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CURSO

PREPARATÓRIO
CPA-20
Por Eliane Jaqueline D. Metzner, CFP®
Eliane Jaqueline Debesaitis Metzner, CFP®

Planejadora Financeira CFP ® pelo Instituto Brasileiro de Planejadores


Financeiros – Planejar.
Certificações Anbima: CPA10, CPA20 e CEA.
Formada em Direito, UNIC, Pós-Graduação em Processo Civil – UNIC. MBA
em Gestão Empresarial, Gestão em Marketing e Gestão Estratégica de
Negócios, FGV. MBA Finanças, Investimentos e Banking, PUCRS.
Formação em Coaching Financeiro, Inteligência Financeira, Coaching com
PNL, Planejamento Financeiro e Coaching Evolution, pelo Instituto de
Coaching Financeiro. Master Coach pela International School of Coaching
– Orlando, Florida USA. Psicologia econômica e Arquitetura de Escolhas
pela B3. Mentoria Organizacional pela SBDC.
Autora dos livros: Finanças na Prática: como planejar sua renda, cuidar de
seu dinheiro e investir com inteligência, Mais que dinheiro: uma vida
financeira saudável a partir das Escrituras, Finanças em família: como falar
de dinheiro e enriquecer os seus filhos. Coautora dos livros: Moneybook
agenda de finanças pessoais, O Código da inteligência financeira, Manual
do Crescimento, Crise para alguns, soluções para outros, Juntas brilhamos
mais.
Trainer em educação financeira, mercado financeiro, certificações
profissionais Anbima e vendas cooperativas.

Contatos

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@jaquemetzner |

1
SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL E
PARTICIPANTES DO
MERCADO

Este capítulo tem proporção de 5 a 10% na prova (3 a 6 questões).

Objetivo: Conhecer o Sistema Financeiro Nacional e os principais participantes de mercado.

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1.1 Funções Básicas
O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de Instituições que fazem a intermediação financeira,
realizada através de captação de recursos de agentes superavitários (aplicadores) e o repasse para
agentes deficitários (tomadores de crédito).

Funções básicas do SFN:


a. Intermediação financeira:
- Captação de recursos;
- Crédito.

b. Prestação de serviços de gerenciamento de recursos:


- Sistema de pagamentos;
- Serviços de Custódia;
- Meios de pagamento;
- Outros serviços.

1.2 Estrutura
1.2.1 Órgãos de regulação, autorregulação e fiscalização
1.2.1.1 Conselho Monetário Nacional – CMN:
Órgão máximo do SFN. É formado por três membros: ministro da Economia, que o presidirá, o presidente do Banco
Central e o secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia.

Principais Atribuições:
• Regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das instituições financeiras, assim como
orientar a aplicação de recursos;
• Estabelecer as medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios econômicos, coordenando as políticas
monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e externa;
• Disciplinar todos os tipos de crédito;
• Definir a meta de inflação no País.
CMN: M de Máximo, N de normativo.
1.2.1.2 Banco Central do Brasil – Bacen:
Memorize os verbos de comando (RED): Regula,
Principal órgão executor do Sistema Financeiro Nacional.
Estabelece, Disciplina, Define.
BACEN: Fiscaliza, Executa e Supervisiona.

Principais Atribuições:
• Fiscaliza as instituições financeiras, autoriza o funcionamento e liquida extrajudicialmente;

• Executa a Política Monetária, creditícia e Cambial;

• Determina a meta de taxa de juros através do COPOM Comitê de Política Monetária, que é constituído por
seu presidente e diretores;

• Administra o Sistema de Pagamentos Brasileiro e o meio circulante (emite papel moeda e metálica através
da casa da moeda);

• Banco do Governo: administra as contas do O BACEN é principal órgão executor das políticas
Tesouro Nacional, mediante a compra e venda de definidas pelo CMN.
títulos da dívida pública interna e externa,
chamado de open Market, que é quando um Iniciais das atribuições: FED ABB.
banco central negocia os títulos do governo com
o mercado;

• Banco dos Bancos: recebe os recolhimentos compulsórios dos bancos (é uma parte de seus depósitos que
não pode ser emprestada) e fornece empréstimos de liquidez (Redesconto, que é uma linha de crédito
emergencial que o Banco Central oferece aos bancos).

1.2.1.3 Comissão de Valores Mobiliários – CVM:


É uma autarquia vinculada ao Ministério da economia, voltada para o desenvolvimento do mercado de títulos e
valores mobiliários (mercado de capitais). Trata de assuntos relacionados à Bolsa, a Fundos de Investimentos, ações
e seus emissores (Empresas de capital aberto) e proteção aos investidores do mercado de capitais (prevenção a
fraudes).

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Principais atribuições:
• Promover medidas incentivadoras à formação de
poupança (não o produto, mas do verbo poupar) e sua CVM: Bolsa FA (Bolsa, Fundos e Ações). O
aplicação em valores mobiliários;
verbo regular, apesar de ser verbo de chefia,
é utilizado na função de organizar, executar.
• Estimular o funcionamento das bolsas de valores e das
instituições operadoras no mercado de capitais;

• Proteger os interesses dos investidores de valores mobiliários, identificando e monitorando situações de


fraudes ou manipulação de preços;

• Regular e fiscalizar as companhias abertas e Fundos de Investimento.

O que é valor mobiliário? É um ativo que pode valorizar ou desvalorizar.

Segundo o site www.investidor.gov.br, “são valores mobiliários, quando ofertados publicamente, quaisquer títulos ou
contratos de investimento coletivo que gerem direito de participação, de parceria ou remuneração, inclusive
resultante da prestação de serviços, cujos rendimentos advém do esforço do empreendedor ou de terceiros". São
valores mobiliários ações, debêntures, cotas de fundos, notas comerciais, derivativos e outros títulos, listados na Lei
6385/76.

1.2.1.4 SUSEP
Superintendência de Seguros Privados, é o órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro,
previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao Ministério da Economia. Subordinada
ao Conselho Nacional de Seguros Privados.

Atribuições da SUSEP
1. Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Seguradoras, de
Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da
política traçada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP;

2. Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das operações de
previdência privada aberta e de capitalização;

3. Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados e estabilidade dos
mercados sob sua jurisdição;

4. Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado;

5. Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens


garantidores de provisões técnicas.

A SUSEP supervisiona as EAPC (entidades abertas de previdência complementar), ou seguradoras, que emitem
as apólices de previdência aberta.

1.2.1.5. EAPC ou Seguradoras


São empresas operadoras de seguros e previdência complementar aberta, supervisionadas pela SUSEP.

1.2.1.6 Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC:


É a Superintendência Nacional de Previdência Complementar, entidade vinculada ao Ministério do Trabalho e
Previdência Social.

Principais atribuições: fiscalizar e supervisionar as Entidades Fechadas de Previdência Complementar e executar


políticas para o regime de previdência complementar; autorizar a constituição e o funcionamento das EFPC, bem
como a aplicação dos respectivos estatutos e regulamentos. Promover a mediação e conciliação dos participantes,
assistidos, patrocinadores ou instituidores com os planos.

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1.2.1.7. Entidades Fechadas de Previdência Complementar - EFPC Dica: Susep: Seguros e Previdência
(Resolução CMN 3.792) Privada Aberta.
É a operadora do(s) plano(s) de benefícios, constituída na forma de
sociedade civil ou a fundação, sem fins lucrativos, que tenha por Previc: responsável por previdência
objeto operar plano de benefício de caráter previdenciário. Faz o fechada e fundos de pensões.
controle e avaliação de riscos. É acessível apenas aos funcionários de
uma empresa ou grupo de empresa. Exemplos: Boticário Prev, Fundo de Pensão dos Correios.

Os recursos podem ser alocados em renda fixa, renda variável, imóveis,


SUSEP e PREVIC: Supervisoras empréstimos e financiamentos a seus colaboradores ou associados.
EAPC e EFPC: Operadoras

1.2.2 ANBIMA
ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.
Representa as Instituições Financeiras que atuam no mercado financeiro e de capitais. A adesão aos códigos é
obrigatória para as Instituições filiadas. As demais entidades e Pessoas Físicas que não são associadas podem aderir
aos códigos, como por exemplo um profissional que deseja fazer o teste de Certificação Profissional Anbima.

O papel da ANBIMA e as atividades desenvolvidas:


a. Representar: Promover o diálogo e defender os interesses dos associados para ampliar a atratividade do
mercado de capitais e estimular seu crescimento sustentado.

b. Autorregular: Regras de atuação no mercado, através dos códigos de autorregulação, diretrizes, deliberações
e pareceres.

c. Informar: Divulgar preços, índices, relatórios, auxiliar o acompanhamento do mercado.

d. Educar: Programas de certificação, cursos para educação continuada, educação financeira.

Objetivos da Anbima:
I. Concorrência leal entre os participantes de mercado;
II. Padronização de seus procedimentos;
III. Maior qualidade e disponibilidade de informações sobre produtos de investimento;
IV. Elevação dos padrões fiduciários e a promoção das melhores práticas do mercado.

1.2.2.1 Códigos de Autorregulação Anbima


Conjunto de normas para autorregular a atuação de seus associados nos mercados financeiro e de capitais,
estabelecendo as melhores práticas a serem adotadas em cada um dos assuntos.

Adesão aos códigos: A adesão é automática e obrigatória para todas as instituições participantes da ANBIMA. As
instituições não participantes podem aderir aos códigos para obter benefícios, como por exemplo a certificação de
seus colaboradores:
a. Instituições Participantes: são as instituições Associadas à ANBIMA.
b. Instituições aderentes: são as instituições que aderem aos Códigos de autorregulação e se vinculam à
Associação por meio contratual, ficando sujeitas às regras específicas da entidade.

1.2.2.1.1 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação Continuada
Seu principal objetivo é estabelecer princípios e regras para elevação e capacitação técnica dos
profissionais das Instituições Participantes que desempenham as atividades elegíveis:
a. Distribuição de produtos de investimento;
b. Gestão de recursos de terceiros/Fundos de Investimento.

Se destina aos bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, sociedades
corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários, Administradores Fiduciários e Gestores de Recursos de
Terceiros.

As certificações exigidas para o desempenho das Atividades Elegíveis são obrigatórias para todos os profissionais
que realizam a Distribuição de Produtos de Investimento e/ou a Gestão de Recursos de Terceiros,
independentemente do cargo que ocupam na Instituição Participante (art.22).

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O código exige dois grandes grupos de obrigações:
I. Supervisão de seus profissionais.
a. Ter reputação ilibada.
b. Cumprir suas obrigações.
c. Estar certificado no desempenho das funções exigidas.

II. Estabelecer e implementar adequadamente os controles internos:


a. Identificar profissionais certificados, mantendo base de dados na Anbima atualizada;
b. Vencimento das certificações;
c. Ter assinatura dos profissionais no código de ética e assegurar que o cumpram em sua totalidade;
d. Cuidar do aperfeiçoamento e atualização dos seus funcionários.

Certificação Profissional e público-alvo:


Certificação para a área comercial:
• CPA 10: Destinado aos profissionais de instituições financeiras, com exceção dos profissionais que atendem
o púbico que exige CPA 20.
• CPA 20: destinado a profissionais que atendem o varejo alta renda (não necessariamente investidores
qualificados), private, corporate e investidores institucionais.
• CEA: Destinado a profissionais que assessoram os gerentes de contas de investidores pessoas físicas em
investimentos, podendo indicar Produtos de Investimento.

Certificações para gestão de recursos de terceiros (gestores de fundos)


• Certificação ANBIMA de Fundamentos em Gestão – CFG: é uma certificação para a área de gestão de recursos
de terceiros. É pré-requisito para a CGA e/ou a CGE A CFG não é obrigatória para nenhuma função e nem
habilita o profissional a ser gestor.
• Certificação de Gestores ANBIMA - CGA: obrigatória para Gestores de Recursos de Terceiros (fundos e
carteiras administradas).
• Certificação de Gestores ANBIMA para Fundos Estruturados – CGE: habilita profissionais para atuarem com
gestão de recursos de terceiros em produtos estruturados.

Em caso de descumprimento do Código de Certificação (Art. 54), “as Instituições Participantes que descumprirem os
princípios e regras estabelecidos no presente Código estarão sujeitas à imposição das seguintes penalidades,
observadas as disposições do Código dos Processos:
I. Advertência;
II. Multa; e
III. Desligamento do quadro associativo da ANBIMA”.

1.2.2.1.2 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de produtos de investimentos
Dispõe sobre as regras de distribuição de produtos e orientação ao investidor, de forma individual ou
coletiva, em plataformas de atendimento, agências bancárias, centrais de atendimento, canais digitais ou
qualquer outro canal de contato com o investidor, assim como todas as atividades acessórias necessárias,
como informações relativas a investimentos, formação e manutenção de portfólios.

Enquanto que o código de administração de recursos de terceiros (que será visto no módulo sobre fundos) determina
padrões de conduta dos administradores e operadores de fundos, o Código de Distribuição tutela a relação do
distribuidor com o Investidor.

O Código de Distribuição complementa as regras, principalmente com relação a:


a. Exigências institucionais mínimas: política de investimentos, gestão de riscos, plano de negócios e segurança
da informação.
b. Princípios, regras e procedimentos para distribuição de produtos e contratação de terceiros;
c. Regras de publicidade e divulgação de produtos de investimento;
d. Dever de conhecer seu cliente (princípio conheça seu cliente);
e. Dever de verificar a adequação das recomendações de investimento ao perfil do investidor (suitability).

De acordo com o Código de Distribuição (art. 80), “as Instituições Participantes que descumprirem os princípios e
regras estabelecidos no presente Código estarão sujeitas à imposição das seguintes penalidades, observadas as
disposições do Código dos Processos:
I. Advertência;
II. Multa;
III. Proibição temporária do uso do Selo ANBIMA; e
IV. Desligamento do quadro associativo da ANBIMA”.

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1.2.3 Principais Intermediários Financeiros:

1.2.3.1 Bancos Múltiplos


Realizam operações de crédito, captação e outros serviços, através das seguintes carteiras:
• Comercial;
• Investimentos;
• Crédito, Financiamento e investimento;
• Crédito Imobiliário;
• Desenvolvimento (bancos públicos);
• Arrendamento Mercantil (Leasing). Banco múltiplo: no mínimo 2
carteiras, sendo uma delas
Para que um banco seja considerado múltiplo, precisa ter no
comercial ou de investimento.
mínimo duas carteiras, sendo uma delas obrigatoriamente
Comercial ou Investimento. Podem ter 1 CNPJ por carteira,
desde que façam balanço consolidado.

1.2.3.2 Bancos Comerciais


Captam Depósito a Vista e Depósito a Prazo e realizam operações de crédito, em ambos os casos só podem atuar no
Curto e Médio Prazo.

1.2.3.3 Bancos de Investimento


Captam Depósito a Prazo, operações de crédito de Médio/Longo Prazo, operações no mercado de capitais (por
exemplo Ofertas públicas de ações ou debêntures) e repasses de recursos externos. Não possuem conta corrente
(depósito à vista). Podem administrar e distribuir fundos de investimento.
São bancos privados que têm como especialidade realizar operações de participação societária de caráter
temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e de administração
de recursos de terceiros, underwriting (colocação primária de títulos), negociação e distribuição de títulos e valores
mobiliários; intermediação de câmbio; intermediação de derivativos.
Obs.: Os Bancos devem utilizar a expressão “Banco” em sua denominação.

1.2.4 B3 empresa de infraestrutura de negociação e pós-negociação de ativos.


B3 S/A – Brasil, Bolsa e Balcão é uma empresa de infraestrutura para o mercado financeiro, criada em março de 2017,
através da união da BM&FBovespa (Bolsa de Mercadorias e Futuros Bovespa) e Cetip (Câmara de custódia de títulos
privados).
A B3 possui uma ampla oferta de produtos e serviços, tais como: negociação de Ações, Títulos de Renda Fixa, Câmbio
Pronto e Contratos Derivativos referenciados em Ações, Ativos Financeiros, Índices, Taxas, Mercadorias, Moedas,
entre outros; listagem de empresas e outros emissores de Valores Mobiliários, depositária de Ativos, empréstimo de
Títulos e licença de softwares. As negociações são realizadas exclusivamente por meio eletrônico.

Com suas ofertas, a B3 possui duas principais atividades:

a. Negociação: Bolsa de Valores, oportunizando a compra e venda de ativos;


b. Pós-negociação: Câmara de liquidação e custódia da B3 (clearing), realiza o registro dos ativos, central
depositária, compensação, contraparte garantidora da realização das operações que ocorrem em seu
âmbito e outras atividades, através da Câmara Central Depositária de Ativos.

1.2.5 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários:


É uma pessoa jurídica que intermedeia a compra e venda de títulos financeiros para seus clientes, onde geralmente
cobra taxa de corretagem ou comissões. Sua constituição depende de autorização do BACEN e o exercício de sua
atividade depende de autorização do CVM.
• Operam na Bolsa de Valores com compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários;
• Administram e organizam fundos e clubes de investimento;
• Administração de carteiras e custódia de títulos junto às “clearing house”(câmaras de custódia).
• Intermedeiam operações de câmbio;
• Emitir certificados de depósitos de ações;
• Realizar operações compromissadas;
• Realizar operações de compra e venda de metais preciosos no mercado físico ou financeiro;
• Promovem/participam lançamento público de ações.
Para negociar ações na Bolsa de
1.2.4 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários: valores, é necessário ter uma conta em
As Distribuidoras não podiam operar diretamente em Bolsas de uma Corretora ou Distribuidora de
Valores, o que foi alterado pela Decisão Conjunta Bacen-CVM nº 17, Títulos e Valores mobiliários.

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de 02/03/2009. A partir de então, realiza praticamente as mesmas operações da corretora de títulos e valores
mobiliários. Geralmente atuam como agentes de volumes maiores. Exemplo: uma pessoa física negocia através de
uma corretora; um fundo de investimento pode fazer suas operações em bolsa por uma distribuidora.

1.2.7 Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia (Clearing)


Possuem a atribuição de garantir a liquidação financeira dos contratos, assim como de realizar a custódia de ativos,
dando segurança ao investidor tanto no aspecto de guarda dos ativos, como na mitigação dos riscos de liquidação.
Principal objetivo: Mitigar o risco de liquidez.

1.2.7.1 Sistema especial de liquidação e de custódia – Selic:


O Selic é o depositário central dos títulos da dívida pública federal interna de emissão do Tesouro Nacional, através
de um sistema eletrônico que processa o registro e a liquidação financeira das operações realizadas com esses
títulos, garantindo segurança, agilidade e transparência aos negócios. O sistema do Selic é gerido pelo BACEN e
operado em parceria com a ANBIMA.

É responsável por processar a emissão, o resgate, o pagamento dos juros e a custódia dos títulos públicos.

Os principais títulos são:

a. Tesouro Selic (LFT): título público com rentabilidade atrelada à taxa Selic diária.
b. Tesouro prefixado (LTN e NTN-F): títulos públicos com taxas prefixadas.
c. Tesouro IPCA+ (NTN-B, NTN-B Principal): Títulos públicos com rentabilidade mista, sendo o IPCA mais uma
rentabilidade prefixada.

Os tipos de títulos serão abordados com mais profundidade no capítulo 6. Nesta parte do estudo nos interessa o
papel da instituição custodiante.

1.2.7.2 Câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 S/A: Registro, a compensação, a liquidação e o


gerenciamento de risco de operações com derivativos financeiros e de commodities, mercado de balcão (swaps,
termo de moeda e opções flexíveis), renda fixa privada, mercado à vista de ouro e operações de câmbio. Exemplo:
Títulos Privados CDI CDB, LCI, LCA, CPR, Debêntures (Renda Fixa) e ações e derivativos (Renda Variável).

Garantias e benefícios para o investidor: além de proporcionar um ambiente seguro e confiável de negociação, a B3
atua como “contraparte”, ou seja, se uma das partes não honrar com os seus compromissos (entregar a ação ou
depositar o valor correspondente), a operação é automaticamente realizada, transferindo a titularidade do ativo na
conta de custódia se houve a venda, ou o valor da conta da corretora, se houve aquisição de ativos.

SELIC: Títulos Públicos LTN, LFT, NTN-B, NTN-F.


Câmara B3: Títulos Privados CDI CDB, LCI, LCA, CPR, Debêntures (Renda Fixa) e ações e
derivativos (Renda Variável).

1.2.8 Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB: É o conjunto de entidades, regras, sistemas e mecanismos utilizados
para transferir recursos e liquidar operações financeiras entre empresas, órgãos governamentais e pessoas físicas.

Traz segurança, agilidade e redução do risco sistêmico, estimulando as transferências online e


desestimulando o uso de instrumentos sujeitos a compensação.

Executa:
a. Compensação de cheques.
b. Compensação e liquidação de ordens eletrônicas de débito e de crédito. SPB: terrível contra os
c. Compensação e liquidação de operações com títulos e valores riscos!
mobiliários.
d. Compensação e liquidação de operações realizadas em bolsas de mercadorias e de futuros (B3) e outras
entidades (Exemplo SOMA – matéria de CPA20).
e. Transferência de fundos e de outros ativos financeiros por TED e DOC. Valor mínimo de uma TED
(transferência eletrônica): R$ 0,01. Valor máximo de um DOC (via compensação): R$ 4.999,99.

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1.3 Investidores Qualificados, Investidores Profissionais e Investidores Não Residentes.

1.3.1 São Investidores Qualificados:


• Investidores profissionais;
• PF ou PJ com mais de R$ 1.000.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de
investidor qualificado mediante termo próprio;
• Consultores com certificação técnica ou autorização da CVM para atuar como agente autônomo de
investimentos, com relação a seus recursos.
• Clubes de investimento com investidores qualificados.

1.3.2 São Investidores Profissionais:


• Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil;
• Companhias seguradoras e sociedades de capitalização;
• Entidades abertas e fechadas de previdência complementar;
• Pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 10.000.000,00
(dez milhões de reais) e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor profissional
mediante termo próprio;
• Fundos de investimento;
• Clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por administrador de carteira de valores
mobiliários autorizado pela CVM;
• Agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores
mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios;
• Investidores não residentes (NR).

1.3.3 Investidor Não Residente:


São pessoas físicas ou jurídicas, inclusive fundos ou outras entidades de investimento coletivo, com
residência, sede ou domicílio no exterior e que investem no Brasil. O Investidor não residente está sujeito
a registro prévio na CVM.
A Resolução CMN nº 4.373/14 disciplina sobre as aplicações dos INRs no Brasil, nos mercados financeiro e de capitais
do país. Ainda, de acordo com o art. 4º do mesmo normativo, esses investidores estão sujeitos a registro prévio na
CVM.
A tributação de não residente é praticamente igual ao residente, com poucas exceções. Não é tributado em
operações realizadas em bolsa e em títulos públicos.
LEI Nº 11.312, DE 27 DE JUNHO DE 2006 isenção de IR em títulos públicos a não residentes.
https://declaracaodeimpostoderenda.com.br/tributacao-nao-residente-
brasil/#Operacoes_que_o_Nao_Residente_e_Tributado_DIFERENTE_do_Residente consulta em 12/07/21.

Investidor qualificado: acima de R$ 1 milhão + termo.


Investidor profissional: acima de R$ 10 milhões + termo.
Investidor não residente: mora fora do país e investe no Brasil.

9
COMPLIANCE
LEGAL, ÉTICA E
ANÁLISE DO
PERFIL DO
INVESTIDOR

Este capítulo tem proporção de 15 a 25% na prova (9 a 15 questões).

Objetivo: demonstrar medidas regulatórias e éticas para o desempenho da atividade de


distribuição de produtos de investimento.

10
2.1 Risco de Imagem (Reputação) e Risco Legal

Risco de imagem ou de reputação: O risco de imagem é o impacto negativo da opinião pública sobre
determinada Instituição, em virtude de exposição a fatores que afetam sua reputação.
Exemplo: Operação da Polícia federal, envolvimento em escândalos de corrupção.

Risco legal ou jurídico (não cumprimento da Legislação / Regulamentação): É o risco de perdas devido
à falta de compliance (conformidade com a legislação), impossibilidade de execução dos termos de um
contrato, incluindo os riscos de documentação insuficiente, falta de poderes dos representantes da
contraparte para assumir determinado compromisso, desconhecimento de aspectos jurídicos
relevantes, decisões desfavoráveis do Judiciário, incapacidade para implementar uma cobrança ou
executar uma garantia, falta de amparo legal, etc.

2.2 Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98, Artigo 1º


São regras de controle de informações financeiras, operacionais e gerenciais para o cumprimento de normas legais
aplicáveis.

Art. 01: A implantação dos controles internos é responsabilidade da Diretoria da Instituição.

Art. 02: Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os funcionários da Instituição de forma
a assegurar que sejam conhecidas a respectiva função no processo e as responsabilidades atribuídas aos diversos
níveis da organização, devem prever:
I - A definição de responsabilidades dentro da instituição;
II - A segregação das atividades atribuídas aos integrantes da instituição de forma a que seja evitado o conflito de
interesses, bem como meios de minimizar e monitorar adequadamente áreas identificadas como de potencial
conflito da espécie;
III - Meios de identificar e avaliar fatores internos e externos que possam afetar adversamente a realização dos
objetivos da instituição;
IV - A existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o correspondente nível de
atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis informações consideradas relevantes para suas tarefas
e responsabilidades;
V - A contínua avaliação dos diversos riscos associados às atividades da instituição;
VI - O acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, de forma
a que se possa avaliar se os objetivos da instituição estão sendo alcançados,
Barreira de Informação:
se os limites estabelecidos e as leis e regulamentos aplicáveis estão sendo
Segregação de atividades ou de
cumpridos, bem como a assegurar que quaisquer desvios possam ser
prontamente corrigidos; recursos de terceiros dos
VII - A existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de recursos da Instituição.
informações, em especial para os mantidos em meio eletrônico.

2.3 Prevenção Contra a Lavagem de Dinheiro


Em 1988, a Organização das Nações Unidas aprovou a Convenção de Viena, onde os participantes se
comprometeram a se esforçar para penalizar a conversão, transferência, ocultação ou encobrimento de
bens provenientes de atividades ilícitas relacionadas a crimes, inicialmente tráfico de drogas, terrorismo
e corrupção e depois ampliado para qualquer crime antecedente que levasse a uma vantagem financeira
ilícita.

2.3.1 Legislação e regulamentação


A prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do
terrorismo é regulamentada pela Lei 9.613, alterada pela lei 12. 683/12. Convenção de Viena: combate
A Lei nº 13.810/19 e sua regulamentação fortaleceram o sistema de combate à lavagem de dinheiro.
à lavagem de dinheiro, estabelecendo sanções como a indisponibilidade de
ativos de pessoas físicas e jurídicas. A Lei foi complementada pela Resolução
n. 44, que estabelece os procedimentos de aplicação da referida Lei.
A Instrução CVM Nº 617/19 dispõe sobre a prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do
terrorismo – PLDFT no âmbito do mercado de valores mobiliários.
A Circular n. 3.858/17 BCB regulamenta os parâmetros para a aplicação das penalidades administrativas
da Lei de Lavagem de dinheiro.
A Circular nº 3.978/2020 BCB dispõe sobre a política, procedimentos e controles internos a serem adotados pelas
instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil visando à prevenção da utilização do sistema
financeiro para a prática dos crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores.
A Carta Circular Nº 4.001/2020 divulga relação de operações e situações que podem configurar indícios de ocorrência
dos crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores.

11
Regulamentação:
Lei 9.613/98, alterada pela 12.683/12 - Lei de Prevenção à Lavagem de dinheiro e Financiamento do terrorismo.
Lei 13.810/19 - Sanções como indisponibilidade de bens.
Res. 44/20 BCB - Procedimentos da Lei 13.810.
IN 617/19 CVM - Prevenção LD/FT no mercado de valores mobiliários
Circular 3858/17 BCB - Aplicação de penalidades administrativas às IF e administradores.
Circular 3978/20 BCB - Política de LD, procedimentos e controles internos. Perfis de Risco.

Obs.: o número das leis, resoluções, instruções e circulares não costuma ser cobrada na prova, e quando citadas,
acompanham a que se referem.

2.3.2. Caracterização do crime de lavagem de dinheiro


É crime de lavagem de dinheiro “ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de qualquer infração penal”.

O processo de lavagem de dinheiro tem, normalmente, três etapas:

1. Colocação: é a fase de ingresso do dinheiro no sistema econômico, onde o dinheiro passa pelo caixa
ou balcão dos bancos. Também é considerado como colocação a compra de bens (compra em espécie
de joias, obras de arte, carros, imóveis, etc.) ou instrumentos negociáveis (outras moedas), sem que haja
o depósito anterior, pois é onde o recurso entra na economia.

2. Ocultação: Visa dificultar o rastreamento em caso de investigações, ou confundir o rastreamento por


meio de transferências e/ou aplicações múltiplas. Pode ser utilizado empresas fictícias ou os famosos
“laranjas”, pessoas que emprestam ou alugam seus nomes para as movimentações, para a colocação
inicial ou mesmo nas transferências.

3. Integração: é a fase onde o dinheiro volta à economia, agora com origem aparentemente legítima. Por
exemplo, ao vender um bem de alto valor, o dinheiro retorna à economia.

Penalidade para quem pratica o crime: reclusão de três a 10 anos, e multa.


O crime é afiançável, ou seja, se houver prisão anterior ao julgamento, o juiz pode estabelecer fiança para que o
acusado responda o processo em liberdade, desde que não haja risco de fuga e destruição de provas. A lei estabelece
as situações em que os valores podem ser abatidos da multa da condenação ou se haverá perda dos valores pagos
por fiança.

“As mesmas penas são aplicáveis também aos agentes que possibilitaram a ocorrência da lavagem de dinheiro em
todo o seu ciclo”.

Por isso incorre na mesma pena quem:


• Ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal, os converte
em ativos lícitos, comercializa ou os guarda.
• Utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal ou for
sócio de empresa que o faz.

Redução e aumento de pena: A pena poderá ser reduzida de um a dois terços, ou ser aplicada pena administrativa se
o autor, coautor ou participante colaborar espontaneamente com as autoridades (delação premiada).
A pena poderá ser aumentada de um a dois terços se praticada de forma reiterada ou por organização criminosa.

2.3.3 Modelo de abordagem baseada em risco


As instituições supervisionadas pelo Banco Central do Brasil devem implementar e manter política de
prevenção de práticas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.

A política de prevenção de lavagem de dinheiro deve conter a definição de:


a) Papéis e responsabilidades.
b) Procedimentos de avaliação e análise prévia de novos produtos e serviços, e utilização de novas tecnologias.
c) Avaliação interna de risco.
d) Verificação do cumprimento da política, procedimentos e controles internos da mesma, assim como a identificação
e a correção das deficiências verificadas.
e) Promoção de cultura organizacional, contemplando funcionários, parceiros e prestadores de serviços
terceirizados.

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f) Seleção e a contratação de funcionários e de prestadores de serviços terceirizados, tendo em vista o risco de
lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.
g) Capacitação dos funcionários sobre o assunto.

Também deverá definir as diretrizes para implementação de procedimentos de:


a) Coleta, verificação, validação e atualização de informações cadastrais de funcionários, parceiros e prestadores de
serviços terceirizados;
b) Registro de operações e de serviços financeiros;
c) Monitoramento, seleção e análise de operações e situações suspeitas; e
d) Comunicação de operações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

As instituições devem indicar formalmente ao Banco Central do Brasil um diretor responsável pela PLD/FT.

Da avaliação interna de risco


As instituições supervisionadas pelo BCB devem realizar avaliação interna com o objetivo de identificar e mensurar
o risco de utilização de seus produtos e serviços na prática da lavagem de dinheiro e do financiamento do terrorismo.

A avaliação interna deve considerar, no mínimo, os perfis de risco:


I - Dos clientes;
II - Da instituição, incluindo o modelo de negócio e a área geográfica de atuação;
III - Das operações, transações, produtos e serviços, abrangendo todos os canais de distribuição e a utilização de
novas tecnologias; e
IV - Das atividades exercidas pelos funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados.
A avaliação interna de risco deve ser revisada a cada dois anos, bem como quando ocorrerem alterações
significativas nos perfis de risco.

2.3.4. Ações preventivas: princípio do “conheça seu cliente”


O princípio “conheça o seu cliente” determina que as Instituições Financeiras devem manter cadastros atualizados
com o objetivo de verificar a procedência dos valores, assim como acompanhar as movimentações financeiras,
proporcionando a possibilidade de identificação das suspeitas no crime de lavagem de dinheiro.

Função do cadastro: auxiliar a identificação da origem e destinação dos recursos.


Implicações de um cadastro desatualizado: a análise da capacidade financeira fica comprometida, pois não há dados
suficientes para verificar as movimentações financeiras.
Os registros devem ser mantidos pelo prazo de dez anos, dependendo das características dos documentos.

Pessoas Expostas Politicamente (PEPs)


As Instituições devem manter registro de seus clientes que forem pessoas politicamente expostas.
Consideram-se pessoas expostas politicamente os detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo e
Legislativo da União, Estados e Municípios, ministros, assessores, membros de tribunais, procuradores-gerais,
presidentes e tesoureiros de partidos políticos, presidentes de entidades da administração pública indireta estadual
e distrital e os presidentes de Tribunais de Justiça, Militares, de Contas ou equivalente de Estado e do Distrito Federal.
Além das PEPs, também devem ser monitorados os seus familiares (parentes, na linha direta, até o segundo grau, o
cônjuge, o companheiro, a companheira, o enteado e a enteada), colaboradores diretos e pessoas jurídicas de que
façam parte.

2.3.5. Identificação e registros de operações


As instituições financeiras devem manter registros de todas as operações realizadas, produtos e serviços contratados,
inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos.

Estão sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro: Pessoas Físicas e Jurídicas que exercem a gestão de
recursos de terceiros, sendo entidades reguladas e supervisionadas pelo Sistema Financeiro Nacional e
entidades não pertencentes ao SFN, mas que respondem ao COAF por movimentarem recursos de
terceiros:

I. Entidades reguladas e supervisionadas pelo Sistema Financeiro Nacional: Os participantes do sistema financeiro
nacional, supervisionados pelo Bacen (Bancos, Cooperativas de Crédito, financeiras, corretoras instituições de
pagamentos, administradoras de consórcio, fintech, etc.), CVM (bolsas, corretoras, administradores de fundos,
consultores e auditores de valores mobiliários, etc.) e demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização
de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros.

II. Entidades não pertencentes ao SFN, mas regulados pelo COAF: Também possuem a obrigatoriedade de manter
registro das operações e comunicar ocorrências suspeitas: corretoras de imóveis, pessoas físicas e jurídicas que

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comercializam bens de alto valor, transporte altos valores, cartórios, representantes de atletas e artistas, feiras, ou
seja, gestão ou intermediação de recursos de terceiros.

Veja a lista completa das pessoas físicas, jurídicas e entidades que estão sujeitas à lavagem de dinheiro, de acordo
com a Lei 9.613 e suas respectivas atualizações:
Art. 9º. Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em caráter
permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial;
III - a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de títulos ou valores
mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão
organizado;
II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou de capitalização;
III - as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as administradoras de
consórcios para aquisição de bens ou serviços;
IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou
equivalente, que permita a transferência de fundos;
V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing), as empresas de fomento comercial (factoring) e as Empresas
Simples de Crédito (ESC);
VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, serviços, ou,
ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou método assemelhado;
VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das atividades listadas, ainda
que de forma eventual;
VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro,
de câmbio, de capitais e de seguros;
IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes, dirigentes,
procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer
das atividades referidas neste artigo;
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antiguidades.
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a sua
comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie;
XIII - as juntas comerciais e os registros públicos;
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria, consultoria,
contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em operações:
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações societárias de
qualquer natureza;
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobiliários;
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou estruturas
análogas;
e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas ou artísticas
profissionais;
XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, agenciamento ou
negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposições ou eventos similares;
XVI - as empresas de transporte e guarda de valores;
XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal ou intermedeiem
a sua comercialização;
XVIII - as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil,
relativamente a residentes no País.

Possuem a obrigação de registro e comunicação:


1. Registro: As Instituições devem manter registros de todas as operações realizadas, produtos e serviços contratados,
inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos. Se o cliente for Pessoa
Jurídica, a identificação deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários.
a. As operações em espécie com valor superior a R$ 2.000,00 devem ser registradas internamente com dados
do portador e destinatário (nome, CPF/CNPJ).

b. As operações acima de R$ 50.000,00 em espécie devem conter, além do nome e CPF/CNPJ do portador dos
recursos e destinatário, o tipo de operação, valor, data, canal e origem dos recursos.

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2. Comunicação: As instituições deverão comunicar ao COAF:
1. As operações suspeitas de qualquer valor. São operações suspeitas:
I. Aquelas incompatíveis com a renda, ocupação profissional e situação patrimonial.
II. Operações com oscilações significativas em volume ou frequência.
III. Operações sem fundamentação econômica.
IV. Operações com indicio de burla a procedimentos padrões.

As transferências internacionais deverão ser previamente comunicadas à instituição financeira, e se não tiver
justificativa da origem dos fundos envolvidos ou se forem incompatíveis com o cadastro, deverão ser comunicados
ao COAF.

2. Movimentações em espécie: saques, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos, por


meio de qualquer instrumento, contra pagamento em espécie, assim como também a solicitação de
provisionamento de saques em espécie de valor igual ou superior a R$50.000,00 (cinquenta mil reais). São
chamadas de comunicações automáticas, pois não dependem de análise, devem ser comunicadas
indistintamente.

As comunicações de boa-fé não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

Após receber as denúncias, o COAF faz averiguações preliminares. No caso de indícios subsistentes de crime,
encaminha para a polícia ou Ministério Público, para inquérito e posterior julgamento do suspeito pela justiça
comum ou federal.
Caso a Entidade que tenha o dever de controle não o faça, responderá Processo Administrativo Sancionador.

2.3.4 Responsabilidades administrativas e legais.


O COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras é a UIF - Unidade de Inteligência financeira no Brasil. É a
entidade responsável por receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas. Também aplica penas
administrativas.

Sua missão é “prevenir a utilização dos setores econômicos para a lavagem de dinheiro e financiamento do
terrorismo, promovendo a cooperação e o intercâmbio de informações entre os Setores Público e Privado”.

Processo Administrativo Sancionador (PAS)


É o instrumento de supervisão do COAF instaurado com o fim de apurar responsabilidades e, se for o caso, aplicar
penalidades por infrações administrativas, praticadas por pessoas físicas e jurídicas supervisionadas pelo
Coaf. São asseguradas às partes o direito à ampla defesa e ao contraditório.
O processo é julgado na forma do Regimento Interno. Contra as decisões, pode ser apresentado recurso
ao Coaf e endereçada ao presidente do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN),
órgão de segunda e última instância administrativa.

As pessoas sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro poderão receber as seguintes penalidades (art. 12, Lei 9.613):
I. Advertência;
II. Multa não superior a:
a) ao dobro do valor da operação;
b) Ao dobro do lucro que presumidamente acarretaria a operação;
c) Ao valor de R$ 20 milhões;
III. Inabilitação temporária até 10 anos;
IV. Cassação da autorização de funcionamento.

Penalidades para quem pratica Penalidades para quem tem o dever de controlar
Reclusão de 3 a 10 anos Advertência
Multa Multa
(Processo na justiça estadual ou federal) Inabilitação temporária
Cassação da autorização de funcionamento
(Processo Administrativo Sancionador)

As autoridades policiais, Receita Federal e Ministério Público atuam conjuntamente ao COAF no combate ao crime e
recuperação do patrimônio, e podem compartilhar dados sigilosos entre si. Terão acesso aos dados cadastrais do
investigado, como qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente de autorização judicial, mantidos
pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, Instituições Financeiras, provedores de internet e administradoras
de cartão de crédito.

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2.3.5. Indisponibilidade de bens, direitos e valores em decorrência de resoluções do Conselho de Segurança das
Nações Unidas
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi criado em 1945, no fim da Segunda Guerra
Mundial, com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais. É ele que autoriza sanções econômicas, o
envio de missões de paz e o uso da força quando necessário.
No Brasil, a Lei nº 13.810/19 dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de
Segurança da ONU, como a indisponibilidade de ativos de pessoas físicas, jurídicas e de entidades investigadas ou
acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados. A Resolução BCB Nº 44/2020
estabelece procedimentos para o cumprimento desta lei.

Eventuais tentativas de transferências de bens indisponíveis por suspeita de terrorismo deverão ser comunicadas ao
Ministério da Justiça e Segurança Pública, aos órgãos reguladores ou fiscalizadores e ao COAF.

Listas restritivas
Para facilitar a identificação de operações suspeitas, há listas restritivas, com a relação de pessoas e entidades que
tiveram alguma ligação ou suspeita de atos terroristas. Visam proibir, restringir ou constranger transações
financeiras, comerciais, de serviço ou de tecnologia envolvendo os setores ou pessoas das relações, podendo
inclusive haver o congelamento de bens e ativos de um indivíduo ou entidade.

Há diversas listas restritivas, nacionais e internacionais. As listas restritivas podem conter nomes de pessoas e
entidades que supostamente tenham ligação com o terrorismo, setores, atividades e tipos de transação proibidos, e
até listar países que se encontram sob sanções.

GAFI
O Grupo de Ação Financeira Internacional contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo é uma
entidade intergovernamental estabelecida em 1989, liderada pela Unidade de Inteligência Financeira de cada país
(no Brasil, pelo COAF).
As atividades do GAFI visam estabelecer padrões e promover a efetiva implementação de leis, regulamentos e
medidas operacionais para combater a lavagem de dinheiro, o financiamento ao terrorismo e outras ameaças à
integridade do sistema financeiro internacional. O GAFI possui uma lista de 40 recomendações sobre lavagem de
dinheiro e 9 recomendações especiais para o combate do financiamento do terrorismo, que devem ser
implementadas na legislação dos países.

2.3.6 Procedimentos destinados a conhecer funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados - Princípio
do “conheça seu parceiro”
Os setores obrigados à Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, instituições financeiras e atividades como
seguradoras, transações de imóveis, bens de luxo, precisam certificar-se de que não apenas a atividade da instituição
esteja correta, mas também a de seus clientes e parceiros.

O princípio “Conheça o seu Parceiro” é a obrigação de conhecer o parceiro comercial, inclusive correspondentes no
país e no exterior, com o objetivo de prevenir a realização de negócios com contrapartes inidôneas ou suspeitas de
envolvimento com atividades de lavagem de dinheiro ou financiamento do terrorismo, bem como de assegurar que
eles possuam procedimentos adequados de PLD/FT, quando aplicáveis.

2.4 Normas e Padrões Éticos


2.4.1 Utilização indevida de informações privilegiadas
Uso de informação em benefício próprio ou de terceiros que não o detentor de toda e qualquer informação relevante,
fora do domínio público, que se venha a obter no processo de desempenho de qualquer atividade. Acarreta em
processo administrativo.

Insider trader: pessoa que possui informação privilegiada sobre as companhias a utilize em proveito próprio ou de
outro investidor.

Front runner: operador olha as ordens e realiza operações antecipadas para se beneficiar.

Confidencialidade é a obrigatoriedade legal que as instituições financeiras têm de conservar sigilo em todas
operações ativas e passivas e serviços prestados. A quebra de sigilo, fora das situações autorizadas na lei, constitui
crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Conflitos de interesse: o profissional deve evitar possuir atividades paralelas e deve realizar suas próprias operações
financeiras de forma transparente e ética.

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2.5 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de produtos de investimento
O Código de Distribuição direciona a relação dos intermediários financeiros com os investidores na
comercialização de produtos de investimento, tendo a ética como principal pilar.

2.5.1. Principais Definições (glossário):


I. Conglomerado ou Grupo Econômico: conjunto de entidades controladoras diretas ou indiretas, controladas,
coligadas ou submetidas a controle comum;

II. Distribuição de Produtos de Investimento: (i) oferta de Produtos de Investimento de forma individual ou
coletiva, resultando ou não em aplicação de recursos, assim como a aceitação de pedido de aplicação por
meio de agências bancárias, plataformas de atendimento, centrais de atendimento, Canais Digitais, ou
qualquer outro canal estabelecido para este fim; e (ii) atividades acessórias prestadas aos investidores, tais
como manutenção do portfólio de investimentos e fornecimento de informações periódicas acerca dos
investimentos realizados;

III. Material Publicitário: material sobre Produtos de Investimento (folder) ou sobre a atividade de Distribuição
de Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições Participantes por qualquer meio de comunicação
disponível, que seja destinado a investidores ou potenciais investidores com o objetivo de estratégia
comercial e mercadológica;

IV. Material Técnico: material sobre Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições Participantes por
qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a investidores ou potenciais investidores com
o objetivo de dar suporte técnico a uma decisão de investimento.

V. Produtos Automáticos: aqueles que possuem a funcionalidade de aplicação e resgate automático, conforme
saldo disponível na conta corrente do investidor;

VI. Produtos de Investimento: valores mobiliários e ativos financeiros definidos pela Comissão de Valores
Mobiliários e/ou pelo Banco Central do Brasil;

VII. Regulação: normas legais e infralegais que abrangem a Distribuição de Produtos de Investimento;

VIII. Supervisão de Mercados: é o setor da Anbima responsável por supervisionar o atendimento das normas do
código, fazer relatórios e cartas de recomendação às instituições participantes.

IX. Termo de Compromisso: instrumento pelo qual a Instituição Participante compromete-se perante a ANBIMA
a cessar e corrigir os atos que possam caracterizar indícios de irregularidades em face deste Código.

2.5.2. Objetivos do código:


I. A manutenção dos mais elevados padrões éticos e a consagração da institucionalização de práticas
equitativas no mercado financeiro e de capitais;
II. A concorrência leal;
III. A padronização de seus procedimentos;
IV. O estímulo ao adequado funcionamento da Distribuição de Produtos de Investimento;
V. A transparência no relacionamento com os investidores, de acordo com o canal utilizado e as características
dos investimentos; e
VI. A qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na Distribuição de Produtos de
Investimento.

2.5.3. Princípios Gerais de Conduta


As Instituições e seus profissionais devem cumprir todas as suas obrigações com ética e diligência, com idoneidade
moral e profissional, mantendo a confiança e o bom funcionamento do sistema.

2.5.4 Regras, Procedimentos e Controles


Controles efetivos e consistentes, acessíveis a todos os seus profissionais, evitando conflitos de interesses, com vistas
ao gerenciamento do risco. Deverá ter uma estrutura adequada ao porte de cada instituição, com qualificação
técnica e experiência e autonomia e autoridade para questionar os riscos. Segregação de atividades para evitar
conflitos de interesses, deve manter segregação de responsabilidades.
As atividades de controles internos e de Compliance podem ser desempenhadas dentro da mesma estrutura ou por
unidade específica, sendo obrigatório, contudo, a indicação de um diretor responsável, e que deve ser exclusivo, ou
seja, não pode atuar na função de administração de recursos de terceiros, intermediação, distribuição ou consultoria
de valores mobiliários.

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2.5.4.1 Segurança e Sigilo das Informações
Controle de informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas, testes periódicos de segurança e treinamento
para o tratamento de informações confidenciais. Também é exigido que a Instituição Financeira tenha regras
específicas para a proteção da base de dados, regras de restrição de uso de sistemas e procedimentos para caso de
vazamento de informações confidenciais.

2.5.5 Publicidade
Materiais adequados, com clareza e objetividade, minimizando incompreensões e privilegiando informações
necessárias para a tomada de decisão de investidores. É vedado a comparação com produtos diferentes.

2.5.5.1 Material Publicitário


São os materiais para divulgar o produto, e devem ter, em destaque, link ou caminho direcionando os investidores ou
potenciais investidores ao Material Técnico e site da instituição.

2.5.5.2 Material Técnico


O material técnico do fundo deve possuir:
I. Descrição do objetivo e/ou estratégia;
II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Tributação aplicável;
V. Informações sobre os canais de atendimento;
VI. Nome do emissor, quando aplicável;
VII. Classificação do Produto de Investimento; e
VIII. Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo, no mínimo, os riscos de liquidez, de
mercado e de crédito.

2.5.5.3 Avisos Obrigatórios


I. Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros;
II. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos;
III. O investimento em Fundo não é garantido pelo FGC;
IV. As informações dos materiais técnicos são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser
diferentes.

2.5.6 Regras Gerais (Cap. IX)


É proibido induzir os investidores a erro ao dar a entender que atuam como prestadores de serviço de consultoria
independente de valores mobiliários de forma autônoma à atividade de Distribuição de Produtos de Investimento.

2.5.6.1 Divulgação de informações por meios eletrônicos:


Devem ser disponibilizados no site da Instituição as informações do material técnico:
I. Descrição do objetivo e/ou estratégia de investimento;
II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Nome do emissor, quando aplicável;
V. Tributação aplicável;
VI. Classificação do Produto de Investimento;
VII. Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo, no mínimo, os riscos de liquidez, de
mercado e de crédito; e
VIII. Informações sobre os canais de atendimento.

2.5.6.2 Conheça seu cliente


As Instituições Financeiras devem conhecer seus investidores no início do relacionamento e durante o processo
cadastral, identificando a necessidade de visitas pessoais em suas residências, seus locais de trabalho e em suas
instalações comerciais. KYC é a sigla da expressão em inglês Know Your Customer.

As Instituições Participantes devem manter as informações cadastrais atualizadas, de modo a permitir que haja
identificação, a qualquer tempo, de cada um dos beneficiários finais, bem como do registro atualizado de todas as
aplicações e resgates realizados em nome dos investidores, quando aplicável.

Deve indicar os casos em que há necessidade de visitas, busca de informações por diversos meios legais e atualização
cadastral periódica.

2.5.6.3 Suitability
As Instituições Participantes não podem recomendar Produtos de Investimento, realizar operações ou prestar
serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do investidor.

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A IF deve obter: coleta de informações, classificação de perfil, classificação dos produtos de investimento,
procedimento operacional e comunicação com o investidor da adequação dos investimentos a seu perfil (suitability).
O Código impõe a obrigação de observância de Suitability para a classificação do perfil do investidor, definição de
categoria do ativo, consideração dos riscos dos produtos e definição de regras e procedimentos para a recomendação
e classificação de produtos de investimento.

2.5.7 Selo ANBIMA


O selo Anbima demonstra o compromisso das Instituições Participantes em atender às disposições do Código de
Distribuição. Não representa responsabilização pelas informações constantes dos documentos divulgados pelas
Instituições Participantes, ainda que façam uso do selo ANBIMA, nem tampouco pela qualidade da prestação de suas
atividades.

2.5.8 Distribuição de Fundos de Investimento


As Instituições Financeiras devem manter em seus sites as seguintes informações de fundos de investimento:

I. Política de investimentos;
II. Classificação de risco do Fundo;
III. Condições de aplicação, amortização (se for o caso) e resgate (cotização);
IV. Limites mínimos e máximos de investimento e valores mínimos para movimentação e permanência no
Fundo;
V. Taxa de administração, de performance e demais taxas;
VI. Rentabilidade, observado o disposto nas regras de Publicidade previstas nos anexos do Código ANBIMA
de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros, quando aplicável;
VII. Avisos obrigatórios, observado o disposto nas regras de Publicidade previstas nos anexos do Código
ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros, quando
aplicável; e
VIII. Referência ao local de acesso aos documentos do Fundo Os códigos de autorregulação buscam
com explicitação do canal destinado ao atendimento a transparência, ética e proteção ao
investidores.
investidor.
2.5.9 Penalidades
As Instituições Participantes que descumprirem os princípios e regras estabelecidos no Código de Distribuição
estarão sujeitas à imposição das seguintes penalidades, observadas as disposições do Código dos Processos:
I. Advertência;
II. Multa;
III. Proibição temporária do uso do Selo ANBIMA; e
IV. Desligamento do quadro associativo da ANBIMA.

Para saber mais, leia o Código de Distribuição disponível no site da Anbima.

2.6 Análise do Perfil do Investidor


A Instrução CVM 539 dispõe sobre o dever de verificação da adequação dos produtos, serviços e operações
ao perfil do cliente, também constante no Código de distribuição de produtos de investimento. Esta
prática é chamada de Suitability e é obrigatória às pessoas habilitadas a atuar como integrantes do
sistema de distribuição e os consultores de valores mobiliários.

IN CVM 539: “As Instituições Participantes devem implementar e manter, em documento escrito, regras e
procedimentos que possibilitem verificar a adequação dos Produtos de Investimento ao perfil dos investidores
(Suitability), devendo conter, no mínimo:

• Coleta de informações: descrição detalhada do mecanismo de coleta das informações junto ao investidor
para definição de perfil;

• Classificação do perfil: descrição detalhada dos critérios utilizados para a classificação de perfil do
investidor, devendo ser observadas as características de classificação para cada perfil, conforme Diretriz
ANBIMA de Suitability;

• Classificação dos Produtos de Investimento: descrição detalhada dos critérios utilizado para a classificação
de cada Produto de Investimento;

• Comunicação com o investidor: descrição detalhada dos meios, forma e periodicidade de comunicação
utilizada entre a Instituição Participante e o investidor para:

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• Divulgação do seu perfil de risco após coleta das informações; e
• Divulgação referente ao desenquadramento identificado entre o perfil do investidor e seus investimentos, a
ser efetuada sempre que verificado o desenquadramento;

• Procedimento operacional: descrição detalhada dos procedimentos utilizados para a aferição periódica
entre o perfil do investidor e seus investimentos;

• Atualização do perfil do investidor: descrição detalhada dos critérios utilizados para atualização do perfil do
investidor, incluindo a forma como a Instituição Participante dará ciência desta atualização; e Controles
internos: descrição detalhada dos controles internos e mecanismos adotados pela Instituição Participante
para o processo de Suitability com o objetivo de assegurar a efetividade dos procedimentos estabelecidos
pela instituição”.

2.6.1 Metodologia de API


A metodologia de captação de informações, Análise do Perfil de Investidor, deve considerar três itens:
I – o produto, serviço ou operação é adequado aos objetivos de investimento do cliente;
• O período em que o cliente deseja manter o investimento;
• As preferências declaradas do cliente quanto à assunção de riscos;
• As finalidades do investimento.

II – a situação financeira do cliente é compatível com o produto, serviço ou operação;


• O valor das receitas regulares declaradas pelo cliente;
• O valor e os ativos que compõem o patrimônio do cliente; e
• A necessidade futura de recursos declarada pelo cliente.

III – o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos relacionados ao produto, serviço ou
operação.
• Os tipos de produtos, serviços e operações com os quais o cliente tem familiaridade;
• A natureza, o volume e a frequência das operações já realizadas pelo cliente no mercado de
• Valores mobiliários, bem como o período em que tais operações foram realizadas; e
• A formação acadêmica e a experiência profissional do cliente (não se aplica à pessoa jurídica).

2.6.2 Perfis:
a) Conservador: Não aceita assumir riscos no principal, prefere ganhar pouco, mas sem oscilações significativas;

b) Moderado: Aceita assumir médios riscos no curto prazo para ganhar um pouco mais;

c) Arrojado ou agressivo: Disposto a correr grandes riscos para obter ganhos maiores.

2.6.3 Categorias de produtos para recomendação


Na análise e classificação das categorias de produtos devem ser considerados, no mínimo:
I – os riscos associados ao produto e seus ativos subjacentes;
II – o perfil dos emissores e prestadores de serviços associados ao produto;
III – a existência de garantias; e
IV – os prazos de carência.

2.6.4 Vedações de recomendação


É vedado recomendar produtos ou serviços ao cliente quando:
I – o perfil do cliente não seja adequado ao produto ou serviço;
II – não sejam obtidas as informações que permitam a identificação do perfil do cliente;
III – as informações relativas ao perfil do cliente não estejam atualizadas.

E se o investidor se negar a responder ou não acatar a recomendação?


• O consultor deverá alertar o investidor dos riscos e adequação ao perfil;
• O investidor deve prestar declaração expressa de sua decisão.

2.6.5 Prazos
A API deve ser aplicada em intervalos não superiores a 24 meses.

20
Os questionários devem ser guardados pelo prazo de 5 anos, por meio físico ou
eletrônico. Vale: 2 anos

Guarda: 5 anos
A não observância da aplicação do API constitui falta grave à Instituição Financeira.

2.6.6 Dispensa de Suitability


Para que a adequação da recomendação ao perfil seja dispensada, deve-se observar as regras da IN 539
da CVM, Código de distribuição e outras normas complementares.

Não se aplica a (IN 539 CVM):


1. Investidores qualificados;
2. Pessoa jurídica de direito público;
3. Investidor que possui carteira administrada por consultor ou entidade autorizado pela CVM;
4. Investidor que fez o API com seu consultor e está implementando a estratégia.

Não se aplica (código de distribuição):


1. Pessoa jurídica dos segmentos classificados como middle e corporate;
2. União, Estados, Municípios e Distrito Federal (pessoas jurídicas de direito público).

Não se aplica (produtos):


1. Depósito à vista (não é investimento);
2. Caderneta de poupança (Código de distribuição, art. 3º.);
3. CDB de resgate automático (Código de distribuição, art. 46);
4. Fundo de investimento renda fixa simples (IN 555 CVM, art. 113, &2).
Obs.: A legislação é para referência, não é cobrada na prova.

2.7 Principais fatores que determinam o perfil do investidor


• Necessidades econômico-financeiras: expectativas, restrições e objetivo de investimento.
• Necessidades de liquidez: prazo para obtenção do retorno, dependência por parte do investidor dos recursos
investidos e estabilidade da fonte de renda.
• Tolerância a risco: sensibilidade a perda dos recursos investidos, relação retorno/risco.

2.8 Finanças Pessoais


O planejamento financeiro é o primeiro passo para estabelecer a situação financeira e patrimonial, individual ou
familiar. O orçamento é uma importante ferramenta para a obtenção dos objetivos, pois permite controlar melhor o
dinheiro e planejar o futuro com segurança e confiança.

2.8.1 Orçamento
O orçamento é o primeiro passo do planejamento financeiro, identificando todos os rendimentos e todas
as despesas previstos para o ano. Também deve-se considerar rendas e gastos eventuais, extras, enfim,
quanto mais completa a previsão, melhores resultados um planejamento tende a ter, pois é possível fazer
ajustes e reorganizá-lo de acordo com os objetivos.

Itens que devem ser previstos em um orçamento:

1. Receitas: qual a estimativa de recebimento mensal e anual, entradas periódicas e eventuais;


2. Despesas: separar despesas de manutenção e consumo, assim como as despesas fixas e variáveis;
3. Investimentos: é indicado que o orçamento familiar preveja uma parcela para os investimentos, não inferior a
10%, para a formação de reservas para emergências, aposentadoria e projetos;
4. Dívidas: se houver, especificar o valor comprometido com todas as dívidas, como empréstimos, financiamentos,
parcelamentos no cartão de crédito ou outros meios. Não é recomendável que as parcelas das dívidas
ultrapassem 30% da renda.

Além do orçamento, é importante fazer o acompanhamento das receitas e despesas mensais, ou seja, do fluxo de
caixa, as reais entradas e saídas, para as devidas adequações e ajustes ao que foi planejado, ou em frente a eventuais
modificações de cenários.

2.8.2 Balanço Patrimonial: é o levantamento patrimonial de uma pessoa ou família, anotando todos os bens e dívidas,
onde a diferença entre estas duas contas será o patrimônio líquido.

21
Ativos: é o valor de todos os bens, calculados pelo seu valor de mercado.
Passivos: é o saldo de todas as dívidas, formais e informais.
Patrimônio Líquido: é a diferença entre os bens e as dívidas.

De acordo com as técnicas de contabilidade,


ao fazer um balanço, a soma dos ativos deve ser igual à soma
dos passivos. Para isso, o Patrimônio Líquido é classificado
como Passivo (obrigações), ou seja, se fosse uma empresa,
seria o que a empresa deve para o dono.

2.8.3 Cálculo do Índice de endividamento (ou Grau de


Endividamento GE):
O endividamento pode ser calculado de duas formas:

a. Índice de endividamento mensal (comprometimento): é o quanto da renda mensal está comprometida com
dívidas e parcelamentos. É utilizado no cálculo de capacidade de pagamento.

I. Some todas as suas dívidas (parcelas mensais);


II. Calcule o seu salário mensal; O índice de endividamento mensal,
III. Divida o total das dívidas pelo salário; para ser considerado administrável,
IV. O resultado, multiplicado por 100 (para ser apresentado de não pode ser superior a 30% da
forma percentual), é o índice de endividamento mensal. renda.

b. Índice (ou grau) de endividamento patrimonial ou Endividamento geral: é obtido através do cálculo das
dívidas totais dividido pelo total dos bens.

Se o Grau de Endividamento Patrimonial I. Some o total das dívidas;


(GE) for superior a 100%, significa que o II. Some o total dos bens;
patrimônio não é suficiente para pagar III. Divida o total das dívidas pelo total dos bens;
as dívidas, e deverá gerar mais receitas IV. O resultado, multiplicado por 100 (percentual), é o índice de
para esse fim. endividamento patrimonial.

2.8.4 Fluxo de caixa e situação financeira


O fluxo de caixa é a entrada e saída de dinheiro, efetivamente. Enquanto o regime de competência é o período em
que uma receita ou despesa foi gerada, o regime de caixa significa quando efetivamente impactou no saldo.

Nem sempre ocorre o recebimento das receitas geradas durante o mês. Pode haver parcelamento ou então
inadimplência. Da mesma forma, as despesas realizadas em um mês podem ter vencimento em meses seguintes,
através de prazo ou parcelamentos.

O descuido com o fluxo de caixa pode acarretar em problemas financeiros, com o não recebimento de receitas por
trabalhos já realizados ou pelo acúmulo de despesas realizadas a prazo. Imagine um consumidor que parcela a
conta do supermercado em 3 vezes. No mês seguinte, terá a nova compra mais a parcela do mês anterior, e essa
atitude pode virar uma bola de neve, com impactos significativos na construção do patrimônio e gestão das finanças
pessoais.
Por isso é importante ter um valor de reserva, que possa ser utilizado em eventuais desencaixes, sazonalidades ou
mesmo em emergências, lembrando que os recursos em reserva de emergência devem ser aplicados em
investimentos com liquidez e baixo risco, como, por exemplo, investimentos atrelados à taxa DI.

2.8.5 Grau de conhecimento do mercado financeiro – experiência em matéria de investimento:


O grau de endividamento é um importante indicador do conhecimento e habilidades com finanças, muitas vezes traz
graves problemas para o cidadão, usurpando uma grande parte da fonte de renda. A educação financeira é uma
forma de reduzir o endividamento e melhorar a experiência em investimentos financeiros, começando desde cedo a
investir pequenos valores, para formação do hábito.

2.9 Decisões do Investidor na perspectiva de Finanças Comportamentais


Os investidores nem sempre são racionais em suas decisões, são avessos ao risco, e analisam seus investimentos
individualmente, em vez da carteira por correlação e análise de risco x retorno.
As atitudes aparentemente racionais envolvem uma série de armadilhas do cérebro, chamados de atalhos mentais,
que influenciam as decisões dobre investimentos. Essas armadilhas ocorrem inclusive com pessoas de alto

22
conhecimento, porque estão instauradas na psique, fazendo parte das finanças comportamentais. Esses atalhos
mentais são chamados de heurísticas e ocasionam vieses de comportamentos.

Heurísticas: são regras práticas ou atalhos mentais que orientam o julgamento e avaliação dos investidores. Podem
causar erros nas decisões dos investidores, também chamados de vieses.

São elas:
a) Disponibilidade: decisões influenciadas por ocorrências e eventos recentes na memória do investidor. Por
exemplo, uma empresa que teve um escândalo recente e o fato gerou publicidade, o investidor
não compra, porque teve impacto negativo em sua decisão. Ou uma empresa que tenha
exposição positiva na mídia, com altas expectativas. O fato foi impactante e ficou disponível na
mente do investidor. Compra o papel baseado em suas memórias recentes.

b) Representatividade: decisões a partir de eventos passados. Por exemplo, o investidor teve uma experiência
ruim e criou aversão ao investimento. Ou então toma a decisão baseada nos históricos passados.
Diz-se que criou estereótipo (crenças de que sempre será da mesma forma). Um outro exemplo
é o investidor que compra ações de uma empresa porque ela é sólida, grande e antiga. Isso não
quer dizer que gere lucro ou que suas ações irão valorizar.

c) Ancoragem: decisões com base em informações recebidas (de relatórios ou analistas), como um preço-alvo,
o investidor não toma decisão até chegar neste patamar, mesmo que tenha novas situações que
mudem o cenário. Exemplo: um investidor compra uma ação do Itaú a R$ 8,40. Com base em suas
informações, decide vender se chegar a R$ 7,40 ou R$ 10,00, que na análise técnica são chamados
respectivamente de suporte e resistência (ponto mais baixo e mais alto do gráfico) onde se ancora
para tomar as decisões, mesmo que outros fatos influenciem no desempenho presente e futuro do papel,
não muda porque ficou ancorado numa expectativa.

d) Aversão à perda: manutenção de investimentos não lucrativos e venda de investimentos com ganho. É a
relutância do investidor de realizar uma perda, pois espera recuperar pelo menos o capital
investido. Exemplo: Comprou uma ação a R$ 40,00 e a ação começou a cair. Como acredita no
papel, não a vende, mesmo quando continua caindo e sem perspectivas, a mantém para provar
que estava certo e que voltará a subir. Se tiver duas ações, uma registrando ganhos e outra
registrando perdas, tende a vender a que já teve ganhos e aguardar a outra a se recuperar.

e) Efeitos de estruturação: influência na decisão de investimento da forma como as alternativas ou o problema


são apresentados (framing). Acredita nas informações recebidas sem questionar. Exemplo: uma
empresa vai fazer uma IPO e faz uma apresentação de seus resultados. O investidor adquire os
papéis com base na apresentação comercial que foi feita.

23
PRINCÍPIOS
BÁSICOS DE
ECONOMIA E
FINANÇAS

Este capítulo representa 5% a 10% da prova (3 a 6 questões).

Objetivo: entender conceitos básicos de economia e finanças, indicadores e índices do mercado


para melhorar a compreensão do mercado financeiro e comportamento dos preços dos ativos.

24
3.1 Conceitos Básicos de Economia
3.1.1 PIB – Produto Interno Bruto: É o conjunto da produção final de bens e serviços realizada em território nacional,
independentemente da nacionalidade dos agentes econômicos, num determinado período de tempo. O
índice considera o valor dos bens e serviços finais, desconsiderando a matéria prima e fases anteriores.
Se calcular o valor adicionado a cada fase, de modo a não calcular a mesma coisa duas vezes, o resultado
é o mesmo.

Componentes do PIB (sob a óptica da despesa):

C = Consumo privado ou das famílias.


I = Investimentos privados das empresas. Y= C + I + G + X – M (todos somam menos M)
G = Gastos públicos do governo (impostos).
X = Volume de exportações Ou Y= C + I + G + NX (todos somam)
M = Volume de importações
(ou NX = Exportações líquidas) Pra Gravar: PIB é CIG NX

3.1.2 Índices de Inflação


É uma elevação do nível geral de preços. Os índices deC inflação
+ I + G +demonstram o comportamento da variação dos
NX (todos somam)
preços dos bens e serviços.

3.1.2.1 IPCA –Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo: Seu cálculo considera os produtos e serviços
consumidos pelas famílias com rendas de 1 a 40 salários mínimos, nas principais regiões metropolitanas do
Brasil. É calculado e divulgado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e é utilizado como
referência para acompanhar a meta da inflação, definida pelo CMN, para que o Copom (Comitê de política
monetária) implemente a política monetária com a definição da taxa básica de juros Selic Meta.

3.1.2.2 IGP-M - Índice Geral de preços do mercado: O IGP-M é a média ponderada de três índices:
a. IPA Índice de Preços ao Atacado (peso de 60% no índice) +
b. IPC índice de Preços ao consumidor (peso de 30% no índice) +
c. INCC Índice Nacional de Construção Civil (peso de 10% no índice).

É calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de IPCA: índice oficial da inflação no Brasil. Mede o CONSUMO
Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas FGV, de determinada faixa de renda nas principais cidades do país.
utilizando como base de cálculo o as variações
medidas entre o dia 21 do mês anterior ao dia 20 do IGPM: média ponderada (60-30-10) de três índices, onde o
mês de referência. principal peso é ATACADO.

3.1.3 Taxa de câmbio


A Taxa de câmbio é a equivalência de uma moeda em relação a outra.
3.1.3.1 PTAX: é a taxa média das taxas de câmbio em relação ao Real, onde o Banco Central consulta os
dealers (instituições autorizadas a operar em câmbio, segundo critérios de volume de negócios e
qualidade na prestação de informações), em quatro janelas de consulta ao longo de cada dia, e divulga
a média ao final da 4ª. consulta. As moedas mais conhecidas e cotadas são dólar e euro.

3.1.3.2 SPOT: é a cotação das moedas estrangeiras à vista, no momento da negociação. É atualizada constantemente
ao longo do dia.
A taxa de câmbio rege contratos de importação e exportação, derivativos e outros. Com isso, impacta
diretamente no custo de mercadorias, o que prejudica o controle da inflação, porque os produtos
possuem referência em dólar (custo da matéria prima, componentes, combustível, ou mesmo exportação,
onde o valor internacional é referência para venda interna).

3.1.3.3 Taxa cambial desvalorizada: Quando é necessário maior quantidade da moeda local para comprar a moeda
estrangeira. O dólar sobe, o real se desvaloriza, sempre na perspectiva da moeda local. É bom para o exportador,
porque haverá mais reais pela sua venda, e ruim para o importador, que pagará mais pela sua aquisição. Também
dificulta o controle da inflação, pois há uma alta de preços em geral por causa do aumento da moeda estrangeira
(em especial o dólar, por ser moeda de referência nacional).

25
3.1.3.4 Taxa cambial valorizada: Acontece quando é necessária uma quantidade menor de moeda local para adquirir
uma moeda estrangeira. O dólar cai, o real se valoriza, pois é necessário menos reais para adquirir um dólar. Esse
cenário é ruim para o exportador, que receberá menos pela sua venda, e bom para o importador, que pagará mais
barato pelos bens adquiridos. Facilita o controle da inflação, pois não há reflexos externos na formação de preço.
Ex.: Ontem precisava-se de R$ 6,00 para comprar um dólar. Hoje precisa-se de R$ 5,50. O Real VALORIZOU-SE frente
ao Dólar. É preciso menos “reais” para comprar 1 dólar.

TAXA CAMBIAL
DESVALORIZA VALORIZA
Importador Ruim Bom
Exportador Bom Ruim
Controle
Dificulta Facilita
Inflação

Taxa cambial: DESVALORIZA VALORIZA


REAL Cai Sobe
DOLAR Sobe Cai

3.1.3.4 Impactos na taxa de câmbio


A taxa de câmbio é influenciada pela oferta e demanda da moeda de um país, ocasionando alteração na cotação das
moedas. Com isso é impactada por:

Taxa de juros: Quando os juros de um país, principalmente se for emergente como o Brasil, estão baixos
e pouco atrativos, os investidores (que possuem capital especulativo) levam o dinheiro para outros países,
que possuem menos riscos. Com muitas pessoas comprando dólar, aumenta a demanda pela moeda e seu
preço sobe. Dólar sobe, taxa cambial brasileira desvaloriza.

Inflação: quando a inflação aumenta, desvaloriza a taxa cambial. Imagine uma caneta sendo vendida por
U$$ 1. Quando o dólar vale R$ 5,00, significa que a caneta custa R$ 5,00, mas se a taxa cambial
desvalorizar, fazendo o dólar subir para R$ 8,00 por exemplo, o preço da caneta no Brasil vai subir,
aumentando a inflação.

Balança de pagamentos: a balança de pagamentos é a relação de capital de um país com outros. Envolve
exportação e importações, serviços (como turismo), aquisição de bens e investimentos. Quando a balança
de pagamentos está positiva, ou seja, o país está vendendo mais do que comprando, são mais dólares
entrando no país. Muita oferta de uma moeda pressiona seu preço para baixo, valorizando a taxa cambial
local. E se a balança de pagamentos está negativa, o país está comprando mais do que vendendo, aumenta a
demanda por dólar, o que sobe o seu preço e desvaloriza a taxa cambial no Brasil.

Transações de investimentos especulativos: operações estruturadas com moedas podem aumentar a


oferta ou demanda de moeda estrangeira, impactando no preço.

Situações políticas: reformas fiscais, tendências de governo e outros fatores podem melhorar ou piorar
um cenário econômico. Por exemplo, se a situação estiver ruim, aumenta o risco e há fuga de capital, para
isso, as pessoas compram dólares (aumenta a demanda) causando aumento da moeda estrangeira,
ocorrendo o inverso se a situação for boa.

3.1.3.5 Cupom cambial: são os juros pagos acima da taxa cambial. Exemplo: USD + 3% ao ano.

3.1.4 COPOM Comitê de Política Monetária:


O COPOM – Comitê de Política Monetária, é composto pelo Presidente do Banco Central e seus diretores, e tem o
objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros básica da economia. Reúne-se
periodicamente para definir a meta para a taxa básica de juros.

Os objetivos do COPOM são:


• Analisar o Relatório de Inflação (IPCA);
• Definir a meta da taxa SELIC;
• Implementar diretrizes de política monetária.

26
O COPOM analisa o IPCA para definir a SELIC Meta. Definindo a meta da taxa de juros, implementa um perfil de
utilização de crédito (se estiver caro, usam pouco, se estiver barato usam mais) ou investimentos (se a taxa está alta,
deixam de consumir para investir, se a taxa está baixa, preferem consumir a investir) e consequentemente de
consumo, impactando a inflação e complementando o ciclo contínuo.

A taxa básica de juros é uma forma do governo regular a liquidez do mercado através da oferta e demanda de
liquidez. O grande desafio de um país é crescer com a menor taxa de juros e inflação possível.

Com taxas altas, os consumidores compram menos (pelo custo do crédito ou porque preferem aplicar), fazem menos
empréstimos, reduzindo a inflação e impactando negativamente o crescimento do país.

Com taxas mais baixas, os consumidores aquecem a economia, buscam mais empréstimos e compram mais,
aumentando o crescimento do país e também a inflação.

CMN: meta da inflação. 3.1.5 Taxa SELIC – Meta – Divulgada pelo COPOM, é expressa na forma anual para
252 dias úteis e representa o nível de taxa de juros que o governo considera
COPOM: Meta da taxa de adequada para atingir a meta de inflação definida pelo CMN. É um instrumento
juros (Selic Meta). para direcionar o mercado.

3.1.6 Taxa SELIC – Over ou diária - É a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um
dia, lastreadas em títulos públicos federais e registradas no sistema SELIC (clearing de títulos públicos). Expressa na
forma anual para 252 dias úteis, é a taxa efetivamente praticada no mercado, que irá remunerar os títulos indexados
à taxa SELIC, como por exemplo o Tesouro Selic.

3.1.7 CDI Certificado de Depósito Interfinanceiro: São operações realizadas entre Instituições Financeiras com o
objetivo de captação e aplicação de recursos. Diariamente há bancos com excesso de recursos e outros com falta de
recursos, que realizam operações entre si. Não podem ser vendidos a outros investidores e não têm IR.

TAXA DI – É a taxa média do CDI, divulgada diariamente pela B3, que faz a custódia dos contratos privados. Tem
como base as operações de Depósitos Interfinanceiros, pactuadas por um dia útil. Sua taxa é expressa ao ano,
considerando 252 dias úteis.

3.1.8 TR – Taxa Referencial: calculada a partir da média das taxas praticadas nos títulos do Tesouro Nacional -Tesouro
Prefixado, na modalidade vendida com desconto, antigamente chamadas de LTN- Letras do Tesouro Nacional
(veremos as características deste ativo no capítulo 6). A média das taxas
praticadas nesses títulos dá origem à TBF - Taxa Básica Financeira, A TR é formada a partir da média
quando então aplica-se um redutor estipulado pelo BACEN, resultando a dos títulos públicos prefixados.
TR, que é utilizada no cálculo da poupança, FGTS, financiamentos
habitacionais e outros.

Quando, em virtude do redutor, a taxa resultar em número negativo, a TR será igual a zero.

3.1.8 Política Monetária:


É o controle da oferta da moeda e das taxas de juros de curto prazo que garanta a liquidez ideal de cada
momento econômico, com o objetivo de se obter crescimento econômico com a menor taxa de inflação
possível.

O BACEN é o responsável pela execução desta política para controle da liquidez, meios de pagamento,
dos juros e do crédito.

3.1.8.1 Política Monetária Restritiva: o Governo retira dinheiro do mercado, diminuindo a liquidez da economia, por
meio da venda de títulos públicos (retira a liquidez porque os recursos ficam investidos em Títulos Públicos), elevação
da taxa de juros em redescontos ou elevação do percentual exigido de reserva compulsória. Com menos recursos, a
inflação cai, reduz o PIB e aumenta o desemprego.

3.1.8.2 Política Monetária Expansiva: o Governo coloca dinheiro na economia, aumentando a quantidade de dinheiro
disponível, de liquidez da economia, por meio da compra de títulos públicos, redução das taxas de redesconto ou
diminuição do percentual de reserva compulsória. Com isso, a inflação e o PIB aumentam, e reduz o desemprego.

27
3.1.8.3 Instrumentos de Execução e Controle da Política Monetária
a) Open Market: Compra e Venda de Títulos Públicos com o objetivo de regular a liquidez de mercado. É o mais
utilizado e o mais eficaz, pois age rapidamente na economia.

b) Redesconto: Empréstimo de última instância concedido pelo BACEN a título de assistência de liquidez para
instituições financeiras que apresentem desequilíbrios em seu fluxo de caixa.

c) Compulsório: Representa uma parcela dos recursos dos depósitos nos bancos que é compulsoriamente
recolhida ao BACEN em moeda corrente ou títulos públicos.

Atenção com causa e efeito: Se a inflação está alta, o BACEN precisa aplicar política restritiva, por exemplo irá vender
títulos públicos. Com isso, haverá menos liquidez no mercado, as pessoas comprarão menos e a inflação irá cair. O
mesmo conceito serve para as demais estratégias, e o inverso na política expansionista.

Juros altos: o crédito fica mais caro, as pessoas


consomem menos e a atividade econômica cai.
Juros baixos: o crédito fica mais barato, as pessoas
consomem mais e a atividade econômica
aumenta.

3.1.9 Política Fiscal


Política fiscal é o conjunto de medidas adotadas pelo governo para a arrecadação de meios para pagar as contas do
governo. Quando a arrecadação é menor do que os gastos do governo, é necessário a emissão de títulos
representativos da dívida pública (títulos públicos) pra suprir a insuficiência de recursos.

3.1.9.1 Política fiscal expansionista: a atividade econômica precisa de estímulos: Se aumentar os gastos do governo,
por exemplo, folha de pagamento ou programas sociais, haverá mais recursos no mercado. Se reduzir impostos,
haverá mais recursos disponíveis também.

3.1.9.2 Política fiscal contracionista: a atividade econômica precisa ser reduzida, retirando dinheiro da economia:
Reduzir gastos públicos e programas sociais, aumentar impostos.

3.1.10 Política Cambial: Os países podem ter os seguintes regimes de taxa de câmbio:
a) Arranjos sem moeda distinta: onde um país abre mão de sua própria moeda. Exemplo: zona do Euro.

b) Controlado ou fixo: o governo define a cotação da moeda, também chamado de âncora cambial. Ex.: China.

c) Bandas cambiais: o governo estipula um mínimo e máximo para as taxas de câmbio.

28
d) Flutuante: o mercado livremente define a cotação das moedas, pela lei da oferta e demanda. Exemplo:
Estados Unidos.

e) Flutuante administrado (com intervenção): No passado, era chamado de regime flutuante sujo. O mercado
livremente define a cotação das moedas, pela lei da oferta e demanda. No entanto, em caso de desiquilíbrio,
o governo intervém comprando ou vendendo a moeda para reestabelecer o equilíbrio entre elas. Ex. Brasil.

3.1.11 Contas externas


Uma economia aberta necessita de um sistema para contabilizar os fluxos de produção e renda, entradas e saídas
de capitais e o comércio de bens e serviços com o exterior. Estes fluxos são contabilizados em uma conta chamada
Balanço de pagamentos.

3.1.11.1 Balanço de pagamentos - É o registro das transações de um país com o resto do mundo. No Brasil o registro
é feito em dólar americano, independentemente do país.
É formado por três contas:

a. Conta corrente ou transações correntes: formada pelas subcontas:


a. Balança comercial: saldo de exportações menos importações. Se positivo há superávit; se negativo,
déficit.

b. Conta de Serviços e rendas: receitas e despesas com viagens internacionais, fretes, seguros, aluguéis,
serviços do governo, pagamento ou recebimento de juros ou dividendos, exportação ou importação
de serviços.

c. Transferências unilaterais: remessas de recursos ou doações entre residentes do país e residentes


em outros países.

b. Conta de capitais - Registra o saldo entre as compras


Em alguns conteúdos, o Balanço de
de ativos estrangeiros por residentes no país e a venda
Pagamentos é apresentado com apenas com
de ativos brasileiros a estrangeiros.
duas contas: transações correntes e conta de
capitais. Nesse caso, a conta de capitais
c. Conta financeira: ativos financeiros recebidos do
engloba capital físico e capital financeiro.
exterior menos ativos financeiros enviados ao exterior.

3.1.11.2 Reservas internacionais


As reservas internacionais são reservas em ativos do Brasil em moeda estrangeira, para o país fazer frente
às suas obrigações no exterior e eventualidades como crises cambiais. O Brasil, que adota o regime de
câmbio flutuante, utiliza recursos das reservas internacionais para intervir no mercado de forma
administrada, para conter avanços do dólar perante a moeda local, quando necessário.

Essas reservas, administradas pelo Banco Central, são compostas principalmente por títulos, depósitos em moedas
(dólar, euro, libra esterlina, iene, dólar canadense e dólar australiano), direitos especiais de saque junto ao Fundo
Monetário Internacional (FMI), depósitos no Banco de Compensações Internacionais (BIS), ouro, entre outros ativos.

A alocação das reservas internacionais é feita de acordo com as diretrizes de segurança, liquidez e rentabilidade,
nessa ordem, sendo a política de investimentos definida pela Diretoria Colegiada do Banco Central.

3.2 Conceitos Básicos de Finanças


Indexadores econômicos são índices de reajuste. As suas funções básicas, dependendo do que se propõe, são corrigir
a desvalorização da moeda.

3.2.1 Taxa nominal e real


Taxa Nominal é a taxa visível aos participantes de uma transação, que é negociada nas aplicações e empréstimos. É
a taxa que usamos para atualizar um valor. Exemplo: Um CDB tem uma taxa de 5%. Essa taxa é uma taxa nominal, a
taxa que será cadastrada no sistema.

Taxa Real é a taxa de juros nominal descontando a inflação do mesmo período por um de seus índices (IPCA, IGP-M
etc.).

A fórmula da taxa real, chamada de fórmula de Fisher, faz a divisão da taxa nominal pela taxa de inflação, em vez de
subtrair. Isto faz com que o resultado seja um pouco diferente.

29
Exemplo 1: Taxa nominal: 5% e IPCA: 2%. Se subtrair, a resposta seria 3. Na fórmula: (1,05/1,02) - 1 . 100 = 2,94%

Exemplo 2: Taxa nominal: 5% e IPCA: -2%. Se subtrair: 5 – (-2)= 7


Na fórmula: (1,05/0,98) - 1 . 100= 7,14% Inflação: um pouco menos.
Deflação: um pouco mais.

3.2.2 Capitalização Simples versus Capitalização Composta


Juros Simples: é um percentual de remuneração que incide sobre o capital inicial. É sempre calculado tendo
por base o valor do início do investimento (capital).

J= VP x i x n (juros simples é igual a valor presente vezes taxa linear, dividida por 100, vezes o tempo). Se
quiser saber o valor do saldo total, é só somar com o capital.

Juros compostos incide sobre capital atualizado, ou seja, sobre o valor inicial + juros de cada período. É exponencial,
pois em vez de multiplicar, eleva-se ao tempo, com isso tem-se o capital atualizado pelos juros para o cálculo do
período seguinte.

J= VP x (1+i)^n – 1
VF= VP x (1+i)^n

Obs.: a taxa sempre tem que estar linear, ou seja, dividida por 100 = por cento.
Onde J=juros, VP= valor presente, VF= valor futuro, i=taxa, n=prazo.

Preste atenção na orientação ao investidor. Se fosse possível escolher, qual taxa traria maior retorno em um
determinado cenário:

a. Juro simples é maior: quando a unidade de tempo requerida é menor que a unidade de tempo em que a taxa
está expressa. Exemplo: O problema apresenta uma taxa ao mês e a aplicação é para um dia (veja no quadro
acima, a uma taxa de 6% ao mês, a taxa ao dia nos juros simples é 0,20%, maior que no cálculo de juros
compostos).

Juros compostos: b. Juro composto é maior: quando a unidade de tempo requerida é


maior que a unidade de tempo em que a taxa está expressa. Exemplo:
Para trás, descapitaliza (perde). A questão apresenta uma taxa ao mês e a aplicação é para um ano
(veja no quadro acima, a uma taxa de 6% ao mês, a taxa ao ano nos
Para frente, capitaliza (ganha). juros compostos é 101,22%, maior que no cálculo de juros simples).

3.2.2.1 Taxa de juros equivalentes versus taxa de juros proporcional

Equivalente: Diz-se que duas taxas são equivalentes quando é utilizada a


capitalização composta e, se forem aplicadas sobre um mesmo capital, no SP= Simples/Proporcional,
mesmo tempo, chegam ao mesmo resultado. Exemplo: 2% ao mês é equivalente formam a sigla São Paulo
a 26,82% ao ano CE=composta/equivalente,
. formam a sigla Ceará
Proporcional: Duas taxas são proporcionais quando é utilizado o regime de
capitalização simples. Basta multiplicar ou dividir a taxa entre os períodos para chegar ao resultado.

Exemplo: 2% ao mês é proporcional a 24% ao ano.

30
3.2.3 Conceitos de fluxos de pagamento e fluxos de caixa

3.2.3.1 Fluxo de pagamentos:


Valor Presente (VP): É o valor investido em uma aplicação na data atual, ou o valor de um montante no futuro,
descontado por alguma taxa de juros (trazido a valor presente).

Valor Futuro (FV): É o valor atual do investimento, acrescentado dos juros de determinado período (descontando os
pagamentos no meio desse período, se houver).

Taxa de Desconto: É a taxa utilizada para determinar o valor do dinheiro na data de hoje que será recebido somente
em algum momento do futuro.

3.2.3.2 Fluxo de caixa: cupom e amortizações:

Cupom: taxa de juros em um título de crédito que é pago durante um período, geralmente semestral.

Amortização: programação mensal, trimestral, semestral, anual ou esporádica, no percentual previsto no título.

Zero Cupom: Tipo de título que não paga juros durante o seu prazo de duração. O rendimento total, acrescido do
valor principal, será pago no vencimento do título.

Taxa livre de risco: Os diversos ativos onde o investidor pode aplicar seu dinheiro possuem risco, onde o preço e as
taxas oscilam de acordo com ocorrências diversas. Risco de mercado: Volatilidade, oscilação do preço de um ativo.
São taxas que acompanham o mercado e não possuem volatilidade. Exemplo: Taxa DI e Taxa SELIC.

Ativos livres de risco - Um ativo é considerado livre de risco quando representa


Ativo livre de risco: título
o menor risco de crédito ao seu investidor, além de possuir o maior nível de
público, refere-se a risco de
liquidez dentro de uma economia.
crédito.
Taxa livre de risco: taxa pós
No mundo: títulos do Tesouro Americano (Treasuries)
fixada. Refere-se a risco de
No Brasil: Títulos públicos federais (menor risco de crédito e maior liquidez).
mercado.

Custo de oportunidade: é quanto o investidor ganharia em um investimento de baixo risco ou com “taxa livre de
risco”: é o rendimento considerado sem risco pelo mercado, mesmo apresentando oscilações. Ex.: Selic, CDI.

Taxa interna de retorno (TIR): é a rentabilidade de um investimento, que para ser atrativo tem que ser maior que o
custo de oportunidade.

Alavancagem financeira, custos de captações (dívidas e/ou capital)


Alavancagem financeira é a utilização de recursos de terceiros para maximizar os lucros de uma operação. Os
recursos próprios, ou capital social, são recursos de sócios e exigem remuneração através da geração de lucros. Os
recursos de terceiros são dívidas com fornecedores, bancos e terceiros, usados no conceito de alavancagem.

3.2.4 Prazo médio ou duração da carteira: É o prazo médio ponderado do valor presente dos títulos de uma carteira
de renda fixa, descontados pela taxa de juros vigente, pelos seus respectivos prazos a decorrer até o vencimento.

Por que é importante conhecer o prazo médio de uma carteira?

• Ele determinará maior ou menor grau de exposição ao risco de mercado.


• Uma carteira de títulos de taxa prefixada está exposta ao risco da elevação da taxa de juros. A carteira estará
tanto mais exposta a esse risco quanto maior for o prazo médio de seus ativos.

As carteiras de prazo mais longo se caracterizam por apresentarem maiores oscilações de preço. Por serem mais
arriscadas, no longo prazo tendem a apresentar maior rentabilidade.

3.2.5 Custo Médio Ponderado de Capital –CMPC (ou WACC - Weighted Average Cost of Capital)- O CMPC estuda como
a empresa capta recursos financeiros para operar e os custo de cada fonte:
• Capital próprio (emissão de ações).
• Capital de terceiros (emissão de títulos de crédito).

31
O CMPC é o custo ponderado do capital de uma empresa, considerando o retorno esperado dos sócios no capital
próprio e os custos de captação no capital de terceiros (endividamento)

Quanto mais alto o CMPC, a empresa está menos alavancada, tem menos dívidas e, consequentemente, tem mais
recursos próprios.

Considerações sobre o CMPC/WACC:

• Um alto CMPC significa pouca dívida e alto capital próprio;


• CMPC baixo significa empresa com alavancagem financeira;
• Quanto menos alavancada, a estimativa de lucro da empresa tende a ser maior, pois tem menos
custo em pagamento de juros.

3.2.6 Retornos

Retorno histórico ou observado: É o rendimento obtido no passado, é o histórico de rentabilidade de um


investimento.

Retorno esperado: É o rendimento que se espera obter de um investimento, projeção, expectativa futura.

32
INSTRUMENTOS
DE RENDA
VARIÁVEL,
RENDA FIXA E
DERIVATIVOS

Este capítulo tem peso de 17% a 25% da prova (11 a 15 questões).

Objetivo: Conhecer as características e indicações dos principais produtos de renda fixa e renda
variável do mercado, aprimorando a recomendação de investimentos.

33
4.1 Instrumentos de renda fixa e renda variável

Os investimentos se dividem em dois grandes grupos:

Renda fixa: são promessas de pagamento, o investidor empresta o seu dinheiro para o emissor de um título
representativo da dívida. O emissor pode ser o Governo (Títulos Públicos), Bancos (Certificado de Depósito
Bancário - CDB, poupança, LCI/LCA), Empresas (debêntures), Pessoas Físicas e Jurídicas (Cédula de Crédito
Bancário - CCB, Cédula de Crédito Imobiliário - CCI). Podem ser negociados no mercado primário ou no
mercado secundário, quando são vendidos para outros investidores antes de seu vencimento.
Exemplo: Um título público com vencimento em 20 anos pode ser vendido a qualquer momento a outro investidor,
através do tesouro direto.
Nos títulos de renda fixa há uma remuneração determinada, que pode ser taxa de juros (prefixada ou pós-fixada) ou
inflação (IPCA, IGP-M, etc.).

Renda variável: são ativos que não possuem uma remuneração determinada, mas uma expectativa de valorização.
Dependem de eventos do mercado e com isso valorizam ou desvalorizam e distribuem seus resultados e
outros benefícios aos acionistas. Como exemplo, temos as ações, que oferecem a seus detentores a
participação societária das empresas que as emitem. Quando um investidor adquire ações, está se
tornando sócio da empresa. As ações formam o capital social da companhia, que junto com as demais
contas (resultado, reservas) formam o patrimônio líquido da mesma.

Captação de recursos por empresas:


As empresas precisam captar recursos para seu funcionamento e execução de seu planejamento. Quando
possuem a necessidade de captar recursos para seus projetos, capital de giro ou mesmo desencaixes,
podem fazê-lo através de:

• Emissão de novas ações: captação de recursos através do aumento do Patrimônio Líquido (capital de sócios,
renda variável). Nesse caso aumentará o capital dos sócios;

• Empréstimo em Bancos: pode ocorrer através de linhas de crédito especiais para capital de giro ou
financiamentos, como o BNDES, ou outros créditos com um custo mais elevado, como um crédito rotativo,
crédito parcelado ou outro;

• Captação de recursos diretamente de investidores: ocorre quando a empresa busca capital de terceiros,
emitindo títulos como debêntures e notas promissórias, que são instrumentos de renda fixa com taxas
determinadas contratualmente, e os colocando à venda diretamente ou através de corretoras na Bolsa.

4.2. Mercados de acesso

4.2.1 Bolsa de Valores: ambiente regulamentado pela CVM onde ocorre negociação de ações de empresas de
capital aberto, que cumprem as exigências deste mercado, além de mercadorias e derivativos. A entrega dos ativos
e o seu pagamento são garantidos pela Bolsa. As modalidades de operação em Bolsa de Valores são: mercado a
vista, mercado a termo e mercado de opções.

4.2.2 Mercado de Balcão: São contratos negociados entre as partes diretamente.

a. Mercado organizado: ambiente informatizado e transparente de negociação, com mecanismos de


autorregulação. O Mercado de Balcão Organizado da B3 é um ambiente onde são negociadas ações que
ainda não têm porte para ir ao pregão da bolsa.

b. Mercado não organizado: não supervisionado por entidade autorreguladora. Ocorre a negociação direta
dos ativos.

4.3 Ações
São títulos emitidos por sociedades anônimas que representam a propriedade de uma fração do capital social da
companhia. Quem investe em ações é proprietário de uma parte da sociedade anônima, tornando-se acionista e
participando de seus resultados.
Uma ação é a menor parte do capital de uma sociedade anônima. As ações são escriturais, comprovadas por
extratos, certificados ou Recibos (DR – Depositary Receipt).

34
Para a negociação pública no mercado de valores mobiliários, é necessário o registro na CVM.

Negociação pública: é quando a negociação dos ativos aos investidores ocorre através de mercados organizados,
como a Bolsa de Valores. Outra forma, negociação privada, ocorreria diretamente entre o interessado e o acionista
da empresa, sem passar pelo ambiente de bolsa.

4.3.1 Companhias de capital aberto e fechado


De acordo com o art. 4º. Da Lei 6.404, “uma companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua
emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”.
a. S.A. de capital aberto: qualquer pessoa pode ser sócia. Suas ações são negociadas publicamente, em bolsa
de valores ou mercado de balcão organizado, desde que atendidas as exigências da CVM. Pulverização de
ações.
b. S.A. de capital fechado: a aquisição de capital pode ser feita apenas mediante autorização dos demais
sócios em assembleia. Geralmente são poucos sócios.

4.3.2 Categoria das ações


As ações podem ser:
a. Ordinárias Nominativas ON- Garantem o direito a voto nas assembleias de acionistas, onde são tomadas as
decisões estratégicas da Companhia. Na Bolsa são identificadas com o número 3. Exemplo: PETR3.

b. Preferenciais Nominativas PN – garantem a preferência no recebimento de dividendos em relação às


ordinárias. Recebem um percentual de no mínimo 10% a mais de remuneração em relação às ordinárias, mas
não dão direito a voto. Caso não haja distribuição de resultados por 3 anos consecutivos, as ações
preferenciais adquirem o direito a voto até a regularização da situação. As ações preferenciais são
identificadas na Bolsa com os números 4, 5 ou 6, de acordo com a classe de direitos e restrições. Exemplo:
AZUL4.
Ordinária: dá ordens (voto)
Diz-se nominativas porque estão em nome do acionista.
Preferencial: tem preferência no dinheiro (dividendos)

4.3.3 Certificado de depósitos de ações

4.3.3.1 ADRS –American Depositary Receipt: Recibos de ações de empresas não americanas (Exemplo: ações de
empresas brasileiras) negociadas nos EUA. As ações ficam custodiadas em um banco no Brasil e servem de lastro
para as ADRs na bolsa americana. O acionista que adquire ações na Bolsa do país de origem ou ADR da empresa nos
EUA tem os mesmos direitos.

4.3.3.2 BDR- Brazilian Depositary Receipt: São recibos de empresas não brasileiras negociadas no Brasil.

a. Não patrocinados: quando uma instituição depositária, sem o envolvimento da companhia estrangeira, lança
a negociação desses certificados no Brasil.
b. Patrocinados: quando as próprias empresas disponibilizam seus valores mobiliários para serem negociados
no Brasil.

ADR BDR

Recibos de empresas não Recibos de empresas não brasileiras


Conceito
americanas negociados nos EUA. negociadas no Brasil

4.3.4 Assembleia Geral Ordinária (AGO): Deve acontecer anualmente, nos 4 primeiros meses seguintes ao término do
exercício social, com as seguintes atribuições:

• Analisar as contas do administrador e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas;
• Deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos;
• Aprovar a correção da expressão monetária do capital social;
• Eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso.

35
Assembleia Geral Extraordinária (AGE): Trata de assuntos de interesse dos sócios, não previstos na AGO, como por
exemplo, alterações no estatuto social.

4.3.5 Direitos dos acionistas:

Voto: o acionista tem direito a votar na Assembleias: uma ação ordinária corresponde a um voto. A ação preferencial
não tem direito a voto, com exceção do caso de ficar 3 anos sem receber dividendos.

Participação nos lucros: os lucros serão divididos de acordo com a quantidade de e categoria de ações, de acordo
com os eventos constantes no próximo item.

Participação no acervo em caso de liquidação: os acionistas participam do acervo final na liquidação da empresa,
como sócios são os últimos na escala de recebimento.

Fiscalização: O acionista elege o conselho fiscal, responsável por fiscalizar a companhia em seu nome.

Preferência de subscrição: Ocorre quando a empresa necessita de recursos para financiar investimentos ou modificar
sua estrutura de capital e decide lançar novas ações no mercado. O
acionista tem o direito de subscrever ações em quantidade
proporcional à já possuída. Para incentivar o investimento adicional Direito de subscrição confere o
nas novas ações a empresa procura estabelecer um preço de emissão direito de comprar novas ações e
inferior à cotação em bolsa de valores. Se o acionista quiser, ele pode manter sua participação relativa no
vender o seu direito (bônus de subscrição). Quem adquire um bônus de capital.
subscrição tem o mesmo direito do acionista que o recebeu.

Retirada da sociedade: o acionista tem o direito de vender livremente suas ações, e, em não o podendo fazer, retirar-
se da sociedade mediante aprovação da Assembleia Geral ou demanda judicial.

4.3.6 Remuneração dos acionistas

1. Ganhos de capital: é a diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra de uma ação. Um
acionista tem ganho de capital quando efetivamente vende o ativo por um valor superior ao que pagou na
compra, pois enquanto não o vender, poderá sofrer oscilações.

2. Distribuição dos lucros:


a. Dividendos: é a distribuição dos lucros da Companhia. É a única forma de distribuição de lucros que é
obrigatória. O percentual do lucro a ser distribuído como dividendos deve estar previsto no Estatuto
Social. Caso não haja previsão estatutária, será de no mínimo 50% do lucro líquido (art.202 Lei 6.404). A
lei também fala de que se os estatutos forem omissos e a Assembleia decidir incluir um percentual
mínimo, este deverá ser de pelo menos 25% do lucro líquido. Os dividendos são distribuídos na conta
corrente do acionista. Não incide Imposto de Renda para os investidores, pois é apurado após o
pagamento dos impostos, que já foi pago pela empresa.

b. Bonificações: é uma forma de distribuição de lucros facultativa, onde são disponibilizadas,


proporcionalmente ao capital de cada acionista, novas ações, de forma gratuita, aumentando o capital
por incorporação de reservas e lucros. Não incide Imposto de Renda ao investidor.

c. Juros sobre Capital Próprio: é uma forma de distribuição facultativa de lucros. Incide 15% de imposto de
renda na fonte, ou seja, o valor creditado em conta corrente é líquido de IR. No entanto, a empresa, ao
pagar juros sobre o capital próprio, poderá contabilizar este valor como despesa, o que reduzirá a sua
própria base de cálculo para tributação. Enquanto que em dividendos e bonificações não há o IR para o
investidor, porque a empresa já tributou este valor, nos juros ao capital quem paga o imposto é o
investidor.

36
Quadro resumo de distribuição de lucros das S.A.s

* Elaboração da autora.

Ações ex (dividendos, Juros, bonificações): É o que se diz de uma ação que está sendo negociada sem os direitos da
distribuição e lucros de anteriores, pois já foram provisionados em nome do acionista anterior.

O valor de mercado de uma ação é precificado de acordo com os


resultados a distribuir da empresa. Após a distribuição dos resultados, o Ações ex são negociadas sem o
valor das ações pode sofrer o impacto desta distribuição. A empresa direito dos dividendos, juros ou
comunica que serão distribuídos dividendos para os detentores das ações bonificação já provisionados. Depois
em uma certa data, os valores ficam provisionados até uma data futura de disso, este direito é restabelecido.
efetivo pagamento. Neste período, se as ações forem negociadas, terão
impacto em seu preço.

3. Subscrição: É uma operação para o aumento do capital de uma empresa que já possui as ações à venda na Bolsa.
Ocorre quando a empresa necessita de recursos para financiar investimentos ou modificar sua estrutura de capital e
decide lançar novas ações no mercado. Para não haver prejuízo em seu percentual total sobre o capital da sociedade,
o acionista tem o direito de adquirir ações em quantidade proporcional a que possui. Para incentivar o investimento
adicional nas novas ações a empresa procura estabelecer um preço de aquisição para os acionistas inferior à cotação
em bolsa de valores. Caso o investidor não queira adquirir as novas ações, poderá vender o seu direito, que é
formalizado como “direito de subscrição”.

4.3.7. Processos de desdobramento e grupamento de ações


As negociações em bolsa ocorrem, na sua maioria, em lotes. No Brasil, o lote padrão é 100 ações. Existe o mercado
fracionado, onde inclui-se a letra “F” no código do ativo, para negociar quantidades inferiores a um lote (de 1 a 99
ações). No entanto, o mercado fracionário, por ter um volume menor, tem menos liquidez. Exemplo: PETR4F.
Se uma ação tem um valor muito alto, pode dificultar a negociação. Por outro lado, ações com valores muito baixos
podem trazer um efeito psicológico negativo, de ações que não têm valor. Para evitar sansões e restrições, há dois
eventos que têm como objetivo aumentar a liquidez de suas ações no mercado:

a. Split: É o desdobramento de ações que possuem cotação em valores elevados. Com esse procedimento, há
um aumento da quantidade de ações, sem alterar o valor do patrimônio líquido. É como se trocasse uma
nota de R$ 100,00 por 10 notas de R$ 10,00, o valor total continua o mesmo.
Exemplo: as ações da empresa XXX são negociadas a 300,00. Como o lote padrão é de 100 ações, é
preciso R$ 30.000,00 para adquirir um lote de ações. Para melhorar a negociação, a empresa resolve
fazer um Split, onde uma ação de R$ 300,00 será desdobrada em 12 ações de R$ 25,00 cada, preservando
o valor total e com isso melhorando sua liquidez.

b. Inplit: É o grupamento de ações de menor valor, reduzindo o número de ações em circulação sem alterar o
valor do patrimônio líquido. A bolsa brasileira tem a recomendação de que ações com valor de mercado
abaixo de R$ 1,00, as chamadas “penny stocks”, que ficam por mais de 30 dias com cotação abaixo desse
valor, terão 6 meses para se reenquadrar ou agrupar. Caso contrário, podem ter sansões, inclusive serem
retiradas da Bolsa. O grupamento das ações é uma alternativa viável, reduzindo a quantidade, mas
mantendo o valor patrimonial total. É como se trocasse 100 moedas de R$ 1,00 por 10 notas de R$ 10,00.
O valor total continua o mesmo, o que muda é a quantidade de ativos em circulação.

37
Resumo desdobramento e grupamento de ações

* elaboração da autora

4.3.8. Direito de representação

Acionista Controlador: Possui 50% +1 ação, das ações ordinárias. Tem o comando, pois cada ação dá
direito a um voto. Pode haver blocos de controle, onde acionistas se reúnem para ter o controle decisório.

Acionista Minoritário: Possui o direito de voto. No entanto, como sua opinião é minoritária, não impactará
no resultado. Possui o direito de se manifestar e ser representado. Caso não concorde, tem o direito de
retirada da sociedade.

4.3.9. Oferta primária e oferta secundária

Oferta Primária (underwriting): Na oferta primária de ações a empresa faz uma emissão de novas ações para
colocação junto ao público. Desta forma, a empresa capta novos recursos, impactando a relação capital próprio/
capital de terceiros.

Oferta Secundária: Na oferta secundária de ações não ocorre


Underwriting, subscrever, aumenta o
emissão de novas ações. A oferta secundária especifica as
capital condições em que um determinado lote de ações, pertencente a
Blocktrade: venda de um grande bloco de algum acionista, será colocado no mercado. Um grande investidor
pode fazer uma oferta de um grande lote, o que é conhecido como
ações para outros investidores.
Block trade (venda de um bloco de ações), o que impacta
significativamente o mercado.

4.3.10. Despesas de negociação em ações:

Ao negociar ações na bolsa de valores, o investidor terá as seguintes taxas:

Corretagem - Cobrada pela Corretora de valores sobre as ordens de compra e de venda. Pode ser um
valor fixo ou percentual, sendo que o mais habitual é a cobrança de um valor fixo por ordem. Se o
investidor comprar ações de 3 empresas, pagará 3 ordens de corretagem; ao vender, pagará novamente.

Emolumento - É a taxa cobrada pela Bolsa de Valores na negociação de ações, tanto na compra como na
venda, em percentual, sobre o valor financeiro da operação.

Custódia – É a taxa cobrada pelo serviço de guarda e manutenção das ações e outros ativos e do exercício
de direitos (bonificações, dividendos, juros ao capital, direitos de subscrição) junto à Câmara de
compensação e liquidação (B3). É pago para a Instituição Financeira Custodiante que se encarrega da
abertura e manutenção da conta de custódia. Alguns custodiantes não cobram a taxa de custódia, por
reciprocidade, volume ou política de captação.

38
4.3.11. Aspectos relevantes na precificação: determinação de preço:
P/L: Índice Preço/Lucro: Indicador que avalia o prazo em anos para recuperação do capital investido, dada estimativa
de lucro por ação. PL: cotação da ação/lucro da ação. Quanto menor, melhor.

VE/EBITDA: Valor da Empresa/EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization): Lucro Antes
de Juros, Impostos, depreciações e Amortizações.

Interpretação P/L e VE/EBITDA:


Análise técnica (ou grafista): Estuda o comportamento do Quanto menor, melhor, pois é
preço dos ativos no passado, considerando a premissa de necessário menos tempo para
que os preços se movem em tendências. Tem um suporte, recuperar o valor investido.
uma linha de tendência de preço mínimo, e uma resistência,
que é uma orientação de preço máximo, que quando rompidos estabelecem uma nova tendência. É indicado para
investidores que objetivam o curto prazo, comprando com o preço na baixa e vendendo na alta (analisa o passado).

Análise fundamentalista: é uma forma de determinar o valor de um título, concentrando-se em fatores


que afetam o negócio de uma empresa e suas perspectivas futuras. Análise econômico-financeira e
mercadológica.

A tendência é determinada por fatores econômicos e pelo próprio


desempenho da empresa. Dados Econômico–Financeiro: Balanço
Análise técnica ou grafista: analisa o
Geral, Relatório Anual ou Informações Trimestrais, análise de
balanço e os projetos futuros (analisa estado atual e futuro). histórico, passado.
Avalia a saúde financeira das empresas, projeta seus resultados Análise fundamentalista: analisa o
futuros e determina o preço justo para as suas ações. Leva em conta
presente e o futuro.
os fatores macro e microeconômicos (setoriais e empresariais), pois
as empresas não dependem só delas mesmas.

4.3.12. Práticas de boa governança corporativa


Sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas. São recomendações
objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização,
facilitando seu acesso ao capital e contribuindo para a sua longevidade.
A B3 instituiu princípios básicos para classificar as empresas de acordo com regras de governança, como
por exemplo: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.

De acordo com as regras de governança, as empresas são classificadas como:


a. Novo Mercado (NM): Empresas com a adoção de práticas de governança corporativa adicionais ao que é
exigido pela regulamentação brasileira. A valorização e a liquidez das ações são influenciadas positivamente
pelo grau de segurança oferecido pelos direitos concedidos aos acionistas e pela qualidade das informações
prestadas pelas companhias. Emissão de ações ordinárias, apenas. Tag Along de 100% para todos os
acionistas.

b. Nível 2 (N2) e Nível 1 (N1): São segmentos especiais de listagem de empresas para proporcionar um ambiente
de negociação que estimule o interesse dos investidores e a valorização das companhias. Oferecem a seus
acionistas melhorias nas práticas de governança corporativa, ampliam os direitos societários dos acionistas
minoritários e aumentam a transparência das companhias, por
meio da divulgação de maior volume de informações e de melhor qualidade, facilitando o acompanhamento
de sua performance.

c. Tradicionais: possuem menos regras de governança corporativa.

Eventos de governança corporativa:


Tag Along (extensão do prêmio de controle) - Trata-se da extensão do prêmio de controle, direito conferido a
acionistas minoritários em caso de alienação (venda) de ações realizada pelos controladores da companhia. A
alienação, direta ou indireta, do controle de companhia aberta somente pode ser contratada sob a condição,
suspensiva ou resolutiva, de que o adquirente se obrigue a fazer oferta pública de aquisição das ações com direito a
voto de propriedade dos demais acionistas da companhia, de modo a lhes assegurar o preço no mínimo igual a 80%
do valor pago por ação com direito a voto, integrante do bloco de controle.

Lock-Up Period: É o período após a colocação primária das ações, durante o qual os controladores (acionistas
originais) não podem vender suas ações. As empresas que se listarem no Novo Mercado-NM devem seguir a seguinte

39
regra: até o 6º mês seguinte, à oferta inicial, os controladores não podem vender nenhuma ação, e do 7º mês até o
final do 1º ano, após a emissão, podem vender, no máximo, 40% de suas ações.
O objetivo do mecanismo de lock-up period é transmitir maior segurança aos investidores de que os
empreendedores, ao realizarem uma oferta de ações, não pretendem se desfazer das ações da empresa, mas sim
buscar sócios para financiar a expansão de suas atividades.

Free float - Flutuação livre. Refere-se às ações que uma empresa destina à livre negociação na Bolsa de Valores.
Quanto maior o free float, maior a liquidez diária das ações de uma empresa, pois há mais ações a negociar.

Câmara de Arbitragem de Mercado - É o foro mais adequado para resolver disputas societárias ou relacionadas ao
mercado de capitais. A CAM oferece um ambiente independente, sigiloso, ágil e econômico para a solução de
controvérsias, pautado nas diretrizes da Lei de Arbitragem.

Quadro Classificação de acordo com a governança

TABELA RESUMO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA


Legislação Lei
10.303 Nível 1 Nível 2 Novo Mercado
(Tradicional)
Tag Along 80% ON 80% ON 100% ON e PN 100% ON

Proporção PN/ON 50% (para novas companhias 100% ON

Free Float Não há 25%


Mínimo 3 membros, eleitos pela Mínimo 5 membros, com mandato de
Conselho de Assembleia Geral, com mandato não 2 anos, permitida a reeleição. 20%
Administração superior a 3 anos, permitida a dos Conselheiros devem ser
reeleição independentes.
Câmara de
Arbitragem de Não Sim
Mercado
Lock up Períod 100% 6 meses
(Apenas IPO) 60% 1 ano
*elaboração pela autora

Perceba no quadro acima as principais diferenças entre os níveis:


Nível 1: free float, tag along 80%.
Nível 2: 5 membros no conselho, câmara de arbitragem, tag along 100%.
Novo mercado: somente ações ordinárias e lock up period.

4.3.13. Outros conceitos


Circuit breaker (corte de circuito): mecanismo de interrupção de um pregão. Se a Bolsa cair 10%, será paralisada por
30 minutos. Se persistir a queda e cair 15%, haverá 60 minutos de paralização.

Lote-padrão: é uma quantidade de ações definida pela Bolsa de Valores para facilitar as negociações.

Mercado Fracionado: negociação de 01 a 99 ações. Acrescenta-se a letra F ao código da ação. Ex. B3SA3F

4.3.14. Clubes de Investimento


O Clube de Investimento é um condomínio constituído por no mínimo 3 e no máximo 50 pessoas físicas,
para aplicação de recursos prioritariamente em ações. Caso os investidores possuam algum vínculo
empregatício ou associativo, não haverá limitação de número máximo de integrantes. O objetivo é juntar
recursos para ganhar volume, diluindo os custos de negociação. Em um clube de investimentos, o
investidor pode participar das decisões na escolha dos ativos. Um único investidor não poderá concentrar mais de
40% do patrimônio líquido.

Composição carteira: Mínimo de 67% em ações. O restante pode estar em outros ativos, ou a totalidade em ações.

Imposto de renda: 15% no resgate, retido na fonte.


Não há isenção de IR para pessoa física. Não incide IOF.

40
Os clubes de investimentos são alternativas para pequenos investidores que querem debater ideias para investir em
ações, ou então soluções para grupos familiares que movimentam grandes fortunas, pois enquanto que, ao comprar
diretamente ações, em cada operação de troca de ativo (vender um para comprar outro) haverá incidência de
imposto de renda, em um clube de investimentos as trocas de ativos não são tributadas, sendo que o IR só será devido
se houver resgate.

Qual a diferença de um fundo de ações e de um clube de investimentos?

Fundo de ações Clube de investimentos


Número de cotistas Ilimitado. 3 a 50.
Concentração de recursos por Não tem. Máximo de 40% do PL.
cotista
Escolha dos ativos Por adesão à política de Pode opinar na escolha dos
investimentos. ativos.

Percentual mínimo em ações 67% 67%

Tributação de IR 15% 15%

IOF Não tem. Não tem.

Isenção de IR para PF Não tem. Não tem.


*elaboração da autora

4.3.15. Tributação em renda Variável


Para a negociação de ações, o investidor deve possuir conta em uma corretora, onde realiza suas
movimentações. Ao vender suas posições, precisa calcular e recolher o imposto de renda, de acordo com
as regras abaixo:

Regra 1. O imposto de renda será de 15% sobre os ganhos líquidos (diferença entre o valor de compra e o valor de
venda, descontando as despesas de negociação), calculado e recolhido através de DARF, pelo próprio Contribuinte.
Regra 2. Se o investidor for Pessoa Física e vender até R$ 20.000,00 por mês, terá isenção de Imposto de Renda. A
regra não se aplica para Pessoas Jurídicas.
Regra 3. Com o objetivo de controlar o Imposto de Renda a pagar, que é calculado e recolhido pelo investidor através
de DARF, será retido na fonte a alíquota de 0,005% sobre o valor da venda das ações, a título de antecipação, valor
que poderá ser deduzido da tributação total do DARF a recolher, ou restituída na declaração anual de IRRF.

O Imposto de renda deverá ser recolhido, via DARF, até o último dia do mês seguinte ao fato gerador. Não há
incidência de IOF.

Operações Day Trade: em operações de compra e venda do mesmo ativo no mesmo dia, o Imposto de Renda retido
na fonte, a título de antecipação, será de 1% sobre resultado positivo diário (diferença entre o valor de compra e o
valor de venda). A tributação total de
IR será de 20% sobre os ganhos, recolhidos mensalmente via DARF.
Em operações day trade, não há isenção de IR para Pessoa Física.

Quadro tributação de IR

41
Compensação de perdas e despesas
Prejuízos acumulados nas operações realizadas em bolsa de valores podem ser deduzidos dos lucros auferidos em
operações de mesma natureza, ou seja, operações à vista com operações à vista, day-trade com day-trade e fundos
imobiliários negociados em bolsa com fundos imobiliários negociados em bolsa.

Não há prazo para a compensação das operações realizadas em bolsa,


desde que haja o registro das mesmas. Para que a compensação seja feita As regras de imposto sobre a renda
em anos seguintes, o prejuízo deve ser informado na declaração anual de incidente sobre os rendimentos e
IR. ganhos líquidos nos mercados
financeiro e de capitais encontra-
Também poderá ser deduzido da base de cálculo do IR as despesas de se na IN RFB N. 1585/2015.
corretagem, emolumentos e custódia.

4.4 Instrumentos de renda fixa

São contratos que resultam em ativos financeiros para um lado e passivos financeiros para o outro. Ou seja, quando
um investidor faz uma aplicação, empresta o seu dinheiro para o banco, que fica lhe devendo até o dia do vencimento
ou resgate. Títulos de crédito ou títulos de emissão de dívida são promessas de pagamento, “empréstimos” que o
investidor faz ao emissor.

A Renda fixa pode ser:


- Prefixada: quando o valor dos rendimentos é determinado no momento da aplicação e o investidor já sabe p valor
do vencimento.

- Pós-fixada: a taxa é determinada na aplicação. No entanto, o valor do vencimento só será conhecido no resgate,
pois a taxa se forma durante o prazo.

4.4.1 Principais conceitos e características de instrumentos de Renda Fixa:


Data de emissão: data de origem do título.

Valor nominal: é o valor de face do título.

PU: preço unitário do título, é o preço de negociação em determinada data, marcado a mercado.

Juros acruados: valor da remuneração do título desde a data de emissão até o momento atual.

Cupom: é o pagamento periódico de juros. Ajusta a remuneração ao custo de oportunidade do mercado.

Títulos zero cupom: títulos puros, ou sem emissão de juros além do índice de correção.

Vencimento: determinado na escritura, pode ser vencimento único ou por séries. Debentures podem ser emitidas
também com vencimento apenas no caso de inadimplência, não cumprimento de uma obrigação ou dissolução da
CIA, denominada debenture perpétua.

Amortizações: pode haver previsões de amortizações parciais em casos previstos na escritura.

Aquisição facultativa (recompra): debêntures podem ser emitidas com cláusula de recompra, desde que com valor
igual ou menor.

4.4.2 Títulos Públicos Federais


Os títulos públicos são papéis de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional com o objetivo de cobrir o déficit público
da União. Representa a dívida interna do Brasil. Por ser emissão do governo, não contam com garantia do FGC. São
considerados “zero risco de crédito”, ou na linguagem internacional “Risk free”, porque são considerados os títulos
mais seguros de um país.

Os títulos são emitidos com taxas atreladas ao IPCA, prefixadas ou pós-fixadas. São emitidos com prazos entre 1 e 30
anos. Podem ser vendidos no mercado secundário, o que garante maior liquidez. Além da rentabilidade definida em
cada papel, sofrem os impactos da marcação a mercado, onde se vender antes do vencimento, seu preço será o valor
a que o mercado está disposto a pagar, considerando as demais opções que possui, os riscos e oscilações no mercado.

42
Tipos de títulos públicos:
1. Tesouro Selic (antiga Letra Financeira do Tesouro – LFT): sua remuneração é definida pela taxa Selic diária,
acompanha as oscilações do mercado, por isso é considerado o título mais conservador do mercado
financeiro. É indicado em cenários de alta da taxa de juros, pois acompanha as mesmas.

2. Tesouro prefixado: são títulos públicos com remuneração prefixada. Por travarem a rentabilidade do papel,
são indicados em cenários de queda de taxa de juros. Se subdividem com relação ao tempo de pagamento
de juros:

2.1. Tesouro prefixado (antiga Letra do Tesouro Nacional – LTN): a remuneração é prefixada, porém o
título é vendido com desconto, como se fosse uma antecipação de recebível.

2.2. Tesouro prefixado com pagamentos semestrais (antiga Nota do Tesouro Nacional série F - NTN-F): a
remuneração é prefixada, porém os pagamentos dos juros são semestrais (também chamado de
cupom semestral de juros) e o principal será pago no vencimento.

3. Tesouro IPCA+: são títulos públicos com taxa mista, sendo corrigidos pelo IPCA mais uma taxa de juros
prefixada, o que garante um ganho real, acima da inflação, preservando o poder de compra. Há duas
modalidades:

3.1. Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B Principal): corrigida por um cupom de juros e o IPCA, nessa
modalidade, a remuneração total é paga no vencimento (principal: juros no final).

3.2. Tesouro IPCA+ com juros semestrais (antiga Nota do Tesouro Nacional série B - NTN-B): Será
corrigido pelo IPCA mais uma taxa de juros. Nesta modalidade, paga os juros semestralmente
(cupom de juros).

Os títulos com cupom semestral, que são os pagamentos periódicos de juros, possuem risco de reinvestimento, pois
como os rendimentos são pagos em conta, deverão ser reinvestidos pelas novas condições de mercado.

Quadro resumo de títulos públicos:

Tesouro Tesouro
Tesouro Tesouro prefixado Tesouro IPCA+ com
Título Público:
Selic prefixado com juros IPCA+ juros
semestrais semestrais

Denominação
NTN-B
antiga: LFT LTN NTN-F NTN-B
Principal
Prefixada,
Prefixada, IPCA + juros
Selic vendida IPCA + Juros
Rentabilidade: com juros semestrais
diária. com prefixados.
semestrais. prefixados.
desconto.

*elaboração da autora

O Tesouro Nacional é o órgão central responsável pela administração financeira do país. Emite títulos públicos, após
a autorização do CMN, e os resgata em seu vencimento. O Banco Central, como banco do governo, faz as negociações
dos títulos através de leilões.

Negociação de títulos públicos


a. Mercado primário: Leilões do Banco Central para colocação ou recompra de títulos:
• Leilão formal: onde participam todas as Instituições financeiras.
• Leilão informal: chamado de “go-around”, participam apenas os Dealers, Instituições Financeiras legalmente
autorizadas a atuar no mercado em nome do BCB.

b. Mercado Secundário: é a troca de reservas bancárias mantidas em Títulos Públicos pelos Bancos ou
negociações entre investidores, ou Tesouro Direto para pessoas físicas. Não há geração de caixa para o
governo, pois os títulos apenas trocam de mãos. Dá liquidez ao mercado.

43
c. Emissões diretas para troca de perfil de dívida.

d. Tesouro Direto: negociação de títulos públicos pela internet, para pessoas físicas. O Tesouro Direto é um
programa do Tesouro Nacional, desenvolvido em parceria com a B3, para que as pessoas físicas pudessem
negociar facilmente com títulos públicos, democratizando o investimento e facilitando o acesso. É necessário
ter uma conta em uma corretora ou banco para a liquidação financeira e custódia dos títulos. O valor mínimo
para as negociações é de 0,01 título, respeitado um mínimo de R$ 30,00.

Custos para o investidor: São 2 as taxas cobradas ao investir em títulos públicos:

a. Taxa de custódia cobrada pela Instituição Financeira, de livre negociação. Várias corretoras isentam o
investidor dessa taxa. Esta taxa remunera o serviço de efetuar a custódia em nome do investidor.

b. Taxa de custódia cobrada pela B3 em função do uso do sistema, de 0,25% ao ano, calculada diariamente
sobre o saldo.

A B3 fornece a infraestrutura necessária para as negociações do Tesouro Direto e mantém estrutura de


contas de custódia no Selic (depositário central de títulos públicos), em nome dos agentes de custódia, para
o controle de titularidade, recebimento de proventos e liquidação financeira dos mesmos, cobrando a taxa
acima por este serviço.

B3: Sistema
Agente de Custódia
operacional do Selic: custódia dos
no Selic: pode cobrar
Tesouro Direto, cobra títulos públicos.
taxa.
taxa de 0,25% a.a.

É importante o investidor conhecer o seu perfil, riscos de mercado e características de cada título, assim
como a adequação a seus objetivos antes de investir.

Riscos de oscilação
Os títulos públicos prefixados ou que possuem uma parte da remuneração prefixada possuem risco de mercado, com
a oscilação de seus preços. Isto porque uma taxa prefixada trava a rentabilidade até seu vencimento. Caso os juros
subam no mercado, o rendimento do título está travado na taxa pactuada, não acompanha a alta. E, principalmente,
os títulos são marcados a mercado. A marcação a mercado impacta a remuneração dos títulos e é informada no
extrato do investidor (veja marcação a mercado capítulo 3).

Possuem risco de oscilação:


• Tesouro prefixado
• Tesouro IPCA +

Os títulos pós-fixados não têm risco de oscilação, pois acompanham o mercado. Se o mercado subir, o rendimento
desses títulos acompanha, se cair, ocorre da mesma forma.

Não possuem risco de oscilação:


• Tesouro Selic, DI.

4.4.3 Operações compromissadas: é uma operação de financiamento com lastro com lastro em títulos públicos, com
prazo geralmente de 1 dia, também denominado compra de títulos com compromisso de revenda assumido pelo
comprador, conjugado com o compromisso de recompra assumido pelo vendedor. Em virtude de seu lastro, assumem
status de títulos públicos para composição de carteiras de fundos de investimento.

Um Instituição Financeira pode oferecer operações compromissadas para o público em geral, por prazos maiores,
desde que sejam iguais ou inferiores ao lastro da operação.

44
Para a operação compromissada, é preciso que uma das partes contratantes seja banco múltiplo, banco comercial,
banco de investimento, banco de desenvolvimento, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedade
corretora de títulos e valores mobiliários, sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários ou a Caixa
Econômica Federal, habilitado para a realização dessas operações.

A legislação determina que, além dos títulos públicos federais, outros títulos podem ser utilizados como lastro:

• Títulos públicos federais, estaduais ou municipais;


• Certificados de recebíveis imobiliários (CRI);
• Certificados de depósito bancário (CDB);
• Letras hipotecárias;
• Letras de crédito imobiliário (LCI);
• Debêntures.

É importante considerar que operações com lastro em títulos públicos são custodiadas no SELIC, dando origem à
taxa Selic Over, e operações com lastro em títulos privados são custodiadas na B3. Se forem entre Instituições
Financeiras, sob a forma jurídica de CDI, dão origem à taxa DI.

4.4.4 Títulos privados bancários: São títulos emitidos por bancos para captação de recursos, com o objetivo de ser
fonte para o crédito (funding).

4.4.4.1 CDB – Certificado de Depósito Bancário

São títulos emitidos por bancos para captação de recursos (Depósitos a prazo). A remuneração pode ser
pós fixada (TR, CDI ou Selic) ou prefixada. Podem ser emitidos com período de carência ou com liquidez
diária.

Os CDBs possuem data de vencimento. No entanto, podem ser resgatados antes, quando tiverem a
cláusula de resgate antecipado, o que ocorre na maioria das situações. Se houver resgate durante o
período de carência, haverá perda dos rendimentos. No vencimento, o valor corrigido tem a retenção do imposto de
renda e é creditado na conta corrente do investidor. Caso deseje permanecer com o valor aplicado, precisa fazer um
novo CDB.

Uma de suas vantagens é que, como após a carência poderá ser realizado o resgate com rendimentos, o investidor
não tem marcação a mercado. Como o resgate é no mercado primário, o valor do saque é o saldo, descontando os
impostos. Se o título fosse negociado no mercado secundário, para outro investidor, teria que verificar quanto o outro
investidor estaria disposto a pagar, havendo a possibilidade
de ser negociado com ágio ou deságio. Em épocas de Vencimento: prazo do título. O título pode ter
instabilidade econômica é um dos produtos mais utilizados, um vencimento longo com cláusula de
justamente por fornecer essa segurança ao investidor. vencimento antecipado.
O Imposto de renda será de acordo com o prazo, tabela Carência: período em que, se houver resgate
decrescente de renda fixa, e haverá IOF no caso de resgate antecipado, não haverá rendimentos.
até 29 dias.

Risco de crédito: possuem cobertura do FGC até o limite de R$ 250.000,00 por CPF/CNPJ de acordo com as regras.

Risco de liquidez: após a carência possuem liquidez diária.

Risco de mercado: risco de oscilação de taxas de juros.

4.4.4.2 Depósito a Prazo com Garantia Especial do Fundo Garantidor de Crédito (DPGE): é um título de renda fixa
(depósito a prazo) criado para auxiliar instituições financeiras – bancos comerciais, múltiplos, de desenvolvimento,
de investimento, além de sociedades de crédito, financiamento e investimentos e caixas econômicas – de porte
pequeno e médio a captar recursos. Assim, confere ao seu detentor um direito de crédito contra o emissor. Destinado
a investidores pessoa física e jurídica.
A garantia do FGC é de até R$ 40 milhões.
Remuneração: prefixada ou pós-fixada.

O prazo de resgate é determinado no momento da contratação, mas não pode ser inferior a 6 meses nem superior a
36 meses. Não poder resgatar antecipadamente, nem parcialmente.

45
4.4.4.3 LCA - Letra de Crédito do Agronegócio: é um título de crédito emitido por instituições financeiras públicas ou
privadas (bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira de crédito imobiliário, CEF, Sociedades de
Crédito Imobiliário, Associações de poupança e empréstimo, c0ompanhias hipotecárias, cooperativas de
crédito e demais espécies de instituições expressamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil) com
o objetivo de obter recursos para financiar o setor agrícola.

Deve ser registrada na B3, tendo como lastro um título de crédito do agronegócio, que serve como garantia adicional
do investimento.

O investidor adquire o produto de emissão da instituição Financeira, ou seja, o risco de crédito se restringe a ela.
Possuem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito - FGC.

Há isenção de Imposto de Renda para pessoa física. Se for pessoa jurídica, o IR será cobrado de acordo com a tabela
decrescente de imposto de renda para renda fixa, que veremos mais adiante. O prazo mínimo depende do indexador
que possui. Para a Taxa DI, que é a mais utilizada, é de 90 dias. Não há IOF.

4.4.4.4 LCI - Letra de Crédito Imobiliária: é um título de renda fixa, similar ao LCA, mas com lastro em créditos
imobiliários, garantidos por hipoteca ou alienação fiduciária de bem imóvel. Possuem emissão exclusiva
de instituições financeiras públicas ou privadas autorizadas pelo Banco Central, são garantidas pelo FGC.
Similar à LCA, há isenção de Imposto de Renda para pessoa física. Se for pessoa jurídica, o IR será cobrado
de acordo com a tabela decrescente de impostos de renda para renda fixa. Não há IOF.

Risco de mercado: as LCA/LCI possuem remuneração determinada na emissão, podendo ser prefixada ou pós-
fixada. Os papéis com remuneração pós fixada acompanham o mercado. Os papéis com remuneração
prefixada possuem risco de mercado quando as taxas de juros no mercado subirem, pois está “travada” na
remuneração pactuada.

Risco de crédito: No caso de inadimplência, as


LCA/LCI contam com a garantia do FGC, pois são LCA e LCI são emitidas por instituições
emitidas por bancos. financeiras autorizadas pelo BCB. Podem ser
negociadas na própria Instituição financeira ou
Risco de liquidez: as LCA/LCI são emitidas com um através de Distribuidor (corretora, cooperativa
prazo de carência de no mínimo 90 dias. Após a de crédito).
carência, possuem liquidez diária.

4.4.4.5 Caderneta de Poupança:


A poupança é o mais tradicional de todos os investimentos e consiste em uma conta de depósito
com crédito periódico de rendimentos. Em 12 de janeiro de 1861, Dom Pedro II assinou o decreto
criando a poupança na Caixa Econômica Federal, para desenvolver as economias das classes menos
abastadas, e após foi estendido a outras instituições financeiras. O produto persiste ao longo do
tempo como o investimento mais popular do Brasil.

Características:
1. Investimento acessível, que admite depósitos de pequenas quantias.
2. Rendimento definido por lei ou decreto do governo federal (é igual em todas as instituições financeiras).
3. O rendimento é creditado na data de aniversário da conta:
a. Mensalmente para Pessoas Físicas e Pessoas jurídicas isentas ou imunes (As pessoas jurídicas sem
fins lucrativos podem ser imunes ou isentas. A imunidade é concedida pela Constituição Federal,
enquanto a isenção é concedida pelas leis ordinárias. Exemplo: organizações religiosas, partidos
políticos, ONGs, etc.);
b. Trimestral para as demais Pessoas Jurídicas.
4. Se o depósito ocorrer nos dias 29, 30 ou 31, o aniversário será dia 01 do mês subsequente.
5. Se resgatar antes do aniversário, há perda de rendimentos. Com isso, temos que a base de cálculo é o menor
saldo do período, porque o valor que resgatar antes do aniversário não será considerado no cálculo.
6. Se for Pessoa Física ou pessoa jurídica isenta, não há Imposto de Renda. Para pessoas jurídicas, o cálculo do
imposto segue a tabela decrescente de IR para Renda Fixa. Como não há rendimentos antes de 30 dias, não
há IOF.

46
Destinação da poupança
Os recursos captados em poupança pela Instituição Financeira deverão ser destinados a financiamentos de crédito
rural ou imobiliário, de acordo com o registro do produto no Banco Central e autorização de captação.

Remuneração da poupança:
Em 2012, com a queda da taxa básica de juros da economia, a poupança começou a se destacar em rentabilidade,
pelo fato de ter sua maior parcela de remuneração prefixada. Com isso, aumentou o risco de investimentos migrarem
para a poupança de forma desproporcional e atingir outros emissores, como o Tesouro Nacional com os títulos
públicos. Para atender o mercado, mantendo a relação entre baixos risco e retorno, houve a alteração da regra de
rentabilidade, sendo que:
a. Para os saldos anteriores, cujos depósitos foram efetuados até 3 de maio de 2012:
• Pessoas físicas e jurídicas sem fins lucrativos: TR + 0,5% ao mês.
• Pessoas jurídicas com fins lucrativos: TR + 1,5% ao trimestre.

b. Para novos depósitos ou contas abertas a partir de 4 de maio de 2012:


• Quando a taxa Selic meta for superior a 8,5% ao ano: a remuneração continua TR + 0,5% ao mês ou TR + 1,5%
ao trimestre.
• Quando a taxa Selic meta for igual ou inferior a 8,5% ao ano: a remuneração da poupança é de 70% da Selic
meta + TR (mensal ou trimestral).

4.4.4.6 Letras Financeiras: São títulos emitidos por instituições financeiras, que consistem em promessas de
pagamento, como se fosse uma espécie de debêntures. Podem ser emitidas por bancos múltiplos, bancos
comerciais, bancos de investimento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, caixas
econômicas, companhias hipotecárias ou sociedades de crédito imobiliário.
Foram instituídas como uma forma de “funding”
às Instituições Financeiras, para que possam
realizar suas operações de crédito com prazos maiores. As Letras Financeiras são regulamentadas pela
Res. n.4.733/19, e apesar de serem emitidas por
Prazo mínimo: 24 meses, sendo vedado o resgate total ou Instituições financeiras, não possuem garantia
parcial antes do vencimento. Pode ter pagamento periódico de FGC e não compõem a exigência de
de juros (cupom) em intervalos de no mínimo 180 dias. compulsório dos bancos.
Remuneração: taxas de juros prefixadas ou pós-fixadas.

4.4.5 Títulos corporativos - São títulos emitidos por empresas para captação de recursos.

4.4.5.1 Debêntures: Debêntures são papéis de renda fixa de médio e longo prazo, emitidos por sociedades anônimas
não-financeiras (capital aberto ou fechado) para captação de recursos para projetos da companhia,
para prazos médios a longos.

Apenas as companhias abertas com registro na CVM poderão realizar emissões públicas, ou seja,
vender para o público em geral através da bolsa de valores.

Já as emissões privadas, que não envolvem colocação pública e são destinadas a um grupo restrito de investidores,
não precisam do registro na CVM.

Para que uma empresa possa emitir debêntures, é necessário contratar um agente fiduciário, que é responsável por
proteger os direitos e interesses dos debenturistas, fiscalizando e administrando bens de terceiros.

O principal documento legal da emissão de debêntures é a escritura de emissão, onde constam todas as informações
do título de dívida. Possuem vencimento definido na escritura, e pode conter cláusula de vencimento antecipado. As
taxas podem ser prefixadas ou pós-fixadas, definidas em taxas de juros, índices de inflação ou mistas.

Classificação:
Debêntures: Haverá Imposto de Renda para todas as classes de investidores.

Debêntures incentivadas: são debêntures emitidas por empresas de infraestrutura, isentas de Imposto
de Renda para Pessoa Física. O produto foi instituído pelo governo em 2011, definindo os setores que

47
podem emitir: logística e transporte, mobilidade urbana, energia, telecomunicações, radiodifusão, saneamento
básico, irrigação. As pessoas jurídicas são tributadas em 15% (Lei Nº 12.431/2011).

As debêntures podem ser:


a. Debênture não conversível ou simples – o capital é resgatado em dinheiro no vencimento.

b. Debênture conversível em ações (DCA) – o debenturista tem o direito de receber o capital em dinheiro ou
em ações da companhia. Existe a modalidade de debênture permutável, onde a escritura prevê a permuta
por ações das companhias listadas no documento.

Imposto de renda: O imposto de renda em debêntures segue a tabela decrescente de renda fixa, que veremos no final
desse capítulo, com exceção da debênture incentivada para investidor Pessoa Física, o qual tem isenção de IR, e
pessoa jurídica que é tributada em 15% nesta modalidade.

Quadro resumo de debêntures

Tipo de debênture Característica IR

Resgatável no vencimento
Simples De acordo com o prazo: 22,50 a 15%
em dinheiro.

Resgatável em dinheiro ou
troca por ações no De acordo com o prazo: 22,50 a 15%.
Conversível em ações
vencimento.

PF: Zero
Emitida por empresa de
Incentivada PJ: De acordo com o prazo de
infraestrutura.
permanência: 22,50% a 15%.
*Elaboração da autora.

O vencimento das debêntures está descrito em suas escrituras, sendo que normalmente são de longo prazo. Também
há as chamadas debêntures perpétuas, ou seja, sem data de vencimento, que, após seu lançamento, poderão ser
negociadas apenas no mercado secundário.

Garantias:
a. Real: Representada por bens do ativo da sociedade emitente, devidamente registrados para esse fim, ou
ainda, bens de terceiros (interveniente garantidor). O contrato deve ser registrado no órgão competente, e o
bem fica indisponível, impedindo a alienação a terceiros. Exemplo: Contrato com garantia real de imóveis
deve ser registrado no cartório de registro de imóveis.

b. Flutuante: Representada por bens e direitos do ativo líquido da sociedade emitente, sem identificação
específica dos mesmos. Neste caso, o emissor (empresa) pode vender seus bens, se quiser. No caso de
inadimplência do emissor, o debenturista irá buscar as garantias dentre os bens do emissor que estiverem
disponíveis.

c. Quirografária: Sem as vantagens dos dois tipos anteriores, sendo que nenhum ativo da empresa é reservado
para ser penhorado. Equivale a um credor por duplicata.

d. Subordinada: A debênture não goza de garantia e, em caso de liquidação da companhia, o debenturista


preterirá apenas aos acionistas no ativo remanescente. Como possui menos garantias, geralmente apresenta
uma remuneração maior.

48
Riscos em debêntures:
Risco de crédito: as debêntures são emitidas por empresas sociedades anônimas, não possuem garantia de
FGC. O risco de crédito está relacionado à solvência dos emissores.

Risco de liquidez: Se não houver cláusula que preveja, a debenture não poderá ser resgatada
antecipadamente. Em caso contrário, só conseguirá resgatar no vencimento. No entanto, o debenturista
poderá vender seus títulos no mercado secundário, o que melhora a liquidez, mas somente se o emissor for
Companhia de capital aberto, para colocação pública.

Risco de mercado: poderá ter oscilação nas taxas de juros e em seus preços, em virtude da marcação a
mercado, caso sejam vendidas no mercado secundário, antes de seu vencimento.

Cláusulas que favorecem o credor ou investidor


• Escritura: é o documento que dá origem às debêntures, com todas as cláusulas, incluindo condições,
vencimento, remuneração e garantias.

• Covenant: sistema de garantias indiretas, exigências de prática de gestão. Exemplo: limite de endividamento

• Cross default: quando o emissor deixa de pagar uma dívida, todas as outras se consideram vencidas
(provisionadas). Visa proteger as garantias de cada título.

• Vencimento antecipado: faculta ao investidor pedir resgate antes do vencimento, caso o emissor do título
não cumpra as regras estabelecidas no contrato de emissão. Protege o investidor contra uma possível
inadimplência do emissor.

4.4.5.2 Nota promissória ou Commercial Papers: é um título de crédito de curto prazo emitido pelas empresas não
financeiras, para colocação pública ou privada, que confere ao investidor direito de crédito contra a
emitente. Não possuem garantias reais, o que ressalta a importância da análise de crédito do emissor.

Prazo: Máximo de 360 dias. Geralmente são emitidas por prazo superior a 30 dias, constante na instrução
anterior, no entanto a Instrução normativa vigente, IN 566/15 CVM, não restringe.

Remuneração: Prefixada, vendida com desconto ou Pós-fixada/ DI.

Debêntures Nota promissória


Objetivo Investimentos Capital de giro
Prazo Médio e longo prazos Curto Prazo
Prazo mínimo 360 dias Não tem.
Definido na escritura. Podem ser
Prazo máximo 360 dias
perpétuas.
S.A. de capital aberto ou fechado,
Quem pode emitir S.A. de capital aberto ou fechado sociedades limitadas,
cooperativas de produção.

4.4.6 Títulos em geral


4.4.6.1 CCI - Contrato de Crédito imobiliário: com pagamento parcelado, é utilizado em financiamentos
imobiliários. Pode ser negociada no mercado, e independe de autorização do devedor. É utilizada como
lastro em LCI, CRI e outros instrumentos que necessitam de lastro de créditos imobiliários. Se o investidor
for Pessoa Física, será isento de IR.

4.4.6.2 CPR – Cédula de Produtor Rural: É um título pelo qual o emitente produtor rural (PF, PJ ou
cooperativa de produção) vende antecipadamente mercadoria e se compromete a entregar em data
futura. Uma Instituição Financeira garante o título por aval ou seguro para negociá-la no mercado. O
investimento não tem imposto de renda para o investidor PF.

Negociação: mercado de balcão ou bolsa.

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CPR física: o produtor rural entrega o produto;

CPR financeira: o produtor rural entrega o equivalente em dinheiro.

4.4.6.3 CDCA - Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio é um título de crédito vinculado a direitos
creditórios originários de negócios realizados entre produtores rurais (ou suas cooperativas) e terceiros, inclusive
financiamentos ou empréstimos.

É emitido exclusivamente por cooperativas de produtores rurais e outras pessoas jurídicas que exerçam
atividades de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos e insumos agropecuários
ou de máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária. Pode ser também distribuído por
meio de oferta pública (Bolsa de valores).

Este ativo é também utilizado como lastro para as operações com LCA.

Se o credor for Pessoa física, terá isenção de IR.

4.4.7 Títulos emitidos por Securitizadoras

As companhias securitizadoras são instituições não financeiras constituídas sob a forma de sociedade por ações, com
a finalidade de aquisição e securitização de créditos e a emissão de Certificados de Recebíveis, podendo emitir outros
títulos de crédito, realizar negócios e prestar serviços compatíveis com as suas atividades.

Os Certificados de recebíveis podem ser vendidos para o público em geral, no entanto, são mais comuns os
instrumentos destinados a investidores qualificados.

4.4.7.1 CRI - Certificado de Recebíveis Imobiliários: Títulos de renda fixa emitidos por securitizadora, tendo como
lastro títulos de crédito adquiridos de incorporadores ou bancos, com o direito de receber os pagamentos de
financiamentos imobiliários feitos pelos seus clientes. Não há IR para Pessoa Física. Não possuem garantia de FGC.

4.4.7.2 CRA: Certificado de recebíveis do agronegócio. Similar ao CRI, só muda o lastro, que nesse caso são créditos
do agronegócio.

Quadro resumo de isenção de imposto de renda para Pessoas Físicas:

Títulos do SEGMENTO AGRÍCOLA – isenção de IR para PF

Título O que é
Depósito a prazo emitido por instituições financeiras, lastro em crédito do
LCA agronegócio.
CPR Título de crédito emitido pelo agricultor ou cooperativa de produção
Título de crédito emitido por cooperativa ou PJ que comercializa commodities
CDCA
agro.
Título de renda fixa emitido por securitizadora tendo como base créditos de
CRA
agronegócio.

Títulos do Segmento Imobiliário – isenção de IR para PF

Título O que é
LCI Depósito a prazo emitido por banco, lastro em crédito imobiliário.
Título de renda fixa emitido por securitizadora tendo como base créditos
CRI
imobiliários.
Título de crédito emitido por clientes bancários representativos de
CCI
financiamentos imobiliários.
*elaborado pela autora

50
4.4.8 Certificado de Operações Estruturadas
COE é um instrumento flexível, que mescla elementos de Renda Fixa e Renda Variável no cálculo de sua
remuneração. Pode ser estruturado com base em cenários de ganhos e perdas selecionadas de acordo com o perfil
de cada investidor. É a versão brasileira das Notas Estruturadas, muito populares na Europa e nos Estados Unidos.

O COE é emitido por bancos e registrado na Clearing da B3. O rendimento pode estar atrelado a diversos ativos ou
indicadores, como por exemplo:
a. Moedas, como euro e dólar;
b. Juros e índices de inflação;
c. Ações de empresas nacionais e estrangeiras;
d. Índices de renda fixa e renda variável;
e. Commodities, como metais preciosos, petróleo, agrícolas e outros.

A emissão desse instrumento poderá ser feita em duas modalidades


1. Valor nominal protegido, com garantia do valor principal investido,
2. Valor nominal em risco, em que há possibilidade de perda até o limite do capital investido.

Nos dois casos deve ser observada a regra de suitability, ou seja, o investimento deve ser adequado ao perfil do
investidor.

É obrigatório fazer o DIE - Documento de Informações Essenciais com as regras de funcionamento, pagamentos e
riscos incorridos, informações completas, advertências, condições de resgate, recompra, direitos e deveres.

Não tem cobertura do FGC.

Material publicitário: deve ser consistente, linguagem clara e moderada sobre informações e riscos, informar o tipo
de COE (se tem capital protegido ou não) e direcionar para a leitura do DIE.

Tributação: no resgate, tabela de renda fixa, decrescente de acordo com o prazo de permanência, mesmo que se
refira a ativos de renda variável.

Características
• Vencimento do investimento em data predeterminada;
• Indexador local ou internacional;
• Cenário de ganhos e perdas no vencimento, conhecidos desde o início da operação;
• Tributação de acordo com tabela regressiva de Renda Fixa;
• Perfil do investidor deve ser compatível com o produto;
• Pagamentos no vencimento ou periódicos, de acordo com a contratação.

4.4.9 Tributação renda fixa


4.4.9.1 Imposto sobre operações financeiras - IOF
Se houver resgate em até 29 dias, os fundos sem carência serão tributados com IOF em 1% ao dia sobre o saldo
limitado à tabela regressiva, que segue uma sequência de redução na unidade 6-3-0, iniciando de 96% e chegando a
0% em 30 dias.

51
4.4.9.2 Imposto de renda - São tributados os rendimentos de renda fixa e o swap com a seguinte tabela:

Base de cálculo: Rendimento, já descontado o IOF quando houver.

Responsável pelo recolhimento: PJ que efetua o pagamento dos rendimentos. Incide no resgate.

Isenções para PF: poupança, LCI, LCA, CRI, CRA, CPR, CCI.

Regime de tributação: definitivo para Pessoa Física e Pessoas Jurídicas optantes pelo simples. As Pessoas jurídicas
tributadas pelo lucro real ou presumido devem informar os investimentos, rendimentos e impostos pagos em seu
balanço.

4.4.10 Fundo Garantidor de Crédito – FGC

O Fundo Garantidor de Créditos é uma associação civil, sem fins lucrativos e de direito privado, que
administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores das Instituições
Financeiras participantes, garantindo depósitos até o limite de R$ 250.000,00 por CPF ou CNPJ, por
Instituição Financeira ou Conglomerado Financeiro, no caso de liquidação financeira das Instituições.

Se houver contas conjuntas, o limite é por conta, dividido pelo número de titulares. Se houver mais de uma conta,
soma-se os valores até o limite de R$ 250.000 por CPF ou CNPJ.
Cada investidor tem um teto para utilização de R$ 1 milhão, para cada período de 4 anos, contados a partir do
primeiro uso, por CPF ou CNPJ. Após 4 anos, o teto é restabelecido.
Para manter o FGC, as Instituições financeiras participantes contribuem mensalmente com um percentual sobre seus
depósitos.
O FGC também age de maneira preventiva em todo o sistema bancário e financeiro, para evitar as situações
dramáticas em que ocorre a utilização da garantia.

Objetivos:
• Proteger o pequeno poupador;
• Promover a estabilidade do sistema financeiro;
• Evitar crise bancária sistêmica.

Valores cobertos:
• Depósitos a prazo, (CDB, LCI, LCA, LC, Poupança);
• Depósitos à vista (conta corrente e conta salário).

Garantia especial:
• DPG, cuja cobertura é até R$ 40.000.000,00 (quarenta milhões de reais).

O FGC não cobre:


• Títulos públicos (emitidos pelo governo);
• Debentures, notas promissórias e ações (emitidos por empresas);
• Fundos de investimento (o administrador apenas administra os recursos, os ativos são de propriedade dos
cotistas);
• Produtos específicos, como Letras Financeiras e COE;
• Produtos de outros emissores (CRA, CRI, CCI, CCB, etc.)

O Sistema de Crédito Cooperativo não possuía cobertura até 2013, quando, através da Resolução CMN n°4.284/12 foi
constituído o FGCOOP, destinado a cobrir depósitos de Cooperativas de Crédito. A adesão de todas as cooperativas
singulares de crédito captadoras de depósitos e dos bancos cooperativos é compulsória.

52
4.5 Derivativos
Mercados Derivativos são aqueles nos quais a formação de preços deriva dos preços do mercado à vista. Permitem
compra e venda antecipada. Reduzem a incerteza do mercado, eliminando o risco de oscilação de preço.
O fluxo de caixa é transferido para o futuro.
Alguns derivativos exigem deposito de margem, que podem ser títulos públicos ou fiança.

4.5.1 Direitos e obrigações em derivativos


Os contratos de termo, futuro e swap se caracterizam por atribuir a ambas as partes (comprador e vendedor)
compromissos idênticos: o comprador tem obrigação de comprar e
O contrato de opção é um contrato assimétrico, já que atribui a uma das partes somente direito (comprador) e à
outra parte, somente obrigação (vendedor). O comprador da opção (call ou put) tem seu prejuízo limitado ao valor
do prêmio que paga para adquirir o direito.

4.5.2 Mercado a termo:


Ocorre quando uma das partes se compromete a comprar e a outra a vender um ativo, por um preço
específico, em uma data predeterminada. Não há fluxo de capital inicial e também não há ajustes
diários (como ocorre nos contratos futuros), ocorrendo somente no vencimento.
A liquidação ocorre com a entrega do objeto do contrato (ou o seu equivalente em dinheiro pelo
preço de mercado) e pagamento, no vencimento, ou antecipada pelo comprador se houver esta
cláusula no contrato.
Se o contrato for negociado em Bolsa, exige conta margem como garantia. Se for negociado em balcão, não tem
exigência de conta margem.

Exemplo: Dois investidores fizeram o contrato a termo para 3 meses de uma commodity de 1.000 sacas do produto,
pelo valor de R$ 90,00 cada, onde um vende o produto e outro o compra. O contrato foi negociado na B3, e prevê
liquidação financeira, ou seja, quem vendeu o produto, em vez de entregar o bem físico ao outro, entregará o valor
equivalente em dinheiro, pela cotação do dia. Se tiver produto físico, comercializa o produto em uma cerealista e
envia o dinheiro para a liquidação do contrato. Se não tiver o produto, entrega o valor equivalente à cotação do dia.

Cenário A: a Commodity tem preço de mercado de R$ 70,00 no dia da liquidação. O vendedor entrega a
mesma por 90,00, tem 20,00 por saca de lucro, sendo que obteve R$ 20.000 no contrato de 1.000 sacas. Só
que o comprador vai pagar R$ 90,00 por saca,
e no mercado está R$ 70,00, tem um prejuízo
de R$ 20.000,00. Na B3, a liquidação dos contratos é financeira:
entrega-se ou recebe, em vez do objeto, o equivalente
Cenário B: a Commodity tem preço de em dinheiro, fazendo apenas a liquidação entre a
mercado de R$ 120,00 no dia da liquidação. O diferença do valor do contrato pelo valor de mercado
vendedor entrega a mesma por 90,00, tem do dia, debitando a diferença para uma parte e
30,00 por saca de prejuízo, sendo que perdeu creditando para outra.
R$ 30.000 no contrato, e o comprador obteve
o mesmo valor de lucro.

4.5.2.1 Contratos de balcão sem entrega física (NDF – Non Deliverable Forward)
*NDF (Non Deliverable Forward), ou Contrato a termo de Moeda sem Entrega Fisica é um derivativo operado em
mercado de balcão, que tem como objeto a taxa de câmbio de uma determinada moeda estrangeira, em data futura,
por um preço predefinido.

A operação permite proteção contra oscilações de moeda, sendo adequada principalmente para empresas
exportadoras, importadoras e companhias com ativos e/ou passivos em moeda estrangeira.
A liquidação financeira se dá pela diferença entre o valor do contrato e a cotação de referência na data do
vencimento.

Exemplo:
Comprador e vendedor acertam um contrato de USD 10.000,00 com vencimento daqui há 4 meses, a um preço de R$
5,00 por dólar.

Se no vencimento o dólar no mercado estiver R$ 4,50, o comprador pagará o valor do contrato, 5,00. O vendedor
entregará pelo preço ajustado, com lucro de R$ 0,50 por dólar.

Se o preço no mercado estiver R$ 6,00, o comprador pagará R$ 5,00 no contrato, com lucro. E o vendedor entregará
a R$ 5,00, com prejuízo de R$ 1,00 por dólar.

53
É uma aposta, onde um investidor tem uma vantagem e o outro uma desvantagem.

4.5.3 Mercado futuro


As partes se comprometem a comprar ou vender certa quantidade de um ativo por um preço estipulado
para a liquidação em data futura. É semelhante ao contrato a termo, onde a principal diferença é a
liquidação do contrato. Enquanto no mercado a termo os desembolsos ocorrem somente no vencimento
do contrato, no mercado futuro os compromissos são ajustados diariamente. Todos os dias quando há
alterações de preços dos contratos, realiza-se a liquidação das diferenças do dia, com perdas de um e
ganhos de outro. Os contratos futuros são negociados somente em bolsa.

Padronização: A B3 determina o ativo objeto, o tamanho e a data de vencimento;

Liquidez: é realizado em bolsa (as partes não se conhecem) e pode ser liquidada a qualquer momento por meio de
operação inversa.

Margem de garantia: é requerido caução com base na natureza de cada ativo. Tanto o comprador como o vendedor
devem cumprir o depósito de margem que pode ser constituída em dinheiro, títulos públicos ou privados, ações, carta
de fiança, seguro de crédito e certificado de ouro.

Ajuste diário: liquidações a débito e crédito em conta, segundo


A principal diferença entre os contratos a seu preço de mercado, para evitar acumulo de prejuízos e dar
termo e futuros é com relação ao ajuste mais clareza aos riscos.
diário, que só tem no contrato futuro.

4.5.4 Swap
É um contrato particular entre duas partes, estabelecendo a troca de uma rentabilidade futura por
outra, com acerto da diferença a pagar ou a receber no vencimento do contrato. Swap é um termo em
inglês, que significa troca, permuta. Não há fluxo de caixa nos contratos de swap.

No vencimento, é feito o acerto pela diferença a pagar e a receber sobre um valor que foi instituído
como referência por ocasião da aplicação.
São operações de balcão, registradas na B3, e podem ser negociadas no balcão organizado da mesma.

Exemplo: um investidor faz um contrato de swap com seu banco de DI x dólar sobre um valor de referência de R$
1.000.000,00.

Cenário A: O CDI rendeu 3% e o dólar valorizou 10%. Debita R$ 30.000,00, credita R$ 100.000,00. Liquida pela
diferença: lucro de R$ 70.000,00

Cenário B: O CDI rendeu 3% e o dólar desvalorizou 5%. Debita R$ 30.0000,00, credita R$ 50.000,00 negativo.
Ao realizar a conta, mais com menos fica menos, e o resultado fica: prejuízo de R$ 80.000,00.

IR sobre Swap - Embora o Swap pertença ao grupo de Renda Variável (é Derivativo), a incidência do IR segue a regra
das operações de Renda Fixa (de 22,50% a 15% de acordo com o prazo).

4.5.5 OPÇÕES:
São contratos no qual uma das partes tem só DIREITO (o comprador) e a outra parte tem só OBRIGAÇÃO (o vendedor).

Conceitos:

Comprador da opção: titular Vendedor da opção: lançador

Opção de compra: call Opção de venda: put

Prêmio: preço da opção Virar pó: gíria para perda do investimento

Ativo Objeto: mercadoria ou ativo financeiro Preço de Exercício (Strike price): preço pelo qual
objeto do contrato o ativo objeto será comprado ou vendido quando
for exercido.

Opção americana: pode ser exercida a qualquer Opção europeia: só pode ser exercida na data de
momento até o dia de vencimento. vencimento.

54
Quem escolhe é o titular: ao pagar comprar a opção, paga-se o prêmio,
para ter o direito de exercer ou não.

O lançador é o investidor que vende a opção, sendo a contraparte da negociação:

O lançador (contraparte): O titular (detentor do direito):


Opção de compra (call) Recebe o prêmio e se obriga a Paga o prêmio para ter o direito de
vender pelo strike. comprar pelo strike.
Opção de venda (put) Recebe o prêmio e se obriga a Paga o prêmio para ter o direito de
comprar pelo strike. vender pelo strike.

4.5.5.1 OPÇÃO DE COMPRA (CALL)


Estratégia de Compra (titular): Potencial elevação do preço do ativo objeto. O titular paga um prêmio
e adquire o direito de comprar o ativo-objeto pelo preço de exercício: acredita que o preço à vista no
vencimento deve superar o preço de exercício.

Estratégia de venda (lançador): Possibilidade de queda do preço do ativo objeto. O vendedor (lançador) recebe um
prêmio e assume a obrigação de vender o ativo-objeto pelo preço de exercício: acredita que o preço à vista deve
ficar abaixo do preço de exercício e com isso garante um rendimento.

4.5.5.2 OPÇÃO DE VENDA (PUT)


Estratégia de Compra (titular): Quando usar: perspectiva de queda do preço do ativo objeto. Operação:
o comprador (titular) paga um prêmio e adquire o direito de vender o ativo-objeto pelo preço de
exercício: acredita que o preço à vista no vencimento deve estar abaixo do preço de exercício.

Estratégia de Venda (lançador): Quando usar: quando tem perspectiva de elevação do preço do ativo objeto.
Operação: o vendedor (lançador) recebe um prêmio e assume a obrigação de comprar o ativo-objeto pelo preço de
exercício: acredita que o preço à vista no vencimento deve ficar acima do preço de exercício e com isso garante um
rendimento.

Quadro resumo de opções

OPÇÃO LANÇADOR TITULAR

- Vende a opção - Compra a opção


- Recebe o prêmio - Paga o prêmio
- Obrigação de vender - Direito de comprar
- Expectativa de queda - Expectativa de alta
- Lança para garantir um rendimento - Compra para ter o direito de adquirir um
se o mercado cair. ativo por um preço estipulado se o
mercado subir.
CALL Ex.: Tem ações Petrobrás e acha que
vai cair, ao receber o prêmio, garante Ex.: Acredita que as ações da Vale irão
o rendimento como se trocasse renda subir e adquire opções para comprar por
variável por renda fixa. um preço já contratado.

- Vende a opção
- Compra a opção
- Recebe o prêmio
- Paga o prêmio
- Obrigação de comprar
- Direito de vender
- Expectativa de alta
- Expectativa de queda
Ex.: vende a opção sobre o ativo da
Ex.: Quer se proteger de uma queda, como
PUT Petrobras em um determinado preço
comprando PUT de IBOV, se a bolsa cair
porque acredita que vai subir mais
abaixo do strike, pode vender e proteger
que isso.
sua carteira.

55
Opção é aposta: você acredita que irá subir ou O lançador da CALL (que tem a obrigação de vender) pode
cair? Quem compra acredita no inverso de operar “a coberto”, quando possui o ativo, ou “a descoberto”,
quem vende. Um ganha. Um perde. quando não possui o ativo e deverá apresentar depósito de
margem para garantia.

Já o titular da PUT (que tem o direito de vender) não tem necessidade de depósito pois tem apenas o direito, e não a
obrigação.

Quando o titular deve exercer sua opção?

O titular, ao exercer sua opção, irá considerar o preço do “Strike” e o preço no mercado, para considerar se vale ou
não a pena exercer a opção, visto que a escolha é sua:

ITM: In The Money: é quando vale a pena exercer

ATM: At the Money: preço da opção é igual ao mercado, é indiferente exercer ou não.

OTM: Out the Money: não compensa exercer.

Análise de gráficos

Dicas de memorização:

Começa em baixo: titular: se joga no chão.

Começa em cima: lançador, lança para cima.

Vai para a frente: Call, quem compra vai pra frente, opção de compra.

Vai para trás: Put, quem vende vai pra trás, opção de venda.

Long call – comprar uma opção de compra call

Um investidor usa a estratégia Long Call quando acredita que o


preço de mercado fica maior que o strike. Se o preço de mercado
for inferior ao strike, o titular não a executará e perderá o prêmio
pago.

Short call – vender uma opção de compra call

Um investidor usa a estratégia Short Call quando acredita que o


mercado vai cair, ficando menor que o strike, quando então o
titular não o exerce. Seu ganho é o prêmio. Se o mercado subir, o
titular irá exercer, e o lançador deverá vender pelo strike, e, se
for a descoberto, comprar pelo valor de mercado e entregar pelo
strike, demonstrando a área de perda.

56
Long put – comprar uma opção de venda put

Um investidor usa a estratégia Long Put quando acredita que o


preço de mercado fica menor que o strike, pois garante um preço
de venda. Se o preço de mercado for superior ao strike, ele não irá
exercê-la, e terá como perda o que pagou de prêmio.

Short put – vender uma opção de venda put

Um investidor usa a estratégia Short Put quando acredita que o


preço de mercado fica maior que o strike, pois aí o titular não a
exercerá e ele ganha o prêmio. Se o preço de mercado for inferior
ao strike, o lançador terá de perda o valor entre o valor de
mercado e o strike, pois será obrigado a comprar a um preço X e
no mercado o valor está menor.

Começa na parte de baixo do gráfico: é titular (se joga para comprar).

O gráfico começa na parte de cima do gráfico: é lançador (lança para cima)

Se vai para a frente/direita é call.

Se vai para trás/esquerda é Put.

4.5.6 Estratégias com o uso de derivativos


Hedge: Reduz a exposição a riscos de preço e impede a realização de lucros potencialmente maiores. Hedger é o
agente que faz hedge.

Alavancagem: Posições de risco superior ao patrimônio do fundo. Quando o risco assumido é de apenas uma parte
dos investimentos, chama-se posicionamento. Especulador é o investidor que assume os riscos.

Arbitragem: busca vantagens financeiras nas distorções de preços dos ativos. MONITORA o mercado para buscar
lucros com baixo risco. Arbitrador é o investidor que busca esses ganhos.

4.5.7 IR em Derivativos
Regra (Contratos a termo, futuros e opções): 15% sobre ganhos, apurados mensalmente e pagos até o último dia do
mês subsequente pelo contribuinte.

Base de cálculo:
• Opções: sobre os prêmios pagos e recebidos.
• Futuro: ajustes positivos;
• Termo: diferença do preço a termo e preço à vista.

IR na fonte: Antecipação de 0,005% sobre o valor financeiro da operação.

O swap segue a tabela de IR de renda fixa (22,50% a 15% de acordo com o prazo).

57
Compensação de perdas para cálculo de IR
Para fins de apuração e pagamento de imposto de renda sobre ganhos líquidos auferidos, as perdas decorrentes de
operações de derivativos (exceto swap) podem ser compensadas, no próprio mês ou nos meses subsequentes, em
outras operações realizadas nos mercados à vista, de opções, futuro e a termo, exceto no caso de perdas em
operações do tipo day trade, que somente poderão ser compensadas com ganhos auferidos em operações da mesma
espécie.

4.6 Ofertas Públicas de Valores Mobiliários

Oferta pública de distribuição é o processo de colocação, junto ao público, de títulos e valores


mobiliários para venda.

Distribuição pública: venda, promessa de venda, oferta à venda ou subscrição, subscrição de valores
mobiliários, de qualquer forma pública (listas, e-mails, sites, empregados ou representantes, agência,
etc.). São intermediadas por bancos de investimento, corretoras ou distribuidoras.

4.6.1. OPA - Oferta Pública de Aquisições de Ações


Ocorre quando um acionista pretende comprar o controle ou todas as ações de uma companhia listada na
bolsa de valores. O objetivo pode ser o controle sobre o negócio ou se a companhia quer fechar o capital.

As OPA´s podem ser obrigatórias ou voluntárias:

OPA´s obrigatórias: são expressamente previstas na Lei 6404/76, e ocorre no cancelamento de registro de
companhia aberta (para converter em Cia de capital fechado), de aumento de participação de acionista
controlador que impeça a liquidez de mercado das ações remanescentes e ainda no caso de alienação
(venda) do controle acionário.

OPA´s voluntárias: realizadas sem que nenhuma norma específica tenha obrigado a sua realização (ocorre
por vontade da Companhia). A Lei prevê a OPA por aquisição de controle acionário.

4.6.2. IPO - Oferta Pública Inicial


IPO, Inicial Public Offering na sigla em inglês, é quando a companhia decide abrir o capital e negociar suas
ações em Bolsa pela PRIMEIRA vez. A companhia se torna de capital aberto e vende suas ações diretamente
aos compradores.
Para esse lançamento, contrata uma empresa de “due diligence”, que faz uma diligência para essa
avaliação criteriosa, divide o seu valor total em frações (que serão as ações) e as oferece na bolsa de valores.

O termo “inicial” vem de “primeira


A IPO pode ocorrer no mercado primário, quando a empresa decide
vez na Bolsa”, não necessariamente
aumentar o seu capital e emitir novas ações, ou no mercado secundário,
mercado primário.
quando um ou mais acionistas cedem suas ações para a negociação
pública, vendendo a outros investidores. As corretoras enviam e-mail a
seus clientes, avisando do evento, e quem tem interesse responde com o valor e quantidade que está disposto a
comprar.

As reservas de ações possuem um período, definido na escritura de lançamento das ações (exemplo: para efetuar sua
reserva, responda o e-mail até xx/xx/xx).

O investidor, ao dar a ordem de compra, poderá fixar ou não limites de preços a ela:
a. Ordem limitada: o investidor define um preço máximo a que está disposto a comprar o ativo, caso o preço
de mercado fique acima do preço definido pelo investidor, ela não será executada.

b. Ordem a mercado: o investidor envia a reserva de ações onde aceita pagar o preço definido pelo mercado,
qualquer que seja.

Caso a demanda por ações seja superior à quantidade ofertada pela empresa, poderá ser emitido um lote
suplementar (green shoe) de até 15%, nas mesmas condições originais. Se a demanda ainda for maior, será feito
rateio, ou seja, limitações aos pedidos de compra.

A taxa de corretagem da operação, por ocasião da IPO, é paga pela empresa que está abrindo o seu capital.

58
4.6.3. Ofertas públicas subsequentes - Follow-on
Ocorre quando a empresa já tem o capital aberto e já realizou a sua primeira oferta, mas a empresa quer
fazer novos lançamentos para chamada de capital. Tem objetivo de captar mais recursos para investir em
projetos. As novas ações podem ser ofertadas para qualquer interessado ou só para um grupo específico
de investidores ou acionistas.

4.6.3 Regras Gerais de Ofertas Públicas

4.6.3.1 As ofertas públicas podem ser primárias ou secundárias:

a. Primária (underwriting): Quando a empresa vende novos títulos e os recursos dessa venda vão para o caixa
da empresa.

b. Secundária: não envolvem a emissão de novos títulos, caracterizando a venda de ações já existentes (em
poder dos sócios que querem desinvestir ou reduzir a sua participação no negócio) e os recursos vão para os
vendedores e não para o caixa da empresa (block trade).

Toda oferta pública deve ser registrada na CVM, com exceção de emissão de empresas de pequeno porte e de
microempresas.

4.6.3.2 Agentes de ofertas públicas:


Coordenador: Coordena todo o processo e lidera o processo. Poderá haver mais de um banco coordenador,
onde um será designado como líder.

Escriturador: é responsável por manter atualizada a escrituração dos títulos em nome dos respectivos titulares.

Mandatário: é responsável pela confirmação financeira de todos os pagamentos e movimentações realizados


pelo emissor.

Liquidante: é a instituição financeira responsável por prestar serviços da liquidação financeira das operações
nos vencimentos das operações registradas no SDT (Sistema de Distribuição de Títulos) e no SND (Sistema
Nacional de Debêntures), assim como o pagamento das taxas relativas ao uso de sistemas.

Depositário: presta os serviços de registro e custódia dos títulos.

Agente Fiduciário: representa os interesses dos debenturistas, assim como representa os mesmos em eventual
execução por inadimplência.

Formador de mercado (market maker): é uma pessoa jurídica,


cadastrada na B3, que se compromete a manter ofertas de O nome da função representa o que
compra e venda de forma regular e contínua durante a sessão faz: liquidante liquida, escriturador
de negociação, fomentando a liquidez dos valores mobiliários,
facilitando os negócios e mitigando movimentos artificiais nos
escritura, depositário deposita, etc.
preços dos produtos. Pode exercer sua atividade de forma autônoma
ou contratado pelo emissor dos valores mobiliários, por empresas
controladoras, controladas ou coligadas do emissor, ou por quaisquer detentores de valores mobiliários que tenham
interesse em formar o mercado para papéis de sua titularidade.

4.6.3.3 Regime de distribuição tipos de colocação:


a. Oferta com garantia firme (straight): o coordenador assume o compromisso de colocação dos títulos no
mercado. Se não vender, adquire em seu nome (analogia a uma rifa de formatura, se não vender, assume)
b. Melhores esforços (best efforts) ou esforços restritos: faz o esforço da colocação, mas se não vender, devolve
ao emissor.
c. Mista (stand-by), combinação de ambas.

4.6.3.4 Termos de uma Oferta Pública:


Agência de Rating: a classificação de risco do emissor é uma importante ferramenta de avaliação dos ativos. Por não
haver FGC em valores mobiliários, a classificação de risco é uma garantia indireta (covenant) pois demonstra a saúde
financeira doo emissor.

Due Dilligence: Diligencia prévia. Avaliação da empresa para precificação no lançamento de ações.

59
Road show: Apresentação feita aos investidores durante o esforço de colocação. Oferece ao investidor uma visão
geral da companhia.

Bookbuilding: Construção de lista. Processo de levantamento dos interessados e das condições que o atraem para
adquirir a oferta pública, cujo objetivo é formação de preços, além de confirmação de condições do objeto a ser
ofertado.

Green Shoe: É a possibilidade de lançar um lote suplementar de ações, quando a demanda for maior, de até 15%,
com as mesmas condições do lote inicial, desde que previsto no prospecto.

4.7 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Ofertas Públicas de Distribuição e Aquisição de Valores
Mobiliários

Visa estabelecer princípios e regras que devem ser observados pelas instituições participantes nas ofertas públicas
de valores mobiliários, incluindo os programas de distribuição com a finalidade de propiciar a transparência e o
adequado funcionamento do mercado. Os princípios gerais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, ética,
respeito à legislação e concorrência leal são comuns a todos os códigos.

4.7.1 Principais documentos da Oferta Pública:


Prospecto da oferta: deve conter duas informações: sobre o emissor e sobre os valores mobiliários, objeto da oferta
e suas condições.

Formulário de referência: documento com os principais dados da oferta e as práticas de governança corporativa,
analise da administração sobre demonstrações financeiras, políticas de responsabilidade social, pendencias judiciais
e demais informações relevantes.

É obrigatório o selo da ANBIMA, acompanhada de texto obrigatório, comprovando a adequação ao código.

60
FUNDOS DE
INVESTIMENTO

Este capítulo representa de 18 a 25% da prova – 11 a 15 questões.

Objetivo: Conhecer as características dos fundos de investimento e seu funcionamento, os tipos


de fundos, tributação, regulamentação e o conteúdo da IN 555 CVM e Código ANBIMA de
Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recurso de Terceiros.

61
5.1 Definições
Um Fundo de Investimento é um condomínio que reúne recursos de um conjunto de investidores, com o objetivo de
realizar investimentos financeiros dos recursos de seus participantes.
Os cotistas são os titulares (proprietários) das cotas dos Fundos
de Investimento. Um fundo pode ter um único investidor,
quando então é chamado de fundo exclusivo, ou vários
investidores, onde o número de participantes é ilimitado.

Caracteriza-se por ser uma prestação de serviços sob regime de


melhores esforços, ou seja, a instituição financeira, que
administra o fundo, cobra uma taxa de administração dos
recursos dos investidores, de acordo com a política de
investimentos de cada fundo.

Não conta com nenhuma garantia do Fundo Garantidor de


Créditos- FGC, da Anbima, CVM ou do administrador. Se ocorrer
de o administrador entrar em liquidação financeira (como se
fosse uma falência), os cotistas farão assembleia trocando o administrador, por isso não há necessidade da garantia
do FGC.

Eventuais perdas que o fundo possa ter são de responsabilidade do cotista (investidor), porque o fundo tem uma
personalidade jurídica, e o cotista, ao aplicar, se torna “sócio do negócio”. O que o investidor deve observar é o
regulamento do fundo, em especial a sua classificação de risco e política de investimentos. Caso o fundo tenha perdas
em virtude de explorar mercados e riscos não autorizados, o investidor arcará com o prejuízo, mas poderá executar
judicialmente o administrador pela perda.

A Anbima, entidade de apoio e autorregulação, possui a função de receber os documentos (regulamento, formulário),
analisar e certificar se está de acordo com as regras e enquadramentos. Isso não representa uma garantia do
investimento.

O investimento através de fundos dilui os custos de administração da carteira entre os participantes, o que é um
benefício importante.

Patrimônio Líquido de um fundo: é o recurso total investido. Esse recurso tem origem na soma dos saldos individuais
dos investidores, que se torna um único montante para investir no mercado de acordo com os objetivos constantes
em cada regulamento.

5.2 Autorização de funcionamento


Um fundo precisa da autorização da CVM para funcionar, pois cabe a ela a regulação e fiscalização dos
fundos de investimento, buscando a proteção do investidor. A Instrução CVM No. 555 dispõe sobre a
constituição, a administração, o funcionamento e a divulgação de informações dos fundos de
investimento.

Cabe à ANBIMA auxiliar na construção, modernização e aperfeiçoamento da legislação de fundos de investimento,


influenciar e dar suporte à indústria de fundos para explorar adequadamente as oportunidades de
crescimento e melhorar constantemente seus pilares. O administrador deverá enviar os documentos
do fundo à Anbima para avaliação prévia e conferência de adesão às normas. Somente após a
conferência da Anbima, o administrador enviará a documentação à CVM para buscar a autorização de
funcionamento e captação de recursos.

5.3 Riscos dos ativos individuais versus riscos da carteira: se considerarmos os valores individualmente de ativos no
investimento eles possuem riscos maiores do que se forem correlacionados em uma carteira.

Exemplo: Imagine um investimento único de R$ 100.000,00. Se, por exemplo, houver inadimplência do
emissor, a perda é total. Agora considere esse título dentro de um fundo, com patrimônio líquido de
R$ 100.000.000,00, havendo a inadimplência, representará 0,10% de perda.

62
5.4 Diferenciais do Produto para o Investidor
Acessibilidade ao mercado financeiro: O fundo de investimento permite ao investidor o acesso a mercados que
individualmente poderia não ter capacidade de investir. Por exemplo, investidores qualificados e profissionais
possuem acesso a mercados diferentes, mais complexos e com mais possibilidades, o que pode acarretar em
vantagens aos investidores.

Diversificação: O investimento em condomínio permite diversificar. Por exemplo, se um investidor tem R$ 1.000,00,
conseguirá investir em um ou poucos investimentos. Se juntar com outros investidores, via fundos, poderá ter diversos
papéis na sua carteira. Considere um fundo de renda fixa, que pode investir em títulos públicos e privados, atrelados
a juros ou inflação. Cada título poderá ter características diferentes de risco, liquidez e rentabilidade. Investindo no
fundo, terá cotas do todo, ou seja, uma fatia de cada um dos ativos do fundo.

Profissionalização: Possibilita ter os investimentos administrados profissionalmente, sem que o investidor tenha que
dominar a utilização de sofisticado instrumental de análise.

5.5 Propriedade dos ativos dos fundos de investimento – excluindo fundos imobiliários
Os ativos que compõem um fundo de investimento são de propriedade dos cotistas, onde o administrador recebe
uma taxa pela administração dos recursos. Para caracterizar a propriedade dos ativos, cada fundo tem um CNPJ, com
exceção dos fundos imobiliários.

FII - Fundos de Investimento Imobiliário: possuem características diferentes dos demais fundos, onde a
propriedade fiduciária dos ativos é do administrador. Ou seja, os recursos captados são reunidos e
investidos em imóveis ou títulos, não há segregação de recursos, ou seja, há risco de crédito se o
administrador for liquidado.

5.6 Cota e transferência de titularidade


Cota: É um valor mobiliário que corresponde à fração do patrimônio líquido do fundo. São regulados e fiscalizados
pela CVM. Quando um fundo inicia suas atividades, uma
cota vale R$ 1,00. Após isso, diariamente, terá impacto da
valorização ou desvalorização dos ativos que o compõe,
junto com as despesas do fundo que são debitadas
(deduzidas) do Patrimônio Líquido do mesmo.
O valor da cota é calculado dividindo o valor do patrimônio líquido (que é composto do valor dos ativos marcados
diariamente a mercado menos as despesas do fundo) pela quantidade de cotas. Dessa forma, diariamente, o valor da
cota é impactado pelas despesas e rendimentos.

O número de cotas é impactado de três formas:


a. Novo aporte: quando um investidor faz um aporte, ele adquire cotas, aumentando a quantidade.

b. Resgate de cotas: a quantidade de cotas diminui com o resgate.

c. Pagamento de imposto de renda: são resgatadas cotas (evento chamado de come-cotas) para o pagamento
semestral de imposto de renda nos fundos de investimento, com exceção dos fundos de ações e fundos
fechados que não possuem o come-cotas.

5.7 Transferência de titularidade:


a. Fundos fechados: as cotas de fundos fechados podem ser vendidas para terceiros (mercado secundário),
havendo a troca da titularidade. A formalização implica em assinatura de termo de cessão e transferência
ou em bolsa, quando já é previamente autorizado.

b. Fundos abertos: normalmente há aplicação e resgate. No entanto, a transferência de cotas é permitida nos
seguintes casos: decisão judicial ou arbitral, operações de cessão fiduciária, execução de garantia, sucessão
universal, dissolução de sociedade conjugal ou união estável por via judicial ou escritura pública que
disponha sobre a partilha de bens e transferência de administração dos bens.

63
5.8 FI e FIC
Fundos de Investimento: Em sua política de investimento, estipula que o FI - Fundo de Investimento pode
investir em ativos livremente, escolhendo diretamente seus papéis, como títulos públicos, CDB’s, ações,
debêntures, etc.;

Fundos de investimento em Cotas: Os FICs possuem em sua política de investimento a obrigatoriedade


de comprar no mínimo 95% de seu Patrimônio Líquido, em cotas de outros Fundos de Investimento. Os
outros 5% são de livre administração. Ao invés de escolher diretamente os papéis no mercado para a
composição de sua carteira, o fundo adquire cotas de fundos, sendo permitido comprar cotas de um único
FI ou de vários FIs. Nesse formato, a taxa de administração do fundo não é fixa. Ela pode ser prevista com uma banda
(Exemplo: taxa de administração de 1,2% a 2,2%), porque em sua cobrança irá considerar a taxa de administração
dos fundos onde irá comprar as cotas, mais a taxa de administração do próprio fundo (exemplificando: poderia ser a
taxa de administração dos fundos que adquire as cotas entre 1% e 2% mais 0,2% de sua taxa).

5.8 Fundos abertos e Fundos fechados


Fundo Aberto: Admite movimentações a qualquer momento (Aplicação e Resgate). O número de cotas é
variável, sendo que aumenta com as aplicações e diminui com os resgates e come-cotas (que veremos no
item tributação em fundos).

Fundo Fechado: Nesse tipo de fundo, aquisição de cotas é limitada por um prazo, na abertura do fundo,
para o início de suas atividades. Depois disso, os fundos começam a operar e não recebem novos aportes.
Alguns fundos fechados não possuem período de resgate (Exemplo: fundo imobiliário) e outros possuem a
possibilidade de vencimento para retirada do recurso (Exemplo: fundo de direitos creditórios). Se o investidor quiser
o seu dinheiro, poderá vender suas cotas no mercado secundário, para outro investidor.

Imagine o seguinte cenário: para construir uma casa, é preciso recurso para adquirir os materiais de construção e
construir o imóvel. Se após o bem ficar pronto, o investidor quiser seu dinheiro de volta, não poderá destruir a casa e
vender o material utilizado. Para reaver seu dinheiro, poderá vender o imóvel para outra pessoa (o que é chamado
de mercado secundário, onde o dinheiro não voltou à origem, mas o bem trocou de mãos).
Os fundos fechados podem vender suas cotas na Bolsa de valores, como se fossem ações. Por exemplo, em um fundo
imobiliário, onde, mesmo com valores pequenos, um investidor pode ter uma fração de um imóvel e receber os
aluguéis e valorização proporcionais ao valor investido.

5.9 Segregação de funções e responsabilidades


Assim como os recursos devem ser segregados, há a exigência de segregação de funções. A Pessoa Jurídica pode ser
a mesma nas diversas funções, mas na organização interna, pessoas distintas devem desempenhar os diferentes
papéis. São eles:

Administrador – Responde por toda a parte administrativa do fundo. É o representante legal dos investidores.
Responde civil e criminalmente pela gestão, supervisão, acompanhamento e informações do fundo.
Responde à CVM e ao mercado. Faz a marcação a mercado a partir das informações enviadas pelo
custodiante, somando o valor dos ativos e deduzindo as despesas a provisionar. Divulga a rentabilidade dos fundos
e dá publicidade às informações.

Gestor – É o responsável pela escolha e negociação dos ativos que compõem a carteira, de acordo com a
política de investimento. Quando um investidor adquire cotas, o gestor compra papeis no mercado para
valorizar o PL. Quando um investidor resgata do fundo, o gestor deverá vender ativos para pagar o resgate.

Distribuidor – É o responsável pelo contato com os cotistas, cadastro e atualização cadastral, análise de perfil
do investidor, guarda do termo de adesão e demais documentos. Realiza as aplicações e resgate junto ao
administrador por conta e ordem do investidor.

Custodiante: É o responsável pela "guarda" dos ativos do fundo, nas respectivas câmaras de liquidação e
custódia. Responde pelos dados e envio de informações dos fundos para os gestores e administradores.

Auditor independente: Audita anualmente as demonstrações financeiras dos fundos e notas explicativas.

64
5.10 Política de Investimento
A política de investimento de um fundo abrange todos os critérios que vão nortear os investimentos de um fundo de
investimento. Nela são definidos o objetivo do fundo, os tipos de papéis e mercados em que o fundo pode aplicar, os
percentuais mínimos e máximos em cada papel e quais os riscos a que o fundo está exposto.

Objetivo de um fundo de investimento:


É o que o fundo quer alcançar de resultados ao investidor, a meta de rentabilidade que servirá como parâmetro para
o fundo trabalhar. Determina o tipo de gestão com relação ao risco do fundo, pois quanto maior a rentabilidade
almejada, maior o risco dos ativos, pois risco e retorno são proporcionais.

Fundos com gestão ativa ou gestão passiva:

Fundos com gestão ativa: visam superar um índice de referência. Como sabemos, para melhorar a rentabilidade, é
necessário assumir mais riscos. Pode ser através de estratégias de posicionamento, alavancagem, através
da aquisição de títulos com pouca liquidez ou de emissores com baixo rating. Pode ocasionar aos cotistas
eventuais perdas patrimoniais. Exemplo: títulos privados de maior risco de mercado, ativos de baixo
rating, duration (prazo médio) mais longa, ações de segunda ou terceira linha (de empresas menores ou
menos conhecidas), derivativos.

Fundos com gestão passiva: também são chamados fundos indexados. O gestor tem menos liberdade na escolha de
ativos, pois o objetivo é acompanhar o benchmark. Desta forma, escolherá apenas os ativos que fazem
parte da carteira do indexador. Exemplo:

• Renda Fixa: acompanham o CDI, Selic, IGPM, etc.


• Renda variável: acompanham o IBOVESPA, IBRX, etc.

Dificuldades de replicação dos índices de referência (benchmarks)


Se um fundo passivo compra papéis atrelados a um índice, não deveria render a mesma coisa?

Porque um fundo DI, muitas vezes, rende menos que o DI, que é seu benchmark, se ele compra papéis desta classe?

Devido os seguintes eventos:


• Custos: a taxa de administração e outras despesas são descontadas do saldo, incidem sobre o PL, e com isso
impactam a rentabilidade;

• Composição da carteira: Uma carteira pode ter ativos diferentes em sua composição, como diferentes riscos
de crédito, prazo e aderência. Além disso, há um percentual que não precisa necessariamente estar vinculado
ao indexador;

• Marcação a mercado: os ativos diariamente são marcados a mercado, pelo preço que seriam negociados se
fossem vendidos no mercado, o que pode acarretar diferença de rentabilidade, em comparação ao indicador.

• Preço de compra e venda: O preço de aquisição ou alienação de um título pode ter ágio ou deságio, e este
valor impactará a rentabilidade. Exemplo: um investidor solicitou resgate, e para pagá-lo o gestor do fundo
vendeu um título de R$ 1.000,00 por R$ 990,00 por causa do risco de instabilidade econômica em um
determinado momento, que depois se normalizou. Esses 10,00 são prejuízo do fundo, neste caso afeta a
rentabilidade de todos os cotistas.

5.11 Instrumentos de divulgação das políticas de investimento e rentabilidade


Regulamento: é o documento completo, registrado em cartório, que dá vida jurídica ao fundo. Por isso, é
um documento obrigatório a todos os fundos. Cada fundo tem um CNPJ, tecnicamente é uma empresa,
onde seus cotistas (sócios) possuem direitos e obrigações. Só pode ser alterado com assembleia de
cotista, com exceção da redução da taxa de administração, alterações cadastrais ou exigências legais,
onde o administrador pode fazê-lo sem assembleia, mas comunicando imediatamente a CVM e cotistas.

Formulário de informações complementares: é o documento que contém as informações relevantes do fundo de


investimento. É um resumo do regulamento, contendo a política de investimento e principais regras do fundo.

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Lâmina de informações essenciais: é o documento de poucas páginas, com as informações essenciais, política de
investimento, regras de aplicação e resgate e rentabilidade. É facultativo, desde que observado algumas regras, como
periodicidade de informações por outros meios.

O ingresso ao fundo se dá mediante a assinatura de:


• Termo de adesão: atestando que o investidor está ciente da política de investimentos e riscos do fundo. O
termo de adesão é obrigatório em todos os fundos de investimento, com exceção do fundo simples.

• Termo de ciência de risco de crédito: somente quando o fundo tiver em sua política de investimentos a
previsão de investir mais de 50% do Patrimônio Líquido em créditos privados.

Demonstração de desempenho do fundo: é o documento com as informações periódicas do fundo: rentabilidade


mensal, nos últimos 12 meses e anual, além das despesas que são debitadas do patrimônio do fundo e reduzem a
rentabilidade. Traz também comparativos para facilitar as análises.

5.12 Carteira de Investimentos: assim como a política de investimentos contém quais papéis o fundo pode ter, quais
mercados pode atuar e quais limites de exposição e riscos pode correr. A composição da carteira
possui a lista dos ativos que efetivamente fazem parte daquele fundo no momento da análise.

Todos os dias pode ter investidores aplicando ou resgatando do fundo, quando então o gestor
compra ou vende papéis de acordo com a necessidade de fluxo de caixa, e com isso, a composição
da carteira muda a todo momento.

O gestor deve respeitar os limites da política de investimentos ao adquirir os papéis. Eventuais desenquadramentos
serão notificados e podem causar sanções ao fundo.
Exemplo: Um fundo de renda fixa, como veremos adiante, deve ter em sua carteira no mínimo 80% dos ativos em
títulos atrelados à taxa de juros ou índice de preços. Se desenquadrar, ou seja, se sua composição de carteira tiver
menos de 80% nos ativos de sua classe, terá 15 dias para se reenquadrar, e se não corrigir no prazo legal (60 dias
para fundo aberto e 180 dias para fundo fechado) deverá convocar assembleia para transferir o administrador,
incorporação com outro fundo ou liquidação do mesmo.

Obs.: Limites que devem ser respeitados para enquadramento legal: limites de composição, diversificação de
carteira e concentração de risco definidos nas diferentes classes de fundos de investimento.

5.13 Principais mercados


Juros prefixados: um título possui a rentabilidade prefixada quando é carregado até seu vencimento. Caso
precise vender antes, seu preço será o valor negociado no mercado naquele dia. Como os fundos são
obrigados a fazer o apreçamento de ativos ou marcação a mercado, quando os juros caem, o valor dos
títulos prefixados sobe, dando mais rentabilidade ao fundo, e quando as taxas de juros no mercado sobem, o valor
dos títulos cai, pela aplicação do deságio, para compensar a rentabilidade nominal. Deve-se também considerar o
risco de o emissor falir (risco de crédito) e o risco de liquidez dos títulos da carteira. Os juros prefixados são indicados
em cenário de queda, porque “travam” a rentabilidade.

Juros pós-fixados: As taxas pós-fixadas acompanham o mercado, oferecendo menos oscilações, por isso é
considerado mais conservador. Praticamente não sente os efeitos da marcação a mercado, porque
acompanha os seus indexadores. No entanto, deve-se sempre observar, juntamente com o risco de mercado
que neste caso é baixo, os riscos de crédito e liquidez. Os juros pós-fixados são indicados em cenário de alta da taxa
básica de juros no mercado.

Câmbio: o risco cambial está presente na oscilação dos preços de uma moeda. Imagine um caso hipotético
onde o dólar é cotado a R$ 3,00, e um ano após seu valor está R$ 6,00. Neste caso, investimentos atrelados
à moeda subiram 100% no período.

Inflação: alguns títulos podem estar atrelados aos indicadores de inflação (IPCA e IGP-M). Geralmente,
pagam uma taxa adicional, um ganho real, como vimos no capítulo 3, sendo uma taxa prefixada adicional,
garantindo uma remuneração acima da inflação. Esses títulos, por serem mistos, possuem dois riscos: risco
da taxa de juros prefixada que compõe a remuneração e risco de oscilações do indexador de inflação.

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Ações: são participações na sociedade de uma empresa, que podem valorizar ou desvalorizar. Além disso,
podem distribuir lucros e proporcionar direitos, como por exemplo subscrições de novas emissões como
vantagens adicionais. O risco da desvalorização ou resultado negativo deve ser avaliado de acordo com a
análise da empresa e condições de mercado.

Índices de comparação – Benchmarks


Principais benchmark de renda fixa
a. SELIC: taxa de juros calculada a partir de operações compromissadas com lastro em títulos públicos.
b. Taxa DI: taxa praticada nos Certificados de Depósito Interfinanceiros, é o principal benchmark no mercado
de renda fixa.
c. IPCA: índice oficial da inflação do país. Utilizado pelo COPOM para a análise da meta de inflação.
d. IGP-M: Índice Geral de Preços do Mercado, média ponderada dos índices IPA, IPC e INCC.
e. IMA Geral - Índice de Mercado ANBIMA: medem o desempenho dos títulos públicos por seus preços a
mercado. Possui sub índices de acordo com o tipo de taxa de cada classe:
a. IRF-M: desempenho dos títulos pré-fixados.
b. IMA-B: desempenho dos títulos indexados ao IPCA.
c. IMA-S: desempenho do Tesouro Selic.

Principais benchmark de renda variável


a. Índice Bovespa (IBOVESPA): É revisado de quatro em quatro meses, considera os últimos doze meses; O
peso de cada ação no índice depende de sua liquidez; Os índices de negociabilidade somados devem
representar 85% do valor acumulado de todos os índices individuais; Devem ter sido negociadas em mais
de 95% do total de pregões do período.

b. Índice Brasil (IBrx): É revisada de quatro em quatro meses; considera os últimos doze meses; O peso de cada
ação no índice é ponderado pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação. Representam as
100 ações com mais liquidez; devem ter sido negociadas em pelo menos 95% dos pregões do período.

c. ISE –Índice de Sustentabilidade Empresarial: mede a performance das empresas listadas na Bolsa de
Valores sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio
ambiental, justiça social e governança corporativa. Desenvolvida pela FGV e B3.

5.14 Assembleia geral de cotistas (convocação, competências e deliberações)


Assembleia Geral de Cotistas é a reunião dos cotistas para deliberarem sobre assuntos referentes ao Fundo.
A convocação é obrigatória a todos os cotistas com pelo menos 10 dias de antecedência, e deve ser
realizada em até 120 dias (primeiro quadrimestre) após o término do exercício social do fundo.

Quem pode convocar uma assembleia:


a. O administrador;
b. O gestor;
c. O custodiante;
d. O cotista ou grupo de cotistas que detenham no mínimo, 5% do total das cotas.

A Assembleia Geral delibera sobre:


a. As demonstrações contábeis apresentadas pelo administrador;
b. A substituição do administrador, gestor ou custodiante do fundo;
c. A fusão, incorporação, cisão, transformação ou liquidação do fundo;
d. O aumento da taxa de administração, da taxa de performance ou das taxas máximas de custódia;
e. A alteração da política de investimento do fundo;
f. A emissão de novas cotas, no fundo fechado;
g. A amortização e o resgate compulsório de cotas, caso não previstos no regulamento; e
h. A alteração do regulamento.

Os seguintes itens NÃO precisam de assembleia geral:


• Redução da taxa de administração.
• Atualização de dados cadastrais do administrador ou dos demais prestadores de serviços.
• Exigências legais ou de regulamentação.

As alterações devem ser informadas imediatamente aos cotistas e à CVM.

67
5.15 Regras gerais sobre divulgação de informação
a. As informações divulgadas pelo administrador relativas ao fundo devem ser verdadeiras, completas,
consistentes e não induzir o investidor a erro.
b. Todas as informações do fundo devem ser escritas em linguagem simples, clara, objetiva e concisa.
c. A divulgação de informações sobre o fundo deve ser ampla, equitativa e simultânea para todos os cotistas.
d. As informações do fundo não podem prometer garantia de resultados futuros ou ausência de risco para o
investidor.
e. Informações devem vir acompanhadas da indicação de suas fontes.
f. As regras de divulgação se aplicam ao Formulário de Informações Complementares (FIC), à lâmina e a
qualquer outro material de divulgação do fundo.
g. Caso as informações divulgadas apresentem incorreções que possam induzir o investidor a erros de
avaliação, a CVM pode exigir:
• a exclusão da divulgação da informação;
• a veiculação, com igual destaque e por meio do mesmo meio utilizado para divulgar a informação original,
de retificações e esclarecimentos.

5.15.1 Divulgação de informações e de resultados


Os administradores dos fundos de investimento devem divulgar informações para os cotistas, a CVM e as entidades
do mercado como por exemplo a ANBIMA.

5.15.2 Informações periódicas


O administrador deve:
• Divulgar diariamente o valor da cota e o desempenho do fundo no site;
• Disponibilizar extrato mensal, composição da carteira e remeter à CVM o balancete e a composição da carteira.
• Disponibilizar anualmente a demonstração do desempenho do fundo para os cotistas, assim como enviar à CVM
as demonstrações contábeis com parecer do auditor independente.

5.15.3 Atos ou fatos relevantes


O administrador deve informar aos cotistas e à CVM todos os fatos relevantes ocorridos ou relacionados ao fundo,
que possam impactar o valor das cotas ou na decisão do cotista de adquirir, vender ou manter suas cotas. Os fatos
relevantes devem ser mantidos nos sites do administrador e do distribuidor sendo divulgados eletronicamente aos
cotistas.

5.16 Administração
Direitos, obrigações e vedações do administrador
O administrador tem poderes para praticar os atos necessários ao funcionamento do fundo, sendo responsável pela
constituição do fundo, pela prestação de informações à CVM e contratação de terceiros, sendo responsável por
seus atos.

5.16.1 Direitos do administrador: receber a remuneração pactuada, cobrar as obrigações do cotista e exercer suas
atividades de acordo com o regulamento.

5.16.2 Obrigações do administrador:


• Fornecer o regulamento, o formulário de informações complementares e a lâmina a todos os cotistas.
• Diligenciar para que toda a documentação e registros do fundo sejam mantidos atualizados e em perfeita ordem.
• Manter serviço de atendimento ao cotista.
• Fiscalizar os serviços dos prestadores de serviços.
• Observar as disposições dos normativos que regulamentam o mercado.
• Adotar políticas e procedimentos para que a composição da carteira e liquidez estejam de acordo com o previsto
no regulamento.

5.16.3 Vedações do administrador: realizar atos de liberalidade que prejudiquem o fundo ou que contrariem seu
regulamento.

5.16.4 Normas de conduta


O administrador e o gestor devem adotar normas de conduta que possibilitem a:
• Buscar as melhores condições para o fundo de acordo com o regulamento;
• Exercer ou certificar-se do exercício de todas as atividades do fundo;

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• Adotar diligências para assegurar os direitos do fundo, adotando medidas judiciais se necessário.

O administrador e gestor devem zelar pela integridade do fundo, assegurar que as ações tomadas estejam de
acordo com a política de investimento e proteger os interesses dos cotistas.

5.17 Direitos e obrigações dos cotistas

Direitos do cotista:
Ao investir em um fundo, o cotista adquire cotas, se tornando uma espécie de “sócio” do fundo, assina o
termo de adesão, ou seja, adere às regras, concordando com o regulamento e adquire os mesmos direitos
e deveres dos demais cotistas, independentemente da quantidade de cotas que possui.

Deveres do cotista:
• Atestar que tem ciência dos riscos e termos do regulamento;
• Aportar recursos em caso de PL negativo do fundo;
• Pagar taxa de administração e outras despesas do fundo;
• Observar as recomendações de prazo mínimo e riscos;
• Comparecer nas Assembleias;
• Fornecer dados cadastrais e documentações atualizados.

5.18 Apreçamento de ativos ou marcação a mercado: é o ato de atualizar o valor dos ativos dos fundos para o valor
que esses ativos são negociados em determinado dia. É a cotação diária de todos os títulos que compõem a carteira,
e que é uma exigência legal para todos os fundos de investimento.

A exceção da obrigatoriedade da marcação a mercado é o fundo exclusivo, pois possui apenas um cotista, e se o
objetivo da marcação a mercado é evitar a transferência de ativos entre os cotistas, registrando o preço diário, se
houver apenas um cotista não é necessário realizar o procedimento. No entanto, poderá ser realizado para ter mais
clareza dos riscos da carteira.

5.19 Estratégias de gestão: Alavancagem, posicionamento e proteção (Hedge)


Um fundo pode assumir diversos riscos, assim como utilizar derivativos com diferentes objetivos, de acordo com sua
estratégia de gestão:

• Alavancagem: é uma técnica que aumenta a possibilidade de retorno através de


investimentos de risco, comprometendo mais do que o capital. Exemplo: vender um contrato
futuro de uma commodity agrícola sem ter o produto, a R$ 90,00 a saca, e o valor do mesmo
disparar no mercado a R$ 120,00 a saca. No vencimento, terá que comprar o produto no
mercado pelo preço normal de R$ 120,00 e entregar pelo preço do contrato futuro ao qual se comprometeu
R$ 90,00, assumindo o prejuízo. Agora imagine que só tenha R$ 20,00 de saldo, o prejuízo foi de R$ 30,00, terá
que depositar a diferença.

• Posicionamento: é uma estratégia que permite aumentar os investimentos de risco até um


percentual do PL de um fundo, buscando aumentar a rentabilidade. Exemplo: usar uma parte
do saldo com ativos de maior risco de crédito, ou seja, uma debênture de uma empresa com
classificação de risco elevado. Isto aumenta a rentabilidade, mas também pode não receber o
principal no caso de inadimplência do emissor.

• Hedge: são estratégias utilizadas para proteção de um investimento. Por exemplo, se a taxa
de juros tende a subir e a carteira possui muitos títulos prefixados, o gestor pode trocar esses
títulos por outros, pós-fixados, que acompanharão o mercado. Outro exemplo poderia ser um
agricultor que tem uma dívida de custeio agrícola, por segurança, pode vender uma parte da
produção para garantir o preço, com isso ele fez um hedge. Ou seja, protegeu-se de cenários adversos.

5.20 Taxas: de Administração e Outras

As taxas e as despesas do fundo são descontadas diariamente. A rentabilidade divulgada dos fundos já considera
essas deduções, desta forma, é líquida de taxas, porém sempre será bruta de impostos, como veremos adiante.

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5.20.1 Taxa de administração: É a remuneração do administrador. É cobrada pelo gerenciamento do fundo,
expressa ao ano e provisionada diariamente, ou seja, impacta diariamente o valor da cota, e é recolhida
mensalmente. A base de cálculo é o patrimônio líquido diário, por isso, mesmo se houver rentabilidade
negativa, será cobrada, pois o rendimento foi negativo, mas o saldo que é a base de cálculo é positivo. Quanto maior
a taxa de administração, maior o impacto no resultado do fundo.

Exemplo: Um fundo DI tem taxa de administração de 1% ao ano e PL médio em um determinado ano de R$


1.000.000,00, a taxa de administração cobrada no ano foi de R$ 10.000,00 (1%). A rentabilidade do DI, o qual é
benchmark do referido fundo, rendeu 4% no ano, sobre o PL diário, R$ 40.000,00. Considerando que o fundo adquiriu
papéis que renderam 100% do DI, considerando apenas a taxa de administração (R$ 10.000,00 sobre os R$ 40.000,00),
e sem considerar outras despesas do fundo, reduziu 25% da rentabilidade, sobrando 75% do DI para o fundo.

5.20.2 Taxa de performance: Incide sobre a rentabilidade que exceder a meta, que será um benchmark
definido na política de investimentos do fundo. A meta deve ser no mínimo 100% do benchmark, o que é
chamado de linha d’água, pois somente a partir de então é que incide a cobrança. A taxa de performance
tem periodicidade semestral, mas é provisionada ou revertida diariamente. Como é cobrada sobre o que ultrapassar
a meta, quando a ultrapassar, provisiona, e se ficar abaixo da meta é revertida. No fim do semestre é recolhida e o
cálculo inicia novamente. Só pode ser cobrada em fundos ativos, que visam superar seu benchmark.

5.20.3 Taxa de carregamento: incide sobre o valor de cada contribuição, é a importância destinada a atender às
despesas administrativas e de comercialização do plano.

Taxa de entrada: cobrada sobre cada depósito;

Taxa de saída: pode incidir em alguns planos, incide sobre o valor do resgate, descontados os rendimentos.

TAXAS DOS FUNDOS


TAXA
ADMINISTRAÇÃO TAXA PERFORMANCE TAXA DE ENTRADA TAXA DE SAÍDA
Provisão Diária Diária
Recolhimento Mensal Semestral Por evento Por evento
Base de cálculo PL (saldo) O que excede o benchmark Depósitos Capital
Expressa em: Ao ano Percentual Percentual Percentual

5.21 Dinâmica de aplicação e resgate


Ao aplicar em um fundo, o valor deverá ser convertido em quantidade de cotas pelo valor correspondente, assim
como a quantidade de cotas será convertida em reais por ocasião do resgate.

Exemplo: imagine que você vá comprar leite, você tem R$ 100,00 e cada caixa custa R$ 5,00. Você comprará 20 caixas
de leite. Se ao final de 2 meses você for vender suas 20 caixas de leite e elas estiverem com valor de R$ 5,50 você
receberá R$ 110,00. O mesmo acontece em fundos, o investidor compra cotas do fundo pelo valor de cada cota.

O valor da cota para a conversão em quantidade de cotas, ou a operação inversa por ocasião do resgate, respeitará
o prazo de cotização, ou seja, qual a cotação a ser utilizada para realizar a conversão de dinheiro em ativo na
aplicação e de ativo em dinheiro no resgate.

5.21.1 Prazo de cotização: É o prazo a partir da aplicação ou pedido do resgate para conversão do valor
investido em quantidade de cotas ou das cotas em dinheiro.

Na aplicação, o prazo e cotização poderá ser:


a. D+0 (valor da cota do dia da aplicação); ou
b. D+1 (valor da cota do dia seguinte à aplicação).

No resgate, o prazo para a conversão de cotas será de acordo com o regulamento do fundo, não há delimitador na
legislação, ou seja, o valor do resgate apenas será conhecido após a quantidade de dias prevista em regulamento
para a cotização.
Importante lembrar que dentro do prazo de cotização, todas as oscilações, sejam positivas ou negativas, incidem
sobre o valor da cota.

Outro aspecto a considerar é se o valor da cota será o da cota de abertura ou de fechamento:

70
Cota de Abertura: Calculada no início do dia (considerando o Patrimônio Líquido do dia anterior + CDI de um dia).
Usado em fundos conservadores de Renda Fixa.

Cota de fechamento: Apurado no encerramento do dia, reflete mais fielmente o Patrimônio Líquido do fundo.
Obrigatório para fundos de ações, cambial, multimercado, FIEX (Fundos com maior risco e oscilações).

Exemplo: no exemplo acima, da compra do leite, o armazém diz que você poderá comprar o produto, mas que a
cotação da caixa será o valor do final do dia seguinte, equivale a dizer: D1 cota de fechamento. Se no final do dia
seguinte, a caixa de leite estiver R$ 5,56, você só conseguirá 18 caixas de leite (no dia da ordem de compra custava
5,00, e dava 20 litros). Se o valor da cota tivesse caído, a lógica seria a mesma, poderia comprar mais litros de leite.

Agora digamos que você vai revender este leite, transformando o produto em dinheiro novamente. Aí pede o
“resgate”, e vamos considerar que o “regulamento do exemplo”, prevê a cotização no resgate de D5 cota de
fechamento. Você só saberá o valor do resgate no final do quinto dia. O regulamento também deve deixar claro se
são dias úteis ou corridos.

5.21.2 Prazo de liquidação financeira -É o tempo que demora para o dinheiro (do resgate) ser creditado
na conta do investidor. O mais comum é o pagamento das cotas em D0 (mesmo dia do pedido) ou D+1
(dia seguinte à conversão das cotas). Entretanto, A CVM admite que o prazo de pagamento do resgate
seja processado em até 5 dias úteis, ou seja, após converter as cotas tem até 5 dias para pagar ao
investidor (lembrando deve constar no regulamento).

5.22 Características dos Fundos


5.22.1 Prazo de carência para resgate: um fundo pode ter liquidez diária, onde pode ser resgatado a qualquer tempo,
com direito aos rendimentos, ou pode ter prazo de carência, que é um período contratado para que, se houver
resgates, o cotista não fará jus aos rendimentos do período. Após o vencimento da carência, o fundo terá liquidez
diária, com direito aos rendimentos desde a aplicação.

5.22.2 Fechamento dos fundos para resgates e aplicações: o administrador de um fundo pode, para proteger seus
interesses ou de seus cotistas, fechar o fundo para novas aplicações ou resgates.
• O fundo fecha para novas aplicações: quando por exemplo, o aumento do patrimônio inviabiliza alguma
estratégia de gestão, quando houver previsão de liquidação do fundo ou quando não houver mais interesse na
captação de novos investimentos. Também pode ocorrer em fundos fechados que possuem um período
estipulado para aquisição de cotas.

• O fundo fecha para resgates: é uma possibilidade que deve estar prevista no regulamento, para casos de extrema
instabilidade do mercado e calamidades. Outra possibilidade é a previsão no regulamento de fundos fechados,
onde o cotista poderá vender suas cotas no mercado secundário.

5.23 Chinese Wall ou barreira de informação – É a exigência de segregação entre os recursos da instituição e os
recursos de terceiros. O objetivo é evitar conflito de interesse, através da segregação financeira e
administrativa entre a tesouraria do banco e o patrimônio líquido de cada fundo de investimento. Com
isso, o dinheiro dos cotistas não se mistura com os recursos captados pela Instituição Financeira e é
destinado exclusivamente ao objetivo do fundo.

Por exemplo, o dinheiro que uma Instituição Financeira capta em CDB, que veremos no capítulo 6, ou RDC na
Cooperativa, pode ser emprestado a outros clientes/associados, onde a Instituição Financeira ganha um spread
(ganho financeiro entre custo de captação de recursos e rendimento no empréstimo do mesmo). Já o dinheiro
captado para um fundo de investimento deverá comprar papéis de acordo com a política de investimento. Já
imaginou se os valores ficassem misturados, como faria para verificar qual rentabilidade é de que fonte, se é da
instituição ou do fundo? Por isso a barreira de informação é obrigatória, para segregar e evitar conflitos.

5.24 Limites de alocação por emissor e por tipo de ativo: é uma forma de reduzir o risco de concentração por mercado
e por emissor.

5.24.1 Limite de alocação por emissor: A concentração de ativos em um mesmo emissor aumenta o risco da carteira,
pois se houver inadimplência (se o emissor falir) haverá perdas para o fundo. Para administrar este risco, há um limite
máximo de ativos por emissor, de acordo com a sua característica:

71
a. União Federal: máximo de 100% do PL do fundo pode estar aplicado em títulos públicos, porque a União é
considerada zero risco de crédito. Quando um país não paga suas dívidas, entra em moratória, o país todo
sofre, pois ficando inadimplente dá calote a todos os detentores de seus papéis, como por exemplo
investidores individuais, fundos de investimento ou bancos, que compram estes títulos para rentabilizar suas
carteiras.

b. Instituições financeiras: máximo de 20% do PL pode ser aplicado em títulos de emissão de instituições
financeiras, inclusive do próprio administrador, gestor ou empresas a ele coligadas, como por exemplo CDB,
LCA, LCI.
c. Instituições não financeiras de capital aberto: o fundo pode comprar até 10% do PL do fundo em papéis de
emissão de empresas não financeiras de capital aberto, como por exemplo debêntures e notas promissórias.

d. Instituições não financeiras de capital fechado ou pessoa física: um fundo pode investir até 5% do PL em um
emissor que seja PJ de capital fechado ou pessoa física. Por exemplo, os fundos compram no mercado
secundário CPR Cédula de Produtor Rural, CCB Cédula de Créditos Bancários de PJ ou PF e outros papéis,
possibilitando aos mesmos aumentarem sua rentabilidade.

Quadro limites de concentração por Emissor:

Emissor % Máximo do PL
União Federal (Tesouro Nacional) 100%
Ações de uma única empresa 100%
Instituições Financeiras (inclusive o próprio 20%
administrador) - LCA, LCI, CDB
Instituições não financeiras de capital aberto – 10%
debêntures, notas promissórias
Instituições não financeiras de capital fechado 5%
e pessoa física – CCB, CCI, CPR
*Elaboração da autora

5.24.2 Limites por modalidade de ativos: Além da concentração de ativos por emissor, há a limitação por tipo de
ativos. Praticamente não há limitações, por exemplo, um fundo pode comprar todo o PL em ações, ou em títulos
públicos ou privados.

As limitações são apenas em:

a. Cotas de fundos, se o fundo não for um FIC. Lembre-se que um FIC deve comprar no mínimo 95% de cotas de
um ou vários FIs, é sua essência. Se um fundo não é um FIC Fundo de Investimento em Cotas (é FI Fundo de
Investimento), poderá adquirir apenas 20% de cotas de outros FI. Incluem-se na limitação todos os demais
fundos, como Fundos de índices, Fundos de Direitos Creditórios e outros fundos estruturados.

b. Certificados de Recebíveis Imobiliários, que são certificados emitidos por empresas securitizadoras,
lastreadas em crédito imobiliário.

Nos demais mercados, não há limitação por modalidade de ativo, ou tipo de papel.

Quadro limites por modalidades de ativos:

Tipo de ativo % Máximo do PL


Cotas de FI ou CRI. 20%
Títulos públicos Ilimitado
Ouro Ilimitado
Títulos emitidos por Instituição financeira Ilimitado
Títulos emitidos por Instituição não financeira Ilimitado
Derivativos Ilimitado
*elaboração da autora.

Exemplo: um fundo pode comprar até 100% de seu PL em CDBs, porém não pode ultrapassar o limite de 20% de cada
banco emissor (deve comprar CDB de diversos bancos).

5.24.3 Limite de exposição em ativos no exterior:


Os fundos de investimento podem comprar ativos no Brasil ou no exterior; no entanto, quanto a ativos internacionais,
possuem algumas limitações de percentuais:

72
Fundos de investimento no exterior ou FIEX Fundos de Investimento da Dívida Externa: podem investir até 100% de
seu patrimônio líquido em ativos no exterior.

Demais fundos: podem adquirir até 20% de seu PL em ativos no exterior, desde que previsto em regulamento e os
mesmos sejam negociados em bolsa.

Investidor qualificado: o limite para fundos destinados exclusivamente a investidores qualificados é de 40% do PL.

Quadro limites de exposição em ativos no exterior


Tipo de ativo % Máximo do PL
Fundos de Investimento no exterior e FIEX 100%
Fundos em geral 20%
Fundos para investidor qualificado 40%
*elaboração da autora

5.24.4 Fundo de Crédito Privado


Além das regras de concentração por modalidade e emissor, a CVM também definiu um aviso
adicional para os fundos de Investimento (com exceção dos fundos de ações) que tenham mais de
50% de seus ativos em risco de crédito privado, ou seja, que não sejam de emissão da União Federal.

O fundo de investimento classificado como Curto Prazo, Referenciado, Renda Fixa, Cambial e
Multimercado, que realizar aplicações em quaisquer ativos ou modalidades operacionais de
responsabilidade de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que, em seu conjunto, exceda o percentual de 50%
de seu patrimônio líquido, deverá observar as seguintes regras, cumulativamente àquelas previstas para sua classe:
I. Na denominação do fundo deverá constar a expressão “Crédito Privado”;

II. O regulamento, o formulário de informações complementares e o material de venda do fundo deverão


conter, com destaque, alerta de que o fundo está sujeito a risco de perda substancial de seu patrimônio
líquido; e

III. O ingresso no fundo será condicionado à assinatura de termo de ciência dos riscos inerentes à composição
da carteira do fundo sendo proibida a utilização de sistema eletrônico para esse fim.

5.25 Classificação de Fundos

5.25.1 Classificação CVM

Em 01/10/2015 entrou em vigor a Instrução CVM nº 555, que dispõe sobre a constituição, a administração, o
funcionamento e a divulgação de informações dos fundos de investimento, com as alterações inseridas pelas
Instruções CVM nº 563 e 564. A Instrução normativa classifica os fundos, com o objetivo de facilitar o entendimento
dos mercados, riscos e estratégias e auxiliar a escolha do investidor.

Os Fundos de investimentos são classificados em:

1. Renda Fixa - Fundos que buscam retorno por meio de investimentos em ativos de renda fixa, no
mínimo 80% dos papéis da carteira devem estar atrelados à taxa de juros (pré ou pós-fixada) ou índice
de preços (IPCA, IGP-M, etc.).

2. Fundo de ações - Fundos que possuem, no mínimo, 67% de sua carteira em ações negociadas em
bolsa de valores, bônus ou recibos de subscrição e certificados de depósito de ações.

3. Fundos cambiais- A classificação agrega os fundos que aplicam pelo menos 80% da carteira em
ativos - de qualquer risco de crédito - relacionados diretamente ou sintetizados, via derivativos, à moeda
estrangeira. Seu risco está relacionado tanto à variação da moeda quanto ao cupom cambial, que é a taxa
de juros agregada dos títulos. Exemplo: na carteira de um fundo cambial há títulos que pagam variação
cambial + 2% ao ano. O risco está na variação cambial e também na marcação a mercado da taxa
prefixada que compõe o rendimento.

73
4. Fundos Multimercados - Fundos com políticas de investimento que envolvam vários fatores de risco,
sem o compromisso de concentração em nenhum fator em especial (“muitos mercados”). Possuem
flexibilidade de gestão para escolher o melhor momento de alocar os ativos.

5.25.2 Subclassificação CVM

A CVM também traz algumas subclassificações:

Características das Características de Risco da


Classe Subclassificação:
classes: gestão e risco: Subclassificação:

Prazo médio dos 100% baixo risco de


títulos: 60 dias, o crédito, mercado e
Curto Prazo mais longo não liquidez. Derivativos
pode ultrapassar apenas para hedge.
375 dias.

No mínimo 95% do 80% baixo risco de


PL atrelado ao crédito, mercado e
Referenciado
indicador de liquidez.
referência.

No mínimo 95%
em títulos públicos
ou privados de 95% baixo risco de
baixo risco. Não crédito, mercado e
Simples
precisa termo liquidez.
de adesão nem
API.
Mínimo 80% em taxa
Renda
de juros ou índice de
fixa
preços.
Visa superar o seu
indicador de
referência, seus
O regulamento
ativos podem ter
Ativo definirá o
duração baixa,
percentual de risco.
média, longa ou
livre.

Mínimo de 80% em
títulos da dívida Risco cambial e
Dívida externa
externa do Brasil. risco do país.

Maior risco de
Mais de 50% dos
crédito. Risco de
Crédito Privado ativos em crédito
mercado e liquidez.
privado.

Ações de riscos
diversos de acordo
Mercado de Risco de mercado e
com sua política
acesso liquidez.
de investimentos.

Mínimo 67% em Visa acompanhar


Ações
ações e similares. um benchmark de Risco de mercado é
Indexado
renda variável. menor.

Estratégias
Risco de mercado e
Ativos variadas para
liquidez.
superar seu

74
benchmark, como
por exemplo ações
boas pagadoras de
dividendos,
setoriais,
pequenas
empresas, etc.

Mínimo 80% em
Risco cambial e do
Mínimo 80% em moeda
Cambial Cambial cupom/taxa de
moeda estrangeira. estrangeira.
juros.

Objetivo de
maiores ganhos de
Risco moderado a
Multimer- Sem concentração, acordo com os
Ativos alto de crédito,
cado diversos mercados. riscos e
mercado e liquidez.
estratégias.

Investem no
mínimo 40% do PL Risco de crédito,
Todas as Investimentos no em ativos no mercado e liquidez.
classes exterior exterior. Risco de câmbio.

O Fundo Renda Fixa Simples tem algumas peculiaridades. É vedado:


I – A cobrança de taxa de performance.
II – A realização de investimentos no exterior.
III – A concentração em créditos privados.
IV – A transformação do fundo em fundo fechado.
V – Qualquer transformação ou mudança de classificação do fundo.

O Fundo simples é dispensado da assinatura do termo de adesão e do preenchimento do API. (art. 113 da IN 555
CVM).

5.25.3 Classificação Anbima (autorregulação)


A Anbima, através do Código de Autorregulação,
classifica os fundos em 3 níveis:

Primeiro nível - No primeiro nível, os fundos estão


agrupados por classe de ativos. É a mesma
classificação da CVM (regulação CVM).

*fonte: Cartilha Anbima Nova Classificação de


fundos, 2015.

Segundo nível - Nesse nível (autorregulação Anbima), os fundos das classes acima se subdividem conforme o tipo de
gestão e riscos, e podem ser resumidos em:
1. Fundos indexados (passivos).
2. Fundos ativos.
3. Fundos de investimento no exterior.

Terceiro nível - Esse nível de autorregulação traz as estratégias que cada fundo poderá utilizar. Enquadram-se aqui,
por exemplo, os fundos soberanos (estratégia de investir apenas em títulos públicos), os fundos dinâmicos (utilizam
estratégias mais arrojadas) e os setoriais (que investem em ativos de um setor específico), entre outros.

75
5.25.4 Outros Fundos
5.25.4.1 Fundo de Crédito Imobiliário (FII)
Fundo fechado que capta recursos para o desenvolvimento de empreendimentos imobiliários ou
imóveis prontos. Não tem personalidade jurídica própria. A Instituição Financeira que o administra fica
como proprietária fiduciária dos bens integrantes de seu patrimônio, mas que não se comunicam com
os seus próprios.

De acordo com a Lei 8.668/93, os Fundos de Investimento Imobiliário serão geridos por instituição administradora
autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários, que deverá ser, exclusivamente, banco múltiplo com carteira de
investimento ou com carteira de crédito imobiliário, banco de investimento, sociedade de crédito imobiliário,
sociedade corretora ou sociedade distribuidora de títulos e valores mobiliários, ou outras entidades legalmente
equiparadas. O patrimônio do Fundo será constituído pelos bens e direitos adquiridos pela instituição
administradora, em caráter fiduciário.

Tributação diferenciada:
O IR segue duas regras:
a. 20% sobre ganhos na venda de cotas.
b. Isento de IR sobre rendimentos periódicos (dividendos, aluguéis) para pessoa física se:
• Tiver no mínimo 50 cotistas;
• As cotas forem negociadas em Bolsa ou Balcão Organizado;
• Somente para os investidores Pessoas Físicas que possuírem menos de 10% do PL.

5.25.4.2 FIDC-Direitos Creditórios (fundo de recebíveis)


Fundos abertos ou fechados destinados a investidores qualificados. Deve investir no mínimo de 50% do
PL em direitos creditórios.

Os direitos creditórios vêm dos créditos que uma empresa tem a receber, como duplicatas, cheques,
contratos de aluguel e outros. Os créditos originados de operações realizadas nos segmentos financeiro, comercial,
industrial, imobiliário, de hipotecas, de arrendamento mercantil e de prestação de serviços podem ser
transformados em cotas de FIDC.

Este fundo tem duas modalidades de cotas:


a. Cotas seniores: possuem prioridade no recebimento. Todas com os mesmos direitos.
b. Cotas subordinadas: são diversas subclasses, com prioridade de recebimento entre elas.

5.25.4.3 FIP -Fundo de Investimento em Participações


Adquire ações, debêntures ou outros títulos de emissão das companhias. Destinado a investidores
qualificados.

É vedado ao administrador: aplicar recursos no exterior, adquirir imóveis e comprar ações de sua própria
emissão.

É um fundo fechado que participa do processo decisório das empresas mediante indicação de conselheiro ou
adquirindo ações ordinárias.

A participação do fundo no processo decisório da companhia investida pode ocorrer:

1. Pela detenção de ações que integrem o respectivo bloco de controle;

2. Pela celebração de acordo de acionistas;

3. Pela celebração de ajuste de natureza diversa ou adoção de procedimento que assegure ao fundo efetiva
influência na definição de sua política estratégica e na sua gestão.

5.25.4.4 ETF ou Fundo de Investimento em Índice de Mercado (Fundos de índice)


O fundo de índices (ou Exchange Traded Funds - ETFs) é um fundo de investimento que pode ser
comprado ou vendido em bolsa ou no mercado de balcão organizado na B3, como se fosse uma ação.
Cada cota de ETF reflete a performance de um determinado índice de referência de um setor da
economia.

76
Quem aplica em um ETF passa a deter uma parcela de todas as ações que compõem o índice de referência, sem ter
que comprar separadamente os papéis de cada empresa. Como o investimento é diversificado, não está
direcionado para uma única empresa, diluindo o risco de concentração.

5.25.4.5 Fundos Restritos: Fundos constituídos para receber aplicações de um grupo determinado de investidores,
que tenham entre si vínculo familiar, societário ou pertençam a um mesmo grupo econômico ou condição.
Exemplo: Fundos para operadoras de planos de saúde.

5.25.4.6 Fundos exclusivos: destinados a um único investidor, que deverá ser investidor profissional. Dispensa a
lâmina, termo de adesão e marcação a mercado.

5.26 Tributação

5.26.1 IOF – Imposto sobre operações financeiras

O IOF é um imposto federal que incide sobre transações financeiras.


O Fundo de ações não tem IOF.
Nos demais fundos, se houver resgate em até 29 dias, haverá IOF de
acordo com uma tabela decrescente, em um percentual sobre
rendimentos, reduzindo a unidade na sequência 6-3-0, iniciando de 96%
e chegando a 0% em 30 dias.

Obs.: O DECRETO Nº 6.306/2007, art. 31 e 32, cita as alíquotas de IOF


sendo 1% limitado à tabela e fundos com carência 0,50% ao dia
limitado ao rendimento.

5.26.2 IR - Imposto de renda em fundos abertos


a. Fundo de Ações:
Os fundos que possuem em sua carteira mais de 67% do PL em ações serão tributados apenas no resgate, não há o
recolhimento semestral (come-cotas). A alíquota será sempre de 15%, e independe do prazo do investimento. É retido
pelo administrador do fundo por ocasião do resgate.

b. Fundos Curto Prazo e Longo Prazo


Tributação semestral: Os fundos de investimentos são tributados na fonte no último dia útil de maio e novembro, ou
resgate, o que ocorrer primeiro, pela menor alíquota possível em sua classificação. Para os pagamentos semestrais
de impostos à Receita federal, haverá resgate de cotas, o que é chamado de come-cotas. Esse imposto é recolhido a
título de antecipação, e será compensado do IR devido por ocasião do resgate.
Os fundos são classificados em curto prazo e longo prazo, de acordo com o prazo médio dos ativos que compõem a
carteira.

Fundo curto prazo: o prazo médio da carteira deve ser igual ou inferior a 365 dias. No recolhimento semestral, a
alíquota será de 20%
sobre o rendimento do período.
IR FUNDOS
Fundo longo prazo: o prazo médio da carteira deve ser Inversamente
maior do que 365 dias. No recolhimento semestral, a PRAZO ALIQUOTA proporcional
alíquota será de 15% sobre o rendimento do período.
Curto Prazo 20% Curto = Maior
Obs.: São dois tipos de fundo curto prazo: os fundos Longo Prazo 15% Longo = Menor
classificados na CVM como curto prazo possuem prazo
médio de 60 dias e estão relacionados ao risco da carteira. Os fundos classificados na receita federal como curto
prazo devem ter prazo médio igual ou inferior a 365 dias e estão relacionados ao pagamento de imposto de renda.

Tributação no resgate: Por ocasião do resgate, o IR será calculado desde o início da aplicação até o dia do saque,
considerando o prazo de permanência do recurso. No entanto, os valores recolhidos no come-cotas, a título de
antecipação, deverão ser descontados do imposto devido.

O Fundo curto prazo possui 2 faixas de percentuais de imposto de renda sobre o rendimento, enquanto que o fundo
longo prazo possui 4 faixas de percentuais (idênticas à tabela de IR de renda fixa).

77
FUNDOS DE CURTO PRAZO FUNDO DE LONGO PRAZO
(Prazo médio igual ou inferior a 365 dias) (Prazo médio superior a 365 dias)

Prazo de permanência Alíquota Prazo de permanência Alíquota

Até 180 dias


22,5% Até 180 dias 22,5%

A partir de 181 dias


20,0% De 181 a 360 dias 20,0%

De 361 a 720 dias


17,5%

A partir de 721 dias


15,0%

Come-cotas: 20% Come-cotas: 15%

Se o valor devido no resgate, calculado pela alíquota do tempo de permanência, for maior do que o valor retido em
virtude da alíquota do come-cotas semestral, o investidor paga a diferença, que será retida na fonte pelo
administrador.

Exemplo 1: Um fundo curto prazo retém semestralmente 20% do rendimento a título de IR. Caso o investidor resgate
em 150 dias, a alíquota devida será 22,50%. Calcula-se o imposto devido desde o início da aplicação e então desconta-
se os 20% já retidos semestralmente, pagando a diferença.

Exemplo 2: Um investidor aplica em um fundo longo prazo, e resgata


Alíquota come-cotas: considera o prazo
3 anos após, no dia 15 de julho. Qual a tributação devida? Lembre-se médio da carteira.
que no último dia útil de maio e novembro há a retenção do IR na
fonte, através do come-cotas, na menor alíquota possível. No caso do Alíquota de resgate: considera o prazo de
fundo longo prazo, foi retido 15%. Como o investimento ficou permanência da aplicação.
aplicado 3 anos, o investidor não tem diferença a pagar pelo período
retido, no entanto, ainda precisa pagar o IR da última retenção (último dia útil de maio) até a data do resgate (15 de
julho).

5.26.3 Imposto de renda em fundos fechados

Imposto de Renda Fundos Fechados

Negociação das cotas dentro ou


Resgate no término do prazo de duração
Fato gerador fora da Bolsa antes do
ou liquidação do fundo.
vencimento

15% (se fundo ≥ 67% ações)


Alíquota 15%
22,5% a 15% (se fundo ≤ 67% ações)

O contribuinte até o último dia


Quem recolhe O Administrador útil do mês subsequente

O rendimento será constituído pela diferença positiva entre o valor de


Base de cálculo resgate (ou venda) e o custo de aquisição.

5.26.4 Compensação de perdas: As perdas apuradas no resgate de quotas de fundos de investimento poderão ser
compensadas com rendimentos auferidos em resgates ou incidências posteriores:

78
1. No mesmo ou em outro fundo de investimento;
2. Desde que administrado pela mesma pessoa jurídica (há um entendimento da Receita Federal que
é possível compensar produtos de diferentes administradores comercializados em uma única
intermediadora ou corretora);
3. Desde que sujeitos à mesma classificação tributária:
i. Fundos de curto prazo compensam com fundos de curto prazo;
ii. Fundos de longo prazo compensam com fundos de longo prazo;
iii. Fundos de Ações compensam com fundos de ações.

A instituição administradora deve manter sistema de Quando houver resgate total de cotas com perda, o
controle e registro em meio magnético que permita a valor dessa perda deve permanecer registrado e
identificação, em relação a cada quotista, dos valores passível de compensação até o final do ano-
compensáveis. calendário seguinte ao do resgate.

E se um fundo teve retenção semestral de come-cotas, e quando for resgatar, o saldo estiver menor que o capital
investido? O investidor poderá compensar a perda em ganhos futuros.

5.27 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros
Este Código tem por objetivo estabelecer princípios e regras para a Administração de Recursos de
Terceiros visando promover, principalmente:
I. A manutenção dos mais elevados padrões éticos e a consagração da institucionalização de práticas
equitativas no mercado financeiro e de capitais;
II. A concorrência leal;
III. A padronização de seus procedimentos;
IV. A maior qualidade e disponibilidade de informações, especialmente por meio do envio de dados
pelas Instituições Participantes à ANBIMA; e
V. A elevação dos padrões fiduciários e a promoção das melhores práticas de mercado.

Objetivo: O Código se destina às instituições que desempenham o exercício profissional de Administração


Fiduciária, Gestão de Recursos de Terceiros e Gestão de Patrimônio Financeiro de Fundos de Investimento.

O Código não se sobrepõe à Regulação vigente, ainda que venham a ser editadas normas posteriores (em caso de
divergência vale a legislação).

Princípios gerais: as Instituições e seus profissionais devem cumprir todas as suas obrigações com ética e
diligência, com idoneidade moral e profissional, mantendo a confiança e o bom funcionamento do sistema.
Se a instituição participante ou aderente tiver inexistência de regras e procedimentos ou a sua não
implementação, ou implementação inadequada estará em descumprimento do código.

Controles internos: controles efetivos e consistentes, acessíveis a todos os seus profissionais, evitando
conflitos de interesses, com vistas ao gerenciamento do risco.

Estrutura de compliance: adequada ao porte de cada instituição, com qualificação técnica e experiência e
autonomia e autoridade para questionar os riscos.

Segregação de atividades: para evitar conflitos de interesses, deve manter segregação de


responsabilidades, com pessoas diferentes exercendo cada papel.

Segurança e sigilo de informações: controle de informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas,


testes periódicos de segurança e treinamento para o tratamento de informações confidenciais.

Administração Fiduciária: é o conjunto de serviços relacionados ao funcionamento e à manutenção dos


Fundos de Investimento.

a) Obrigações gerais do administrador fiduciário: elaboração de documentos, supervisão das regras,


limites de operação e da prestação de serviços de terceiros e gestão do risco de liquidez.

b) Gestão de recursos de terceiros: deve ser exercida por profissional habilitado (ter CGA – Certificação de
gestor Anbima) e autorizado pela CVM.

79
c) Obrigações Gerais do Gestor de Recursos de Terceiros: o gestor é responsável pelas decisões de investimento,
manutenção e desinvestimento de acordo com a política de investimento de cada fundo.

Selo ANBIMA: demonstra o compromisso das Instituições Participantes em atender às disposições do


Código de administração de recursos de terceiros. A Anbima não se responsabiliza pelas informações ou
qualidade da prestação de serviços.

Fundos de Investimento 555: Os fundos devem ser classificados de acordo com a Instrução Normativa n. 555, nos três
níveis, de acordo com a classe, tipo de gestão e estratégia. Para o registro na Anbima e autorização de
funcionamento da CVM, o administrador deverá apresentar:
I. Formulário de Informações Complementares (“Formulário”);
II. Regulamento do Fundo 555; e
III. Comprovante de pagamento da taxa de registro.

Publicidade dos Fundos: materiais adequados, minimizando incompreensões e privilegiando informações


necessárias para a tomada de decisão de investidores;

Material Publicitário: deve incluir, em destaque, link ou caminho direcionando os investidores ou potenciais
investidores ao material técnico sobre o Fundo.

Material Técnico: o material técnico do fundo deve possuir: I. Descrição do objetivo e/ou estratégia; II.
Público-alvo, quando destinado a investidores específicos; III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Tributação aplicável; e V. Informações sobre os canais de atendimento.

Histórico da Rentabilidade: a rentabilidade deve ser divulgada com as seguintes informações: mês atual,
mês anterior, ano atual, 12 meses e anos anteriores. Também deve ser divulgado o benchmark do fundo.

Avisos Obrigatórios: Caso o fundo faça referência a histórico de rentabilidade e tenha outras taxas, deverá
avisar o investidor:
I. Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros;
II. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos;
III. O investimento em Fundo não é garantido pelo FGC;
IV. Não é líquida das taxas de entrada e saída;
V. Riscos do Fundo;
VI. As informações do material técnico são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser
significativamente diferentes.
VII. Datas de alterações na classificação do fundo;
VIII. Leia o formulário de informações complementares, a lâmina de informações essenciais, se houver, e o
regulamento antes de investir.

Apreçamento dos Ativos ou Marcação a Mercado: consiste em precificar os ativos dos Fundos de
Investimento, pelos respectivos preços negociados no mercado (marcação a mercado). O Apreçamento tem
como principal objetivo evitar a transferência de riquezas entre os investidores dos Fundos e dar
transparência aos riscos.

80
PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR
ABERTA

Este capítulo representa de 5% a 10% da prova – 3 a 6 questões.

Objetivo: Conhecer noções básicas sobre Previdência Privada em complementação à


previdência oficial, e o processo de avaliação dos planos de acordo com as necessidades e
objetivos dos contribuintes.

81
6.1 Conceitos
6.1.1. Previdência Social x Previdência Privada: Avaliação da Necessidade do Cliente

O cidadão, ao longo de sua vida, objetiva construir um futuro com segurança financeira, para após um período de
trabalho viver de renda ou então de benefícios conquistados ao longo do tempo. Para isso, ele pode participar de um
ou mais regimes previdenciários, de acordo com sua opção. São eles:

a. Previdência oficial, que abrange dois grandes grupos:


a. RPPS Regimes Próprios de Previdência Social, destinado a servidores públicos
municipais, estaduais ou da União, segregados por ente administrativo, onde a
Instituição pode optar em destinar os recolhimentos próprios e de seus participantes
para um regime próprio, com gestão específica, para que os servidores vinculados
possam usufruir das coberturas de forma segregada dos demais;

b. RGPS Regime Geral de Previdência Social, destinado ao público em geral, administrada pelo Instituto
Nacional do Seguro Social INSS, tem o objetivo de proporcionar meios de subsistência aos
trabalhadores e suas famílias após determinada idade ou tempo de contribuição, ou em caso de
morte ou invalidez. A partir dos 16 anos é possível contribuir para o INSS, para proteção
previdenciária.

Fontes de recursos do RGPS: recolhimentos do empregado e empregador ao Regime Geral de


Previdência Social (RGPS) e demais contribuintes (autônomos, estudantes, pessoas do lar, etc.),
Cofins, Contribuição Social sobre o lucro líquido das empresas - CSLL, percentual de loterias, apostas
e outros valores.

b. Previdência privada complementar, que se subdivide em:


a. Previdência complementar aberta: qualquer investidor pode adquirir um produto de
previdência, onde as mais utilizadas são o PGBL e VGBL, objeto do estudo desse capítulo.
As operadoras, que emitem as apólices de previdência, são as EAPC - Entidades Abertas
de Previdência Complementar, supervisionadas pela SUSEP.

b. Previdência complementar fechada, destinado a funcionários de uma mesma empresa ou associados


de uma organização. São administradas pelas EFPC - Entidades fechadas de Previdência
complementar, supervisionadas pela PREVIC. Na CPA10, o conteúdo aborda apenas a previdência
complementar aberta.

Todos os trabalhadores que fazem parte do sistema formal de empregos no país contribuem para o INSS. Os
profissionais liberais, estudantes, donas de casa e outros também podem contribuir, para que possam ter os
benefícios. No caso de empregados pelo regime de CLT, o recolhimento é obrigatório e realizado pelo empregador,
que retém uma parte do empregado e a complementa.

O valor do benefício pago pelo INSS é limitado. Como referência, no ano de 2020 o valor máximo que um contribuinte
pode receber é de R$ 6.101,06. Só que a formula de cálculo pelo fator previdenciário dificulta receber o teto máximo,
e as regras mudam constantemente. Deve-se então perguntar ao investidor se esse recurso é suficiente para arcar
com os custos da sua aposentadoria.

O sistema previdenciário brasileiro adota o regime de caixa ou repartição simples, ou seja, os ativos contribuem para
pagar os inativos. Os cálculos possuem uma fórmula complexa e com alterações periódicas, o que aumenta a
necessidade de ter outras formas de renda para o período da aposentadoria.

Só poderá utilizar o PGBL como benefício fiscal (dedução) na declaração de IR o indivíduo que também
contribui para os regimes oficiais de previdência social (RGPS/INSS ou RPPS).

Pelo modelo de cálculo do benefício no Brasil e o aumento da longevidade, aliados à redução da taxa de natalidade
do país, a previdência social nem sempre atende as necessidades dos cidadãos, principalmente da parcela que se
apresenta com renda acima de um salário mínimo. Com isso, faz-se necessário planejar e executar alternativas
complementares de renda.

6.1.2 Motivos que impactam na necessidade de ter um plano de previdência:


• Provável renda menor por ocasião da aposentadoria, em virtude da metodologia de cálculo e teto.
• Não existência ou insuficiência de outros rendimentos, como aluguéis, royalties, lucros de empresas.
• Gastos adicionais com saúde, viagens e outros.

82
6.1.3 Previdência Privada e FIE
Os recursos captados em produtos de previdência privada são aplicados em um Fundo de Investimento
Especialmente Constituído (FIE), que são fundos exclusivos onde o cotista é a Entidade Aberta de Previdência
Complementar ou Seguradora.

Apesar da regulação e mecanismos de segurança e reservas técnicas exigidas pelos órgãos de supervisão, o investidor
deve avaliar o risco da seguradora, pois apesar de que cada FIE tenha um CNPJ próprio, é um fundo exclusivo onde
a seguradora é a investidora, ou seja, os ativos do fundo são de sua propriedade. Por outro lado, quando o investidor
transforma as reservas em renda, o risco da seguradora aumenta, pois ela assume a responsabilidade pelo
pagamento do recurso e sua solidez se torna mais importante ainda.

Investidor Seguradora FIE

6.2 Idade de início de contribuição e idade de aposentadoria


6.2.1 Idade de início de contribuição: Não há uma idade limite para o início das contribuições, os produtos de
previdência são utilizados para juntar recursos, inclusive para crianças recém-nascidas. Caso o menor, titular de uma
previdência privada, seja dependente na declaração de IR, os recursos aportados em PGBL em seu nome poderão ser
deduzidos da base de cálculo do declarante.

6.2.2 Idade de aposentadoria: o contribuinte fará a opção para o início do recebimento do benefício, de acordo com
seus objetivos e montante acumulado, não há uma idade mínima ou limite.

6.2.3 Valor das contribuições e o valor do benefício: o investidor define os valores das contribuições, pois está
constituindo uma reserva. Quando for utilizar o benefício, a seguradora irá compor o valor do benefício, de acordo
com o montante, tábua atuarial (expectativa de vida) e garantias contratadas.

6.3 Principais produtos de previdência complementar aberta:


6.3.1 PGBL - Plano Gerador de Benefício Livre. É a modalidade ideal para quem declara o Imposto de Renda
pelo formulário completo, pois as contribuições ou aportes do ano poderão ser abatidos da base de
cálculo da declaração anual de IR, até o limite máximo de 12% da renda bruta anual tributável, desde
que o participante também seja contribuinte da previdência social (INSS). Quando houver o resgate do
recurso, será tributado o valor total do resgate (capital + rendimentos).

Exemplo de vantagem do PGBL em uma declaração pelo formulário completo de IR:

Item Sem PGBL Com PGBL


Renda Bruta anual R$100.000,00 R$100.000,00
INSS R$8.556,96 R$8.556,96
Dependentes (2) R$4.550,16 R$4.550,16
Despesas médicas R$7.300,00 R$7.300,00
Educação (2) R$7.123,00 R$7.123,00
Previdência privada R$0,00 R$12.000,00
Total deduções de despesas R$27.530,12 R$39.530,12
Base de cálculo para o IR R$72.469,88 R$60.469,88
IR (27,5%) R$19.929,22 R$16.629,22
Valor a deduzir* R$10.432,32 R$10.432,32
IR final: R$9.496,90 R$6.196,90
VANTAGEM DO PGBL: - R$3.300,00

*elaborado pela autora

*Curiosidade: O valor a deduzir significa que a renda é “fatiada”. Até um limite de renda, a alíquota é zero e nas fatias
seguintes a alíquota aumenta a cada faixa. Como o cálculo “fatiado” dá muito trabalho, a forma mais prática é
calcular a alíquota da última faixa sobre toda a renda e depois deduzir o valor constante na tabela, o resultado é o
mesmo.

83
Então, como exemplo, vamos “fatiar” a renda da tabela acima (renda sem PGBL) para validar o cálculo:

Faixas de renda (teto/saldo da faixa menos início da


Base de cálculo Alíquota IR
faixa):
22.847,76 – 0,00 22.847,76 0% 0,00
33.919,80 – 22.847,77 11.072,03 7,50% 830,40
45.012,60 – 33.919,80 11.092,79 15,00% 1.663,90
55.976,16 – 45.012,60 10.963,55 22,50% 2.466,80
72.469,99 – 55.976,16 16.493,83 27,50% 4.535,80
SOMA IR TOTAL R$ 9.496,90
*elaborado pela autora

Percebeu? Calcular sobre cada faixa de renda ou usar a alíquota do valor total sobre o montante, diminuindo o valor
correspondente à parcela a deduzir traz o mesmo resultado!
Os dados da tabela acima foram extraídos da tabela de IR para 2021:

Fonte: www.impostoderenda2021.com.br

Curiosidade sobre declaração completa e declaração simplificada: O modelo de declaração completa é vantajoso
quando o indivíduo possui deduções legais (despesas médicas, dependentes, educação, etc.) maiores do que o
desconto da declaração simplificada. A declaração simplificada pressupõe uma dedução sem comprovação de 20%
da renda bruta, limitando a um valor (como referência, R$ 16.754,34 em 2020) que pode ser atualizado anualmente.
Se as despesas dedutíveis forem menores do que os 20% da renda bruta ou limite de dedução, deve-se fazer a
declaração simplificada. Se as despesas dedutíveis forem maiores que este valor, deve-se fazer a declaração
completa, onde o planejamento financeiro e fiscal, realizado antes ou durante o exercício, é essencial para realizar
os aportes de PGBL e aumentar os valores dedutíveis.

6.3.2 VGBL - Vida Gerador de Benefício Livre


Segundo a SUSEP, o VGBL “é um seguro de vida individual que tem por objetivo pagar uma indenização,
ao segurado, sob a forma de renda ou pagamento único, em função de sua sobrevivência ao período de
diferimento contratado”.

É amplamente utilizado como previdência complementar, indicado para quem declara o IR pelo formulário
simplificado, é isento ou já atingiu o limite máximo de benefício fiscal. Apesar de tecnicamente não ser um plano de
previdência, é reconhecido pelo seu uso como tal.

Os depósitos em VGBL não podem ser utilizados como benefício fiscal para deduções na declaração do imposto de
renda, visto que em sua personalidade jurídica não é um plano de previdência, mas uma espécie de seguro utilizado
para situações específicas, como no caso de o investidor que faz a declaração de IR no formulário simplificado e por
isso não usar deduções, desejar fazer uma previdência complementar sem ser penalizado no resgate.

Ao resgatar o VGBL ou transformá-lo em renda, o imposto de renda incidirá somente sobre os rendimentos.

84
6.3.3 Planejamento Sucessório
A previdência privada também é utilizada no planejamento sucessório, pois não há necessidade de os
produtos de previdência entrar em inventário; ocorrendo o óbito, são direcionados aos beneficiários
indicados no plano.

Qual produto é melhor para o planejamento sucessório?


Depende. Se os depósitos puderem ser aproveitados na declaração completa, até 12% da renda bruta, o PGBL é uma
opção relevante até esse valor. Para declarações simplificadas ou acima dos 12% da renda tributável, o VGBL tem
mais vantagem, porque, por ocasião do resgate, a base de cálculo do PGBL é o valor total, e no VGBL é o valor do
rendimento.
Em caso de óbito, os recursos recebidos pelos beneficiários serão tributados de acordo com regras específicas de
sucessão, considerando o Imposto de renda da tabela de IR aderida no plano e o Imposto de transmissão de bens
(que pode ser diferente por estado). Cabe lembrar que no seguro de vida, por ser verba de natureza indenizatória,
não tem Imposto de Renda.

Quadro resumo de produtos de previdência


PGBL VGBL
Indicado para declaração completa de IR Declaração simplificada de IR ou acima dos
12% da renda bruta
Pode abater até 12% da renda bruta Não deduz da declaração anual de IR
No resgate apenas o rendimento é
No resgate o valor total é tributado
tributado
*Elaboração da autora

6.4 Características técnicas que influenciam o produto


6.4.1 Taxas
a. Taxa de administração: expressa em percentual ao ano, é provisionada diariamente e recolhida
mensalmente. Incide sobre o patrimônio líquido (saldo). Quanto maior a taxa de administração, mais
impacto terá sobre os valores acumulados, pois é descontada do patrimônio líquido diariamente.

b. Taxa de carregamento: incide sobre o capital e pode ser antecipada ou postergada:

a. De entrada ou ingresso: é antecipada, porque incide na entrada da reserva, é prevista no


regulamento. Incide sobre o valor de cada contribuição ou aporte. Quanto maior a taxa, menor será
o aporte no fundo.

b. De saída: é postecipada, porque incide no resgate. Pode incidir em alguns planos, deve ser prevista
no regulamento, é calculada sobre o capital, no resgate, descontando os rendimentos do período.

6.4.2 Portabilidade
Na fase de acumulação, é possível mudar de instituição ou de tipo de fundo de previdência, evento chamado de
portabilidade. Quando os recursos são transferidos por portabilidade, não incide imposto de renda, pois não há
resgate.

a. Portabilidade externa: é a possibilidade de transferir o saldo para outro administrador. Ocorre


quando o investidor encontra uma solução mais adequada aos seus objetivos, por preço, condições ou
relacionamento.

b. Portabilidade interna: é a possibilidade de trocar o tipo de fundo em virtude das características da


política de investimento. Cada fundo de previdência possui características próprias de mercado de acesso
(renda fixa, ações, multimercados) e custos específicos, como as taxas de administração e carregamento.

Exemplo: Um investidor possui um PGBL cujos recursos estão aplicados no fundo “A”, que tem por custo uma taxa de
administração de 1%. Na mesma instituição, há um fundo de previdência “B” com a taxa de administração de 0,50%,
mas com um valor inicial maior de aporte. Ao completar o montante de recursos necessários para o aporte inicial do
produto com menor custo, o investidor solicita a portabilidade interna, com isso terá menos impacto em sua
rentabilidade, melhorando seus resultados.

A portabilidade, interna ou externa, poderá ser realizada, mantendo uma carência mínima de 60 dias. O regime
tributário e as datas dos depósitos são mantidos.

85
6.4.3 Transferência entre planos
A transferência entre planos de previdência deve respeitar a modalidade do plano, sendo permitido realizar a
portabilidade de:

• PGBL para PGBL


• VGBL para VGBL

Não é permitido a troca de PGBL para VGBL ou vice-versa, porque o PGBL em seus aportes é dedutível do Imposto de
Renda, mas no resgate o IR será calculado sobre o valor total. Já no VGBL não há a possibilidade de dedução legal,
no entanto o IR no resgate será apenas sobre rendimentos.

Se a troca fosse permitida, poderia trazer dupla vantagem em prejuízo do fisco. Poderia ser feito o aporte em PGBL,
utilizando o valor depositado para abatimento na base de cálculo da declaração de IR, e ao transferir para o VGBL
traria os recursos para a modalidade que, ao resgatar, somente tributa os rendimentos. Para evitar burlar a Fazenda
Pública, esta troca de modalidade é proibida. A troca de VGBL para PGBL também não é permitida, para evitar
prejuízos ao investidor, pois nos aportes em VGBL não há a vantagem da dedução legal e no PGBL o IR é calculado
sobre o valor total do resgate.

6.4.4 Tipos de Fundos Previdenciários


Após escolher o produto de previdência (PGBL ou VGBL), o investidor precisa escolher a classe de risco
onde os recursos serão destinados, para a sua valorização ao longo do tempo. A Anbima organizou os
fundos previdenciários (FIE Fundos de Investimentos Especialmente Constituídos) em classes de ativos,
para deixar mais claro em sua denominação e regulamento as estratégias e riscos de cada um. A
Anbima categoriza as classificações em 3 grandes grupos, de acordo com a modalidade de ativos:

a. Renda fixa: constituído por papéis de renda fixa (taxas de juros e índices de preços) de diversos riscos e
duração dos ativos (prazo médio), definidos na política de investimentos de cada fundo.

b. Ações: deve ter em sua composição no mínimo 67% do PL em renda variável, podem ser ativos (superar
o Ibovespa) ou passivos (acompanhar o Ibovespa).

c. Multimercado: investe em diversas classes de ativos, com o objetivo de ganhos através da diversificação.

Obs.: Como vimos acima, se um investidor possui seus recursos em um fundo, por exemplo, multimercado, e quiser
migrar para outro, como um fundo renda fixa, poderá fazer portabilidade interna sem que haja resgate.

6.5 Regimes de tributação

6.5.1 Tabela Progressiva: Incidirá a alíquota de IR de 15% na fonte, independentemente do prazo do


investimento por ocasião do resgate, sendo constante de fonte. Mas na Declaração Anual de IR o
investidor deverá fazer o ajuste (por isso é progressiva) de acordo com a renda obtida no ano.
Isso significa que se o investidor, ao somar as rendas tributáveis que teve no decorrer do ano com a base
tributável da previdência resgatada (valor total se PGBL e rendimentos se VGBL), deverá fazer o cálculo:

a. Se o montante for um valor que possui a alíquota zerada ou menor que 15% (que já foi retido na fonte), terá
restituição em sua declaração.
b. Se a alíquota na declaração anual for 15% permanece igual, não haverá imposto a restituir e nem a pagar.
c. Se a sua alíquota devida ficar acima de 15%, terá que pagar a diferença através de DARF.

Desta forma:
Tabela Progressiva
Imposto de Renda na fonte: 15%
Ajuste na declaração de IR: De 0 a 27,50%

A tabela progressiva é indicada para quem planeja ter renda equivalente ao que seria tributado em alíquota inferior
a 10% (considerando as faixas de renda para alíquota zero ou 7,50%), ou se for resgatar no curto prazo.

6.5.2 Tabela regressiva: a alíquota do imposto será calculada de acordo com o prazo de permanência do recurso.
Quanto maior o tempo de investimento, menor a alíquota do IR. Começa em 35% se o resgate ocorrer em até 2 anos,
e vai reduzindo 5% a cada 2 anos, até chegar a uma alíquota mínima de 10%, no prazo superior a 10 anos.
É definitiva, ou seja, não haverá ajuste na declaração de imposto de renda, o resgate deve ser informado no item:
renda de tributação exclusiva.

86
A tabela regressiva é indicada
para os investidores que
desejam ter renda anual Lembrete:
equivalente a valores que na Em ambos os regimes:
declaração anual tenham
tributação acima de 10% e PGBL: IR sobre valor de
para saques no longo prazo, resgate
onde ambas as condições
devem ser concomitantes. VGBL: IR sobre valor dos
rendimentos
No caso de sucessão, as
alíquotas 35% e 30% são reduzidas para 25%, sendo essa a alíquota máxima
aos herdeiros ou beneficiários.

6.5.3 Troca de regime tributário: Se a escolha do regime tributário na adesão ao plano foi a tabela regressiva, será
definitiva, não há a possibilidade de trocar de tabela.
Já se a opção inicial foi pela tabela progressiva, é possível a troca para a tabela regressiva, no entanto, a contagem
do prazo para redução de alíquota passa a contar a partir da data da nova opção.

Por consequência, é correto afirmar que, dependendo da escolha inicial, é possível fazer a transferência de regime
apenas uma vez (progressivo para regressivo). Visto que a tabela regressiva é definitiva, não poderá trocar para
progressiva em nenhuma hipótese.

6.6 Fases da previdência complementar


a) Período de diferimento ou acumulação: data de início das contribuições até a data prevista para início do
pagamento do benefício.

b) Período de cobertura ou recebimento do benefício: ocorre quando o contribuinte opta por começar a receber
seu benefício sob forma de renda, após atingir o montante desejado.

6.5 Resgates:

É possível realizar resgates durante o período de acumulação, respeitando eventuais regras de carência de
resgate dos planos.
a) Resgate total: o saldo total do plano é resgatado.

b) Resgate parcial: apenas uma parte dos recursos são resgatados. Deve-se observar a carência mínima de 60
dias entre os resgates.

c) Resgate programado: os resgates podem ser programados para serem resgatados, com carência de 60 dias
entre cada resgate, que é a carência mínima entre movimentações em planos de previdência.

6.6 Benefício ou renda


O participante poderá transformar o montante acumulado em uma das modalidades de renda:
a. Renda por prazo certo: Calcula o valor para pagamento em um prazo definido, exclusivamente ao
contribuinte. O benefício cessa com o falecimento do titular ou o fim do tempo contratado, o que
ocorrer primeiro.

b. Renda vitalícia: é uma renda paga até o falecimento do participante. Se viver por um longo tempo,
a seguradora se obriga a pagar até o final. Se ocorrer o óbito, independentemente do tempo de
utilização, cessa o benefício, pois o montante acumulado foi trocado pela renda vitalícia.

i. Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido: Garante um prazo de pagamento aos
beneficiários caso ocorra o óbito antes do prazo mínimo contratado. É uma garantia de
tempo mínimo de recebimento.

ii. Renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado: em caso de óbito, o valor será
pago ao beneficiário indicado enquanto este viver. Ocorrendo o óbito do beneficiário, cessa

87
o benefício. Difere da situação anterior pois nesta opção o benefício só cessa com a morte
do titular e do beneficiário.

iii. Renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos filhos menores: é uma
renda vitalícia ao participante, e, ocorrendo o óbito, um percentual contratado na proposta
é revertido vitaliciamente ao cônjuge, e no óbito deste, reversível aos beneficiários até a
maioridade. Ocorrendo o óbito do beneficiário, cessa o benefício.

Obs.: O valor do benefício é calculado pelo montante, considerando a expectativa de vida (tábua atuarial) e garantias
contratadas, pois aumentam a obrigação da seguradora e consequentemente reduzem o valor mensal do benefício.

Pecúlio: é a contratação de uma cobertura de risco que garante, em caso de sinistro, um pagamento aos
beneficiários. Assemelha-se a um seguro de vida.

Pecúlio por Morte: é um benefício contratado sob a forma de pagamento único ao(s) beneficiário(s)
indicado(s), em caso de morte do participante, ocorrida durante o período de cobertura e após
cumprido eventual período de carência.

Pecúlio por Invalidez: é um benefício contratado sob a forma de pagamento único ao próprio
participante, em decorrência de invalidez total e permanente ocorrida durante o período de
cobertura e após cumprido eventual período de carência.

88
MENSURAÇÃO
E GESTÃO DE
PERFORMANCE
E RISCOS

Este capítulo tem peso de 10% a 20% (6 a 12 questões).

Objetivo: Conhecer os indicadores de risco e performance para a análise de investimentos e


formação de carteira compatível aos objetivos do investidor.

89
7.1 Risco, Retorno e Diversificação

7.1.1 Medidas de posição central: média, moda e mediana


Média: é a soma dos algarismos, dividindo-se pela quantidade. Ex. 3, 5, 2, 3, 8, 3: média 4

Moda: é o valor que ocorre com mais frequência em uma sequência de dados. Pode ter uma moda
(unimodal) ou mais de uma moda (multimodal). Ex. 3, 5, 2, 3, 8, 3: moda 3

Mediana: Coloca-se os números em ordem. A mediana é o número do meio. Se a amostra for par, faz-se a média dos
dois números do meio. Ex. 3, 5, 2, 3, 8, 3
Ordem: 2, 3, 3, 3, 5, 8 (números do meio 3, 3. 3+3/2=3). A Mediana é 3

7.1.2 Medidas de dispersão de um ativo: variância e desvio padrão (volatilidade).


Variância - É uma medida de dispersão que verifica a distância entre os valores da sua média. Serve para
calcular o desvio padrão.

Na prova não cai o cálculo. Veja abaixo a fórmula, apenas para conhecimento:

Desvio padrão: É a raiz quadrada da variância.

Passo 01: Média. Ex. 3, 5, 2, 3, 8, 3: média 4

Passo 02: A diferença de cada item da média

Passo 03: Quadrado das diferenças

Passo 04: Soma

Passo 05: Divide por N-1 (Achou a variância)

(3 − 4)² + (5 − 4)² + (2 − 4)² + (3 − 4)² + (8 − 4)² + (3 − 4)²


6−1
1 + 1 + 4 + 1 + 16 + 1
= 𝟒, 𝟖𝟎
5

Passo 06: Raiz quadrada

Raiz quadrada de 4,80 é 2,19.

Variância: 4,80

Desvio padrão: 2,19

Como interpretar: Quanto maior, mais risco.

7.1.3 Medida de associação entre duas variáveis

Os três indicadores (covariância, correlação e R2) possuem interpretação semelhante: quanto um ativo se
move em relação ao movimento do outro.

Covariância - É uma medida que avalia a relação entre ativos, como um se comporta quando o outro oscila.

Negativa: dois ativos tendem a andar em direções opostas. Se um tende a subir, o outro tende a cair.

Positiva: Variam na mesma direção. Se um sobe, o outro sobe também.

Zero: os ativos não se relacionam.

90
Correlação: Mede a dependência entre as variáveis. Medida entre -1 e 1. Na sua fórmula, é só dividir a covariância
pelo risco de ambos.

-1= há correlação contrária perfeita. Se um aumenta, o outro diminui.

0 = não há correlação.

+1= O desempenho de um afeta o outro na mesma proporção.

Como interpretar a Correlação (entre -1 e 1):

Positivo: duas variáveis oscilam no mesmo sentido.

Negativo: duas variáveis oscilam em direções opostas.

Zero: não é possível determinar o grau de diversificação entre elas.

Quanto mais próxima de -1, maior a diversificação (100% em sentido contrário).

Quanto mais próximo de 1, menor a diversificação (ativos com 100% de relação entre eles).

Coeficiente de determinação - R² é uma medida de ajustamento (Regressão linear) em relação aos valores
observados. Mede quanto a variação de um ativo é explicada pela variação de outro e quanto deriva de fatores
aleatórios. É a correlação ao quadrado.
O R² varia entre 0 e 1, indicando, em percentagem, o quanto o modelo consegue explicar os valores observados.

Coeficiente de determinação R2 (entre 0 e 1) - É o quadrado da correlação. Significa o quanto o comportamento de


uma variável explica a outra em percentual.
1: pode ser 100% explicado. 0: pode ser 0% explicado.

7.1.4 Distribuição normal - Explica a probabilidade de um evento ocorrer. Qual o percentual de probabilidade de um
evento ocorrer.

Exemplo: um fundo tem rendimento médio de 2%. Seu desvio padrão é 0,50%
Calculando 1 desvio padrão:
2 -0,50= 1,50 e 2 + 0,50: 2,50
Resposta: 1 desvio: há 68% de probabilidade de ter rendimento entre 1,50 e 2,50%.

Calculando 2 desvios:
2 – (2 x 0,50) = 1,00 e 2 + (2 x 0,50) = 3,00
Resposta: 2 desvios: há 95% de probabilidade de ter rendimento entre 1,00 e 3,00.

Calculando 3 desvios:
2 – (3 x 0,50) = 0,50 e 2 + (3 x 0,50) = 3,50
Resposta: há 99% de probabilidade de ter rendimento entre 0,50 e 3,50.

91
7.1.5 Risco de ativos

Risco é a possibilidade de obter rentabilidade diferente da esperada e/ou obter perda parcial ou total do capital
investido.

Ativo livre de risco - É o ativo considerado sem risco pelo mercado. No Brasil, o Título público federal é considerado
sem risco de crédito ou default, ou seja, se o governo não honrasse seus compromissos haveria moratória do país.

Ativos com risco de crédito (default) - É o risco de o devedor não honrar suas obrigações. O investidor exige maior
prêmio (remuneração) para operações com maior risco (prêmio de risco)

7.1.6 Princípio da dominância entre ativos - É a escolha de um ativo considerando a relação risco/retorno. O investidor
irá escolher a melhor relação em conformidade com seu perfil. Seu desejo é alto retorno e baixo risco, mas esta
opção quase nunca está disponível, então terá que priorizar o baixo risco em detrimento da rentabilidade, ou a
rentabilidade em detrimento do baixo risco.

RISCO BAIXO RISCO ALTO


RETORNO ALTO RETORNO ALTO

RISCO BAIXO RISCO ALTO


RETORNO BAIXO RETORNO BAIXO

7.1.7 Riscos dos ativos de renda fixa

Risco de crédito: o devedor pode não honrar seus compromissos (inadimplência);

Risco de mercado: oscilações nas taxas de juros ou preço de um ativo (volatilidade);

Risco de mercado absoluto: não comparados a benchmark, expostos em percentual ou valor.

Risco de mercado relativo: comparado a um benchmark.

Risco de liquidez: dificuldade de conversão de um ativo em dinheiro, a preço justo.

92
7.1.8 Risco de uma carteira

Diversificação: Uma parte da variação nos preços dos ativos se dá por motivos próprios a eles, especialmente em
ações, de acordo com o seu setor de atividades, novas tecnologias, questões ambientais etc. onde os preços se
movimentam de forma e intensidade diferente em função destes motivos específicos.
A diversificação consiste em combinar ativos para reduzir o risco específico da carteira, o que resultará em redução
do risco total, em virtude das combinações realizadas.

7.1.8.1 Beta – β: É uma medida que mede a sensibilidade de determinada ação ou carteira de ações
ao risco sistemático, que é representado por um índice de referência (benchmark), o Ibovespa.
Compara o retorno da ação em relação ao mercado. O beta reflete o comportamento passado de
uma ação em relação ao Ibovespa, sendo recomendável um período mínimo de 1 ano.
Seu cálculo é a covariância de um ativo e seu benchmark dividido pela sua variância (não é cobrado
na prova).

Sua interpretação é:
O Beta é agressivo quando é >1, impacta tanto no movimento positivo quanto no negativo:

O Beta neutro (=1) acompanha a mesma variação do Ibovespa.

O Beta defensivo, <1, impacta o ativo em menor proporção:

Como analisar um β

B= 1 -neutro, tende a render o benchmark.

B> 1 –a ação tema expectativa de valorização superior ao índice de mercado. Se o indicador cair, terá a proporção.
Ex.: B = 1,50. Ibovespa subiu 1%. Ação subiu 1,50%. Ibovespa caiu 1%, ação caiu 1,50%.

B<1 –a ação é menos arriscada, oscilará menos que o benchmark.

93
7.1.8.2 Índice de Sharpe (IS): Mede a relação entre o retorno excedente obtido pela carteira de
investimento, ou seja, seu retorno acima do retorno do ativo livre de risco, e a volatilidade da carteira
(desvio padrão). É utilizado na avaliação de Fundos com gestão ativa, para avaliar se o rendimento
adicional compensa o risco incorrido. Mede o risco total da carteira, pois utiliza o desvio padrão em
seu cálculo.

Ra: Retorno do ativo


Rf: risk free
Σ: desvio padrão

Interpretação: Quando maior, melhor a relação entre risco e retorno.


Obs.: não deve ser utilizado se negativo, pois significa que rende menos que o ativo livre de risco, ou seja, não faz
sentido investir em algo com menos rendimento e mais risco.

“Este investimento rende menos que o título público e tem mais


risco. Então não vale a pena, vou deixar meu dinheiro aplicado em
títulos públicos”.

RETORNO
FUNDOS RISCO ÍNDICE DE SHARPE
EXCEDENTE

A 2 2 1
B 4 3 1,33
C 6 5 1,2

Fundo “B” possui a melhor relação retorno/risco (índice de Sharpe maior).

7.1.8.3 Índice de Treynor: É uma medida do retorno adicional em relação a um ativo livre de risco (Risk
Free), descontando seu risco não diversificável (sistemático), o índice beta.

O Sharpe e o Treynor são similares. A


diferença é que o Sharpe usa o risco total
(desvio padrão) e o Treynor o risco sistemático
(beta).
Interpretação:
Quando maior, melhor a relação entre risco e retorno.

7.1.9 Riscos de ativos

7.1.9.1 Riscos em Renda Fixa

Risco de crédito: O devedor pode não honrar seus compromissos. Também chamado de risco de emissor.
(inadimplência ou insolvência).

Risco de liquidez: refere-se à dificuldade de transformar um ativo em dinheiro, por um preço justo (negociação)

Risco de mercado: refere-se às oscilações de preços ou de taxas de juros (volatilidade).

94
7.1.9.2 Risco em ações
Em ações, não há o risco de crédito, porque o acionista não é credor, é dono. Este risco é do negócio e não pode ser
cobrado de terceiros. Seus riscos são:

Liquidez: decorre da dificuldade de encontrar comprador quando for vender o ativo;

Mercado: oscilação de preços dos ativos. Em renda variável, se subdivide em:

c. Específico ou não sistemático: variação decorre em função do setor da economia; pode ser
gerenciado e reduzido.

d. Sistemático: provém de fatores macroeconômicos. Mudanças radicais na política econômica, crises


financeiras em países importantes, guerras, etc. Não pode ser gerenciado.

7.2 Administração e Gerenciamento de Risco

Risco de Taxa de Juros: conceitos e aplicação

7.2.1 Duration

Duration de Macaulay: Mede a sensibilidade de uma carteira à oscilação da taxa de juros. Considera
tanto o pagamento do principal como os pagamentos periódicos. Uma carteira com pagamento
periódico de juros tem duration menor do que uma carteira com o mesmo prazo, mas com pagamentos
de juros no final.

Duration modificada: expressa o valor da mudança no preço de títulos de renda fixa em resposta a
pequenas mudanças nas taxas de juros de mercado. Quando ocorre uma elevação na taxa de juros no
mercado, o preço do título cai e vice-versa. Sua fórmula é usada para se determinar o efeito que 100
pontos bases ou 1% de alteração na taxa de juros de mercado terá sobre o preço de um título.

Exemplo: um título com valor de mercado de R$ 1.000,00, duration de Macaulay


de 8 anos e taxa de juros de 10%, podemos dizer que a cada 1% de oscilação de
mercado espera-se que o título mova-se 7,27% (valorização ou desvalorização
com a marcação a mercado - sinal inverso).

- Se a taxa de mercado subir 1%, o valor do título cairá 7,27%;


- Se a taxa de mercado cair 1%, o valor do título subirá 7,27%.

Caso as oscilações não sejam lineares, deve-se complementar a


análise com a convexidade.

Interpretação: a duration modificada mede a sensibilidade no valor do título (quanto vai alterar aplicando-se ágio
ou deságio), em sentido contrário, para cada 1% de alteração de taxa NO MERCADO.

7.2.2 Considerações sobre a mensuração do risco de crédito


Na mensuração do risco de crédito de um título, é importante avaliar a possibilidade de inadimplência do emissor,
pois isto vai refletir na precificação (quanto maior o risco, maior a rentabilidade exigida).

Principais critérios:
Aspectos qualitativos e quantitativos: Histórico do emissor, o seu grau de endividamento (alavancagem), estrutura de
capital próprio e capacidade de geração de caixa (receita menos despesa).

Fatores de mercado: Ciclo econômico da empresa, sazonalidades e outros fatores específicos do segmento.

Rating: Opinião atualizada sobre a qualidade de crédito de um emissor com relação a uma obrigação financeira
específica ou à uma classe de obrigações financeiras. Analisa a pontualidade dos pagamentos de suas obrigações.

Inadimplência: ocorre com o não pagamento de uma obrigação na data do vencimento. No entanto, pode ser uma
questão pontual de deficiência de caixa.

Insolvência ocorre quando o devedor ou emissor do título não possui condições de liquidar sua obrigação, onde seus
passivos são maiores que os ativos, e a geração de renda é insuficiente para quitar os compromissos.

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Spread: É o retorno adicional que o investidor deseja receber pelo risco de crédito assumido. Ou seja, só aceita um
título com maior risco se houver um spread que compense o risco.

Agência de risco: É especializada na análise do risco de crédito da empresa e sua capacidade de pagamento da
dívida.

Vamos a um exemplo de agências classificadoras de risco (apenas para informação, não é cobrado na prova:

MOODYS FITCH RATINGS STANDARD & POOR’S SIGNIFICADO


Aaa AAA AAA Mais Alta qualidade
Aa AA AA Alta qualidade
A A A Qualidade média (alta)
Baa BBB BBB Qualidade média
Ba BB BB Predominantemente especulativo
B B B Especulativo, baixa classificação
Caa CCC CCC Inadimplemento próximo
C C C Mais baixa qualidade, sem interesse
DDD DDD Inadimplente, em atraso, questionável
DD DD Inadimplente, em atraso, questionável
D D Inadimplente, em atraso, questionável

Risco país ou soberano – É medido por uma empresa especializada que divulga uma nota de risco para o país,
afetando tanto os títulos públicos quanto dos emissores nacionais. O risco-Brasil é uma opinião que
busca avaliar de forma objetiva o risco de crédito a que investidores estrangeiros estão submetidos
quando investem no país. No mercado, o indicador diário mais utilizado é o EMBI+Br .

O EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus), calculado pelo Banco J.P. Morgan Chase, é um índice
ponderado composto por instrumentos de dívida externa, negociados e denominados em dólar, de governos de
países emergentes.

O EMBI mede o prêmio médio de uma carteira hipotética, constituída por papéis emitidos pelo Brasil no exterior (de
natureza soberana e privada) frente ao rendimento dos títulos do tesouro norte-americano de prazo comparável
(que são considerados livres de risco). O Risco Brasil é divulgado sob a forma de pontos-base (basis point ou bps).
Exemplo:

–Taxa de rendimento do título brasileiro=5,40%


–Taxa de rendimento do título americano= 3,10%
–Risco Brasil= 2,30% ou 230 pontos base (1% equivale a 100 pontos-base)

Risco de contraparte: é o risco de uma das partes envolvidas no negócio não cumprir o acordo. Para reduzir
este risco, os ativos negociados na Bolsa de Valores possuem a garantia de contraparte, pois a Bolsa assume
a responsabilidade de efetivar a negociação.

Risco de liquidação financeira: É o risco de um título não ser liquidado em seu vencimento. O registro em
Clearing (Câmaras de liquidação e custódia) mitigam este risco.

Riscos de Mercado Externo: são eventos internacionais que afetam a economia do país, como por exemplo
oscilações na taxa de câmbio, mudanças no cenário macroeconômico mundial, riscos geopolíticos
específicos de cada país investido, questões legais, regulatórias e tributárias específicas de um país.

7.2.3 Imunização
É um processo onde se busca igualar as condições de prazo e risco de posições ativas com as posições passivas.
Exemplo: Um investidor possui uma obrigação em dólar, busca obter uma entrada o mesmo prazo e taxa.

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7.2.4 Convexidade
Dois ativos podem ter a mesma duration e mesma taxa, no entanto se comportam de
maneira diferente ante a alterações de taxas de juros no mercado.

A convexidade mede o comportamento entre o preço de um ativo e a oscilação dos prêmios


de risco. Quanto maior a curvatura, mais protegido estará das oscilações.

7.2.5 Value At Risk – VaR


É a perda potencial que a carteira poderá sofrer em condições consideradas normais de mercado em um
determinado período.
Exemplo: uma carteira com V@R diário de R$1MM, com 99% de intervalo de confiança: existe apenas 1%
de chance desta carteira ter uma perda diária superior a R$1.000.000

O cálculo do V@R depende de quatro variáveis:


1. O valor da carteira em termos monetários marcada a mercado;
2. Um período histórico de preços, suficientemente longo e representativo do comportamento de preços
daquele ativo.
3. Definição do período de observação das perdas. (o mais comum é o diário)
4. Definição do intervalo de confiança, geralmente 95% ou 99%.

Limitações do V@R
1. Sua metodologia pressupõe que o risco futuro pode ter como parâmetro dados históricos.
2. Recomendável que seja utilizado em situações consideradas normais em termos de volatilidade de mercado.
3. Mesmo com a utilização de níveis de confiança altos como, por exemplo, 99%, podem dar a falsa sensação
de segurança pois pode haver situações de extrema vulnerabilidade de mercado, imprevisíveis
independentemente da metodologia utilizada.
4. Não deve servir de parâmetro em situação extrema de risco.

E se o limite de confiança for ultrapassado? Se o 5% ou 1%


acontecer? Stress test!

7.2.6 Stress test (caudas longas): avaliação dos piores cenários para estimar potenciais perdas em cenários
de anormalidade de mercado. É complemento do VAR para medir as perdas quando o grau de confiança
(ex. 95%) é ultrapassado.

7.2.7 Stop loss: Parar perdas. É uma trava de segurança quando atinge a perda que o investidor está disposto
a aceitar. É utilizada quando os limites do VAR são ultrapassados. Diminui a exposição a riscos.

7.2.8 Validação do modelo (Backtesting) - Analisa se o modelo utilizado está refletindo as perdas que
efetivamente ocorreram em determinado período. O backtesting indica se o modelo necessita de eventuais
ajustes.

7.2.9 Tracking Error: É o desvio padrão dos retornos excedentes


(retorno do fundo-retorno do indexador) em relação à média
destes retornos. Utilizado para avaliar carteiras de gestão
passiva. Quanto mais próximo de zero, melhor.

7.2.10 Erro quadrático médio: Zero é o valor ideal. O cálculo é feito por meio
da obtenção da raiz quadrada da soma do quadrado das diferenças entre os Erro: quanto mais próximo de
retornos do fundo e do benchmark. O EQM mede a distância entre o benchmark zero, melhor!
e a rentabilidade do fundo.

É só! Bons estudos e desejo sucesso na carreira, na prova e no desempenho de suas atividades!
Prof. Eliane Jaqueline Debesaitis Metzner, CFP ®

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