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Unidade III

Unidade III
7 VERDADE E ERRO

O tema da verdade e do erro guarda uma importante relação com a filosofia da ciência. Acredita‑se
que um dos propósitos da ciência é produzir afirmações verdadeiras – e também denunciar as falsas –
sobre o mundo. Afinal, afirmar que “2+1=3” é distinto de dizer que o caos é a essência do mundo, ainda
que ambas possam ser verdadeiras em algum momento da humanidade. A ciência confirmou essas
afirmações como verdadeiras; o próprio conceito de verdade é historicamente variável, tal como o de
ciência, ponto discutido neste livro.

Ao longo da história da filosofia da ciência, inúmeros pensadores se preocuparam com a chamada


verdade ontológica, aquela afirmação que exprime o ser das coisas, enquanto corresponde exatamente
ao nome que lhes é dado. Nesse sentido, por exemplo, as ideias são conformes às coisas. Conhecer essa
verdade é, então, conhecer as coisas tais como são.

No entanto, seria possível também apresentar um outro conceito de verdade como lógico, já que
exprime a conformidade do espírito em relação as coisas. Quando afirmo “Este bolo é o melhor do
mundo”, enuncio uma verdade sobre meu juízo, conforme meu julgamento do que seja o melhor
do mundo. Nesse exemplo, não pode existir verdade, a não ser que o espírito, afirmando uma
coisa de uma outra, conheça seu ato e sua conformidade em relação ao objeto, o que se produz
unicamente no juízo.

Para alguns autores, o espírito em relação ao verdadeiro existe em quatro estados diferentes:

• Estado de ignorância: ausência de todo conhecimento relativo a qualquer objeto.

• Estado de dúvida: a dúvida é uma suspensão de qualquer juízo, não tendo qualquer afirmação
sobre o objeto.

• Estado de opinião: afirmação que se baseia na probabilidade de determinado juízo, ainda que
ignore as razões para tal.

• Estado de certeza: adesão firme a uma verdade conhecida, que recorre à evidência. A clareza é
plena, pela qual o verdadeiro se impõe à adesão da inteligência.

Muitos estudiosos ainda defendem que a certeza pode ser metafísica, quando se baseia na própria
essência das coisas; física, quando se baseia na experiência ou em leis da natureza; ou moral, quando a
asserção é verdadeira.

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Se a verdade lógica é a conformidade da inteligência em relação às coisas, o erro é seu oposto e não
deve ser definido como a não conformidade do juízo das coisas. Nessa visão, erro e ignorância não se
confundem. Esta se refere a nada saber, enquanto o erro consiste em não saber e afirmar acreditar saber
– é uma ignorância que se ignora.

Alguns atribuem aos erros causas lógicas, como falta de atenção e de memória, e também causas
morais, como: a vaidade, pela qual confiamos em demasia em nossas luzes pessoais; o interesse, pelo
qual preferimos asserções que nos são favoráveis; a preguiça, pela qual aceitamos simplificações e
argumentos de autoridade.

Para tanto, alguns remédios contra o erro são as aplicações de métodos das regras lógicas, a exemplo
dos processos dedutivos e indutivos, o amor pela verdade e a suspeita filosófica, que nos inclina a
desconfiar de nós mesmos e agir com paciência e perseverança na procura da verdade.

Exemplo de aplicação

Muitas pesquisas científicas encontram limitações em razão dos métodos empregados. Por isso, é
importante que toda pesquisa deixe claros os eventuais ajustes, os dilemas enfrentados e até mesmo a
admissão do erro.

Reflita a respeito da importância de evidenciar o erro para o próprio prosseguimento da pesquisa.

Por fim, é possível também discutir o critério da certeza, que permite reconhecer uma coisa
distinguindo‑a de todas as outras. É possível distinguir critérios particulares dos universais para afirmar
“Isto é verdadeiro, isto é falso”. Por vezes, o critério universal é vinculado à evidência; daí o porquê de
dizer que tudo o que é evidente é verdadeiro e, mais, apenas isso é evidente.

Exemplo de aplicação

Na prática, as apresentações da verdade científica e da divulgação científica também são questionadas


diante da quantidade de informações falsas que circulam nas redes sociais. Reflita sobre a importância
de defender a informação científica verdadeira à luz dos pontos apresentados pela seguinte notícia:

Contrariando o consenso científico, certos grupos questionam a eficácia das


vacinas, a existência das mudanças climáticas, a validade da teoria da evolução.
A lei da gravitação universal de Newton, para os chamados terraplanistas, é
uma falácia. Nenhum desses discursos é novo. O que tem causado espanto
é o seu recrudescimento, aliado ao poder de dispersão das redes sociais e, por
vezes, ao apoio de grupos fortes econômica e politicamente.

Implicações desse cenário e o papel da divulgação científica na construção de


uma sociedade informada e democrática foram discutidos durante o I Seminário
Internacional Scientific American Brasil, realizado no dia 3 de outubro, em

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Unidade III

São Paulo. Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São


Paulo (IF‑USP), defendeu a importância de pesquisadores e jornalistas não se
calarem diante dos ataques à ciência.

“É preciso confrontá‑los, mas a questão é como fazer isso. Muitas


reportagens se ocupam apenas de apresentar argumentos negacionistas.
Sem posicionamento crítico, elas acabam prestando um desserviço à ciência
e reforçando ainda mais o negacionismo”, disse.

Especificamente sobre mudanças climáticas, Artaxo elencou uma série de


tensões que precisam ser melhor consideradas: na área energética, entre
a indústria de combustíveis fósseis e a de renováveis; desta para a área
política – em particular, a norte‑americana –, com a extinção de programas
voltados ao estudo das alterações no clima global; chegando às relações
internacionais, com os Estados Unidos perdendo terreno para a China em
termos de ações voltadas a um futuro mais sustentável (LOPES, 2017).

7.1 Verificação ou refutação

A identificação do debate sobre verdade e erro já mencionada foi alterada, sobretudo, com o avanço
das preocupações da humanidade e do próprio esclarecimento do homem. Hannah Arendt pontua bem
sobre isso retomando Kant:

O grande obstáculo que a razão (Vernunft) coloca à sua própria maneira


surge do lado do intelecto (Verstand) e dos critérios inteiramente justificados
que ela estabeleceu para seus próprios propósitos, isto é, para saciar
nossa sede e satisfazer nossa necessidade, conhecimento e cognição. [...]
A necessidade da razão não é inspirada pela busca da verdade, mas pela
busca de significado. E verdade e significado não são os mesmos. A falácia
básica, tomando precedência sobre todas as falácias metafísicas específicas,
é interpretar o significado no modelo da verdade (ARENDT, 2000, p. 27).

E é justamente aí que reside o paradoxo da ciência: a ideia de que seu objetivo é dissipar a ignorância
com o conhecimento, mas também é, na melhor das hipóteses, conduzido totalmente pela
ignorância. Mas o que é verdade? Dizer se determinadas afirmações são verdadeiras ou falsas, na
melhor das circunstâncias, passa a depender da possibilidade de verificar à luz de determinadas
convenções ou perante certas comunidades se são aceitas como verdades e, portanto, precisam ser
verificáveis ou confirmáveis.

A princípio, é possível coletar um número suficiente de evidências para que se possa defini‑las como
verdadeiras. Tal visão se vincula à perspectiva indutiva do pensamento e pressupõe certa uniformidade da
natureza, como no famoso caso do cisne negro: o fato de que todos os cisnes já observados sejam brancos
não é uma garantia de que todos os cisnes sejam brancos. Mas o que isso diz sobre o nosso mundo?
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Novamente, Arendt é precisa: esperar que a verdade venha do pensamento significa que confundimos
a necessidade de pensar com o desejo de saber. O pensamento pode e deve ser empregado na tentativa
de conhecer, mas no exercício dessa função nunca é ele mesmo, é apenas a versão criada de um
empreendimento totalmente diferente.

Novo critérios podem ser introduzidos à ciência. É possível afirmar que proposições científicas precisam
ser refutáveis ou falsificáveis, desautorizadas pelos fatos. A ciência, na prática, depende sempre de uma
prova experimental e conclusiva de falsidade – o que marca o avanço da história das ciências. A possibilidade
de refutação passa a ser requisito para toda e qualquer asserção científica e o que torna uma teoria mais
preferível do que a outra é o fato de poder ser mais facilmente rejeitada.

Aqui vale resgatar o trabalho de Karl Popper ao tomar a falseabilidade como seu critério para demarcar
a ciência da não ciência: se uma teoria é incompatível com possíveis observações empíricas, ela é científica.
Inversamente, uma teoria que é compatível com todas essas observações, seja porque, como no caso do
marxismo, foi modificada apenas para acomodar tais observações, seja porque, como no caso das teorias
psicanalíticas, é consistente com todas as observações possíveis, não é científico, diz Popper (1972).

No entanto, afirmar que uma teoria não é científica não significa necessariamente que ela seja
esclarecedora, e sim que ela não tem sentido, pois às vezes acontece que uma teoria não científica
(porque é infalsificável) em um determinado momento pode tornar‑se falsificável. Logo, a qualificação
do termo científico depende do desenvolvimento da tecnologia ou da articulação e do refinamento
adicionais da teoria.

Na visão de Popper toda observação é seletiva e carregada de teoria; não há observações puras ou
livres de teoria. Dessa forma, ele desestabiliza a visão tradicional de que a ciência pode ser distinguida
da não ciência com base em sua metodologia indutiva. Em contraposição a isso, Popper afirma que não
existe uma metodologia única específica para a ciência. A ciência, como virtualmente toda e qualquer
outra atividade humana e até orgânica, consiste em grande parte na solução de problemas.

Percebe‑se, então, que há um afastamento em relação à indução como método característico da


investigação e inferência científica, substituindo a falsificabilidade em seu lugar. É fácil, argumenta
Popper, obter evidências em favor de que virtualmente qualquer teoria deveria ser reputada como
científica apenas se for o resultado positivo diante de uma previsão genuinamente arriscada, o que
poderia ter sido falso.

Em suma, uma teoria é científica apenas se for refutável por um evento concebível. Todo teste
genuíno de uma teoria científica, portanto, é logicamente uma tentativa de refutá‑lo ou falsificá‑lo, ao
passo que uma genuína contraprova falsifica toda a teoria.

Em um sentido crítico, a teoria da demarcação de Popper baseia‑se em sua percepção da assimetria


lógica entre verificação e falsificação: é logicamente impossível verificar conclusivamente uma proposição
universal por referência à experiência, como Hume sustentou com propriedade. Não obstante, uma
proposição pode falsificar conclusivamente a lei universal correspondente.

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Unidade III

Toda teoria científica genuína, então, na visão de Popper, é proibitiva, no sentido de que proíbe, por
implicação, eventos ou ocorrências particulares. Como tal, pode ser testada e falsificada, mas nunca
logicamente verificada. Assim, Popper enfatiza que nada deve ser inferido do fato de que uma teoria
resistiu aos testes mais rigorosos, por mais longo que tenha sido o período de tempo em que foi verificada.
Em vez disso, devemos reconhecer que tal teoria recebeu uma alta medida de corroboração e pode
ser provisoriamente reputada como a melhor teoria disponível até que seja finalmente falsificada ou
substituída por uma melhor.

Popper sempre estabeleceu uma distinção clara entre a lógica da falseabilidade e sua metodologia
aplicada. A lógica de sua teoria é totalmente simples: se um único metal ferroso não é afetado por um
campo magnético, não é possível que todos os metais ferrosos sejam afetados por campos magnéticos.
Logicamente falando, uma lei científica é conclusivamente falseável, embora não seja conclusivamente
verificável. Metodologicamente, no entanto, a situação é muito mais complexa: nenhuma observação
é livre da possibilidade de erro; então, consequentemente, podemos questionar se nosso resultado
experimental foi o que parecia ser.

Popper enfatiza, em particular, que não há um caminho único para a elaboração de uma teoria,
mas destaca a importância da intuição, baseada em algo como um amor intelectual pelos objetos da
experiência. A ciência, na visão de Popper, começa com problemas e não com observações; é, de fato,
precisamente no contexto de lidar com um problema que o cientista faz observações em primeira
instância: suas observações são seletivamente projetadas para testar até que ponto dada teoria funciona
como uma solução satisfatória para um determinado problema.

Nesse ponto, Popper e Arendt se encontram: a ciência deve se preocupar em fazer boas perguntas e
elaborar modelos para atribuir novos significados.

Colocando as perguntas irrespondíveis do significado, os homens se


estabelecem como seres questionadores. Por trás de todas as questões
cognitivas para as quais os homens encontram respostas, escondem‑se
as irrespondíveis, que parecem inteiramente ociosas e sempre foram
denunciadas como tais. É mais do que provável que os homens, se perdessem
o apetite pelo significado que chamamos de pensamento e deixassem de
fazer perguntas incontestáveis, perderiam não apenas a capacidade de
produzir aqueles pensamentos‑coisas que chamamos de obras de arte, mas
também a capacidade para fazer todas as perguntas respondíveis sobre as
quais toda civilização é fundada [...].

Enquanto nossa sede de conhecimento pode ser inextinguível por causa da


imensidão do desconhecido, a atividade em si deixa para trás um tesouro
crescente de conhecimento, que é retido e guardado por toda civilização como
parte e parcela de seu mundo. A perda desse acúmulo e do conhecimento
técnico necessário para conservá‑lo e aumentá‑lo inevitavelmente significa
o fim desse mundo em particular (ARENDT, 2000, p. 37).

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA

8 PARADIGMAS E CRISES NA CIÊNCIA

Um importante estudo na filosofia da ciência é sobre a formação de paradigmas, sendo Thomas Samuel
Kuhn, físico norte‑americano, um dos autores sobre esse tema, que ficou conhecido por enfatizar que o
progresso da ciência estava relacionado ao seu caráter revolucionário. Seus estudos foram compilados na
primeira versão de sua obra principal, A Estrutura das Revoluções Científicas, de 1962.

As contribuições de Kuhn para o aprimoramento da epistemologia são notáveis, sobretudo ao dar


ênfase à substituição de um paradigma por outro, em que uma revolução implica o abandono de um
empreendimento teórico determinado e sua substituição por outro superior, porém incompatível.

A problemática central da teoria kuhniana se reporta à ideia de paradigma. Paradigma é, por assim
dizer, o conjunto de crenças, ideias, valores e técnicas, institutos compartilhados por membros de um
dado agrupamento em um determinado momento histórico. Trata‑se exatamente de um ponto de
vista, de uma perspectiva acerca da realidade – basta refletir aqui sobre os paradigmas de Ptolomeu e
Copérnico explorados anteriormente neste livro.

O conceito de paradigma foi criado por Kuhn com base em sua percepção de que, quando uma
determinada teoria é aceita e seguida pela maioria da comunidade científica, ela se coloca como um
prenúncio obrigatório de abordagem de problemas.

Vale destacar que o conceito de paradigma não se encontra delimitado de forma clara e objetiva
pelo autor em sua obra. Por esse motivo, prevalece uma série de divergências entre os comentadores.

A partir das críticas tecidas sobre o termo “paradigma”, Kuhn (2011, p. 220) estabelece dois
sentidos centrais e objetivos para a palavra. O primeiro deles diz respeito à ideia de o paradigma ser
caracterizado por seu fator sociológico; o outro, à sua característica de resvalar em uma técnica de
resolver quebra‑cabeças.

Ao adotar um paradigma específico, essa perspectiva de encarar a realidade influencia diretamente


o processo de conhecimento e, principalmente, o modo de resolver os problemas que surgem para a
comunidade científica.

É oportuno salientar que um determinado paradigma governa estados de uma ciência madura,
normal, isto é, o paradigma estabelece os padrões que o trabalho científico deve obedecer. A existência
de um paradigma capaz de sustentar uma tradição de ciência normal é a característica que distingue a
ciência da não ciência, segundo Kuhn.

Conforme explica Kuhn, a ciência normal corresponde a uma pesquisa firmemente baseada em
uma ou mais realizações científicas anteriores. A ciência normal, portanto, nada mais é que o estado de
normal funcionamento das construções científicas, que, em última análise, obedecem a um determinado
paradigma vigente.

Nesse sentido, a ciência normal procura articular o paradigma para que possua ferramental necessário
com vistas a sempre melhorar sua correspondência com a natureza.
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Unidade III

Exemplo de aplicação

Um dos papéis da ciência reputada como normal é afirmar uma relação de causalidade entre dois
acontecimentos dentro de um paradigma. No entanto, isso é mais complexo do que parece à primeira
vista, pois causação não se confunde com correlação.

Dessa forma, reflita a respeito da importância da causalidade nas ciências.

Assim, destaca‑se que a ciência normal não pretende fazer novas descobertas, encontrar a verdade
e tampouco questionar a validade de um determinado paradigma. Os cientistas também não estão
preocupados em inovar ou criar novas teorias; apenas buscam aprimorar e desenvolver o paradigma
vigente e os princípios dele decorrentes, a fim de trabalhar com ele ao longo de todas as etapas do
empreendimento científico. Basta retomar o caso de Copérnico discutido anteriormente e refletir sobre
o quanto Galileu e Kepler aprofundaram o modelo heliocêntrico.

Figura 19 – Diagrama que demonstra as duas primeiras leis do movimento planetário de Kepler

Se a ciência normal não tem como função a procura por novidades ou fenômenos substanciais,
qual seria, pois, sua importância para a evolução da ciência? Segundo Kuhn, os resultados obtidos pelas
pesquisas desenvolvidas em estado de ciência normal contribuem, por seu turno, para aumentar a
precisão com que o paradigma pode ser utilizado para resolver problemas.

Diante disso, a ciência normal importará na orientação do paradigma, para que este solucione qualquer
tipo de problema, que Kuhn (2011, p. 59) chama de “tipos complexos de quebra‑cabeças instrumentais,
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA

conceituais e matemáticos”. Ao cientista será concedida a tarefa de resolver tais quebra‑cabeças se


utilizando das técnicas advindas do paradigma dominante, que organiza e estrutura toda a pesquisa
normal. Encontrar a solução de um quebra‑cabeça residual, como bem lembra Kuhn, é um trabalho
árduo e até de caráter pessoal do cientista.

8.1 Crises e revoluções científicas

No campo da ciência, como já esclarecido, os cientistas trabalham utilizando técnicas guiadas


pelo paradigma dominante no processo continuado de resolução dos ditos quebra‑cabeças, como, por
exemplo, o modelo geocêntrico e depois o modelo heliocêntrico. O mesmo pode ser dito em relação à
física newtoniana. O paradigma regente apresentará ao cientista um conjunto de teorias e soluções para
os problemas encontrados.

No entanto, à medida que os cientistas se aprofundam sobre as questões‑objeto de seus estudos, na


busca pela resolução dos problemas encontrados, dúvidas e dificuldades inevitavelmente surgem em seu
caminho. Essas dificuldades se referem ao fato de os cientistas não conseguirem encontrar uma resposta
satisfatória se utilizando das regras e dos métodos relativos ao paradigma dominante da ciência normal
– por exemplo, a dificuldade de explicar os movimentos retrógados dos planetas utilizando o modelo
geocêntrico, como já visto anteriormente.

Segundo Kuhn (2011, p. 84), tais dificuldades são chamadas de anomalias, que, nas palavras do autor,
são “um fenômeno para o qual o paradigma não prepara o investigador, desempenh[ando] um papel
essencial na preparação do caminho que permit[e] a descoberta da novidade”. Diante disso, os cientistas
se dão conta de que essas dificuldades e situações estranhas à realidade até então conhecida passam a
existir em uma frequência cada vez maior, e que as soluções fornecidas pelo paradigma dominante não
conseguem explicar; daí o surgimento das anomalias.

A seguinte notícia científica coloca em questão o paradigma da expansão cósmica.

O universo está se expandindo, mas não necessariamente de forma acelerada


como aponta o modelo cosmológico mais aceito pelos especialistas, o
Lambda‑CDM (Cold Dark Matter). É o que propõe uma pesquisa realizada no
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade
de São Paulo (IAG‑USP). Segundo Antônio Cândido de Camargo Guimarães,
autor do estudo publicado no periódico Classical and Quantum Gravity,
houve uma fase de expansão acelerada, que seria recente. “Mas hoje esse
estado não é tão certo. É possível que a aceleração já esteja diminuindo”, disse
à Agência Fapesp. A pesquisa, parte do projeto “Investigação da distribuição
de matéria escura através de seus efeitos como lentes gravitacionais”,
supervisionada por José Ademir Sales de Lima, professor do IAG, contou
com apoio da Fapesp na modalidade Bolsa de Pós‑Doutorado.

Guimarães conta que há cerca de dez anos a expansão acelerada do universo


se tornou consenso na comunidade científica a partir de observações de
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Unidade III

explosões de supernovas 1a, cujo brilho era menor do que se esperava. Para
descrever essa rápida expansão, os cientistas adotaram o Lambda‑CDM. Esse
modelo cosmológico se baseia na existência de uma “energia escura”, que
corresponderia a 70% da composição do universo. “A energia escura é um
ente físico muito especulativo. Há algumas hipóteses e ideias, mas não se
sabe qual a natureza dela”, destacou o astrônomo.

Em sua pesquisa, Guimarães diz que a ideia foi descrever a expansão de forma
independente de modelos de energia escura. Para isso, usou a chamada abordagem
cosmográfica. Esse método se baseia na descrição da expansão cósmica como
uma somatória de termos em função do redshift (medida da velocidade de
afastamento) das supernovas, que é usado para traçar o brilho estelar (indicando
a distância). As supernovas foram divididas em três grupos: antigas, recentes e
muito recentes. Por meio das análises cosmográficas, o pesquisador observou que,
quanto mais recente os eventos das supernovas, maior era a probabilidade da atual
desaceleração do universo. “O modelo Lambda‑CDM diz que a aceleração tende
sempre a aumentar. É interessante, pois nosso trabalho questiona esse paradigma,
que usa uma forma particular para a energia escura para descrever a expansão
cósmica”, disse Guimarães (PILEGGI, 2011).

A descoberta das anomalias acarreta uma situação que Kuhn descreve como período de insegurança
ou crise de um paradigma. Mudanças significativas nos métodos pertencentes à ciência e o insucesso
frequente na resolução dos quebra‑cabeças proclamam a necessidade da investigação de novos meios
e teorias e, consequentemente, a emergência de um novo paradigma. Na notícia anterior, a mudança
do método baseado na energia escura pela abordagem cosmográfica permitiu questionar o paradigma
sobre a velocidade de expansão do universo.

Nesse sentido, vale salientar a função da intitulada pesquisa extraordinária, que se constitui,
justamente, nessa tentativa de localizar, definir e neutralizar as anomalias. Isso ocorre quando os
cientistas deixam de tentar aprimorar as técnicas do paradigma dominante para, por outro lado, buscar
as soluções mais diversas para o quebra‑cabeça, como, por exemplo, análises políticas, históricas ou, até
mesmo, filosóficas.

Não obstante, adverte‑se que anomalias são aqueles problemas para os quais os cientistas não
conseguem encontrar solução utilizando as proposições do mesmo paradigma. O estado de crise se
instaura a partir da incapacidade do paradigma de resolver as anomalias e com o eventual surgimento
de novas descobertas científicas que podem trazer soluções para as anomalias.

Para ser considerada significativa, a anomalia deverá, obrigatoriamente, atacar os próprios


fundamentos do paradigma, resistindo, entretanto, persistentemente, às tentativas dos membros de
uma comunidade científica normal para removê‑la. Interligado à importância da anomalia também é
relevante observar o período de tempo que ela resiste a tentativas de removê‑la. O número de anomalias
sérias é um fator adicional a influenciar o início de uma crise.

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Após a descoberta da crise, instaura‑se a desconfiança no paradigma dominante por parte


da comunidade científica, pois suas premissas não são mais capazes de resolver o quebra‑cabeça
originário da tensão. Esse período é identificado por Kuhn como período de acentuada insegurança
profissional, em virtude de os cientistas começarem a esboçar abertamente seu descontentamento
com o paradigma reinante.

Nessa perspectiva, caso o paradigma não consiga ceder aos ataques das anomalias e, de fato, se
instaure a crise, os cientistas iniciarão um trabalho de perquirição de novas descobertas científicas,
a fim de construir novas teorias, novas bases e novos meios para conseguir lidar com as anomalias
encontradas. No tocante às características de uma descoberta científica e à sua função para a evolução
da ciência, destaca Kuhn:

[...] A consciência prévia da anomalia, a emergência gradual e simultânea de


um reconhecimento tanto no plano conceitual como no plano da observação
e a consequente mudança de categorias e procedimentos paradigmáticos,
mudança muitas vezes acompanhada por resistência. [...] Inicialmente
experimentamos somente o que é habitual e previsto.

[...] Contudo, uma maior familiaridade dá origem à consciência de uma


anomalia. [...] Essa consciência da anomalia inaugura um período no qual
as categorias conceituais são adaptadas até que o que inicialmente era
considerado anômalo se converta no previsto. No momento completa‑se a
descoberta. (...] reconhecendo esse processo, podemos facilmente começar
a perceber por que a ciência normal – um empreendimento não dirigido para
as novidades e que, a princípio, tende a suprimi‑las – pode, não obstante, ser
tão eficaz para provocá‑las (KUHN, 2011, p. 89‑91).

Assim, percebe‑se que a descoberta científica é fundamental para a resolução dos quebra‑cabeças
tendo em vista o fracasso do paradigma reinante em fornecer aos cientistas as orientações necessárias
para a resolução dos problemas.

Para Kuhn as crises podem ser extintas de três maneiras. Pode ser que a ciência normal se revele
capaz de resolver o problema que provocou a crise, sem que seja preciso a instauração de um novo
paradigma, apesar do desespero daqueles que o viam como o fim do paradigma existente. A segunda
maneira resvala na possibilidade de o problema resistir às abordagens apresentadas para sua extinção.
Nesse caso, os cientistas podem concluir que nenhuma solução para o problema poderá surgir no estado
atual da ciência do estudo.

O problema, portanto, sem solução recebe um rótulo e é esquecido temporariamente para


ser resolvido por uma futura geração que disponha de instrumentos superiores. Uma crise pode
terminar com a emergência de um candidato a paradigma e com uma subsequente batalha por
sua aceitação.

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Unidade III

Para servir de ilustração à situação abordada, faz‑se menção à história do químico francês Louis
Pasteur, que no século XIX abalou a comunidade científica com sua descoberta. Em seus experimentos
advindos da microbiologia, descobriu que as doenças eram causadas por microrganismos, teoria chamada
de abiogênese. Esse é o exemplo do antraz, que matava o gado e trazia sérios prejuízos para a economia
da França após a guerra franco‑prussiana, e da raiva. Em virtude de tal empreendimento, Pasteur foi
ridicularizado por toda a comunidade acadêmica e exilado, pois os cientistas tinham sérias dificuldades
de aceitar sua descoberta.

Tal dificuldade demonstra, segundo Kuhn, que a mudança de adesão por parte de cientistas
individuais de um paradigma para uma alternativa incompatível é semelhante a uma troca gestáltica
ou a uma conversão religiosa. Não há argumento puramente lógico que demonstre a superioridade de
um paradigma sobre outro e que force, assim, um cientista racional a fazer a mudança. Os cientistas
partidários de paradigmas rivais não aceitam facilmente as premissas uns dos outros e, assim, não são,
necessariamente, convencidos por seus argumentos.

Por causa de seu exílio, Pasteur se mudou para Arbois, cidade do interior da França, e lá continuou
a formular seus empreendimentos científicos. Um deles foi a descoberta da vacina contra a raiva, que,
por sua vez, constituiu o clímax de uma crise, demonstrando a superação do paradigma anterior e
a ascensão de um novo, sob o qual passariam a ser desenvolvidos os empreendimentos científicos
futuros. A partir dessas descobertas, a comunidade científica foi cedendo, e, por conseguinte, a teoria
do químico, antes ridicularizada, passou a ser aceita pela comunidade como se fosse óbvia.

A história de Louis Pasteur põe em evidência a existência de dificuldades sérias, graves e


insuperáveis à luz do paradigma até então vigente, como já destacado anteriormente, sendo
imprescindível a descoberta e aceitação de um novo paradigma capaz de orientar novamente
o trabalho dos cientistas. Isso é exatamente o que Kuhn (2011, p. 125) chama de revoluções
científicas. Segundo o físico, as revoluções científicas são “aqueles episódios de desenvolvimento
não cumulativo nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por um
novo, incompatível com o anterior”.

Portanto, a revolução científica representa esse abandono de um paradigma e a preferência ou adoção


de um novo paradigma, superior ao antigo, pela comunidade científica como um todo.

Nessa linha, em síntese, o ciclo científico a que se refere a teoria de Thomas Kuhn perpassa pelos
seguintes estágios:

• Ciência normal: estado de absoluta normalidade do conhecimento científico.

• Revolução científica: novas descobertas e estudos, que, por sua vez, despertam o senso crítico e
o questionamento de teorias já existentes.

• Ciência extraordinária: novo modo de conhecimento científico, após o período de revolução científica.

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA

É imprescindível destacar que a ciência extraordinária não se exaure em si mesma, pois, com o passar
do tempo, ela se tornará uma ciência normal, em virtude da aceitação conjunta do paradigma, e um
novo ciclo de conhecimento se inicia, até que novas dificuldades surjam e necessitem da emergência
de novas descobertas científicas.

Ciência
normal

Ciência Revolução
extraordinária científica

Figura 20 – Relações entre as ciências em Kuhn

Resumo

Nesta unidade foi possível observar a relação entre verdade e ciência,


bem como a necessária relativização desse conceito diante de diferentes
pontos de partida. A verdade não se limita apenas ao sentido aristotélico
de correspondência; também se vincula a um sentido pragmático e de
utilidade, de consenso e aceitação pela comunidade científica.

Da mesma forma, foi possível diferenciar o conceito e as funções


do erro, da dúvida e da ignorância no processo de busca pela verdade.
Além disso, se discutiu a importância da tese da refutação e verificação,
considerando-se a não uniformidade da natureza e a dificuldade de
afirmação de hipóteses não falseáveis na ciência, pontos retomados a
partir das ideias de Karl Popper.

Finalmente, se discutiu sobre revoluções, crises e paradigmas nas


ciências, recorrendo-se aos trabalhos de Thomas Kuhn.

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Unidade III

Exercícios

Questão 1.

Figura 21

Tendo como base o ambiente científico, considere estas afirmativas:

I – A escolha do método não é obrigatória, porque o dogma pode ser utilizado em diferentes situações.

II – O método é uma escolha feita a partir do objetivo e da natureza do objeto que vai ser investigado.

III – A maior dificuldade de escolha do método decorre da multiplicidade de possibilidades.

Com base no que foi exposto anteriormente, é correto o que se afirma apenas em:

A) I.

B) II.

C) III.

D) I e II.

E) II e III.

Resposta correta: alternativa B.

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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Análise das afirmativas

I – Afirmativa incorreta.

Justificativa: o dogma é um pressuposto que se aceita sem crítica ou questionamento; por isso, não
é um componente do método ou do pensamento científico.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: a escolha de um método não é aleatória e se sustenta em duas condições essenciais: a


natureza do objeto a que vai ser aplicado e o fim que se tem em vista.

III – Afirmativa incorreta.

Justificativa: a maior dificuldade de escolha do método decorre do equívoco sobre a natureza dos
objetos que serão pesquisados.

Questão 2. Quando se diz “A melhor comida brasileira é aquela do Nordeste” e “Uma reta é o
caminho mais curto entre dois pontos”, estamos diante do que se afirma em:

A) Estado de ignorância e estado de dúvida.

B) Estado de opinião e estado de ignorância.

C) Estado de dúvida e estado de opinião.

D) Estado de opinião e estado de certeza.

E) Estado de certeza e estado de certeza.

Resolução desta questão na plataforma.

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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 2

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Figura 3

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Figura 4

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Figura 5

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Figura 6

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Figura 7

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Figura 9

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Figura 10

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Figura 11

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Figura 13

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Figura 14

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Figura 19

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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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