais (“os que fazem e real-
mente sabem o que fazem”, nas palavras do Presidente de um banco brasileiro) o
seguinte questionário sobre suas atividades22. (Figura 11):
Figura 11: Questões sobre Eventos de Risco em Órgãos de um Banco
22
O questionário surgiu na publicação: ‘Testing Compliance with Internal Control Requirements – Managers’
Guide, editado pelo Bank of New York, em 2003.
23
Esse método é o preconizado por Basiléia II, por exemplo, para o levantamento preliminar das freqüências dos
riscos operacionais.
69
sas;
• Casos históricos de “sinistros” ocorridos em outros bancos, também com
a devida análise de suas causas;
• Modelagem estatística de eventos, na qual são demonstrados os eventos
de risco internos e externos, que usualmente estão interrelacionados
quando ocorre um “sinistro”;
• Mapeamentos dos processos de trabalho conduzidos por especialistas,
com foco nos eventos de risco, etc.
IMPACTO
1 2
3
PROBABILIDADE
24
Seriam os riscos intrínsecos ou inerentes às atividades do banco.
71
Métodos Quantitativos
Num banco que pretenda utilizar as avaliações quantitativas para atender às
exigências mais avançadas do Basiléia II, por exemplo, o nível de trabalho e de rigor
será sempre muito grande, exigindo a utilização de modelos matemático-estatísticos
de alto nível de sofisticação. Tais modelos relacionam estatisticamente um conjunto
de eventos de risco e os impactos resultantes com a probabilidade da ocorrência
desses eventos, com base em determinadas premissas.
Tanto a probabilidade de ocorrência como o impacto são baseados em dados
históricos ou em simulações que procuram prever os resultados em determinadas
condições futuras. Exemplos de modelos de base estatística (também chamados de
modelos probabilísticos) são o Value-at-Risk (VAR), o Fluxo de Caixa em Risco
(CFR), o RAROC, o RORAC e as chamadas distribuições ou curvas de perdas.
Os modelos estatísticos são usados em muitas situações. Por exemplo, eles
podem ser utilizados com diferentes prazos ou horizontes de tempo de modo a esti-
mar a variância dos valores que determinados títulos ou contratos de empréstimo
poderiam apresentar no futuro. Também podem ser usados para prever não apenas
os impactos médios ou esperados de certos eventos de risco, mas também os im-
pactos que poderiam ocorrer em circunstâncias extremas ou de stress. A partir do
estudo da correlação estatística entre eventos e do emprego de cenários, os mode-
los quantitativos também podem ser usados para estudar os impactos de seqüências
determinadas de eventos, incluindo fatores externos e internos, que poderiam ter
conseqüências muito mais destrutivas do que as de cada evento avaliado isolada-
mente.
25
Uma escala de Likert consta de num questionário de auto-avaliação, apresentando aos que estão respondendo
cinco alternativas: CT=concordo totalmente; C=concordo; M=não concordo, nem discordo; e N=não concordo e
NT=não concordo totalmente. Atribuindo pesos de 1 a 5 às categorias acima, facilmente os julgamentos dos
respondentes são traduzidos em valores numéricos.
75
Curvas de Perdas
Primeira: permitem a construção das curvas estimadas de perdas para to-
dos os riscos relevantes de um banco, distinguindo três mensurações fundamentais:
(a) as perdas médias esperadas; (b) as perdas máximas esperadas e (c) as perdas
estimadas dentro de um cenário de stress. A Figura 12 demonstra o perfil de uma
curva hipotética de perdas, na qual estão assinalados os pontos de média e de VAR
e as três áreas que eles delimitam.
Figura 12: Curvas de Perdas
banco deveria também arcar com os prejuízos estimados nas condições de stress,
mas esse segundo montante ainda não está sendo exigido dos bancos. As simula-
ções de stress são importantíssimas para um banco e usualmente são feitas com
uma ferramenta bastante sofisticada da modelagem quantitativa, que é a análise de
cenários.
Outra vantagem que as medidas de risco proporcionam é a sua facilidade de
agregação. As diferentes medidas feitas em cada categoria e em categoria de risco
e em cada linha de negócios de um banco podem ser rapidamente consolidadas.
Pode haver, por exemplo, um VAR26 para o livro (book) do mercado de empréstimos
em moeda nacional, um VAR para o livro do mercado de ações, um VAR para o livro
dólar, etc. e todas essas medidas podem ser consolidadas numa única: o VAR do
banco. Utilizando o VAR de cada linha de negócios ou livros, pode-se também cons-
truir medidas importantes de desempenho, que combinam as mensurações da ren-
tabilidade de cada um desses livros com as de seus riscos, obtendo as chamadas
medidas de risco-retorno27
São, pois inegáveis as grandes vantagens advindas de uma avaliação quanti-
tativa. Todavia, para que a quantificação ou a modelagem dos riscos possa gerar os
benefícios esperados, deve-se sempre ter em mente que as técnicas quantitativas
não podem produzir resultados que sejam melhores do que a qualidade dos dados
que dão suporte aos cálculos e inferências que estão inseridos nos modelos. As téc-
nicas quantitativas só produzirão resultados válidos quando a base de dados históri-
ca é suficientemente grande e as freqüências e variâncias das incidências dos even-
tos suficientemente conhecidas. Só com tais pré-condições é que os resultados dos
modelos podem provar uma significância real. Ainda assim, devem provar sua eficá-
cia na prática, discriminando adequadamente as propostas de crédito que o banco
recebe. Se o uso de um modelo não conseguir separar as propostas “boas” (clientes
com boa capacidade creditícia) das “más” (clientes com má capacidade de crédito)
26
O VAR é a perda máxima que um banco poderia ter num determinado tipo de risco, num determinado prazo e
num determinado nível de confiança. Na curva de perdas da Fig. 10, o VAR expressa tal limite, ao nível de
confiança de 99%.
27
O RAROC (Risk-Adjusted-Return-On-Capital), por exemplo, empregado em alguns bancos de grande porte no
Brasil, é uma dessas medidas. Pode haver um RAROC para cada livro e, é claro, um RAROC para o banco.
77
com um nível de eficácia superior a 80% ou 90%28, o modelo não estaria provando a
sua validade.
A modelagem quantitativa dos riscos não é uma ciência exata. Assim, sempre
que possível, deve-se suplementar os métodos quantitativos com avaliações de cu-
nho qualitativo e de bom-senso para lhes dar maior grau de validade. Por outro lado,
os responsáveis pelos controles internos sempre devem estar prevenidos contra os
chamados “riscos de modelo”, que são exatamente os riscos de gestão que resultam
da utilização de modelos de baixa qualidade, que tenham uma base de dados insufi-
ciente ou que contenham falsas premissas. Os grandes problemas de controlar tais
riscos num banco nasce, em primeiro lugar, da sua complexidade matemático-
estatística, que torna muito difícil para não-especialistas evidenciar suas fraquezas;
e, em segundo lugar, da relutância dos gestores (que não raro foram também os ar-
quitetos dos modelos ou avalizaram a sua aquisição pelo banco) em discutir franca-
mente suas carências técnicas. Os chamados testes de validade dos modelos em
uso num banco devem ser acompanhados por homens do controle interno que se-
jam qualificados para isso. Se essa qualificação não existir, devem ser contratados
consultores especialistas para auditar a qualidade dos modelos e fazer com que haja
uma “razoável garantia” de sua funcionalidade.
Seja utilizando métodos qualitativos ou quantitativos, a administração e o con-
trole interno devem ficar continuamente atentos a possíveis interrelações entre os
eventos de risco, os quais podem gerar, como foi dito anteriormente, seqüências de
eventos externos e internos (incluindo os descasamentos29), que são as chamadas
“cadeias de risco”. Essas podem ter – e geralmente têm! - um potencial de perdas
muito superior ao de cada evento isolado. Na verdade, onde não houver a preocu-
pação de verificar a inter-relação ou a correlação entre eventos de risco, esses po-
derão parecer enganosamente simples e esse tipo de engano pode ser fatal30.
28
Este é um nível de validade que deve ser definido internamente, mas a maioria dos bancos determina um mí-
nimo de 90%.
29
Os descasamentos são freqüentes nas cadeias de risco bancário, já que, quando há qualquer abalo no patrimô-
nio de um banco por efeito de um evento de risco, tal banco passa a ter muita dificuldade de realizar operações
passivas nas mesmas condições anteriores de volume, prazo e taxas. Os descasamentos que podem advir entre as
posições de seu ativo e as de seu funding podem ter conseqüências graves para a sua liquidez.
30
Por exemplo, no colapso da instituição financeira LCTM, os que administravam as carteiras de títulos da enti-
dade não tinham nenhuma visão da inter-relação entre possíveis baixas de mercado e uma provável iliquidez
desses mercados . A premissa implícita era a de que sempre haveria transações de compra/venda com os títulos,
mesmo com preços em queda. Essa premissa se revelou falsa, já que, como aconteceu, em momentos de crise e
pânico financeiro desaparecem os players de mercado e não há possibilidade de realizar qualquer movimentação
78
na carteira de títulos. A iliquidez do mercado levou a LCTM à incapacidade de fazer a liquidação de ativos para
arcar com seus compromissos financeiros e, conseqüentemente, ao seu default e falência.
79
Capítulo 5 – QUESTÕES
1. Quais das seguintes atividades não é de identificação/avaliação de riscos:
1.A. Reconciliação dos pagamentos/recebimentos do banco como um todo
1.B. Normatização dos contratos de financiamento em moeda estrangeira
1.C. Determinação do uso de crachás para identificação dos funcionários
1.D. Levantamento da freqüência de perdas nos empréstimos consignados
1.E. Fixação das metas para as operações de uma Regional e suas agências
Assinalar a(s) respostas mais correta(s)_____________________________
2. Quais das seguintes afirmações são falsas:
2.A. Os métodos quantitativos para avaliação de riscos só são melhores que
os qualitativos quando procedem de bancos de dados homogêneos e
consistentes
2.B. Os métodos quantitativos de avaliação de riscos são sempre superiores
aos métodos qualitativos
2.C. Os métodos qualitativos de avaliação de riscos não devem ser usados
pelos bancos porque não são objetivos
2.D. Os métodos quantitativos permitem que haja uma consolidação mais ló-
gica e significativa dos riscos de cada operação/linha de negócios
2.E. Os métodos qualitativos não se prestam ao cálculo do capital mínimo de
uma instituição financeira
Assinalar a(s) respostas mais correta(s)_____________________________
3. Um banco trabalha com uma listagem das transações mais suscetíveis de so-
frerem impactos (listagem das hot transactions) por eventos de risco. Quais
das seguintes afirmações sobre essa listagem são verdadeiras:
3.A. Uma vez feita, a listagem é definitiva
3.B. A listagem precisa ser constantemente atualizada, por causa dos aspec-
tos dinâmicos do risco (emergência de novos eventos de risco)
3.C. A listagem só precisaria ser atualizada se o banco lançasse novos produ-
tos, que, é claro, trariam novos riscos
3.D. A listagem só precisaria ser atualizada se isso fosse determinado pela
Supervisão Bancária do Banco Central
3.E. A listagem é uma norma do banco e, como tal, é uma expressão do que
deve ser feito, por determinação de uma autoridade. Logo não se altera.
Assinalar a(s) respostas mais correta(s)_____________________________
4. Preencher corretamente:
O VAR de um risco é o montante de ____________________ que um banco
pode ter com esse risco, num determinado período e com um determinado
_______________________.
5. Preencher corretamente:
O capital mínimo de um banco deve ser suficiente para cobrir o montante de
suas perdas _________________________ a um determinado nível de confi-
ança. Espera-se que as perdas __________________________ sejam nor-
malmente cobertas com os próprios resultados das operações do banco.
6. Na listagem a seguir, quais não são métodos para a identificação de riscos nos
bancos:
6.A. Questionários que devem ser respondidos pelos funcionários e supervi-
80
sores
6.B. Workshops, reunindo funcionários, supervisores e diretores de área
6.C. Consultoria de especialistas
6.D. Reunião de membros do Conselho de Administração
6.E. Relatórios sobre queixas de clientes
Assinalar a(s) respostas mais correta(s)_____________________________
PROBABILIDADE
X Y
Z
a b
PERDAS
31
Como se verá adiante, essa formalização é absolutamente necessária.
82
32
Nem sempre esta falha é do administrador responsável, já que pode ser resultado de não poder, por razões de
84
custo, por exemplo, ter todos os controles sobre todos os eventos de risco que cercam uma atividade bancária.
85
cações, que deve ser registrada e classificada de forma competente para permitir
seu uso posterior.
O controle interno do banco deve ter uma documentação própria (manual),
que, alem de incluir um organograma de sua estrutura organizacional, deve conter
as principais normas relativas às atribuições de seus órgãos, à fixação dos objetivos
dos controles e à descrição de suas atividades e métodos de trabalho.
Outras áreas do banco que habitualmente têm manuais com procedimentos
específicos:
- Crédito (contendo a estrutura organizacional, a descrição do teor da docu-
mentação e dos fluxos documentais relativos a: fixação de alçadas decisó-
rias; classificação dos riscos e fixação de limites de crédito; solicitação de
garantias; cartas de crédito; aprovações especiais; etc.)
- Contabilidade (contendo a estrutura organizacional, a descrição do teor da
documentação e dos fluxos documentais relativos a: despesas do banco,
por categoria; receitas de intermediação, por categoria; receitas de tarifas,
por categoria de serviço; aquisição e alienação de terrenos, edifícios e e-
quipamento; preparação dos livros fiscais, por categoria; etc.)
- Tesouraria (contendo a estrutura organizacional, a descrição do teor da do-
cumentação e dos fluxos documentais relativos a: operações próprias de
compra e venda de títulos através da mesa de operações; administração
da carteira própria de títulos e moedas do banco; tomada de empréstimos
junto a outros bancos; empréstimos a outros bancos; compra e venda de
moeda estrangeira; etc.)
- Rotinas financeiras (contendo a descrição do teor da documentação e dos
fluxos documentais relativos a: abertura e fechamento de contas; compen-
sação; operações de caixa; procedimentos de pagamento; administração
de empréstimos; operações de Tesouraria; procedimentos contra a “lava-
gem” de dinheiro; etc.)
- Recursos humanos (contendo a estrutura do setor, assim como a descrição
da documentação e dos fluxos documentais relativos aos procedimentos
de: seleção e recrutamento de pessoas para o quadro do banco; afasta-
mento de funcionários; inclusão/exclusão de funcionários na folha de pa-
gamento; acompanhamento de desempenho dos funcionários; fixação de
87
te por um trader que lhe é subordinado até um limite de R$10 milhões/dia. Mas pode
exigir, por exemplo, que tenha a sua aprovação prévia a aquisição de títulos que ul-
trapassem aquele limite ou que envolva títulos que não sejam os previamente dis-
criminados entre os que têm mercados ativos.
♦ Reconciliações (controles detectores). São muito importantes numa insti-
tuição financeira para minimizar o risco operacional. As reconciliações são compara-
ções de registros independentes sobre os mesmos dados, buscando investigar as
diferenças e proceder às ações corretivas, quando necessárias. Elas devem, como é
óbvio, ser completas, abrangentes e precisas.
Tome-se, como exemplo, o caso do processamento de títulos numa mesa de
operações de Tesouraria. O banco precisa estar certo de que todas as transações
sejam realmente fechadas e processadas a contento, que os títulos sejam entregues
ao banco, no caso de uma compra, ou sejam enviados pelo banco ao comprador, no
caso de uma venda, e, finalmente, que o pagamento/recebimento seja realmente
realizado. Para verificar a precisão e a integralidade dos registros de transações e
fluxos de dados e recursos, as seguintes posições devem ser reconciliadas:
- Posição do front-office = posição do back-office. A reconciliação garante
que a transação tenha sido processada nos dois registros.
- Posição do back-office = saldo da conta títulos em carteira no livro razão
geral (no caso dos títulos pertencerem à carteira própria do banco).
- Soma de todas as compras de um certo título, conforme os registros do
back-office – a soma de todas as vendas desses tipos de títulos = soma dos
títulos na lista de entregas de títulos, na data determinada em que houve a
transação.
- Os pagamentos referentes às compras do título – recebimentos referentes
às vendas = incremento/redução do saldo da conta específica (no banco ou
no Banco Central).
Se todas as transações, como as que foram ilustradas anteriormente, estive-
rem em bancos de dados eletrônicos, como é usualmente o caso na maioria dos
bancos brasileiros, as reconciliações são feitas automaticamente, em termos diários
ou semanais. Porém, ao se tratar de transações especiais ou não repetitivas, as re-
conciliações são mais onerosas, porque geralmente não constam das transações
fechadas eletronicamente e envolvem pesquisas manuais de registros. Assim, nem
89
sempre são feitas com a periodicidade devida, o que pode abrir espaço para deter-
minados riscos.
Talvez não precisasse ser dito, mas um elemento necessário e crucial das re-
conciliações é a solução pronta das diferenças, que devem ser identificadas, investi-
gadas e explicadas. Se, por exemplo, uma despesa foi lançada incorretamente na
conta de um determinado departamento, então quem a aprovou deve explicar por-
que isso ocorreu. Após tal explicação, se satisfatória, cabe ao Contador/Controller do
banco sanar o lançamento errado, notificando a Auditoria Interna de seu procedi-
mento. As reconciliações devem sempre ser aprovadas pelos responsáveis dos de-
partamentos envolvidos nas transações.
♦ Segregação de tarefas (controle preventivo). As atribuições em relação à
realização de determinadas atividades são segregadas entre diferentes pessoas,
para reduzir o risco de erro, falha ou apropriação indébita. No caso, por exemplo, da
transação com um determinado título da carteira do banco, devem ser separadas as
responsabilidades de autorizar a transação (gestor de recursos), de registrar e con-
tabilizar (contabilidade) e de movimentar o título (custódia de títulos).
A necessidade da segregação de tarefas fica fácil quando se observa a cha-
mada cadeia de atividades que envolvem uma típica operação de compra/venda de
títulos, conforme a Figura 15.
Figura 15: Cadeia de Atividades numa Transação
responsáveis pela área financeira estejam baseando seus cálculos e decisões numa
informação errônea sobre a posição do banco. Assim, numa transação como essa, a
confirmação pela outra parte é considerada obrigatória para que ela tenha validade.
Pelo princípio da segregação de tarefas, quem ordenou a transação em nome do
banco não deve ser o mesmo indivíduo que recebe e confere a confirmação, antes
de validá-la.
33
As alternativas vão desde o uso de autorizações e credenciais específicas, até o uso de passes, senhas, códigos
de acesso, etc.
93
34
Embora todo banco tenha uma grande variedade de stockholders, entre os quais se encontram os acionistas
controladores, os acionistas minoritários, os clientes, os funcionários, os fornecedores, as autoridades governa-
mentais e a comunidade em geral, cabe à governança de cada banco definir quais dentre eles são os mais críticos
e importantes para o seu desenvolvimento e seu futuro, ou seja, os p.r. polares, já que o banco fixará objetivos e
estratégias para atendê-los prioritariamente. Embora a definição dos stockholders polares possa variar em fun-
ção do estado de cada banco e de sua percepção sobre o seu ambiente estratégico, é normal que os acionis-
tas/proprietários e os clientes sejam considerados polares.
94
e clientes desejam do banco? Que preferência dão a cada item do que desejam?
35
A literatura financeira e a de marketing, principalmente.
95
[RETORNO]
VA =
[INVESTIMENTO]
Já os requisitos de desempenho por parte dos clientes são, ao mesmo tempo,
de natureza comportamental e qualitativa (no quesito qualidade), como também fi-
nanceira e quantitativa (no quesito preço). Para dar uma natureza totalmente quanti-
tativa a esse valor para os clientes [VC], ele pode ser conceituado como:
[QUALIDADE]
VC =
[PREÇO]
Aqui a [QUALIDADE] deve ser entendida como uma medida composta pelas
medidas de todos os atributos desejados pelos clientes nos produtos do banco, pon-
derados pela intensidade ou importância que o cliente confere a cada um desses
atributos. Assim, por exemplo, se os clientes de um banco desejam os atributos:
conveniência, localização e atendimento, com as ponderações de 30%, 30% e 40%
e se o banco obteve (de 1 a 5) as notas de 4, 3 e 4, respectivamente, o valor que o
banco tem para os clientes será:
A relação entre [VA] e [VC] pode ser apresentada na curva da Figura 16,
que demonstra que há uma relação clara e quantitativa entre o valor para os acionis-
96
tas e o valor para o cliente, ou seja, o valor para os acionistas é uma função do valor
para o cliente.
Figura 16: Relação entre o Valor para o Cliente e o Valor para os Acionistas
36
Para uso, por exemplo, pelas autoridades governamentais e pelos investidores.
102
37
O grau de qualidade das demonstrações financeiras aqui referido é a ausência testada de falhas, erros ou
omissões, que permitiria ao Conselho de Administração e Fiscal, que são os responsáveis finais pelo banco,
atestar tal qualidade externamente, ao mercado ou às autoridades externas (Banco Central, Fisco ou CVM, por
exemplo)
104
finais e que eles usarão cada vez mais a internet. Dessa forma, os bancos devem se
preparar para adaptar constantemente os seus controles internos de TI, tendo em
vista essa tendência de processamento descentralizado, pois os requisitos básicos
de controle interno não devem se alterar, já que o banco precisa possuir uma TI que
lhe garanta eficiência nos custos, eficácia no processamento e continuidade em su-
as operações e níveis de serviço.
38
Na maior parte dos grandes bancos brasileiros essa periodicidade é mensal.
39
Uma operação também deve ser julgada, é claro, em função de sua rentabilidade, mas essa deve ser sempre
ponderada pelo seu risco específico. Jamais uma aprovação de crédito deve ser concedida tendo como critério
único a rentabilidade esperada, até porque ela pode perfeitamente jamais se realizar.
111
40
Se a complexidade técnica dessa avaliação exceder o limite de expertise dos responsáveis pelo controle inter-
no, eles devem se valer de consultores externos para auxiliá-los.
41
BIS – Bank of International Settlements, Principles of Management of Credit Risk, Basiléia, Setembro de
2000.
112
Capítulo 6 – QUESTÕES
1. Dentre as atividades de um banco estão as seguintes:
1.A. Fixação das metas de uma determinada agência, por produto
1.B. Verificação dos títulos de propriedade dos terrenos e edifícios
1.C. Aprovação do plano de carreiras
1.D. Análise do desempenho de uma determinada Superintendência Regional,
em termos de rentabilidade ponderada pelo risco (RAROC)
1.E. Teste pela auditoria interna do fluxo de documentos da Contabilidade
Assinalar dentre as atividades acima, as que não são de controle: __________
2. Um banco trabalha com um sistema de rating de crédito, segundo o qual a ca-
da cliente é conferida uma classificação em ordem crescente (de A a H).
Quanto mais alta a classificação de um cliente, menor seria o risco de perdas
com a concessão de crédito a esse cliente. Todo o processo de classificação
dos clientes, os critérios usados, a documentação a ser solicitada, as entrevis-
tas a serem feitas, etc. fazem parte de uma norma do banco. Na introdução
desse sistema, foram feitos diversos testes de validação. Todavia, após três
anos de sua introdução, a auditoria do banco está solicitando da Diretoria de
Crédito um levantamento de: (a) todas as propostas de crédito apresentadas
ao banco, que foram analisadas pelo sistema de rating, bem como todos os ra-
tings conferidos; (b) todos os défaults nas propostas de crédito, assinalando os
respectivos ratings. O Diretor de Crédito está se recusando a fazer tal levan-
tamento, apresentando ao Presidente e ao Conselho as seguintes razões:
“Todo o sistema de rating já foi testado exaustivamente, quando o introduzi-
mos no banco e fizemos a norma interna. Nos relatórios semestrais de ativi-
dades que preparo, eu faço um balanceamento (por grandes totais, é claro) de
todas as propostas de crédito, por tipo de operação. Porque eu deveria fazer
um novo levantamento? Se a Auditoria Interna assim o desejar, que ela própria
faça seu levantamento. Os meus arquivos estão à disposição deles.”
Sobre o tópico acima, podem ser feitas as seguintes afirmações:
2A – A Auditoria Interna não tem nada a ver com a questão do rating utilizado
na Diretoria de Crédito. Isso é um problema exclusivo de gestão e deve ser
discutido exclusivamente entre gestores (ou seja, o Presidente e o Diretor) e o
Conselho.
2B – A Auditoria Interna tem, sim, toda a autoridade para pedir o levantamento
à Diretoria de Crédito
2C – Se já foram feitos os testes de validação do sistema de rating e foi feita
uma norma interna que está sendo cumprida satisfatoriamente, não há por que
a Auditoria Interna solicitar tal levantamento
2D – A Auditoria Interna tem, sim, autoridade para fazer um levantamento com
as características do solicitado, mas não tem autoridade para pedir que a Dire-
toria de Crédito o faça.
2E – Só o Conselho pode pedir um levantamento como o discutido, já que ele
é o órgão máximo da governança corporativa.
Sobre as afirmações acima, escolha a que lhe parecer a mais correta e faça
uma breve justificação (10 linhas) das razões de sua escolha.
ATIVIDADES CLASSIF.
Verificação do estado de conservação dos móveis e utensílios utili-
zados numa determinada agência do banco
Verificação, nessa mesma agência, da aplicação da norma relativa
às admissões e demissões de pessoal
Análise, nessa mesma agência, do cumprimento de suas metas de
empréstimos consignados e de captação de depósitos a prazo e
poupança
Verificação, nessa mesma agência, da procedência das queixas
dos funcionários a respeito de “quedas contínuas no sistema”
Verificação, nessa mesma agência, da procedência de uma denún-
cia contra o Gerente de assédio sexual
Análise por entrevista estruturada (usando um questionário previa-
mente definido) de uma amostra de 20 clientes para verificar o seu
grau de satisfação com os serviços do banco
Análise por entrevista estruturada (usando um questionário previa-
mente definido) de uma amostra de 10 clientes que já haviam ope-
rado com o banco mas que se afastaram
Verificação do pagamento dos tributos municipais incidentes sobre
o dois imóveis do banco utilizados pela agência, que, de acordo
com as normas do banco, devem ser pagos diretamente por ela
Análise por entrevista estruturada (usando um questionário previa-
mente definido) de uma amostra de 20 funcionários, para verificar o
seu grau de motivação
Auditoria por amostragem nos pagamentos diretos feitos pela a-
gência nos últimos 3 meses para verificar se os comprovantes e
demais documentos foram feitos de acordo com a norma do banco
sobre o assunto
Análise das fichas funcionais dos funcionários da agência para veri-
ficar a sua formação, experiência, tempo de banco, etc.
Análise do orçamento da agência e verificação do seu índice de
rentabilidade, em que são comparados seus custos com as receitas
obtidas através: (a) das tarifas sobre serviços; (b) dos produtos
bancários.
42
O Banco Central, através da Resolução 2.554, de 24/09/98, exige explicitamente que os bancos tenham con-
troles internos e que “atender a Res. 2554 é enquadrar a instituição em todos os regulamentos internos e exter-
nos e formalizar os controles internos de processos, produtos e pessoas”.
115
ria Executiva devem participar diretamente dessa estratégia, começando por conhe-
cer e entender o escopo e as implicações do arcabouço dos dispositivos legais que
se aplicam às atividades bancárias. Cabe à governança corporativa o estabeleci-
mento de um sistema de gestão e controle do compliance, que não somente proteja
o banco, mas que também use os recursos efetivamente e minimize as perdas de
recursos em multas, litígios, etc., assim como de tempo, atendendo à fiscalização ou
a demandas de informações.
Como já foi dito anteriormente, para fazer com que o compliance seja efetivo
dentro do banco, o Conselho de Administração deve conferir a esse objetivo uma
elevada prioridade. Só essa prioridade vai assegurar que os Diretores Executivos
participem ativamente do desenvolvimento e da manutenção do programa de com-
pliance, designando recursos e pessoal qualificado para que o programa seja ade-
quadamente implantado e gerido no banco.
Como a participação dos gestores de todos os níveis é vital para o sucesso
do programa de compliance, sem uma firme disposição da alta administração do
banco, ou seja, do Conselho e da Diretoria Executiva, todo o sistema de gestão e
controle do compliance perde força e a maior parte de sua importância interna. As-
sim sendo, devem demonstrar que efetivamente o consideram relevante, revendo
periodicamente a efetividade do sistema de gestão e controle de compliance. É claro
que nessas revisões, além dos relatórios executivos, devem ser discutidos os relató-
rios do controle, que identificam as carências da gestão do compliance e apontam as
necessárias modificações ou inclusões que são devidas às mudanças nas leis, regu-
lamentos ou diretrizes de política bancária. Respostas rápidas e competentes por
parte dos gestores às carências e mudanças apontadas pelo controle constituem a
medida mais importante da efetividade do sistema.
O Programa de Compliance
Como foi dito anteriormente, o programa de compliance é constituído pelas
políticas e procedimentos que o banco utiliza para designar, autorizar, guiar, treinar e
desenvolver os seus executivos e funcionários para o atendimento das leis e regu-
lamentos de qualquer natureza que se aplicam às atividades bancárias. Um progra-
ma bem planejado, implementado e controlado é a sustentação básica da “garantia
razoável” que o banco deve ter em relação ao risco de no-compliance.
O programa de compliance deve ser adaptado à estrutura organizacional, ao
116
e o prazo para seu cumprimento. As políticas e procedimentos devem dar aos encar-
regados pelo cumprimento das leis e regulamentos toda a informação de que preci-
sam para um trabalho adequado. Essas informações podem incluir definições e cita-
ções definidas pelas normas legais, formulários, instruções e, quando necessário,
orientações para o encaminhamento, revisão, retenção, registro (e, eventualmente, a
destruição) de documentos relativos à transação que foi objeto da norma legal.
Para orientação dos gestores, os procedimentos de compliance devem tam-
bém incluir duas informações essenciais:
- Quais serão as rotinas e documentos que serão objeto do controle do
compliance?
- Qual(is) é(são) a(s) área(s) do banco (ou fora dele) que o gestor deverá
consultar, quando precisar de esclarecimentos sobre uma norma legal ou
sobre a forma pela qual ela deve ser cumprida?
No primeiro caso, a informação deve ser dada porque cada gestor sempre
deve e tem o direito de saber como e em função de que seu trabalho será controla-
do. No segundo caso, a informação deve ser dada, já que não se pode esperar que
os gestores sejam especialistas na interpretação das leis e regulamentos. Normal-
mente, é uma área de assessoria do banco que deve ter tal expertise e também ex-
clusividade na determinação da particular forma de interpretar e cumprir uma norma
legal43.
A estruturação organizacional da função do compliance, bem como o conjunto
de todas as normas de política e/ou procedimentos de compliance do banco, consti-
tuem o Manual de Compliance. Cada gestor de compliance do banco deve ter aces-
so a esse Manual, pelo menos na parte referente às suas responsabilidades. Não
precisaria ser ressaltado que esse Manual – que hoje se encontra na forma eletrôni-
ca na maior parte dos bancos – deve estar permanente e perfeitamente atualizado,
tendo em vista a dinâmica de nossa legislação e a necessidade contínua de efetuar
incorporações, revisões, reinterpretações, etc. E é também essa dinamicidade de
nossa legislação sobre o banking – que é quase uma turbulência – que vai tornar
imperativa uma contínua preparação, treinamento e reciclagem dos encarregados
diretos do compliance.
43
Essa área de especialistas e consultores internos normalmente é o Departamento Jurídico do conglomerado,
que, usualmente, se encontra entre as funções centralizadas na Holding.
118
A partir das determinações sobre o cumprimento de cada norma legal, cabe aos
controles internos verificar:
- Se a área encarregada de executá-la em nome do banco foi comunica-
da devidamente a respeito e tem um adequado conhecimento sobre a
forma pela qual deve agir para cumpri-la;
- As atividades que estão sendo executadas com a finalidade de cumprir
a norma e se esse processo interno está perfeitamente claro e documen-
tado, especialmente quando envolve pagamentos ou recolhimentos;
- Se o cumprimento da norma fica satisfatoriamente atendido e compro-
vado através das operações e documentos gerados pelas atividades em-
pregadas em seu cumprimento;
- Como os comprovantes de cumprimento da norma são gerados, classi-
ficados e registrados;
- Os riscos envolvidos no cumprimento da norma, tais como os riscos de
44
Dependendo do ambiente ou “clima” de controle dentro do banco, a reação humana aos controles nem sempre
é de compreensão e colaboração, mas sim de resistência, indiferença e até de aberta oposição.
120
45
Alguns especialistas acreditam que essa cifra esteja grosseiramente subestimada e colocam o volume de recur-
sos ilícitos movimentados anualmente na ordem de US$800 bilhões a US$2 trilhões (vide Naim, M, Ilícito, Jorge
Zahar Editor, 2005).
122
verificar a real procedência dos seus fundos, foi e continua sendo, por certo, um
grande facilitador e incentivador desse crime,
No Brasil, o COAF procura centralizar todas as informações, denúncias e in-
vestigações a respeito de lavagem de dinheiro.
Pela Lei 9.613, os bancos, assim como as corretoras de valores, bolsas, imo-
biliárias e outras organizações46, são obrigadas a:
- Identificar, adequadamente, seus clientes e manter seu cadastro atualiza-
do;
- Manter registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títu-
los e valores mobiliários, títulos de crédito ou qualquer ativo passível de
ser convertido em dinheiro, que ultrapassar o limite fixado pela autoridade
competente (COAF).
- Deverão atender às demandas de informações sobre seus clientes e tran-
sações.
Além disso, os bancos (e outras entidades alcançadas pela Lei) deverão:
- Dar especial atenção às operações que tenham indícios de crime de lava-
gem de dinheiro ou ter alguma relação com esse crime.
- Comunicar essas operações às autoridades no prazo de 24 horas, sem
disso dar ciência aos clientes, mormente às transações que ultrapassem
os limites fixados pelas autoridades.
- Juntar à comunicação acima a identificação e o cadastro dos clientes en-
volvidos nas operações informadas.
Se não houver o devido compliance em relação aos dispositivos de lei acima
mencionados, os bancos envolvidos ficam, por lei, sujeitos a diversos tipos de pena-
lidades, que vão desde simples advertências até a cassação total da autorização de
funcionamento, passando por multas pecuniárias. Mas essas não são as únicas per-
das que podem ocorrer pelo risco de non-compliance. O risco reputacional também
está presente, isto é, o risco de perdas potenciais derivadas de uma perda de confi-
ança e de imagem em relação aos clientes (íntegros) e a outras instituições do sis-
46
A Lei 9613 alcança todas “as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como ativi-
dade principal ou acessória, cumulativamente ou não: I - a captação, intermediação e aplicação de recursos
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira; II – a compra e venda de moeda estrangeira ou
ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial; III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negocia-
ção, intermediação ou administração de títulos ou valores mobiliários”.
123
47
Há, hoje, no mundo, um grande número desses softwares em uso em organizações bancárias de todos os por-
tes.
48
Citando a lei: “Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangei-
ra, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, constru-
ção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços. ... § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclu-
125
que estão fazendo com o banco, tais como taxas, emolumentos, condi-
ções de pagamento, garantias, etc.;
- Prestar aos clientes todas as informações solicitadas sobre suas opera-
ções e responder tempestivamente às consultas realizadas;
- Colocar à disposição dos clientes toda a documentação pertinente às ope-
rações realizadas com o banco, tais como: cópias de contratos, recibos,
comprovantes de pagamento, etc.;
- Expor claramente em lugar visível e de fácil acesso todos as tarifas cobra-
das pelos serviços bancários, de qualquer natureza;
- Dar cumprimento a toda informação ou publicidade que veicularem, por
qualquer forma ou meio de comunicação, referente a contratos, operações
e serviços oferecidos ou prestados, que devem inclusive constar de quais-
quer contratos que vierem a ser celebrados;
- Comprovar a veracidade e a exatidão da informação divulgada ou da pu-
blicidade por elas patrocinada, inclusive por solicitação dos clientes ou u-
suários, sendo-lhes proibida a veiculação de qualquer publicidade engano-
sa. Será considerada enganosa qualquer modalidade de informação ou
comunicação capaz de induzir a erro o cliente ou o usuário, a respeito da
natureza, características, riscos, taxas, comissões, tarifas ou qualquer ou-
tra forma de remuneração, prazos, tributação e quaisquer outros dados re-
ferentes a contratos, operações ou serviços oferecidos ou prestados;
- Possibilitar a liquidação antecipada de qualquer operação de crédito, com
o abatimento dos juros correspondentes;
- Dar atendimento prioritário a pessoas idosas, grávidas ou portadoras de
deficiências físicas, assim como dar plena assistência e possibilitar que
portadores de deficiências físicas tenham acesso às suas agências e ser-
viços através de atendimento especial.
A despeito da aparente severidade das cláusulas acima, os bancos nunca
tiveram muita dificuldade de se “acomodar” a elas, especialmente quando sabem
que o Banco Central do Brasil não é um órgão adaptado para fiscalizar sua execu-
ção, mormente no que tange às pessoas físicas. Na verdade, o que os bancos sem-
sive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista”.
126
pre temeram foi a aplicação integral do Código de Defesa do Consumidor aos seus
produtos e operações, especialmente aos seus contratos de empréstimo49. Como
isso já foi resolvido de forma definitiva em recentes decisões do STF (ocorridas ain-
da no ano de 2006), ou seja, todas as cláusulas do CDC se aplicam aos bancos,
caberia a esses um novo entendimento de suas relações com os clientes e dos no-
vos riscos envolvidos em suas transações. Todavia, não é isso que está acontecen-
do no geral, se os pronunciamentos da FEBRABAN (Federação Brasileira de Ban-
cos) valem para se ter tal idéia. Segundo essa entidade, após a decisão do STF de
2006, “nada mudou nos relacionamentos dos bancos brasileiros com os seus
clientes (destaque nosso), pois sempre reconhecemos os seus direitos”.
Acreditar que nada tenha mudado é em si uma situação de risco, pois está
expondo os bancos aos riscos legais, ainda não muito conhecidos, de non-
compliance em relação ao CDC. Cada banco deverá estabelecer a sua política e
seus procedimentos específicos em relação a essa nova dimensão do risco de com-
pliance.
49
O grande problema seria a aplicação da norma constitucional de juros máximos de 12% aa.
50
Cuja versão mais atualizada foi publicada em junho/2006..
127
No que tange aos riscos de crédito, a adequação dos bancos à nova regra de
provisionamento sobre eles, ao longo dos últimos dois anos criou bases para imple-
mentação da filosofia de risco de crédito proposta no Basiléia 2. No entanto, ainda é
cedo para permitir que os sistemas de classificação de risco de crédito adotados pe-
los bancos atualmente sejam utilizados como referência para calcular o capital mí-
nimo exigido para fazer frente aos empréstimos concedidos. O Banco Central terá
que dar sua autorização prévia a esses sistemas de classificação. Desde 2005, o
Banco Central já vem fazendo uma análise dos critérios utilizados pelas instituições,
mas, como a avaliação deverá ser feita individualmente, demandará mais tempo pa-
ra ser concluída. Além disso, o BACEN vem aprimorando a qualidade das informa-
ções recebidas na Central de Risco de Crédito.
Entretanto, ao que parece, a adoção do novo conceito de risco operacional
exigirá um tempo ainda maior para os bancos brasileiros se adequarem51, enfatizan-
do a importância de eficazes sistemas de controles internos dos bancos a fim de mi-
nimizar esses riscos, conforme ficou estipulado na Resolução 3.380 de 29/06/06.
Compliance Interno
Como foi dito anteriormente, há num banco um grande número de normas
que dizem respeito a estratégias, políticas, regulamentos internos, autorizações, de-
signações, procedimentos de trabalho, etc., que têm origem nas autoridades da or-
ganização. Em função do nível da autoridade signatária da norma, suas diretrizes
podem ter validade para o banco como um todo ou apenas para uma unidade admi-
nistrativa. Todas as normas do banco devem fazer parte do Manual de Administra-
ção. Essas normas têm grande importância porque, segundo levantamentos feitos
em bancos dos EUA, as grandes “surpresas” que redundaram em perdas operacio-
nais e financeiras significativas foram, na sua maior parte (53%), devidas a decisões
e atividades que estavam em desacordo (non-compliance) com as normas internas
de políticas e procedimentos. As linhas gerais dos controles e procedimentos do
compliance interno são muito semelhantes às do compliance externo e já foram vis-
tas acima (vide o tópico Normatização e Documentação no Capítulo anterior).
51
Conforme o cronograma estabelecido no Comunicado do BC no 12.746, a adoção integral de BII no Brasil
deverá aguardar até 2.011.
128
Capítulo 7 – QUESTÕES
(Para responder, além de ler o texto do Capítulo 7, leia também o Apêndice 3)
1. Num determinado banco, verificou-se que o montante de suas operações su-
jeitas a risco de crédito montam a R$2,8 bilhões. Qual seria o montante de ca-
pital mínimo do nível 1 e 2 que seria necessário para cobrir o risco de crédito
dessas operações. Aponte a alternativa mais correta:
1.A. R$112 milhões só de capital do nível 1
1.B. R$224 milhões só de capital do nível 1
1.C. R$224 milhões, sendo R$112 milhões de capital do nível e o resto do ní-
vel 2
1.D. R$112 milhões de capital do nível 1 e R$112 milhões de capital do nível 3
1.E. R$112 milhões de capital do nível 2 e mais R$112 milhões de capital do
nível 3
2. Completar corretamente: A lavagem de dinheiro é um crime, segundo o qual
recursos provenientes de atividades _____________________ são transfor-
mados em _________________________, os quais aparentemente teriam
uma origem _________________.
3. Uma Fundação beneficente recebeu uma doação no valor de R$1 milhão, de
um doador oculto e os aplicou no tratamento de crianças pobres com câncer.
Descobriu, posteriormente, que a doação havia sido feita por um traficante.
Examine as afirmações abaixo, perante os dispositivos da Lei 9.613/98:
3.A. Nada a ver. A lei aplica-se somente aos bancos.
3.B. Ela estaria incorrendo em crime de dissimulação, se não denunciasse a
doação como de origem criminosa.
3.C. A lei aplica-se a muitos tipos de instituições e empresas, mas não a Fun-
dações beneficentes.
3.D. Não ocorreu qualquer lavagem de dinheiro, já que o traficante não foi be-
neficiado pelo trabalho da Fundação.
3.E. Nenhuma das alternativas acima.
Aponte a(s) alternativa(s) mais correta(s):_______________________
4. Quais das seguintes atividades não são de controle de compliance:
4.A. O recolhimento de um tributo municipal pelo supervisor administrativo de
uma agência.
4.B. A verificação dos comprovantes de pagamento pelo Gerente dessa a-
gência.
4.C. A auditoria interna financeira dessa agência, que, entre outros levanta-
mentos, verificou os pagamentos dos tributos municipais feitos direta-
mente
4.D. O exame feito pela Controladoria do banco de todos os pagamentos fei-
tos diretamente pelas agências.
4.E. Nenhuma das alternativas acima.
Aponte a(s) alternativa(s) mais correta(s):_______________________
5. Num Manual de Compliance, verificou-se que uma norma interna que fixava o
procedimento para cumprir determinada norma legal previdenciária havia sido
redigida de forma errônea. Na redação dessa norma tinham trabalhado os as-
sessores do Diretor de Controles Internos do banco e a Contabilidade, com
subsídios provenientes da Diretoria Jurídica. Os pagamentos à Previdência fo-
129
ram feitos pela Diretoria Financeira, que é o diretor executivo encarregado pela
movimentação financeira dos recursos do banco.O Presidente do Banco quer
saber quem é o responsável pelo problema que levou o banco a ter um prejuí-
zo de R$5 milhões.
Examine as seguintes afirmações:
5.A. Quem faz o pagamento (o Diretor Financeiro) é o responsável, pois todo
pagamento deve ser examinado quanto ao seu fundamento e legitimida-
de.
5.B. Quem dá a orientação quanto à forma exata de interpretar as normas le-
gais e fazer os pagamentos devidos é a Diretoria Jurídica. Ela, pois, é a
responsável. A Diretoria de Controles Internos somente redigiu a norma.
5.C. A Contabilidade é que deve cuidar da preparação das demonstrações fi-
nanceiras e da correta documentação do contas a pagar, incluindo os tri-
butos e as despesas previdenciárias. Logo, ela é a responsável direta pe-
lo erro cometido.
5.D. O erro é de todos, porque é um erro de organização. Diversas pessoas e
autoridades estão “metendo a colher numa mesma sopa”, como se cos-
tuma dizer. É inevitável, assim, que haja erros. Todo o trabalho de nor-
matização, preparação e pagamento deveria ser feito numa mesma área
executiva, sob um mesmo dirigente, que ficaria sendo o único responsá-
vel.
5.E. O Presidente é o responsável, já que é o superior (logo o responsável)
por todas as Diretorias Executivas envolvidas no erro.
Discuta brevemente as alternativas acima e selecione a(s) que lhe parecer(em)
mais correta(s).
6. Alguns bancos brasileiros estão praticando uma estratégia de longo prazo em
suas agências, que é a operação casada de vender o imóvel da agência que é
propriedade do banco e, simultaneamente, fazer o seu aluguel por um período
de 5 a 10 anos. Do ponto de vista do Basiléia I:
6.A. É uma operação que visa liberar ou economizar capital mínimo (próprio)
para as instituições que o praticam.
6.B. É meramente uma operação de preparação para o dia inevitável em que
as agências não terão mais função, já que todas (ou a maior parte) as
operações bancárias serão conduzidas pela Internet.
6.C. É que hoje os aluguéis estão muito baratos nas grandes cidades do Bra-
sil, especialmente quando comparados com o custo do dinheiro.
6.D. É que o produto da venda, quando aplicado no mercado financeiro, dá
um resultado muito maior que o custo do aluguel da agência.
6.E. Nada a ver com o Basiléia I.
Aponte a(s) alternativa(s) mais correta(s):_______________________
7. Uma determinada norma tributária foi alterada, incrementando o imposto sobre
uma determinada operação bancária. Preencha a frase, a seguir, da forma
que lhe parecer mais correta: O acompanhamento das normas legais deve ser
feito pelo órgão ________________________________ com a assessoria
do Departamento Jurídico do banco.
130
Capítulo 8 - COMUNICAÇÃO
Como já foi demonstrado anteriormente, um dos principais recursos de um
banco é a informação. Mas a informação só pode ser utilizada se for comunicada de
forma efetiva. A comunicação é a troca de informações úteis entre as pessoas que
colaboram numa organização. Na verdade, a comunicação é como uma argamassa
que une as diversas partes de uma empresa, pois, sem ela, não poderia haver a
divisão de trabalho entre áreas funcionais, departamentos, divisões e órgãos que
caracterizam qualquer empresa que não seja constituída de uma única pessoa. É
através da comunicação que os administradores e os demais funcionários obtêm as
informações de que necessitam para cumprir suas responsabilidades. O setor
bancário de negócios é um dos que mais dependem da comunicação, já que não
seria possível, por exemplo, manter uma rede de agências sem um efetivo sistema
de comunicação. Por outro lado, num banco, a comunicação com os clientes,
fornecedores, autoridades governamentais, supervisores e o público em geral é
também essencial para atingir os seus objetivos. Assim, a comunicação interna e
externa é um dos componentes do controle interno, conforme é demonstrado na
Figura 18.
Figura 18: A Comunicação como Elemento do Controle Interno
131
Capítulo 8 – QUESTÕES
1. O supervisor de um determinado departamento do banco disse o seguinte:
“Não aceito e não posso aceitar tal medida porque ela não me foi comunicada
com a devida antecedência. Como posso preparar meu departamento para
cumprir tal medida se só tal trabalho levaria no mínimo duas semanas e eu re-
cebi a nova norma apenas a 10 dias”. Examine as seguintes afirmações:
1.A. Houve um erro de comunicação com o departamento
1.B. Houve um erro de confecção da norma
1.C. Não houve erro algum, nem na norma, nem na comunicação. As alega-
ções para o não-cumprimento sempre são relativas ao “prazo curto” para
cumpri-la
1.D. A alegação do supervisor deveria ser investigada pelo controle interno pa-
ra verificar a sua veracidade
1.E. Se a alegação do supervisor for correta (deve ser investigada), o fato ale-
gado estaria demonstrando, se for geral, um sério problema de comuni-
cação dentro do banco e isso deveria ser verificado em maior profundi-
dade.
2. Um Auditor Interno fez, recentemente, a seguinte observação num relatório ao
Conselho de Administração:
“Examinamos todos os canais de comunicação do banco com os nossos clien-
tes e acionistas e verificamos que simplesmente não falamos a respeito de
nossas atividades em benefício da sociedade em geral. Neste momento, em
que se fala insistentemente em responsabilidade social e que os bancos estão
sendo severamente criticados por lucros excessivos, cremos que deveríamos
dar mais ênfase em nossas comunicações sobre o tema, até porque temos
sobre o que falar, com nossas iniciativas de conceder 1.000 bolsas de estudo
no programa “Vá para a Universidade”; a nossa doação que está construindo
um hospital para crianças com AIDS na Bahia; o nosso programa de alimenta-
ção para gestantes e crianças com menos de 5 anos em Alagoas, etc.” Sobre
a observação do Auditor, foram feitas as seguintes afirmações:
2.A. Falar ou não com clientes e acionistas sobre qualquer tema não é um
problema do controle interno
2.B. Se um banco fala sobre a responsabilidade social, quando está tendo o
que o Auditor chamou de “lucros excessivos” a comunicação poderia ser
contraproducente, isto é, projetaria uma imagem de hipocrisia altamente
desfavorável
2.C. O problema em questão é também de controle interno e o pronunciamen-
to do Auditor é absolutamente legítimo
2.D. Um Auditor só deveria se pronunciar sobre a qualidade das demonstra-
ções financeiras. Essa é a sua função, exclusivamente.
2.E. Não devem ser feitas comunicações a respeito de responsabilidade soci-
al. A discrição aqui é fundamental. Faz-se o bem e não se precisa apre-
goar isso. A melhor caridade é aquela que é prestada anonimamente.
Escolha sua opção e faça uma breve justificativa (10 linhas).
3. Foi dito anteriormente que o controle interno deve verificar se os canais de
comunicação:
“Estão fazendo com que os níveis superiores da hierarquia do banco estejam
134
Capítulo 9 - MONITORAMENTO
52
Aqui há alguma inconsistência, já que a Auditoria Interna é ela própria um órgão de controle interno que deve
ser avaliado. Em geral, o Conselho baseia-se também nos informes da Supervisão Bancária, os quais, embora
sejam confidenciais e privativos do Banco Central, têm algumas partes deles levadas ao conhecimento da alta
administração do banco. Outra fonte de avaliação dos controles internos pode ser buscada junto à Auditoria
Externa e a consultores especialmente contratados para esse fim.
137
técnico especializado é fundamental. Mas deve ser ressaltado que esse conheci-
mento deve estar sempre associado à capacidade desses executivos de liderar e
motivar pessoas, pois essa é verdadeiramente a parte crucial de suas atividades.
♦ Conselho de Administração: é o órgão fundamental da governança cor-
porativa do banco e, como tal, exerce o poder de controle no nível mais alto da or-
ganização. É, pois, de sua inteira responsabilidade assegurar aos acionistas e de-
mais participantes importantes que o banco está cumprindo os objetivos e metas
estipulados e que a integralidade dos elementos do controle interno e seus órgãos
estão funcionando adequadamente. A própria efetividade da governança corporativa
e do Conselho depende da efetividade do controle interno, já que cabe ao Conselho
acompanhar e aprovar as decisões de gestão de recursos realizado pelos Diretores
Executivos. Sem um controle interno efetivo e independente a governança sim-
plesmente não teria como fazê-lo.
Assim, os relatórios de acompanhamento e monitoramento realizados pelos
órgãos do controle interno, tais como o Controles Internos, a Controladoria ou a Au-
ditoria Interna (ou por consultores especializados), devem ser cuidadosamente exa-
minados e avaliados pelo Conselho, que deve, inclusive, ter um follow-up próprio
para acompanhar a implantação de medidas de correção e/ou aperfeiçoamento que
devam ser tomadas.
sam internamente uma série de problemas, tais como burocracia excessiva, autori-
zações desnecessárias, interferências indevidas, etc. (vide Tabela 5). A Figura 20
mostra o necessário equilíbrio que deve haver entre os riscos e os controles.
Figura 20: O Necessário Equilíbrio entre Riscos e Controles
RISCOS CONTROLES
Capítulo 9 – QUESTÕES
BIBLIOGRAFIA
Legislação Citada:
ele uma meta de “atingir 23% de retorno sobre o capital aplicado”, por exemplo, ou a
meta de “conseguir um alto nível de satisfação”. Os objetivos e metas somente têm
sentido para as pessoas quando:
- São expressas em termos operacionais para elas, ou seja, em termos
de ações e resultados dentro de sua esfera de atividades.
- As pessoas podem, de alguma forma, afetar ou influenciar o resultado
esperado.
- Os resultados podem ser facilmente medidos através de métricas e
métodos claros, objetivos e pouco sujeitos a discussões e interpretações.
♦ Os objetivos e metas devem ser aceitos. Para gerar uma resposta
construtiva através dos controles, o critério básico é fazer com eles sejam aceitos
pelas pessoas controladas. Os controles podem ser aceitos, se eles forem justifi-
cáveis e houver uma variedade de razões para isso. A pessoa que os aceita pode
acreditar que eles sejam relevantes para seu trabalho; pela consideração e res-
peito com que deseja que seu trabalho seja visto por outros, mormente seus su-
periores; pelo entendimento da sua validade ou importância; pelo desafio profis-
sional que ele apresenta para seu desenvolvimento; etc. Qualquer que seja a ori-
gem e o reforço, a aceitação psicológica dos controles é um pré-requisito para o
sucesso de qualquer controle. Sem essa aceitação, é sabido que os controles
despertam ansiedade, frustração, evasão, manipulação de resultados e relatórios,
“passar a bola para outros” e outras reações menos desejáveis.
♦ A participação gera compreensão e aceitação. A participação na for-
mulação dos objetivos e metas de uma organização é amplamente aceita como
um dos melhores métodos para garantir a sua aceitação e há uma grande base
de estudos e experiências práticas que demonstram isso. A participação, na ver-
dade, é vital para: (a) desenvolver uma compreensão mútua controla-
dor/controlado sobre o propósito dos controles e os mecanismos específicos utili-
zados; (b) traduzir os grandes objetivos e metas da organização em objetivos e
metas que tenham significado e sejam operacionais para as pessoas que estão
sendo controladas e (c) na fixação de padrões de desempenho válidos. Essas são
áreas em que os controlados podem dar uma contribuição importante na formula-
ção dos controles e, tendo participado da sua elaboração, entendem-nos e acei-
tam-nos mais facilmente.
145
♦ Metas e padrões que motivam. Por outro lado, há metas e padrões que
motivam. Quais são as condições ou situações que devem ser criadas para que eles
funcionem? Metas e padrões rigorosos somente irão motivar os indivíduos se alguns
requisitos estiverem presentes. Em primeiro lugar, as pessoas envolvidas devem
sentir que o alvo é possível de ser atingido com um esforço razoável. Mas, para ge-
rar a determinação de fazer, é preciso que ela tenha uma convicção pessoal de que
há uma chance de sucesso mais do que razoável de que poderá atingir a meta colo-
cada.
ções que procuram se “desburocratizar”, a regra é uma só: cada posto de trabalho
deve estar submetido a apenas um reduzido número de metas e controles. Todos os
controles a respeito de aspectos menores e menos importantes devem ser elimina-
dos ou reduzidos em suas exigências. Isso pode parecer um contra-senso para os
partidários do controle absoluto, mas é simplesmente a aplicação da regra básica de
custo-benefício, que deve presidir a construção de qualquer sistema de controles e
qualquer controle dentro desse sistema: os benefícios esperados com tais controles
realmente superam os seus custos?
Em conclusão, deve ficar claro aos que criam, implantam e mantêm o controle
interno, que as reações humanas das pessoas controladas devem ser um elemento
importante a ser levado em consideração, se se pretende que os controles sejam
efetivos.
149
53
Além dos próprios agentes de controle (auditores, officers de controle interno e compliance, etc.), as questões
podem ser respondidas por funcionários, supervisores ou gerentes da agência. Na verdade, a utilização ideal dos
questionários diz respeito à sua resposta pelos administradores e sua verificação pelos agentes de controle.
152
CONTROLES INTERNOS
RISCOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9
A NA P NA NA S NA NA S NA
B P NA S S NA 6 NA NA S
C S NA P NA S NA S NA T
D NA T NA NA P NA NA T NA
E S NA S NA NA P NA NA P
F NA S NA NA S NA P NA NA
G T NA T T T T NA P NA
H NA T NA T NA NA T NA NA
- Cada controle interno foi criado para fazer face a um risco específico, as-
sim, na matriz, para cada risco há pelo menos um controle do tipo P. Por e-
xemplo, para o risco C, o controle interno primário é o 3.
- Pode haver mais do que um controle primário para determinados riscos re-
levantes. Assim, para o risco E, foram formulados dois controles internos, o 6
e o 9.
154
Uma matriz de riscos como a acima foi estruturada para uma área específica de
atividades do banco (vide a Tabela 2, como ilustração). Nessa matriz constam:
54
A maior parte das reconciliações bancárias, que eram manuais, foram substituídas por reconciliações automá-
ticas via sistemas de TI.
155
A consolidação das matrizes de risco, como a da Tabela 2 (que pode ser feita
por níveis crescentes de agregação, tais como áreas de negócio, regionais, diretori-
as, etc.), permite determinar a chamada robustez e profundidade dos controles inter-
nos do banco, assim como fazer estudos de custos/benefícios e redundâncias sobre
o controle interno.
156
indubitável, que os riscos bancários devem ser continuamente fiscalizados pelos go-
vernos dos países para evitar o risco sistêmico que eles geram e que deveria haver
um patamar mínimo de capital próprio nas instituições financeiras para que elas pu-
dessem se proteger contra perdas inesperadas. Essas medidas garantem os deposi-
tantes, os investidores e o próprio sistema financeiro nacional e internacional.
As críticas ao Primeiro Acordo de Basiléia levaram à sua evolução, que se
consubstanciou no Adendo ou Emenda de 1996 e, finalmente, no Segundo Acordo,
promulgado em 2004, após um processo extremamente abrangente de consultas.
Esse Acordo, cujo último documento (ou atualização) foi publicado em junho de
2006, pretende fazer com que as mensurações de capital sejam mais qualificadas e
tenham mais sensibilidade ao risco real das exposições, além de detalhar e quantifi-
car um número maior de categorias de risco.
55
Tanto ativos registrados diretamente nas contas de balanço (on-balance sheet), tais como os empréstimos, ou
em contas suplementares (off-balance sheet), tais como as garantias prestadas pelo banco.
159
R1, R2, R3, ..., Rn = riscos respectivos dos ativos A1, A2, A3, ..., An
Assim, tem-se:
APR = [(A1*R1)+(A2*R2)+(A3*R3)+...+(An*Rn)] / (R1+R2+R3+ ...+Rn)
CMR = 8%*APR
QCP = Capital Próprio/APR >= 8%
Na Tabela abaixo, estão alguns dos pesos estipulados por Basiléia I para cálculo
do ativo ponderado pelo risco (APR) dos bancos.
56
Sempre levando em consideração que são as autoridades bancárias de cada país que implementam as exigên-
cias, através de leis e regulamentos com âmbito nacional. Todavia, a prática bancária internacional demonstra
que, por pressão do mercado, os Acordos acabam por se tornar obrigatórios.
160
tipulado nesse Adendo, ou usar o seu próprio modelo interno de avaliação (Internal
Model Approach ou IMA).
O Adendo distinguia duas categorias de ativos bancários: os do livro57 comer-
cial ou de títulos mobiliários em carteira (trading book) e os do livro bancário (ban-
king book). O livro comercial representa a carteira do banco investida em títulos mo-
biliários ou instrumentos financeiros, que são mantidos com a finalidade de obter
ganhos com a revenda ou com a renda auferida durante o período de retenção. Tais
títulos devem ser registrados na contabilidade pelo seu valor de mercado (marked to
market). Já o livro bancário consiste em outros tipos de direitos ou contratos finan-
ceiros do banco, mormente empréstimos, que, em grande parte, são mantidos no
banco até a sua liquidação final. A contabilização do livro bancário é feita na base do
custo histórico original.
O Adendo de 1996 adicionou requisitos de capital mínimo para: (a) cobrir o
risco de mercado do trading book; (b) cobrir o risco cambial e o risco de variação dos
preços das mercadorias (commodities risk), quando o empréstimo, por exemplo, fos-
se feito em moeda estrangeiras, ou fosse indexado a índices de Bolsas de Mercado-
rias. Em compensação, das exigências de capital mínimo anteriores, foram excluídas
as que eram provenientes de ações, títulos de empréstimo e posições em mercado-
rias. Como já era feito, foi exigido que houvesse inclusão de todos os títulos derivati-
vos, quer fossem de mercado ou especiais, quer estivessem no trading book ou no
banking book.
57
Vide o significado do termo LIVRO no Glossário.
161
58
Essa é evidentemente uma “conta de chegar”, que o próprio Comitê de Basiléia considera bastante imprecisa e
sujeita a um grande número de críticas.
164
do perfil de risco dos bancos e a adequação de seu capital mínimo. Assim, em BII
são estipuladas exigências e recomendações em relação a tipo e forma pela qual
devem ser dadas a público as informações sobre os riscos. Os bancos que não a-
tenderem a tais disposições não se qualificarão para usar os seus próprios modelos.
Como a intenção de Basiléia é de reduzir as exigências de capital mínimo para os
bancos que usarem modelos próprios de mensuração e avaliação dos riscos, pre-
tende-se incentivar os bancos a atender às recomendações sobre transparência.
Basiléia II leva a uma mensuração mais detalhada dos riscos de crédito, a qual,
segundo a interpretação do Comitê, deveria levar a um nível de capital mínimo infe-
rior para atender a esse tipo de risco. Entretanto, para manter o nível geral do capital
mínimo do banco, são estipuladas regras de capital mínimo para cobertura dos ris-
cos operacionais. Dessa forma, pode-se, esquematicamente, dizer que o novo quo-
ciente de capital próprio (QCP) deveria, no todo, ser igual a:
Capital Próprio
QCP = ⇒
[(Risco de Crédito) + (Risco de Mercado) + (Risco Operacional)]
Capital Próprio
QCP = > 8%
Valor Total das Operações em Risco
E, assim, o capital mínimo regulamentar total para o banco (CMR) seria de:
CMR CMR
QCP = 8% = = ⇒
VTOR ($500 + $375 + $875)
CMR = 8% * $1.750 = $140
O que significa que o capital mínimo regulamentar para o banco em questão se-
ria de R$140 milhões.
165
Apêndice 4 - GLOSSÁRIO
à vista, um título que tem uma elevadíssima liquidez, podendo ser transferido ou
movimentado através de uma série de mecanismos, tais como cheques, transferên-
cias eletrônicas, cartões de débito ou de crédito, etc. Quase a totalidade dos paga-
mentos/recebimentos, numa economia de mercado, é baseada nos depósitos à vis-
ta: daí a importância dos bancos.
No contexto desta apostila, o termo Banco aplica-se tanto a uma entidade iso-
lada como a um grupo de bancos (um conglomerado bancário).
BANKING: Designa, de um modo geral, as atividades dos bancos comerciais.
BASILÉIA I E II (BI E BII): BI e BII referem-se a normas gerais estipuladas pelo BIS –
Bank for International Settlements para o cálculo do capital mínimo de uma institui-
ção financeira, em função dos riscos de suas operações e do seu sistema de gestão
e controles dos riscos. BI empregava um sistema único e uniforme para calcular o
capital mínimo (também chamado de capital regulamentar), em função dos riscos de
crédito e de mercado. BII, além de estipular uma exigência de capital mínimo tam-
bém para a cobertura dos riscos operacionais, é mais flexível em relação à forma de
calcular o capital mínimo, considerando que bons sistemas internos de gestão e con-
troles dos riscos diminuem a probabilidade e a ocorrência de perdas e devem reduzir
a exigência de capital.
BIS (BANK OF INTERNATIONAL SETTLEMENTS): É uma instituição internacional, cuja
função é a de propor normas gerais para a atividade bancária. Todavia, não tem o
poder de impor tais normas a nenhum banco de qualquer país, o que é uma função
dos Bancos Centrais nacionais. Esses adotam as normas propostas pelo BIS de a-
cordo com o seu interesse e estágio de evolução do seu sistema financeiro.
CADEIA DE RISCO: É uma seqüência de eventos de risco, que pode impactar num
banco de forma muito mais grave do que um evento isolado o faria. Uma das princi-
pais tarefas de gestão de riscos é prever a sua ocorrência.
CAPITAL MÍNIMO (OU CAPITAL REGULAMENTAR): É o patrimônio mínimo que deve ter
um banco para fazer frente a possíveis perdas inesperadas em função dos riscos
inerentes às suas atividades. Perante as disposições do Basiléia II, o capital mínimo
deve cobrir os riscos de mercado, de crédito e, a partir de 2007, o risco operacional.
CAUSA: É um fator interno ou externo que pode resultar num evento de risco.
CÓDIGO DE CONDUTA: É a definição dos valores éticos e diretrizes de comportamento
considerados aceitáveis num banco.
COMITÊ DA BASILÉIA (BASEL COMMITTEE ON BANKING SUPERVISION-BCBS): Foi instituí-
do dentro do BIS (vide BIS) em 1974 para proceder à elaboração de regras e reco-
mendações aos bancos centrais do G-10 para o aperfeiçoamento da supervisão
bancária em geral e, em particular, a dos bancos ativos internacionalmente. Pela sua
importância, acabaram exercendo influência sobre os sistemas bancários de todos
os países do mundo. O Comitê é um fórum onde se procura: (a) troca de informa-
ções sobre a supervisão bancária; (b) melhorar as técnicas de supervisão bancária
nacional e internacional; (c) estabelecer padrões mínimos de supervisão bancária
para serem usados internacionalmente. O Comitê não tem nenhuma autoridade para
impor as suas recomendações em qualquer país. Ele simplesmente formula pa-
drões, diretrizes e recomendações de best practice e deixa que as autoridades ban-
cárias de cada país as implantem nacionalmente, em conformidade com os meios e
ambiente regulamentar próprios. Dessa forma, o Comitê encoraja a convergência
dos padrões e best practice sem tentar uma harmonização legal forçada.
169
SARBANES-OXLEY OU SOX: É uma lei americana de 2002, que foi promulgada para
coibir todos os abusos, omissões, falhas e práticas de creative accounting que esta-
vam sendo utilizadas por um número muito grande de empresas americanas em su-
as demonstrações financeiras. Os dispositivos da SOX apontam a responsabilidade
direta dos membros do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva sobre a
representatividade e a confiabilidade das demonstrações financeiras publicadas, e-
xigindo, inclusive, que os Auditores Internos atestem a qualidade dos fluxos internos
de informação que levam à contabilização e à preparação final das demonstrações.
Apesar de ser uma lei americana, a SOX alcançou alguns bancos e empresas brasi-
leiras que têm títulos negociados nos mercados financeiros americanos e que tive-
ram que se adaptar aos seus requisitos.
SINISTRO: Na terminologia de risco empregada pela ciência atuarial, um sinistro é um
evento de risco que realmente ocorreu e causou alguma perda (que será ou não co-
berta por seguros). O estudo dos sinistros, embora ex post, é importantíssimo para a
avaliação dos impactos possíveis de um evento de risco.
SISTEMA DE MENSURAÇÃO DO DESEMPENHO: É um sistema que, através de diversas
métricas, procura avaliar ou aferir o desempenho de uma ação, transação ou em-
preendimento segundo diferentes critérios ou dimensões. Um sistema de avaliação
de desempenho pode ser unidimensional, quando se utiliza de métricas de uma
única natureza (como, por exemplo, a análise financeira de balanços), ou pode ser
multidimensional, quando se utiliza de diferentes métricas para diferentes dimen-
sões do desempenho (como, por exemplo, o Balanced Scorecard).
STAKEHOLDERS: Vide Participantes Relevantes.
SUPERVISÃO BANCÁRIA: É o controle externo direto dos bancos pelas autoridades
bancárias. Como os bancos são extremamente importantes para o país, como as
atividades bancárias são realizadas num ambiente de risco e como os problemas de
um banco tendem a se disseminar na economia, aumentando o seu risco sistêmico,
a experiência histórica ensinou os governos a regulamentar a atividade bancária e,
mais que isso, a supervisioná-la diretamente.
TESTE DE Stress: É um processo de identificação e avaliação das perdas extraordi-
nárias que um banco teria em algumas situações extremas e a determinação da me-
lhor forma de fazer frente a tais perdas. A maior finalidade dos testes de stress é
avaliar a capacidade do capital do banco para absorver as possíveis perdas extraor-
dinárias que ocorreriam.
TÍTULOS: São contratos implícitos, segundo os quais o emitente se compromete a
fazer ao comprador/proprietário determinados pagamentos, em determinadas datas,
em conformidade com certas regras. Há títulos representativos de empréstimos, co-
mo uma debênture, por exemplo, nos quais os pagamentos e as datas em que de-
vem ser feitos estão perfeitamente explicitados no contrato e correspondem ao ser-
viço da dívida do empréstimo (pagamentos do principal e juros). Há títulos, todavia,
que são representativos da participação num determinado empreendimento ou insti-
tuição e, assim, têm os pagamentos associados aos seus resultados. São exemplos
dessa última categoria de títulos as ações (participação nos resultados de uma em-
presa constituída como uma sociedade anônima) e as quotas de fundos de investi-
mentos (que participam dos resultados auferidos por tal fundo). (Vide Títulos Mobi-
liários, Instrumentos Financeiros e Ativos Financeiros).
177
TÍTULOS MOBILIÁRIOS: São títulos (vide Títulos), que possuem um grande grau de
liquidez por que são ativamente negociados em determinados mercados.
VALOR: É uma medida da importância que uma entidade tem para seus participantes
relevantes. O valor é bastante diferente entre os participantes relevantes, o que po-
de levar a conflitos de interesse.
VALORES ÉTICOS: São os valores morais que levam um tomador de decisão a deter-
minar um curso de ação que é o “correto” em termos humanos ou sociais, mesmo
quando não houver uma obrigação legal envolvendo a ação. Aliás, nem sempre uma
ação legítima perante a lei é também moral ou ética.
VARIÂNCIA: É uma medida da diferença entre o resultado esperado de um evento e o
realmente ocorrido.
VAR (Value-at-Risk): É uma medida das perdas máximas que poderiam ser causa-
das por um determinado risco, num determinado período, a um certo nível de confi-
ança (normalmente de 90% ou 99%). O VAR é importante porque se espera que o
capital mínimo da instituição financeira seja suficiente para cobrir as perdas VAR.
VOLATILIDADE: É uma medida da sensibilidade dos resultados atuais de um proces-
so, de uma transação, de uma empresa aos impactos das mudanças ambientais.