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Segunda nota – por ser uma tramitação unitária existe um sistema de vasos
comunicantes: pode acontecer que não suspendam a liquidação, mas pode
haver uma parte dos credores que venha a requerer que seja levado a cabo a
liquidação.
Considerações gerais
A liquidação consiste na venda dos bens e cobrança dos créditos que compoem
a massa insolvente, com a finalidade de liquidar = converter o património numa
quantia pecuniária a distribuir pelos credores.
O processo de insolvencia também é um processo de execução universal.
Os pressupostos vem no art.º 158º CIRE. Basicamentos emos 3 princiipais
requisitos: sentença dclaratória da insolvencia tem de estar transitada; tem de
haver a realização da primeira assembleia de credores e tem de haver
deliberações que não se oponham à venda dos bens.
A lei não diz que não se pode iniciar a venda antes de transitada em julgado a
sentença, o que faz sentido, porque havendo recurso ou embargos há a hipótese
da reversão da decisão de declaração de insolvência e a venda do património
pode prejudicar a continuidade da atividade.
A lei quando fala, fala em venda dos bens. O que a lei quer é que não se venda,
portanto, diligencias preparatórias da liquidação: anúncios, contactos,
avaliações; pode e deve ser feito.
O recurso e a oposição por embargos faz – art.º 40 e 42º - suspendem a
liquidação – venda e não diligencias preparatórias que possam ser tomadas – e a
AC pode ser dispensada pelo juiz.
Tipicamente as AC ocorrem – para apreciação do relatório – e os credores, em
assembleia – art.º 71 – essas deliberações tem que não se opor à liquidação ou
venda. P ex. se suspendem a liquidação concerteza que não se pode avançar,
se for atribuída a administração ao devedor o efeito é idêntico.
O art 225 diz expressamente que a liquidação só tem lugar depois de ao devedor
ser retirada a administração.
Depois o art.º 169 merece algum destaque porque nos diz que caso o processo
não seja encerrado no prazo de um ano a contar da assembleia de apreciação
do relatório ou no final de cada período de 6 meses haverá destituição com justa
causa do administrador, salvo se houver razões que justifiquem a continuação.
Por norma, os tribunais não destituem os Administradores.
Art.º 158 diz que exceciona a regra anterior, permitindo a venda antecipada de
bens que possam desvalorizar ou deteriorar-se.
Ações que estejam em bolsa que possam desvalorizar por algum motivo também
caem no âmbito da interpretação teleológica da norma. Será que se pode
vender, recorrendo a este regime, um empreendimento turístico no algarve
porque apareceu algum que faz uma proposta irrecusável? É uma questão difícil,
só isto não é suficiente, terá que existir mais alguma coisa.
Procedimento
Procedimento e modalidades
Art.º 167º CIRE – diz que o produto da liquidação tem de ser depositado à ordem
da massa. É evidente que assim é mas a lei não nos diz qual a consequência do
incumprimento. Não deixa de ser engraçado quando o 168, 2 diz que o AJ que
viole as regras é destituído por justa causa e deve restituir à massa os bens.
Se não for justificado convenientemente, pode conduzir à destituição e à
responsabilidade civil, disciplinar e penal – burla, abuso de confiança, etc.
O 168/1 diz que o AJ não pode adquirir para si, ainda que por interposta pessoa,
quaisquer bens da massa, podendo ser destituído por justa causa.
O incumprimento do 168/1 concretiza um verdadeiro conflito de interesses. Tem
natureza de norma imperativa? Pode a comissão de credores, não havendo mais
ninguém interessado em comprar, autorizar a venda ao AJ? Não. É uma norma
imperativa que não pode ser afastada nem pela vontade dos credores, porque
visa evitar suspensões.
Venda de imóvel com construção urbana – art. 833, 6 CPC – isenção de licenças
em sede de liquidação. Este regime também tem de ser aplicável aos PERs.
O regime é a regra é de que a empresa deve ser vendida como um todo a não se
que se reconheça vantagem da alienação de bens isolados ou lotes. O critério é
o da maximização da receita da venda.
Pode acontecer a existência de um ativo imobiliário que a venda a determinada
pessoa determina uma contingência de IVA e a venda a uma outra entidade não.
Ainda que aquele não despoleta uma contingência fiscal e apresente um valor
mais baixo, pode este maximizar a receita para a massa.
O AJ procede à venda dos bens, preferencialmente, por leilão eletrónico
podendo, contudo, devidamente justificado, optar pelas formas de alienação
previstas para o processo executivo ou qualquer outra que tenha por mais
conveniente.
O regime anterior deixava totalmente nas mãos do AJ esta escolha e não incluía
esta preferência pelo leilão eletrónico. Esta alteração deveu-se à necessidade de
deixar o processo mais transparente.
Esta norma pode ser derrogada pelo AJ, sempre que considerar que qualquer
outra modalidade desenhada pelo administrador à medida do processo, assim o
exija, desde que o justifique.
O leilão eletrónico, é muitíssimo utilizado, mas passou a ser usado para
processos sem qualquer história.
Não se deve interpretar esta norma como exigindo demasiado ao AJ poder
ajustar a venda ao tipo de bem.
Casos especiais
161/3 – elenco não taxativo. – violação – art.º 59º e 163º CIRE. Temos de olhar
sempre para o n.º 2 do artigo.
A perspetiva de satisfação dos credores e a suscetibilidade de recuperação da
empresa são aspetos que tem de se ter em consideração.
E os credores da massa? O legislador presume que estas são integralmente
pagas com prioridade sobre os outros credores, então este problema não se
coloca.
Aquisição de imóveis – esta alínea tem de ser interpretada como aquisição de
imóveis da massa por terceiros. Mas não é impossível a massa adquiri imóveis.
164/2 – o credor com garantia real é sempre ouvido pela modalidade, valr base
ou preço da alienação projetada. Permite que no prazo de 1 semana apresenta a
aquisição do bem por si ou terceiro. O credor garantido – não é só o credor com
hipoteca – pode adquirir o bem por valor superior. O AI não está vinculado a
aceitar essa proposta mais alta, mas se não o fizer incorre em responsabilidade
do n.º 4 se a proposta feita pelo credor for acompanhada com o pagamento de
20%.
O regime aponta para a necessidade de ouvir o credor garantido, com garantia
real.
Também deve ser ouvido o devedor insolvente? Não. Não tem de ser ouvido.
Se ouvíssemos o insolvente estaríamos a abandonar o regime do CIRE e
voltaríamos ao regime do CPREVE.
Casos especiais
Devedores solidários
Art.º 179º - cautelas para que o credor solidário não receba mais do aquilo a
que tem a direito
Condição suspensiva
Créditos atendidos pelo valor nominal nos rateios parciais, devendo continuar
depositadas as quantias que por este lhes estejam atribuídas, na pendencia da
condição – art 181
Condição resolutiva
Regime de um crédito incondicional até ao momento da verificação da condição;
uma vez preenchida a condição os efeitos retroagem – art.º 276 CC