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JOANA PRISCILA SILVA NUNES DE CARVALHO

TRABALHO DE EPISTEMOLOGIA E FUNDAMENTOS


DA PSICOLOGIA – SENSO COMUM X CIÊNCIA

Gama/DF
2020
QUESTÕES SENSO COMUM X PSICOLOGIA E CIÊNCIA

1. Qual a relação entre cotidiano e conhecimento científico? Dê um exemplo de


uso cotidiano do conhecimento científico (em qualquer área).

O cotidiano e conhecimento científico se relacionam na medida em que se


complementam, ora se aproximando um do outro, ora se distanciando. Importante salientar a
diferença entre os dois: O senso comum trata-se do conhecimento do dia a dia fundamentado
na cultura, tradição, herança familiar, e hábitos; enquanto o conhecimento científico investiga
o cotidiano de modo aprofundado e metodológico, e algumas vezes necessita, inclusive, se
distanciar do cotidiano para trazer explicações científicas e fundamentadas. O cotidiano pode
ser, ou não, objeto de estudo científico.
Segundo Ana Bock:
Quando fazemos ciência, baseamo-nos na realidade cotidiana e pensamos sobre ela.
Afastamo-nos dela para refletir e conhecer além de suas aparências. O cotidiano e o
conhecimento científico que temos da realidade aproximam-se e se afastam:
aproximam-se porque a ciência se refere ao real; afastam-se porque a ciência abstrai
a realidade para compreendê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-se da realidade,
transformando-a em objeto de investigação — o que permite a construção do
conhecimento científico sobre o real.
Ocorre que, mesmo o mais especializado dos cientistas, quando sai de seu laboratório,
está submetido à dinâmica do cotidiano, que cria suas próprias “teorias” a partir das
teorias científicas, seja como forma de “simplifica-las” para o uso no dia-a-dia, ou
como sua maneira peculiar de interpretar fatos, a despeito das considerações feitas
pela ciência. Todos nós — estudantes, psicólogos, físicos, artistas, operários, teólogos
— vivemos a maior parte do tempo esse cotidiano e as suas teorias, isto é, aceitamos
as regras do seu jogo.
O tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado de
senso comum. Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a
nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada. A necessidade de acumularmos esse
tipo de conhecimento espontâneo parece-nos óbvia. Imagine termos de descobrir
diariamente que as coisas tendem a cair, graças ao efeito da gravidade; termos de
descobrir diariamente que algo atirado pela janela tende a cair e não a subir; que um
automóvel em velocidade vai se aproximar rapidamente de nós e que, para fazer um
aparelho eletrodoméstico funcionar, precisamos de eletricidade.
O senso comum, na produção desse tipo de conhecimento, percorre um caminho que
vai do hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para geração.
Assim, aprendemos com nossos pais a atravessar uma rua, a fazer o liquidificador
funcionar, a plantar alimentos na época e de maneira correta, a conquistar a pessoa
que desejamos e assim por diante. E é nessa tentativa de facilitar o dia-a-dia que o
senso comum produz suas próprias “teorias”; na realidade, um conhecimento que,
numa interpretação livre, poderíamos chamar de teorias médicas, físicas, psicológicas
etc.1

1
BOCK, Ana Maria; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Aria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma
introdução ao estudo da psicologia. 13.ª ed. ref. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011, p.20-21.
Em texto simples e objetivo publicado na internet, Ricardo Normando ressalta que:
Nós seres humanos, fazemos parte de uma espécie que, até o momento, revela-se bem
sucedida em termos de sobrevivência biológica. Basicamente somos os únicos seres
vivos que povoam todas as regiões da superfície da terrestre, onde o fator fundamental
dessa grande adaptabilidade é a sua capacidade psíquica. Com essa ferramenta,
consegue-se modificar decisivamente o ambiente a favor da sobrevivência e para uma
qualidade de vida que proporcione ao homem uma “estadia” maior no planeta.
E todo o processo de adaptabilidade se dá através da construção do conhecimento que
o homem vai adquirindo ao longo da sua existência e sendo transmitido ao longo das
gerações. Dentre as várias formas de expressar o conhecimento humano, podemos
destacar aqui duas:
O conhecimento cotidiano é aquele gerado a partir da observação de fatores naturais
para depois tornar- se (ou não) cientifico. Não tem por base a experimentação, mas
em fatos vivenciados por alguém que pode (ou não) possuir a pretensão de tornar
aquele conhecimento científico. O conhecimento cotidiano convive com outras fontes
de conhecimento tornando-se contraditório em certas ocasiões. É necessário um
contexto para que seja produzido.
O conhecimento cientifico apesar de ter base experimental não é inquestionável
podendo ele a qualquer momento ser contestado e perder a sua suposta veracidade,
quando algum argumento contraditório conseguir sobrepor – se ao primeiro e assim
sendo, não pode-se conviver com contradições. Este tipo de conhecimento pode ser
completamente independente de um contexto predeterminado utilizando-se
afirmações generalizadas podendo ser aplicado à diferentes situações e épocas. E
ainda, pode ser verdade irrefutável em uma época e absurdamente errado em outra.
Para a socialização dos vários conhecimentos adquiridos pela humanidade, é utilizada
a terminologia, isto é um código que os detentores do conhecimento utilizam a fim de
tornar o conhecimento socializado e, desta forma, apesar de serem formas
completamente distintas de conhecimento (no tocante às suas características) um
fomenta o outro, e é justamente através da vivência que surge a dúvida que leva o
indivíduo à experimentação para então o conhecimento tornar-se ou não científico.
Exemplificando o que acabou de ser mencionado, podemos citar e caracterizar o
exossomatismo, já que o mesmo consiste em uma forma de adaptação inconsciente
ou consciente do ser humano às condições ambientais. Em termos mais específicos, é
o processo pelo qual os indivíduos (ou as espécies) passam a desenvolver para viver
em determinado ambiente gerando, assim, uma adaptação evolutiva que culminará
com um quadro de seleção natural.
A relação do fato anteriormente citado com os conhecimentos mencionados pode ser
feita da seguinte forma:
O aquecimento global parece ser hoje o ápice de uma problemática que vem se
arrastando há muitos anos pela intervenção do homem nos processos e recursos
naturais do planeta. Segundo o quarto relatório do IPCC (Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas - maio de 2007), a responsabilidade humana pela mudança
climática atual é de mais de 90%. Essas intervenções implicam, diretamente, na subida
do nível do mar pelo derretimento das geleiras ao longo do atual século (com grave
ameaça às cidades litorâneas), intensificação dos ciclones, escassez de água potável e
de alimentos e, no caso da Amazônia, o aumento de temperatura fará com que a
exuberante floresta se transforme em uma savana.
No entanto, o Conhecimento Científico aqui expresso foi conseqüência de uma série
de observações do meio ambiente (o que gera o Conhecimento Cotidiano) a partir de
pessoas ligadas (ou não) a organismos de pesquisa. Após as observações mostrarem
que a natureza se comportava de maneira diferente de alguns anos anteriores, as
experimentações começaram a ser feitas, culminado com o conhecimento científico.
E o que é mais contundente aqui é que esse conhecimento ainda está sendo produzido
com base em novos conhecimentos cotidianos. O relatório do IPCC que foi
mencionado é o quarto. Traz no seu texto argumentações e problemáticas diferentes
dos três primeiros. É uma amostra direta da transformação de conhecimento cotidiano
em conhecimento científico.
Numa perspectiva de Ensino Médio escolar, o relatório em um de seus capítulos trata
da radiação ultravioleta que nos atinge. Diferentemente de alguns anos anteriores, a
perspectiva de casos de câncer de pele nas populações (principalmente nas regiões
tropicais) aumenta consideravelmente. Tratar a causa e as consequências dessa
incidência nos seres humanos tomando por base o princípio de ação de uma onda
eletromagnética e suas faixas de atuação, pode vir a ser um bom aliado na
conscientização do aluno acerca do comportamento ondulatório partindo do
conhecimento cotidiano e culminado com o conhecimento científico. 2

2. Explique o que é senso comum. Dê um exemplo desse tipo de conhecimento.

O senso comum é um tipo de pensamento que não foi testado, verificado ou


metodicamente analisado. Geralmente, o conhecimento de senso comum está presente em nosso
cotidiano e é passado de geração a geração. Podemos afirmar que esse tipo de conhecimento é,
categoricamente, popular e culturalmente aceito, o que não garante a sua validade ou invalidade.
O senso comum, por ser obtido a partir de um movimento de repetição cultural, pode
estar correto ou não. Não é possível confiar nesse tipo de conhecimento como se confia na
ciência, mas também não podemos invalidá-lo de imediato, pois o fato de não se estabelecer
métodos e testes comprobatórios, não significa, necessariamente, que o tipo de conhecimento
popular está errado.
O senso comum é movido, geralmente, pela opinião. Podemos elencar estudos
filosóficos sobre o senso comum desde a Grécia Antiga. A Filosofia surgiu como uma maneira
de contrapor aquele tipo de conhecimento popular não rigoroso.
O filósofo italiano Antônio Gramsci (intelectual contemporâneo que contribuiu para a
disseminação do anarquismo na Itália e, no campo filosófico, dedicou-se a entender o
conhecimento e a cultura) estudou e escreveu sobre o senso comum. Para o pensador, o senso
comum tem a sua característica estritamente positiva, sendo um conhecimento popular que
todos têm e produzem. Porém, para se chegar a um conhecimento mais elaborado, mais
estruturado e mais seguro, é necessário ir além do senso comum.
Silvio Gallo, filósofo, educador e professor de Filosofia da Faculdade de Educação da
UNICAMP, afirma que, nesse sentido, o senso comum é um bom ponto de partida, mas que,
muitas vezes, os conhecimentos sistematizados e testados, como a Filosofia e a ciência, são
necessários para se obter um conhecimento de maior confiança e validade.

2
DE PAULA, Ricardo Normando Ferreira. Conhecimento Científico e Cotidiano. Infoescola. Disponível
em: <https://www.infoescola.com/filosofia/conhecimento-cientifico-e-cotidiano/>.
Acesso em: 28 de março 2020.
Para o sociólogo, escritor e professor português Boaventura de Sousa Santos, podemos
chamar de senso comum aquele conhecimento vulgar e prático que nos orienta cotidianamente.
Ao longo do tempo, foi-se criando uma ideia comum (senso comum) de que as mulheres
eram inferiores, o que foi se estabelecendo como uma verdade cultural (apesar de não ser uma
verdade estrita). Podemos pensar, por isso, que nem sempre o senso comum é positivo ou está
certo, afinal, sabemos que as mulheres não são menos inteligentes, mais frágeis ou subalternas
aos homens. Isso atesta também o fator repetitivo que circunda a denominação do senso
comum: é algo que, de tanto ser repetido, acaba sendo encarado como uma verdade.
A cultura é o principal elemento constituinte do senso comum (afirmação que também
se evidencia na sua forma oposta, pois o senso comum é um dos principais elementos da
cultura). Nesse sentido, senso comum e cultura são elementos complementares.
As afirmações propostas pelo senso comum acabam tornando-se elementos culturais, na
medida em que a repetição as tornam verdadeiras. A cultura popular está cheia de elementos do
senso comum. Temos, por exemplo, a afirmação causal “se pegar friagem, ficará gripado”. Essa
afirmação, repetida, geralmente, pelas pessoas mais velhas, não é necessariamente verdadeira,
mas enraizou-se em nossa cultura pela repetição.
Podemos elencar vários exemplos de senso comum. Alguns deles estabelecem nexos
causais (não necessariamente verdadeiros), outros dizem respeito a valores sociais. O fato é que
o conhecimento de senso comum adquire validade mediante repetição.
Tomemos como exemplo uma pessoa que sente algum tipo de dor óssea crônica. Essa
pessoa observou que sempre que a dor ficava mais aguda, chovia ou o tempo era tomado por
uma frente fria. Não há um nexo causal necessário e nem elementos científicos que liguem a
dor à chegada da chuva ou da frente fria, mas essa pessoa passa a dizer, por força da repetição
de experiências, que “quando a dor chega, é sinal de que vem chuva ou frio”.
Outro exemplo pode ser encontrado nas plantas medicinais. Por milênios, o ser humano
busca se tratar de mazelas por meio de plantas e outros elementos da natureza. Ao descobrir
que o peumus boldus (conhecido como boldo) é uma planta com propriedades que estimulam
a digestão e desintoxicam o sistema digestório (descobriram isso pela observação e pela
repetição), passaram a utilizá-la como planta medicinal.
Na sabedoria popular, apenas o senso comum atesta essa relação, porém, estudos
farmacêuticos já comprovaram a eficácia do boldo para tratamento de indigestões e
intoxicações, o que resultou no desenvolvimento de fármacos à base da planta.
As ideias comuns de que mulheres são frágeis, que asiáticos são mais inteligentes, que
muçulmanos são terroristas ou que índios são indolentes também são exemplos de
conhecimento de senso comum, mas não têm qualquer indício de validade e são afirmações
preconceituosas.3

3. Explique o que você entendeu por visão-de-mundo

O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais especializados, e os
reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão-de-mundo. O senso
comum integra, de um modo precário (mas é esse o seu modo), o conhecimento humano. É
claro que isto não ocorre muito rapidamente. Leva um certo tempo para que o conhecimento
mais sofisticado e especializado seja absorvido pelo senso comum, e nunca o é totalmente.
Quando utilizamos termos como “rapaz complexado”, “menina histérica”, “ficar neurótico”,
estamos usando termos definidos pela Psicologia científica. Não nos preocupamos em definir
as palavras usadas e nem por isso deixamos de ser entendidos pelo outro. Podemos até estar
muito próximos do conceito científico, mas, na maioria das vezes, nem o sabemos. Esses são
exemplos da apropriação que o senso comum faz da ciência.4
Visão de mundo é, portanto, a internalização do senso comum com os diversos saberes
que gera a ideia que determinado indivíduo vai ter dos mais diversos aspectos das questões
mundanas. Importante ressaltar que o senso comum é variável de acordo com as diversas
culturas e localidades em que as pessoas habitam ou que foram criadas, portanto, a visão de
mundo variará de acordo com estas questões, podendo se contrapor em indivíduos diversos.
A visão de mundo decorre, assim, do senso comum e dos aspectos sociais e culturais em
que o indivíduo está inserido.

4. Cite alguns exemplos de conhecimentos da Psicologia apropriados pelo senso


comum.

Psicologia do senso comum ou do quotidiano (Alltagspsychologie) (muitas vezes


também é chamada de psicologia ingênua ou naive) "é um sistema de convicções culturamente
transmitidas a respeito do comportamento e das experiências pessoais humanas e suas causas".

3
PORFíRIO, Francisco. "Senso comum"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/senso-comum.htm. Acesso em 28 de março de 2020.
4
BOCK, Ana Maria; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Aria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma
introdução ao estudo da psicologia. 13.ª ed. ref. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011, p.21.
Em outras palavras, é o conjunto de teorias que cada pessoa tem a respeito de como o ser
humano funciona. Essas teorias e convicções estão profundamente arraigadas no ser humano e
servem de base para as decisões que as pessoas tomam no dia-a-dia.
A psicologia científica se desenvolve sobre o pano de fundo da psicologia do senso
comum e deve tê-la sempre em conta. No entanto a relação entre as duas não é sempre pacífica.
Alguns autores, como Harold Kelley (1992) defendem que a tarefa da psicologia científica não
é refutar a psicologia do senso comum, mas desenvolvê-la e sistematizá-la - afinal a psicologia
do senso comum contém um conhecimento sobre o ser humano que permite às pessoas que se
compreendam mutuamente, o que, de maneira geral, funciona. No entanto, muitas descobertas
da psicologia científica contradizem a psicologia do senso comum - por exemplo, quando Freud
afirmou pela primeira vez que crianças têm sexualidade, hoje uma ideia já difundida e
confirmada, a opinião comum a respeito era ver as crianças como seres assexuados - e esta,
além disso, propõe muitas vezes ideias contraditórias - por exemplo a ideia de que pessoas
devam se relacionar com seus semelhantes ("lé com lé, cré com cré") coexiste com a ideia de
que "os opostos se atraem", cada uma sendo escolhida conforme a situação. Por isso outros
autores vêem na psicologia do senso comum um dos grandes obstáculos da psicologia científica,
pois a influência daquela acaba por dificultar ou até mesmo impedir esta de desenvolver novas
ideias e conceitos.
Por outro lado, como se vê no próprio exemplo da teoria de Freud, a psicologia do senso
comum está sempre em mudança e é constantemente alimentada por ideias e conceitos da
psicologia científica. A tensão entre as duas permeia assim toda a atividade da psicologia
científica, exigindo do pesquisador uma redobrada atenção.5
São exemplos de psicologia do senso comum a utilização no cotidiano, desprovida da
aplicação técnica adequada: dize que a pessoa é histérica (louca); que a pessoa é neurótica
(também como sentido de louca ou excessivamente preocupada); dizer que em conversas
pessoas sábias utilizam da “psicologia”, diagnósticos cotidianos de pessoas como depressivas,
autistas, bipolares por atitudes isoladas, dentre outros.

5
Wikipedia, 2020. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia_do_senso_comum>.
Acesso em: 28, março de 2020.
5. Quais os domínios do conhecimento humano? O que cada um deles abrange?

O senso comum e a ciência não são as únicas formas de conhecimento que o homem
possui para descobrir e interpretar a realidade.
Povos antigos, e entre eles cabe sempre mencionar os gregos, preocuparam-se com a
origem e com o significado da existência humana. As especulações em torno desse tema
formaram um corpo de conhecimentos denominado filosofia.
A formulação de um conjunto de pensamentos sobre a origem do homem, seus
mistérios, princípios morais, forma um outro corpo de conhecimento humano, conhecido como
religião. No Ocidente, um livro muito conhecido traz as crenças e tradições de nossos
antepassados e é para muitos um modelo de conduta: a Bíblia. Esse livro é o registro do
conhecimento religioso judaico-cristão. Um outro livro semelhante é o livro sagrado dos
hindus: Livro dos Vedas. Veda, em sânscrito (antiga língua clássica da Índia), significa
conhecimento.
Por fim, o homem, já desde a sua pré-história, deixou marcas de sua sensibilidade nas
paredes das cavernas, quando desenhou a sua própria figura e a figura da caça, criando uma
expressão do conhecimento que traduz a emoção e a sensibilidade. Denominamos arte a esse
tipo de conhecimento.
Arte, religião, filosofia, ciência e senso comum são domínios do conhecimento
humano.6

6. Quais as características atribuídas ao conhecimento científico?

Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo


cumulativo do conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de conhecimento que
supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características
é o que permite que denominemos científico a um conjunto de conhecimentos.
Uma das principais características do conhecimento científico é a sistematização, pois
consiste num saber ordenado, ou seja, formado a partir de um conjunto de ideias que são
formadoras de uma teoria.

6
BOCK, Ana Maria; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Aria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma
introdução ao estudo da psicologia. 13.ª ed. ref. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011, p.22.
Outro fator que caracteriza o conhecimento científico é o princípio da verificabilidade.
Determinada ideia ou teoria deve ser verificada e comprovada sob a ótica da ciência para que
possa fazer parte do conhecimento científico.
O conhecimento científico também é falível, isso significa que não é definitivo, pois
determinada ideia ou teoria pode ser derrubada e substituída por outra, a partir de novas
comprovações e experimentações científicas.
Entre outras características inerentes ao conhecimento científico, destaca-se o fato de
ser: racional, objetivo, factual, analítico, comunicável, acumulativo, explicativo, entre outros
fatores relacionados a investigação metódica.

7. Quais as diferenças entre senso comum e conhecimento científico?

Existe um domínio da vida que pode ser entendido como vida por excelência: é avida
do cotidiano. É no cotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos,
que sentimos a realidade. Já a ciência é uma atividade sistemática e sistematizada.
Em texto simples e objetivo publicado na internet, Ricardo Normando ressalta que:

Nós seres humanos, fazemos parte de uma espécie que, até o momento, revela-se bem
sucedida em termos de sobrevivência biológica. Basicamente somos os únicos seres
vivos que povoam todas as regiões da superfície da terrestre, onde o fator fundamental
dessa grande adaptabilidade é a sua capacidade psíquica. Com essa ferramenta,
consegue-se modificar decisivamente o ambiente a favor da sobrevivência e para uma
qualidade de vida que proporcione ao homem uma “estadia” maior no planeta.
E todo o processo de adaptabilidade se dá através da construção do conhecimento que
o homem vai adquirindo ao longo da sua existência e sendo transmitido ao longo das
gerações. Dentre as várias formas de expressar o conhecimento humano, podemos
destacar aqui duas:
O conhecimento cotidiano é aquele gerado a partir da observação de fatores naturais
para depois tornar- se (ou não) cientifico. Não tem por base a experimentação, mas
em fatos vivenciados por alguém que pode (ou não) possuir a pretensão de tornar
aquele conhecimento científico. O conhecimento cotidiano convive com outras fontes
de conhecimento tornando-se contraditório em certas ocasiões. É necessário um
contexto para que seja produzido.
O conhecimento cientifico apesar de ter base experimental não é inquestionável
podendo ele a qualquer momento ser contestado e perder a sua suposta veracidade,
quando algum argumento contraditório conseguir sobrepor – se ao primeiro e assim
sendo, não pode-se conviver com contradições. Este tipo de conhecimento pode ser
completamente independente de um contexto predeterminado utilizando-se
afirmações generalizadas podendo ser aplicado à diferentes situações e épocas. E
ainda, pode ser verdade irrefutável em uma época e absurdamente errado em outra.
Para a socialização dos vários conhecimentos adquiridos pela humanidade, é utilizada
a terminologia, isto é um código que os detentores do conhecimento utilizam a fim de
tornar o conhecimento socializado e, desta forma, apesar de serem formas
completamente distintas de conhecimento (no tocante às suas características) um
fomenta o outro, e é justamente através da vivência que surge a dúvida que leva o
indivíduo à experimentação para então o conhecimento tornar-se ou não científico.
Exemplificando o que acabou de ser mencionado, podemos citar e caracterizar o
exossomatismo, já que o mesmo consiste em uma forma de adaptação inconsciente
ou consciente do ser humano às condições ambientais. Em termos mais específicos, é
o processo pelo qual os indivíduos (ou as espécies) passam a desenvolver para viver
em determinado ambiente gerando, assim, uma adaptação evolutiva que culminará
com um quadro de seleção natural.
A relação do fato anteriormente citado com os conhecimentos mencionados pode ser
feita da seguinte forma:
O aquecimento global parece ser hoje o ápice de uma problemática que vem se
arrastando há muitos anos pela intervenção do homem nos processos e recursos
naturais do planeta. Segundo o quarto relatório do IPCC (Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas - maio de 2007), a responsabilidade humana pela mudança
climática atual é de mais de 90%. Essas intervenções implicam, diretamente, na subida
do nível do mar pelo derretimento das geleiras ao longo do atual século (com grave
ameaça às cidades litorâneas), intensificação dos ciclones, escassez de água potável e
de alimentos e, no caso da Amazônia, o aumento de temperatura fará com que a
exuberante floresta se transforme em uma savana.
No entanto, o Conhecimento Científico aqui expresso foi conseqüência de uma série
de observações do meio ambiente (o que gera o Conhecimento Cotidiano) a partir de
pessoas ligadas (ou não) a organismos de pesquisa. Após as observações mostrarem
que a natureza se comportava de maneira diferente de alguns anos anteriores, as
experimentações começaram a ser feitas, culminado com o conhecimento científico.
E o que é mais contundente aqui é que esse conhecimento ainda está sendo produzido
com base em novos conhecimentos cotidianos. O relatório do IPCC que foi
mencionado é o quarto. Traz no seu texto argumentações e problemáticas diferentes
dos três primeiros. É uma amostra direta da transformação de conhecimento cotidiano
em conhecimento científico.
Numa perspectiva de Ensino Médio escolar, o relatório em um de seus capítulos trata
da radiação ultravioleta que nos atinge. Diferentemente de alguns anos anteriores, a
perspectiva de casos de câncer de pele nas populações (principalmente nas regiões
tropicais) aumenta consideravelmente. Tratar a causa e as consequências dessa
incidência nos seres humanos tomando por base o princípio de ação de uma onda
eletromagnética e suas faixas de atuação, pode vir a ser um bom aliado na
conscientização do aluno acerca do comportamento ondulatório partindo do
conhecimento cotidiano e culminado com o conhecimento científico. 7

7
DE PAULA, Ricardo Normando Ferreira. Conhecimento Científico e Cotidiano. Infoescola. Disponível
em: <https://www.infoescola.com/filosofia/conhecimento-cientifico-e-cotidiano/>.
Acesso em: 28 de março 2020.
8

8
MODENUTI, Jeniffer. Senso Comum e Conhecimento Científico. Click Sociológico. Disponível em:
<https://www.clicksociologico.com/2012/03/senso-comum-e-conhecimento-cientifico.html>. Acesso em: 28 de
março de 2020.

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