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Estudo de Caso

Olá, estudante!
Se você está lendo este texto é porque você chegou à etapa de avaliação das
disciplinas de Eixo do seu curso de Pós-graduação da Faculdade Descomplica na área de
Saúde.
Para desenvolver esta atividade, você deve ler os artigos selecionados abaixo e
elaborar um texto com o limite de 500 palavras (utilize o contador de palavras do
aplicativo Word ou equivalente para este controle). Não se esqueça de se posicionar com
clareza a respeito dos aspectos técnicos e legais sobre os assuntos abordados. Ao final,
um caso hipotético é apresentado para que você faça as suas considerações.

Artigos para leitura e fundamentação da análise


Código de ética em pesquisas: vale tudo em nome da ciência?

Durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de judeus e outras minorias foram


alvos de experimentos brutais feitos nos campos de concentração nazistas. Em dezembro
de 1946, com o fim da guerra, um Tribunal Militar Internacional em Nuremberg julgou 23
pessoas, das quais 20 eram médicos, pelos crimes cometidos no período.
Como resultado, criou-se o Código Nuremberg, com dez pontos que deveriam reger
os experimentos médicos com seres humanos. Entretanto, foi só em junho de 1964,
durante a 18ª Assembleia Médica Mundial, em Helsinque, na Finlândia, que os princípios
passaram a ser adotados de fato em todo o mundo. É hoje o principal padrão
internacional de pesquisa biomédica e serve como base para todos os documentos
subsequentes.

Revista Galileu Ciência

Em 1962, James Watson, Francis Crick e os estudos independentes de Maurice


Wilkins, baseado no trabalho de Rosalind Franklin, culminaram na descoberta da
estrutura em dupla hélice do DNA, o que rendeu aos três pesquisadores o prêmio Nobel
de Medicina.
A partir daí, os avanços cresceram vertiginosamente. O ‘Projeto Genoma’, iniciado
em 1990, conseguiu sequenciar o código genético humano em 2003. O termo genoma
corresponde ao conjunto de genes que constituem o DNA, espécie de ‘código da vida’
que armazena, no interior das células, todas as informações herdadas que orientam o
desenvolvimento dos organismos.
Atualmente, todos nós podemos, a qualquer momento, mapear nosso próprio código
genético e até compará-lo com o de outras pessoas. Portanto, o que parecia inimaginável,
tornou-se realidade, caso da empresa de biotecnologia e genômica 23andMe, que em
2007 recebeu

investimentos da Google e hoje é uma das maiores do segmento, oferecendo a preços


acessíveis (U$99) o mapeamento genético de seus clientes, gerando laudos que incluem
doenças a que estão predispostos.
Assim, frente ao impacto estrondoso da revolução genômica, a chamada Bioética,
campo da Ética especializada em questões relacionadas ao valor da vida como o aborto,
eutanásia, controle de natalidade, sistemas prisionais etc, vem assumindo uma
importância cada vez mais urgente, pois o genoma humano transformou-se em um livro
aberto e inteligível e, como todo livro, pode ser reescrito, glosado e deletado, trazendo
consigo espinhosos dilemas morais.
O neologismo ‘bioética’ foi cunhado pelo oncologista Van Rensselaer Potter
(1911-2001) em Bioética: Ponte para o Futuro (Ed. Loyola), publicado em 1971 e
considerado o marco inicial desta disciplina que nasceu nos Estados Unidos e logo se
espalhou pela Europa, motivada, sobretudo, a partir das revelações chocantes de
experimentos humanos na 2.ª Guerra. Outro livro do autor, Bioética Global, que estende
suas ideias à biosfera, chega em novembro às livrarias pela Loyola, que conta ainda, em
catálogo, com um repertório que abarca o que de melhor existe nesta área, caso de
autores como Stephen Holland, Elio Sgreccia e Diego Gracia.
Membro da Real Academia Nacional de Medicina da Espanha e da Real Academia
de Ciências Morais, o filósofo espanhol Diego Gracia foi protagonista do nascimento da
bioética e hoje é uma de suas principais vozes. Falando exclusivamente ao Aliás sobre os
desafios desta disciplina, enfatiza que “a ética do século 21 é bioética” e que os desafios
estão concentrados em dois polos indissociáveis. Primeiro, o mapeamento do genoma
humano e segundo, as relações sociopolíticas entre as nações derivadas desta
descoberta.
Gracia acredita que chegamos a um ponto em que as soluções humanas
transcendem os interesses individuais de nações, pois “diferentemente de outras épocas,
como nos tempos da Cortina de Ferro e do combate delimitado entre socialismo e
capitalismo, hoje, a confrontação é entre Norte e Sul” e neste caso, Gracia não se refere
aos hemisférios geográficos, mas sim ao cenário sociológico. Ou seja, “o grande
problema está no desenvolvimento insustentável do chamado Primeiro Mundo (Norte) e o
subdesenvolvimento também insustentável do Terceiro Mundo (Sul) e este confronto é o
da (e pela) vida. Só uma conscientização deste novo paradigma e suas implicações que
ultrapassam fronteiras pode evitar futuras catástrofes globais.”
A Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, adotada pela Unesco em
2005, tem sido o principal documento internacional na promoção de princípios que
norteiam todas as legislações nacionais rumo à sustentabilidade global, atuando mundo
afora no sentido de educar e esclarecer sobre os novos paradigmas da revolução
genômica que, hoje, são parte de nosso cotidiano.
Em O Gene – Uma História Íntima (Cia. das Letras), o médico Siddhartha Mukherjee
percorre a historiografia de pensadores que tentaram compreender o fenômeno da
hereditariedade e, em busca do ‘status quaestionis’, relembra uma metáfora de inspiração
pitagórica representada em A República, em que Platão explicita uma “espécie de
eugenia aritmética” em que, uma vez assumindo que os filhos são derivados aritméticos
de seus pais, seria possível, por meios lógicos, uma intervenção que levasse pais
perfeitos a terem filhos perfeitos em cidades perfeitas. Ou seja, a hereditariedade poderia
ser entendida como um teorema social a ser solucionado para o bem da polis.
Já Aristóteles, conhecido por sua verve analítica, foi, de acordo com Mukherjee,
mais bem-sucedido ao captar, dialeticamente, a questão essencial do problema, ao
entender que a transmissão hereditária é um conjunto de informações usadas para gerar
um organismo a partir da materialização destas mesmas informações e isso se daria, não
apenas por meio do homem, como pensava Pitágoras, mas do casal e, por essa razão, se
somos feitos de (e por) informações, deveria existir um código passível de leitura. Mas,
como ele poderia ser materializado a ponto de ser lido e entendido?
Essa questão inspirou os trabalhos de Gregor Mendel (1822-1884), considerado o
pai da genética moderna, seguido por discussões acaloradas que atravessaram os
trabalhos de Lamarck (1744-1829), Darwin (1809-1882), Galton (1822-1911), William
Bateson (1861-1926) e tantos outros.
Neste admirável mundo novo, Mukherjee relembra que mais do que qualquer outro
pensador, foi Bateson quem anteviu o lado sombrio da genética que traria consigo um
elemento tão poderoso que não tardaria até que fosse aplicado para controlar a
composição de toda uma nação, quiçá da humanidade, assim como Platão havia
imaginado há mais de 2.500 anos.
A Bioética é uma ciência bem recente, iniciada na década de 1970. Durante esse
tempo de desenvolvimento, aprimorou-se como abordagem ética das questões
relacionadas à vida. De fato, a Loyola foi pioneira em publicações editoriais nesse campo
e conta com vasto catálogo. Alinhado à missão da editora, esse catálogo é aberto às
diversas áreas do conhecimento e às suas diversas abordagens, conferindo credibilidade
às obras e lhes garantindo excelência acadêmica. É importante ressaltar que a Loyola
sempre firmou parceria com o Centro Universitário São Camilo, especialmente na pessoa
de Padre Léo Pessini, grande pesquisador, autor e divulgador da Bioética. E esta parceria
tende à continuidade e a manter-se na vanguarda editorial.

Estadão (Felipe Cherubin)


Problemática para desenvolvimento

Considerando a fundamentação e o aprendizado desenvolvido nas disciplinas desta


etapa do seu curso, se posicione com clareza a favor ou contra nas suas considerações,
sobre ética, bioética, limites e barreiras, abarcando:

● As diversas situações contemporâneas geram dilemas para os quais


ainda não obtivemos uma resposta unânime e considerada correta. Nesses
casos, devemos avaliar a situação sob a ótica ética e moral da sociedade em
questão, tendo a bioética como a ciência que nos auxilia a obter luz frente a
dilemas éticos atuais;
● O impacto que o negacionismo, a pós-verdade e a banalização da ética
promove nas discussões atuais.

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