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Cidadania
comunicacional: teoria, epistemologia e pesquisa. Goiânia: FIC/UFG, 2016, p. 69-112.
A CONDIÇÃO CIDADÃ
Lavina Madeira Ribeiro1
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Professora Associada da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília - UnB.
Membro do Colegiado do Programa de Mestrado e Doutorado. Doutora pela Unicamp em Ciências
Sociais, na área de Cultura e Política. Autora de inúmeros artigos e com dois livros lançados em maio de
2004, Imprensa e Espaço Público – A Institucionalização do Jornalismo no Brasil 1808-1960, RJ, E-
Papers, 384p. e Ensaios sobre Comunicação, Cultura e Sociedade – Debates Contemporâneos, RJ, E-
Papers, 364p. E-mail: lavinamadeira@yahoo.com.br.
RIBEIRO, Lavina M. A condição cidadã. In: SIGNATES, Luiz; MORAES, Ângela (orgs). Cidadania
comunicacional: teoria, epistemologia e pesquisa. Goiânia: FIC/UFG, 2016, p. 69-112.
vida humana livre para os gregos, e neste sentido, digna, só era possível a
partir da plena independência frente às necessidades de sobrevivência
biológica, de subordinação ao outro e de comando. Conforme Arendt,
“o bios politikos denotava explicitamente somente a esfera
dos assuntos humanos, com ênfase na ação, práxis,
necessária para estabelecê-la e mantê-la. Nem o labor, nem o
trabalho eram tidos como suficientemente dignos para
constituir um bios, um modo de vida autônomo e
autenticamente humano, uma vez que serviam e produziam o
que era necessário e útil, não podiam ser livres e
independentes das necessidades e privações humanas.”
(ARENDT:1983, p. 21).
ERA MODERNA
O reaparecimento do comércio na Europa Ocidental do Século XI
fundou o início de uma nova ordem social que começou por minar a
sólida e fechada estrutura econômica do feudalismo. As cidades
emergiram do abandono e tornaram-se importantes entrepostos
comerciais, lugar de uma vida urbana baseada no trabalho livre
assalariado, no comércio e na produção artesanal de mercadorias. Com a
expansão do comércio e da circulação de moedas, as cidades passaram a
abrigar um número crescente de camponeses que desertaram dos
campos atraídos pelas possibilidades de obterem melhores condições de
trabalho, de remuneração e de vida em geral.
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Pintor e gravador holandês do século XV (1450 – 1516).
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Pintor flamengo do século XVI (1525 – 1569)
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sua própria esfera. Diante desse processo, a esfera pública burguesa dos
séculos XVIII e XIX diferiu essencialmente da formulação clássica grega,
pelo fato de que sua atividade política existia em função da esfera do
trabalho e do mercado, enquanto que, para os gregos, a política situava-
se numa esfera de ação própria, cujo fim estava em si mesma.
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De acordo com H. Arendt, “o conceito de revolução, inextricavelmente ligado à noção de que o curso
da História começa subitamente de um novo rumo, de que uma História inteiramente nova, uma História
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CONTEMPORANEIDADE
nunca antes conhecida ou narrada está para se desenrolar, era desconhecido antes das duas grandes
revoluções no final do século XVIII. (...) Entretanto, uma vez iniciado o curso das revoluções (...) a
novidade da História e o significado mais recôndito do seu enredo tornaram-se evidentes, tanto para os
atores, como para os espectadores. O enredo era, inegavelmente, o aparecimento da liberdade.”
(ARENDT: 1988, p. 23)
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De caráter republicano e federativo, com um presidente eleito por quatro anos pelos representantes
das Assembleias dos cidadãos. Duas casas compuseram o Congresso: a Câmara dos
Representantes, com delegados de cada um dos treze Estados na proporção de suas populações; e o
Senado, com dois representantes por Estado. Coube ao Congresso votar leis e orçamentos e ao Senado
cuidar da política exterior. À Corte Suprema, composta por nove juízes indicados pelo presidente, coube
resolver os conflitos entre Estados e entre estes e a União. Nas suas linhas mestras, tais princípios
constitucionais permanecem até os dias atuais.
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O conceito de informação abrange os diferentes tipos de representações discursivas produzidas no
âmbito dos sistemas de comunicação, a começar pela imprensa.
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Esta esfera, por sua vez, contém e impõe uma discursividade que
necessariamente deve circular no mesmo nível de reconhecimento
público das demais fontes de discursividade social - das instituições de
conhecimento e das instituições políticas do Estado. A inclusão do gênero
publicitário no corpo do discurso jornalístico, a sua convivência com estas
outras formas de diálogo público, é pertinente, por um lado, à própria
atualização do conteúdo e da finalidade referencial das instituições de
comunicação; e, por outro, é compatível com a força e o poder com que
se desenvolvem os processos produtivos das sociedades contemporâneas.
Estes processos têm uma discursividade particular oriunda e fixada no
curso da inventividade tecnológica. Produzem uma espécie de jogo com a
esfera das soluções práticas de sobrevivência material dos indivíduos.
Oferecem continuamente novas opções para a lide com a materialidade
do mundo, numa espécie de apelo constante a algo essencial à natureza
humana, a capacidade e o interesse de conhecer novos procedimentos e
recursos materiais resultantes da inventividade gerada na relação homem
e natureza.
BIBLIOGRAFIA