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ATIVIDADE AVALIATIVA DO 1° BIMESTRE

TEMA DA DISSERTAÇÃO: ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA CIENTÍFICA COM


SERES HUMANOS

BIOÉTICA – PROFESSOR MARCELO KOCH VAZ

GABRIELLA SILVA DOS REIS – 19414 – 5° ANO CN


Resident evil, vídeo game que ganhou em 2002 seu primeiro filme de
uma franquia, a qual totalizaria mais tarde seis películas. A história do jogo gira em torno do
T-vírus, material genético criado em laboratório pela corporação Umbrella, com o objetivo,
no primeiro momento, de ajudar na cura da doença enfrentada pela filha do comandante da
empresa, entretanto, as coisas acabam saindo foram controle, fazendo com que, em escala
mundial, a população se tornasse composta praticamente apenas por mortos vivos, ou como
mais conhecido na cultura pop, zumbis.

Sem dúvidas, a ficcção pode trazer cenários que nós expectadores


podemos encarar como irreais, todavia, também pode trazer reflexões para a nossa realidade.
Como no jogo, a realização de experimento com seres humanos trás riscos ao coletivo,
podendo expor, mesmo que indiretamente, as pessoas que de alguma forma poderão não se
beneficiar dos resultados obtidos. Deste modo, surge um grande debate acerca dos limites das
pesquisas clinicas em relação à participação de pessoa durante os estudos, há limites? A
qualidade de vida que uma pesquisa poderá trazer aos indivíduos deve ser sopesada em
relação à população? Quais aspectos éticos devem ser observados em uma pesquisa clínica?
Tais questionamentos serão expostos e debatidos.

Pesquisas envolvendo seres humanos e até mesmo cadáveres são


mais antigas do que podemos pensar, no filme “the physician” (2013), contextualizado no
século XI, é apresentado sobre experimentos com pessoas mortas serem considerado crime.
Com passar dos séculos e com o avanço da medicina, práticas como essa foram evoluindo e
tornando-se muito importantes para nossa sociedade. Além da evolução dos métodos de
pesquisa, a determinação dos aspectos éticos para tais estudos também evoluíram.

A história da humanidade culminou para a necessidade de


desenvolvimento de normas éticas aplicadas em pesquisas científicas envolvendo seres
humanos. A segunda guerra mundial foi um grande marco para que tais medidas fossem
constituídas. Atrocidades realizadas durante o período foram e são um dos maiores crimes
cometidos contra a raça humana.

O Código de Nuremberg, Declaração de Helsinque, Diretrizes éticas


Internacionais Para a Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, foram algumas das resoluções e
códigos que surgiram após os acontecimentos de 1939-1945. O Brasil, no ano de 1996,
instituiu a primeira resolução, número 196, que tratava sobre o assunto, nela continha
rigorosas recomendações, como por exemplo, a confidencialidade e a privacidade dos
indivíduos pesquisados, o respeito os valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos,
bem como os hábitos e costumes quando as pesquisas envolverem comunidade, os requisitos
que deveria conter o termo de consentimento livre e esclarecido e a ponderação dos riscos da
pesquisa. Posteriormente, em 2012, a resolução número 196, foi substituída pela de número
466, esta ampliou os aspectos éticos e introduziu novas diretrizes como a contida no item III.3
d que assegura “a todos os participantes ao final do estudo, por parte do patrocinador, acesso
gratuito e por tempo indeterminado, aos melhores métodos profiláticos, diagnósticos e
terapêuticos que se demonstraram eficazes”.

Apesar de todos os aspectos éticos discutidos e elaborados para ser


aplicado no âmbito das pesquisas envolvendo seres humanos, a humanidade contínua em
desenvolvimento e até qual ponto tais parâmetros serão suficientes? Pesquisas mais
complexas que geram dilemas profundos já são desenvolvidas, um bom exemplo, é o caso da
edição genética (CRISPR), pode parecer algo distante, porém, aos poucos, está fazendo parte
de nossa realidade, como foi o feito do cientista chinês He Jiankui, o pesquisador em 2018
efetuou a edição de embriões saudáveis com finalidade de proporcionar imunidade ao vírus
HIV, há época, tal situação gerou debates éticos.

Pesquisas como a edição genética, proporcionariam uma nova era para


humanidade, imaginemos uma sociedade perfeita livre de doenças, entretanto, também traria
precedentes para questões como o racismo “se meu filho nascerá com uma tonalidade de pele
mais escura, devo modificar seus genes para que nasça com uma pela mais clara” ou “se foi
diagnosticado com algum tipo de deficiência devo efetuar o procedimento”, mas ser preto ou
ter síndrome de down não seria uma forma de viver também? O caminho mais adequado não
seria que a sociedade fosse mais inclusiva, menos racista? Igualmente, o bebê que carrega os
genes modificados, não teria oportunidade de anuir com tal feito, nem seus filhos, netos,
bisnetos, inúmeras gerações. Ademais, tais pesquisas abririam portas para modificação dos
genes em crianças, adultos, idosos etc.

A humanidade deve sempre aprender com os erros do passado, medir


as conseqüências dos seus atos, enxergar os melhores meios para que o objetivo de seu
trabalho não prejudique inúmeras pessoas. Os aspectos éticos devem evoluir junto com o
desenvolvimento de pesquisas envolvendo seres humanos, evitando ao máximo prejuízo os
quais poderão ser incalculáveis.
Referências:

https://super.abril.com.br/ciencia/como-funciona-o-crispr-metodo-de-edicao-genetica-que-
venceu-o-nobel-de-quimica/

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996.html

https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

https://portal.fiocruz.br/envolvendo-seres-humanos

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