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Unidade III
7 VERDADE E ERRO
O tema da verdade e do erro guarda uma importante relação com a filosofia da ciência. Acredita‑se
que um dos propósitos da ciência é produzir afirmações verdadeiras – e também denunciar as falsas –
sobre o mundo. Afinal, afirmar que “2+1=3” é distinto de dizer que o caos é a essência do mundo, ainda
que ambas possam ser verdadeiras em algum momento da humanidade. A ciência confirmou essas
afirmações como verdadeiras; o próprio conceito de verdade é historicamente variável, tal como o de
ciência, ponto discutido neste livro.
No entanto, seria possível também apresentar um outro conceito de verdade como lógico, já que
exprime a conformidade do espírito em relação as coisas. Quando afirmo “Este bolo é o melhor do
mundo”, enuncio uma verdade sobre meu juízo, conforme meu julgamento do que seja o melhor
do mundo. Nesse exemplo, não pode existir verdade, a não ser que o espírito, afirmando uma
coisa de uma outra, conheça seu ato e sua conformidade em relação ao objeto, o que se produz
unicamente no juízo.
Para alguns autores, o espírito em relação ao verdadeiro existe em quatro estados diferentes:
• Estado de dúvida: a dúvida é uma suspensão de qualquer juízo, não tendo qualquer afirmação
sobre o objeto.
• Estado de opinião: afirmação que se baseia na probabilidade de determinado juízo, ainda que
ignore as razões para tal.
• Estado de certeza: adesão firme a uma verdade conhecida, que recorre à evidência. A clareza é
plena, pela qual o verdadeiro se impõe à adesão da inteligência.
Muitos estudiosos ainda defendem que a certeza pode ser metafísica, quando se baseia na própria
essência das coisas; física, quando se baseia na experiência ou em leis da natureza; ou moral, quando a
asserção é verdadeira.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Se a verdade lógica é a conformidade da inteligência em relação às coisas, o erro é seu oposto e não
deve ser definido como a não conformidade do juízo das coisas. Nessa visão, erro e ignorância não se
confundem. Esta se refere a nada saber, enquanto o erro consiste em não saber e afirmar acreditar saber
– é uma ignorância que se ignora.
Alguns atribuem aos erros causas lógicas, como falta de atenção e de memória, e também causas
morais, como: a vaidade, pela qual confiamos em demasia em nossas luzes pessoais; o interesse, pelo
qual preferimos asserções que nos são favoráveis; a preguiça, pela qual aceitamos simplificações e
argumentos de autoridade.
Para tanto, alguns remédios contra o erro são as aplicações de métodos das regras lógicas, a exemplo
dos processos dedutivos e indutivos, o amor pela verdade e a suspeita filosófica, que nos inclina a
desconfiar de nós mesmos e agir com paciência e perseverança na procura da verdade.
Exemplo de aplicação
Muitas pesquisas científicas encontram limitações em razão dos métodos empregados. Por isso, é
importante que toda pesquisa deixe claros os eventuais ajustes, os dilemas enfrentados e até mesmo a
admissão do erro.
Por fim, é possível também discutir o critério da certeza, que permite reconhecer uma coisa
distinguindo‑a de todas as outras. É possível distinguir critérios particulares dos universais para afirmar
“Isto é verdadeiro, isto é falso”. Por vezes, o critério universal é vinculado à evidência; daí o porquê de
dizer que tudo o que é evidente é verdadeiro e, mais, apenas isso é evidente.
Exemplo de aplicação
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Unidade III
A identificação do debate sobre verdade e erro já mencionada foi alterada, sobretudo, com o avanço
das preocupações da humanidade e do próprio esclarecimento do homem. Hannah Arendt pontua bem
sobre isso retomando Kant:
E é justamente aí que reside o paradoxo da ciência: a ideia de que seu objetivo é dissipar a ignorância
com o conhecimento, mas também é, na melhor das hipóteses, conduzido totalmente pela
ignorância. Mas o que é verdade? Dizer se determinadas afirmações são verdadeiras ou falsas, na
melhor das circunstâncias, passa a depender da possibilidade de verificar à luz de determinadas
convenções ou perante certas comunidades se são aceitas como verdades e, portanto, precisam ser
verificáveis ou confirmáveis.
A princípio, é possível coletar um número suficiente de evidências para que se possa defini‑las como
verdadeiras. Tal visão se vincula à perspectiva indutiva do pensamento e pressupõe certa uniformidade da
natureza, como no famoso caso do cisne negro: o fato de que todos os cisnes já observados sejam brancos
não é uma garantia de que todos os cisnes sejam brancos. Mas o que isso diz sobre o nosso mundo?
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Novamente, Arendt é precisa: esperar que a verdade venha do pensamento significa que confundimos
a necessidade de pensar com o desejo de saber. O pensamento pode e deve ser empregado na tentativa
de conhecer, mas no exercício dessa função nunca é ele mesmo, é apenas a versão criada de um
empreendimento totalmente diferente.
Novo critérios podem ser introduzidos à ciência. É possível afirmar que proposições científicas precisam
ser refutáveis ou falsificáveis, desautorizadas pelos fatos. A ciência, na prática, depende sempre de uma
prova experimental e conclusiva de falsidade – o que marca o avanço da história das ciências. A possibilidade
de refutação passa a ser requisito para toda e qualquer asserção científica e o que torna uma teoria mais
preferível do que a outra é o fato de poder ser mais facilmente rejeitada.
Aqui vale resgatar o trabalho de Karl Popper ao tomar a falseabilidade como seu critério para demarcar
a ciência da não ciência: se uma teoria é incompatível com possíveis observações empíricas, ela é científica.
Inversamente, uma teoria que é compatível com todas essas observações, seja porque, como no caso do
marxismo, foi modificada apenas para acomodar tais observações, seja porque, como no caso das teorias
psicanalíticas, é consistente com todas as observações possíveis, não é científico, diz Popper (1972).
No entanto, afirmar que uma teoria não é científica não significa necessariamente que ela seja
esclarecedora, e sim que ela não tem sentido, pois às vezes acontece que uma teoria não científica
(porque é infalsificável) em um determinado momento pode tornar‑se falsificável. Logo, a qualificação
do termo científico depende do desenvolvimento da tecnologia ou da articulação e do refinamento
adicionais da teoria.
Na visão de Popper toda observação é seletiva e carregada de teoria; não há observações puras ou
livres de teoria. Dessa forma, ele desestabiliza a visão tradicional de que a ciência pode ser distinguida
da não ciência com base em sua metodologia indutiva. Em contraposição a isso, Popper afirma que não
existe uma metodologia única específica para a ciência. A ciência, como virtualmente toda e qualquer
outra atividade humana e até orgânica, consiste em grande parte na solução de problemas.
Em suma, uma teoria é científica apenas se for refutável por um evento concebível. Todo teste
genuíno de uma teoria científica, portanto, é logicamente uma tentativa de refutá‑lo ou falsificá‑lo, ao
passo que uma genuína contraprova falsifica toda a teoria.
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Unidade III
Toda teoria científica genuína, então, na visão de Popper, é proibitiva, no sentido de que proíbe, por
implicação, eventos ou ocorrências particulares. Como tal, pode ser testada e falsificada, mas nunca
logicamente verificada. Assim, Popper enfatiza que nada deve ser inferido do fato de que uma teoria
resistiu aos testes mais rigorosos, por mais longo que tenha sido o período de tempo em que foi verificada.
Em vez disso, devemos reconhecer que tal teoria recebeu uma alta medida de corroboração e pode
ser provisoriamente reputada como a melhor teoria disponível até que seja finalmente falsificada ou
substituída por uma melhor.
Popper sempre estabeleceu uma distinção clara entre a lógica da falseabilidade e sua metodologia
aplicada. A lógica de sua teoria é totalmente simples: se um único metal ferroso não é afetado por um
campo magnético, não é possível que todos os metais ferrosos sejam afetados por campos magnéticos.
Logicamente falando, uma lei científica é conclusivamente falseável, embora não seja conclusivamente
verificável. Metodologicamente, no entanto, a situação é muito mais complexa: nenhuma observação
é livre da possibilidade de erro; então, consequentemente, podemos questionar se nosso resultado
experimental foi o que parecia ser.
Popper enfatiza, em particular, que não há um caminho único para a elaboração de uma teoria,
mas destaca a importância da intuição, baseada em algo como um amor intelectual pelos objetos da
experiência. A ciência, na visão de Popper, começa com problemas e não com observações; é, de fato,
precisamente no contexto de lidar com um problema que o cientista faz observações em primeira
instância: suas observações são seletivamente projetadas para testar até que ponto dada teoria funciona
como uma solução satisfatória para um determinado problema.
Nesse ponto, Popper e Arendt se encontram: a ciência deve se preocupar em fazer boas perguntas e
elaborar modelos para atribuir novos significados.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Um importante estudo na filosofia da ciência é sobre a formação de paradigmas, sendo Thomas Samuel
Kuhn, físico norte‑americano, um dos autores sobre esse tema, que ficou conhecido por enfatizar que o
progresso da ciência estava relacionado ao seu caráter revolucionário. Seus estudos foram compilados na
primeira versão de sua obra principal, A Estrutura das Revoluções Científicas, de 1962.
A problemática central da teoria kuhniana se reporta à ideia de paradigma. Paradigma é, por assim
dizer, o conjunto de crenças, ideias, valores e técnicas, institutos compartilhados por membros de um
dado agrupamento em um determinado momento histórico. Trata‑se exatamente de um ponto de
vista, de uma perspectiva acerca da realidade – basta refletir aqui sobre os paradigmas de Ptolomeu e
Copérnico explorados anteriormente neste livro.
O conceito de paradigma foi criado por Kuhn com base em sua percepção de que, quando uma
determinada teoria é aceita e seguida pela maioria da comunidade científica, ela se coloca como um
prenúncio obrigatório de abordagem de problemas.
Vale destacar que o conceito de paradigma não se encontra delimitado de forma clara e objetiva
pelo autor em sua obra. Por esse motivo, prevalece uma série de divergências entre os comentadores.
A partir das críticas tecidas sobre o termo “paradigma”, Kuhn (2011, p. 220) estabelece dois
sentidos centrais e objetivos para a palavra. O primeiro deles diz respeito à ideia de o paradigma ser
caracterizado por seu fator sociológico; o outro, à sua característica de resvalar em uma técnica de
resolver quebra‑cabeças.
É oportuno salientar que um determinado paradigma governa estados de uma ciência madura,
normal, isto é, o paradigma estabelece os padrões que o trabalho científico deve obedecer. A existência
de um paradigma capaz de sustentar uma tradição de ciência normal é a característica que distingue a
ciência da não ciência, segundo Kuhn.
Conforme explica Kuhn, a ciência normal corresponde a uma pesquisa firmemente baseada em
uma ou mais realizações científicas anteriores. A ciência normal, portanto, nada mais é que o estado de
normal funcionamento das construções científicas, que, em última análise, obedecem a um determinado
paradigma vigente.
Nesse sentido, a ciência normal procura articular o paradigma para que possua ferramental necessário
com vistas a sempre melhorar sua correspondência com a natureza.
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Unidade III
Exemplo de aplicação
Um dos papéis da ciência reputada como normal é afirmar uma relação de causalidade entre dois
acontecimentos dentro de um paradigma. No entanto, isso é mais complexo do que parece à primeira
vista, pois causação não se confunde com correlação.
Assim, destaca‑se que a ciência normal não pretende fazer novas descobertas, encontrar a verdade
e tampouco questionar a validade de um determinado paradigma. Os cientistas também não estão
preocupados em inovar ou criar novas teorias; apenas buscam aprimorar e desenvolver o paradigma
vigente e os princípios dele decorrentes, a fim de trabalhar com ele ao longo de todas as etapas do
empreendimento científico. Basta retomar o caso de Copérnico discutido anteriormente e refletir sobre
o quanto Galileu e Kepler aprofundaram o modelo heliocêntrico.
Figura 19 – Diagrama que demonstra as duas primeiras leis do movimento planetário de Kepler
Se a ciência normal não tem como função a procura por novidades ou fenômenos substanciais,
qual seria, pois, sua importância para a evolução da ciência? Segundo Kuhn, os resultados obtidos pelas
pesquisas desenvolvidas em estado de ciência normal contribuem, por seu turno, para aumentar a
precisão com que o paradigma pode ser utilizado para resolver problemas.
Diante disso, a ciência normal importará na orientação do paradigma, para que este solucione qualquer
tipo de problema, que Kuhn (2011, p. 59) chama de “tipos complexos de quebra‑cabeças instrumentais,
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Segundo Kuhn (2011, p. 84), tais dificuldades são chamadas de anomalias, que, nas palavras do autor,
são “um fenômeno para o qual o paradigma não prepara o investigador, desempenh[ando] um papel
essencial na preparação do caminho que permit[e] a descoberta da novidade”. Diante disso, os cientistas
se dão conta de que essas dificuldades e situações estranhas à realidade até então conhecida passam a
existir em uma frequência cada vez maior, e que as soluções fornecidas pelo paradigma dominante não
conseguem explicar; daí o surgimento das anomalias.
explosões de supernovas 1a, cujo brilho era menor do que se esperava. Para
descrever essa rápida expansão, os cientistas adotaram o Lambda‑CDM. Esse
modelo cosmológico se baseia na existência de uma “energia escura”, que
corresponderia a 70% da composição do universo. “A energia escura é um
ente físico muito especulativo. Há algumas hipóteses e ideias, mas não se
sabe qual a natureza dela”, destacou o astrônomo.
Em sua pesquisa, Guimarães diz que a ideia foi descrever a expansão de forma
independente de modelos de energia escura. Para isso, usou a chamada abordagem
cosmográfica. Esse método se baseia na descrição da expansão cósmica como
uma somatória de termos em função do redshift (medida da velocidade de
afastamento) das supernovas, que é usado para traçar o brilho estelar (indicando
a distância). As supernovas foram divididas em três grupos: antigas, recentes e
muito recentes. Por meio das análises cosmográficas, o pesquisador observou que,
quanto mais recente os eventos das supernovas, maior era a probabilidade da atual
desaceleração do universo. “O modelo Lambda‑CDM diz que a aceleração tende
sempre a aumentar. É interessante, pois nosso trabalho questiona esse paradigma,
que usa uma forma particular para a energia escura para descrever a expansão
cósmica”, disse Guimarães (PILEGGI, 2011).
A descoberta das anomalias acarreta uma situação que Kuhn descreve como período de insegurança
ou crise de um paradigma. Mudanças significativas nos métodos pertencentes à ciência e o insucesso
frequente na resolução dos quebra‑cabeças proclamam a necessidade da investigação de novos meios
e teorias e, consequentemente, a emergência de um novo paradigma. Na notícia anterior, a mudança
do método baseado na energia escura pela abordagem cosmográfica permitiu questionar o paradigma
sobre a velocidade de expansão do universo.
Nesse sentido, vale salientar a função da intitulada pesquisa extraordinária, que se constitui,
justamente, nessa tentativa de localizar, definir e neutralizar as anomalias. Isso ocorre quando os
cientistas deixam de tentar aprimorar as técnicas do paradigma dominante para, por outro lado, buscar
as soluções mais diversas para o quebra‑cabeça, como, por exemplo, análises políticas, históricas ou, até
mesmo, filosóficas.
Não obstante, adverte‑se que anomalias são aqueles problemas para os quais os cientistas não
conseguem encontrar solução utilizando as proposições do mesmo paradigma. O estado de crise se
instaura a partir da incapacidade do paradigma de resolver as anomalias e com o eventual surgimento
de novas descobertas científicas que podem trazer soluções para as anomalias.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
Nessa perspectiva, caso o paradigma não consiga ceder aos ataques das anomalias e, de fato, se
instaure a crise, os cientistas iniciarão um trabalho de perquirição de novas descobertas científicas,
a fim de construir novas teorias, novas bases e novos meios para conseguir lidar com as anomalias
encontradas. No tocante às características de uma descoberta científica e à sua função para a evolução
da ciência, destaca Kuhn:
Assim, percebe‑se que a descoberta científica é fundamental para a resolução dos quebra‑cabeças
tendo em vista o fracasso do paradigma reinante em fornecer aos cientistas as orientações necessárias
para a resolução dos problemas.
Para Kuhn as crises podem ser extintas de três maneiras. Pode ser que a ciência normal se revele
capaz de resolver o problema que provocou a crise, sem que seja preciso a instauração de um novo
paradigma, apesar do desespero daqueles que o viam como o fim do paradigma existente. A segunda
maneira resvala na possibilidade de o problema resistir às abordagens apresentadas para sua extinção.
Nesse caso, os cientistas podem concluir que nenhuma solução para o problema poderá surgir no estado
atual da ciência do estudo.
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Unidade III
Para servir de ilustração à situação abordada, faz‑se menção à história do químico francês Louis
Pasteur, que no século XIX abalou a comunidade científica com sua descoberta. Em seus experimentos
advindos da microbiologia, descobriu que as doenças eram causadas por microrganismos, teoria chamada
de abiogênese. Esse é o exemplo do antraz, que matava o gado e trazia sérios prejuízos para a economia
da França após a guerra franco‑prussiana, e da raiva. Em virtude de tal empreendimento, Pasteur foi
ridicularizado por toda a comunidade acadêmica e exilado, pois os cientistas tinham sérias dificuldades
de aceitar sua descoberta.
Tal dificuldade demonstra, segundo Kuhn, que a mudança de adesão por parte de cientistas
individuais de um paradigma para uma alternativa incompatível é semelhante a uma troca gestáltica
ou a uma conversão religiosa. Não há argumento puramente lógico que demonstre a superioridade de
um paradigma sobre outro e que force, assim, um cientista racional a fazer a mudança. Os cientistas
partidários de paradigmas rivais não aceitam facilmente as premissas uns dos outros e, assim, não são,
necessariamente, convencidos por seus argumentos.
Por causa de seu exílio, Pasteur se mudou para Arbois, cidade do interior da França, e lá continuou
a formular seus empreendimentos científicos. Um deles foi a descoberta da vacina contra a raiva, que,
por sua vez, constituiu o clímax de uma crise, demonstrando a superação do paradigma anterior e
a ascensão de um novo, sob o qual passariam a ser desenvolvidos os empreendimentos científicos
futuros. A partir dessas descobertas, a comunidade científica foi cedendo, e, por conseguinte, a teoria
do químico, antes ridicularizada, passou a ser aceita pela comunidade como se fosse óbvia.
Nessa linha, em síntese, o ciclo científico a que se refere a teoria de Thomas Kuhn perpassa pelos
seguintes estágios:
• Revolução científica: novas descobertas e estudos, que, por sua vez, despertam o senso crítico e
o questionamento de teorias já existentes.
• Ciência extraordinária: novo modo de conhecimento científico, após o período de revolução científica.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
É imprescindível destacar que a ciência extraordinária não se exaure em si mesma, pois, com o passar
do tempo, ela se tornará uma ciência normal, em virtude da aceitação conjunta do paradigma, e um
novo ciclo de conhecimento se inicia, até que novas dificuldades surjam e necessitem da emergência
de novas descobertas científicas.
Ciência
normal
Ciência Revolução
extraordinária científica
Resumo
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Unidade III
Exercícios
Questão 1.
Figura 21
I – A escolha do método não é obrigatória, porque o dogma pode ser utilizado em diferentes situações.
II – O método é uma escolha feita a partir do objetivo e da natureza do objeto que vai ser investigado.
Com base no que foi exposto anteriormente, é correto o que se afirma apenas em:
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
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INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA CIÊNCIA
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o dogma é um pressuposto que se aceita sem crítica ou questionamento; por isso, não
é um componente do método ou do pensamento científico.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: a maior dificuldade de escolha do método decorre do equívoco sobre a natureza dos
objetos que serão pesquisados.
Questão 2. Quando se diz “A melhor comida brasileira é aquela do Nordeste” e “Uma reta é o
caminho mais curto entre dois pontos”, estamos diante do que se afirma em:
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 9
Figura 10
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Figura 11
Figura 13
Figura 14
Figura 19
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Audiovisuais
Textuais
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000