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Departamento de Ensino e Investigação de Contabilidade, Fiscalidade e


Auditoria

Contabilidade de Seguros

Docente: José Sidónio Boavida Pais, MSc.

2021/2022

I. PROGRAMA

1. SEGURO. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2. ELEMENTOS DO NEGÓCIO

3. GARANTIAS FINANCEIRAS

4. SEGUROS. PLANO DE CONTAS

5. CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES
CORRENTES

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.1 Origem do Contrato de Seguros

Pré - seguro 4700 a.C Mutualismo


Ordenança de Pisa 1318 Primeiros contratos de seguros
A Companhia das Naus 1383 O Rei D. Fernando cria uma companhia mútua de seguros marítimos
Carta Régia 1529 Escrivão de Seguros
Teoria Indemnizatória 1552 segunda a qual um segurado deve ser ressarcido dos prejuízos que resultem da
manifestação de um risco garantido por uma apólice.
Corretor de Seguros 1578 Cujo papel é de intermediário exclusivo entre segurados e companhias de seguros

Seguro contra incêndio 1684 surgimento do seguro contra o risco de incêndio e da primeira seguradora cobrindo
esse risco
Companhia de seguros Lloyds 1686 Criada a corporação de tomadores de riscos – underwriters of Lloyd’s.

Bases Actuarias 1762 Surge em Inglaterra a primeira companhia a utilizar bases verdadeiramente actuariais na
determinação do prémio em função dos riscos que aceitava garantir
Alvará Régio 1791 É oficializada em Portugal a Casa de Seguros de Lisboa, ao mesmo tempo que era
possibilitada a criação das primeiras companhias privadas
A Companhia Permanente de 1798 Surge em Portugal a primeira seguradora, a ope-rar em moldes idênti- cos às que
Seguros actualmente existem
Bonança 1804
Fundação das companhias de seguros mais antigas a operar em Portugal. A Fidelidade
Fidelidade, 1835 foi a primeira a explorar o ramo vida

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.2 O mercado segurador Angolano

A trajectória histórica dos seguros em Angola remonta aos finais do seculo XIX e
acompanha de um modo geral o desenvolvimento económico do país, à qual está
intimamente associada, como veremos nas diferentes etapas das mesmas. (Nazaré, 2008).

As primeiras manifestações da actividade de seguros têm em suas raízes no processo de


consolidação do processo colonial. Uma história cujo, desenvolvimento inicia no século
XIX, em que dividimos em 5 períodos:

1. De 1857 a 1921
2. De 1922 a 1945
3. De 1946 a 1975
4. De 1976 a 1991
5. De 1992 a 2000.

1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.2 O mercado segurador Angolano
q Actividade de seguros surgiu em Angola em 1922, com a instalação de uma filial da
Companhia de Seguros Ultramarina;

q Em 1948, foram criados os Serviços de fiscalização Técnica da Indústria de Seguros em


Angola;

q Com a independência de Angola, houve necessidade de revitalizar o mercado, o que


acontece a 18 de Fevereiro de 1978 com a Fundação da Empresa Nacional de Seguros e
Resseguros de Angola, na altura sob forma jurídica de U.E.E, hoje transformada em
Sociedade Anónima;

q Durante o período de 1978 a 2000, A ENSA manteve-se numa situação de monopólio,


altura em que Assembleia Nacional aprovou a Lei Geral de Actividade Seguradora,
tendo se registado em seguida a entrada no mercado de mais 6 seguradoras;

q Em 2009 é aprovada a Lei de base dos transportes que regula o seguro de


responsabilidade civil automóvel obrigatório;

q Em 2010 entrada em vigor do Seguro Automóvel de Responsabilidade Civil Obrigatória;

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1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.2 O mercado segurador Angolano

Em 2020, houve uma redução de 5 seguradoras que deixaram de ter autorização para
exercer a actividade, resultando numa redução de 18% do número de seguradoras até ao
final de 2019.

Descrição 2018 2019 2020


Seguradoras
Capitais Públicos 1 1 1
Capitais Privados 27 27 22
Total 28 28 23

1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.2 O mercado segurador Angolano
Em 2020, os prémios de seguro directo cresceram em termos globais cerca de 23%,
comparados com os de 2019

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1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.2 O mercado segurador Angolano

1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.2 O mercado segurador Angolano

Outros Indicadores Relevantes


Taxa Média da Margem de Solvência
2018 2019 2020
185,00% 107,00% 101,26%

Provisões Técnicas de SD/Prémios de SD


2018 2019 2020
7 116,00 Kz 5 734,00 Kz 4 777,00 Kz

Resultado Técnico de Seguro Directo


2018 2019 2020
10 913 717,00 Kz 88 954 909,00 Kz 44 493 613,00 Kz

Taxa de Penetração
2018 2019 2020
0,70% 0,87% 0,67%

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1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.3 Definições de Seguros {Decreto n.º 2/02 de 11 de Fevereiro}

Toda a atividade humana envolve riscos que nos ameaçam, quer enquanto indivíduos quer
coletivamente.

Em boa verdade poderíamos afirmar que o risco existe desde que há vida no planeta e até
os animais selvagens têm de conviver com o risco dos predadores.

O risco é, pois, algo de perfeitamente natural e inevitável. Seria impossível e mesmo


insuportavelmente maçador viver sem a companhia do risco.

A maneira mais completa de minorar os efeitos práticos dos riscos a que as pessoas e as
empresas se encontram expostas é precisamente aquilo a que se chama Seguro.

O seguro decorre da concepção de que é mais suportável colectivamente o risco que


acomete isoladamente certas pessoas. Iniciando-se, na Antiguidade Clássica, o instituto, seu
desenvolvimento foi pautado pelo espírito de solidariedade entre as pessoas, até chegar à
actual formatação, descrita no art. 1º (Decreto n.º 2/02 11 de Fevereiro , que dispõe:

1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.3 Definições legais {Decreto n.º 2/02 de 11 de Fevereiro}

ARTIGO 1.º (Contrato de seguro)


Contrato de seguro é aquele pelo qual a seguradora se obriga, mediante a cobrança de um
prémio e caso se verifique o evento cujo risco é objecto da cobertura, a indemnizar, dentro
dos limites contratados, o dano produzido ao segurado ou a satisfazer um capital, uma renda
ou outra prestação convencionada.
O contrato de seguro é um contrato bilateral, aleatório, sinalagmático e de boa fé.

ARTIGO 2.º (Objecto do seguro)


O contrato pode cobrir risco relativamente a:
a) Danos em coisas, pelo risco da sua danificação, destruição, perda, furto ou roubo, ou
qualquer outro risco segurável;
b) Responsabilidade civil, pelos danos e prejuízos causados a terceiros ou aos seus bens;
c) Pessoas, pelos riscos de vida, morte ou outros acontecimentos a elas relativos.
São os contratos bilaterais em que existe uma reciprocidade entre as obrigações das partes

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.4 Função Económica e Social do Seguro

A contribuição da actividade seguradora para a economia e para a sociedade assume uma grande
importância tendo em conta as funções que as suas várias vertentes acabam por abarcar e o seu
contributo para o desenvolvimento económico - social.

Vertente Social Funções do Seguros Vertente Económica

1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.4 Função Económica e Social do Seguro

No domínio social são de destacar as seguintes funções:

q Mutualidade;
q Bem estar e tranquilidade individual e colectiva;
q Solidariedade;
q Satisfação das necessidades sociais;
q Segurança social;
q Fonte de previdência.
Sob o ponto de vista económico, a actividade seguradora assume-se
como:
q Factor de investimento, de crescimento e de estabilização da actividade económica;
q Libertadora de recursos financeiros;
q Instrumento de crédito;
q Motor das actividades comerciais;
q Promotor da cooperação internacional;
q Factor de criação de mecanismos de prevenção e segurança.

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.4 Função Económica e Social do Seguro

A par das funções que o seguro tem na actividade económica, a sua importância poderá ser
analisada de acordo com as seguintes perspectivas:

q Ao nível microeconómico - cada organização é considerada como uma unidade


económica autónoma, sendo desenhadas soluções de prevenção em que a análise das
possibilidades de ocorrência de sinistros e de custo-benefício de um adequado plano de
coberturas é ajustado para cada caso, considerando o sector de actividade onde se
insere
q Ao nível macroeconómico – com a produção de indicadores que medem a
importância dos seguros na economia nacional, permitindo a comparação internacional:

• Produção de seguros / Produto Interno Bruto


• Produção de seguros / População
• Nível de emprego gerado pelo sector segurador, traduzindo o número de
pessoas cuja actividade profissional se encontra directamente ligada aos
seguros

1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.4 Função Económica e Social do Seguro


Existem factores de ordem económica e social que são determinantes dos resultados que o
sector segurador podem apresentar. São eles:
q as modificações dos índices de preços, com maiores implicações ao nível dos
contratos de seguros de longo prazo e com cariz fundamentalmente financeiro, o que
acontece com os dos ramos vida;
q as desvalorizações monetárias, que implica, não só a perda de valor dos capitais
seguros, como também desvirtuam o valor económico subjacente aos prémios de
seguro;
q as alterações do poder de compra, que, se reduzirem, naturalmente irão gerar
menor actividade comercial, menor produção e, por essa via, menor procura por
contratos de seguro;
q as transformações demográficas, levando à necessidade de serem promovidas
alterações na oferta de produtos de seguros, bem como a criação de novos;
q o aumento da densidade das zonas urbanas, contribuindo para a geração de
situações propícias à manifestação de riscos, levando à ocorrência de sinistros;

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.4 Função Económica e Social do Seguro


Existem factores de ordem económica e social que são determinantes dos resulta- dos que
o sector segurador poderá apresentar. São eles:

q as políticas governamentais, cujas consequências poderão gerar factores de


expansão ou retracção da actividade seguradora, designadamente no que diz respeito a
medidas de carácter fiscal;

q a dinâmica e os resultados do sector financeiro, através da implicação que


poderão ter ao nível da rentabilidade que as companhias de seguros poderão retirar da
gestão dos seus activo;

q participação de sinistros fraudulentos e o exagero das reclamações,


que, quando não detectados pelas seguradoras, poderão afectar o equilíbrio técnico de
exploração.

1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.5 Legislação Aplicável

Alguns dos diplomas que regem a actividade seguradora em Angola


• Lei n.º 1/00, Geral da Actividade Seguradora
• Decreto n.º 6/01, Definição de resseguro e co-seguro
• Decreto n.º 2/02, O contrato de seguros
• Decreto n.º 79-A/02, Plano de Contas para as empresas de seguros
• Decreto Executivo n.º 58/02, Sistema de tarifas de seguros
• Decreto Executivo n.º 5/03, Constituição e funcionamento das seguradoras
• Decreto Executivo n.º 6/03, Garantias Financeiras
• Decreto Executivo n.º 7/03, Regulamento sobre a mediação e corretagem de seguros
• Decreto n.º 63/04, Estatuto do Instituto de Supervisão de Seguros
• Decreto n.º 96/04, Cria o Fundo de Actualização e Regularização de Seguros -FUNSEG

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.6 Classificação dos Seguros

De acordo com o Anexo II da Lei Geral da Actividade Seguradora (Lei n.º 1/00, de 3 de
Fevereiro), no seu art. 6º , em Angola, os seguros classificam-se:

q Quanto a definição ou nomenclatura;

q Quanto modalidades ou exigibilidade;

q Quanto aos ramos de riscos a serem explorados no território nacional,

1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.6.1 Classificação dos Seguros/Nomeclatura

Seguros concernentes a pessoas

Seguros de coisas e bens

Seguros de bens e património

Seguros de perdas pecuniá́rias


Quanto a definição ou
nomenclatura;
Responsabilidade Civil Geral

Seguros de responsabilidade civil

Responsabilidade Civil Específica


Seguros de combinações entre os
diversos tipos (I II III)

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.6.2 Classificação dos Seguros/Ramo

Vida

Quanto ao ramo
Não Vida

1. Seguro. Conceitos fundamentais


1.6.2 Classificação dos Seguros/Ramos

• Ramo Não Vida • Ramo Vida

Perdas
Acidentes Caução Pecuniárias Vida
diversas

Protecção Nupcialidade e Fundos de


Doença Crédito natalidade reforma
jurídica

Responsabilid Fundos de
Veículos ade civil Assistência Capitalização
investimentos

Incêndio e
Mercadorias outros 95,4% da 4,6% da
transportadas elementos da
natureza carteia carteira

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.6.3 Classificação dos Seguros/Exigibilidade

Regime jurídico dos Acidentes de trabalho


e Doenças Profissionais: Decreto nº 53/05,
de 15 de Agosto (D R Nº 97/05, Iª Série)

Seguro Obrigatório de responsabilidade


Obrigatório civil automóvel: Decreto nº.35/09 de 11 de
Agosto de 2009 (DR Nº 150, Iª Série)
Quanto a
Exigibilidade
Facultativo Seguro Obrigatório de Responsabilidade
Civil de Aviação, Transportes Aéreos, Infra-
estruturas Aeronáuticas e Serviços
Auxiliares: Decreto nº.9/09 de 9 de Julho
de 2009 (DR Nº 123, Iª Série)

1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.7 Definições
Lei n.º 1/00 de 3 de Fevereiro, LEI GERAL DA ACTIVIDADE SEGURADORA (ANEXO I)
Definições
[N]a actividade seguradora, entende-se por:

a) Agente de seguro: Mediador, pessoa singular ou colectiva que faz prospecção de mercado, presta
assistência ao segurado na matéria que se refere ao contrato celebrado e efectua a cobrança do
prémio desde que autorizado pela seguradora;

b) Angariador: Mediador de seguros, pessoa singular, trabalhador de uma seguradora, o qual exerce
as mesmas funções que o agente de seguros;

c) Apólice de seguro: Documento que titula o contrato celebrado entre o tomador do seguro e a
empresa de seguros, de onde constam as respectivas condições gerais, especiais, se as houver e
particulares acordadas;

d) Autorização: Acto emanado das autoridades competentes e que confere a uma empresa de
seguros o direito de exercer a sua actividade;

e) Beneficiário (do contrato): Pessoa singular ou colectiva, definida nas condições particulares, a
favor de quem reverte a prestação da empresa de seguros ou da mútua ou da cooperativa de
seguros, decorrente de um contrato de seguros; (…)

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.7 Definições
(…)
f) Caucionamento das provisões técnicas: Todo o ónus a fazer recair sobre os activos móveis e
imóveis representativos das Provisões Técnicas, a favor de uma entidade competente e designada para o
efeito pelo Governo;

g) Co-seguro: Operação pela qual algumas empresas de seguros garantem o mesmo risco, cada uma
delas tomando uma fracção desse risco a seu cargo;

h) Comissão de mediação: Remuneração atribuída aos mediadores pelo exercício das suas funções
de mediação;

i) Condições especiais (de um contrato): Disposições que completam ou especificam as


condições gerais, sendo de aplicação generalizada a determinados contratos do mesmo tipo;
ii)
j) Condições gerais (de um contrato): Disposições contratuais, habitualmente pré-impressas,
definindo o enquadramento e os princípios gerais do contrato aplicando-se a todos os contratos
inerentes a um mesmo ramo, modalidade ou operação;

k) Condições particulares (de um contrato): Menções que são acrescentadas às condições


gerais especiais de um contrato; (…)

1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.6 Definições
(…)
l) Prémio de seguro: Valor previamente pago pelo tomador de seguro mediante o qual uma parte,
a empresa de seguros, se compromete na eventualidade de ocorrer um evento aleatório, a fornecer à
outra parte, contratante, uma prestação em dinheiro ou serviço;

m) Representação das provisões técnicas: Acto de registo contabilístico que vincula os


valores das provisões técnicas aos respectivos activos móveis e imóveis onde aplicados e afectos em
concreto;

n) Ressegurador: Empresa especializada em resseguro que cobre parte dos riscos de uma empresa
de seguros através de contratos e/ou tratados de resseguro;

o) Resseguro: Operação pela qual uma empresa de seguros faz, por sua vez, segurar parte dos riscos
que assume. As empresas de seguros fazem operações de resseguro, por razões técnico-económicas,
sem que sejam consideradas resseguradoras;

p) Tomador de seguro: Pessoa singular ou colectiva que, por sua conta ou por conta de uma ou
várias pessoas, celebra o contrato de seguro com a empresa de seguros, sendo responsável pelo
pagamento do prémio. (…)

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1. Seguro. Conceitos fundamentais

1.6 Definições
(…)
p) Empresa de seguros: Entidade legalmente autorizada a exercer a actividade seguradora que
subscreve, com o tomador de seguro, o contrato de seguro. O mesmo conteúdo, para sociedades de
seguros;

q) Investidora institucional: As empresas de seguros são consideradas investidoras institucionais


na medida em que, concentrando volumosos fundos e meios financeiros captados da poupança dos
indivíduos, famílias e pessoas colectivas, realizam avultadas aplicações financeiras de forma sistemática,
obedecendo, por razões técnicas, a políticas previamente definidas e determinadas por legislação
específica de execução obrigatória contribuindo, assim, decisivamente para o desenvolvimento
económico-social do País em geral e do mercado de capitais em particular;

r) Mediação de seguros: Actividade intermediária remunerada tendente à realização, à assistência ou


à realização e assistência de contratos de seguro, através da apreciação dos riscos em causa, entre
pessoas singulares ou colectivas e as empresas de seguros;

s) Não-residentes: De acordo com o conceito e definição da legislação geral do País.

2. Elementos do negócio

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2. Elementos do negócio

2.1 O contrato de Seguro


Contrato de seguro é aquele pelo qual a seguradora se obriga, mediante a cobrança de um prémio
e caso se verifique o evento cujo risco é objecto da cobertura, a indemnizar, dentro dos limites
contratados, o dano produzido ao segurado ou a satisfazer um capital, uma renda ou outra prestação
convencionada.

O contrato de seguro deve sempre ser reduzido a escrito, num documento formal que o titule —
apólice, que compreenderá as condições gerais, especiais e particulares.

As partes:

q A entidade legalmente constituída e autorizada para o exercício da actividade de seguros designa-se


seguradora.
q A pessoa singular ou colectiva no interesse da qual o contrato de seguro é celebrado designa-se
segurado.
q A pessoa singular ou colectiva que, por sua conta ou por conta de uma ou mais pessoas, celebra o
contrato de seguro com a empresa de seguros, sendo responsável pelo pagamento do prémio,
designa-se por tomador de seguro.

2. Elementos do negócio

2.1 O contrato de Seguro


Características do Contrato de Seguro
O Contrato de Seguro, apresenta características específicas, de Natureza Jurídica já que o
poderemos considerar:

q Aleatório
q Bilateral
q De Adesão
q Formal
q Oneroso

O Contrato de Seguro, apresenta características específicas, de Natureza Comercial já que o


poderemos considerar:

q Causado
q Continuado
q De Boa-Fé
q Específico
q Indemnizatório (nos contratos Patrimoniais)
q Pessoal

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2. Elementos do negócio

2.1.1 Características do Contrato de Seguro


q Adesão: Diz-se ser o contrato de seguro consensual porque depende do consenso ou
concordância das partes contratantes;

q Aleatório: Destaca-se o carácter aleatório do contrato de seguro pelo fato da ocorrência do


evento ou risco previsto no contrato independer da vontade dos contratantes, bem como, não
tendo data fixada;

q Oneroso: É oneroso porque o segurado terá que dispor de um valor monetário para obter a
cobertura desejada, onerando-o.

q Formal: A formalização do contrato de seguro é obrigatória por lei, sendo representada por uma
apólice ou por um bilhete de seguro. A apólice de seguro será precedida de uma proposta de seguro,
sendo desnecessária no caso de bilhete.

q Bilateral: É bilateral porque estabelece direitos e obrigações aos contratantes, não podendo ser
rescindido nem cancelado por nenhuma das partes sem prévio aviso, salvo nos casos expressos em
Lei (Cancelamento por falta de pagamento do prémio);

2. Elementos do negócio

2.1.1 Características do Contrato de Seguro

q Boa Fé: Caracteriza-se a boa fé enquanto não ocorrer dolo ou má fé por parte dos contratantes,
seguradora e segurado.
q De mera administração: o contrato de seguro apenas assegura uma gestão patrimonial sendo
esta “limitada, comedida e prudente”
q De execução continuada: enquanto o contrato se encontrar em vigência, este é de execução
permanente;
q Típico: a formalização do contrato está regulada pela Lei, no entanto as partes intervenientes
podem configurar o conteúdo do mesmo.

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2. Elementos do negócio
2.2 Elementos Contrato de Seguro
1. Elementos do contrato de seguro
2. Riscos no seguro;
3. Contrato de seguro;
4. Apólice;
5. Tramitação;
Elemento do negócio 6. Imposto de selo
7. Mediação
8. Prémio
9. Sinistro
10. Dispersão do risco

Elementos Formais (jurídico) ou Técnicos


Elementos do
contrato de
seguro
Elementos Materiais ou Comercias

2. Elementos do negócio
2.2.1 Elementos Formais do Contrato de Seguro
§ Proposta de seguro: é um documento normalmente fornecido pela seguradora para a
contratação do seguro que deverá ser enviado à seguradora completamente preenchido e
assinado pelo tomador do seguro.
§ Apólice de seguro: é o documento escrito que titula e prova a existência do contrato de
seguro celebrado entre o tomador do seguro/subscritor e a seguradora, onde constam as
respectivas condições que podem ser: gerais, particulares e especiais.
§ Acta adicional: é o documento que procede a alterações à apólice de seguro, resultantes de
imposição legal ou de acordo entre as partes, passando a fazer parte integrante do contrato.
§ Certificado provisório: é o documento emitido pela seguradora ou pelo mediador de
seguros que formaliza o contrato de forma provisória, até que seja enviada e recebida a
respectiva apólice de seguro.
§ Tomador de seguro: é a entidade que celebra o contrato de seguro com a seguradora e
que fica responsável pelo pagamento do prémio.
§ Segurado: é a pessoa no interesse da qual o contrato é celebrado (tomador ou outra pessoa).
§ Beneficiário: é a pessoa a favor de quem reverterá a prestação da seguradora decorrente do
contrato de seguro ou de uma operação de capitalização.

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2. Elementos do negócio

2.2.2 Elementos Matérias do Contrato de Seguro


q Duração do contrato: é o período de tempo durante o qual estarão cobertos os riscos ou
garantidos os resultados previstos no contrato de seguro.
q Valor seguro: é o montante estipulado no contrato como sendo o limite máximo de
responsabilidade assumida pela seguradora perante os riscos cobertos ou o montante garantido pelo
contrato de seguro.
q Prémio: é a quantia entregue pelo tomador do seguro à seguradora e que corresponde ao preço da
contratação do seguro e contra partida da prestação de garantia da seguradora, pelo período de
duração do contrato.
q Indemnização: compensação (total ou parcial) destinada a reparar o prejuízo causado por um
sinistro.
q Resolução: é o mecanismo jurídico que permite pôr termo ao contrato do seguro, na sequência da
verificação de um motivo que a lei ou o contrato reconheçam como justificativo para o término do
contrato.
q Estorno: é a devolução ao tomador do seguro de parte do prémio anteriormente pago

2. Elementos do negócio

2.3 Risco nos Seguros

DECLARAÇÃO DO RISCO

Declaração Obrigação do tomador do Dever pré-contratual


do risco
seguro

Declaração unilateral do
proponente

Agravamento (+)

Avaliar e calcular o prémio


Diminuição (-)

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2. Elementos do negócio

2.3 Risco nos Seguros


Eventos proibidos de serem objecto de contrato de seguros

Riscos Legalmente NÃO Seguráveis

Limitações Enquadramento nos ramos ou modalidades previstos na lei

2. Elementos do negócio
2.4 A apólice
A apólice deve ser datada, assinada e nela deverão constar os seguintes elementos:

a) O nome ou firma, residência ou domicílio das partes contratantes, bem como a indicação dos
beneficiários, se for o caso;
b) A pessoa ou a coisa segura;
c) O local e a natureza dos riscos garantidos
d) O montante a partir do qual o risco é garantido e a duração dessa garantia;
e) O capital seguro;
f) O prémio do seguro;
g) A colocação em outra seguradora do mesmo risco e em que condições;
h) O esquema concreto da actualização que envolva, quer o tomador do seguro, quer a própria
seguradora, a partir do qual o sistema é aceite voluntariamente pelo tomador do seguro e perante
o qual as duas partes se obrigam;
i) Em geral, todas as circunstâncias cujo conhecimento possa interessar à seguradora, bem como
todas as condições estipuladas pelas partes.

Todos os elementos do contrato de seguros, nomeadamente propostas,


apólices, tarifas, tábuas de mortalidade, devem ser redigidos em
português, de forma legível, clara e estruturados de modo a garantir a
melhor compreensão dos interessados.

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2. Elementos do negócio

2.5 A tramitação
A concretização de um contrato de seguro ocorre de uma forma faseada envolvendo um conjunto de
etapas.
1. Proposta de seguro
O proponente deve preencher a proposta de seguro na sua totalidade, respondendo com verdade a
todos os requisitos.
A proposta só é válida quando devidamente assinada e datada pelo proponente.

2. Conclusão do contrato
O contrato de seguro considera-se concluído a partir do momento em que o proponente receba da
seguradora a comunicação da aceitação da proposta de seguro.
Se no prazo de 15 dias a contar da data da recepção da proposta, a seguradora nada disser, considera-
se a proposta aceite e o contrato concluído.

3. Prazo e resolução do contrato


O contrato durará pelo prazo convencionado na apólice, caducando às 24 horas do dia do seu
vencimento.
Ambas as partes podem, a todo o tempo, resolver o contrato mediante aviso registado à outra parte,
com antecipação de pelo menos 30 dias [com reembolsos].

2. Elementos do negócio

2.6 Imposto de Selo


As operações de seguro estão sujeitas a tributação em sede de imposto de Selo. O novo Código do
Imposto do Selo (Decreto Legislativo Presidencial n.º 6/11) institui as seguintes taxas para as operações
de seguros:
q Ramo de Caução: 0,3%
q Ramo Marítimo e Fluviais (inclui transporte, embarcações e responsabilidade civil): 0,3%
q Ramo Aéreo (inclui aeronave, responsabilidade civil mercadorias e pessoas transportadas):
0,2%
q Ramo Mercadorias transportadas, não previstas nos ramos Marítimos e Fluviais e Aéreos:
0,1%
q Quaisquer outros ramos: 0,3%

Os prémios recebidos por seguros do ramo “Vida”, seguros de acidentes de trabalho, seguros de saúde e
seguros agrícolas ou pecuários, bem como os prémios recebidos por resseguros tomados a empresas
operando legalmente em Angola, encontram-se isentos de Imposto do Selo.
As comissões cobradas pela mediação de seguros passam a ser sujeitas a Imposto do Selo, à taxa de
0,4%.

(Fonte: Deloitte, Conheça a Reforma Tributária por dentro e por fora Principais
alterações)

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2. Elementos do negócio

2.6 Imposto Sobre o Valor Acrescentado IVA

A Lei n.º 7/19 de 24 Abril, aprova o Código do Imposto Sobre o Valor Acrescentado –
Revoga o Regulamento do Imposto de Consumo, republicado pelo Decreto Legislativo
Presidencial n.º 3 – A/14 de 21 de Outubro, e o Imposto de Selo previsto na Verba n.º 15 da
tabela q que se refere o Decreto Legislativo Presidencial n.º 3/14, de 21 Outubro, que
aprova a Revisão e Republicação do Código do Imposto de Selo.

O Instrutivo N.º 000021/DSIVA/AGT/2020 Sobre Aplicação do IVA no Sector dos


Seguros e Resseguros e Procedimentos para Emissão de Facturas ou Documentação
Equivalentes, clarifica os procedimentos a adoptar na liquidação do Imposto Sobre o Valor
Acrescentado (IVA) nos produtos de seguro e resseguro sujeitos e isentos, bem como as
regras de emissão de Facturas ou Documentação Equivalentes pelas empresas
seguradoras e resseguradoras.

2. Elementos do negócio

2.7 A Mediação

MEDIAÇÃO. Considera-se mediação de seguros a actividade intermediária remunerada, tendente à


realização, à assistência ou à realização e assistência de contratos de seguro entre pessoas singulares ou
colectivas e empresas de seguros.

q A actividade de mediação de seguros só pode ser exercida pelas pessoas singulares


ou colectivas, autorizadas nos termos da legislação em vigor.

q Entre o mediador e a seguradora deverá ser celebrado um contrato de


prestação de serviço escrito que rege as relações decorrentes da mediação.

q A mediação de seguros é uma actividade cujo exercício é vedado às empresas de


seguros e resseguros e mútuas de seguros.

q Os contratos de seguros, pelo facto de terem intervenção de mediador, não


originam qualquer custo para o segurado.

q Com excepção dos angariadores, todos os mediadores, pessoas singulares


ou colectivas, podem exercer a actividade de mediação de seguros com mais
de uma seguradora, não podendo fazê-lo junto de outra sociedade corretora.

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17/10/21

2. Elementos do negócio

2.7 A Mediação
O mediador pode ter as seguintes categorias:
a) Agente de seguros. É o mediador, pessoa singular ou colectiva que faz prospecção do
mercado, presta assistência ao segurado na matéria que se refere ao contrato celebrado e
poderá efectuar a cobrança de prémios.
b) Angariador. É o mediador de seguros, pessoa singular, trabalhador de uma seguradora, o qual
exerce as mesmas acções que o agente de seguros. O angariador de seguros apenas pode
exercer a sua actividade junto da seguradora onde exerce a sua profissão de trabalhado de
seguros, salvo em relação aos ramos que aquela não explore.
c) Corrector de seguros. É o mediador, pessoa colectiva, que prepara a celebração dos
contratos, presta assistência a esses mesmos contratos e pode exercer funções de consultoria
em matéria de seguros junto dos segurados, bem como realizar estudos ou emitir pareceres
técnicos sobre seguros.
A função de mediação de seguros carece de autorização específica.

2. Elementos do negócio

2.8 O Prémio

Noção
Prémio puro: quantia que o tomador de seguro paga à seguradora para que esta o garanta contra a
possibilidade de se dar o risco contra o qual foi contratado o seguro.
Valor Seguro: é o montante atribuído como necessário para a cobertura das garantias contratadas.
Taxa: é a importância calculada como suficiente para fazer face ao risco, a qual pode ser expressa em
percentagem, permilagem ou numerário (valor fixo).
Se um determinado acontecimento tiver uma probabilidade de ocorrência de 5% e o potencial de
perdas para a seguradora caso o sinistro ocorra for de 10.000u.m. (unidades monetárias), então ao
aceitar segurar esse evento a empresa está a incorrer num risco potencial de perdas de 500u.m.
(10.000x0,05).
O prémio puro tem de recompensar a seguradora pelas perdas potenciais em que incorre.

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2. Elementos do negócio

2.8 O Prémio

Exemplo
Casas sujeitas a risco de incêndio (população): 5.000.000 u.m.
Danos verificados anualmente, em média, devido a incêndio (em 100 casas): 10.000 u.m.
Qual o prémio a cobrar para uma casa cujo Valor seguro é de 750 u.m.?
Cálculo da taxa:
Perdas potenciais a dividir pelo valor seguro

𝟏𝟎.𝟎𝟎𝟎
=0,002 (0,2%)
𝟓.𝟎𝟎𝟎.𝟎𝟎𝟎
Prémio puro = Valor seguro * taxa
750 u.m. * 0,002 = 1,5 u.m.
Se o prémio cobrado pela segurado for inferior a 1,5 u.m. a empresa fica sobre-exposta ao risco de
sinistro.

2. Elementos do negócio

2.8 O Prémio
O valor a pagar pelo tomador do seguro – PRÉMIO TOTAL - inclui, porém, outras
componentes que agravam o montante pago.

Prémio
(simples) puro
Aquisição e
Prémio administração
comercial Encargos de gestão
Cobranças
Prémio Bruto
Fraccionamento
Encargos com a emissão
do contrato Custo apólice
Actas adicionais
Prémio Certificado
Total

Fiscais (IVA/Imposto de Selo)


Encargos
obrigatórios
Parafiscais (Garantia Automóvel)

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17/10/21

2. Elementos do negócio

2.8 O Prémio
Cobrança de recibos de prémio

q Contratos só produzem efeitos após o pagamento do respectivo prémio ou fracção.


q Contratos continuados: aviso de pagamento enviado com antecedência de 60 dias para o
tomador com a indicação da data de pagamento, do valor a pagar, da forma e lugar de
pagamento.
Exemplo

31/05/N - Aviso da seguradora para pagamento do prémio


31/07/N – Data de vencimento do prémio para um contrato que irá vigorar para o período de
31/07/N a 30/07/N+1

1/08/N – Se o prémio não for liquidado, a partir deste dia o risco deixa de estar coberto pelo
contrato, bem como, o valor do prémio em dívida deixa de poder ser judicialmente exigido pela
seguradora

No caso não pretenda renovar o contrato o tomador simplesmente não paga o prémio, dando-se
assim a resolução automática do contrato. Não precisa de comunicar a sua intenção à Seguradora.

2. Elementos do negócio

2.9 O Sinistro
Conceito

Concretização do risco e que obriga a Seguradora a reparar o dano

q Carácter fortuito
q Súbito e imprevisto
q Fazer funcionar as garantias do contrato
q Prazo de participação – estabelecido na apólice

Seguros de indemnizações

q Valor em risco < valor seguro = a seguradora paga o valor do dano


q Valor em risco = valor seguro = a seguradora paga o valor do dano
q Valor em risco > valor seguro = a seguradora paga um valor proporcional à
percentagem de cobertura

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17/10/21

2. Elementos do negócio

2.10 Dispersão do Risco

Duas leis fundamentais regem a actividade das empresas seguradoras


q Lei da selecção e a conveniente avaliação dos riscos
q Lei da divisão dos riscos (PROTECÇÃO CONTRA OS RISCOS)

A divisão dos riscos pode ser realizada de duas formas diferentes:


q Partilha dos riscos – CO-SEGURO;
q Transferência dos riscos – RESSEGURO.
Legislação Específica Sobre o Co-seguro e Resseguro em Angola: Decreto n.º 6/01, de 2 de Março.

2. Elementos do negócio

2.11 Co-Seguro
Define-se Co-seguro como a operação pela qual algumas empresas de seguros garantem o mesmo
risco, cada uma delas tomando uma parcela do risco a seu cargo.

q Assunção conjunta de um determinado risco por várias empresas de seguros, denominadas


co-seguradoras, de entre as quais uma é líder, sem que haja solidariedade entre elas, através
de um contrato de seguro único – apólice única - com as mesmas garantias e período de
duração e com um prémio global
q Apólice emitida pelo líder e assinada por todas as co-seguradoras
q Na apólice consta a quota-parte do risco ou a parte percentual do capital assumida por cada
uma

Seguradora Seguradora Seguradora


Tomador A B
Líder

Repartição horizontal do risco

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2. Elementos do negócio
2.12 Resseguro
Conceito
Define-se Resseguro como a operação pela qual uma empresa de seguros faz, por sua vez, segurar parte
dos riscos que assume.
q Operação pela qual uma seguradora cede parte do risco associado a um contrato a outra(s)
Seguradora(s). Para esse efeito, a Seguradora paga um prémio a Resseguradora pelo risco
transferido.
q Perante o tomador do seguro apenas responde o segurador directo apesar do risco estar
partilhado por várias entidades.
q O tomador do seguro não tem qualquer relação com as Resseguradoras e na maioria dos
casos desconhece a sua existência.
Uma ou mais
Resseguradoras
Seguradora Seguradora
Tomador Líder A

Repartição vertical do risco

2. Elementos do negócio

2.12 Resseguro
Funções do resseguro

q Consecução de uma ampla distribuição do risco


q Flexibilidade na aceitação de riscos
q Poder de resposta perante o público
q Fortalecimento da protecção aos tomadores de seguro
q Protecção contra a acumulação de riscos
q Evitar perdas graves em sinistros de ponta
q Crescimento das empresas de seguros
q Ajuda financeira às seguradoras
q Ajuda técnica às seguradoras
q Estabilidade dos resultados
q Desenvolvimento de solidariedade e cooperação
q Gestão da dimensão da carteira de seguro directo

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17/10/21

2. Elementos do negócio

2.12 Resseguro
O resseguro não é obrigatório por regra sendo por isso uma opção da seguradora. O resseguro diz-se
nestas condições facultativo. Cada situação é analisada especificamente pela resseguradora e, por
consequência, os encargos para a seguradora são mais elevados.

Todavia, há situações em que por acordo entre a seguradora e a resseguradora todos os contratos de
uma certa natureza são obrigatoriamente objecto de resseguro. Nestas condições o resseguro diz-se
obrigatório. Nestas circunstâncias é normal os encargos sejam menores para a seguradora.

Há ainda um terceiro tipo de relação entre seguradora e resseguradora em que a primeira tem a opção
de remeter para a resseguradora as apólices mas, caso isso aconteça, esta é obrigada à sua aceitação.
Naturalmente esta modalidade denomina-se Facultativa-obrigatória.

2. Elementos do negócio

2.12 Resseguro
Contratos proporcionais
Contratos de participação ou quota-parte

Exemplo: seguradora = 60% e ressegurador = 40%.

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2. Elementos do negócio
2.12 Resseguro
Contratos proporcionais
Contratos de excedente de capitais ou de plenos

A Seguradora retém todo o risco até um determinado valor – pleno de conservação – e em que acima
deste a responsabilidade é transferida para o ressegurador de acordo com uma determinada
percentagem.
Exemplo: pleno = 10.000 u.m.
A resseguradora pode estabelecer um limite máximo à sua participação na indemnização. Por exemplo
5 plenos (neste caso, 50.000 u.m.)

2. Elementos do negócio

2.12 Resseguro
Contratos não proporcionais.

De excedente de sinistro. A seguradora cedente estabelece o montante até ao qual está disponível
a assumir a responsabilidade. A partir desse montante, designado por franquia, a resseguradora
assume a indemnização.

Se a seguradora acorda um resseguro onde estabelece uma franquia de 20.000u.m., um sinistro de


25.000u.m. implicará uma indemnização de 20.000u.m. por parte da seguradora e 5.000u.m. por
parte da resseguradora.

De excedente de sinistralidade. Neste tipo de contrato a seguradora cedente estabelece uma


fasquia de sinistralidade, como referência que assume num determinado ramo. Estabelece também a
percentagem de exposição, acima dessa fasquia, que irá assumir, transferindo o risco restante para a
resseguradora.

Uma seguradora estabelece para um dado ramo como fasquia 75% da sinistralidade que ocorreu
num dado ano nesse ramo. A resseguradora assume 90% da sinistralidade acima dessa fasquia.
Para uma sinistralidade desse ramo de 110%, a seguradora assume 75%+(110-75)*0,10=78,5% da
sinistralidade e a resseguradora (110-75)*0,90=31,5%.

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3. Garantias Financeiras

3. Garantias Financeiras

3.1 Introdução

Ciclo de produção da actividade seguradora

1º 2º
Proveitos Custos

O que vende efectivamente a actividade seguradora? Vende Segurança!


A recepção antecipada de fundos poderia levar à tentação para a realização de investimentos que
ponham em causa a capacidade da Seguradora cumprir com as suas responsabilidades. Para evitar tal
situação impõe-se às seguradoras práticas garantisticas.

Tipos de garantias financeiras

Provisões técnicas
Margem solvência
Fundo de garantia

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3. Garantias Financeiras

3.2 Provisões Técnicas


Conceito

Destinam-se a garantir o cumprimento por parte das Seguradoras das responsabilidade assumidas
perante os tomadores de seguro, segurados ou beneficiários. Constitui uma das rubricas mais
importantes do Passivo do balanço das Seguradoras. Em paralelo, a Seguradora deve afectar às provisões
técnicas um conjunto de activos suficientes para permitir cumprir os compromissos decorrentes dos
contratos de seguros.

q Activos equivalentes (móveis ou imóveis) Representação ou caucionamento


q Activos congruentes das provisões técnicas

Os activos não podem ser:

q Penhorados ou arrestados, salvo para pagamento desses mesmos créditos,


q Oferecidos a terceiros para garantia.

3. Garantias Financeiras

3.2 Provisões Técnicas

Riscos em curso

Matemáticas para o ramo «Vida


Alocação de verbas
especificamente para
Provisões Técnicas

Matemáticas para acidentes de trabalho a garantia de


eventuais perdas
Incapacidades temporárias de acidentes
de trabalho

Sinistros pendentes

Desvios de sinistralidade

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3. Garantias Financeiras

3.2.1 Provisões Técnicas, Riscos em curso


Riscos em curso

Esta provisão destina-se a garantir, relativamente a cada um dos contratos de seguro em vigor, com
excepção dos referentes aos ramos «Vida» e «Acidentes de Trabalho», a cobertura aos riscos
assumidos e dos encargos deles resultantes durante o período compreendido entre o final do exercício
e a data do respectivo vencimento. Esta provisão relativamente ao seguro directo deve, sem prejuízo do
número seguinte, ser calculada contrato a contrato pro rata temporis, a partir dos prémios
processados, líquidos de estornos e anulações.

As seguradoras podem, mediante autorização prévia do órgão de controlo de seguros, efectuar o


cálculo da provisão de uma maneira global, aplicando as seguintes percentagens sobre os prémios
processados durante o ano e líquidos de estornos e anulações:

q 33,33%, nos ramos em que a maioria dos contratos tenha a duração de um ano;
q 10%, nos ramos em que a maioria dos contratos tenha a duração inferior a um ano.

Regra geral: método pro rata temporis – só aplicável quando a sinistralidade é constante ao longo do
contrato.

3. Garantias Financeiras

3.2.2 Provisões Técnicas, Provisões matemáticas


Provisões matemáticas
As Provisões Matemáticas são utilizadas quer nos seguros do ramos «Vida» quer nos seguros relativos
a acidentes de trabalho.

Correspondem ao valores actualizados estimados dos compromissos assumidos pela seguradora.


No caso dos seguros do ramo «Vida» devem ser descontados dos valores actualizados dos
compromissos assumidos pelas pessoas (tomadores do seguro, nomeadamente, os prémios).

No caso do seguros relativos a acidentes de trabalho o valor a actualizar é o relativo às pensões, as já


homologadas, as ainda não homologadas mas que já foram objecto de conciliação, as definidas pela
seguradora relativas a processos encerrados e não incluídas nos grupos anteriores, e as pensões
presumíveis decorrentes de processos em curso

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3. Garantias Financeiras

3.2.3 Provisões Técnicas, Provisões para acidentes de trabalho e sinistros


Provisão para incapacidades temporárias de «Acidentes de Trabalho» Serve para fazer face às
responsabilidades referentes aos sinistros com processos clínicos em curso, no que respeita aos
pagamentos de salários e de despesas com tratamentos até à data da alta clínica. Esta provisão
corresponde a 25% dos prémios do ramo «Acidentes de Trabalho» líquidos de estornos e anulações,
processados durante o exercício.

Provisão para sinistros pendentes Corresponde ao valor previsível dos encargos com sinistros ainda não
regularizados, ou já regularizados mas ainda não liquidados no final do exercício. A provisão para sinistros
pendentes deve conformar-se às seguintes regras:

q Relativamente ao seguro directo a provisão deve ser calculada, sinistro a sinistro, com base no
valor previsível do respectivo custo total, deduzido dos pagamentos já efectuados.
q A provisão em relação aos sinistros já regularizados mas ainda não liquidados deve
corresponder ao valor das indemnizações totais fixadas, deduzidos eventuais pagamentos já
realizados.
q As seguradoras podem, em relação aos sinistros ainda não regularizados e relativamente aos
ramos em que tal se torne tecnicamente aconselhável, calcular a provisão a partir do custo
médio de sinistros.

3. Garantias Financeiras

3.2.4 Provisões Técnicas, Provisões para desvios de sinistralidade

Provisão para desvios de sinistralidade A provisão para desvios de sinistralidade destina-se a fazer face à
sinistralidade excepcionalmente elevada nos ramos de seguros em que, pela sua natureza, se preveja que
aquela tenha maiores oscilações.Tais como:

q Seguro de crédito
q Seguro de caução
Em anos desfavoráveis a Seguradora podia não ser
q Seguro de colheitas capaz de cumprir os seus compromissos.
q Risco de fenómenos sísmicos

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3. Garantias Financeiras

3.3 Representação e caucionamento das provisões técnicas


As provisões técnicas descritas devem ser representadas e caucionadas na sua totalidade por activos,
equivalentes, móveis ou imóveis, obrigatoriamente localizados no território angolano, sem prejuízo da
legislação aplicável sobre as aplicações financeiras das seguradoras.

Os activos representativos das provisões técnicas constituem um património que garante as


responsabilidades e os créditos emergentes dos contractos de seguro não podendo ser penhorados,
arrestados, salvo para resolução dessas responsabilidades e créditos.

Estes activos não podem em caso algum ser oferecidos a terceiros para garantia, qualquer que seja a
forma jurídica a assumir por essa garantia.

Em caso de liquidação da seguradora, os créditos garantidos por estas provisões gozam de um


privilégio mobiliário especial sobre os bens móveis ou imóveis que representem as provisões técnicas,
sendo graduados em primeiro lugar.

3. Garantias Financeiras

3.3 Representação e caucionamento das provisões técnicas

Os activos serão avaliados líquidos das dívidas contraídas para a sua aquisição sem prejuízo de outras
disposições legais emitidas.

As empresas de seguros devem efectuar o inventário permanente dos activos representativos das
provisões técnicas.

As seguradoras deverão caucionar à ordem do «Fundo de Actualização e Regularização dos Seguros», os


valores representativos das provisões técnicas.

Entende-se por caucionamento todo o ónus a fazer recair sobre os activos móveis e imóveis
representativos das provisões técnicas das seguradoras, a favor do «Fundo de Actualização e
Regularização dos Seguros». A seguradora fica assim limitada na possibilidade de dispor destes activos.

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3. Garantias Financeiras

3.3 Representação e caucionamento das provisões técnicas

Activos que podem representar provisões técnicas. Os activos que se encontram a representar e a
caucionar as provisões técnicas devem ter a seguinte natureza:
a) Títulos do Estado;
b) Obrigações, títulos de participação ou outros títulos negociáveis da dívida, incluindo as
obrigações de caixa;
c) Acções de sociedades anónimas;
d) Aplicações em fundos de capital de risco;
e) Unidades de participação em fundos de investimento;
f) Empréstimos hipotecários e imóveis não industriais;
g) Numerário, depósitos em instituições de crédito e aplicações no mercado monetário
interbancário

3. Garantias Financeiras

3.3 Representação e caucionamento das provisões técnicas

A representação e o caucionamento dos activos a levar a efeito por todas as seguradoras, devem ser
realizados de forma separada, consoante as responsabilidades digam respeito:
q Ao ramo «Vida»
q Aos ramos «Não Vida».

Quando o órgão do Instituto de Supervisão de Seguros verifique que as provisões técnicas são
insuficientes ou se encontrem incorrectamente constituídas, representadas e caucionadas,
nomeadamente no que respeita à provisão para sinistros, a seguradora deve proceder imediatamente
à sua rectificação, de acordo com as instruções que lhe forem dadas por este órgão.

O Instituto de Supervisão de Seguros definirá, caso a caso, as condições específicas a que deve
obedecer o plano de financiamento, bem como acompanhará o seu desenvolvimento.

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3. Garantias Financeiras
3.3.1 Fundo de Actualização e Regularização de Seguros (FUNSEG)

O Fundo de Actualização e Regularização de Seguros (FUNSEG) foi constituído entre outros com o
objectivo de caucionar as provisões técnicas das sociedades seguradoras. O caucionamento é o ónus a
fazer recair sobre os activos móveis e imóveis, representativos das provisões técnicas das seguradoras, a
favor de uma entidade competente e legalmente instituída para o efeito sendo, no presente caso, o
FUNSEG.
Constituem, entre outras, atribuições do FUNSEG:
a) manter sob sua custódia o ónus real dos conjuntos específicos de bens e valores caucionados
pelas seguradoras que constituem activos afectos às provisões técnicas […]
b) zelar para que o ónus real de afectação corresponda ou não seja inferior ao conjunto das
provisões técnicas constituídas e caucionadas;
c) autorizar, ou não, a desafectação do ónus real de qualquer activo legalmente definido, de acordo
com a legislação em vigor e sob supervisão do Instituto de Supervisão de Seguros, apesar da
seguradora conservar a titularidade da propriedade; […]

3. Garantias Financeiras
3.4 Margem de Solvência
Margem de solvência

As seguradoras devem dispor de uma margem de solvência suficiente para garantir as responsabilidades
decorrentes do exercício da sua actividade. A margem de solvência de uma seguradora corresponde ao
seu património, livre de toda e qualquer obrigação previsível e deduzida dos elementos incorpóreos.
Os activos representativos da margem de solvência têm de estar localizados em Angola.

Conceito de Margem

Solvência Disponível Consiste no património da seguradora livre de toda e qualquer obrigação


previsível e deduzido dos elementos incorpóreos ou intangíveis. É o requisito mínimo de fundos
próprios que se destina a fazer face às aleatoriedades do negócio segurador, dependendo o seu
montante do volume de negócios de cada empresa, bem como da rendibilidade global que a empresa
consiga extrair do seu negócio.

Elementos constitutivos da margem de solvência

1. Capital social realizado + prémios de emissão + reservas de reavaliação + outras reservas +


saldo de ganhos e perdas deduzidos de eventuais dividendos,
2. . Outros elementos: acções preferenciais, etc.

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4. Seguros. Plano de Contas

4. Seguros. Plano de Contas

4.1 Regras Gerais

O plano de contas é o elenco padronizado de títulos de contas e subcontas, codificadas, reunidas nas
diversas classes, conforme estabelece o artigo 35º da Lei nº 1/00 – Lei Geral da Actividade Seguradora,
objectivando disciplinar a escrituração contabilística e orientar a análise do desempenho das entidades
de seguros.

O Decreto n.º 79A/02 de 5 de Dezembro, estabelece os critérios e procedimentos que possibilitam a


manutenção de padrões uniformes no registro das operações, na elaboração e apresentação das
Demonstrações Financeiras das Sociedades, mediante a utilização dos conceitos, contas e modelos de
Demonstrações Contábeis apresentados no plano de contas.

O plano de contas é de utilização obrigatória pelas empresas de seguros autorizadas a exercerem a sua
actividade em Angola.

As empresas de seguros podem, quando não existir rubrica apropriada, criar subcontas das contas
apresentadas tomadas as devidas precauções.

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4. Seguros. Plano de Contas


4.2 Princípios contabilísticos

Com o objectivo de que as contas das empresas de seguros apresentem uma imagem verdadeira e
apropriada do património, da situação financeira e dos resultados, deverão ser seguidos os princípios
universais sobre a matéria, nomeadamente as seguintes:

a) Da continuidade:
Presume-se que a empresa de seguros opera continuamente, não tendo a intensão nem necessidade de
entrar em liquidação ou de reduzir significativamente a sua actividade.

b) Da consistência:
Os critérios contabilísticos não podem ser modificados de um exercício para outro. Ocorrendo
qualquer derrogação a este princípio com efeitos materialmente relevantes, a seguradora deve referir e
justificar devidamente.

4. Seguros. Plano de Contas


4.2 Princípios contabilísticos
c) Da especialização:
Os proveitos e os custos são reconhecidos quando obtidos ou incorridos, independentemente do seu
recebimento ou pagamento, devendo incluir-se nas demonstrações financeiras dos períodos a que
respeitam.

d) Do custo histórico:
Os registos contabilísticos devem basear-se, sob reserva do disposto relativamente aos investimentos,
em custos de aquisição ou de produção.

e) Da Prudência:
As contas devem integrar níveis de precaução exigidos por estimativas realizadas em condições de
incerteza não permitindo, contudo, a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas ou de
deliberada quantificação dos activos e proveitos por defeito ou de passivos e custos por excesso .

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4. Seguros. Plano de Contas


4.2 Princípios contabilísticos

f) Da substância sobre a forma:


As operações devem ser contabilizadas atendendo à sua substância e à realidade financeira e não
apenas à forma legal.

g) Da materialidade:
As demonstrações financeiras devem evidenciar todos os elementos que sejam relevantes e que
possam afectar avaliações ou decisões de terceiros

h) Da não compensação de saldos:


Não é permitida, salvo nos casos previstos, qualquer compensação entre contas do activo e do passivo,
ou entre contas de custos e de proveitos.

4. Seguros. Plano de Contas


4.3 Classes

CLASSE 1 CLASSE 2 CLASSE 3 CLASSE 4

DISPONIBILIDADES INVESTIMENTOS E PROVISÕES TERCEIROS


IMOBILIZAÇÕES TÉCNICAS E FUNDO
DE ACTUALIZAÇÃO
E REGULARIZAÇÃO
10 - Caixa 000 20 - Investimentos afectos 30 - Provisões técnicas de 40 - Prémios em cobrança
11 - Depósitos à ordem 17 às provisões técnicas seguro directo 41 - Tomadores de seguro
- Outras disponibilidades 21 - Investimentos livres 31 - Provisões técnicas de e mediadores
22 - Depósitos junto de resseguro aceite 42 - Co-seguradoras
empresas cedentes 32 - Provisões técnicas de 43 – Ressegurados
23 - Imobilizações resseguro cedido 44 - Resseguradores
incorpóreas 45 - Depósitos recebidos
24 - Imobilizações de resseguradores
corpóreas e existências 46 - Estado e outros
25 - Imobilizações em entepúblicos
curso 47 - Outros devedores e
27 - Outros elementos do credores
activo 48 - Acréscimos e
28 - Amortizações diferimentos
acumuladas 49 – Provisões

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4. Seguros. Plano de Contas


4.3 Classes

CLASSE 5 CLASSE 6 CLASSE 7 CLASSE 8

CAPITAIS PRÓPRIOS CUSTOS E PERDAS PROVEITOS E RESULTADOS


E EQUIPARADOS GANHOS

50 - Capital 60 - Indemnizações 70 - Prémios e seus 80 - Resultado do


51 - Prémios de emissão 61 - Variação das provisões adicionais 72 - Resultados exercício
52 – Reservas técnicas distribuídos 86 - Imposto sobre os
55 - Flutuação de valores 62 - Participação nos 74 - Receitas de lucros do exercício
59 - Resultados transitado resultados 63 - Comissões resseguros cedidos 88 - Resultado líquido do
64 - Encargos de 75 - Ganhos realizados em exercício
resseguros cedidos investimentos
65 - Perdas realizadas em 76 - Rendimentos de
investimentos investimentos
66 - Custos por natureza 77 - Outros proveitos e
67 - Outros custos e perda ganho

4. Seguros. Plano de Contas

4.4 Critérios de Valorimetria


Investimentos. Os investimentos são avaliados com base na aplicação do princípio do valor
actual.

Imóveis. Entende-se por valor actual de mercado apurado à data da avaliação. Se não for possível
determinar o valor de mercado de um imóvel, considera-se como valor actual o valor determinado
com base na aplicação do princípio do valor de aquisição ou do custo de produção.

Outros investimentos. Entende-se por valor actual o valor de mercado. Se não for possível
determinar o valor de mercado, os investimentos devem ser avaliados com base numa apreciação
prudente do seu valor provável de realização. Acções e quotas, não poderá ser atribuído valor
superior ao valor que proporcionalmente lhe corresponde nos capitais próprios da respectiva
empresa, de acordo com o último balanço aprovado. Obrigações, não poderá ser atribuído valor
superior ao valor de aquisição, se emitidas durante o exercício e valor nominal, se emitidas em
exercícios anteriores.

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4. Seguros. Plano de Contas

4.4 Critérios de Valorimetria

Imobilizações (corpóreas e incorpóreas) e existências

As imobilizações e as existências devem ser valorizadas ao custo de aquisição. Considera-se como

custo de aquisição o respectivo preço de compra acrescido dos gastos acessórios suportados até à

sua entrada em funcionamento.

5. Contabilização de Operações Correntes

40
17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.1 Contabilização dos prémios de seguro directo


Conta 70 – Prémios e seus adicionais

q Esta conta inclui todos os montantes vencidos durante o exercício relativos aos contratos de seguro,
independentemente de esses montantes se referirem inteiramente ou em parte a um exercício
posterior.
q Inclui:
Ø Os prémios correspondentes a recibos ainda não emitidos, sempre que o cálculo do prémio só
possa efectuar-se no final do ano
Ø Os prémios únicos e as entregas destinadas à aquisição de uma renda anual;
Ø Os suplementos de prémio nos casos de pagamentos semestrais, trimestrais ou mensais e as
prestações acessórias dos segurados destinadas a cobrir as despesas da empresa de seguros;
Ø A respectiva quota-parte do prémio (incluindo adicionais) nos casos de co-seguro;
Ø Os prémios de resseguro provenientes de empresas de seguros cedentes e retrocedentes,
incluindo as entradas de carteira.

5. Contabilização de Operações Correntes

5.1 Contabilização dos prémios de seguro


directo
Conta 70 – Prémios e seus adicionais

Débito Crédito

• Pela anulação do recibo de prémio • Pelo processamento do recibo de prémio

• Pelo estorno do prémio • Pela anulação do recibo de estorno

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.1 Contabilização dos prémios de seguro directo


Conta 40 - Prémios em cobrança

Esta conta é movimentada pelo valor total dos recibos de prémio, aquando da sua emissão, anulação
ou cobrança, em conformidade com o canal de cobrança utilizado. Deve, ainda, ser desdobrada por
entidade cobradora.

q 400 – Directa (sede, delegações ou sucursais)


q 401 – Indirecta (corretores ou agentes)

Débito Crédito
Anulações: tomador não
• Pelo valor dos recibos enviados à • Cobranças realizadas
pagou o prémio
cobrança • Devoluções Estorno: devolução total ou
parcial do prémio que já havia
• Anulações
sido liquidado pelo tomador
• Estorno

5. Contabilização de Operações Correntes

5.1 Contabilização dos prémios de seguro directo

Conta 461 e 462 – Imposto de Selo e Outros impostos e taxas

Esta conta é movimentada pelo valor processado e cobrado ao tomador de seguros por impostos e
taxas que terão de ser entregues, respectivamente ao Estado e a vários organismos.

q 46 10 – IVA (14%)
q 46 11 – IVA (14%)
q 46 21 – Taxa para o Instituto de Supervisão de Seguros

Débito Crédito

• Pelo pagamento aos organismos • Processamento do recibo

competentes

• Anulações

• Estornos

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.1 Contabilização dos prémios de seguro


directo
Exemplo para um seguro aviação:
q Valor seguro: 1.000.000 USD
q Taxa de risco: 0,4%
q Encargos 20%
q Custo da apólice: 2 USD
q IVA 14%

Contas a movimentar
q Conta 70 – Prémios e seus adicionais
q Conta 40 – Prémios em cobrança
q Contas 461 e 462 – IVA e Outros impostos e taxas

5. Contabilização de Operações Correntes

5.1 Contabilização dos prémios de seguro directo

Cálculo do prémio total

q Prémio simples = 1000.000 * 0,4% = 4000 USD


q Encargos = 4.000 * 20% = 800 USD
q Prémio comercial = 4.000 + 800 = 4800 USD

q Custo da apólice = 2 USD


q Prémio bruto = 4.800 + 2 = 4.802 USD

q IVA = 14% * 4.802 = 672, 28 USD


q Prémio total = 5.474,28 USD

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.2 Contabilização das remunerações de mediação de seguro directo


Princípio básico: as remunerações acompanham a vida contabilística do respectivo recibo de prémio. As
comissões são calculadas sobre o Prémio Simples.

Conta 411 – Mediadores de seguro

q Regista os movimentos com os mediadores de seguros como consequência das funções por
estes realizadas no domínio da mediação de seguros.
Decomposição da conta 411:

q 4110 – Comissões a pagar


q Regista as comissões relativas a recibos de prémios já emitidos mas ainda não cobrados.
Pelo valor das remunerações correspondentes: é creditada quando da emissão dos recibos
de prémio; é debitada quando da cobrança ou anulação dos recibos de prémio.
q 4111 – Comissões a receber (estornos)
q 4112 – Contas correntes

5. Contabilização de Operações Correntes

5.2 Contabilização das remunerações de mediação de seguro directo

Débito
Crédito
• Anulação da remuneração em simultâneo
com a anulação do recibo • Processamento da remuneração em
• Crédito ao mediador da remuneração em 4110 simultâneo com a emissão do recibo 4110
simultâneo com a cobrança do recibo de
prémio

• Estorno da remuneração em simultâneo • Crédito ao mediador da remuneração em


com o estorno do recibo de prémio 4111 simultâneo com a cobrança do recibo de
prémio 4112

• Débito da remuneração em simultâneo


com o pagamento do recibo de estorno • Débito da remuneração em simultâneo
4111
• Retenção na fonte (IVA) com o pagamento do recibo de estorno
• Pagamento da remuneração líquido de 4112
imposto ao mediador

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.2 Contabilização das remunerações de mediação de seguro directo

Conta 63 – Comissões

Inclui as comissões processadas (cobrança, mediação e corretagem) líquidas de estornos e anulações.


Conta 630 – Seguros directos
Conta 632 – Custos de aquisição / Remunerações de mediação

Débito
Crédito

• Pelas remunerações processadas • Pelas remunerações anuladas

• Pelas remunerações estornada

5. Contabilização de Operações Correntes

5.3 Contabilização de sinistros de seguro directo

Contas a movimentar

q Conta 60 – Custos com sinistros


q Conta 30? – Provisões técnicas de seguro directo

Conta 60 – Custos com sinistros

Débito
Crédito

• Pela constituição e variação positiva • Pela anulação e variação negativa da

da provisão p/ sinistros provisão para sinistroada

• Pelo pagamento de sinistros

• Pelos custos de gestão dos processos

de sinistro

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.3 Contabilização de sinistros de seguro directo

300 - Provisão matemática do ramo vida


301 - Provisão matemática do ramo acidentes de trabalho
302 - Provisão para riscos em curso
303 - Provisão para incapacidades temporárias de acidentes de trabalho
304 - Provisão para sinistros pendentes
305 - Provisão para desvios de sinistralidade
Débito
Crédito

• Pela anulação e variação negativa da • Pela constituição e variação positiva da

provisão para sinistro provisão p/ sinistros

• Pelo pagamento de sinistros

5. Contabilização de Operações Correntes

5.3 Contabilização de sinistros de seguro directo

Continuação do exemplo do seguro de aviação

q Participação do sinistro (choque de um automóvel na pista com o avião) a


15/12/N cujo custo total estimado foi de 900.000 USD.
q Processo encerrado a 21/3/N+1 com a emissão de um cheque em favor do
beneficiário no montante de 920.000 USD.

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.4 Contabilização dos salvados

Noção:
q Objectos cujo valor de reparação do sinistro é superior ao valor à data do
sinistro (bens destruídos ou então é impossível em termos técnicos a sua
reparação); e
q Bens salvos de um determinado sinistro

Contas a movimentar:

Conta 2410 – Salvados (existências)


Conta 6011 – Variação da provisão para sinistros pendentes

5. Contabilização de Operações Correntes

5.4 Contabilização dos salvados

Continuação do exemplo do seguro de aviação

q Participação do sinistro (choque de um automóvel na pista com o avião) a 15/12/N cujo


custo total estimado foi de 900.000 USD.
q Processo encerrado a 21/3/N+1 com a emissão de um cheque em favor do beneficiário no
montante de 920.000 USD.
q Valor avaliado dos salvados (sucata do avião) foi avaliada em 50.000 USD

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.5 Co-seguros

O líder do contrato terá de contabilizar na sua escrita os prémios, as remunerações de medição e os


sinistros

Contas a movimentar:

q Conta 40 – Prémios em cobrança


q Conta 60 – Custos com sinistros
q Conta 63 – Comissões
q Conta 70 – Prémios e seus adicionais

q Conta 42 – Co-seguradora

• Regista os movimentos com outras empresas de seguros resultantes da celebração conjunta de


contratos de co-seguro

5. Contabilização de Operações Correntes

5.5 Co-seguros

Contabilização do Co-Seguro na Seguradora Líder

Conta 42 – Co-seguradoras
q 420 – Prémios a pagar
Regista, na contabilidade da líder, o valor das quotas-partes dos prémios (incluindo encargos), correspondentes
às restantes co-seguradoras, que ainda não foram cobrados.

q 421 – Sinistros a pagar


Regista a crédito na contabilidade da líder, o valor da quota-parte correspondente às outras co-seguradoras no
valor dos sinistros a pagar quando é a líder que procede, em seu nome próprio e em nome e por conta das
restantes co-seguradoras, à liquidação global do sinistro. É debitada aquando do pagamento dos sinistros, pela
líder.
q 422 – Reembolsos de sinistros a pagar

Regista, na contabilidade da líder, o valor da quota-parte correspondente às outras co-seguradoras de seguros,


dos reembolsos de sinistros que ainda não foram cobrados.

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.5 Co-seguros
Contabilização do Co-Seguro na Seguradora Líder

Conta 42 – Co-seguradoras

q 423 – Remunerações a pagar (de estornos)


Regista, na contabilidade da líder, o valor da quota-parte correspondente às outras co-seguradoras,
nos estornos de remunerações dos mediadores.
q 424 – Comissões a receber
Regista, na contabilidade da líder, o valor da quota-parte correspondente às outras co-seguradoras,
nas remunerações dos mediadores processadas relativas a prémios ainda não cobrados.
q 425 – Estornos a receber
Regista, na contabilidade da líder, o valor da quota-parte correspondente às outras co-seguradoras,
nos estornos de prémios emitidos que ainda não foram pagos.

5. Contabilização de Operações Correntes

5.5 Co-seguros

Contabilização do Co-Seguro na Seguradora Líder

q 426 – Sinistros a receber


Regista a débito na contabilidade da líder, o valor da quota-parte correspondente às outras
coseguradoras no valor dos sinistros a pagar, quando é a líder que procede, em seu nome próprio e
em nome e por conta das restantes outras co-seguradoras, à liquidação global do sinistro. É creditada
aquando do pagamento dos sinistros, pela líder.

q 427 – Contas a receber


Regista o movimento de efectivo com outras empresas de seguros resultantes da celebração
conjunta de contratos de co-seguro.

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.5 Co-seguros

Exemplo do seguro de aviação

q Empresa líder – 70% e Co-seguradora – 30% do valor seguro


q Processamento do recibo de prémio

5. Contabilização de Operações Correntes

5.7 Resseguro

Contabilização do Resseguro Aceite

q Contas a movimentar na aceitação

q Conta 70 10 - Regista os prémios cobrados nos contratos de resseguro


q Conta 43 – Ressegurados, Regista o movimento com cedentes resultante de resseguro
aceite.

q Contas a movimentar para constituição de provisões

Conta 31 – Provisões técnicas de resseguro aceite.

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.7 Resseguro

Contabilização do Resseguro Aceite

q Contas a movimentar

q Conta 60 1 – Custos com sinistros de resseguro aceite

No âmbito desta conta são creditadas as saídas da provisão para sinistros a favor de empresas
cedentes e debitadas as entradas da provisão para sinistros provenientes de empresas cedentes.

q 6010 - Montantes pagos


q 6011 - Variação da provisão para sinistros pendentes

5. Contabilização de Operações Correntes

5.7 Resseguro
Contabilização do Resseguro Aceite

q Contas a movimentar
1- Reconhecimento do sinistro
Descrição - Conta Débito Crédito
Provisão para sinistros 31 X
Variação provisão para sinistros 6011 x

2- Crédito à ressegurada do custo do sinistro

Descrição Conta Débito Crédito


Ressegurados 43 X
Provisão para sinistros 31 x

3- Transferência de variações de provisões para sinistros pagos

Descrição - Conta Débito Crédito


Variação provisão para sinistros 6011 X
Montantes pagos 6010 x

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.7 Investimentos
Seguradoras como grandes investidores institucionais

q As empresas de seguros são obrigadas a investir em activos para a cobertura financeira das
responsabilidades futuras por elas assumidas.

q O seguro constitui um importante instrumento de captação de poupanças a m/l-prazo.


Consequentemente, as seguradoras utilizam esses recursos para fazerem investimentos de médio e
longo prazo em activos como, obrigações, imobiliário, depósitos bancários, fundos de investimento,
etc.

Princípios básicos que orientam a gestão de uma seguradora

1. Segurança
2. Liquidez
3. Rendibilidade

5. Contabilização de Operações Correntes

5.7 Investimentos
Tipos de investimentos

Classe 2 – Investimentos e outros activos financeiros, tangíveis e intangíveis

Nesta classe estão incluídos todos os investimentos, independentemente da intenção de aquisição


e dos respectivos prazos de realização ou alienação, bem como outros activos financeiros e activos
tangíveis e intangíveis. Os juros decorridos devem ser contabilizados na conta relativa ao
investimento que lhes deu origem, devendo no entanto ser relevados em sub-contas distintas.

Classificação de investimentos

q Terrenos e edifícios – uso próprio e de rendimento


q Investimentos em partes de capital – filiais, associadas e empreendimentos conjuntos
q Outros investimentos financeiros – acções, empréstimos, obrigações, derivados
q Depósitos em instituições de crédito

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.7 Investimentos
Tipos de investimentos

Contas a movimentar

q Conta 20 – Investimentos afectos às provisões técnicas


q Conta 21 – Investimentos livres
q Conta 55 – Flutuação de valores
q Conta 75 – Ganhos em investimentos
q Conta 65 – Perdas em investimentos
q Conta 66 – Perdas por imparidade
q Conta 76 – Rendimento de investimentos

5. Contabilização de Operações Correntes

5.8 Provisões
Conceito de provisões não-técnicas

Destinam-se a fazer face a contingências relacionadas com o negócio


49 - Provisões
q 490 - Para prémios em cobrança
Esta conta regista a provisão constituída para fazer face aos riscos de cobrança dos recibos de
prémios.
q 491 - Para créditos de cobrança duvidosa
Esta provisão destina-se a fazer face aos riscos da cobrança de dívidas de terceiros, excluindo os
relativos a recibos de prémios por cobrar.
q 492 - Para riscos e encargos
Esta conta serve para registar as responsabilidades derivadas dos riscos de natureza específica e
provável, não incluindo valores que se destinam a corrigir elementos do activo.

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17/10/21

5. Contabilização de Operações Correntes

5.8 Provisões
Conceito de provisões não-técnicas
Por contrapartida são movimentadas contas de custos equivalentes

664 - Provisões do exercício


Serve para registar as variações sofridas pelas contas de provisão para prémios em cobrança,
provisão para créditos de cobrança duvidosa e provisão para riscos e encargos.
q 6640 - Provisão para prémios em cobrança
q 6641 - Provisão para créditos de cobrança duvidosa
q 6642 - Provisão para riscos e encargos

5. Contabilização de Operações Correntes

5.8 Provisões

Conta 490 – Provisões Prémios em cobrança

Esta conta regista os ajustamentos para fazer face aos riscos de cobrança dos recibos de prémios.

Descrição - Conta Débito Crédito


Provisões Prémios em cobrança 490 X
Provisões Prémios em cobrança 6640 x

Conta 491 – Para créditos de cobrança duvidosa


Este ajustamento destina-se a fazer face aos riscos da cobrança de dívidas de terceiros, excluindo
os relativos a recibos de prémios por cobrar

Descrição - Conta Débito Crédito


Para créditos de cobrança duvidosa 491 x
Para créditos de cobrança duvidosa 6641 x

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