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Consideramos que ,na sua essência, as referidas alterações visam diminuir o recurso não
justificado ao PER, em especial por empresas em situação de insolvência atual, por vezes com
o intuito de prolongar artificialmente a sua existência.
As alterações no entanto não foram tão longe quanto poderiam, não tendo sido contemplada
a proteção, por exemplo, das garantias dadas aos credores não-financeiros (nomeadamente,
trabalhadores e fornecedores) que apoiam a empresa durante o período das negociações, nem
estando contemplado para a sentença de homologação do plano de recuperação em PER a
produção imediata de efeitos, tal como se encontra agora expressamente previsto para a
homologação do plano de insolvência.
Sem prejuízo das alterações meramente formais do CIRE para harmonizar as remissões para
normas do novo Código de Processo Civil e para o adaptar ao Regulamento (UE) 2015/848,
merecem particular destaque as seguintes no âmbito do PER:
i. O acesso ao PER fica reservado a empresas [novo Art. 17-A, n.º 1]. Para as pessoas singulares
é agora previsto o Processo Especial para Acordo de Pagamento, que dispõe, em termos
substanciais, o mesmo regime previsto para o PER [novo Art. 222-A a 222-J], não sendo visível
o motivo desta duplicação;
ii. O requerimento inicial de apresentação da empresa a PER passa a ter de ser acompanhado
de:
Declaração subscrita, há não mais de 30 dias, por contabilista certificado ou por revisor oficial
de contas, sempre que a revisão de contas seja legalmente exigida, atestando que não se
encontra em situação de insolvência atual [novo Art. 17-A, n.º 2];
iii. Passa a estar expressamente prevista a possibilidade (já contemplada na lei geral) de
apensação de vários processos PER, em caso de sociedades comerciais, em relação de domínio
ou de grupo [novo Art. 17-C, n.º 7 e 8]. Esta apensação não comporta, no entanto, alteração
das maiorias relativas a serem apuradas em cada um das sociedades em relação de grupo;
ii. No caso de sociedades em relação de domínio ou de grupo, ainda que seja possível a
nomeação de administrador da insolvência conjunto para todas as sociedades, deverá ser
nomeado outro administrador com funções restritas à apreciação de créditos reclamados
entre devedores do mesmo grupo, assim que a existência destes se verificar [novo Art. 52.º,
n.º 6];
iii. Fruto da informatização dos processos judiciais a cargo dos administradores judiciais, a
reclamação de créditos, quando apresentada por Advogado, passa a ter de ser remetida por
transmissão eletrónica de dados [novo Art. 128.º, n.º 2]. Porém, desconhece-se ainda os
termos em que esta matéria será regulamentada por portaria;
iv. São reforçadas as regras de transparência na liquidação e na avaliação dos ativos, e, assim,
Uma vez iniciada a liquidação e partilha da massa insolvente ou tenha lugar venda antecipada
dos bens da massa, o administrador da insolvência publicita a composição da massa por
anúncio publicado em portal a ser definido por portaria, comprovando-se tal facto nos autos
no prazo de 5 dias [novo Art. 152.º, n.º 4];
Da lista provisória de credores passa a constar a indicação do valor dos bens compreendidos
na massa insolvente, sobre os quais incidam garantias reais de créditos pelos quais o
insolvente não responda pessoalmente, nomeadamente para efeitos de direito de voto [novo
Art. 154.º, n.º 1];
A alienação dos bens compreendidos na massa passa a ter lugar, preferencialmente, através
de venda em leilão eletrónico, eletrónico, podendo, de forma justificada, optar por qualquer
das modalidades admitidas em processo executivo ou por alguma outra que tenha por mais
conveniente [novo Art. 164.º, n.º 1]; e