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Falácias são argumentos que têm a pretensão de ser corretos e conclusivos mas
que, no entanto, possuem algum erro em sua estrutura ou seu conteúdo. São
majoritariamente encontradas em pensamentos envolvendo maus raciocínios ou
ilusões que fazem com que um mau argumento pareça adequado quando, na
verdade, é frágil ou inconsistente. Também podem ser chamadas sofismas, que são
raciocínios elaborados maliciosamente a fim de enganar o interlocutor, ou
paralogismos, que são raciocínios falsos mas, diferentemente dos sofismas, sem a
intenção de enganar.
São diversos os modos de uso do termo ‘falácia’. De maneira mais geral, é utilizada
para fazer referência a qualquer falsa crença ou ideia equivocada, como quando
alguém afirma que “todos os patos são brancos.” Em filosofia, as falácias fazem
parte do campo de estudos da lógica e nesse campo são definidas, mais estrita e
tecnicamente, como erro de argumentação ou de raciocínio e são, geralmente,
aplicados pelos lógicos àqueles argumentos que, apesar de incorretos, podem
parecer convincentes, de modo que apenas um exame cuidadoso é capaz de
revelar seu erro. Contudo, alguns argumentos são tão claramente falaciosos que
não são capazes de enganar a ninguém. O termo também foi utilizado por filósofos
da Escolástica para se referir à obra Refutações sofísticas, de Aristóteles, onde o
autor se põe a analisar as falácias de seu tempo.
Falácias formais
Falácias formais são erros que dizem respeito à forma de um raciocínio,
independentemente de seu conteúdo, violando, assim, alguma regra formal das
diversas que são tratadas no campo da lógica. O seguinte exemplo apresenta uma
falácia formal:
Messi é craque
Falácias não-formais
Diferentemente das falácias formais, as falácias não-formais são os erros de
raciocínio em que é possível incorrer por falta de atenção, de cuidado, de
conhecimento, por um engano provocado por alguma ambiguidade da linguagem
ou, ainda, por uso de alguma argumentação maliciosa no que diz respeito ao tema
tratado. Veja-se o exemplo abaixo:
A=B
B=C
A=C
Pode-se ver que a forma acima está correta, não possui falácia formal. Contudo, há
no conteúdo da argumentação um engano provocado pelo duplo sentido da
palavra ‘planta’, que pode significar tanto uma espécie de vegetal quanto o projeto
de um determinado edifício. É, portanto, uma falácia não-formal.
Leia também:
Bibliografia:
O sr. Nestor está, neste exato momento, sendo acusado e julgado por lavagem
de dinheiro. É óbvio que não podemos levar em conta o que fala uma pessoa tão
desonesta.
Por mais que a acusação acima seja comum e que, de fato, este argumento põe em
questão a confiança no candidato, este argumento não é logicamente válido para
invalidar a verdade de sua afirmação.
Bibliografia:
A forma direta é mais comum em discursos políticos. Aquele que talvez tenha dado
maior visibilidade a esta forma de argumentação foi Adolf Hitler, em seus
discursos para o povo alemão durante a ascensão e o regime do partido nazista na
Alemanha. Contudo, não é somente através da fala que se pode utilizar a
abordagem direta. Ela também é aplicada a campanhas e propagandas escritas.
Frases como “somos todos trabalhadores” ou “este é o desejo do povo brasileiro”
provocam o mesmo efeito.
A abordagem indireta, por sua vez, não se dirige diretamente à multidão, mas a
um indivíduo ou a um grupo seleto e é frequentemente utilizada em campanhas
publicitárias. Esta abordagem possui três formas específicas de uso: o argumento
“eleiçoeiro” (Bandwagon argument, em inglês), o apelo à vaidade e o apelo ao
esnobismo.
É claro que você quer almoçar em nosso restaurante. 99% das pessoas
almoçam aqui!
Este carro não para qualquer um. É para pessoas especiais e admiráveis!
Se você comer toda a sua comida vai ficar forte igual ao Super-homem!
Bibliografia:
Para atribuir peso e validade a algum argumento é muito comum que se recorra a
autoridades no assunto tratado. Cientistas, juristas, filósofos, teólogos e
historiadores são sempre citados em discussões e trabalhos acadêmicos para
legitimar uma posição defendida. Esta é uma atitude adequada e altamente
recomendável. No entanto, desejando sair vitorioso de uma discussão ou a fim de
defender um ponto de vista a qualquer custo em um texto dissertativo, alguém
pode recorrer a uma certa autoridade que, contudo, não dispõe de legitimidade
para apontar a verdade sobre determinado assunto. Agir assim é recorrer a uma
falácia à qual dá-se o nome de apelo à autoridade (Argumentum ad Verecundiam,
em latim).
Um dos campos em que mais podemos encontrar esse tipo de falácia é em debates
entre religiosos cristãos e darwinistas a respeito da evolução das espécies.
O pastor Silas Malafaia afirmou que não existe evolução, porque a Bíblia diz
que Deus criou o mundo. Então, é claro que Darwin estava errado.
Uma das formas de se evitar esta falácia, é ter sempre em mente que, mesmo que
alguém seja realmente uma autoridade legítima, o parâmetro de verificação de um
argumento será sempre sua correspondência com a verdade.
Bibliografia:
A falácia presente nos exemplos acima é clara. No entanto, deve-se ter em mente
que nem sempre a falácia da composição, bem como qualquer outra falácia,
aparece de maneira tão facilmente identificável. Veja-se o seguinte exemplo: cada
um dos soldados está devidamente preparado para a batalha. Por consequência, o
batalhão está devidamente preparado para a batalha. Em um primeiro momento, é
comum acreditar que se cada indivíduo está pronto para uma batalha, eles estão
preparados para lutar como um grupo. Contudo, este modo de reflexão deixa de
considerar elementos que são próprios do trabalho em equipe necessário para
uma batalha mas que não o são de cada soldado individual, como a organização do
grupo, as estratégias de combate e a divisão de tarefas entre os membros do
batalhão.
Todos os escalados para a final a ser disputada pelo Flamengo são excelentes
jogadores. Logo, o time está em excelentes condições para a partida.
É, todavia, importante destacar que tais afirmações podem ser verdadeiras, quer
dizer, que de fato um time ou um batalhão pode estar bem preparado devido ao
fato de os jogadores e os soldados estarem bem preparados. É esta possibilidade
que faz com que a falácia da composição seja uma falácia não-formal, quer dizer, é
pela análise de seu conteúdo que se pode identificar se ela é ou não uma falácia e
não pela análise de sua mera forma.
Referências:
O Alcorão ensina que o Islã é uma religião de paz, um verdadeiro muçulmano não
faz ataques terroristas.
Quem nasce no Rio de Janeiro e não gosta de praia não é um verdadeiro carioca.
Pode-se ver, portanto, que, dos assuntos mais sérios às discussões mais banais, a
Falácia do Verdadeiro Escocês é sempre um recurso fácil para quem deseja, sem
fundamento lógico, legitimar suas afirmações.
Se o que pode ser visto facilmente no uso dessa falácia é a súbita reformulação do
argumento anterior, mais discretamente o que está em jogo é a discussão sobre o
significado do conceito tratado. Ao se referir ao escocês, ao cristão, ao muçulmano,
à comida e ao carioca, inicia-se um novo debate sobre o que significa ser escocês,
cristão, muçulmano, carioca ou sobre o que é comida, que suspende a discussão
anterior. Isto nada mais é do que trocar uma discussão por outra, mas
pretendendo estar dentro da mesma discussão. Esta tática é claramente falaciosa
por não apresenta nenhuma evidência lógica que a justifique e por sua vaga
generalização.
Referências:
Nas últimas copas do mundo de futebol, toda vez que o cantor Mick Jagger
vestiu a camisa da seleção brasileira ela foi derrotada. Portanto, para que que
seleção brasileira seja campeã da copa do mundo, Mick Jagger deve parar de
usar a camisa da seleção.
A segunda forma é comumente denominada non causa pro causa (“o que não é a
causa pela causa”, em latim). Ela acontece quando o que é tomado como causa de
algo não é realmente sua causa e este erro de causalidade é acontece por outros
fatores além da mera sucessão temporal. Veja-se o exemplo:
Por fim, a falsa causalidade aparece em sua terceira forma como causa
simplificada. Aqui, a falácia acontece quando são diversas as causas de um
determinado acontecimento e, no entanto, escolhe-se considerar apenas uma delas
como causa, simplificando um caso complexo, como no exemplo abaixo:
Bibliografia:
1. Ou você me deixa ir na casa da Paula ou eu vou morrer. Eu sei que você não
quer que eu morra, então você tem que me deixar ir na casa da Paula.
As duas propagandas acima, uma comercial e a outra política nos apresenta casos
bastante simples de falácias da falsa dicotomia. A primeira, pressupõe que
somente comprando o carro X o espectador chegará sempre no horário. A segunda,
que nenhum outro partido senão o Y é capaz de salvar o país. Tanto uma
propaganda quanto a outra desconsidera a possibilidade de que outras opções
atendam tanto ao desejo do consumidor quanto às expectativas do eleitor. Um
carro Z poderia ser suficiente para a demanda de um certo consumidor e um
partido B poderia muito bem apresentar propostas mais coerentes para a
realidade de um país.
Também é possível encontrar esse modelo de falácia no cotidiano, quando duas
pessoas põem-se a debater a respeito de um ponto comum a respeito da qual
ambas têm posições divergentes. Uma das situações mais evidentes é a seguinte,
bastante comum no debate político:
Este argumento pode até soar correto, em um primeiro momento. Mas, na verdade,
ignora todo um campo de possibilidades políticas com as quais uma pessoa pode se
identificar. Uma breve pesquisa sobre os diferentes espectros políticos existentes é
suficiente para que se possa demonstrar a falácia desse enunciado.
Por fim, é importante notar a forma como os exemplos 2, 3 e 4 foram postos: eles
não apresentam a fórmula completa do argumento, ou seja, o “ou isto… ou aquilo”,
como no enunciado de número 1. No entanto, apenas a apresentação das
premissas disjuntivas é suficiente para o espectador compreender o enunciado. É
nesta forma que as falsas dicotomias são mais comumente encontradas.
REFERÊNCIAS
Existem muitas questões que não possuem necessariamente uma verdade, são
questões que, na maioria das vezes, dependem do gosto de quem os avalia. Por
exemplo: “qual a melhor música de Chico Buarque: Construção ou Geni e o
Zeppelin?” ou “Qual é o melhor super-herói do cinema, Capitão América ou Homem
de ferro?” Estes são exemplos simples, que não afetam direta ou gravemente a
ninguém. No entanto, esse tipo de questão também existe em temas mais
complexos que afetam uma grande variedade de pessoas, são temas que exigem
uma análise mais profunda, como discussões sobre políticas públicas. Por exemplo:
devem ser aplicadas cotas raciais para o ingresso em universidades públicas? Deve
ser criado um imposto sobre as grandes fortunas? Estas são questões em que se faz
necessária uma análise séria e rigorosa, mas não há sobre elas um consenso sobre
onde (ou com quem) está a verdade, de modo que em alguns contextos uma
alternativa é mais adequada que a outra e vice-versa.
Entretanto, não são todos os casos que devem ser considerados a partir de dois ou
mais pontos de vista. Alguns debates não devem ser levados em conta porque um
dos lados não possui respaldo para a discussão, quer dizer, não possui o
conhecimento científico necessário para assumir um posicionamento sério a
respeito da questão. Um exemplo é a discussão sobre o verdadeiro formato da
Terra. Desde a antiguidade diversos pensadores realizaram análises científicas que
confirmavam a forma esférica da Terra até que o ser humano pudesse ir ao espaço
e confirmar com seus próprios olhos o formato do planeta. Todavia, pessoas de
diversas partes do mundo tem questionado essa verdade fundamentados em
crenças ideológicas, preconceitos e opiniões divulgadas nas redes sociais que não
possuem nenhum suporte científico. Sendo assim, dar lugar a um debate como esse
é atribuir o mesmo valor de relevância aos dois lados quando, na verdade, essa
igualdade não existe. A esse tipo de erro dá-se o nome de falácia da falsa
equivalência.
Referências:
ABOVE THE NOISE. False Equivalence: Why It’s So Dangerous. Disponível em:
https://youtu.be/oFC-0FR2hko. Acesso em: 16 de nov. 2019.
O evolucionismo afirma que os seres humanos não são diferentes dos macacos.
No entanto, os seres humanos são diferentes dos macacos porque são muito
mais inteligentes do que eles. Logo, o evolucionismo está errado.
Referências:
A – Ele é inocente. Seu julgamento foi injusto e, portanto, deve ser anulado.
B – (desiste da discussão)
Aqui, vemos como A é tão convicto de sua conclusão a respeito da inocência do ex-
presidente que, para ele, basta sua própria afirmação, considerando-a um
argumento suficiente. Em geral, quem assume essa forma de posição considera-se,
ao fim do debate, vencedor, tendo em vista que o adversário, a seu ver, não foi
capaz de rebater seus argumentos, enquanto este, na verdade, apenas cansou do
debate.
Mas não é só em debates nas redes sociais que esta argumentação pode ser
encontrada. Na história dos embates entre religião e ciência esse modo de
argumentação é tão comum dentro do tema que é frequentemente utilizado como
exemplo nas fontes que se propõe a explicar o Argumentum ad Nauseam.
A – Eu encontro na Bíblia.
Outro exemplo, menos explícito que os apresentados acima, pode ser o seguinte:
As pessoas burras são muito chatas! Elas mostram a sua burrice falando coisas
burras!
Referências:
Não sou nenhum grande entendido sobre o assunto, mas acho lógica um assunto
fascinante. O pouco que conheço e observo já acaba sempre sendo muito útil em
conversas, diálogos, em qualquer ocasião que peça algum tipo de análise,
construção e exposição de raciocínio ou argumentação.
Como de fato dependemos disso pra nos relacionarmos uns com os outros, para
nos fazer entender claramente, melhorar nossa forma de pensar e para
resolvermos as coisas práticas da vida, pode ser bem útil conhecer e entender estes
processos, ainda que superficialmente.
1. Espantalho
Exemplo: Depois de Felipe dizer que o governo deveria investir mais em saúde e
educação, Jader respondeu dizendo estar surpreso que Felipe odeie tanto o Brasil, a
ponto de querer deixar o nosso país completamente indefeso, sem verba militar.
***
2. Causa Falsa
Você supôs que uma relação real ou percebida entre duas coisas significa que
uma é a causa da outra.
Uma variação dessa falácia é a "cum hoc ergo propter hoc" (com isto, logo por causa
disto), na qual alguém supõe que, pelo fato de duas coisas estarem acontecendo
juntas, uma é a causa da outra. Este erro consiste em ignorar a possibilidade de
que possa haver uma causa em comum para ambas, ou, como mostrado no
exemplo abaixo, que as duas coisas em questão não tenham absolutamente
nenhuma relação de causa, e a sua aparente conexão é só uma coincidência.
Outra variação comum é a falácia "post hoc ergo propter hoc" (depois disto, logo
por causa disto), na qual uma relação causal é presumida porque uma coisa
acontece antes de outra coisa, logo, a segunda coisa só pode ter sido causada pela
primeira.
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3. Apelo à emoção
Apelos à emoção são relacionados a medo, inveja, ódio, pena, orgulho, entre
outros.
Exceto os sociopatas, todos são afetados pela emoção, por isso apelos à emoção são
uma tática de argumentação muito comum e eficiente. Mas eles são falhos e
desonestos, com tendência a deixar o oponente de alguém justificadamente
emocional.
Exemplo: Lucas não queria comer o seu prato de cérebro de ovelha com fígado
picado, mas seu pai o lembrou de todas as crianças famintas de algum país de
terceiro mundo que não tinham a sorte de ter qualquer tipo de comida.
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4. A falácia da falácia
Supor que uma afirmação está necessariamente errada só porque ela não foi
bem construída ou porque uma falácia foi cometida.
Há poucas coisas mais frustrantes do que ver alguém argumentar de maneira fraca
alguma posição. Na maioria dos casos um debate é vencido pelo melhor debatedor,
e não necessariamente pela pessoa com a posição mais correta. Se formos ser
honestos e racionais, temos que ter em mente que só porque alguém cometeu um
erro na sua defesa do argumento, isso não necessariamente significa que o
argumento em si esteja errado.
Exemplo: Percebendo que Amanda cometeu uma falácia ao defender que devemos
comer alimentos saudáveis porque eles são populares, Alice resolveu ignorar a
posição de Amanda por completo e comer Whopper Duplo com Queijo no Burger
King todos os dias.
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5. Ladeira Escorregadia
Você faz parecer que o fato de permitirmos que aconteça A fará com que
aconteça Z, e por isso não podemos permitir A.
O problema com essa linha de raciocínio é que ela evita que se lide com a questão
real, jogando a atenção em hipóteses extremas. Como não se apresenta nenhuma
prova de que tais hipóteses extremas realmente ocorrerão, esta falácia toma a
forma de um apelo à emoção do medo.
Exemplo 2: a explicação feita após o terceiro subtítulo - "O voto divergente do
ministro Ricardo Lewandowski e a ladeira escorregadia" - deste texto sobre aborto.
Vale a leitura.
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6. Ad hominem
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Você evitar ter que se engajar em críticas virando as próprias críticas contra o
acusador – você responde críticas com críticas.
Exemplo: Nicole identificou que Ana cometeu uma falácia lógica, mas, em vez de
retificar o seu argumento, Ana acusou Nicole de ter cometido uma falácia
anteriormente no debate.
Exemplo 2: O político Aníbal Zé das Couves foi acusado pelo seu oponente de ter
desviado dinheiro público na construção de um hospital. Aníbal não responde a
acusação diretamente e devolve insinuando que seu oponente também já aprovou
licitações irregulares em seu mandato.
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8. Incredulidade pessoal
Você considera algo difícil de entender, ou não sabe como funciona, por isso
você dá a entender que não seja verdade.
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9. Alegação especial
Você altera as regras ou abre uma exceção quando sua afirmação é exposta
como falsa.
Humanos são criaturas engraçadas, com uma aversão boba a estarem errados.
Exemplo: Eduardo afirma ser vidente, mas quando as suas “habilidades” foram
testadas em condições científicas apropriadas, elas magicamente desapareceram. Ele
explicou, então, que elas só funcionam para quem tem fé nelas.
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Você faz uma pergunta que tem uma afirmação embutida, de modo que ela
não pode ser respondida sem uma certa admissão de culpa.
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O ônus (obrigação) da prova está sempre com quem faz uma afirmação, nunca
com quem refuta a afirmação. A impossibilidade, ou falta de intenção, de provar
errada uma afirmação não a torna válida, nem dá a ela nenhuma credibilidade.
Exemplo: Beltrano declara que uma chaleira está, nesse exato momento, orbitando o
Sol entre a Terra e Marte e que, como ninguém pode provar que ele está errado, a sua
afirmação é verdadeira.
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12. Ambiguidade
Você usa duplo sentido ou linguagem ambígua para apresentar a sua verdade
de modo enganoso.
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Exemplo: Uma roleta deu número vermelho seis vezes em sequência, então Gregório
teve quase certeza que o próximo número seria preto. Sofrendo uma forma
econômica de seleção natural, ele logo foi separado de suas economias.
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14. Ad populum
Exemplo: Luciano, bêbado, apontou um dedo para Jão e perguntou como é que
tantas pessoas acreditam em duendes se eles são só uma superstição antiga e boba.
Jão, por sua vez, já havia tomado mais Guinness do que deveria e afirmou que já que
tantas pessoas acreditam, a probabilidade de duendes de fato existirem é grande.
***
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16. Composição/Divisão
Você implica que uma parte de algo deve ser aplicada a todas, ou outras,
partes daquilo.
Muitas vezes, quando algo é verdadeiro em parte, isso também se aplica ao todo,
mas é crucial saber se existe evidência de que este é mesmo o caso.
Exemplo: Daniel era uma criança precoce com uma predileção por pensamento
lógico. Ele sabia que átomos são invisíveis, então logo concluiu que ele, por ser feito
de átomos, também era invisível. Nunca foi vitorioso em uma partida de esconde-
esconde.
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17. Nenhum escocês de verdade...
Você faz o que pode ser chamado de apelo à pureza como forma de rejeitar
críticas relevantes ou falhas no seu argumento.
Exemplo: Angus declara que escoceses não colocam açúcar no mingau, ao que
Lachlan aponta que ele é um escocês e põe açúcar no mingau. Furioso, como um
"escocês de verdade", Angus berra que nenhum escocês de verdade põe açúcar no seu
mingau.
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18. Genética
Você julga algo como bom ou ruim tendo por base a sua origem.
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19. Preto-ou-branco
Também conhecida como falso dilema, esta tática aparenta estar formando um
argumento lógico, mas sob análise mais cuidadosa fica evidente que há mais
possibilidades além das duas apresentadas.
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Só porque algo é natural, não significa que é bom. Assassinato, por exemplo, é bem
natural, e mesmo assim a maioria de nós concorda que não é lá uma coisa muito
legal de você sair fazendo por aí. A sua "naturalidade" não constitui nenhum tipo
de justificativa.
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22. Anedótica
Exemplo: José disse que o seu avô fumava, tipo, 30 cigarros por dia e viveu até os 97
anos -- então não acredite nessas meta análises que você lê sobre estudos
metodicamente corretos provando relações causais entre cigarros e expectativa de
vida.
***
Você escolhe muito bem um padrão ou grupo específico de dados que sirva
para provar o seu argumento sem ser representativo do todo.
Esta falácia de "falsa causa" ganha seu nome partindo do exemplo de um atirador
disparando aleatoriamente contra a parede de um galpão, e, na sequência,
pintando um alvo ao redor da área com o maior número de buracos, fazendo
parecer que ele tem ótima pontaria.
***
24. Meio-termo
Você declara que uma posição central entre duas extremas deve ser a
verdadeira.
Exemplo: Mariana disse que a vacinação causou autismo em algumas crianças, mas
o seu estudado amigo Calebe disse que essa afirmação já foi derrubada como falsa,
com provas. Uma amiga em comum, a Alice, ofereceu um meio-termo: talvez as
vacinas causem um pouco de autismo, mas não muito.
***