Você está na página 1de 3

Nível _ avançado

Problema da demarcação
Grupo I

Na filosofia da ciência, o problema da demarcação refere-se a como especificar quais são os


limites entre o que é científico e o que não é.

Apesar deste ser um problema antigo e de um consenso maior ter sido obtido sobre quais são
os fundamentos do método científico, hoje ainda há controvérsia quando se trata de definir o
que é uma ciência.

Qual é o problema de demarcação?

Ao longo da história, o ser humano desenvolveu novos conhecimentos, teorias e explicações


para tentar descrever os processos naturais da melhor maneira possível. No entanto, muitas
dessas explicações não se basearam em bases empíricas sólidas e a maneira como
descreveram a realidade não foi inteiramente convincente.

É por isso que em vários momentos históricos se abriu o debate sobre o que separa
claramente o conhecimento científico do conhecimento não científico. Hoje, apesar de o
acesso à Internet e a outras fontes de informação nos permitir conhecer de forma rápida e
segura a opinião de pessoas especializadas no assunto, a verdade é que ainda são poucas as
pessoas que seguem posições e ideias que já estavam descartadas há muitos anos, como por
exemplo a crença na astrologia, na homeopatia ou que de que a Terra é plana.

Saber diferenciar entre o que é científico e o que parece ser científico é crucial em vários
aspetos. Os comportamentos pseudocientíficos são prejudiciais tanto para quem os cria como
para o seu ambiente e até mesmo para toda a sociedade.

O movimento contra as vacinas, que defende que esta técnica médica contribui para o
aumento do número de crianças que sofrem de autismo e outras doenças é o exemplo típico
de como os pensamentos pseudocientíficos são gravemente prejudiciais à saúde.

Outro exemplo é a negação da origem humana das mudanças climáticas, fazendo com que
aqueles que são céticos quanto a esse fato subestimem os efeitos prejudiciais sobre a natureza
do aquecimento global.

Os filósofos da ciência modernos concordam amplamente que não existe um critério único e
simples que possa ser usado para demarcar os limites da ciência.

Depois de analisar o problema responda às seguintes questões:

1.Quais são os critérios que permitem distinguir entre ciência e pseudociência?

2. Quais as críticas que se lhes podem levantar?

3. Qual será o melhor critério para fazer a distinção? Justifique a sua resposta

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Para consultar:

- Manual adotado

- https://undsci.berkeley.edu/understanding-science-101/what-is-science/
Nível _ avançado

Grupo II

Leia com atenção este excerto do artigo da Crítica na Rede de Sven Ove Hansson sobre a
distinção entre ciência e Pseudociência

O uso mais antigo da palavra “pseudociência” data de 1796, quando o historiador James Pettit
Andrew se referiu à alquimia como uma “pseudociência fantástica”. Essa palavra tem sido
usada com frequência desde a década de 1880 (Durante toda a sua história, a palavra teve um
significado claramente difamatório). Seria tão estranho alguém descrever orgulhosamente as
suas próprias atividades como pseudociência como se vangloriar de serem má ciência. Uma
vez que a conotação pejorativa é uma característica essencial da palavra “pseudociência”,
qualquer tentativa de deslindar uma definição da palavra de uma maneira valorativamente
isenta não teria qualquer significado. Um termo essencialmente valorativo tem de ser definido
em termos valorativos. Isso é não raro difícil, pois a especificação do componente valorativo
tende a ser controversa.

Este problema não é específico da pseudociência, antes se segue diretamente de um problema


análogo, embora menos óbvio, com o conceito de ciência. O uso comum do termo “ciência”
pode ser descrito como em parte descritivo e em parte normativo. Quando uma atividade é
identificada como ciência, isso geralmente envolve um reconhecimento de que tem um papel
positivo no nosso esforço para obter conhecimento. Por outro lado, o conceito de ciência se
formou por um processo histórico e muitas contingências influenciam o que denominamos ou
não “ciência”.

Em razão desse contexto, a fim de não ser complexa demais, uma definição de ciência precisa
numa de duas direções. Pode se focar nos conteúdos descritivos e especificar como o termo é
efetivamente usado, ou pode se focar no elemento normativo e esclarecer o significado mais
fundamental do termo. O segundo enfoque tem sido a escolha da maioria dos filósofos que
escrevem sobre o assunto e será o foco aqui. Envolve, necessariamente, algum grau de
idealização em relação ao uso comum do termo “ciência”.

A palavra inglesa “ciência” é usada principalmente para designar as ciências naturais e outros
campos de pesquisa considerados semelhantes. Desta forma, a economia política e a
sociologia são consideradas ciências, ao passo que os estudos de literatura e de história
geralmente não o são. A palavra alemã correspondente, “Wissenschaft”, tem um significado
muito mais amplo e inclui todas as especialidades acadêmicas, incluindo as humanidades. O
termo alemão tem a vantagem de delimitar mais adequadamente o tipo de conhecimento
sistemático que está em jogo no conflito entre ciência e pseudociência. As representações
incorretas da história apresentadas por quem nega o Holocausto e por outros pseudo-
historiadores são muito similares em essência às representações incorretas das ciências
naturais promovidas por criacionistas e homeopatas.

Mais importante, as ciências naturais e as sociais e as humanidades são todas parte da mesma
atividade humana, a saber, as investigações sistemáticas e críticas que visam adquirir o melhor
entendimento possível do funcionamento da natureza, das pessoas e da sociedade humana. As
disciplinas que formam essa comunidade de disciplinas do conhecimento são cada vez mais
Nível _ avançado

interdependentes (Hansson 2007). Desde a segunda metade do século XX, disciplinas


integradas como a astrofísica, a biologia evolutiva, a bioquímica, a ecologia, a química
quântica, as neurociências e a teoria dos jogos se desenvolveram a uma velocidade dramática
e contribuíram para unir disciplinas previamente separadas. Essas interconexões crescentes
também aproximaram as ciências das humanidades, como se pode ver no modo como o
conhecimento histórico se apoia cada vez mais na análise científica avançada das descobertas
arqueológicas.

O conflito entre ciência e pseudociência compreende-se melhor tendo em mente esse sentido
alargado de ciência. De um lado do conflito encontramos a comunidade de disciplinas do
conhecimento que inclui as ciências naturais, as sociais e as humanidades. Do outro,
encontramos uma ampla diversidade de movimentos e de doutrinas, a saber, o criacionismo, a
astrologia, a homeopatia e a negação do Holocausto, que estão em conflito com os resultados
e os métodos geralmente aceitos na comunidade de disciplinas do conhecimento.

Outra maneira de expressar esta ideia é que o problema da demarcação tem uma
preocupação mais profunda do que demarcar a seleção de atividades humanas que, por várias
razões, escolhemos denominar “ciências”. O problema último é “como determinar quais as
crenças que estão epistemicamente justificadas”

Qual é o perigo de confundir ciência com pseudociência?

Justifique a sua resposta.

Você também pode gostar