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Indutivismo

1- Para conhecer cientificamente a realidade o cientista tem de testar e submeter à prova


a hipótese que construiu para explicar ou compreender algo.
2- Uma hipótese é uma tentativa de resposta a um problema, a procura de uma solução,
uma tentativa de explicação, ou de compreensão de algo que acontece no mundo.
3- Como procedem os cientistas para conhecer a realidade? A resposta mais frequente
partilhada pelas pessoas que não se dedicam à ciência, nem à reflexão sobre o método
científico, é que a ciência usa o método indutivo.
Esta perspetiva é também frequentemente aceite por vários cientistas. Se a partir
desta ideia julgarmos que o método indutivo é o método da ciência, e não um entre
outros, estamos a ser indutivistas.
4- Uma descrição do método indutivo:
- Em primeiro lugar, recolhe-se o máximo possível de informação empírica sobre o
assunto que se estuda. Ainda que as observações fortuitas ou ocasionais
desencadeiem por vezes importantes descobertas científicas. A observação científica
deve ser rigorosa e objetiva.
- Em segundo lugar, organiza-se os dados recolhidos e registados, procurando-se
descobrir relações constantes entre eles – regularidades ou leis. Generalizam-se os
dados da observação: o que vale para os casos observados é a título de hipótese,
extensível a todos os factos do tipo dos que foram observados.
- Teste da hipótese ou verificação da sua correspondência com os factos.
- Conclusão – o sucesso da predicação num número razoável de experiências atesta a
verdade da hipótese – pelo menos provisória – que passa então a designar-se lei
científica.

5- Críticas à perspetiva indutivista do método científico

1. É errado supor que começamos pela observação ou que há observação pura. Sem
teorias prévias, a observação carece de qualquer orientação. As conjeturas
(hipóteses ou expetativas) são logicamente anteriores à observação.
2. As hipóteses não são, de modo algum, extraídas e factos.
As hipóteses são o produto da cooperação do raciocínio e da imaginação. Têm de
ser criadas, inventadas.
Neste aspeto, o trabalho do cientista é semelhante ao da criação artística. Com
uma diferença: o cientista é tão livre de criar hipóteses como o artista, mas ao
contrário deste último, tem de submeter as suas criações a testes empíricas.
3. As hipóteses ao contrário do que pensam o indutivista não são verificáveis.

6 - As críticas de Popper ao indutivismo

1. A indução não tem valor científico.


2. A observação não é um meio de prova – não se pode provar a verdade (verificar) de
um enunciado universal – como uma lei natural – porque enunciados deste género
referem-se a um número de casos que não podem ser controlados empiricamente. A
observação de muitos corpos aquecidos não prova, por maior que seja o seu número,
que a proposição enunciada é verdadeira.
3. As hipóteses não são extraídas dos factos: são conjeturas criadas pelo cientista para
tentar responder ao problema.
4. O que deve ser testado não é a possibilidade de verificação, mas sim a refutação de
uma hipótese.
5. O facto de uma hipótese ser bem-sucedida num teste empírico não prova que seja
verdadeira. Unicamente prova que não é (ainda) falsa.
6. O indutivismo é uma forma de verificacionismo – o indutivismo entendia o teste das
hipóteses como uma tentativa de verificação destas. O falsificacionismo de Popper
entende-o como uma tentativa de refutação. Nunca podemos declarar verdadeira
uma teoria porque nunca podemos ter a certeza disso. Contra o indutivismo Popper
diz que nunca podemos saber se uma teoria é verdadeira. Só podemos saber se as
teorias foram refutadas ou não.
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