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Ano 2016 | N.

º 92 | MENSAL Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita


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As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

ÍNDICE NOTA DO EDITOR


Caro Leitor:

A Responsabilidade Subsidiária Tributária Nesta edição são abordados temas como “A Responsabilidade Subsidiária Tributária
dos Administradores ou Gerentes por dos Administradores ou Gerentes por Dívidas e Multas” , “Certidão de Quitação Fiscal
Dívidas e Multas - Aspectos Relevantes” e “A Problemática do Reembolso do Iva ao Sector Privado”.
Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova
Certidão de Quitação Fiscal – Aspectos Legislação Publicada.
Relevantes
Tenha uma boa leitura !
A Problemática do Reembolso do Iva ao
Sector Privado Desta feita, com o presente Estas declarações de Se o valor correspondente
artigo proponho-me abord- quitação atrás referidas, não ao IVA das vendas for superi-
Legislação ar as situações em que é tem carácter definitivo, uma or ao das compras, o sujeito
imputada a responsabilidade vez que a situação dos passivo deve efectuar o seu
Obrigações Declarativas e Contributivas - subsidiária tributária aos requerentes perante a pagamento ao Estado, na
Calendário Fiscal 2016 - (Agosto) gerentes e administradores entidade emissora da área fiscal onde se encontra
pela falta de entrega do valor certidão de quitação vai se domiciliado. Na situação
Informação sobre o Regulamento de dos impostos aos cofres do alterando, consoante cumpra oposta, o Estado deve
Fortificação de Alimentos dom Micro-Nu- Estado. Assim, importa saber ou não com as suas reembolsar ao sujeito
trientes Industrialment Processados e compreender melhor obrigações perante tal passivo o valor correspond-
algumas das... Cont. Pág. 2 entidade... Cont. Pág. 3 ente à...Cont. Pág. 4

FICHA TÉCNICA
EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005
COLABORADORES: Jeniffer Jenice Bizarro, Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva, Stela da Glória Cabral Silica, Tânia Cristina dos Anjos Santhim.

SAL & Caldeira Advogados, Lda. é membro da DLA Piper Africa Group, uma aliança de firmas líderes de advocacia independentes que trabalham em conjunto com a DLA Piper, internacionalmente e em toda a África.

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A RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA TRIBUTÁRIA DOS ADMIN-
ISTRADORES OU GERENTES POR DÍVIDAS E MULTAS

Nas sociedades de responsabilidade limitada, designadamente sociedades por tributária não se aplica somente aos administradores gerentes por alegadas
quotas e anónimas, a responsabilidade pelos actos de gestão incide sobre os dívidas e multas, pois, existem outras situações (como, por exemplo, nos casos
administradores/ gerentes e não sobre os sócios. em que a responsabilidade quer solidária quer subsidiária recai sobre a própria
sociedade pelas eventuais transgressões de terceiro) que o legislador moçam-
Entretanto, a responsabilidade tributária a ser imputada aos administradores ou bicano consagrou no desígnio de garantir e proteger o interesse do sujeito
Gerentes é, sem dúvida, um fenómeno que tem suscitado algumas dúvidas, numa lesado. A responsabilidade subsidiária está prevista também para os liquidatários
altura em que cada vez mais estes se encontram dissociados dos sócios ou na dissolução ou liquidação das sociedades.
accionistas que detêm participação no capital social de uma sociedade.
Notificação da Responsabilização Subsidiária
Desta feita, com o presente artigo proponho-me abordar as situações em que é
imputada a responsabilidade subsidiária tributária aos gerentes e administra- Determina expressamente a LGT que a reversão da responsabilidade tributária
dores pela falta de entrega do valor dos impostos aos cofres do Estado. Assim, subsidiária não pode ocorrer sem que antes seja conferido aos responsáveis
importa saber e compreender melhor algumas das soluções que se encontram subsidiários o direito da participação na formação da decisão que lhes digam
plasmadas no sistema jurídico moçambicano. respeito através da sua notificação para a audição prévia (vide n.º 4, 5 e 6 artigo
160 LGT).
À luz da Lei Geral Tributária (LGT), aprovada pela Lei n.º 2/2006 de 22 de Março,
os administradores, directores e gerentes e outras pessoas que exerçam funções Ora, uma vez citado pela administração tributária, o responsável subsidiário para
de administração em sociedades de responsabilidade limitada, são subsidiaria- se defender do processo de reversão, tem duas alternativas. A primeira é confor-
mente responsáveis em relação a estas e, solidariamente entre si, pelas dívidas mar-se com a reversão do processo de execução fiscal e efectuar o pagamento
tributárias da sociedade em referência nos seguintes casos: do montante em dívida isento de juros de mora e custas se efectuar no prazo
de oposição. Em segunda alternativa, pode optar por recorrer contenciosamente
a. se não realizarem os actos necessários da sua competência para o cumpri- (direito ao recurso contencioso – artigo 171 LGT), sem necessidade de ter que
mento das obrigações tributárias ou consentirem no incumprimento de tais apresentar previamente a reclamação graciosa.
obrigações; ou
b. se adoptarem acordos que tornem possíveis tais infracções. Conclusão

De referir que para além desta responsabilidade subsidiária que, no fundo, se Em jeito de conclusão, importa antes de mais sublinhar que a responsabilidade
traduz na obrigação dos responsáveis subsidiários de procederem ao pagamen- tributária deriva de um dever de pagamento subsidiário que se concretiza
to das dividas tributárias aplicadas aos responsáveis principais (sociedades), caso perante a impossibilidade de satisfazer a dívida tributária através do património
não procedam aquelas ao devido pagamento, prevê-se ainda, que os administra- do devedor originário (sociedade).
dores, os gerentes e outras pessoas que exerçam funções de administração ou
que façam parte do órgão executivo possam ser responsáveis solidários pelas De igual modo, os administradores, os gerentes e outras pessoas com funções
dividas tributárias, caso tenham colaborado dolosamente na prática da infracção
equiparáveis, poderão ser responsabilizados pelo pagamento de multas que
tributária imputada à sociedade. respeitem a factos anteriores à sua gestão, mas cuja notificação apenas ocorra
durante o período do exercício do seu cargo e lhes seja imputável a falta de
De notar que a responsabilidade tributária dos administradores/ gerentes é pagamento.
ainda solidária quando se verifiquem casos de não retenção do rendimento ou
de não entrega dos respectivos montantes retidos. Mencionar porém que neste Com efeito, em jeito de conclusão, havendo cobrança por parte da Autoridade
caso, pelo menos, a responsabilidade solidária não se concretiza pelo mero Tributária pela falta de pagamento de impostos e pela falta de cumprimento de
arbítrio da Autoridade Tributária. É necessário que haja algum tipo de acção obrigações fiscais, a responsabilidade por elas não se limita à pessoa jurídica. Os
paralela que permita invocar a existência da conduta dolosa por parte dos administradores e gerentes da pessoa jurídica serão responsabilizados, de forma
administradores/ gerentes. subsidiária, pelo cumprimento dos compromissos fiscais.

Ademais, estabelece ainda o Regulamento Geral das Infracções Tributárias De facto, quanto à questão da responsabilidade fiscal, não está em causa apenas
(RGIT) aprovado pelo Decreto n.º 46/2002 de 26 de Dezembro, que a os casos em que a LGT possa resultar responsabilidade directa para os adminis-
responsabilidade por contravenção das pessoas colectivas e equiparadas não tradores e outros gestores, mas também o possível direito de regresso que a
exclui a responsabilidade individual dos seus respectivos agentes. De acordo sociedade possa exercer em relação aos mesmos, quando por qualquer
com o mesmo diploma legal, os administradores, gerentes e outras pessoas que infracção por ela incorrida entenda dever e poder proceder contra o adminis-
exerçam funções de administração, são subsidiariamente responsáveis: trador ou gestor que nas circunstâncias haja tido responsabilidade.

a. pelas multas aplicadas a infracções por factos praticados no período do Com efeito, note-se que o “direito de regresso”, por regra apresenta-se em duas
exercício do seu cargo ou por factos anteriores quando tiver sido por culpa sua vertentes: (i) direito de regresso da sociedade sobre o seu administrador ou
que o património da sociedade ou pessoa colectiva se tornou insuficiente para outro responsável que considere não ter procedido com a devida e necessária
seu pagamento; diligência, e (ii) direito de regresso do administrador sobre a sociedade, quando
b. pelas multas devidas por factos anteriores quando a decisão definitiva que o Fisco esteja a exigir dele (porque responsável solidário ou subsidiário)
as aplicar for notificada durante o período do exercício do seu cargo e lhes seja qualquer prestação tributária da própria sociedade. Quanto aos sócios, os
imputável a falta de pagamento. mesmos só serão possíveis responsáveis quando tenham intervenção directa na
administração/gerência da sociedade.
Aproveita-se, a este propósito, para realçar que a responsabilidade subsidiária

Tânia Cristina dos Anjos Santhim


Consultora Sénior
Advogada
Email: tsanthim@salcaldeira.com

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CERTIDÃO DE QUITAÇÃO FISCAL – ASPECTOS RELEVANTES

Como forma de obter a prova do cumprimento de uma obrigação, normal- Nos termos dos n.os1 e 2, do artigo 61 da Lei do Ordenamento Jurídico
mente monetária, as pessoas físicas e jurídicas solicitam, por regra, um documen- Tributário, as certidões são obrigatoriamente passadas mediante a apresentação
to de quitação. A quitação é um documento colocado à disposição do devedor de pedido escrito ou oral, sendo que no segundo caso, este é redigido a termo
pelo credor ou seu representante, reconhecendo ter recebido deste uma parte no serviço da administração tributária competente.
ou o total do pagamento devido, exonerando-o assim, da dívida.
As certidões de quitação fiscal são válidas por 3 (três) meses, findos quais o
Nos termos do n.º 1 do artigo 787 do Código Civil em vigor, quem cumpre a interessado deve requerer uma nova certidão de quitação.
obrigação tem o direito de exigir quitação daquele a quem a prestação é feita,
devendo a quitação constar de documento autêntico ou autenticado ou ser provida Assim a certidão de quitação fiscal será passada estando reunidos determinados
de reconhecimento notarial, se aquele que cumpriu tiver nisso interesse legítimo. elementos, como sejam:

As instituições públicas no âmbito das suas actividades têm emitido as chamadas ser o requerente cumpridor das suas obrigações fiscais. Caso o requerente
certidões de quitação para as pessoas físicas ou jurídicas quando solicitadas, esteja em situação de devedor da Fazenda Nacional, a direcção da área fiscal
como forma de atestar/certificar a falta de registo de dívidas perante as mesmas, onde o pedido foi submetido, solicita o cumprimento de tal obrigação ou a
como é o caso do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) e/ou suas prova de cumprimento, como condição para a emissão da referida certidão; e
delegações1 e as áreas fiscais do Ministério da Economia e Finanças, através da
administração tributária. estar o requerente registado na direcção da área fiscal mais próxima do seu
domicílio. O registo é feito por meio da submissão de formulário próprio devida-
Estabelece a Lei n.º 2/2006, de 22 de Março, que aprova a Lei do Ordenamento mente preenchido e cópia de documento de identificação, caso se trate de
Jurídico Tributário, na alínea d) do seu artigo 50, que constitui garantia do sujeito pessoa física ou documento da sua constituição publicado no Boletim Oficial,
passivo poder ser informado sobre a sua concreta situação tributária. Ora, daqui caso se trate de pessoa jurídica. Para as pessoas jurídicas ou geralmente denomi-
depreende-se que sempre que o sujeito passivo pretenda ter o conhecimento nadas entidades legais que visam o lucro, é necessário ainda que se declare o
da sua situação fiscal pode solicitar uma certidão de quitação à administração início das actividades para efeitos fiscais.
tributária (especificamente à respectiva área fiscal), que só é atribuída caso não
exista registo de dívidas pendentes ou qualquer outra obrigação fiscal por As certidões de quitação fiscal são um instrumento de grande relevância para a
cumprir. competitividade e dinâmica da empresa, na medida em que a sua ausência torna
as empresas inelegíveis, para participarem em alguns concursos públicos ou
Estas declarações de quitação atrás referidas, não tem carácter definitivo, uma outras iniciativas que tenham como interveniente o Estado, contratar cidadãos
vez que a situação dos requerentes perante a entidade emissora da certidão de estrangeiros, requerer autorizações de trabalho, renovar autorização de residên-
quitação vai se alterando, consoante cumpra ou não com as suas obrigações cia dos trabalhadores estrangeiros e para efectuar alguns registos e cadastra-
perante tal entidade. mento perante as entidades públicas.

O prazo para emissão das certidões de quitação é de 15 (quinze) dias, de Portanto, uma empresa que tenha certidões de quitação fiscal relativas a cada
acordo com o n.º 1 do artigo 61 da Lei do Ordenamento Jurídico Tributário. um dos 4 (quatro) trimestres de que é composto o ano fiscal, está apta a
Ademais, nos termos do n.º 3 do artigo 60 da Lei do Ordenamento Jurídico contratar com o Estado quando assim entenda, uma vez que em princípio o
Tributário, no processo tributário, os prazos são contínuos. Assim, concluímos Estado deve apenas contratar empresas que estejam quites para com a Fazenda
que o prazo para a emissão das certidões de quitação é de 15 dias contínuos, Nacional. Por outro lado, a actualização constante destas certidões demonstra
isto é, corridos do calendário. No entanto, o prazo que tem sido observado, na uma postura de ética e de transparência relativamente à contabilidade da
prática, é o de 15 (quinze) dias úteis, o que torna o processo mais moroso do empresa, o que contribui para o fortalecimento da sua reputação no mercado.
que o legalmente estabelecido. A lei também confere a possibilidade ao
contribuinte de obter uma certidão passada no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas sempre que se fundamente a urgência na sua obtenção e caso a adminis-
tração tributária disponha dos elementos necessários para o efeito.

1
Emite certidões de quitação para as entidades empregadoras atestando o cumprimento das
obrigações laborais. Estas declarações visam, principalmente, salvaguardar os direitos dos
trabalhadores.

Stela da Glória Cabral Silica


Consultora
Advogada
Email: ssilica@salcaldeira.com

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A PROBLEMÁTICA DO REEMBOLSO DO IVA AO SECTOR PRIVADO

O IVA é um imposto indirecto, que recai sobre a pelo Decreto nº 29/2000, de 10 de Outubro ente de todas as demais províncias seja transportado
despesa e incide sobre as transmissões de bens e/ou (“RCPRIVA”). de um ponto do País para o outro, com os necessári-
prestações de serviços realizados no território os riscos de perda ou extravio que daí decorrem
nacional (incluindo as importações), em todas as fases Nos termos do RCPRIVA, o pagamento dos
do circuito económico, desde a produção/impor- reembolsos do IVA é efectuado pelos Serviços A administração tributária tem tomado algumas
tação ou aquisição até à venda pelo retalhista1 . O Centrais do IVA, por meio de transferência conta à medidas no sentido de melhorar este processo, tal
artigo 17º do Código do IVA, aprovado pela Lei conta, sempre que o sujeito passivo faça, nas como a criação do mecanismo do IVA líquido, que
32/2007, de 31 de Dezembro (“CIVA”), dispõe que a declarações de início de actividade ou de alterações, permite separar o valor do IVA reembolsável, não
taxa do imposto é de 17%. a indicação da conta bancária para o efeito e o fazendo assim mais parte da conta única do Estado.
respectivo Banco. Na falta destas condições, o Há que referir que relativamente ao reembolso do
Deste modo o IVA apresenta-se como um imposto pagamento dos reembolsos será efectuado por IVA anterior e dos grandes projectos, optou-se por
plurifásico que opera através do método subtractivo cheque, sacado sobre as contas de depósito à ordem proceder com o mesmo através da emissão de
indirecto e visa tributar o consumidor final de da titularidade dos Serviços Centrais do IVA, onde obrigações de tesouro, tendo sido uma solução
determinado bem ou serviço. Assim, as empresas deverá ser fixado um prazo para levantamento, não pontual apenas para fazer face à esta situação para
liquidam (cobram) o IVA nas suas vendas e deduzem inferior a 60 dias a contar da data da expedição do um pequeno grupo de empresas. Não obstante,
o IVA que suportaram na aquisição dos bens e cheque. existem outras medidas que poderiam flexibilizar
serviços necessários para a sua produção ou comer- ainda mais o reembolso do IVA.
cialização. Não obstante a simplicidade teórica relativamente ao
processo de reembolso do IVA, na prática o mesmo Entre essas medidas seria de considerar por exemplo
Para efectuar o pagamento do IVA, os sujeitos não se tem mostrado de fácil execução, mas antes a possível inserção electrónica dos processos, abrindo
passivos devem preencher uma declaração de registo tem-se revelado uma empreitada difícil e de grande a possibilidade do sujeito passivo submeter o seu
do IVA e, esta deve ser entregue mensalmente à impacto negativo para os sujeitos passivos que pedido via internet e monitorar o estágio do proces-
entidade competente até ao último dia útil do mês operam no mercado moçambica¬no. Nos últimos so por esta via, o que seria mais eficiente em termos
seguinte àquele a que respeitem as operações nela anos, as diversas avaliações 3 sobre o ambiente de de tempo e custos para os sujeitos passivos, especial-
abrangidas; Simultaneamente deverá ser entregue o negócios em Moçambique apontam o reembolso do mente para aqueles que tenham o seu domicílio fiscal
meio de pagamento. Este documento deve conter o IVA como um dos grandes problemas que afectam o fora da cidade de Maputo. Tal poderia ainda contribuir
valor do IVA suportado nas compras efectuadas sector privado. para uma gestão mais trans¬parente de todo o
durante o mês em questão e o valor do IVA liquidado processo de reembolso do IVA, o que seria sem
nas vendas mensais. Como factores que podem estar na origem dos dúvida uma grande mais-valia para todos os envolvi-
constrangimentos atinentes ao reembolso do IVA, dos no processo.
Se o valor correspondente ao IVA das vendas for podemos apontar os seguintes factores:
superior ao das compras, o sujeito passivo deve • a precariedade do sistema fiscal possibilita o Da parte dos sujeitos passivos, é importante que os
efectuar o seu pagamento ao Estado, na área fiscal surgimento de documentos de exportação falsos, mesmos procurem familiarizar-se com os procedi-
onde se encontra domiciliado. Na situação oposta, o subfacturação das vendas tributáveis, facturas falsas mentos e documentação necessária para o reembol-
Estado deve reembolsar ao sujeito passivo o valor ou erradas, facturas relativas a despesas não elegíveis so do IVA e que exijam sempre que as facturas dos
correspondente à diferença e, é aqui onde incide a para o reembolso do IVA4 , que permitiriam que o seus fornecedores cumprem com os requisitos legais
problemática que pretendemos trazer à discussão. reembolso do IVA se tornasse um processo de fácil para evitar demoras desnecessárias e até a rejeição
obtenção de valores. Com o objectivo de prevenir dos seus pedidos de reembolso do IVA.
O reembolso do IVA consiste na restituição, pelo que mais situações como as citadas acima existissem,
Estado, do crédito de imposto ao sujeito passivo foram adoptados mecanismos que desincentivam ou Não obstante o acima, não se deve descurar que o
quando, num dado período, o valor do imposto atrasam o reembolso do IVA aos sujeitos passivos. processo de verificação da elegibilidade do reembol-
suportado e dedutível supera o imposto liquidado. so do IVA ao sujeito passivo seja feito minuciosa-
Este processo é regulamentado pelo CIVA e pelo • a quantidade de documentos e informação de mente, de modo a evitar que o Estado e os sujeitos
Regulamento da Cobrança do Pagamento e do suporte solicitada pela Autoridade Tributária para o passivos elegíveis ao reembolso sejam defraudados.
Reembolso do IVA2 , aprovado pelo Decreto 77/98, reembolso do IVA5 . A centralização, em Maputo, do
de 29 de Dezembro, com as alterações introduzidas processo do reembolso, o que implica que o expedi-

1
Sem efeitos cumulativos.

2 O reembolso do IVA está estipulado nos artigos 14º à 27º do


Decreto nº. 77/98, de 29 de Dezembro, com as alterações
introduzidas pelo Decreto nº. 29/200, de 10 de Outubro.

3 Os relatórios do Doing Business, dos últimos anos apontam o


processo de reembolso do IVA como o grande “calcanhar de
Aquiles” das empresas, pois causa grandes constrangimentos ao
cash flow das empresas.

Jeniffer Jenice Bizarro 4 Os gastos pessoais dos agentes económicos que depois são
Consultora Júnior apresentados como sendo compras das suas empresas.
Jurista
Email: jbizarro@salcaldeira.com 5
Vide artigo 21 do RCPRIVA.

SAL & Caldeira Newsletter N.º 92 4


NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

Rute Nhatave Decreto nº 27/2016 de 18 de Julho de 2016 - Aprova o Regulamento da Lei de Defesa do Consumidor.
Arquivista / Bibliotecária
Email: rnhatave@salcaldeira.com
Lei nº 4/2016 de 3 de Junho de 2016 - Altera a Lei n.º 8/2004, de 21 de Junho, Lei das Telecomunicações.

Lei nº 5/2016 de 14 de Junho de 2016 - Altera a Lei n.º 21/2009, de 28 de Setembro, Lei de Aviação Civil.

Lei nº 6/2016 de 16 de Junho de 2016 - Altera e republica a Lei n.º 23/2014, de 23 de Setembro, Lei de Educação
Profissional.

Diploma Ministerial nº 38/2016 de 17 de Junho de 2016 - Aprova a 2.º edição revista e actualizada do MOZCAR Parte
175 - Organização de Serviços de Informação Aeronáutica e revoga o MOZCAR Parte 175 - Organização de Serviços
de Informação Aeronáutica, publicado através do Diploma Ministerial n.º 117/2011, de 3 de Maio.

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS - CALENDÁRIO FISCAL 2016

Sérgio Ussene Arnaldo    


Assessor Fiscal e Financeiro
AGOSTO
Email: sussene@salcaldeira.com
INSS 10 Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Julho de
2016.
IRPS 20 Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª , 3ª , 4 ª e 5ª
categoria bem como as importâncias retidas por aplicação de taxas liberatóri-
as durante o mês de Julho 2016.
IRPC 20 Entrega do imposto retido durante o mês de Julho de 2016.

30 2ª Prestação do Pagamento especial por Conta do IRPC.


IS 30 Entregar as importâncias devidas pela emissão de letras e livranças, pela
utilização de créditos em operações financeiras referentes ao mês de Julho de
2016.

IPM 30 Entrega do Imposto pela extracção mineira referente ao mês de Julho de


2016.
IPP 30 Entrega do Imposto referente a produção de petróleo referente ao mês de
Julho de 2016.
ICE 30 Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens produzi-
dos no País fora de armazém de regime aduaneiro, conjuntamente com a
entrega do imposto liquidado (nº 2 do artigo 4 do Regulamento do ICE).

IVA 30 Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Julho acompanhada do


respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

INFORMAÇÃO SOBRE O REGULAMENTO DE FORTIFICAÇÃO DE ALIMEN-


TOS COM MICRO-NUTRIENTES INDUSTRIALMENTE PROCESSADOS
Sheila Tamyris da Silva O Decreto nº 9/2016, publicado no dia 18 de Abril de 2016 A fortificação, para o consumo humano e animal, dos veículos
Assistente tem por objecto o estabelecimento de regime aplicável a acima mencionados é obrigatória, excluindo-se a farinha de
Email: ssilva@salcaldeira.com
obrigatoriedade da adição de micronutrientes nos veículos milho produzida por moageiras de pequena escala e que
alimentares nele previsto. apenas prestam serviços de moagem para o consumo familiar.

Este regulamento aplica-se a todos agentes económicos que Os veículos alimentares devem ser fortificados de acordo com
importam, produzem e comercializam, em todo território os seguintes níveis definidos nas Normas Moçambicanas em
nacional, os seguintes veículos alimentares: farinha de trigo, vigor:
farinha de milho, óleo alimentar, açúcar e sal.

Norma
Veículo alimentar Micronutriente Proporção Mínima Proporção Máxima
Moçambicana (NM)
NM 5 Farinha de Milho Ferro 20 mg/kg 140 mg/kg
NM 7 Farinha de Trigo Ferro 20 mg/kg 140 mg/kg
NM 425 Óleo alimentar Vitamina 15 mg/kg 43 mg/kg
NM 110 Açúcar Vitamina 1 mg/100g 3 mg/100g
NM 9 Sal Iodo (iodato de potássio 55 mg/kg
25 mg/kg
(KIO3))
Os níveis de fortificação acima referidos podem ser alterados por despacho do Ministro que superintende a área da indústria e comércio

Os veículos alimentares fortificados, devem conter informação registadas no Ministério da Indústria e Comércio.
da composição química na sua rotulagem e ostentar o selo da
fortificação, que é obrigatório e deve obedecer ao disposto nas A produção, comercialização ou importação de veículos
respectivas Normas Moçambicanas. É também obrigatória a alimentares violando os dispostos deste regulamento, é
utilização do termo “Fortificado” nas embalagens dos veículos considerada infracção punida com as seguintes sansões
alimentares abrangidos pelo presente regulamento. administrativas: (a) multa; (b) apreensão dos géneros alimentar-
es; (c) revogação do alvará; cuja regularização deve ser feita no
Os estabelecimentos industriais devem comunicar o início da prazo de 30 dias (excepto quando submetidos a análises
fortificação, por escrito ao Ministério da Indústria e Comércio, laboratoriais).
para efeitos de monitoria e controlo, e devem efectuar uma
nova comunicação ao Ministério da Saúde e ao Instituto O presente regulamento entra em vigor no dia 15 de Outubro
Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), para de 2016, 180 dias após a sua publicação no Boletim da Repúbli-
aprovação, sempre que procederem a alteração do rótulo. ca.
A obtenção do fortificante é feita apenas nas empresas

SAL & Caldeira Newsletter N.º 92 5


ACESSO AOS NOSSOS ESCRITÓRIOS - ACCESS TO OUR OFFICES

Caros clientes e público em geral: Dear clients and general public:

Devido as obras que estão a ser realizadas no edifício frontal que Due to construction works being carried out in the building that
dava acesso os nossos escritórios pela Avenida Julius Nyerere, led to our offices through Avenida Julius Nyerere, we hereby
vimos por este meio informar, que nos próximos meses só será inform that in the coming months, the access to the building of our
possível ter acesso ao edifício dos nossos escritórios através da via offices will only be possible through the route on the map below.
no mapa abaixo.
Please accept our sincere apologies for the inconvenience caused.
Pelos transtornos causados as nossas mais sinceras desculpas.

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Sede
Av. Julius Nyerere, 3412 • Caixa Postal 2830
Telefone: +258 21 241 400 • Fax: +258 21 494 710 • admin@salcaldeira.com
www.salcaldeira.com
Maputo, Moçambique

Escritório em Tete
Av. Eduardo Mondlane,Tete Shopping, 1º andar
Telefone: +258 25 223 113 • Fax: +258 25 223 113
Tete, Moçambique

Escritório em Pemba
Rua XV – Bairro de Cimento – Cidade de Pemba
Telefone: +258 27 221 111 • Fax: +258 21 221 268
Pemba, Moçambique

Contacto na Beira
Av. do Poder Popular, 264, Caixa Postal 7
Telefone: +258 23 325 997 • Fax: +258 23 325 997
Beira, Moçambique

Distinções

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