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• Prémio Puro – é o prémio calculado com base nas taxas encontradas, é

o preço do risco. Se a seguradora recebesse o prémio puro, não perdia


nem ganhava, recebia apenas o essencial para o pagamento da
indemnização;
• Prémio Comercial – é o prémio efectivo que o seguradora cobra ao
segurado, é o prémio puro adicionado das comissões, das despesas de
aquisição, etc.

A diferença entre o prémio puro com o prémio comercial designam-se por carga.

2.7 A Indemnização

A indemnização é a quantia paga pelo segurador ao beneficiário, para a


reparação do prejuízo ao se verificar o sinistro. O sinistro deve ser um facto
previsto no contrato rubricado entre o segurado e o segurador.

Quando se dá o sinistro é dever do segurado participa-lo ao segurador dentro


de 8 dias imediatos àquele em que ocorreu ou em que o mesmo teve
conhecimento e também num prazo mais curto segundo as condições da
apólice ou no prazo de 48 horas tratando-se do ramo de acidentes do trabalho.

A indemnização do sinistro regula-se pelo valor do objecto, na data do sinistro,


salvo no que respeita a seguros de colheitas em que o valor da indemnização se
determina pelo valor que os frutos de uma produção teriam a tempo em que
devia colher-se se não tivesse sucedido o sinistro.

A avaliação é feita por um perito da seguradora que, verificando os objectos


sinistrados e respectivos salvados, em concordância com o que para seguro
constante da apólice ajusta com o segurado o valor aproximado dos prejuízos a
indemnizar.

2.8 Divisão dos Riscos

As seguradoras não conservam integralmente a responsabilidade que lhe é


endossada pelos segurados, fazendo segurar por sua vez noutras seguradoras
parte dos riscos assumidos.

As seguradoras transferem para outras seguradoras, mediante a cedência da


parte do prémio recebido do segurado, parte dos riscos assumidos.

A parte das responsabilidades que o segurado cede, denomina-se excedente,


que é a parte que vai para além da capacidade máxima que pela qual

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tecnicamente a seguradora se reconhe com capacidade para responder. A parte
do risco que a seguradora assume denomina-se pleno de retenção.

Para as seguradoras se desobrigarem dos seus excedentes tem dois meios: O


Co – Seguro e O Resseguro. Estes dois meios não são incompatíveis, daí ser
possível o seu uso simultâneo.

2.8.1 O Co – Seguro

Quando a seguradora deseja colocar o seu excedente em Co-seguro escolhe


uma ou mais seguradoras a quem cede directamente parte das
responsabilidades que lhes foram confiadas directamente pelo segurado. O
segurado fica garantido por uma única apólice (contrato de seguro), firmado por
todos os seguradores de onde consta a parte dos riscos assumidos por cada um
deles.

No Co-seguro o segurado tem várias seguradoras que não são solidariamente


responsáveis pelo valor total do seguro, respondendo apenas pela parte que
tomaram desse total, pelo que o segurado pode ter que vir a suportar os
prejuízos provenientes do Co - segurador falido.

Para o segurador tem o inconveniente de dar a conhecer ao segurado os


diversos seguradores com quem divide os riscos, podendo em contacto directo
com congéneres sujeito aos percalços da concorrência.

Nas sociedades Co-seguradoras, os prémios recebidos são considerados


prémios de seguro directo, tendo cada uma das co-seguradoras o direito a todos
os adicionais destes prémios determinado por uma parte igual para todos os
comparticipantes do contrato.

2.8.2 O Resseguro

No resseguro não existe os inconvenientes a que está sujeito o Co-seguro. O


segurado não é posto em contacto e nem conhece o ressegurador, limitando-se
a tratar com o segurador directo em todos os casos. Nesta modalidade, há
divisão de riscos sem a necessidade de partilhar a clientela.

O resseguro é a operação de transferência para uma outra seguradora toda ou


parte dos riscos aceites, mediante o pagamento de um certo prémio. É
permitido pela lei que uma seguradora segure numa outra seguradora parte ou
todos os riscos que estão ao seu cargo.

O seguro é uma das condições necessárias à existência lógica do seguro. É a


execução do princípio das previdência na divisão de riscos, pelo que se permite
que esta se dilua até o infinito, visto que o ressegurador por sua vez se faz
ressegurar e assim em diante até que a responsabilidade própria de cada
sociedade interveniente seja mínima que em caso de sinistro não possa destruir
a situação económica e financeira de cada uma delas

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Capítulo III - A Contabilidade de Seguros e a Normalização
Contabilística

2.1 A Contabilidade de Seguros

Todas as unidades económicas devem conhecer em datas predeterminadas, a


sua situação económica e financeira, obedecendo a determinados princípios e
seguindo uma certa tramitação que têm a sua materialização no que se designa
por contabilidade (Santos 2004: 9).

A actividade seguradora não foge a regra e, nesse sentido, pode se afirmar que a
contabilidade de seguros é tão antiga quanto a própria actividade, ainda que
durante muitos anos não tivesse uma autonomia própria, diluindo-se com a
contabilidade genérica.

A contabilidade de seguros é uma parte da contabilidade aplicada privada que


se ocupa pelo registo, processamento da informação e produção das
demonstrações financeiras resultante das operações realizadas pelas empresas
seguradoras.

O funcionamento da contabilidade de seguros não foge a regra dos outros


ramos de contabilidade, uma vez que ela é parte integrante da ciência mãe – a
Contabilidade Geral.

3.2 Normalização Contabilística e a Legislação do Sector

Uma empresa não vive num vácuo, indiferente ao que se passa no seu
meio ambiente, seja ele geral ou específico. No espaço económico da sua
actividade, as entidades económicas confrontam-se e fazem comparações
das cifras que representam as transacções realizadas. As comparações,
só são possíveis através da analise dos elementos publicados que só
conduzirá a resultados credíveis se os métodos e princípios
contabilísticos utilizados na elaboração da informação contabilística
forem os mesmos.

Normalização contabilística é um conjunto de normas, procedimentos e


princípios que devem ser seguidos pelas diversas unidades económicas, no que
respeita: à nomenclatura, âmbito ou compreensão, às regras de movimentação
das contas, de valorização dos elementos patrimoniais, à determinação de
resultados e à elaboração e apresentação das peças contabilísticas.

A normalização contabilística é traduzida pela existência de:

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• Um código de contas;
• Uma terminologia;
• Uma modalidade de funcionamento das contas;
• Critérios de valorimetria;
• Métodos gerais de determinação de resultados;
• Modelos de balanço, demonstração de resultados e de outras peças
contabilísticas.

No âmbito mais geral, podemos dizer que a legislação fiscal e comercial,


também faz parte da normalização contabilística, uma vez que influencia a
forma como as empresas preparam e organizam a informação contabilística.

A normalização contabilística do sector conheceu um evolução significativa nos


últimos anos depois de uma estagnação total de mais de cinquenta anos (1953
a 2003), Com efeito foram publicados nos anos 2003 e 2004, quatro
importantes normativos legais que vieram a melhorar a uniformização relativas
ao registo das transacções, constituição das provisões técnicas e preparação
das demonstrações financeiras. Esses instrumentos são os seguintes:

• Lei 3/2003 de 21 de Janeiro, que veio estabelecer as condições de acesso


e exercício da actividade seguradora no país, bem como a respectiva
mediação e define as condições de estabelecimento no exterior das
seguradoras nacionais;

• Decreto 41/2003 de 10 de Dezembro, que aprova o regulamento das


condições de acesso e exercício da actividade seguradora no país, bem
como a respectiva mediação;

• Decreto 42/2003 de 10 de Dezembro, estabelece o regime jurídico das


garantias financeiras (provisões técnicas) exigíveis a entidades
habilitadas ao exercício da actividade seguradora.

• Diploma Ministerial 113/2004, Ministério do Plano e Finanças, de


23 de Junho – Plano de contas para as entidades habilitadas ao
exercício ao exercício da actividade seguradora.

3.3 Normas e Princípios contabilísticos

O produto final da contabilidade são as demonstrações financeiras e estas


devem dar uma imagem verdadeira e apropriada do património, da situação
financeira, assim como do resultado das operações da empresa de modo a
satisfazer todos os utentes da informação financeira, sejam eles, credores,
devedores, accionista estado, etc..

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Normas

A qualidade essencial da informação proporcionada pelas demonstrações


financeiras é a de que seja compreensível pelos utentes acima referidos e só é
possível através do cumprimento das normas de contabilidade sobretudo as de
relevância, fiabilidade e comparabilidade.

A relevância é entendida como sendo a qualidade que a informação tem de


influenciar as decisões dos seus utentes, ao ajuda - los a avaliar os
acontecimentos passados, presentes e futuros ou a confirmar ou a corrigir as
suas avaliações.

A fiabilidade é a qualidade que a informação tem de estar liberta de erros


materiais e de juízos prévios, ao mostrar apropriadamente o que tem por
finalidade apresentar ou se espera que razoavelmente represente, podendo, por
conseguinte, dela depender os utentes.

Comparabilidade, tem a ver com a divulgação e a quantificação dos efeitos


financeiros das operações e de outros acontecimentos devem ser registadas de
forma consistente pela empresa e durante a sua vida, para identificarem as
tendências na sua posição financeira e nos resultados das suas operações. Por
outro lado as seguradoras devem seguir a normalização contabilística do sector
a fim de possibilitar de comparação imediata das informações financeiras.

Princípios contabilísticos

O seguimento de princípios contabilísticos, também reveste de grande


importância, sobretudo se assumirmos que os utentes da informação
contabilística ultrapassa as fronteiras de um país, se considerarmos que as
operações de divisão de risco abarcam muita das vezes ressegurados e
resseguradores estrangeiros. Podemos focar alguns princípios contabilísticos
geralmente aceites que a sua observância é indispensável na informação
financeira das empresas seguradoras, tais como:

Continuidade, presume-se que a empresa de seguros opera continuamente não


tendo intenção nem necessidade de entrar em liquidação ou reduzir
significativamente a sua actividade. Este princípio é fundamental para
transmitir confiança aos segurados e ao público em geral.
Consistência, os critérios valorimétricos não podem ser modificados de um
exercício para o outro, caso se verifique uma derrogação a este princípio com
efeitos materialmente relevantes, deve constar uma nota explicativa anexo as
demonstrações financeiras.

Especialização, os proveitos e os custos são reconhecidos quando obtidos ou


incorridos, independentemente do seu recebimento ou pagamento, devendo
incluir-se nas demonstrações financeiras dos períodos a que respeitam. A
criação das reservas (provisões) técnicas assentam neste princípio.

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Prudência, as contas devem integrar níveis de precaução exigidos por
estimativas realizadas em condições de incerteza, não permitindo, contudo, a
criação de reservas ocultas ou provisões excessivas ou a deliberada
quantificação dos activos e proveitos por defeito de passivo e custos por
excesso.

Substância sobre a forma, segundo o qual as operações devem ser


contabilizadas e apresentadas de acordo com a sua substância e realidade
económica e não meramente de acordo com a sua forma legal.

Materialidade, de acordo com este princípio, as demonstrações financeiras,


devem divulgar todos os elementos que sejam materialmente relevantes e que
possam afectar as avaliações ou decisões pelos utentes interessados.

3.4 O plano de contas para instituições habilitadas ao


exercício do seguro

3.3.1 Considerações Gerais

A uniformidade dos balanços nas empresas seguradoras representa sob todos


os aspectos um beneficio para a indústria de seguros que se traduz em prestígio
e confiança, o que é muito importante, dada a importância desta industria de
serviços na economia e na sociedade.

Se cada sociedade de seguros organizasse o seu balanço segundo o seu próprio


critério, procurando o seu valor patrimonial de entre os elementos classificados
a seu belo prazer, designando as contas por títulos mais ou menos lógicos, mais
sem uniformidade, não correspondendo em todas as empresas a mesma na sua
natureza de valores, não poderá o público accionista e a própria fiscalização
tirar conclusões acertadas de tais balanços, nem procederem à comparação da
actividade e resultados com outras sociedades similares, prejudicando-se as
conclusões estatísticas de orientação da actividade seguradora.

As contas de fácil interpretação são susceptíveis de uma comparação exacta,


dando as seguradoras a confiança do público, resseguradores, entidades oficiais
e accionistas.

3.3.2 Estrutura e caracterização do plano de contas

O plano de contas paras entidades habilitadas ao exercício da actividade


seguradora foi aprovado pelo Diploma Ministerial 113/2004 de 23 de Junho. O
plano de contas é composto por cinco capítulos. O primeiro consiste na
apresentação do dispositivo legal, o segundo é constituído por regras
características e princípios contabilísticos. O terceiro capítulo, apresenta o

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quadro e lista de contas, âmbito e regras de movimentações das contas, modelo
das demonstrações financeiras e seus anexos. O terceiros capítulo estabelece os
critérios valorimetria e o quinto os elementos contabilísticos que devem ser
publicados.

Em termos de estrutura e nomeclatura de contas podemos resumir no quadro


de contas abaixo:

Quadro de contas
Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4 Classe 5 Classe 6 Classe 7 Classe 8
Disponibilidades Investimentos Provisões Terceiros Capital próprio custos e perdas Proveitos e resultados
e Imobiliz. tecnicas e equiparados ganhos
10- Caixa 20 – Investi. 30 – Prov. 40 – tomadores 50 – Capital 60 – custos com 70 – Prémios 80 – Resultados
Afectos às técnicas do de seguro sinistros brutos emitidos técnicos
provisões tec. directo vida
do ramo vida

21 – Invest. 31- Provisões 41 – Mediadores 51 – prémios de 61 – variação de 71 – Prémios de 81 – Resultados


Afectos às técnicas de de seguros emissão outras provisões resseguro cedido não técnicos da
provisões seguro directo técnicas actividade
técnicas dos não vida corrente
11 – Dep. a ramos não
ordem vida
32 – Prov. 42 – Co – segur. 52 – Reservas 62 – Participaç. 72 – Comissões 82 – Resultados
técnicas de nos resultados e paticipação nos da actividade
22 – Invest. resseguro resultados de corrente
não afectos aceite vida resseguro cedido
33 - Prov. 43 – Resseg. 56 – Fundo para 63 – Custos de 74 – Rendiment. 84 – Dotação ou
23 – Depósit. técnicas de dotações futuras exploração de investimentos utilização da
junto de resseguro reserva de
empresas aceite não reavaliação de
cedentes vida investimentos
34 - Prov. 44 – Resseg. 59 – Resultados 64 – Custos de 75 – Ganhos 85 – Recuper. de
técnicas de transitados gestão de realizados de mais e menos
24 – Imobiliz. resseguro investimentos investimentos valias realizadas
incorpóreas cedido vida de investimentos
35 - - Prov. 45 – depósitos 65 – Perdas 76 – Mais valias 86 – Resultados
técnicas de recebidos de realizadas em não realizadas de antes de
25 – Imob. resseguro resseguradores investimentos investimentos impostos
corpóresas e cedido não
esxistências vida
26 – Imob. em 46 – estado e 66 – Menos 77 – Utilização do 87 – Impostos
curso e outros entes valias não fundo para sobre rendimento
adiantamentos públicos realizadas de dotações futuras do exercício
por conta investimentos
27 – Outros 47 – Outros 67 – Dotação do 79 – Outros 88 – Resultado
elementos do devedores e fundo para proveitos líquido do
activo credores dotações futuras exercício
68 custos por
29 – Amortiz. 48 – Acréc. e def. natureza a
acumuladas imputar
49 - Provisões
69 – Outros
custos

As contas do balanço são constituídas pela classe 1 a 5. importa referir ainda


que as classe 3 e 4 representa contas mistas (activo e passivo.

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