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A verdade é função de nossas vivências, valores e conhecimento acumulado. Assim sendo, pode significar
“algo real” ou “ilusório” em determinado momento [“O mundo é minha representação.” (Arthur
Schopenhauer, 1788-1869)]. E como a “verdade” pode depender dos interesses particulares e
interpretação dos fatos e da realidade, atualmente está em crise com grande intensidade.
Existem dois tipos principais de ciência. Um deles (A) é uma ciência que se baseia em experimentos
científicos, com revisão de publicações ‘confiáveis’, materiais e métodos mais indicados para os objetivos
gerais e específicos a serem alcançados. É sempre passível de revisões, atualizações, correções e
questionamentos. Dessa maneira, esse tipo de ciência não é estático e pode gerar incertezas (o que
representa ‘desconforto’ para muitos).
O outro tipo (B) é baseado na seleção rigorosa de informações que confirmam e validam o que se quer
afirmar. As referências que se contrapõe são excluídas. É esse tipo de “ciência” que se deseja, pois a
“verdade” não deve nem pode ser questionada.
a) A Terra é plana, pois se fosse geoide (“esférica”), o dilúvio não poderia teria ocorrido (“a água
escorreria” porque a força da gravidade não existe);
b) não há aquecimento global causado pelo ser humano, porque essa é uma plataforma
política/econômica; o homem produz apenas 3 % das emissões de gases de efeito estufa (ex. CO2, CH4 e
N2O), fundamentalmente nas áreas urbanas e seus entornos, e as outras 97 % são produzidas pelos
fluxos naturais dos oceanos, polos, vulcões e vegetação;
d) no Brasil nunca houve ditadura, mas um regime de plenos poderes; a “revolução modernizadora de
1964” teve a participação de grandes empresários brasileiros, latifundiários, empresas ligadas ao setor
automobilístico e grande parte da oficialidade militar; o apoio do governo dos Estados Unidos foi decisivo
para essa revolução; ela teve como objetivo principal evitar a implantação das “reformas comunizantes”
desejadas pelo então presidente João Goulart, que visavam promover reformas sociais e políticas e
reduzir a concentração de renda e de propriedades no país;
e) não temos racismo no Brasil, mas desigualdade; não existe nem nunca existiu nenhum tipo de
desencorajamento, separação ou impedimento para frequentar locais públicos ou residir em determinadas
regiões (‘bairros’) em função de “raça”; deve-se desconsiderar que o racismo é a arte de explorar, para fins
pessoais violentos ou desprezíveis, um preconceito preexistente;
f) o movimento antivacina é legítimo para se atingir a imunidade de rebanho (talvez fosse mais apropriado
denominar de imunidade coletiva, comunitária ou populacional) e o preço a ser pago (mortes
desnecessárias) não deve ser considerado; além do mais, a aplicação de vacinas pode causar inúmeras
doenças e efeitos colaterais de curto, médio e longo prazo, muitos ainda desconhecidos (mesmo sem se
ter evidências); não se deve atentar para o fato de ser muito mais provável que uma pessoa adoeça
gravemente por uma enfermidade evitável pela vacina do que pela própria vacina;
g) existem três tipos principais de vacinas em estudo contra o SARS-CoV-2: de vírus inativado
(CoronaVac), que é uma tecnologia convencional de imunização e é utilizada, por exemplo, nas vacinas
contra hepatite A, gripe e raiva; de vetor viral não replicante (AstraZeneca/Oxford e Janssen), onde a
proteína S ativa do novo coronavírus é inserida em outro vírus vetor, tornado inócuo em laboratório,
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induzindo o sistema imunológico a neutralizar a proteína S quando entrar em contato com o novo
coronavírus; e as genéticas (Pfizer/BioNTech e Moderna), que inserem ácidos nucléicos (RNA sintético) do
novo coronavírus no corpo humano e faz com que as próprias células humanas produzam a proteína S,
que, por sua vez, é capaz de desencadear a produção de defesas (anticorpos) no organismo;
h) as vacinas gênicas alteram o DNA e são capazes de criar uma ‘espécie nova’ e destruir a nossa (nunca
foram testadas e aprovadas antes); por outro lado, a Ciência tipo (A) cita que não existe a possibilidade de
a vacina com RNA mensageiro alterar nosso DNA, uma vez que não é inserido dentro do genoma humano
e, por esse motivo, não vai nos tornar seres humanos geneticamente modificados;
i) a pandemia causada pelo novo SARS-CoV-2 pode ser utilizada para implantar microchips na população
mundial por meio das vacinas; isso leva ao controle das pessoas por meio das antenas 5G e não permite
que os indivíduos com chips implantados atravessem os portões do céu, uma vez que auxilia na
identificação daqueles que possuem o ‘sinal da besta’; e
j) um dos constituintes das vacinas contra o SARS-CoV-2 é a enzima “luciferase” (alusão a Lúcifer);
entretanto, a Ciência tipo (A) apresenta essa enzima como a responsável pelo mecanismo de
bioluminescência nos vagalumes (do latim lux fero que tem como significado portador de luz); e, como se
não bastasse, ainda afirma que a “luciferase” não é integrante de nenhuma vacina.
Como é possível seres humanos “racionais” não reconhecerem esses “fatos autênticos e verídicos”?
b) o pensamento negacionista não pode ser inclinado a tirar conclusões definitivas a partir de exceções
científicas e fazer com que os argumentos com base nesses casos isolados (pontos fora da curva) soem
convincentes;
c) a “ciência verdadeira” é plena e soberana, e deve ter respostas para todos os questionamentos; se não
tem, é inválida e deve ser desconsiderada;
d) a seleção dos dados, para validar determinado ponto de vista, deve ser rigorosamente criteriosa e
excluir aqueles que confrontam e divergem de sua posição perante o mundo; e
Assim sendo, não se deve dar importância àqueles que nunca estão satisfeitos com o conhecimento atual
e sempre buscam ampliá-lo. Esses cidadãos têm como base de sustentação o tipo (A) de Ciência e, desse
modo, não aceitam nem se submetem às verdades subjetivas dogmáticas, ortodoxas e absolutas de
grupos com inclinação ultranacionalista e autoritária. Portanto, devem ser esclarecidos e iluminados, ‘em
nome de Jesus’, por querer o crescimento e desenvolvimento racional, ético e moral da humanidade.
Referências
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<https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/11/21/Por-que-o-mito-de-que-n%C3%A3o-existe-racismo-
no-Brasil-persiste>. Acesso em: 10 jan 2021.
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BBC News Brasil. O que defendem os negacionistas do Holocausto, no centro de polêmica envolvendo
Mark Zuckerberg. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-44897985>. Acesso em: 10
jan 2021.
CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde. 10 mitos sobre vacinação. Disponível em:
<http://www.conass.org.br/10-mitos-sobre-vacinacao/>. Acesso em: 10 jan 2021.
Cook et al. Neutralizing misinformation through inoculation: exposing misleading argumentation techniques
reduces their influence. PLoS ONE, v.12, n.05, e0175799. <https://doi.org/10.1371/journal.pone.0175799>,
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Disponível em: <https://gife.org.br/racismo-e-seguranca-publica-raizes-do-problema-e-solucoes/>. Acesso
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Syed, W.A.P.; Leite, N.P.S. Vacinas: dúvidas, fake news e conspirações. Ribeirão Preto: USP-UPVacina,
2020. 32p. Disponível em: <https://view.genial.ly/5f23016ec2b34d0d9cf0bddf/guide-fake-news-sobre-
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Toledo, C.N. 1964: O golpe contra as reformas e a democracia. Revista Brasileira de História, v.24, n.47,
p.13-28, 2004.
*Obs.: As mudanças de uso da terra, puxadas pelo desmatamento e queimadas, seguem sendo as principais responsáveis por emissões no Brasil,
com 44 % do total.