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CONTABILIDADE DE SEGUROS

CURSO: LICENCIATURA EM CONTABILIDADE E AUDITORIA

DISCIPLINA: CONTABILIDADE BANCARIA E DE SEGUROS

DOCENTE: GLORIA NOBRE

ANO LECTIVO/SEMESTRE: 4º Ano/8º SEMESTRE – 2021


Índice:

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................................................3
2 O SEGURO EM MOCAMBIQUE ANTES E DEPOIS DA INDEPENDENCIA..........................................5
3 PRIMAZIA DA IDEIA DE SEGURO..........................................................................................................6
4 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE SEGURO........................................................................................7
4.1 O que é seguro?........................................................................................................................................................8
4.2 Prémio de Seguros....................................................................................................................................................9
4.3 Elementos do contrato do seguro...........................................................................................................................10
4.4 A Indemnização.......................................................................................................................................................11
4.5 Classificação dos Seguros quanto ao Ramo.............................................................................................................12
4.6 Principais Tipos de Seguros.....................................................................................................................................14
4.7 Condições Jurídicas e Técnicas para Realização do Seguro.....................................................................................16
4.8 Divisão de Riscos (Co-Seguro e Resseguro )............................................................................................................17
5 A Contabilidade de Seguros...................................................................................................................19
5.1 CONCEITO DE CONTABILIDADE DE SEGUROS..........................................................................................................19
5.2 CONTABILIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS OPERAÇÕES....................................................................................................19
5.2.1 Contabilização da emissão e cobrança de um recibo de prémios.......................................................................20
5.2.2 Contabilização das Comissões de Seguro Directo...............................................................................................22
5.2.3 Contabilização de Sinistro de Seguro Directo.....................................................................................................27
6 Contabilização de Co-Seguro.................................................................................................................29
6.1 Contabilização do Resseguro..................................................................................................................................37
6.2 NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE RELEVANTES PARA ACTIVIDADE SEGURADORA..........................43

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1 INTRODUÇÃO

A necessidade de se precaver contra o imprevisto é inerente a natureza humana e a vontade de salvaguardar os


riscos que possam ocorrer levam a criação de seguros dos mais diversos tipos. Na realidade, a criação de apólices
de seguros surgiu a par do risco que lhes está salvaguardado, sem ele estas não existiriam.

A primeira forma de seguros, e a qual ainda existe hoje em dia, é a mutualidade, através da qual os diversos
tomadores de seguros pagam regularmente um prémio de seguro previamente acordado para que, no caso da
ocorrência de um sinistro lhe seja paga uma indemnização pelas suas perdas. Este acordo é actualmente
denominado de apólice de seguro e é efectuado entre a seguradora, a qual tem o direito de receber um prémio com
uma determinada periodicidade, premio esse que se consagra um dever para o tomador de seguro. Este último
obtém o direito a uma indemnização no caso de ocorrência de algum sinistro previamente acordado no referido
contrato, constituindo esta indemnização, um dever para a seguradora em questão.

Relativamente aos diversos tipos de contratos de seguros que podem ser formulados entre as duas entidades acima
referidas, actualmente, eles podem recair sobre os mais diversos bens ou pessoas, sendo ainda de referir que é
possível criar contratos de co-seguro e resseguro, assegurando assim grandes riscos ou até mesmo a própria
seguradora, junto de outras seguradoras.

Na chamada “Pré-história do seguro” existiram culturas com fraco desenvolvimento comercial, onde a família era
organizada em clãs ou tribos, nalguns casos as formas de solidariedade e cooperação eram notórias, as
consequências e danos resultantes de infortúnios e ou acidentes, era garantida a subsistência dos lesados,
nomeadamente os incapacitados, viúvas, órfãos, etc.

 5000 a 2300 A.C. - No auge da antiga China, a civilização chinesa estendia-se a partir do vale amarelo, os
transportes fluviais eram feitos em frágeis barcas. Cautelosamente cada barca transportava apenas uma
parte da mercadoria de cada comerciante. Em caso de afundamento ou apresamento apenas se perderia uma
parte dos bens de cada um. Esta antiquíssima forma de prevenção consistia na fragmentação ou distribuição
espacial do risco como forma de minimizar os prejuízos caso sucedesse um sinistro. É um processo técnico
sempre e actualmente utilizado.

 1600 A.C. - Os Fenícios efectuavam um intenso comércio marítimo e estabeleciam formas de Convenção
que concedia novas naves aos Armadores que tivessem perdido as suas. A partir de Sidon e Tiro
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estabeleceram em todo o Mediterrâneo, fundaram Cartago, Cádis e possivelmente Lisboa. Chegaram à
Cornualha e à Guiné (?). Para se defenderem dos perigos do mar, criaram um fundo de reserva subtraído do
lucro para fazer face aos prejuízos de viagens futuras. Toda a mercadoria que chegava a salvo era onerada
com o valor da que se perdia o que é de forma muito rudimentar uma contribuição para avaria grossa.

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2 O SEGURO EM MOCAMBIQUE ANTES E DEPOIS DA INDEPENDENCIA

Embora o seguro na sua forma moderna tenha começado no século XIV na Europa e
tenha registado um grande desenvolvimento no século XVIII como fruto do comercio
marítimo e da navegação ligados aos impérios coloniais, em Moçambique, só começou a
ser praticado no século XX com a criação das primeiras sociedades de seguro, que foram:

 Companhia de Seguros Náuticos, SARL;


 Companhia de Seguros Lusitano, SARL;
 Companhia de Seguros Tranquilidade de Moçambique, SARL;
 Companhia de Seguros Mundial e Confiança de Moçambique, SARL.

Dada a importância deste sector e aliado ao sistema económico socialista, então em


vigor, através do decreto lei 3/77 de 13 de Janeiro, o Governo Moçambicano
nacionalizou todo o sector de seguros e consequentemente foi criada a luz do mesmo
decreto lei a Emose EE, que passa a integrar o activo e passivo das seguradoras
Lusitano, Náuticos e Tranquilidade e nos termos do decreto lei referido, a Companhia
de seguros Mundial e Confiança cessava as suas funções em Moçambique.
Em 21 de Janeiro de 2003 foi publicada a Lei 3/2003, que estabelece as condições de
acesso a actividade seguradora no país, bem como a respectiva mediação e define
ainda as condições para o estabelecimento no exterior, de quaisquer formas de
representação por parte de seguradoras e resseguradoras com sede em Moçambique.

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3 PRIMAZIA DA IDEIA DE SEGURO

Com o desenvolvimento da navegação nasce a ideia primazia do seguro, ao se adoptarem actos


de protecção contra perigos do mar e nos preceitos contra riscos marítimos, como por exemplo, a
avaria grossa, em que se tinha de atirar a mercadoria ao mar, o navegador ou armador era
indemnizado por este acto.

As leis Rhodias, 200 anos antes da fundação de Roma, mais conhecidas Lex Rhodias de Jactu e
regulamentos indicavam para protecção económica das perdas provenientes da actividade
marítima, 350 anos a.C. eram concedidos empréstimos para peritos do mar, em que tanto o
capital como os juros eram resgatados se o navio chegasse ao destino.

As leis do Mano, livro sagrado da Índia, estabelecia a formação de comunidades para a protecção
em assaltos verificados em longas viagens terrestres, protecção essa que se estendia aos perigos
do mar. O Câmbio Marítimo, em que o juro pago pelo devedor era igual ao juro do capital mais o
prémio do risco, donde, a diferença entre a taxa de juro do empréstimo comum com a taxa de
juro do empréstimo marítimo era igual ao prémio do seguro. Conclui-se assim, que o Câmbio
Marítimo antecedeu o contrato de seguro.

Afirma-se também terem-se encontrado leis fenícias, indianas romenas que tinham o
seguinte princípio: a perda de um torna-se mais leve quando dividido com os outros. A
Penhora da Grande Aventura, foi entre gregos e romanos e é considerado um verdadeiro
antepassado do seguro marítimo. Os penhoristas em caso de perda da carga ou do navio em
consequência do acidente marítimo, não podiam cobrar qualquer importância, mas em
contrapartida, se o navio chegasse salvo ao destino o penhorista recebia o dinheiro avançado e
ainda tinha uma participação no valor das mercadorias, como compensação do risco corrido.

Uma das mais antigas formas de reparação de danos, fora da actividade marítima e evidenciada
pelas associações de socorro mútuo que se generalizaram sob a forma de instituições de caridade
e de previdência. As instituições de mutualidade mais importantes, que na complexidade dos

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seus fins, se aproximavam a função económica do seguro de vida e que praticavam operações de
risco que corriam os seus associados eram:
 Sodalitates Collegia, eram comunidades que se dedicavam a caridade e ao culto
religioso, proporcionavam, entre outras coisas, meios pecuniários aos pobres, auxílio aos
doentes e particularmente concediam um apoio funerário aos pobres dando lhes uma
sepultura honrosa. Financeiramente, valiam-se dos festejos em homenagem aos seus
ídolos mitológicos.
 Ghildas, assemelhavam – se as Sodalitates romanas e dividiam-se em Ghildas Religiosas
ou de Paz e Ghildas Comerciais. Expandiram-se na Alemanha, França, Inglaterra e nos
países baixos e durante a idade média eram promovidas pelos frades viajantes no
exercício do seu sacerdócio. Obtinham a maior parte dos seus fundos através de
quotizações dos seus membros. Foram mais tarde aproveitadas pelas autoridades
governamentais e eclesiásticas dando lhes um carácter obrigatório, como fez o Papa
Alexandre III, o que acelerou o seu desenvolvimento.
 Sinedrias, eram associações semelhantes as ghildas, desenvolveram-se durante a
convicção das mútuas marítimas entre os navegantes do golfo pérsico onde contribuíam
para cobrirem os riscos de acidentes marítimos e pirataria.
 Eránites, eram instituições que visavam proporcionar prazer aos seus sócios,
organizavam piqueniques, refeições em comum e as suas quotizações eram designadas
oranos. A ideia rudimentar de previdência organizada marca uma das primeiras formas
de cooperação, a qual foi se avivando e melhorando até os nossos dias

4 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE SEGURO

A actividade seguradora é tradicionalmente encarada na óptica do fornecedor de serviços de


mutualização de riscos, através de actos relativos a aceitação e cumprimento de contratos de
seguro ou resseguro e operações de seguros, bem como, a prática de actos e contratos conexos ou
complementares daqueles, nomeadamente os respeitantes a salvados, edificação e reparação de
prédios e veículos, manutenção de postos clínicos e aplicação de provisões, reservas e capitais.

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Actualmente o aspecto financeiro da função seguradora, anteriormente menosprezado, começou
a ser devidamente valorizado, especialmente no ramo vida em consequência do fenómeno de
concorrência que reduziu as margens técnicas dos produtos.

O nosso estudo, cingir-se-á apenas aos conceitos básicos de seguro e o tratamento contabilístico
das operações de seguro. Reservamos o estudo dos aspectos financeiros da actividade seguradora
para as disciplinas de especialidade, tais como Cálculo Actuarial e Matemática Financeira.

4.1 O que é seguro?

O seguro é um contrato pelo qual o segurador se obriga para com o segurado, mediante um
prémio, a indemniza-lo pela perda sofrida, dano ou privação do lucro esperado. Podemos ainda
definir o seguro como um contrato estabelecido entre o segurador e o segurado, com firme
propósito de reparar por uma indemnização o prejuízo verificado ao dar-se um acontecimento
previsto e específico.

Seja qual for o risco sobre o qual se efectua o seguro, este tem essencialmente o fim de
indemnizar o segurado ou o beneficiário, dos prejuízos que efectivamente tenha sofrido e
previamente seguros, não podendo em caso algum constituir um meio de alcançar o lucro, o
contrário, seria a negação absoluta do princípio mutualista em que assenta o seguro.

O contracto do seguro é aleatório, porque está sujeito às incertezas do acaso. A aleatoriedade do


contrato de seguro está mais para o lado do segurado uma vez que o prémio é obrigatório para a
celebração do contrato a indemnização se verifica no caso de ocorrência de um determinado
evento incerto.

Segundo Santos (1991) o seguro é uma operação pela qual é transferida para o Segurador a
gestão empresarial, organizada em moldes científicos e baseada em leis estatísticas, de
determinados riscos aleatórios, comuns a uma mutualidade de seguros, através de contratos
bilaterais pelos quais o contratante segurador se compromete, perante o contratante segurado, a
liquidar ao (s) beneficiário (s) do contrato, prestações em dinheiro, espécie ou serviços, no caso e
na medida dos danos originados pela concretização desses riscos, ou liquidar em capital ou renda
de acordo com o que prévia e convencionalmente tiver sido estipulado em modalidades de
natureza não indemnizatória, obrigando-se cada contratante segurado ao pagamento de certa

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importância em dinheiro, correspondente à sua quota-parte na gestão dos riscos em causa e/ou
das responsabilidades assumidas.

O conceito de seguros pode ser abordado sob diversas perspectivas, consoante se atenda aos
aspectos económicos-sociais, técnicos ou jurídicos que apresenta.

Do ponto de vista económico e social, o seguro assenta num elemento fundamental que é a
mutualidade. O segurado procura, no seguro, uma solução contra as consequências do acaso,
competindo ao segurador eliminá-las. Para tal, o segurador agrupa o maior número de pessoas
(segurados) numa determinada comunidade. É construída uma caixa comum através de uma
contribuição (quota, prémio) feita pelos segurados, da qual sairão os pagamentos das prestações
prometidas às pessoas afectadas pelo acaso (Santos, 1991).

Do ponto de vista técnico, a actividade seguradora tem a função de arrecadar os fundos


necessários e suficientes para pagar as indemnizações resultantes da ocorrência de sinistros
cobertos pelas apólices celebradas com os segurados.

Do ponto de vista jurídico, o seguro é um contrato bilateral e oneroso. Tanto a seguradora


como o segurado têm direitos e obrigações: a seguradora compromete-se a entregar uma
prestação em dinheiro ou espécie (indemnização) no caso de ocorrer um determinado
acontecimento incerto que origine prejuízo económico (sinistro), enquanto o segurado se
compromete a pagar o respectivo prémio.

O seguro permite que o sinistro seja suportado não só pelo contratante mas também pelos que o
rodeiam. O seguro é uma garantia para interesses individuais bem como colectivos, pois a perda
de um património empobrece um conjunto de pessoas. O seguro garante não só riquezas expostas
ao risco mas também cria riquezas através do investimento que efectua nos sectores público e
privado, criando mais serviços e emprego para a colectividade.

4.2 Prémio de Seguros

O prémio é a importância que o segurado paga ao segurador em virtude de que este se obriga a
pagar a indemnização conforme as condições fixadas no contrato que determinam esse
pagamento. Pode se dizer que o prémio é o valor actual ou provável do risco pelo qual a
seguradora toma a responsabilidade num período determinado. O prémio classifica-se:

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• Prémio Puro – é o prémio calculado com base nas taxas encontradas, é o preço do
risco. Se a seguradora recebesse o prémio puro, não perdia nem ganhava, recebia
apenas o essencial para o pagamento da indemnização;
• Prémio Comercial – é o prémio efectivo que a seguradora cobra ao segurado, é o
prémio puro adicionado das comissões, das despesas de aquisição, etc.

A diferença entre o prémio puro e o prémio comercial designa-se carga.

4.3 Elementos do contrato do seguro

O contrato de seguro é composto por três elementos principais, esses são indicativos das fases
que são percorridas até se chegar ao acordo final e podem ser descriminados da seguinte
maneira:

• Proposta de seguros

• Minuta de seguro

• Apólice

Proposta de seguros, é um documento pelo qual o segurado faz saber ao segurador o objecto de
seguro que pretende contratar, riscos e demais pormenores, provando com a proposta a sua
adesão ás condições em que o segurador aceita o risco. Na prática, este documento é
representado pelos formulários que devem ser preenchidos pelas pessoas que pretendem
contratar um seguro.

Minuta de seguro, representa a fase transitória da apólice, isto é, logo que a proposta de seguro
seja aceite pela seguradora, esta a passa a designar-se minuta do contrato de seguro. A minuta
equivale para todos os efeitos, a apólice. Com a dinâmica actual e com desenvolvimento

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tecnológico as seguradoras praticamente entregam a apólice logo que a proposta é aprovada e o
prémio pago.

Apólice do seguro é o instrumento do contrato de seguro, portanto, o acordo entre o segurado e


o segurador é regulado por este documento. Em caso de litígio entre as partes o que não está
previsto na apólice é resolvido com recurso ao Código Comercial.

Existem as chamadas apólices flutuantes, que são emitidas para cobrirem valores existentes,
seja qual for, o seu montante, o qual para efeitos de prémio, é comunicado periodicamente pelo
segurado ao segurador por notas designadas aplicações. Este tipo de apólices são convenientes
quando os valores seguros sofrerem constantes variações por entradas e saídas de mercadorias.

4.4 A Indemnização

A indemnização é a quantia paga pelo segurador ao beneficiário, para a reparação do prejuízo ao


se verificar o sinistro. O sinistro deve ser um facto previsto no contrato rubricado entre o
segurado e o segurador. Quando se dá o sinistro é dever do segurado participa-lo ao segurador
dentro de 8 dias imediatos àquele em que ocorreu ou em que o mesmo teve conhecimento ou
num prazo mais curto segundo as condições da apólice ou no prazo de 48 horas tratando-se do
ramo de acidentes do trabalho.

A indemnização do sinistro regula-se pelo valor do objecto, na data do sinistro, salvo no que
respeita a seguros de colheitas em que o valor da indemnização se determina pelo valor que os
frutos de uma produção teriam a tempo em que devia se colher, se não tivesse sucedido o
sinistro.

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A avaliação é feita por um perito da seguradora que, verificando os objectos sinistrados e
respectivos salvados, em concordância com as condições constantes da apólice, ajusta com o
segurado o valor aproximado dos prejuízos a indemnizar.

4.5 Classificação dos Seguros quanto ao Ramo

Alves (2002:14) afirma que a actividade seguradora está tecnicamente dividida pela natureza dos
bens a segurar. Esta divisão é conhecida como ramo de seguro. Existe o Ramo Vida, que
compreende os seguros que cobrem o risco de morte ou sobrevivência das pessoas e existem o
ramo Não Vida, que englobam todos os outros seguros.

Comercialmente, os ramos têm várias designações, havendo inclusive, Companhias de seguros


que lançam produtos que incluem vários ramos. A Inspecção Geral de Seguros define os ramos
do seguro que tem uma relação directa com o plano oficial de contas para as companhias
seguradoras.

Em Moçambique, estão definidos como obrigatórios alguns seguros, como é o caso do seguro
de responsabilidade civil automóvel e o seguro de acidentes de trabalho. Esta
obrigatoriedade, que tem sido implementada ao longo dos anos em diversos ramos, está no
âmbito da componente social, como defesa dos cidadãos em geral, que o Estado pretende
salvaguardar através da transferência de responsabilidade.

Os seguros obrigatórios são uniformes em todas as companhias de seguros, uma vez que todas
seguram os mesmos riscos nas mesmas condições, variando essencialmente no preço e nos
serviços prestados. Como forma de completar os seguros obrigatórios, surgem os seguros
facultativos que aumentam o leque da oferta das companhias de seguros, aonde se pode transferir
parte dos riscos a que se está exposto. Os seguros facultativos possuem uma estrutura livre, isto
é, cada companhia define os riscos que pretende suportar e quais as condições de adesão

O ramo vida inclui o seguro de vida, seguro de nupcialidade e seguro de natalidade,


seguros ligados a fundos de investimento, operações de capitalização e gestão de fundos
colectivos de reforma, fundos de pensão.

Alves (2002:15), no ramo não vida, encontramos: os seguros de acidentes pessoais, pessoas
transportadas, trabalho, veículos terrestres, ferroviários, aeronaves, embarcações marítimas,

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fluviais e lacustres , responsabilidade civil geral, responsabilidade civil de veículos terrestres a
motor, responsabilidade civil de aeronaves, protecção jurídica, perdas pecuniárias diversas,
crédito, outros danos em coisas, incêndio e elementos da natureza, mercadorias transportadas,
caução, assistência a pessoas em deslocação e a pessoas noutras circunstâncias.

A comercialidade de todos estes ramos é exercida, no mercado nacional, pelas seguintes


entidades:

 Companhias de seguros, também denominadas seguradoras ou empresas de


seguros;
 Sociedades gestoras de fundo de pensões e;
 Mediadores.
Uma companhia de seguros é uma instituição que tem por objectivo indemnizar os prejuízos
involuntários verificados no património do segurado, ou que afectem a integridade física das
pessoas seguras, mediante o recebimento de prémios.

Como cada ramo tem as suas especificidades, tanto a nível do negócio como a nível da
legislação, as companhias de seguros possuem uma divisão estrutural por ramos de seguros
(Silva, 1994).

Além disso, de acordo com os ramos que exploram, as seguradoras são classificadas como:

 Seguradora do ramo Vida, caso explore apenas o ramo Vida;


 Seguradora de ramos Não Vida, caso explore apenas um ou vários ramos de Não Vida; e
 Seguradora mista, caso explore, conjuntamente, o ramo Vida e os ramos Não Vida de
Acidentes e Doença, não podendo explorar outros ramos Não Vida.

Grupos e subgrupos de seguros


Grupo Sub Grupo
Acidentes e Acidentes;
doenças Acidentes de trabalho;
Acidentes Pessoais;
Pessoas Transportadas;
Doença.

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Incêndios e outros Incêndios e elementos da natureza;
danos Outros danos e coisas;
Agrícolas Incêndios;
Agrícolas colheita,
Pecuária; Roubo; Cristais;
Deterioração de bens refrigerados;
Avarias de máquinas;
Riscos múltiplos habitação;
Riscos múltiplos comerciais;
Riscos múltiplos industriais;
Outros.
Automóvel Veículos terrestres;
Mercadorias transportadas;
Responsabilidade civil de veículos terrestres a motor;
Pessoas transportadas.
Veículos ferroviários;
Marítimo e Embarcações marítimas; lacustres fluviais;
transportes Mercadorias transportadas;
Responsabilidade civil de embarcações;
Pessoas transportadas
Aeronaves;
Responsabilidade civil aeronaves;
Aéreo Mercadorias transportadas;
Pessoas transportadas
Responsabilidade Geral;
civil De produtos;
De Profissional;
De Caçadores;
outros;
Mercadorias Mercadorias transportadas
transportadas

4.6 Principais Tipos de Seguros

Pelos relatórios estatísticos publicados pela IGS verifica-se que alguns ramos têm um forte peso
na carteira de seguros das companhias, isto quanto ao número de apólices, ao valor dos prémios
recebidos e ao valor das indemnizações pagas. Destes relatórios destacam-se os seguintes ramos:

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 Seguro de vida;
 Seguro automóvel;
 Seguro habitação;
 Seguro de acidentes de trabalho;
 Seguro de doença;
 Seguro de roubo;
 Seguro de responsabilidade civil geral;
 Seguro de transportes;
 Seguro de incêndio e elementos da natureza;

Seguro de Vida – o seguro de vida é um seguro efectuado sobre a vida de uma ou várias pessoas
seguras, que permite garantir, como cobertura principal, o risco de morte ou de sobrevivência, ou
ambas. Esta cobertura pode ainda ser integrada ou complementada por uma operação financeira
(Bandeira, 1995).

Seguro de Acidentes de Trabalho – Em Moçambique este seguro é obrigatório e tem por


objectivo reparar os danos emergentes dos acidentes de trabalho e doenças profissionais. A
obrigatoriedade de segurar recai sobre todas as entidades empregadoras, visando assegurar os
trabalhadores por conta de outrem e seus familiares, e sobre os trabalhadores independentes,
aqueles que exercem uma actividade por conta própria.

Seguro de Transportes – Actualmente tem se verificado uma grande movimentação de


mercadorias, que têm de ser transportadas de várias formas, tais como navio, camião, comboio
ou avião, entre vários países ou dentro do mesmo país. Porém, este transporte de mercadorias
está fortemente sujeito a riscos, tais como o roubo, o desaparecimento, os fenómenos da natureza
ou as greves. Como resposta a estes riscos, as seguradoras criaram o seguro de transportes, que
garantem a reparação em caso de danos verificados nas mercadorias ou objectos quando
transportados.

Seguro de Roubo – De acordo com a IGS o seguro de roubo garante a indemnização por perda,
destruição ou deterioração dos bens seguros por furto ou roubo ou por tentativa de furto ou
roubo, no local de risco indicado no contrato.

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Seguro de Incêndio e Elementos da Natureza – Este seguro garante a cobertura de danos
directamente causados ao edifício, fracção ou conteúdo, pela ocorrência do incêndio ou
elementos da natureza tais como a tempestade, inundações, fenómenos sísmicos ou aluimentos
de terra.

4.7 Condições Jurídicas e Técnicas para Realização do Seguro

Para que o seguro seja realizável, devem ser satisfeitas quatro condições de ordem jurídica:
 Vontade de contratar; o consentimento das partes é necessário para a subscrição do
contrato. O que na prática acontece é que os segurados aderem as condições apresentadas
pelas seguradoras;
 Capacidade jurídica para celebração do contrato;
 Risco deve ser real e realizável, quer dizer, não é possível segurar objectos que não
existem,
 Risco lícito, só é possível segurar coisas legais, por exemplo não é possível segurar
mercadorias de contrabando.
Por outro lado é necessário reunir algumas condições técnicas que permitem realizar o seguro.
Para que um risco seja segurável, é necessário obedecer duas condições fundamentais:

a) Ser objecto de um estudo estatístico, o qual permite medir a sua frequência relativa da
realização do sinistro;
b) Seja possível o agrupamento num número suficientemente grande de tais riscos, de
maneira a permitir a compensação entre eles no que se refere ao aparecimento dos
sinistros.

É importante referir que as condições técnicas não têm fronteiras, quer dizer, a medição da
frequência relativa não termina nos sinistros que ocorrem dentro das fronteiras nacionais, dai que
o agrupamento dos riscos pode incluir os sinistros que ocorrem no estrangeiro. Para este efeito
pode contar com o Co-seguro ou o Resseguro, como veremos mais adiante.

As principais operações da actividade seguradora são o seguro directo, o co-seguro e o resseguro.

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4.8 Divisão de Riscos (Co-Seguro e Resseguro )

Segundo (Silva, 1994) as seguradoras utilizam diversos processos na gestão da sua carteira de
riscos. Um dos mais importantes e também mais antigo é a fragmentação desses riscos, isto é, a
divisão do risco por outras entidades. Actualmente existem dois mecanismos aplicados nesta
divisão de responsabilidades: O co-seguro e o Resseguro.

O mesmo autor afirma que o co-seguro caracteriza-se pela participação de várias seguradoras na
garantia de um mesmo risco (uma apólice), através de um acordo prévio, assumindo cada uma
delas uma quota-parte do risco coberto ou do capital garantido: recebem uma parte do prémio
pago pelo segurado e indemnizam na mesma proporção.

O Co-seguro é criado para uma apólice em particular, em que a companhia que recebe a
proposta verifica que não pode suportar financeiramente o capital em risco e procura outras
companhias para distribuir proporcionalmente os ganhos e despesas.

O Resseguro é a denominação dada à operação de fazer transferir para uma seguradora ou


resseguradora todos ou parte dos riscos aceites directamente por uma empresa seguradora. O
resseguro é a execução do princípio de previdência na divisão dos riscos, pela qual se pretende
que estas se diluam até ao infinito, visto que o Ressegurador por sua vez se faz ressegurar e
assim em diante até que a responsabilidade própria de cada sociedade interessada seja, uma coisa
mínima, que em caso de sinistro não possa destruir a situação económica e financeira de cada
uma delas.

(Mendes, 2005) afirma que o resseguro consiste no segurador se segurar a si próprio junto de
outros seguradores, podendo estes efectuarem novo resseguro noutra entidade e assim
sucessivamente. Pode-se dizer que o resseguro é o seguro das seguradoras. O resseguro pode ser
praticado por empresas especializadas que só exploram o resseguro ou por seguradoras
“normais”. Para além da divisão do risco, o resseguro é procurado para a troca de experiências e
para a conquista de novos mercados

O resseguro é um contrato feito com várias entidades, normalmente para um ano civil, em que a
companhia de seguros cede uma parte do capital de todas as apólices efectuadas nesse período de

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tempo e que seguram os riscos do tratado. Como contrapartida as seguradoras recebem um
prémio correspondente ao risco aceite.

Na prática, os seguradores procuram ressegurar-se junto de empresas estrangeiras, não só devido


ao princípio da divisão de riscos por áreas geográficas diversificadas, mas fundamentalmente
porque o ressegurador pode tornar-se concorrente no plano directo do seguro (Silva, 1994).

Enquanto, no co-seguro, o cliente que contrata o seguro sabe que existem várias companhias a
partilharem o risco, embora o seu relacionamento seja apenas com a companhia líder, no
resseguro não há relação directa entre este e o ressegurador e não há conhecimento da partilha
do risco. O tomador sabe apenas que possui um contrato com a companhia de seguros e que esta
se compromete a indemnizá-lo no caso de sinistro. Não sabe que a seguradora, por sua vez,
também faz vários contratos com outras entidades, denominadas resseguradoras, para distribuir a
responsabilidade.

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5 A Contabilidade de Seguros

Todas as unidades económicas devem conhecer em datas predeterminadas, a sua situação económica e
financeira, obedecendo a determinados princípios e seguindo uma certa tramitação que têm a sua
materialização no que se designa por contabilidade (Santos 2004: 9).

A actividade seguradora não foge a regra e, nesse sentido, pode se afirmar que a contabilidade de
seguros é tão antiga quanto a própria actividade, ainda que durante muitos anos não tivesse uma
autonomia própria, diluindo-se na Contabilidade Geral.

A contabilidade de seguros é uma parte da contabilidade aplicada privada que se ocupa do registo,
processamento da informação e produção das demonstrações financeiras resultante das operações
realizadas pelas empresas seguradoras.

O funcionamento da contabilidade de seguros não foge a regra dos outros ramos da Contabilidade, uma
vez que ela é parte integrante da Ciência mãe – a Contabilidade Geral.

5.1 CONCEITO DE CONTABILIDADE DE SEGUROS

Segundo Santos (1991) a Contabilidade de Seguros é uma ciência que se ocupa no estudo do património
em seus vários aspectos estáticos e em suas variações com o objectivo de registar, explicar, interpretar e
analisar, os factos patrimoniais que se verificam, nas entidades que se dedicam a actividade seguradora.
É através da contabilidade de seguros que se pode determinar os factos relevantes para as instituições
seguradoras dado que esta actividade se diferencia das outras actividades em outras empresas
comerciais e industriais sendo por isso sujeita a um plano de contabilidade diferente.

5.2 CONTABILIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS OPERAÇÕES

Em virtude do número elevado e multifacetado das transacções e operações contabilísticas


realizadas por entidades seguradoras, e porque não se pretende um estudo exaustivo do assunto,
seleccionaremos para discussão do seu tratamento contabilístico apenas as principais operações
de seguro.

19
Docente: Glória Nobre
Assim, com auxílio de alguns casos práticos e esquemas de contabilização, iremos discutir a
contabilização de operações, tais como, a emissão do recibo de prémios; a divisão de riscos as
indemnizações e outras transacções conexas.

Na definição do contrato de seguro, o prémio é um elemento essencial. O pagamento do prémio


representa a validação do vínculo entre o segurado e o segurador.

5.2.1 Contabilização da emissão e cobrança de um recibo de prémios

70 – PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS, COM A SEGUINTE MOVIMENTAÇÃO:


A DÉBITO- PELA ANULAÇÃO DO RECIBO DE PREMIO
A CRÉDITO - PELA EMISSÃO OU PROCESSAMENTO DO RECIBO DO PREMIO

700 – PRÉMIOS DE SEGURO DIRECTO VIDA


701 – PRÉMIOS DE SEGURO DIRECTO NÃO VIDA

40 – TOMADORES DE SEGUROS, COM A SEGUINTE MOVIMENTAÇÃO:


A DÉBITO- PELO VALOR DOS RECIBOS ENVIADOS A COBRANÇA
A CRÉDITO – PELAS COBRANÇAS REALIZADAS

408 – Contas a cobrança


46 –ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E TAXAS
A DÉBITO:
PELO PAGAMENTO AOS ORGANISMOS E PELAS ANULAÇÕES
A CRÉDITO – PELO PROCESSAMENTO OU EMISSÃO DO RECIBO

10 – CAIXA OU 11 – DEPÓSITOS A ORDEM

Exemplo:

20
Docente: Glória Nobre
Em 25 de Maio de 2015 a seguradora Chidengwa SA com sede em Maputo emitiu o recibo de premio nº
125 relativo a apólice nº 45 do ramo automóvel, a cobrar pela Sede em que o premio total para um capital
seguro de 2.000.000 foi calculado com base nos seguintes elementos:

 Taxa de risco .................................................... 4‰


 Encargos .......................................................... 20%
 Custo de Apólice ....................................... 400,00MT
 Selo de Apólice ................................................. 9%

O recibo de premio foi cobrado no dia 25 do mesmo mês.

Pedidos:

(a) Cálculo do valor do recibo nº 125;


(b) Contabilização da emissão do recibo
(c) Contabilização cobrança do recibo.

(a) Cálculo do valor do recibo:

 Premio simples (4‰ x 2.000.000,00MT) ....................................... 8.000,00


 Encargos (20% x 8.000,00MT) .......................................................1.600,00
 Premio Comercial .........................................................................9.600,00
 Custo de Apólice ...............................................................................400,00
 Premio Bruto .............................................................................. 10.000,00
 Selo de Apólice (9% x 10.000,00MT) ................................................900,00
 Premio Total ................................................................................10.900,00

(b) Contabilização da emissão:

Maputo, de Maio de 2015


       

21
Docente: Glória Nobre
  40 TOMADORES DE SEGURO
    4008 Contas cobrança
    40080 Directa  
    400800 Sede/Sucursal 10,900.00  
  70 PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS
    7001 Prémio de seguro directo não - vida
    70010 Prémios Processados   9,600.00
    70013 Custo de Apólice   400.00
ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E
  46 TAXAS
    46003 Outros impostos e taxas
    4600300 Imposto de selo  
    46003000 Selo de Apólice   900.00
    P/emissão do recibo nº 125    
             

(c) Contabilização da cobrança do recibo:

             
       
  10 CAIXA    
    1000 Sede 10,900.00  
  40 TOMADORES DE SEGURO    
    4008 Contas cobrança    
    40080 Directa   10,900.00
    400800 Sede/Sucursal    
    P/cobrança do recibo nº 125    
             
       
       

5.2.2 Contabilização das Comissões de Seguro Directo


Os negócios do seguro tanto podem chegar à seguradora directamente pelo tomador do seguro ou por
intermédio de um mediador de seguro. Fundamentalmente, existem dois canais de distribuição dos
serviços de seguro:
• Canais tradicionais e
• Canais modernos.

22
Docente: Glória Nobre
Os canais tradicionais incluem, mediadores e venda directa e os modernos compreendem bancos
comerciais, telemarketing e Internet (e – business). Se o canal de distribuição usado pela seguradora
envolver terceiros, resultará num encargo, designado por comissão.

Os mediadores de seguro, dividem-se em:

 Os agentes de seguro, apresentam, propõem e preparam a celebração de contratos de seguro. A


sua actividade pode ser exercida junto das seguradoras ou de corretores.
 O corretor de seguros é um mediador tecnicamente qualificado, que para além de intermediação
pode exercer funções de consultoria em matéria de seguros junto dos tomadores.
 Os angariadores de seguros são normalmente funcionários das seguradoras afectos a área
comercial, com a função de atrair negócio para a empresa.

As comissões pagas ou creditadas aos intermediários podem ser em forma de:


• Comissão de cobrança;
• Comissão de corretagem

AS CONTAS A MOVIMENTAR SÃO:

63-CUSTOS DE EXPLORA ÇÃO


A DÉBITO- PELAS REMUNERAÇÕES DE MEDIAÇÂO PROCESSADAS

A CRÉDITO – PELAS REUNERAÇÕES DE MEDIAÇÂO ANULADAS

41-MEDIADORES DE SEGUROS

É DEBITADA NA COBRANÇA E NA ANULAÇÂO DOS RECIBOS DO PRÉMIO

É CREDITADA QUANDO HÁ PROCESSAMENTO DAS COMISSOES DE MEDIAÇÂO

40 – TOMADORES DE SEGUROS
A DÉBITO- PELO VALOR DOS RECIBOS ENVIADOS A COBRANÇA
A CRÉDITO – PELAS COBRANÇAS REALIZADAS

23
Docente: Glória Nobre
46 –ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E TAXAS
A DÉBITO:
PELO PAGAMENTO AOS ORGANISMOS E PELAS ANULAÇÕES
A CRÉDITO – PELO PROCESSAMENTO OU EMISSÃO DO RECIBO

10 – CAIXA OU 11 – DEPÓSITOS A ORDEM

EXEMPLO:

Em 22 de Janeiro de 2014 a seguradora Unga Luzhi, SA., com sede na Matola emitiu o recibo nº 450
relativo a apólice nº 14 do ramo acidentes de trabalho, da angariação do mediador H. Tokoza (agente) em
que o premio total para um capital seguro de 100.000,00MT, foi calculado com base nos seguintes
elementos:

 Taxa de risco .................................................... 2‰


 Encargos .......................................................... 20%
 Custo de Apólice ........................................ 20,00MT
 Selo de Apólice ................................................. 5%

O recibo foi cobrado pelo mediador em 21 de Fevereiro do mesmo ano, data em que prestou contas a
seguradora do valor cobrado, liquido das comissões e acrescido do imposto retido na fonte calculado a
taxa de 20%.

Pedidos:
(a) Cálculo do valor do recibo nº 450, das comissões e impostos;
(b) Contabilização da emissão e cobrança do recibo, sabendo que o mediador na prestação de contas
enviou o cheque nº 123456 sobre banco N’bondo Khumi e que o mesmo tem direito as seguintes
comissões: mediação – 10% e cobrança – 4%.

(A) Cálculo do valor do recibo:

24
Docente: Glória Nobre
 Premio simples (2‰ x 100.000,00MT) ......................................... 200,00
 Encargos (20% x 200,00MT) ..........................................................40,00
 Premio Comercial ........................................................................240,00
 Custo de Apólice ..............................................................................20,00
 Premio Bruto ............................................................................... 260,00
 Selo de Apólice (5% x 260,00MT) ..................................................13,00
 Premio Total .................................................................................273,00

Comissões:

 Mediação (10% x 200,00MT) ..................................................... 20,00


 Cobrança (4% x 200,00MT)...........................................................8,00
 Total ............................................................................................28,00

Impostos:

 IRPS (20% x 28,00MT) ...............................................................5,60

(B) Contabilização das operações:

Matola, 22 de Janeiro……
       
  40 TOMADORES DE SEGURO
    4008 Contas cobrança
    40081 Indirecta - Tokoza 273.00
  70 PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS
    7001 Prémio de seguro directo não - vida
    70010 Prémios Processados   240.00
    70013 Custo de Apólice   20.00
  46 ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E TAXAS
    46003 Outros impostos e taxas
    4600300 Imposto de selo  
    46003000 Selo de Apólice   13.00
         P/ emissão do recibo    

25
Docente: Glória Nobre
       
  63 CUSTOS DE EXPLORAÇÃO    
    6300 Custos de aquisição    
    63002 De seguro directo não vida    
    630026 Remunerações e Comissões 20.00  
    6302 Custos Administrativos    
    63022 De seguro directo não vida    
    630226 De Cobranca 8.00  
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41040 Remuneracoes a pagar    
    H. Tokoza   28.00
P/ processamento das comissões de
    mediação    
             
       
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    H. Tokoza 273.00  
  40 TOMADORES DE SEGURO    
    4008 Contas cobrança    
    40081 Indirecta - Tokoza Mutaname   273.00
    P/cobrança do recibo    
             
       
  41 MEDIADORES DE SEGUROS
    4104 Outros Mediadores de Seguro
    41040 Remuneracoes a pagar    
    H. Tokoza 28.00  
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    H. Tokoza   28.00
P/crédito ao mediador pelo valor das
    comissões    
             
       
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    H. Tokoza 5.60  
  46 ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E TAXAS    

26
Docente: Glória Nobre
4600 Activos e Passivos por impostos e taxas
    correntes    
    46001 Retencao de imposto na fonte   5.60
    P/Debito do valor retido de imposto    
             
       
  10 CAIXA    
    1000 SEDE/SUCURSAL 250.60  
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    H. Tokoza   250.60
    P/entrega dos valores pelo mediador    
             
           

5.2.3 Contabilização de Sinistro de Seguro Directo


EXEMPLO:

Em 15 de Novembro de 2009 a seguradora Alfa, SA, com sede na Matola celebrou um novo contrato de
seguro de Ramo Incêndio tendo para efeito emitido e cobrado o respectivo recibo de premio.
Posteriormente, em 20 de Dezembro seguinte o tomador de seguro daquele contrato participou a
seguradora um sinistro cujo custo total foi estimado em 20.000,00MT. O processo de sinistro viria a ser
encerrado em 18 de Janeiro do ano 2010 com o pagamento ao tomador de seguro da importância de

18 000,00MT, mediante a emissão do cheque nº 2365 sobre o Banco Male.

CONTAS A MOVIMENTAR:

CONTA 60-CUSTOS COM SINISTROS:

DEBITA-SE:

PELA CONSTITUIÇÃO DA PROVISÃO E VARIAÇÃO POSITIVA DA PROVISÃO

PELO PAGAMENTO DE SINISTROS

27
Docente: Glória Nobre
PELOS CUSTOS DE GESTÃO DOS PROCESSOS DE SINISTRO

CREDITA-SE:

PELA ANULAÇÃO DA PROVISAO OU VARIAÇÃO NEGATIVA DA PROVISÃO

CONTA 31- PROVISOES TÉCNICAS DE SEGURO DIRECTO NÃO VIDA

DEBITA-SE: PELO PAGAMENTO DO SINISTRO

CREDITA-SE: PELA CONSTITUIÇÃO DA PROVISÃO

10 – CAIXA OU 11 – DEPÓSITOS A ORDEM

Matola, 20 de Dezembro de
       
  60 CUSTOS COM SINISTROS
6001 Custos com sinistros de seguro directo nao
    vida
    60011 Variação da provisão para sinistros 20,000.00
PROVISÕES TÉCNICAS DE SEGURO DIRECTO NAO
  31 VIDA
    3101 Provisão para sinistro
    31019 Outros seguros   20,000.00
    P/provisão constituída    
             

Matola, 18 de Janeiro de 2010


       
PROVISÕES TÉCNICAS DE SEGURO DIRECTO NÃO
  31 VIDA    
    3101 Provisão para sinistro    
    31019 Outros seguros 2000.00  
  60 CUSTOS COM SINISTROS    
6001 Custos com sinistros de seguro directo não
    vida    
    60011 Variação da provisão para sinistros    
    P/reajustamento para menos da provisão   2000.00
             

28
Docente: Glória Nobre
       
PROVISÕES TÉCNICAS DE SEGURO DIRECTO NÃO
  31 VIDA    
    3101 Provisão para sinistro    
18000.0
    31019 Outros seguros 0  
  11 DEPÓSITOS A ORDEM    
    1100 Moeda Nacional    
    11001 Banco MALI   18000.00
    P/cheque nº 2365 para pagamento do sinistro    
             
       

6 Contabilização de Co-Seguro

Do ponto de vista técnico, tanto o Co-Seguro como o Resseguro, pretendem


obter os mesmos resultados, que é a divisão do risco. No Co-Seguro cada Co-
seguradora apenas responde pela sua quota-parte de responsabilidade,
enquanto que no resseguro o segurador directo responde por por todo o risco,
sendo certo que, ocorrido um sinistro, ele vai recuperar do seu ressegurador a
respectiva quota-parte, nos termos do tratado de resseguro entre ambos
celebrado.

No co-seguro, os principais lançamentos a efectuar são os seguintes:

Exemplo:
Entre as seguradoras PHIMISSA, SA e THINKER SA, todas com sede em Maputo foi
estabelecido na apólice nº 789653 do ramo Mercadorias Transportadas, angariação do mediador
Tokoza Mutaname (agente, pessoa singular), um contrato em regime de co-seguro com a
seguinte repartição, em percentagem, do capital seguro:

- PHIMISSA, SA (líder) ......................................... 60%


- THINKER SA....................................................... 40%

29
Docente: Glória Nobre
Relativamente à apólice acima referido, cujo recibo vai ser cobrado pelos mediadores do
contrato, verificaram-se em 2011, nas datas que se indicam, os seguintes factos:

04/01 – Processamento pela líder do recibo nº 789653, que o premio total para um capital seguro
de 1.000.000,00MT foi calculado com base nos seguintes elementos:

- Taxa de risco ............................................................ 2%


- Encargos ....................................................................20%
- Custo de apólice ........................................... 1.000,00
- Selo de apólice ........................................................12%

Processamento das comissões:

- Mediação ................................................................ 10%


- Cobrança ................................................................... 4%

28/01 – Cobrança do recibo pelo mediador, que de imediato prestou contas à líder do valor
recebido, líquido das comissões respectivas e acrescido do IRPS calculado a taxa de 20%. Nesse
sentido, o mediador juntou ao boletim de prestação de contas, o cheque nº 453278 sobre o BCI.

16/02- Liquidação pela líder à co-seguradora dos saldos em dívida, líquidos das comissões de co-
gestão de 5% sobre o montante dos prémios processados, entregando o cheque nº 12456 sobre o
BIM para as co-seguradoras.

Pretende-se:

 Considerando que os factos ocorridos na líder foram imediatamente comunicados às


restantes co-seguradoras e que entre as seguradoras e o mediador não existe qualquer
ligação em termos de capital social, contabilize os factos acima no diário da PHIMISSA,
SA e da THINKER, SA.

PHIMISSA THINKER
Prémio Simples: 20,000.00
, SA , SA

30
Docente: Glória Nobre
Comissão de Mediação
(10%): 2,000.00 1,200.00 800.00
Comissão de Cobrança
(4%): 800.00 480.00 320.00
Total das Comissões: 2,800.00 1,680.00 1,120.00

Valores em
Descrição
Meticais
Prémio Puro: 20,000.00
Encargos (20%) 4,000.00
Prémio Comercial: 24,000.00
Custo da Apólice: 1,000.00
Prémio Bruto 25,000.00
Selo da Apólice (12%): 3,000.00
Valor do Recibo: 28,000.00

Valores em
Prémio de Co-seguro: Meticais
Prémio Comercial: 24,000.00
Partilha de Risco (30%): 7,200.00
Saldo de responsabilidade 16,800.00
Comissão de Co-Gestão
(5%): 360.00

No co-seguro, os principais lançamentos a efectuar são os seguintes:

Lançamentos na escrita da PHIMISSA, SA (líder)

       
  40 TOMADORES DE SEGURO
    4008 Contas cobrança
    40081 Indirecta - Tokoza Mutaname 28,000.00
  70 PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS
    7001 Prémio de seguro directo não - vida
    70010 Prémios Processados   14,400.00
    70013 Custo de Apólice   1,000.00
ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E
  46 TAXAS
    46003 Outros impostos e taxas

31
Docente: Glória Nobre
    4600300 Imposto de selo  
    46003000 Selo de Apólice   3,000.00
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42040 Prémios a pagar    
    THINKER, SA   9,600.00
    P/processamento do premio    
             
       
  63 CUSTOS DE EXPLORAÇÃO    
    6300 Custos de aquisição    
    63002 De seguro directo não vida    
    630026 Remunerações e Comissões 1,200.00  
    6302 Custos Administrativos    
    63022 De seguro directo não vida    
    630229 Outros Custos Administrativos 480.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42044 Remunerações a Receber    
    THINKER, SA 1,120.00  
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41040 Remunerações a pagar    
    Makadene Makabeça   2,800.00
P/ processamento das comissões de
    mediação    
             
       
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    Tokoza Mutaname 28,000.00  
  40 TOMADORES DE SEGURO    
    4008 Contas cobrança    
    40081 Indirecta - Tokoza Mutaname   28,000.00
    P/cobrança do recibo    
             
       
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42044 Remunerações a Receber    
    THINKER, SA 480.00  
  79 OUTROS PROVEITOS    
    7900 Técnicos    
79001 Relativos aos ramos não vida
    790010 Comissão de gestão de co-seguro   480.00

32
Docente: Glória Nobre
    P/Comissão de co-gestão    
             
       
  41 MEDIADORES DE SEGUROS
    4104 Outros Mediadores de Seguro
    41040 Remunerações a pagar    
    Tokoza Mutaname 2,800.00  
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    Tokoza Mutaname   2,800.00
P/crédito ao mediador pelo valor das
    comissões    
             
       
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    Tokoza Mutaname 560.00  
ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E
  46 TAXAS    
4600 Activos e Passivos por impostos e taxas
    correntes    
    46001 Retenção de imposto na fonte   560.00
    P/Debito do valor retido de imposto    
             
       
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42040 Prémios a pagar    
    THINKER, SA 9,600.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42047 Conta Corrente    
    THINKER, SA   9,600.00
P/ Credito ao mediador pelo valor dos
    prémios    
             
       
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42047 Conta Corrente    
    THINKER, SA 480.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42044 Remunerações a Receber    

33
Docente: Glória Nobre
    THINKER, SA   480.00
    P/Debito ao Co-segurador pelas comissões    
             
       
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42047 Conta Corrente    
    THINKER, SA 1,120.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42044 Remunerações a Receber    
    THINKER, SA   1,120.00
    P/Debito ao Co-segurador pelas comissões    
             
       
  11 DEPÓSITOS A ORDEM    
    BCI 25,760.00  
  41 MEDIADORES DE SEGUROS    
4104 Outros Mediadores de Seguro
    41042 Contas Correntes    
    Tokoza Mutaname   25,760.00
    P/entrega dos valores pelo mediador    
             
           
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
4204 Outras Co-empresas de Seguro
    42047 Conta Corrente    
    THINKER, SA 8,000.00  
  11 DEPÓSITOS A ORDEM    
    BIM   8,000.00
P/Liquidação dos saldos com Co-
    Seguradores    
             
       
       

CO-SEGURADORAS
Comissão Gestão 480.00 9,600.00 Prémios
Comissão
Med./Cob. 1,120.00  
8,000.0
Saldo 0  

34
Docente: Glória Nobre
9,600.0 9,600.0
0 0
 

MEDIADORES DE SEGUROS
Valor de Recibo 28,000.00 2,800.00 Comissõe
s
Retenção 560.00 25,760.0 Saldo
0
28,560.0 28,560.0
0 0
 

Lançamentos na escrita da THINKER, SA (líder)

       
  40 TOMADORES DE SEGURO
    4008 Contas cobrança
    40081 Directa 9,600.00
  70 PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS
    7001 Prémio de seguro directo não - vida
    70010 Prémios Processados   9,600.00
    P/processamento do premio    
             
       
  63 CUSTOS DE EXPLORAÇÃO    
    6300 Custos de aquisição    
    63002 De seguro directo não vida    
    630026 Remunerações e Comissões 800.00  
    6302 Custos Administrativos    
    63022 De seguro directo não vida    
    630226 De Cobrança 320.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42043 Remunerações a Pagar    
    PHIMISSA, SA   1,120.00
P/ processamento das comissões de
    mediação    
             
       

35
Docente: Glória Nobre
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42047 Conta Corrente    
    PHIMISSA, SA 9,600.00  
  40 TOMADORES DE SEGURO    
    4008 Contas cobrança    
    40081 Directa   9,600.00
    P/cobrança do recibo    
             
       
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42043 Remunerações a Pagar    
    PHIMISSA, SA 1,120.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42047 Conta Corrente    
    PHIMISSA, SA   1,120.00
    P/Comissao de gestão de Co-Seguro    
             
       
  69 OUTROS CUSTOS
    6900 Técnicos
    69001 Relativos aos ramos não vida    
    690010 Comissão de gestão de co-seguro 480.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42043 Remunerações a Pagar    
    PHIMISSA, SA   480.00
P/crédito ao mediador pelo valor das
    comissões    
             
       
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de seguro    
    42043 Remunerações a Pagar    
    PHIMISSA, SA 480.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42047 Conta Corrente   480.00
    PHIMISSA, SA    
    P/Credito ao Co-segurador pelas comissões    
             

36
Docente: Glória Nobre
       
  11 DEPÓSITOS A ORDEM    
    BIM 8,000.00  
  42 CO-EMPRESAS DE SEGURO    
    4204 Outras Co-empresas de Seguro    
    42047 Conta Corrente    
    PHIMISSA, SA   8,000.00
P/Liquidação dos saldos com Co-
    Seguradores    
             
       

6.1 Contabilização do Resseguro

Na contabilização do resseguro, haverá, tanto na contabilidade do ressegurador assim como do


ressegurado, lugar ao registo das seguintes transacções:
 Crédito (débito) do valor do prémio cedido ou aceite ao ressegurador (ressegurado);
 Débito (crédito) ao ressegurador ou ressegurado das comissões devidas (a pagar).

A diferença é que, enquanto na contabilidade do ressegurador o prémio representa um proveito,


no resseguro é um custo, acontecendo o inverso no caso das comissões.

EXEMPLO:

Entre a Seguradora Moçambicana e a Escrita da seguradora estrangeira, foi celebrado um


contrato de resseguro, nos seguintes termos: excedente de capitais no ramo fogo, com um pleno
de retenção 750.000 Meticais e pleno de aceitação de 15.000.000 de Meticais, mediante uma
comissão de 20%.

No dia 10 de Janeiro a Seguradora Moçambicana, celebrou um contrato do ramo fogo, da


angariação dos Corretores Nacionais, Lda., cobrindo riscos de incêndio de um imóvel no valor
de 9.000.000 de Meticais. O recibo será cobrado pela corretora e os elementos do cálculo do
mesmo foram os seguintes:

Taxa de risco 1%

37
Docente: Glória Nobre
Encargos diversos 15%
Custo da apólice 500 MT
Selo da apólice 2,5%
Taxa de supervisão 5%

Os encargos de mediação foram calculados na base das seguintes taxas:


Mediação 10%
Cobrança 5%
Corretagem 2%

RESOLUÇÃO

Cálculo do valor do recibo


Prémio simples (9000.000x1%) 90,000
Encargos (90.000x15%) 13,500
Prémio comercial 103,500
Custo da apólice 500
Prémio bruto 104,000
Selo da apólice (104.000x2,5%) 2,600
Taxa de supervisão (104.000x5%) 5,200
Valor do recibo 111,800

ESCRITA DA SEGURADORA ABC, SA


       
4
  0 TOMADORES DE SEGURO
    4008 Contas cobrança
    40081 Indirecta 111,800.00
7
  0 PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS
    7001 Prémio de seguro directo não - vida
    70010 Prémios Processados   103,500.00
    70013 Custo de Apólice   500.00
4
  6 ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E TAXAS
    46003 Outros impostos e taxas
    460030 Imposto de selo  
    4600300 Selo de Apólice   2,600.00
    460031 Taxa de Supervisão   5,200.00
    P/processamento do premio    

38
Docente: Glória Nobre
             
       
6
  3 CUSTOS DE EXPLORAÇÃO    
    6300 Custos de aquisição    
    63002 De seguro directo nao vida    
    630026 Remunerações e Comissões 10,800.00  
    6302 Custos Administrativos    
    63022 De seguro directo não vida    
    630226 De Cobrança 4,500.00  
4
  1 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41040 Remunerações a pagar    
    Corretores Nacionais   15,300.00
    P/ processamento das comissões de mediação    
             
       
4
  1 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    Corretores Nacionais 111,800.00  
4
  0 TOMADORES DE SEGURO    
    4008 Contas cobrança    
    40081 Indirecta   111,800.00
    P/cobrança do recibo    
             
       
4
  1 MEDIADORES DE SEGUROS
    4104 Outros Mediadores de Seguro
    41040 Remunerações a pagar    
    Corretores Nacionais 15,300.00  
4
  1 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    Corretores Nacionais   15,300.00
    P/crédito ao mediador pelo valor das comissões    
             
       
  4 MEDIADORES DE SEGUROS    

39
Docente: Glória Nobre
1
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    Corretores Nacionais 3,060.00  
4
  6 ACTIVOS E PASSIVOS POR IMPOSTOS E TAXAS    
    4600 Activos e Passivos por impostos e taxas correntes    
    46001 Retenção de imposto na fonte   3,060.00
    P/Debito do valor retido de imposto    
             
       
7
  1 PRÉMIOS DE RESSEGURO CEDIDO    
    7101 De Seguro directo não vida    
    71010 Prémios 82,500.00  
4
  3 RESSEGURADORES    
    4304 Outras Resseguradoras    
    Resseguradora Estrangeira   82,500.00
    P/Credito ao Ressegurador pelo premio    
             
       
4
  3 RESSEGURADORES    
    4304 Outras Resseguradoras    
    Resseguradora Estrangeira 16,500.00  
7 COMISSÃO E PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS DE
  2 RESSEGURO CEDIDO    
    7201 De seguro directo não vida   16,500.00
    P/Debito ao Ressegurador pelas comissões    
             
       
1
  1 DEPÓSITOS A ORDEM    
    BCI 99,560.00  
4
  1 MEDIADORES DE SEGUROS    
    4104 Outros Mediadores de Seguro    
    41042 Contas Correntes    
    Corretores Nacionais   99,560.00
    P/entrega dos valores pelo mediador    
             
           
           

40
Docente: Glória Nobre
ESCRITA DA SEGURADORA ESTRANGEIRA, SA

           
  44 RESSEGURADOS    
      4404 Outros Ressegurados    
      440401 Seguradora Moçambicana 82,500.00  
  70 PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS    
7003 Prémio de resseguro aceite não -
    vida    
      70030 Prémios   82,500.00
P/processamento de premio de
      resseguro aceite    
           
           
  63 CUSTOS DE EXPLORAÇÃO    
      6300 Custos de Aquisição    
    63004 De resseguro aceite não vida    
    630046 Remunerações e Comissões 16,500.00  
  44 RESSEGURADOS    
      4404 Outros Ressegurados    
      440401 Seguradora Moçambicana   16,500.00
    P/processamento das comissões    
       

Entre as seguradoras Tokoza Seguros, SA e Madala Seguros, SA, foram estabelecidos os


seguintes contratos de resseguro:

a) De quota-parte no ramo Automóvel, que obriga a primeira (Tokoza) a ceder e a segunda


(Madala) a aceitar, 40% da responsabilidade assumida, em seguro directo, prevendo
comissões de 25%.

41
Docente: Glória Nobre
b) De excedente de capitais no ramo Incêndio e Outros Danos/Incêndio e Elementos da
Natureza, com um pleno de conservação de 25 000,00 e um pleno de aceitação de 500
000,00, prevendo comissões de 30%.
Admita, que a seguradora Tokoza Seguros, SA (Ressegurada), celebrou dois novos contratos de
seguro, que comunicou, de imediato, à Madala Seguros, SA (Resseguradora), sendo

i) Um do ramo Incêndio e Outros Danos / Incêndio e Elementos da Natureza, cobrindo


o risco de incêndio de um imóvel no valor de 500 000,00, ao qual corresponde um
prémio puro/prémio simples de 1 000,00 (Taxa de risco 2‰);
ii) Outro do ramo Automóvel, ao qual corresponde um prémio puro/prémio simples de 5
000,00.

Efectuar:

a) Cálculo do prémio de resseguro cedido e da comissão de resseguro cedido;


b) Contabilização dos factos acima descritos na contabilidade da Tokoza Seguros, SA e da
Madala Seguros, SA.

Prémios de resseguro cedido: Comissões de resseguro cedido

2‰ (500.000,00 – 25.000,00) 950,00 30% * 950,00 285,00

40% * 5.000,00 2.000,00 25% * 2.000,00 500,00

42
Docente: Glória Nobre
2.950,00 785,00

       
       
7
  1 PRÉMIOS DE RESSEGURO CEDIDO
  7101 De Seguro Directo Não Vida
  71010 Prémios 2.950,00
4
  3 RESSEGURADORES
    4304 Outros Resseguradores
    Madala Seguros, SA 2.950,00
  P/Cedência de prémios à Madala Seguros, SA
 

4
  3 RESSEGURADORES
    4304 Outros Resseguradores
    Madala Seguros, SA 785,00
7 COMISSÕES E PARTICIP. NOS RES. DE RESSEG
  2 CEDIDO
    7201 De seguro directo não - vida
    Madala Seguros, SA 785,00
  P/ Comissões devidas pela Madala Seguros, SA

       
       
4
  3 RESSEGURADOS
  4304 Outros ressegurados
  Tokoza, Sa 2.950,00
7
  0 PRÉMIOS BRUTOS EMITIDOS
    7003 Prémios de resseguro aceite não-vida
    70030 Prémios 2.950,00
  P/Cedência de prémios à Madala Seguros, SA
 

6
  3 CUSTOS E GASTOS DE EXPLORAÇÃO

43
Docente: Glória Nobre
    6300 Custos de aquisição
63004 De resseguro aceite não vida
630046 Remunerações e Comissões 785,00
  4 RESSEGURADORES
3
    4304 Outros ressegurados
    Tokoza, Sa 785,00
  P/ Comissões devidas pela Madala Seguros, SA

6.2 NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE RELEVANTES PARA ACTIVIDADE


SEGURADORA

A actividade seguradora está interligada com outras operações que requerem um tratamento
contabilístico diferente do tratamento específico às operações de seguro, dai a necessidade de a
seguir mostrar as normas relevantes para essas outras operações. Porém outras normas
internacionais de contabilidade poderão ser aplicadas a esta actividade, desde que estas sejam
adequadas as necessidades da entidade com vista a dar uma informação verdadeira e fiável das
demonstrações financeiras das entidades em estudo.

IAS 1 - Apresentação de Demonstrações Financeiras - esta norma prescreve a base para


apresentação de demonstrações financeiras de finalidade gerais por forma assegurar a
comparabilidade quer com as demonstrações financeiras de períodos anteriores da entidade quer
com as demonstrações financeiras de outras entidades. Tal como as empresas de outros sectores
de actividade as seguradoras estão sujeitas a requisitos globais para apresentação das
demonstrações financeiras, directrizes para a sua estrutura e requisitos mínimos para o respectivo
conteúdo.

As demonstrações financeiras das empresas seguradoras são compostas por (a) um balanço; (b)
uma demonstração dos resultados (c) uma demonstração de alterações na situação líquida que
mostre todas as alterações da situação líquida (d) uma demonstração dos fluxos de caixa e (e)
notas, compreendendo um resumo das políticas contabilísticas significativas e outras notas
explicativas. As demonstrações financeiras devem ser apresentadas pelos menos anualmente

44
Docente: Glória Nobre
estas devem apresentar apropriadamente a posição financeira, o desempenho financeiro e os
fluxos de caixa da entidade seguradora.

As companhias de seguros devem efectuar as divulgações para ajudar os usuários a compreender


os valores em suas demonstrações contabilísticas resultantes de contratos de seguro. Divulgando
(a) suas políticas contabilísticas para contratos de seguro e activos, passivos, receitas e despesas
relacionadas; (b) suas políticas contabilísticas para contratos de seguro e activos, passivos, as
receitas e despesas reconhecidas ( e fluxo de caixa, se a seguradora apresentar a demonstração de
fluxos de caixa pelo método directo resultantes dos contratos. Além disso, se a seguradora for
cedente ela deve divulgar os ganhos e as perdas reconhecidos no resultado na construção de
resseguro e se a cedente diferir e amortizar ganhos e perdas resultantes da contratação de
resseguro, a amortização do período e o montante ainda não amortizado no início e final do
período; (c) o processo utilizado para determinar as premissas que têm maior efeito na
mensuração de valores reconhecidos. Quando possível, a seguradora deve também divulgar
aspectos quantitativos de tais premissas, (d) o efeito de mudanças nas premissas usadas para
mensurar activos e passivos por contrato de seguro, mostrando separadamente o efeito década
alteração que tenha efeito material nas demonstrações contabilísticas; (e) a conciliação de
mudanças em passivos por contrato de seguro, os activos por contrato de resseguro e, se houver,
as despesas de comercialização diferidas relacionadas.

A natureza e extensão dos riscos originados por contratos de seguro, divulgando: (a) seus
objectivos, políticas e processos existentes para gestão de riscos resultantes dos contratos de
seguro e os métodos e os critérios utilizados para a gestão desses riscos; (b) informação sobre
risco de seguro (antes e depois da mitigação do risco por resseguro), incluindo informações
sobre: (I) a sensibilidade do resultado e do património líquido a mudanças em variáveis que
tenham efeito significativo sobre eles; (II) concentração de riscos de seguro; (III) sinistros
ocorridos comparados com estimativas prévias; (c) informações sobre riscos de crédito, risco de
liquidez e risco de mercado que permitam aos usuários das demonstrações financeiras avaliar a
natureza e extensão dos riscos decorrentes dos instrumentos financeiras ( e contratos de seguro) a
que a entidade está exposta ao final do período a que se referem as demonstrações financeiras;
(d) informações sobre a exposição ao risco de mercado dos derivativos embutidos 1 em contrato
1
É um componente de um instrumento híbrido (combinado) que também inclui um contrato principal não derivativo
– Um derivativo embutido faz com que alguns ou todos os fluxos de caixa que de outra forma seriam exigidos pelo

45
Docente: Glória Nobre
de seguro principal se a seguradora não for requerida a mensurar, e não mensurar, os derivativos
embutidos a justo valor.

IAS 7 - Demonstrações dos Fluxos de Caixa - Esta norma tem como objectivo exigir o
fornecimento de informação acerca das alterações históricas de caixa e seus equivalentes de uma
entidade por meio de uma demonstração dos fluxos de caixa 2 que classifique os fluxos de caixa
durante os períodos provenientes das actividades operacionais, de investimento e de
financiamento.

Uma entidade deve relatar os fluxos de caixa provenientes de actividades operacionais 3 usando
um dos dois métodos: (a) método directo – pelo qual, são divulgadas as principais classes dos
recebimentos de caixa brutos e dos pagamentos de caixa brutos ou; (b) método indirecto, pelo
qual os lucros ou prejuízos são ajustados pelos efeitos de transacções de natureza que não sejam
por caixa, de quaisquer diferimentos ou acréscimos de recebimentos a pagamentos de caixa
operacionais passados ou futuros, e itens de rédito ou pagamentos de caixa operacionais passados
ou futuros, e itens de rédito ou gasto associado com fluxos de caixa de investimento ou de
financiamento.

IAS 8 - Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas Contabilísticas e Erros -esta


norma tem como objectivo prescrever os critérios para selecção e alteração de políticas
contabilísticas, juntamente com o tratamento contabilístico e divulgação de alterações nas
políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e correcção de erros.

De acordo com a IAS (2000) políticas contabilísticas são os princípios, bases, convenções, regras
e práticas específicas aplicados por uma entidade na preparação e apresentação de demonstrações
financeiras. As alterações de políticas contabilísticas devem ser efectuadas se e apenas se a
alteração: (a) for exigida por uma norma ou interpretação; ou (b) resultar no facto de as
demonstrações financeiras proporcionarem informação fiável e mais relevante sobre os efeitos
das transacções, outros acontecimentos ou condições na posição financeira, desempenho
financeiro ou fluxos de caixa da entidade. Uma entidade deve contabilizar uma alteração na
contrato sejam modificados de acordo com uma taxa de juros especificada, preço de instrumento financeiro, preço
de mercadoria, taxa de câmbio, índice de preços ou de taxas, avaliação ou índice de crédito, ou outra variável.
2
Os fluxos de caixa são influxos (recebimentos, entradas) e ex fluxos (pagamentos, saídas) de caixa e seus
equivalentes.
3
São as principais actividades produtoras de rédito da entidade e outras actividades que não sejam de investimento
ou de financiamento.

46
Docente: Glória Nobre
política contabilística resultante da aplicação inicial de uma Norma ou Interpretação de acordo
com as disposições transitórias

Alteração numa Estimativa Contabilística - Uma alteração numa estimativa de contabilística


refere-se a um ajustamento na quantia escriturada de um activo ou de um passivo, ou a quantia
do consumo periódico de um activo, que resulta da avaliação do presente estados dos direitos e
obrigações, benefícios futuros esperados associados aos, activos e passivos. Estas alterações
resultam de novas informações e desenvolvimentos e, em conformidade, não são correcções de
erros. O efeito de uma alteração numa estimativa contabilística, deve ser reconhecido
prospectivamente incluindo-o nos lucros ou prejuízos de: (a) o período da alteração, se a
alteração afectar apenas esse período; ou (b) o período da alteração da alteração e futuro
períodos, se a alteração afectar ambos.

Erros de Períodos Anteriores - a IAS 8 define Erros de períodos anteriores as omissões, e


distorções, nas demonstrações financeiras da entidade de um ou mais períodos anteriores
decorrentes da falta de uso, ou uso incorrecto, de informação fiável que: (a) estava disponível
quando as demonstrações financeiras desses períodos foram autorizados para emissão; e (b)
poderia razoavelmente esperar-se que tivesse sido obtida e tomada e, consideração na preparação
e apresentação dessas demonstrações financeiras. Erros incluem os efeitos de erros matemáticos,
erros na aplicação de políticas contabilísticas, descuidos ou interpretações incorrectas de factos e
fraudes.

Excepto até o ponto em que seja impraticável determinar ou os efeitos específicos de um período
ou o efeito cumulativo do erro, uma entidade deve corrigir os erros materiais de períodos
anteriores retrospectivamente no primeiro conjunto de demonstrações financeiras autorizadas
para a emissão após a sua descoberta por:

 reexpressão das quantias comparativas para o(s) período(s) anteriore(s) apresentado(s)


em que tenha ocorrido o erro; ou se o erro ocorreu antes do período anterior mais antigo
apresentado,
 reexpressão dos saldos de abertura dos activos, passivos e situação líquida para o período
anterior mais antigo apresentado.

47
Docente: Glória Nobre
As omissões ou declarações incorrectas de itens são materiais se puderem, individual ou
colectivamente, influenciar as decisões económicas dos utentes tomadas com base nas
demonstrações financeiras.

IAS 12 - Impostos Sobre o Rendimento - o objectivo desta norma é o de prescrever o


tratamento contabilístico dos impostos sobre rendimento. De acordo com esta norma o imposto
sobre o rendimento líquido inclui todos os impostos no país e impostos estrangeiros que sejam
baseados em lucros tributáveis.

Quanto ao reconhecimento dos impostos a norma 12 dita que os impostos correntes para
períodos correntes e anteriores devem, na medida em que não estejam pagos, ser reconhecidos
como passivos. Se a quantia já paga com respeito a períodos correntes e anteriores exceder a
quantia devida para esses períodos, o excesso deve ser reconhecido como um activo. Os activos
(passivos) por impostos correntes dos períodos correntes e anteriores devem ser mensurados pela
quantia que se espera que seja paga (recuperada de) às autoridades fiscais, usando as taxas fiscais
(e leis fiscais) que tenham sido decretadas ou substantivamente decretadas à data do balanço.

Um activo por imposto diferido deve ser reconhecido para o transporte de perdas fiscais não
usadas e créditos fiscais não usados até ao ponto em que provável que lucros tributáveis futuros
estarão disponíveis contra os quais possam ser usados perdas fiscais não usadas e créditos fiscais
não usados.

Os activos e passivos por impostos diferidos devem ser mensurados pelas taxas fiscais que se
espera que sejam de aplicar no período quando seja realizado o activo ou seja liquidado o
passivo, com base nas taxas fiscais (e leis fiscais) que tenham sido decretadas ou
substantivamente decretadas à data do balanço.

A mensuração de passivos por impostos diferidos e de activos por impostos diferidos deve
reflectir as consequências fiscais que se seguem derivados da maneira pela qual a

Entidade espera, à data do balanço, recuperar ou liquidar a quantia escriturada dos seus activos e
passivos. Os activos e passivos por impostos diferidos não devem ser descontados. A quantia
escriturada de um activo por impostos diferidos deve ser revista à data de cada balanço.

48
Docente: Glória Nobre
Segundo esta norma uma entidade deve reduzir a quantia escriturada de um activo por impostos
diferidos até ao ponto em que deixe de ser provável que lucros tributáveis suficientes estarão
disponíveis para permitir que o benefício de parte ou todo desse activo por impostos diferidos
seja utilizado. Qualquer redução deve ser revertida até ao ponto que se torne provável que lucros
tributáveis suficientes estarão disponíveis.

IAS 37 - Provisões, Passivos Contingentes e Activos Contingentes - prescreve a


contabilização e divulgação de todas as provisões, passivos contingentes e activos contingentes,
excepto: (a) os que resultem de contratos, executórios 4, excepto quando o contrato for oneroso; e
(b) os cobertos por uma outra Norma.

Provisões - segundo a IAS 37 uma provisão é um passivo de tempestividade ou quantia incerta,


portanto esta deve ser reconhecida quando, e somente quando: (a)Uma entidade tenha uma
obrigação presente (legal ou construtiva) como resultado de um acontecimento passado; (b) seja
provável (isto é, mais propenso do que não) que um ex fluxo de recursos que incorporem
benefícios económicos será exigido para liquidar a obrigação; e (c) possa ser feita uma
estimativa fiável da quantia da obrigação.

A quantia reconhecida como uma provisão deve ser a melhor estimativa do dispêndio exigido
para liquidar a obrigação presente à data do balanço. Sendo que a melhor estimativa do dispêndio
exigido para liquidar a obrigação presente é a quantia que uma entidade racionalmente pagaria
para liquidar a obrigação à data do balanço ou para transferir para uma terceira parte nesse
momento.

Segundo a mesma norma uma entidade deve reconhecer um passivo contingente 5, deve divulgá-
lo, a menos que a possibilidade de um ex fluxo de recursos que incorporem benefícios
económicos seja remota. A entidade deve ainda reconhecer um activo contingente aquele que é
um possível activo proveniente de acontecimentos passados e cuja existência somente será

4
São contratos pelos quais nenhuma parte cumpriu qualquer das suas obrigações ou ambas as partes só tenham
parcialmente cumprido as suas obrigações em igual extensão.
5
É uma obrigação que resulta de acontecimentos passados e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência
ou não de um ou mais acontecimentos futuros incertos não totalmente sob controlo da entidade ou ainda uma
obrigação presente que resulta de acontecimentos passados, mas que não é reconhecida porque não é provável que
um ex fluxo de recursos que incorporam benefícios económicos seja remota ou não pode ser fiavelmente mensurada
a quantia escriturada.

49
Docente: Glória Nobre
confirmada pela ocorrência ou não ocorrência de um ou mais acontecimentos futuros incertos
não totalmente sob o controlo da entidade.

IFRS 4 – Contrato de Seguro esta norma é específico ao relato financeiro para contratos de
seguro por parte de uma entidade que emita esses contratos (descritos nesta IFRS como
seguradoras). Esta norma aplica-se a todos os contratos de seguro (incluindo contratos de
resseguro) que uma entidade emita e os contratos de resseguro que detenha, excepto contratos
específicos abrangidos por outras normas. Sendo que a outros activos e passivos de uma
seguradora, tais como activos financeiros e passivos financeiros seja aplicada a norma 39 -
instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração.

Esta norma proíbe a criação de provisões para possíveis sinistros segundo contratos que não
estejam para existência à data de relato (tais como provisões para riscos catastróficos e para
desvios de sinistralidade). Exige um teste relativo à adequação de passivos por contrato de
seguro reconhecidos e um teste de imparidade para os activos por contrato de resseguro. Exige
ainda a uma seguradora que mantenha passivo por contratos de seguro no seu balanço até que
sejam satisfeitos ou cancelados, ou expirem, e apresente passivos por contratos de seguro sem os
compensar com activos por contrato de resseguro relacionados.

Esta IFRS permite também que uma seguradora altere as suas políticas contabilísticas para
contratos de seguro apenas se, como resultado, as suas demonstrações financeiras apresentarem
informação que seja mais relevante e não menos fiável, ou mais fiável e naõ menos relevante.
Sendo que este tratamento contabilístico deve ser segundo tendo atenção a norma específica IAS
8 - políticas contabilísticas, alterações nas estimativas contabilísticas e erros.

A IFRS exige a divulgação para ajudar os utentes a compreender: as quantias nas demonstrações
financeiras da seguradora que resultam de contratos de seguro; a quantia, tempestividade e
incerteza de fluxos de caixa futuros decorrentes de contratos de seguros. Sendo que neste caso
específico aplica-se a norma internacional IAS1 apresentação e divulgação das demonstrações
financeira.

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Docente: Glória Nobre
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Docente: Glória Nobre

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