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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO SINODAL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE SOCIOLOGIA

TRABALHO INDIVIDUAL
DE
EPISTEMOLOGIA
TEMA: PROBLEMAS DA COGNOSCIBILIDADE DO MUNDO;
- IMPORTÂNCIA E PERIGO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO DO SÉCULO
XX: CÍRCULO DE VIENA;
- PROBLEMAS DA CULTURA CIENTIFICO-TECNOLÓGICA.

Elaborado Por: Ernesto Paulo

CURSO: SOCIOLOGIA
3º ANO
PÓS-LABORAL

O Docente
_______________________________
Lic. Tomás Celestino

Matala / 2020
Índice

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1

PROBLEMAS DA COGNOSCIBILIDADE DO MUNDO.......................................................2

IMPORTÂNCIA E PERIGO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO DO SÉCULO XX:


CÍRCULO DE VIENA................................................................................................................3

PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO.........................5

O CÍRCULO DE VIENA............................................................................................................5

PROBLEMAS DA CULTURA CIENTIFICO-TECNOLÓGICA.............................................7

CONCLUSÃO............................................................................................................................9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................10
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema: Problemas da cognoscibilidade
do mundo;

- Importância e perigo do conhecimento científico do século XX:


Círculo de Viena;

- Problemas da cultura cientifico-tecnológica.

Tenho a dizer antes que: O princípio da cognoscibilidade, formulado sem


restrições, diz que todos os enunciados verdadeiros são cognoscíveis. O
problema é que, com essa formulação, ele está sujeito a muitas objeções, pelo
que é necessário restringir o princípio. Com tais restrições, ele diz apenas que
todos os enunciados verdadeiros interessantes em certo sentido são
cognoscíveis.

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PROBLEMAS DA COGNOSCIBILIDADE DO MUNDO

O princípio da cognoscibilidade é um princípio epistêmico que reivindica


que todas as verdades são cognoscíveis, no sentido de que, para todo
enunciado P, se P é verdadeiro, existe um sujeito S que pode saber que P é
verdadeiro em algum tempo. Essa reivindicação é sem dúvida muito ambiciosa,
e acarreta consequências indesejadas. De facto, há contraexemplos inegáveis
a essa formulação do princípio da cognoscibilidade. Uma sugestão natural para
tentar salvar o que o princípio tem de mais intuitivo é torná-lo mais moderado.
Pode-se argumentar que isso poderia ser feito, se adotássemos uma versão do
princípio da cognoscibilidade que se limitasse a alegar que toda verdade sobre
o mundo empírico é cognoscível.

Essa alegação é de fato muito atraente, pois funciona como um tipo de


garantia de que podemos ter acesso epistêmico aos fatos do mundo. A própria
prática científica parece depender dessa garantia. Sem ela, abre-se espaço
para a existência de fatos misteriosos, fatos que nunca poderemos conhecer. O
que poderia ser mais avesso à nossa visão científica do mundo? Tudo indica,
portanto, que essa alegação faz uma reivindicação bastante plausível. Se
obtivermos uma versão do princípio da cognoscibilidade que a assevere,
podemos manter a esperança de que ele não mais estará sujeito a
contraexemplos.

O princípio da cognoscibilidade e suas restrições

No artigo "A Logical Analysis of Some Value Concepts", de 1963,


Frederic Fitch apresentou uma prova de que, se existem verdades que
ninguém sabe que são verdades, então há verdades incognoscíveis. Destarte,
como parece razoável supor que há verdades desconhecidas, a prova de Fitch
equivale a uma prova da falsidade do Princípio Da Cognoscibilidade. A
demonstração pode ser reconstruída da seguinte forma:

 P é uma verdade desconhecida (hipótese)


 Toda verdade é cognoscível (o princípio da cognoscibilidade)
 Q = "P é uma verdade desconhecida" (def)
 Q é cognoscível (por O Princípio Da Cognoscibilidade)
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 É possível saber que Q

É possível saber que P é uma verdade desconhecida (pela definição de


Q)

Mas não é possível saber que P é uma verdade desconhecida, pois se


um sujeito S sabe que P é uma verdade, então P não é desconhecida para S.

Assim, a combinação da hipótese com o princípio da cognoscibilidade


acarreta um absurdo

Com base nesse absurdo, o que podemos fazer é:

a) Concluir que a hipótese é falsa; ou,

b) Concluir que o princípio da cognoscibilidade é falso

A alternativa (a) está fora de questão, pelo facto de que P pode ser
qualquer verdade desconhecida. Se concluirmos que a hipótese é falsa,
estamos na verdade concluindo que a hipótese é falsa para qualquer P, o que
é o mesmo que dizer que não há verdades desconhecidas. Como isso é
evidentemente falso, só nos resta a alternativa (b), ou seja, só nos resta
concluir que o princípio da cognoscibilidade é inválido. QED

IMPORTÂNCIA E PERIGO DO CONHECIMENTO


CIENTÍFICO DO SÉCULO XX: CÍRCULO DE VIENA

O conhecimento muitas vezes é um processo longo e confuso, e as


maneiras de utilizá-las são múltiplas e imprevisíveis. Quase todas as primeiras
tentativas de "construir o conhecimento falharam. 

Embora o conhecimento sempre tenha sido necessário para elaborar os


produtos, sua importância aumentou vertiginosamente com o desenvolvimento
da ciência e da tecnologia, particularmente nas últimas décadas do século XX.

É fundamental saber como utilizar as informações e o conhecimento já


existentes na organização. O "conhecimento" não se encontra apenas nos
documentos, nas bases de dados e nos sistemas de informação, mas também

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nos processos de negócio, nas práticas dos grupos e na experiência
acumulada pelas pessoas para aumentar sua produtividade e conquistar novas
oportunidades.

O Conhecimento científico, surgiu da necessidade do ser humano


querer saber como as coisas funcionam ao invés de apenas aceitá-las
passivamente. Com este tipo de conhecimento o homem começou a entender
o porquê de vários fenômenos naturais e com isso vir a intervir cada vez mais
nos acontecimentos ao nosso redor.

Este conhecimento se bem usado é muito útil para humanidade, porém


se usado incorretamente pode vir a gerar enormes catástrofes para o ser
humano e tudo mais ao seu redor. Usamos como exemplo a descoberta pela
ciência da cura de uma moléstia que assola uma cidade inteira salvando várias
pessoas da morte, mas também, destruir esta mesma cidade em um piscar de
olhos com uma arma de destruição em massa criada com este mesmo
conhecimento.

O conhecimento científico se faz importante uma vez que ele é o grande


responsável por descobertas que tange tanto à níveis de saúde,
comportamento humano, química, além de muitos outros conhecimentos que
permitem o desenvolvimento da humanidade.

Entretanto, a ciência precisa de limites para que não atinja as condições


de dignidade humana, além da aplicação e experimentos que podem botar em
risco a vida humana, do ecossistema e de tudo que vive ao nosso redor.
Portanto, nas mãos erradas, ela se torna um perigo.

A exemplo disso, podemos citar a catástrofe histórica das cidades de


Hiroxima e Nagasaki quando atingidas por uma bomba nuclear, onde houve
muitas mortes, dor, prejuízo material. E ainda hoje, os detentores desta
tecnologia ameaçam acabar com metade do mundo por ela

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PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO

1ª O conhecimento científico baseia-se na evidência verificável. Isto


significa que os seus resultados e conclusões podem ser sempre verificados ou
confirmados por outras pessoas. Todas as conclusões devem permanecer
abertas, pois no futuro podem aparecer justificações mais razoáveis. Alem
disso a ciência nunca e detentora de verdades absolutas.

2ª A ciência e eticamente neutra, mas o cientista, por ser um indivíduo,


não o é, cada um de nos tem um sistema de valores que influencia a sua vida
em sociedade. Desta forma, quando se produz energia nuclear, em paz é para
produzir electricidade, mas em guerra pode ser para produzir mísseis.

3ª O conhecimento científico tem por base técnicas especificas para


recolher dados, que garantem: exactidão (dados que correspondem aos factos,
é a precisão (dados que reflectem bem a medida, o grau desses factos
observados), assim, a investigação cientifica baseia-se numa recolha
sistemática dos dados, que devem logo ser registrados, e tudo deve ser feito
com objectividade, não devendo ser influenciados por preferências, crenças,
desejos e valores.

"Todo conhecimento tem uma finalidade. Saber por saber, por mais que
se diga em contrário, não passa de um contra-senso" (Miguel de Unamuno, O
Sentimento Trágico da Vida, p. 28)

O CÍRCULO DE VIENA

O Círculo de Viena surgiu por uma necessidade de fundamentar a


ciência a partir das concepções ou acepções que a Filosofia da Ciência ganhou
no século XIX. Até então, a filosofia era vinculada à Teoria do Conhecimento,
mas, a partir de Hegel, este vínculo se desfez.

O Círculo de Viena era composto por cientistas que, apesar de atuarem


em várias áreas como física, economia, etc., buscaram resolver problemas de
fundamento da ciência, problemas estes levantados a partir do

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descontentamento com os neokantianos (seguidores de Kant) e os
fenomenólogos (seguidores de Hegel).

Schlick, por exemplo, tentou mostrar o vazio dos enunciados sintéticos a


priori, de Kant. E por duas vias:

- Se os enunciados têm uma verdade lógica, então eles são analíticos e


não sintéticos;

- Se a verdade dos enunciados depende de um conteúdo factual, eles


são, portanto, a posteriori e não a priori.

Dessa maneira, Schlick (juntamente com seus companheiros) tentou


formular um critério de cientificidade que pudesse ou que tivesse uma
correspondência com a Natureza. Por isso, o Círculo de Viena adotou uma
forma de empirismo indutivista que se utiliza de instrumentos analíticos como
a lógica e a matemática para auxiliar na formação dos enunciados científicos.

O resultado do estabelecimento deste critério surgiu também a partir da


concepção de linguagem de Wittgestein que os membros do Círculo de Viena
utilizaram. Para ele, o mundo era composto de “fatos” atômicos associados e,
assim, expressariam sua realidade. Daí os enunciados gerais poderem ser
decompostos em enunciados elementares referentes ou congruentes à
Natureza, o que exclui os enunciados metafísicos do processo de
conhecimento.

Portanto, a indução foi o método utilizado porque, além de proceder


experimentalmente, proporcionava um caráter de regularidade que permitia que
se emitissem juízos universais. Isto também atesta o caráter antimetafisico
do Círculo de Viena, bem como afirma o procedimento de observação.

A noção de que o conhecimento pode ser perigoso não é nova, já foi


utilizada na própria Bíblia. Segundo o relato do Livro do Gênesis, Adão foi
expulso do paraíso por ter comido a fruta da árvore do conhecimento.

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Samuel Johnson (1709-1784), em seu romance Rasselas, o Príncipe da
Abissínia, de 1759, escreveu: A integridade sem conhecimento é débil e inútil e
o conhecimento sem integridade é perigoso e temível.

Em 1963, Karl Popper, citado por Ben-David, afirmou:

A ciência e o crescimento do conhecimento estão sempre partindo de


problemas e talvez terminando em problemas - problemas de profundidade
sempre crescente e com uma fertilidade sempre crescente para sugerir novos
problemas.

Van Rensselaer Potter, baseando-se em um artigo seu publicado em


1967, definiu conhecimento perigoso como sendo aquele conhecimento que se
acumulou muito mais rapidamente que a sabedoria necessária para gerenciá-
lo.

Ele caracterizava a sabedoria como o conhecimento necessário para


utilizar o conhecimento para o bem social. O conhecimento torna-se perigoso
nas mãos de especialistas aos quais falta um referencial amplo para
visualizarem todas as implicações de seu trabalho.

PROBLEMAS DA CULTURA CIENTIFICO-TECNOLÓGICA.

A cultura representa todas as formas devida e de expressão de uma


determinada sociedade, o que inclui costumes, práticas, códigos, normas e
regras da maneira de ser, vestir-se, religião, rituais, normas de comportamento
e sistemas de crenças. A cultura é um sistema de símbolos compartilhados
com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à vida dos seres
humanos, simbolizando tudo o que é aprendido e compartilhado pelos
elementos de um dado grupo e que lhes confere uma identidade dentro do seu
grupo de pertença.

De outro ponto de vista, podemos dizer que cultura é informação, ou


seja, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e
transmite aos contemporâneos e às gerações seguintes. É, por isso, um
mecanismo cumulativo. As modificações trazidas por uma geração passam à
geração seguinte, de modo que a cultura se transforma perdendo e
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incorporando aspectos mais adequados à sobrevivência, reduzindo o esforço
das novas gerações.

Ao falarmos de cultura científico-tecnológica, imediatamente somos


remetidos para a importância que a ciência e a técnica têm nas mentalidades e
modo de viver do mundo ocidental, nos nossos dias. Há um claro predomínio
do conhecimento científico, quer no conhecimento teórico que a nível actuação
prática dos indivíduos.

A cultura ocidental contemporânea, representada pelos países


industrializados da Europa e da América, recebe esta denominação por
assentar em processos científico-tecnológicos decorrentes do desenvolvimento
da racionalidade científica.

A cultura científico-tecnológica é já algo que nos é intrínseco. Mesmo


antes de compreendermos conceitos próprios da ciência, desde que vimos ao
mundo, fazemos parte de um ambiente em que convivemos com ela
directamente, a assimilamos e incluímos nas nossas estruturas mentais, muitas
vezes sem nos apercebermos. Presente no nosso dia-a-dia nas mais variadas
situações e objectos, ela vai-se introduzindo discretamente, tornando familiar e
passa a fazer parte da forma como encaramos e nos relacionamos com o
mundo. As aplicações da ciência são inúmeras no campo da saúde, da
alimentação, dos materiais e máquinas com que trabalhamos, na forma como
nos comunicamos, em quase tudo o que fazemos no nosso quotidiano.

É impensável para nós, hoje em dia, viver sem electrodomésticos, sem


as máquinas que surgiram com a revolução industrial e que a ciência
desenvolveu grandemente, sem telemóvel, computador, medicamentos, ou
tantos outros bens cujo aparecimento só se tornou possível com o
desenvolvimento do conhecimento científico e tecnológico. Até mesmo os
nossos hábitos alimentares se alteraram radicalmente com o desenvolvimento
de compostos e técnicas que permitem melhorar o sabor, a aparência e a
consistência dos alimentos de forma a torná-los mais apetecíveis, a par da
criação de substâncias que lhes conferem longo tempo de conservação sem
alterações. Porém, nem todos os aspectos são positivos e hoje cada vez mais

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se relacionam estes novos hábitos alimentares ao aumento de casos de
doenças com a obesidade, hipertensão, diabetes e até mesmo cancros.

CONCLUSÃO

Com a realização deste trabalho consegui mostrar que cultura científico-


tecnológica encontra-se presente no nosso quotidiano, e surge-nos
habitualmente em questões de cariz ético e onde a colocação de valores
nessas questões torna-se inevitável.

Na nossa vida quotidiana necessitamos de um conjunto muito vasto de


conhecimentos, relacionados com a forma como a realidade em que vivemos
funciona: temos que saber como tratar as pessoas com as quais nos
relacionamos, temos que saber como nos devemos comportar em cada uma
das circunstâncias em que nos situamos no nosso dia-a-dia. Estamos também
rodeados de sistemas de transporte, de informação, de aparelhos muito
diversos, com os quais temos que saber lidar. Estes conhecimentos, no seu
conjunto, formam um tipo de saber a que se chama senso comum.

O conhecimento científico transformou-se numa prática constante,


procurando afastar crenças supersticiosas e ignorância, através de métodos
rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso e objetivo que
garanta prever acontecimento e agir de forma mais segura. Sendo assim, o que
diferencia o senso comum do conhecimento científico é o rigor. Enquanto o
senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições
conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que
produzam teorias que revelem a verdade sobre a realidade, uma vez que a
ciência produz o conhecimento a partir da razão. Por isso surge à importância
do conhecimento científico.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SCHLICK, Moritz. O fundamento do conhecimento. São Paulo: Abril


Cultural, 1975.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo: Abril


Cultural, 1975.

ENCICLOPÉDIA DIGITAL.- São Paulo: GLLG, 1998.

QUINE, W.v.O. "Epistemologia Naturalizada", in Realidade Ontológica e Outros


Ensaios; trad. Andréa Mª A. De C. Lopari. - São Paulo: Abril Cultural, 1985.

ALVEZ, R. Filosofia da ciência. ed. Loyola: São Paulo, 2003, p. 21.

POPPER, K. R, 1959: A lógica da pesquisa científica. ed. Cultrix: São Paulo,


1975 (Trad.).

RODRIGUES, Renato. Senso Comum e Conhecimento Cientifico. Disponivel


em: http://www.geocities.com/joaojosefonseca/esquerdo.htm . Acesso em: 30
jan. 2008.

UNAMUNO, M. O sentimento tragico da vida, ed. Fontes: São Paulo, 1996,


p. 28.

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