Você está na página 1de 4

CONTABILIDADE DE SEGUROS.

Resseguro.
O Plano de Contas da Actividade Seguradora.

Resseguro.
Conforme já tivemos oportunidade de abordar em aulas anteriores, o
resseguro é a pedra basilar de toda a actividade seguradora e a ele se
deve, na generalidade, o sucesso na divisão do risco.
O resseguro é o seguro do seguro. À partida pode parecer uma
definição algo confusa e até redundante, no entanto é completamente
correcto.
A seguradora que cede o risco chama-se cedente ou ressegurada e a que
aceita designa-se de resseguradora ou aceitante.
Com a prática do resseguro, o risco ultrapassa fronteiras e atravessa
oceanos, fazendo diluir, por vezes por vários continentes, os efeitos de um
sinistro.
Como abordamos na aula passada, o resseguro de um negócio já tomado
em resseguro assume a designação de retrocessão.
Com riscos cada vez mais elevados e mais concentrados e de enormes
capitais, nenhum grupo financeiro ou mesmo nenhum Estado estaria na
disposição de assumir sozinho a cobertura de determinados riscos.
Quando muito, limitar-se-iam aos riscos de pequena dimensão e grande
dispersão para evitar a acumulação.
Através do Resseguro é possível dividir a cobertura do risco, a nível
mundial, tornando assim possível, com o contributo da seguradora directa
que subscreveu o risco e dos seus Resseguradores, contribuir para o
desenvolvimento da economia de um país, garantindo aos investidores a
cobertura do seu património e das suas responsabilidades, indemnizando-o
em caso de sinistro, permitindo-lhe, assim, retomar a sua actividade.
Doutra forma, nem os próprios investidores se atreviam a arriscar os seus
capitais ao nível do que hoje fazem.

Quem são os resseguradores?


Os resseguradores ou companhias de resseguros são, na sua esmagadora
maioria, empresas multinacionais de grande dimensão, com destaque para
SWISS Re e Munich Re, as mais importantes do mundo, embora existam
muitas outras.
Pleno ou pleno de Retenção.
Representa a quantia que fica a cargo da seguradora aquando do
pagamento de um sinistro.
A determinação deste valor é fundamental para garantir a solvência da
seguradora, já que esta não pode ficar numa situação em que não dispõe
de montantes necessários para fazer face aos sinistros que, entretanto,
ocorram.

19 de Março de 2024 1
As modalidades do Resseguro são três:
• Facultativo,
• Obrigatório/Automático e
• Contratual/Facultativo-obrigatório ou misto.

Facultativo.
Toma esta designação porque tanto a cedente como a aceitante têm a
faculdade de ressegurar ou não os negócios. Existe, pois, a cedência
facultativa de cada risco, sendo também facultativa a aceitação do
ressegurador. Trata-se, portanto, de um método caso a caso em que a
cedente pode escolher os riscos que prefere ceder, assim como a
resseguradora pode variar a sua aceitação.

Obrigatório/Automático.
O resseguro torna-se “automático”, de tratamento administrativo
simplificado, porque estandardizado. A existência de tratados faz com que
deixem de existir permanentes negociações pontuais, seguro a seguro, mas
apenas negociações, em regra anuais, que incidem sobre as condições do
tratado.

Contratual/Facultativo-obrigatório ou misto.
Neste, a cedente fica com a liberdade de ceder ou não determinado
negócio, mas obriga o ressegurador a aceitá-lo, nos termos contratuais, no
caso daquela o pretender ressegurar. É, pois, facultativa a cedência, mas
obrigatória a aceitação pelo ressegurador.

RESSEGURO ACEITE.
Os negócios do resseguro aceite são em tudo semelhantes ao do seguro
directo, com uma especificidade: os negócios chegam à seguradora (ou
resseguradora) por intermédio de uma outra seguradora (ou
resseguradora) e não através de um mediador.

Assim sendo, e como se assumem riscos, há que registar o seguinte:


a) Prémios;
b) Comissões (caso existam);
c) Sinistros.

O Plano de Contas da Actividade Seguradora.


Todas as unidades económicas devem dar a conhecer, em datas pré-
definidas, a sua
Situação económica e financeira, obedecendo a determinados princípios e
seguindo uma certa tramitação que tem a sua materialização no que se
designa por contabilidade.
A actividade seguradora não constitui excepção à regra e, nesse sentido,
podemos afirmar que a contabilidade de seguros é tão antiga como a
própria actividade, ainda que durante muitos anos ela não tivesse vida e
espaço próprios, antes se diluindo no mundo da contabilidade genérica.
As empresas não vivem isoladamente, indiferente ao que se passa no
mundo que a rodeia, inserindo-se no espaço económico da sua actividade,

19 de Março de 2024 2
onde os agentes económicos se confrontam e as comparações têm
necessariamente ser feitas.Existe, pois, a necessidade de impor regras ou
normas que permitam o fornecimento de informação relevante,
compreensivel, fiável e comparável pois para que a comparabilidade exista
é necessário que a informação seja preparada a partir de princípios,
processos e regras conhecidas, aceites e iguais.
Estas comparações só são possíveis através da análise da informação
publicada, que naturalmente extraída das demonstrações financeiras, só
conduzirá a resultados credíveis se os métodos e os princípios
contabilísticos utilizados, forem os mesmos.
Estamos perante a normalização contabilística que permite um
enquadramento da actividade.
O Plano de Contas para a actividade seguradora, cujo resumo consta no
material enviado por e-mail, aprovada pelo Decreto Nº 79-A/02 de 5 De
Dezembro), também enviado por e-mail, estabelece alguns princípios que
obrigam à uniformidade do Balanço das várias Companhias, ao estabelecer
este Plano de Contas como sendo o único para toda a actividade
Seguradora e exigindo que a abertura de sub-contas, para além das já
existentes, seja de competência da ARSEG.
São também estabelecidas regras que, à semelhança do que é
internacionalmente praticado, fazem com que as contas das Companhias
reflictam a verdade em relação ao património, à situação Financeira e aos
Resultados.
Daí, a elaboração, não exaustiva, de uma lista de princípios aos quais as
contas se devem subordinar:
• Continuidade.
A empresa opera continuamente, com duração ilimitada.
• Consistência.
A empresa não altera as suas políticas contabilísticas de um exercício para
o outro. Caso contrário deverá explicitar as alterações
• Especialização.
Os proveitos e os custos são reconhecidos quando obtidos ou incorridos,
independentemente do seu recebimento ou pagamento.
• Custo histórico.
Os registos contabilísticos devem basear-se em custos de aquisição ou de
produção, expressos em unidades monetárias.
• Prudência.
É possível integrar nas contas um grau de precaução ao fazer as
estimativas, sem permitir a criação de reservas ocultas.
• Substância sobre a forma.
As operações devem ser contabilizadas atendendo à sua substância e à
realidade financeira e não apenas à sua forma legal.

• Materialidade.
As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que
sejam relevantes e que possam afectar avaliações ou decisões.

19 de Março de 2024 3
• Não compensação de saldos.
Não é permitida, salvos nos casos previstos, qualquer compensação entre
contas do activo e do passivo, ou entre contas de custos e de proveitos.

Operações Correntes do Exercício.


Uma Seguradora deve considerar como principais operações correntes do
exercício todas as que se relacionem com:
1. Prémios
2. Comissões
3. Indemnizações
4. Provisões Técnicas
5. Investimentos
6. Custos por natureza
Prémios:
Dividem-se em três espécies:
7. De seguro directo
8. De resseguro aceite
9. De resseguro cedido.
Os prémios de seguro directo são aqueles em que existe um contacto
directo entre a Seguradora (Sede ou Delegação) e o tomador do seguro
(Produção Directa) ou através de um intermediário, Corretor, Agente ou
outro (Produção Indirecta), a quem serão pagas comissões pela angariação
e eventualmente também pela cobrança do recibo.

O valor seguro é o valor atribuído como necessário para a cobertura das


garantias contratadas; a taxa é a importância calculada como suficiente
para fazer face ao risco, expressa em percentagem, permilagem ou
numerário.

Da aplicação da taxa ao valor seguro, resulta o prémio simples.


O Segurado quando paga um prémio não paga apenas o preço da cobertura
do risco, (prémio simples) paga também uma parte referente a encargos da
Companhia
(Administrativos e de Aquisição) e alguns impostos a favor do Estado.
São por isso várias as contas a movimentar relacionadas com prémios,
consoante as várias fases desde a sua emissão até cobrança, anulação, ou
estorno, etc.
Valores comuns á generalidade dos ramos:

✓ Prémio Simples/Prémio Comercial


✓ Percentagem do prémio simples (encargos)
✓ Custos de apólice/acta
✓ Selo de Apólice
✓ Impostos ou taxas.

19 de Março de 2024 4

Você também pode gostar