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Devemos criticar e afastar-nos do negacionismo?

Este ensaio tem como objetivo alertar para a necessidade de fugirmos do


negacionismo e combatermos as situações de desinformação com o livre-arbítrio,
impedindo que factos não sejam aceites pela sociedade.
Ao longo de muitos séculos conseguimos formar uma sociedade tecnológica, com
grandes avanços científicos e com a possibilidade de acesso a qualquer informação a
qualquer momento, mas também observamos um crescimento gigantesco do
negacionismo na sociedade. O negacionismo é a rejeição sistemática de evidências
empíricas para evitar factos ou conclusões indesejáveis, corresponde, assim, à rejeição
de conceitos básicos apoiados pelo consenso científico a favor de ideias radicais e
controversas. Devemos compreender e combater o impacto do negacionismo na nossa
sociedade, porque pessoas negacionistas podem chegar ao poder e tomar decisões
que não são as mais corretas. Este problema tem vindo a crescer quando a sociedade
enfrenta situações de instabilidade, tal como uma crise ou uma situação nunca
experienciada. Opondo-se às evidências, o movimento baseia-se em teorias e discurso
conspiratórios, sendo entendido como uma pseudociência, portanto devemos estar
alertas e ter espírito crítico sobre qualquer informação que constatemos não negando
nem aceitando sem averiguarmos a origem e a veridicidade da mesma.
Primeiramente, o negacionismo irá contribuir para uma desconfiança enorme nos
cientistas e nas suas descobertas. Essa perda de confiança nos cientistas prejudicará
a efetividade das respostas a situações urgentes, mas também proporcionará um local
propício para o aparecimento de fluxos negacionistas. Um exemplo disso foi a recusa
em aceitar as vacinas durante a pandemia de COVID-19. Neste caso o rápido
desenvolvimento de vacinas seguras contribuiu para a não propagação do vírus. Porém,
muita gente se opôs à vacina, o retirou credibilidade das instituições que criaram as
vacinas. Indivíduos pertencentes a estes grupos negacionistas disseminaram a Internet
com informações falsas e teorias da conspiração sobre a segurança das vacinas. Estas
informações espalharam-se de forma descontrolada nas redes sociais gerando uma
grande desinformação nas pessoas e conseguindo, até, alterar a opinião das pessoas
fazendo com que estas não se vacinem. Devido a estes acontecimentos houve uma
diminuição da afluência aos centros de vacinação retardando a imunidade da nossa
população. Para além da informação falsa publicada sobre a vacina foram também
publicadas outras sobre as medidas que tinham entrado em vigor naquela altura, com o
objetivo de proteger a população (medidas como o uso de máscara obrigatório,
confinamento para quem esteve em contacto com infetados, etc.). Um contra-argumento
utilizado para refutar o argumento da perda de confiança nos cientistas consiste em que
questionar estes cientistas e as suas descobertas é um exercício mental e fundamental
que desconfiando destas descobertas mantêm os cientistas responsáveis. Esta objeção
é entendida como uma espécie de ceticismo, mas não da maneira prejudicial,
completamente fundamental para uma sociedade democrática. O contra-argumento
afirma que a desconfiança depositada nas instituições científicas e governamentais é
positiva, porém quando se aborda dados científicos e questões de saúde publica, que
não têm por onde fugir, devemos confiar nas instituições especializadas. O exemplo
utilizado demonstra como a desconfiança exagerada pode fazer mudar as escolhas de
uma determinada pessoa e irá trazer decisões prejudiciais para a sociedade.
Em segundo lugar, o negacionismo, opondo-se às evidências científicas, atrapalha o
desenvolvimento de, por exemplo, novas técnicas de proteção do meio ambiente, uma
vez que se opões às evidências que comprovam as alterações climáticas. São as
atividades desempenhadas pelo Homem que ajudaram no aquecimento global, porém,
como antes referido, estes negam a existência de tais fenômenos. Há quem defenda
que existem diferentes maneiras de ver a realidade, mudando de cultura para cultura,
e, por isso, a estipulação de uma verdade concreta pode ser analisada como um ato de
imposição cultural. Mas, vamos fazer a distinção entre fatos concretos e interpretações
culturais. Apesar das culturas em que estamos inseridos interpretarem de maneira
diferente o mesmo fenómeno, alguns fenómenos científicos e históricos mantêm
presença que é independente de análises subjetivas. Então, a verdade objetiva pode
ser entendida como uma ferramenta que promove e facilita o desenvolvimento e a
procura pelo conhecimento.
Para finalizar, quando o negacionismo é aplicado eventos muito marcantes da nossa
história, como o Holocausto ou genocídios, este não só deturpa a verdade, como
também desrespeita as famílias e as próprias vítimas destes incidentes. Ao negar o
acontecimento destes eventos, os negacionistas suavizam o luto das famílias
desvalorizando as suas experiências. Isto pode gerar um sofrimento adicional para os
sobreviventes e para o meio em que estão inseridos, dificultando o processo de
entendimento e de construção de uma memória coletiva respeitosa. Em muitos casos,
o negacionismo tem presente as ruas raízes em preconceitos e ideologias
discriminatórias. Exemplo disso é a negação do Holocausto, que muitas vezes é
causada devido ao preconceito contra os judeus. Ao promover narrativas falsas e
estereótipos negativos sobre certas comunidades, o negacionismo pode reforçar
preconceitos e divisões sociais, alimentando o ódio e a discriminação. Quem defende o
negacionismo defende que o questionamento da evidência histórica sobre eventos
específicos. Eles podem argumentar que há lacunas ou falta de evidências físicas
conclusivas que comprovem a ocorrência de determinados eventos. Portanto, eles
surgem que é razoável questionar a veracidade desses eventos com base na falta
evidências conclusivas. Este argumento é falacioso, pois apesar de ainda haver
espaços por preencher e perguntar por responder sobre esses determinados
acontecimentos, essa peripécia aconteceu, exemplo do Holocausto, e existem inúmeras
provas que nos fundamentam isso, ou seja, mesmo que continuem a existir lacunas
sobre alguns momentos da nossa história, essas lacunas são relativamente pequena
quando comparadas com o conteúdo do episódio tratado, evitando, portanto, o
negacionismo.
Em suma, o negacionismo constitui uma ameaça à sociedade que prejudica a evolução
da sociedade, para além da confiança nas suas instituições. O negacionismo coloca em
risco a construção de uma sociedade saudável e aperfeiçoada, pois rejeita a procura
pela verdade e o avança do conhecimento. Nós, em quanto sociedade responsável,
devemos afastar-nos ao máximo desta vertente, procurando sempre a verdade pois
apenas assim conseguiremos instaurar uma sociedade mais informada, capaz de
enfrentar condições adversas e justa.

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